Cada quilômetro de carro é seis vezes mais caro do que de bicicleta, diz estudo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Alfeu

De RFI

Estudo mostra cada quilômetro feito de bicicleta na Dinamarca gera de lucro de € 0,16

Por Margareth Marmori, correspondente da RFI em Copenhague

Ciclistas nas ruas de Copenhague

Em Copenhague, a capital da Dinamarca, cada quilômetro rodado de carro custa pelo menos seis vezes mais caro do que um quilômetro percorrido de bicicleta. A conclusão é de pesquisadores das universidades de Lund, na Suécia, e de Queesland, na Austrália, que publicaram recentemente artigo sobre o assunto.

Para chegar a essa conclusão, o pesquisadores usaram uma técnica chamada análise de custo-benefício que compara o uso da bicicleta ao uso do automóvel. Eles analisaram as vantagens e desvantagens econômicas de vários fatores como criação de empregos, saúde, manutenção e construção de vias, poluição e engarrafamentos. A conclusão foi que o transporte de automóvel é muito mais custoso para a sociedade do que o de bicicleta.

Segundo o estudo, quando todas as despesas da sociedade e dos cidadãos são somadas, o impacto do quilômetro rodado do automóvel é de € 0,50 e o da bicicleta é de apenas € 0,08. Analisando os custos para a sociedade, os pesquisadores descobriram que pedalar ainda dá lucro na Dinamarca: um quilômetro de bicicleta gera € 0,16, enquanto um quilômetro de carro dá prejuízo de € 0,15.

O estudo foi descrito em artigo publicado na revista científica Ecological Economics. O trabalho contribui para a discussão sobre as vantagens para a sociedade do emprego da bicicleta como meio de transporte urbano.

Método pode ser exportado

Um dos autores da pesquisa, o sueco Stefan Gössling, afirmou à Rádio da Suécia que o método pode ser usado em qualquer lugar do mundo e que daria resultados semelhantes em outras cidades. Para ele, não há dúvida de que todas as cidades podem lucrar ao investir na melhoria das condições para o transporte de bicicletas.

A pesquisa é uma boa notícia para Copenhague, que se autoproclama “a cidade das bicicletas” e que tem investido pesadamente na melhoria das condições para esse tipo de transporte. Nos últimos dez anos, o governo local gastou cerca de € 134 milhões (cerca de € 450 milhões) em obras como construção e alargamento de ciclovias e pontes exclusivas para ciclistas. Esses investimentos incluíram as populares superciclovias, que são vias expressas que possibilitam o trajeto mais rápido e direto de Copenhague aos setores residenciais no entorno da cidade.

Os investimentos têm dado resultado: na capital dinamarquesa, a bicicleta é mais popular do que o automóvel. De acordo com a prefeitura, no ano passado, quase dois em cada três dos 750 mil moradores da cidade escolheram a bicicleta para fazer os percursos de ida e volta para o trabalho ou para a escola.

Bicicletas também causam problemas

Os ciclistas reclamam da falta de estacionamentos para as bicicletas. Existem quase 680 mil delas na capital dinamarquesa e seus usuários frequentemente têm dificuldades para encontrar um local adequado para estacionar e acabam deixando seus veículos em passeios e calçadas.

O problema é mais grave para os que precisam estacionar junto às estações de trem ou metrô, onde milhares de bicicletas disputam espaço em estacionamentos abarrotados. A prefeitura de Copenhague já prometeu melhorar os estacionamentos, o que daria mais conforto aos que moram longe do centro da cidade. Muitos dos que residem nos arredores de Copenhague combinam o transporte coletivo com o ciclismo para chegar ao trabalho ou à escola.

Mas os transtornos causados pelas bicicletas têm pouco significado quando comparados às vantagens do ciclismo, que inclusive atrai turistas. Em um estudo da agência local de turismo, mais da metade dos visitantes perguntados disseram que a cultura do ciclismo foi uma das motivações principais para visitar a capital dinamarquesa.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. JURO QUE TENTEI

    Morei em Amsterdã e NY durante alguns meses, sem carro, nunca precisei. Ia de bicicleta para o trabalho usando as ciclovias em ambas as cidades. Voltei para o Brasil, desta vez para morar em São Paulo, onde eu nunca havia morado. Tentei, insisti em usar as ciclovias e ir ao trabalho de bicicleta. Garanto que é difícil, muito difícil, servirá a pouquíssimos, não haverá alívio perceptível no trânsito. É perigoso demais, os motoristas estressados, com razão, também sou motorista e não é fácil, não respeitam as ciclovias, até porque a luta por espaço, carros, motos, ônibus, mil regras complicados, velocidades que mudam, radares, a CET, faixas exclusivas, um monte de detalhes, não criam uma atmosfera de harmonia e respeito. Dá medo pedalar em São Paulo. O espaço que as ciclovias ocupam é precioso demais. A topografia da cidade também não ajuda, NY e Amsterdã são litorâneas, planas. A cidade é muito grande e mal servida de metrô e ônibus, além de ir e vir do trabalho, sempre precisa-se se locomover para fazer outras coisas, só a bicicleta não resolve. Acho que o prefeito de São Paulo é bem intencionado, mas não duvido que no futuro a maioria destas ciclovias sejam extintas e transformadas em faixas para motos, ou, o que na minha irrelevante opinião seria o correto, alargá-las e fazer o que a cidade mais precisa: faixas de ônibus, muitas e muitas, além do urgentíssimo metrô. Pelo bem de São Paulo acho que a prefeitura daqui deveria desistir das ciclovias, ter humildade e voltar atrás. Trata-se de um “remédio” errado para “curar” o trânsito.

    1. La garantia soy yo!
      Márcio, bicicleta não é solução para o trânsito, é solução para as pessoas. Bicicletas geram mais saúde, mais lazer, mais sociabilidade, e são baratas. Articuladas ao sistema de transporte público, são uma ótima opção. Você tem razão ao falar sobre o precioso valor do espaço por elas ocupado, o espaço público. Te lembro que o modal mais privilegiado em nossas cidades, o carro, ocupa mais de 70% deste precioso espaço. Para diminuir o stress dos motoristas, e tornar sua relação com a nova cidade mais harmoniosa, sugiro uma voltinha em uma magrela.

  2. Essa é boa:

    “… o governo local gastou cerca de € 134 milhões (cerca de € 450 milhões) …” 

    Dois tipos de euros, ou cochilo ?

     

    1. Erro no símbolo da moeda

      Obrigada por apontar o erro, WK. Houve um erro na edição do texto e o que deveria ser o sinal do real saiu como euro. São aproximadamente 450 milhões de reais. O texto no site da RFI já foi corrigido.

  3. Com meus 62 anos eu não sei

    Com meus 62 anos eu não sei se isso é verdade… Só em anti-inflamatórios e remédios cardíacos eu ia gastar muito mais…

  4. Carteira em BH

    Vereador de BH quer que os ciclista sejam obrigados a ter carteira de habilitação,carteira esta obtida paricipando de cursos gratuitos oferecidos pela prefeitura.Projeto sem consultas,discussão,mais para aparecer doque preocupação com cidadãos.

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