Balanço das prévias da votação final do impeachment

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O julgamento final do impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff começa nesta quinta-feira (25), às 9h, pelo Senado. Até agora, 48 senadores já se declararam favoráveis ao afastamento definitivo, faltando seis votos para totalizar dois terços do Senado e confirmar esse resultado. Aliados de Dilma acreditam ser possível a queda de Michel Temer.
 
O número de senadores que já manifestaram o voto pelo impeachment ainda não soma os 54 necessários. Mas a tendência, hoje, é de que o processo seja aprovado. O governo interino de Temer já se considera vitorioso, calculando 61 votos do total de 81 senadores. Por outro lado, parlamentares do PT, PCdoB e aliados de Dilma não desistem de reverter o cenário.
 
No último placar realizado pela Folha de S. Paulo, nove senadores ainda não afirmaram o voto final. Entre eles, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que deve votar pela saída definitiva. Também não declararam o posicionamento José Maranhão (PB) e João Alberto Souza (MA), do PMDB.
 
E foi justamente pensando no voto de cada um dos parlamentares, que é decisivo, que a presidente afastada chegou a criar um desentendimento com os aliados do PCdoB. Dilma pediu ao presidente do PT, Rui Falcão, que a cúpula do partido atendesse a alianças com municípios do Maranhão para campanhas deste ano.
 
Além de beneficiar João Alberto, as negociações também abririam portas com Roberto Rocha, do PSB, também do Estado. De dois municípios que as alianças foram modificadas, o PCdoB saiu prejudicado em Codó, quinta maior cidade do Maranhão. O PT rompeu com o partido para apoiar o candidato do PSDB. Também em Timom, terceira maior cidade, os petistas deixaram a chapa do PSB e PCdoB em favor de outra do PSD e PMDB. 
 
Ainda nesse campo de não declarar votos estão Benedito Lira (PP-AL), Elmano Férrer (PTB-PI), Fernando Collor (PTC-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Roberto Rocha (PSB-MA) e Wellington Fagundes (PR-MT). Eduardo Lopes (PRB-RJ) não respondeu à pesquisa da Folha.
 
Mas são os indecisos o maior foco de articulações, tanto de Dilma e aliados, como do interino, para definir os resultados. Acir Gurgacz (PDT-RO), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Osmar Aziz (PSD-AM) e Raimundo Lira (PMDB-PB) mostraram que estão dispostos a negociar.
 
Votação final do impeachment
 
De acordo com a Constituição, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, irá presidir as sessões de julgamento do impeachment. Ao seu lado, estará a cadeira de Renan, presidente da Casa. Os senadores, a partir deste momento, atuam como juízes.
 
Na primeira sessão, nesta quinta-feira (25), os senadores irão ouvir testemunhas de acusação e defesa, o que se estende até a sexta-feira. Para esgotar a etapa ainda nesta semana, os parlamentares da base de Temer estão dispostos a seguir essa atividade até o final de semana.
 
Ainda nesta quinta, serão apresentadas questões de ordem, decididas por Lewandowski. No total, serão 8 testemunhas convocadas nessa primeira fase de julgamento: duas da acusação (Júlio Marcelo de Oliveira, Antonio Carlos Carvalho) e seis da defesa (Luiz Cláudio Costa, Luiz Gonzaga Belluzzo, Nelson Barbosa, Esther Dweck, Gilson Bitencourt e Geraldo Prado).
 
Ricardo Lewandowski tem direito a inquirir as testemunhas. Os parlamentares têm seis minutos cada para fazer perguntas e os advogados da acusação têm 10 cada um. 
 
Na próxima segunda (29), a presidente afastada Dilma Rousseff estará presente para fazer a sua própria defesa. Ela terá 30 minutos de fala, que podem ser prorrogáveis a critério de Lewandowski.
 
Em seguida, os senadores podem fazer questionamentos, que podem ser respondidos ou não por Dilma. Cada um dos parlamentares e os advogados de acusação e defesa terão 5 minutos para questionar a presidente.
 
Após a defesa, a acusação inicia o debate com uma hora de fala, depois a defesa com o mesmo tempo e, em seguida, senadores poderão falar por 10 minutos por ordem de inscrição.
 
Por fim, Ricardo Lewandowski lerá o relatório resumido com os fundamentos da acusação e da defesa. Também neste momento podem usar a palavra por cinco minutos dois senadores favoráveis e dois contra a condenação de Dilma.
 
Só então é aberta a votação nominal e eletrônica, quando os senadores deverão responder à pergunta: Dilma Rousseff cometeu os crimes de responsabilidade? O presidente da sessão, Lewandowski, lê a sentença de acordo com o resultado dos votos, que é assinado pelos senadores e comunicado à Dilma ao interino, Michel Temer.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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    1. Esse aí é um bravateiro !!

      Esse aí é um bravateiro !! Critica muito o impeachment, mas não faz nada efetivamente contra !!!

      Só pensa em 2018.

      Só que não vai ter 2018 e o trem da história vai atropelar ele…sequer será lembrado no futuro !!!

  1. Se é “crime” (de responsabilidade), o senado é “juri”

    E antecipar votos dos jurados é o “ó” do borogodó…

    Se um processo criminal pode ser anulado e jurados responsabilizados por julgar crimes e não dar meras opiniões  imagine “cena dores da ré pública”…

    Trágica farsa para esta pobre nação.!

     

  2. A Dilma e o PT deveriam fazer comícios diários em todas as cidad

    A Dilma e o PT deveriam fazer comícios diários em todas as cidades do país pelo fora Temer, ao invés de se sujeitar aos caprichos de estrupícios como Cristovam Buarque em troca de votos. Isso é um jogo de cartas marcadas, não há nada que a Dilma e o PT possam oferecer que se sobreponham as chantagens e subornos da quadrilha do Cunha e Temer.

    Os senadores delinquentes que apoiam o golpe não têm compromisso nenhum com a democracia ou como o povo. O que a Dilma poderia oferecer ao Romário, por exemplo, para mudar o seu voto, uma vez que já conseguiu uma boquinha em furnas?

    Infelizmente o PT e a Dilma não acreditam nas pessoas que os elegeram. Não estão sabendo aproveitar as manifestações diárias contrárias ao golpe e ao temer. O que deveria ser feito era apostar todas as fichas nas mobilizações populares. Mas a arrogância da presidente Dilma a impede de dialogar e entregar o destino do país ao povo.

    Essa farsa do golpe não deve ficar restrita às intrigas palacianas, deveria ser levada às ruas. Se isso ocorresse dificilmente o senado suportaria a pressão. Ao invés de passar os finais de semana descansando ou passar as tarde assistindo sessão da tarde e vale a pena ver de novo, a Dilma deveria estar viajando o país de norte a sul, leste a oeste do país pedindo apoio aos mais de 54 milhões de eleitores que a elegeram.

    Esse golpe vai se concretizar mais pela covardia e insegurança da Dilma e do PT do que pela ação dos golpistas. É só colocar o povo na jogada que esse golpe será derrotado!

  3. Dilma tem que permanecer no recinto..

    … após sua defesa, até o final da votação.

    É preciso mostrar ao país – já que Dilma teve cerceado seu direito à defesa e sofre a censura prévia dos grandes veículos – de que fibra ela é feita. E de que fibra são feitos cada um dos senadores. O contraste, suponho, será inevitável e educativo apra as futuras gerações.

    Dilma tem que sair de lá de cabeça erguida, confiante e sem lágrimas no rosto. Não cometeu crime algum. Não foi ela que transformou o país numa Índia do século XIX, com seu sistema complicado de castas, párias e intocáveis.

    O sonho de Lula e Dilma era um país de classe média, como a Suécia ou Dinamarca. Não vai dar. O crime venceu. A corrpção venceu. O atraso venceu.

  4. Imagino qual seria a cara de

    Imagino qual seria a cara de Temer se ele não conseguir pelo menos 54 votos nessa votação.

    Pede pra sair ? Chora ? Escreve uma carta desabafando ? As possibilidades são muitas…

    Mas falando sério. Eu não conseguiria condenar um(a) inocente. Os senadores que tem convicção de que o crime de responsabilidade, praticados pela presidente, não existiram, estes devem ficar com a consciência extremamente pertubada e abandonar a política. Não é possível, senadores. Condenar uma inocente de crimes a que estão lhe atribuindo, a fim de caprichos políticos? Isso não é atitude uma pessoa digna, sinceramente. É vergonhoso!

    Digo isso, porque eu não teria pena nenhuma se concordasse que houve crime. Se por acaso Lula fosse um chefe de quadrilha, como querem dizer, por mais que ele tenha feito um ótimo governo, eu não seria conivente com isso. Se trata de justiça. Injustiçar alguém é muito vergonhoso, é imoral, deveria abalar aos senhores senadores que pensam em fazer isso. É imperdoável que se condene alguém injustamente e de propósito. Não terão perdão das vossas consciências nunca.

  5. Como diria o pensador Nenem

    Como diria o pensador Nenem Prancha, o jogo só termina quando acaba; é difícil, mas não impossível que DR retorne ao governo e finalmente cumpra o seu mandato, dando um gás para as políticas sociais.

  6. Fazendo uma correção importante no texto:

    “Só então é aberta a votação nominal e eletrônica, quando os senadores deverão responder à pergunta: Dilma Rousseff cometeu os crimes de responsabilidade?”

    Cometer crime de responsabilidade não significa impedimento.

    Primeiramente o crime precisa ser tipificado claramente para depois se abrir o Impeachment e daí, partir para se discutir se o crime cometido deva ser ou não motivo para afastamento definitivo. 

    Foram 4 meses de debates inócuos sobre um assunto fora do escopo da Lei do Impeachment. Culpa do STF que não quis meter a colher e mostrar o que ele sempre foi: instrumento das elites. Os senadores deveriam estar discutindo se o suposto crime justificaria ou não o afastamento de uma presidenta eleita por 54milhões de votos. 

    Portanto, acho importante colocar a pergunta completa:

    Cometeu a acusada Dilma Vana Rousseff os crimes que lhe são imputados, e deve ser ela condenada à perda de seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para o desempenho de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação?”.

    Um teatro dos absurdos…

     

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