Jornal GGN – A bolsa brasileira encerrou seu índice em queda e acabou por reverter os ganhos apurados ao longo do mês, em meio a diversas incertezas políticas e as preocupações com o quadro fiscal, além do viés negativo apresentado nos mercados emergentes. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) encerrou as operações em queda de 1,64%, aos 45.120 pontos e com um volume negociado de R$ 11,776 bilhões. Com isso, a Bolsa encerra o mês com desvalorização de 1,63%. No ano, tem queda acumulada de 9,77%.
As operações foram diretamente afetadas pelo desempenho ruim da Vale e de papéis do setor de bancos – as ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 5,78%, a R$ 16,29. As do Bradesco (BBDC4) se desvalorizaram 2%, a R$ 21,12.
No caso da Vale, as ações preferenciais da Vale (VALE5) perderam 4,06%, a R$ 10,63, e as ordinárias (VALE3) perderam 0,98%, a R$ 13,17. No mês, os papéis preferenciais acumularam queda de 24,23% e os ordinários, perda de 22,8%. A empresa é uma das acionistas da Samarco, dona da barragem que rompeu e causou uma tragédia em Mariana (MG), no último dia 5.
A unit (conjunto de ações) do BTG Pactual (BBTG11) também fechou em baixa – a perda do dia foi de 8,53%, levando o preço a R$ 20,90. Desde a prisão do banqueiro André Esteves, então presidente do banco, na quarta-feira, os papéis da empresa acumulam queda de 32,34% (de R$ 30,89, no fechamento de terça-feira, para R$ 20,90). O executivo está preso por suspeita de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato, sobre esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
Os papéis da JBS, dona da Friboi e da Seara, também tiveram forte queda, uma vez que o Tribunal de Contas da União encontrou indícios de que o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à JBS pode ter feito o banco estatal perder pelo menos R$ 847,7 milhões – entre 2006 e 2014, a JBS recebeu R$ 8,1 bilhões para comprar companhias no exterior. Em troca, o banco se tornou sócio da empresa. Os papéis da JBS (JBSS3) caíram 7,73%, a R$ 12,42
No câmbio, a cotação do dólar comercial fechou com alta de 1,65%, a R$ 3,887 na venda – atingindo assim seu maior valor de fechamento desde 28 de outubro, quando o dólar havia fechado a R$ 3,92. Com isso, o dólar fecha o mês de novembro com alta de 0,61%.
As operações do dia foram afetadas pelas preocupações em torno do cenário político brasileiro. No fim de semana, André Esteves renunciou a todos os seus cargos no BTG Pactual após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir mantê-lo preso por tempo indeterminado. Existe a preocupação entre investidores de que novas denúncias apareçam no campo político ou que o próprio BTG seja muito afetado, o que poderia gerar consequências negativas para o mercado. Novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a votação da meta para as contas deste ano do governo também geraram um clima de cautela nos negócios.
O dólar subiu mesmo após atuações do Banco Central. A autoridade monetária efetuou um leilão de venda de até US$ 2,75 bilhões com compromisso de recompra, para adiar o vencimento dos contratos que vencem em dezembro. Amanhã deve ter início o processo de rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento em janeiro, em um sinal de que os contratos devem ser integralmente repostos.
Para terça-feira, os agentes aguardam pela publicação do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro referente ao terceiro trimestre, o índice PMI (dados dos gerentes de compras) da indústria de transformação, os números de emplacamento de veículos pela Fenabrave, os dados da balança comercial em novembro e os indicadores industriais apurados tanto pela Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria). No exterior, destaque para a taxa de desemprego e o índice PMI da indústria de transformação na Alemanha; taxa de desemprego na zona do euro; índice PMI da indústria de transformação, gastos com construção e venda de veículos nos Estados Unidos.
(Com Reuters)
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