Brasileiro descobre método para prever chegada de terremotos e vira celebridade no Chile

Autodidata, Máximo dos Santos é criticado por cientistas, porém conseguiu prever tremores desde 2012

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Colagem a partir de foto de José Medeiros/Folhapress

Jornal GGN – Sem diploma de geólogo, brasileiro se torna celebridade no Chile por descobrir um padrão que antecede todos os abalos sísmicos. Graças ao seu trabalho, ele conseguiu prever, com antecedência de dias, dez terremotos, com magnitude mínima 6 pontos na escala Richter, que ocorreram naquele país desde 2012.

Aroldo Maciel Máximo dos Santos é operador de áudio, e mora em Cuiabá há 22 anos. Pelo fato de acertar mais do que os sistemas convencionais, acabou se tornando celebridade, com mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, onde divulga o resultado dos seus monitoramentos. O brasileiro chegou a receber uma carta de agradecimento do ex-presidente Sebastián Piñera.

Santos desenvolveu seu trabalho usando informações disponíveis em um site que monitora tremores em todo o planeta. Ele analisou os relatórios de eventos que aconteceram em um intervalo de dez anos, descobrindo que havia um padrão. Sua tese foi baseada, entretanto, na avaliação de outros teóricos que já afirmavam que os grandes terremotos seguiam um padrão, caminhando em reta de um ponto a outro com intervalos de dias e velocidade média de 155 quilômetros por dia, dependendo da magnitude. Com esses dados em mãos, o brasileiro desenvolveu sua metodologia antecedendo terremotos não apenas no Chile, mas também na Espanha, na Turquia, Equador e no Peru.

Apesar do serviço público, Máximo dos Santos tem suscitado críticas entre cientista da área por não ser diplomado, mas para ele justamente a falta do embasamento teórico comum na academia é que lhe permitiu pensar além dos colegas formados, como explicou em entrevista à Folha: “Talvez não acreditasse que existe algo além de placas tectônicas”.

Folha de S.Paulo
 
Caçador de terremotos amador ganha fama no exterior e incomoda cientistas
 
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ (MT)
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
 
Desconhecido até mesmo em Cuiabá, onde mora há 22 anos, o operador de áudio Aroldo Maciel Máximo dos Santos, 44, é uma celebridade no Chile, onde chega a precisar de escolta para conseguir circular em locais públicos.
 
São mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, entrevistas concedidas para quase todas as emissoras de TVs do país e até uma carta do ex-presidente chileno Sebastián Piñera com agradecimentos pelos serviços prestados àquela nação.
 
O motivo de tanto interesse dos chilenos: desde 2012, Maciel conseguiu antecipar –com antecedência de dias– a chegada de dez abalos sísmicos registrados no outro lado dos Andes. Todos eles com magnitude acima de 6 pontos na escala Richter.
 
O método que tenta entender o padrão dos tremores pelo mundo é polêmico inclusive entre os cientistas da área. É muito difícil cravar a existência de um único padrão.
 
Até hoje, os pesquisadores de abalos sísmicos são céticos. Para eles, é impossível prever com precisão quando virá um terremoto.
 
No Chile, marcado por frequentes abalos sísmicos, os serviços de monitoramento registraram, em 200 anos, 97 terremotos de magnitude acima de 7 pontos na escala Richter.
 
Destes, 18 eventos, acima da magnitude 8, foram classificados como altamente destrutivos pelos estudiosos.
 
O último evento antecipado pelo brasileiro, de 6,9 pontos, atingiu a região de Valparaíso em 24 de abril. Maciel falava ao telefone com apresentadores de uma TV local sobre o sismo quando ele ocorreu.
 
A história do operador é ainda mais inusitada porque ele jamais havia estudado geologia –ou área correlata– para conseguir desenvolver a tese que defende.
 
“Acho que isso até ajudou. Se eu tivesse estudado, talvez não acreditasse que existe algo além de placas tectônicas”, diz. “O conhecimento é baseado no que outras pessoas estudaram. Então, se você já tem uma opinião formada, não quer saber de outra verdade.”
 
Ele descobriu um padrão de eventos pesquisando sozinho em um site que monitora tremores em todo o planeta. Imprimiu relatórios de eventos que ocorreram em um intervalo de dez anos, um calhamaço, e passou a analisar os eventos de maior intensidade.
 
Maciel diz ter chorado quando viu a existência de um padrão. “Imagina você se sentir um nada… Não tinha estudo, não tinha droga nenhuma. Aí você descobre uma coisa e vê que aquilo é grandioso. E numa brincadeira.”
 
Brincadeira porque, segundo ele, a ideia surgiu em um churrasco entre amigos.
 
Cada um falou uma ideia de como pretendia ficar milionário e Maciel não tinha nenhuma. Uma amiga sugeriu a ideia “impossível” de um serviço de previsão de terremotos.
 
A tese de Maciel, já apresentada de forma semelhante por outros pesquisadores, é a de que os grandes terremotos seguem um padrão: caminham em linha reta de um ponto a outro, com intervalo de dias dependendo da magnitude do evento.
 
De um continente ao outro, a velocidade é algo em torno de 155 quilômetros por dia, dependendo da magnitude. Além do Chile, conseguiu, segundo ele, antecipar tremores na Espanha, na Turquia, Equador e no Peru.
 
O operador continua seu monitoramento e publica nas redes sociais quando há risco de tremores. “Eu só publico aqueles em que as pessoas vão chorar e gritar”, disse. Nas localidades onde há possibilidade de ocorrer um evento, representantes da defesa civil chegam a alertar a população para as consequência do tremor.
 
Maciel não ficou rico com a descoberta, como previa a brincadeira. Nem pretende. Repassa sua tese a quem se interessa por ela. Só lamenta haver estudiosos que o criticam –não por tentarem, sem sucesso, invalidar a pesquisa, mas por ele não ter diploma de geólogo. “Dizem que sou um ignorante sem nunca ter lido nada que escrevi.”
 
Mas Maciel conseguiu um aliado: George França pesquisador do Observatório Geológico da Universidade de Brasília, que chegou publicar um trabalho em um congresso em parceria com o caçador de terremotos autodidata.
 
Segundo França, agora é a hora de fazer uma pausa estratégica na pesquisa. “Era importante que as postagens não continuassem até a pesquisa estar bem fundamentada”, afirma. “O Aroldo é do povo, se preocupa com as pessoas. Quando ele apresenta suas ideias, a comunidade cientifica normalmente não as recebe porque falta comprovação. É supernormal isso.”
 
Segundo ele, seria necessário que que a dupla estudasse geologia, geofísica ou até mesmo física para sustentar a pesquisa do autodidata. “Esse caminho midiático que existe no Chile atrapalha um pouco. O silêncio na hora certa para depois poder divulgar o estudo com maior comprovação é essencial”, diz França.
 
O próprio operador ratifica as palavras do cientista da UnB. Diz que não consegue consegue acertar nem 70% dos casos, mas acha que esse percentual pode aumentar. “Nem sei o que é. Só sei que existe um fenômeno que precisa ser estudado. Meu limite vai até aqui. Mas sei que existe uma correlação”, disse ele. 
Redação

14 Comentários

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  1. Comentário.

    Ele elaborou um método interessante e útil, isso que é importante.

    O resto é firula.

    Não poderia afirmar que se trata de dor de cotovelo de alguém que estudou anos e anos a fio e não chegou lá.

    Mas nessas horas um ego inflado por diploma vai pelo ralo. Mas é só para este caso.

    Acho que quem critica tem que fazer uma autoanálise urgente.

  2. Sobre um não “diplomado” ter conhecimento além

    A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido. (Ele comprovou isso)

    Confúcio

  3. O poder da intuição

    Ainda era adolescente quando lí uma reportagem da revista “O Cruzeiro”, em que um navio estarngeiro de carga – me parece que alemão –  encalhou no mar do nordeste, acho que no Maranão. Duarnte dias tecinicos do Brasil o do país de origem trabalhavam para desencalhar a embarcação, equanto era obsevado por um caiçara da regiao.

    O pessoal já estava desistindo da empreitada quando foi abordado pelo caiçara, que lhes passou algumas sugestões de como proceder para retirar o navio do lugar. Desconfiados, mas não tendo mais nada a perder, o profissionais puseram a proceder segundo a orientação do caiçara e desencalharam o navio.

    Esse fato ocorreu no final da década de sessenta  e foi relatado pela revsita em sua nova edição, agora sob o comando de Baugarten, que viria a ser assassinado.

    O que essa história nos diz é que não devemos menospresar a sabedoria popular. Emquanto muito s doutores exigem que os curiosos se afastem de mutos projetos, talvez não fosse de todo mal ir ter com eles e inquiri-los se estão a ver outras formas de solucionar o problema. 

  4. Que babaquice, para fazer

    Que babaquice, para fazer ciência é necessário um diploma?
    O pessoal ainda não entendeu a função de um diploma? Primeiro é ter um controle para saber se aqueles que irão atuar em determinadas áreas tem as aptidões necessárias, segundo é que com o pacote de cada profissão cria-se um produto que pode ser comercializado.
    O primeiro ponto completamente compreensível, especialmente porque a maioria das profissões interfere na vida das pessoas, mas no segundo caso é mais uma herança do capitalismo.
    Enquanto as universidades e centros de pesquisa deveriam abrir as portas para esse brasileiro para desenvolver sua tese, seu projeto, ficam nessa coisa menor, não tem diploma.

  5. Sinto na carne

    Um autodidata passa anos estudando e praticando um assunto/profissão. NUNCA pode ser achamado de alguém que não estudou. Em grande maioria dos casos é respeitado pelos profissionais da área e até consultado muitas vezes. Porém os “meia boca”, são os que mais se “doem”! Imagino pelo fato de terem passados muito tempo “suportando” uma educação formal que não lhes era muito prazerosa e terem que dar o braço a torcer (e algumas vezes o emprego), para alguém apaixonado pelo assunto.

    Quando uma pessoa que não tem o ensino formal faz melhor e de forma diferente, exatamente por pensar “fora da caixa”, estes “meia boca” sentem que  está sendo  destruido todo o embasamento mal acabado que eles possuem. Muitas vezes ficam irados e fazem qualquer coisa para desacreditar o autodidata.

    Conheço exatamente o tipo de preconceito que o Sr. Aroldo Maciel sofre!

  6. Instrução não é o mesmo que sabedoria

    Mais um brasileiro nos prova que diplomas, títulos de doutor e anos de estudos acadêmicos são estéreis na ausência de sabedoria.

  7. Geólogos não aceitando teorias que se mostram válidas, não é …

    Geólogos não aceitando teorias que se mostram válidas, não é nenhuma novidade.

    A maior revolução na geologia do século passado, a teoria das placas, foi observada exatamente por um não geólogo.

    Alfred Lothar Wegener um geógrafo e meteorologista alemão chegou a conclusão que a crosta terrestre era composta de placas e que “navegavam” sobre o magma terrestre, ele propôs a teoria em 1912 para que os mimosos dos geólogos só a aceitassem lá por 1950, ou seja, não sendo do bando eles não reconhecem.

    Trabalhei com geólogos brasileiros, italianos, norte-americanos e de outros países durante mais de uma década, e como fazíamos algo que eles não entendiam direito pois era baseado em simulação física eles torciam o nariz e quando utilizam os resultados não utilizam corretamente.

    Poderia até contar algo que foi detectado nos nossos ensaios e que segundo a bibliografia geológica não poderia ocorrer, diziam que nossoas resultados estavam errados! Quando um geólogo não ortodoxo para provar o que tinhamos visto e que ele também chegou a mesma conclusão, utilizando dados mais modernos de geofísica provou que estávamos corretos, isto demorou uns três anos!

    Logo, pode ser que o brasileiro tenha acertado, mas vai demorar uns dez anos para que aceitem.

     

    P.S.: Se o mesmo é operador de áudio ele deve ter alguma formação de tratamento de sinal, logo não se pode dizer que não tenha nenhuma formação.

  8. Previsão

    Apesar de não concordar com a teoria, discordo ainda mais do geólogos.

    A grande maioria das descobertas veio das garagens, por isto a ânsia dos imperialistas em nos manter em condições miseráveis, sem meios para nos dedicarmos àquilo que gostamos.

    É do prazer do seu trabalho, não remunerado, que vem as grandes descobertas.

  9. não entendi

    Não entendi que “metodo” é esse. Qual é o padrão a que o estudioso se refere?? Acho que a materia poderia ser mais elucidativa se focasse  no método ou no tal padrão. O que exatamenteo rapaz descobriu? Tenho o maior respeito por aqueles que estudam e fazem descobertas importantes, a margem das instituições oficiais. Einstein foi um deles. Não era  leigo, mas construiu sua teoria fora de uma instituição cientifica, livre das intrigas, regras e vicios que tolhem o pensamento e a imaginação. Com diploma ou sem diploma, é preciso ter a mente livre e aberta. Mas também é preciso dominar o conhecimento acumulado. As ideias não surgem do nada. Tem que ter uma base, com diploma ou sem diploma.

    1. Ele descobriu que existe uma

      Ele descobriu que existe uma coisa X que anda em linha reta em espaco logaritmico.  Isso eh possivel SOMENTE se o espaco logaritmico for x em uma direcao e log (y) em outra direcao, entao ha algumas possibilidades.  So que ou log(y) eh ciclico ou x eh ciclico em valores, se nao em posicao.

      Espaco logaritmico eh todo confuso. O espaco logaritmico em volta das asas de um aviao voando, por exemplo, eh altamente variavel mas tambem obedece aa “assimetria” logaritmica ou nao poderia haver, digamos, outflux em linha reta -como de fato nao ha em volta da asa mas ha em volta das helices ou o aviao nao poderia voar.

      O “espaco logaritmico” de um terremoto eh assim:  tem uma falta de pressao no meio (essa eh a razao que a terra se assenta, o chamado terremoto) e menos pressao pra cima (na terra ou placa) e mais pressao pra baixo:  ai reside a assimetria.

      O que ele esta teorizando eh que a falta de pressao “anda” lateralmente com a parte mais pressionada, a de baixo -pois a terra de cima so se assenta pra baixo, e a de baixo tem mais pressao ainda.  Contraintuitivo como eh o movimento lateral, se funciona na matematica dele nao ha do que reclamar.

      No entanto, o item eh tao baratamente escrito que a gente fica com vergonha de ler -ate isso.  Ce ta suposta a se preocupar com a falta de diploma e “empatizar” com a “exclusao” dos “cientistas” como se ele fossem uma turminha de conversa fiada em forum de ciencia(!).  Nao eh assim que funciona.  Ciencia funciona assim:

      Ou eles preveem os terremotos ou calem a  boca.

  10. Artigo mal explicado

    A reportagem informa que os métodos de Máximo dos Santos são criticados pelos geólogos. Mas quais são as críticas exatamente? Menciona que não há um padrão único e que isso torna difícil prever terremotos… Porém, a inexistência de um padrão único não implica a existência de um padrão particular entre vários. E não vi crítica a essa questão.

    Por outro lado, o autodidata admite que não consegue prever nem 70% dos eventos. Com essa baixa taxa de acerto, não estamos diante de um meros chutes? Como a taxa de acertos dele se compara a outras tentativas anteriores?

    São essas as informações que deveriam estar na matéria.

    1. O item eh extremamente mal

      O item eh extremamente mal explicado, tem zero ciencia ou metodo, e como afirmei anteriormente, eh baratamente escrito.  Tudo a respeito dele me soa fake.  Tudo.

      Parece mais conversa de forum de ciencia de terceira classe.

  11. Excelente descoberta!

    Excelente!
    É de pessoas assim que o mundo precisa, não se deixe levar pelas criticas negativas, você descobriu algo realmente fantástico, parabéns!

     

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