BRICS: Além da sigla

 

Jornal GGN Em 2001 o economista Jim O’Neil do conglomerado financeiro Goldman Sachs criou a sigla Bric para identificar os quatro países emergentes que se destacaram no cenário mundial devido ao bom crescimento econômico (Brasil, Rússia, Índia e China). Dez anos depois juntou-se a eles a África do Sul, e a sigla passou a ser Brics. Para este economista inglês o bloco tinha potencial econômico para superar outras potências mundiais dentro de 50 anos.

Inicialmente, o principal fator que os unia eram as características econômicas e índices de desenvolvimento semelhantes. Não é considerado um bloco econômico que tem estatuto, acordos comerciais, etc., e sim um grupo que quer ter voz e maior representatividade. Para alguns o BRICS era apenas uma sigla vazia.

Com o tempo os países do grupo resolveram se unir dando um caráter diplomático a ele e vem ganhando espaço e força no âmbito político e econômico internacional. Conseguiram inclusive transformar o G7 (grupo de países desenvolvidos)  em G20 (inclusão de países emergentes). Hoje eles concentram 21% do PIB (Produto Interno Bruno) global.

A 6ª reunião de cúpula do bloco foi realizada nos últimos dias em Fortaleza quando os chefes de Estado  que compõem o bloco: Dilma Rousseff, Xi Jinping, Jacob Zuma, Vladimir Putin e Narendra Modi, anunciaram a criação de duas instituições internacionais: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês)e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês), que é um fundo de reservas par a socorrer os países que não conseguirem honrar seus compromissos.

O objetivo do banco, uma instituição de fomento, é o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável inicialmente dos parceiros e num segundo momento de outros países em desenvolvimento. Será parecido com um BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) ou Banco Mundial, mas em menor proporção, já que será voltado para grandes obras que os bancos já existentes não contemplarão.

O NDB terá gestão cooperativista e rodízio dos representantes, com os países tendo participação igualitária no banco.

O aporte inicial será US$ 50 bilhões que dobrará nos próximos anos com novos aportes dos países membros.

O Brasil cedeu a presidência para a Índia que havia se mostrado resistente e queria um posto importante no banco além de ser o país propositor da instituição. A Índia que tomará as decisões do dia a dia. O Brasil como Presidente do Conselho de administração participará de grandes decisões em reuniões que poderão acontecer uma vez por mês.

País

Funções

China

Sede

Brasil

Presidência do Conselho de Administração

Rússia

Presidência do Conselho de Ministros

Índia

Presidência do Banco

 

A proposta surge num momento de críticas ao Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional que emperram projetos e propostas.

O Acordo Contingente de Reserva (CRA, em inglês) tem inclusive a mesma ideia do
FMI. O objetivo é juntar as reserva dos países-membro para compor o fundo num valor estimado de US$ 100 bilhões. O recurso continuará com cada país se um deles precisar poderá fazer a solicitação a presidência em exercício.

País

Reservas

China

US$ 41bi

Brasil

US$ 18bi

Rússia

US$ 18bi

Índia

US$ 18bi

África do Sul

US$ 5bi

Os Brics querem ser  além de uma alternativa ao FMI mais um elemento a rede de proteção financeira. Mas se algum  país tiver com problema na sua balança de pagamentos e não quiser recorrer às avaliações do FMI, poderá recorrer ao CRA, mas só poderá obter 30%. Apesar das críticas sobre o tamanho da reserva ser insignificante frente às reservas que os países possuem (só a China tem US$ 4 trilhões em reservas internacionais), o montante é compatível ao estágio inicial do fundo.

A criação do Banco do Brics é um momento histórico, mas os próximos passos, por exemplo, sua efetivação, como será a convivência com os bancos regionais, qual a moeda que será transacionada e outros pontos deverão ser acompanhados com atenção.Para se firmarem como bloco econômico também está longe já que há disparidades sociais (renda per capita) e de regime político.

Redação

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