Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. Legou uma inflação de 80% ao mês aos brasileiros e virou estrela

    Diário do Centro do Mundo

    Legou uma inflação de 80% ao mês aos brasileiros e virou estrela

    Postado em 13 abr 2014 por :  

    Nos anos 80, Maílson da Nóbrega fracassou espetacularmente como ministro. Mas isso não o deteve

     

    Maílson com Sarney, de quem foi ministro: 80% de inflação ao mês, e mesmo assim requisitado pela mídia

    Logo no começo de minha carreira de jornalista a questão da boa escolha das fontes se apresentou.

    A primeira aula que tive sobre isso foi na Veja, no começo dos anos 1980. Eu tinha 20 e poucos anos, trabalhava na seção de economia, e Elio Gaspari, o “General”, como era conhecido na redação, era o diretor-adjunto.

    Elio muitas vezes se encostava nas divisórias baixas que separavam as editorias e falava sobre jornalismo. Para quem começava na carreira, como eu, era uma oportunidade excepcional de aprendizado.

    Uma noite ele falou sobre fontes.

    “As fontes são aquelas pessoas que atendem todos os telefonemas dos jornalistas”, ele disse. “Não são as melhores, são as mais fáceis, e isso faz diferença para repórteres preguiçosos.”

    Um caso específico Elio citou: o então presidente da Fiesp, Luís Eulálio Vidigal. Ele era onipresente nas reportagens de economia e negócios na mídia brasileira, porque não recusava uma única entrevista.

    Mais tarde, quando virei eu mesmo editor, fonte foi um tema sobre o qual me detive longamente nas conversas com os repórteres.

    Em meados dos anos 1990, na casa dos 30, eu era diretor de redação da Exame. Jamais esquecera as palavras de Elio, mas acrescentei uma reflexão pessoal: prestar completa atenção na obra, no mérito da fonte.

    Foi sob essa lógica que refizemos o time das fontes da revista.

    Uma das primeiras eliminações, se não a primeira, foi o ex-ministro Maílson da Nóbrega, obra de Sarney. Por uma razão potente: ele deixara o cargo com uma inflação de 80% ao mês. Depois de um desempenho tão catastrófico, que sentido havia em ouvi-lo mandar fazer as coisas que ele próprio não conseguira fazer?

    Maílson pretendia atacar os problemas econômicos com o que ele chamou de “arroz com feijão”. Foi uma das raras vezes em que os brasileiros sofreram violentamente com o arroz com feijão.

    A Exame, e não apenas nisso, foi contra a corrente.

    Maílson continuou a ser ouvido por repórteres de todas as mídias para tratar de economia. Acabaria por se tornar, também, colunista da Veja.  Tudo isso – a presença constante no noticiário — ajudou a empurrar adiante a consultoria que ele montou pós-governo, a Tendências.

    Foi como se a celebridade de alguma forma obscuresse sua obra desastrosa como ministro.

    Tenho aqui uma pequena confissão. No início dos anos 2000, quando eu era integrante do Comitê Executivo da Abril, dormi em boa parte das duas vezes em que a Tendências fez seus prognósticos econômicos a nós.

    Não sou capaz sequer de lembrar se foram acertados ou não, porque não resisti ao tom monocórdio das apresentações. Meu amigo Jairo Mendes Leal, hoje ex-presidente da Abril Mídia, sentava-se em frente de mim, e ria ao me ver dormindo.

    Ainda hoje Maílson é presença ubíqua na mídia brasileira. Aos antigos predicados, ele agregou um que é valioso: critica severamente as administrações petistas. Maílson sabe que isso lhe dará os holofotes de jornais e revistas.

    É uma troca: ele usa a mídia e é usado por ela. O leitor? Ora, o leitor que se dane.

    Do alto do legado hiperinflacionário, Mailson dá lições aos brasileiros sobre tudo aquilo que ele foi incapaz de fazer. No papel, ele resolve os problemas em cujo trato fracassou miseravelmente.

    Já foi dito aqui que maus editores são tão nocivos, para a mídia tradicional, quanto a internet.

    Maílson é uma pequena prova disso.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/legou-uma-inflacao-de-80-ao-mes-aos-brasileiros-e-virou-estrela-2/

  2. Propaganda eleitoral antecipada

    Cena de peças publicitárias do PSDB nas redes de TV: Um ônibus lotado uma mulher do povo é perguntada se votou em Dilma. Ela diz que sim e que votou para continuar as politicas de Lula. E em seguida é perguntada se isso ocorreu. Em gesto de tristeza e virando o rosto prá lá, responde que não. 

    Esses espaços podem estar sendo usados para propaganda eleitoral do depravado Aécio Berlusconi? Já não bast o JN? Claro que se o PT recorrer os tucanos, que tem dinheiro saindo pelo ladrão, pagarão uma multa mas o crime terá compensado. 

  3. A parcialidade do jornal O Globo na “crise ucraniana”
    Aleksander Medvedovsky   Ontem, 14:38

    Quem é agressor na crise ucraniana

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    Foto: RIA Novosti

     

    Notícias não verdadeiras publicadas na mídia ocidental sobre a questão ucraniana, de tanto serem repetidas, tornam-se “verídicas”, e transformam-se em “fatos” sobre os quais se forma a opinião – de boa ou má-fé, e inteiramente afastada da realidade –, que a imprensa brasileira passa ao seu público.

    Assim, os editoriais alarmistas nos grandes jornais do país alertam para o que chamam de ameaça russa, e exigem do Ocidente atitudes extremas.

    Mas onde está a verdade?

    Num bloco da editoria Opinião, publicada no jornal O Globo, se sugere que os Estados Unidos e a União Europeia devem preparar as mais duras sanções contra a Rússia, acusada de criar pretexto para a nova intervenção militar na Ucrânia.

    Gosto não se discute. Mas as opiniões, com certeza, principalmente quando elas se baseiam nas informações pouco verdadeiras que precisam ser esclarecidas.

    Para o leitor ter condições de tirar suas próprias conclusões, independentemente das recomendações da mídia ocidental – vamos aos fatos.

    Tudo que esta acontecendo hoje na Ucrânia foi absolutamente previsível e anunciado. Só não viu quem não quis. Governo que não é governo, sem legitimidade e representatividade, estava muito claro que não ia dar certo. Não foi por falta de aviso, mas prevaleceu a exagerada ambição de sempre. E o pouco caso com a opinião dos outros, como não lembrar o Iraque, o Irã, a Síria e tantos outros.

    No dia 21 de fevereiro, atendendo as recomendações das lideranças russas, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez um acordo com as forças da oposição, assinado também pelos ministros das Relações Exteriores de Alemanha, França e Polônia. Neste acordo foram estabelecidas todas as condições que atendiam as exigências da oposição, inclusive definindo os próximos passos para as eleições presidenciais. Com base no acordo, foram tiradas das ruas de Kiev as forças policiais.

    No dia 22 de fevereiro, rompendo o acordo, o grupo de pessoas apoiadas pelas forças paramilitares da extrema direita, realizou o golpe de Estado.

    O parlamento da Ucrânia, cujos membros, principalmente dos partidos que apoiaram o presidente, foram forçados, inclusive com ameaças de espancamento (alguns realmente foram espancados), a mudar a Constituição do país, nomeando o novo governo. Mesmo assim, as principais exigências da Constituição não foram cumpridas, inclusive em relação ao quórum.

    Apesar disso, o Ocidente, tão zeloso quanto às normas do Direito Internacional, deixou de lado as suas exigências, reconhecendo o novo governo composto por ex-funcionários dos antigos governos da Ucrânia e representantes da ultradireita.

    Um dos primeiros atos do novo governo foi a proposta de eliminar a língua russa como segunda língua oficial do país. Levando em consideração que os russos representam 30% da população da Ucrânia e em algumas regiões, como a Crimeia, até 60%, este fato, juntamente com as abertas ameaças aos russos radicados na Ucrânia, foi um claro sinal de início de uma nova era.

    Com a passagem do tempo, as preocupações étnicas tiveram novos e novos fundamentos. A ex-primeira-ministra da Ucrânia Yulia Tymoshenko, atualmente forte candidata à presidência do país, revelou, em conversa telefônica, que a vontade dela era metralhar todos os russos radicados na Ucrânia. E ela foi obrigada a reconhecer a veracidade dessa conversa.

    Enquanto isso, no parlamento ucraniano, os deputados discutiram o fuzilamento como pena máxima para manifestantes. A ultradireita ucraniana, cujo dirigente está entre os 46 candidatos à presidência do país, proclama, desde o dia do golpe, a necessidade de matar os russos e enforcar os judeus.

    Para qualquer pessoa de bom senso e ainda na terra da Segunda Guerra Mundial, onde em cada esquina é viva a lembrança daqueles horrores, é impossível não concordar com a vontade da população de defender os seus interesses e a própria vida.

    Quem é o culpado nessa tragédia?

    É curioso que os Estados Unidos, que demonstraram tão alto grau de liberalismo aceitando o golpe de Estado, declararam imediatamente após o início das manifestações da população russa que não admitem o pedido de referendo e seus resultados, porque não estariam de acordo com a Constituição da Ucrânia.

    Como na conhecida história em que é o ladrão quem grita “pega ladrão”, o governo russo foi acusado de agressão. Vale a pena lembrar que durante os 14 anos do governo de Vladimir Putin a Rússia cumpriu rigorosamente todos os acordos bilaterais e multilaterais.

    Lamentavelmente, não se percebe a mesma coisa da parte dos Estados Unidos e seus parceiros europeus.

    Desde 1998, quando o presidente Reagan prometeu ao presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev que as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não se aproximariam das fronteiras russas, a situação mudou da água para o vinho. Hoje as forças militares da OTAN estão chegando cada vez mais perto das fronteiras russas. A Ucrânia foi a última barreira para isso. Em outras palavras, propositalmente foi passada a linha vermelha.

    E quem nesta história toda é o agressor? Obviamente, a Rússia.

    Como não lembrar o famoso pronunciamento de Winston Churchill em 1946, anunciando o início da Guerra Fria com a União Soviética.

    Agora ficou muito mais fácil. O invisível “inimigo comum” se tornou visível de novo. Quem é ele? Obviamente, a Rússia.

    Vários graduados funcionários do governo dos Estados Unidos, inclusive o secretário de Estado John Kerry, diversas vezes visitaram a Ucrânia, unindo-se aos manifestantes, claramente demonstrando o seu apoio ao movimento antirrusso.

    Alguns, mais atrevidos, como o senador John McCain, deixaram se fotografar abraçados aos militantes da direita, cujos líderes, a pedido da Rússia, estão sendo procurados internacionalmente por participar da guerrilha chechena.

    Não se diz nada sobre as ações claramente antirrussas do novo governo “pró-democrático” ucraniano, onde se proíbe aos jornalistas russos fazer o seu trabalho profissional, realizam-se espancamentos, o fechamento dos canais da TV russa. Mesmo com as forças da OTAN nas suas fronteiras e com seu exército mantido em seu próprio território, a Rússia é a agressora que deve ser punida.

    Frente a essa história tão banal e tão pouco verdadeira, por que não gritar “pega ladrão”?

    As lições da História o mundo esquece perigosamente rápido. A mídia pouco ajuda para evitar isso.
    Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_04_15/Quem-agressor-na-crise-ucraniana-3995/

  4. Cilada Militar no Leste da Ucrania?

    A ver

    Um vídeo postado as 08:51, hoje, mostra uma coluna de tanques, liderada por uma unidade portando uma bandeira russa, avançando pela cidade velha de Kramatorsk na região leste de Donetsk.

    Alguns comentaristas do vídeo afirmam que a tropa, após entabular conversações com o povo da cidade, aderiu à causa dos dissidentes, enquanto outros acham que não é bem isso.

    [video:http://youtu.be/4iOcAfFPH0E%5D

    A versão das autoridades ucranianas

    Tropas ucranianas entraram na cidade de Kramatorsk na região leste de Donetsk na quarta-feira com bandeiras russas hasteadas em veículos blindados, de acordo com informações de Sergei Sobolev, líder interino de uma facção do partido Batkivshchyna do Parlamento da Ucrânia repassadas a repórteres em Kiev, reveladas por  um correspondente do Russian Business Channel da Ucrânia.

    Mais cedo, o ministro da Defesa da Ucrânia, Mikhail Koval reconheceu a estratégia do comando ucraniano.

    “As nossas tropas usaram um método de guerrilha para penetrar em áreas controladas por unidades armadas da Federação Russa e separatistas financiados pela Rússia. Acho que isso vai ser relatado dentro de três horas ou mais e você vai perceber que o estilo adotado foi um avanço que permitiu o avanço das nossas unidades. Essa é a informação oficial do ministro da Defesa “, disse Sobolev.

    O Ministério da Defesa ucraniano inicialmente negou o artifício militar usado para a retomada do aeroporto de Kramatorsk.

    QHA | 16 abr 2014

    1. A GUERRA DA INFORMAÇÃO NA UCRÂNIA

      Veículos blindados portando bandeiras russas entraram em Slovyansk

      QHA | 16 abr 2014 13:20

      Ontem as forças de segurança da Ucrânia lançaram uma operação “antiterrorista” no leste do país e retomaram uma pequena base militar em Kramatorsk. 

      Dezenas de homens camuflados, sentados em cima dos veículos blindados, carregando a bandeira russa foram vistos em deslocamento de  Kramatorsk para a cidade de Slovyansk, no leste da Ucrânia. 

      Uma testemunha revelou a agência de notícias Reuters que os veículos blindados estacionaram na área externa do prédio da prefeitura de Slovyansk, que ainda é ocupado por separatistas. 

      Enquanto isso, os separatistas, hoje, 16 de Abril, invadiram a prefeitura da principal cidade da região de Donetsk.

      Os separatistas também continuam a ocupar edifícios oficiais em pelo menos outras oito cidades do leste. 

      A Rússia nega as acusações da Ucrânia e do Ocidente que está organizando os protestos, enquanto Vladimir Putin adverte que a Ucrânia está “à beira de guerra civil “.

      ***

      O EL PAÍS PUBLICOU UMA VERSÃO OPOSTA

      Pró-russos freiam a ofensiva ucraniana

      PILAR BONET | Donetsk | 16 ABR 2014 09: BRT

      Os rebeldes se apoderam de seis blindados sem disparar um só tiro, bloqueiam o avanço de outra coluna militar e ocupam a prefeitura de Donetsk

      (…)

      Durante a manhã da quarta-feira, seis veículos blindados ucranianos foram neutralizados e pelos habitantes de Kramatorsk. A coluna de veículos que entrou na cidade havia se perdido, então “os taxistas” a conduziu até uma rua próxima ao mercado, na parte velha da cidade, onde a bloquearam, conforme relatava Tatiana, também taxista de profissão, que atuava como porta-voz no “posto número 1”. O “posto” é um conjunto de barricadas, formadas sobretudo por pneus, na saída de Kramatorsk com direção a Slaviansk.

      Os soldados bloqueados durante a manhã em Kramatorsk eram “da última leva do Exército da Ucrânia, meninos de 18 e 19 anos que estavam a três dias no campo, dormindo nos tanques, famintos e assustados”, afirmava Tatiana, que disse ter falado com todos eles. “Haviam dito a eles que somos terroristas e que vamos matá-los”, explicou. “Depois que o nosso líder conversou com eles, os meninos se bandearam para o nosso lado e foram embora, com a bandeira do Donbas [abreviatura de “bacia do Donets”] e a bandeira russa, para Slaviansk”, disse Tatiana, segundo quem havia ao todo 60 pessoas, ou talvez mais, e a coluna havia sido desarmada.

      A captura dos seis blindados foi confirmada pelo Ministério de Defesa em Kiev. Outros seis carros blindados se encontravam ontem em Pchelkino, nas imediações de Kramatorsk, e haviam sido bloqueados pelos ativistas locais, explicou a ativista-taxista, segundo quem um caça disparou contra os manifestantes que bloqueavam a coluna, mas “por sorte, sem vítimas”. Para Pchelkino se dirigiu também um ônibus cheio de milicianos armados com fuzis Kalashnikov, que atravessou o “posto número 1” enquanto esta correspondente estava ali.

      Ao todo, havia em Kramatorsk quatro postos de controle destinados a neutralizar o avanço militar ucraniano. A Prefeitura de Kramatorsk se encontra protegida por barricadas onde se veem cartazes pedindo ao presidente interino da Ucrânia, Alexander Turchinov, que retire os tanques dos acessos à cidade. Nas barricadas de Kramatorsk se veem bandeiras da República Popular de Donetsk criticando os EUA e exigindo o referendo.

      Na cidade, a indústria esmorece e os operários das grandes empresas recebem apenas salários de subsistência, por falta de encomendas. “Não há trabalho e nos pagam os salários mínimos”, afirmava Igor, um dos operários da unidade local da grande metalúrgica NKMZ, que emprega 12.000 pessoas.

      Matéria completa: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/16/internacional/1397636898_721520.html

      VÍDEO PUBLICADO NESTA QUARTA-FEIRA CONFIRMA A INFORMAÇÃO DO EL PAÍS

      Homens armados invadiram a prefeitura da cidade de Donetsk nesta quarta-feira. 

      Os funcionários permaneceram em suas mesas e continuaram trabalhando sem oferecer  resistência

      [video:http://youtu.be/fy_dB-nZU4s%5D

      1. Operações Militares na Vila Pchelkino

        Imagens da chegada das tropas blindadas na aldeia Pchelkino que fica perto de Kramatorsk, Donetsk Oblast, nesta quarta-feira, 16 de abril de 2014.

        Moradores discutem com soldados ucranianos.

        Um soldado ucraniano negocia com moradores

        Moradores reunidos com militares ucranianos

        Morador segura um símbolo religioso na frente do blindado ucraniano

        Soldado ucraniano corre para informar o teor da negociação com os moradores ao restante da tropa

        Com blindados de sua unidade impedidos de movimentar por moradores, um soldado repousa sobre a grama.

        Um soldado ucraniano conversa com uma criança sentada em cima de um dos tanques da sua unidade na vila Pchelkino

        A MATÉRIA DO KYIVPOST

        Olga Rudenko (editoria) e Anastasia Vlasova (fotografias)

        Exército ucraniano recebe recepção hostil em Donetsk Oblast em 16 de Abril

        Sloviansk, Ucrânia  

        Quando o exército ucraniano entrou em Donetsk Oblast, tomada por separatistas apoiados pelo Kremlin, foram hostilizados pelos civis.

        Os cidadãos de Kramatorsk, uma cidade de 250 mil pessoas, ficaram indignados quando vários grupos de paraquedistas ucranianos entraram nos subúrbios da cidade em veículos blindados, nesta manhã de 16 de abril.

        Confiante que o exército chegava para reprimir violentamente os manifestantes, os civis bloquearam cerca de 18 veículos com soldados em dois locais perto de Kramatorsk.

        Outros seis veículos foram capturados por insurgentes armados em Kramatorsk e levados para Sloviansk, uma cidade a cerca de 15 quilômetros de distância, onde os rebeldes pró-Rússia ocupam edifícios administrativos desde 12 de abril.

        Dmitriy Di, um porta-voz da Guarda Popular dos insurgentes de Donbas, disse que os veículos serão utilizados “pelo menos para bloquear as ruas.”

        Segundo Dmitriy Di, uma dúzia de soldados ucranianos que deslocavam-se nos veículos capturados, foram rendidos e passaram para o lado dos insurgentes. No entanto, os insurgentes mantiveram os soldados apreendidos na prefeitura e se recusaram a deixar que ninguém pudesse vê-los ou falar com eles.

        “Isto é uma porcaria: eles não poderiam se render”, disse Dmytro, 19 anos, um dos paraquedistas bloqueados em Kramatorsk.

        Outro homem chamado Dmytro permacia perto de um blindado com uma arma gasta em suas mãos, cercado por dezenas de cidadãos locais. A maioria deles pareciam confiantes de que o exército poderia agir contra os manifestantes antigoverno e pró-russos civis.

        “Você deu o seu voto ao povo ucraniano. Nós somos o povo ucraniano. Você vai atirar em nós? Você vai?”, bradava um homem forte vestindo camisa com inscrição da URSS, calções esportivos e empoeiradas de botas de borracha aos soldados, enquanto era aplaudido por outras pessoas que estavam no local.

        “Eu dei o voto de proteger a integridade territorial da Ucrânia”, respondeu Dmytro em ucraniano.

        De acordo com Dmytro e outros soldados, todos os militares que apareceram em Kramatorsk neste dia vieram de uma base de paraquedistas situada perto de Dnipropetrovsk.

        “Nós deixamos a base em torno de uma semana atrás, com a informação que iríamos ter exercícios militares em Donetsk Oblast”, disse um soldado de 23 anos que se identificou como Oleh. Ele disse que não tinha ideia se a sua unidade estava participando de uma operação antiterrorista iniciada pelo governo contra insurgentes no leste apoiados pela Rússia.

        Sentado em um veículo blindado em um campo ao lado de uma ferrovia, cercado por mais 14 veículos e uma multidão de várias centenas de civis irritados, Oleh teve de reduzir a voz para dizer que ele não gosta dos movimentos separatistas e quer que a Ucrânia permaneça  indivisível.

        Quanto ao bloqueio, Oleh disse que os soldados não vão agir a menos que os civis tentem tomar as suas armas ou veículos.

        “Se eles fizerem isso, podemos começar a reagir”, disse ele.

        No final do dia, três veículos blindados conseguiram romper o bloqueio e sair depois que um soldado ameaçou os moradores com uma granada.

        Uma nota do gabinete do Procurador-Geral disse, em 16 de Abril, que as ações dos cidadãos Kramatorsk e a oposição ao exército é um crime passível de punição.

        Os civis que bloqueiam o exército ucraniano em Kramatorsk não acreditam na presença de forças militares russas à paisana, no leste da Ucrânia.

        “Ainda não vi nenhum deles com os meus olhos, portanto não acredito…”, disse Mykhailo, 39 anos, um dos civis que bloqueiam os veículos perto de Kramatorsk. Como a maioria dos adeptos separatistas, ele se recusa a dar o seu sobrenome ou ser filmado, com medo de ser preso e processado como um separatista.

        Ao mesmo tempo, o governo ucraniano continua acusando o Kremlin de apoiar os protestos na Ucrânia oriental, conspirando para anexar a região e repetindo o cenário da Criméia.

        A Ucrânia se mobilizou ainda mais com as acusações, em 16 de abril, do chefe de contraespionagem do Serviço de Segurança da Ucrânia, Vitaliy Nayda, que afirmou a jornalistas que as forças russas estavam tramando para organizar uma matança de cerca de 100 a 200 pessoas na região para justificar o envio de tropas oficialmente.

        Os civis que apoiam os insurgentes causam problemas para o exército, o que complica a operação antiterrorista, disse o general Vasiliy Krutov, que está no comando da operação.

        “Infelizmente, eles são vítimas da propaganda e são muitas vezes utilizados como um escudo humano”, disse Krutov em 15 de abril.

        Fonte:

        http://www.kyivpost.com/multimedia/photo/ukrainian-army-gets-hostile-reception-in-donetsk-oblast-on-april-16-343886.html

  5. Estado e livre iniciativa na

    Estado e livre iniciativa na experiência constitucional brasileira

    Luís Roberto Barroso

     

    quarta-feira, 16 de abril de 2014

    I. INTRODUÇÃO

    1. Em 1978, eu era editor de um jornal universitário na Faculdade de Direito da UERJ e escrevi um artigo intitulado Socialismo e liberdade. No texto eu afirmava, com a onisciência da juventude: “O mundo caminha decisivamente para o socialismo”. Não preciso lembrar a ninguém que de lá para cá caiu o muro de Berlim, desfez-se a União Soviética, abriram-se todas as economias da Europa Oriental e até a China pratica capitalismo selvagem. Diante do fiasco que foi a minha primeira incursão no mundo da vidência, passei a me dedicar à atividade menos arriscada de comentarista de videoteipe. Depois que as coisas acontecem, eu compareço, explico e, geralmente, não erro o resultado.

    2. Eu faço parte de uma geração que acreditava no Estado como o grande protagonista do processo social. A geração que perdeu o embate ideológico quando o muro caiu. Em um texto do início da década de 90, eu escrevi:

    “Em meio aos escombros, existe no Brasil toda uma geração de pessoas engajadas, que sonharam o sonho socialista, que acreditavam estar comprometidas com a causa da humanidade e se supunham passageiras do futuro. Compreensivelmente abalada, esta geração vive uma crise de valores e de referencial. De fato, onde se sonhou a solidariedade, venceu a competição. Onde se pensou a apropriação coletiva, prevaleceu o lucro. Quem imaginou a progressiva universalização de países, confronta-se com embates nacionalistas e éticos. Mas surpreendente que tudo: os que viveram o sonho socialista não viam a hora de acordar e se livrar dele (…) É indiscutível: nós perdemos e eles venceram”.

    3. Em favor da nossa geração, há uma frase clássica do político francês George Clemenceau: “Um homem que não seja socialista aos 20 anos, não tem coração. Um homem que aos 40 ainda seja socialista, não tem cabeça”. O tempo e a idade me tornaram um liberal igualitário, algo próximo a um social democrata. Há um ponto ótimo de equilíbrio entre o mercado e a política. Esse ponto está no cruzamento da livre iniciativa, de um lado, e serviços públicos de qualidade, do outro, juntamente com uma rede de proteção social para os que não são competitivos porque não podem ser. Na minha vivência brasileira, sou convencido de que o Estado, na sua atuação econômica, é quase sempre um Midas pelo avesso: o que ele toca vira lata. Em seguida, enferruja.

    Parte I

    EVOLUÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA NA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

    III. TRÊS DISFUNÇÕES HISTÓRICAS DO ESTADO BRASILEIRO

    4. Três disfunções atávicas marcam a trajetória do Estado brasileiro: o patrimonialismo, o oficialismo e o autoritarismo. O patrimonialismo remete à nossa tradição ibérica, ao modo como se estabeleciam as relações entre o Imperador e a sociedade portuguesa em geral e os colonizadores do Brasil em particular. Não havia uma separação entre a Fazenda do Rei e a Fazenda do Estado, entre o público e o privado. Os deveres públicos e as obrigações privadas se sobrepunham. O rei tinha participações diretas, pessoais nos frutos obtidos na colônia. Vem desde aí a difícil separação entre a esfera pública e privada que é a marca da formação nacional. O Ministro utilizar servidores públicos como governanta de casa ou como motorista da esposa é apenas a face, digamos assim, alegórica, desse traço da formação nacional.

    5. É um traço tão forte que a Constituição brasileira precisou de um dispositivo expresso para vedar que os agentes público utilizassem dinheiro público para promoção pessoal (art. 37, § 3º)2. E o STF precisou julgar procedente uma ação declaratória de constitucionalidade para afirmar que é vedado o nepotismo no Poder Judiciário, i.e., não é legítimo nomear a parentada para cargos públicos. E embora possa parecer difícil de acreditar, um tribunal de justiça estadual ingressou no processo como amicus curiaesustentando a tese de que há um direito fundamental à nomeação de parentes e que esse direito não poderia ter sido restringido pelo CNJ, mas somente mediante lei.

    6. O oficialismo é a característica que faz depender do Estado – isto é, da sua bênção, apoio e financiamento – todo e qualquer projeto pessoal, político ou empresarial de grande porte. Sem o apoio da situação não se consegue concessão, obra pública ou projetos relevantes. Quase tudo no Brasil depende de financiamento do BNDEs, da Caixa Econômica, dos fundos de pensão, com tudo que isso acarreta em termos de burocracia e ingerência governamental. Se o Presidente da República não gosta do presidente de uma empresa privada, mesmo que ela seja de capital aberto, a sorte do indigitado está selada, porque sem boa-vontade governamental é quase impossível empreender, em larga escala, no Brasil. Este não é um fenômeno de uma pessoa ou de um governo. É como tem sido desde sempre.

    7. O autoritarismo é ainda mais fácil de exemplificar. A quebra da legalidade constitucional no Brasil é uma marca registrada que nos vem desde o início da República, quando Floriano Peixoto, vice de Deodoro, deixou de convocar eleições após a renúncia do Presidente, permanecendo no cargo até o final do mandato. Fazendo um corte de 1930 para cá, esta foi a tônica: Revolução de 30, Intentona Comunista de 35, Golpe do Estado Novo de 1937, Deposição de Getúlio em 1945, Rebeliões contra Juscelino em 1956, Veto à posse de João Goulart em 1961, Golpe Militar de 1964, AI 5, outorga da Constituição de 1969, Anos de Chumbo do período Médici, fechamento do Congresso por Geisel. Sob a Constituição de 1988, no entanto, nós superamos muitos dos ciclos do atraso e vivemos o mais longo período de estabilidade institucional da história brasileira. Isso é algo que merece ser celebrado. “Só quem não soube a sombra não reconhece a luz”.

    8. Há uma última característica, digamos assim, da formação nacional que não tem cunho institucional, mas que também é digna de nota e carece de superação. Refiro-me à crença de que os recursos financeiros do Estado saem de lugar nenhum e que, portanto, o Estado pode tudo, devendo ser o provedor paternalista de todas as necessidades. Em síntese: as relações da cidadania brasileira com o Estado têm a marca de disfunções graves e atávicas. Fazer de conta que esses problemas não existem não é a melhor forma de se livrar deles. Já há na sociedade a percepção crítica desse fenômeno e o ânimo para superá-lo, embora esses processos sejam lentos. Mas andar na direção certa é mais importante do que a velocidade.

    IV. A TRADIÇÃO INTERVENCIONISTA DO ESTADO NA ECONOMIA

    9. Nos países de industrialização tardia, onde a iniciativa privada era frágil, somente o Estado detinha o capital ou, seu substituto desastrado, a máquina de imprimir dinheiro. Nesse cenário, a atuação econômica e empresarial do Estado tornou-se inevitável como instrumento do desenvolvimento e como alternativa à concessão de setores estratégicos à exploração da iniciativa privada estrangeira. Foi assim entre nós, a partir da década de 40, com a criação de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco. Na década de 50, foram criados o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico – BNDE (depois BNDES) e a Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobrás.

    10. Curiosa e paradoxalmente, o avanço e o agigantamento do Estado Econômico brasileiro se deu durante o regime militar iniciado em abril de 1964. Ao longo da década de 60 e, sobretudo, da década de 70, foram criadas mais de 300 empresas estatais: Eletrobrás, Nuclebrás, Siderbrás etc. Foi a era das empresas “brás”. Em setembro de 1981, recenseamento oficial arrolava a existência, apenas no plano federal, de 530 pessoas jurídicas públicas, de teor econômico, inclusive autarquias, fundações e entidades paraestatais3.

    11. A Constituição de 1988, embora tenha sido uma reação veemente ao modelo político do regime militar, não confrontou – antes aprofundou – o modelo de atuação direta do Estado no domínio econômico, pelo controle de numerosas empresas. Além disso, foi mantido o modelo protecionista que impunha diversas restrições à participação de empresas e capitais estrangeiros na economia nacional. A verdade é que um ano após a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, o mundo passou por uma enorme reviravolta política e ideológica, representada pela simbologia radical da queda do Muro de Berlim. O descrédito do Estado como protagonista do processo econômico-social e a globalização retiraram o suporte ideológico de boa parte das disposições da Constituição brasileira.

    12. Como consequência, a década de 90, no Brasil, foi o cenário de um conjunto amplo de transformações econômicas que mudaram o perfil do Estado brasileiro. De fato, por meio de emendas constitucionais e de legislação ordinária, produziram-se três ordens de mudança de grande relevância, a saber: a) a extinção de parte das restrições ao capital estrangeiro (recursos minerais, navegação de cabotagem, retirada da Constituição da empresa brasileira de capital nacional, propriedade de empresas jornalísticas); b) aflexibilização dos monopólios estatais (gás canalizado nos Estados, petróleo e telecomunicações); c) privatização ou desestatização.

    13. A desestatização se deu com base no Programa Nacional de Privatização, implementado por via de legislação ordinária e decretos regulamentares. Seu objetivo principal era o de reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa privada atividades indevidamente exploradas pelo setor público. O programa de desestatização foi levado a efeito por mecanismos como (a) a alienação, em leilão nas bolsas de valores, do controle de entidades estatais, tanto as que exploram atividades econômicas como as que prestam serviços públicos e (b) a concessão de serviços públicos a empresas privadas. No plano federal, inicialmente foram privatizadas empresas dos setores petroquímico, siderúrgico, metalúrgico e de fertilizantes, seguindo-se a privatização da infra-estrutura, envolvendo a venda da empresa com a concomitante outorga do serviço público, como se passou com as empresas de energia e telecomunicações e com rodovias e ferrovias.

    14. Até recentemente, havia ocorrido um refluxo significativo na privatização, por motivos ideológicos. Nos últimos tempos, no entanto, constatou-se a evidência: ausência de capital para investir não é uma questão ideológica. É um fato insuperável da vida. Como consequência – com atraso, mas não tarde demais –, foram retomadas as concessões ou parcerias com o setor privado em áreas de infraestrutura, como aeroportos, rodovias e portos.

    IV. NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO DO PRECONCEITO CONTRA O EMPREENDEDORISMO

    15. Precisamos superar o preconceito e a desconfiança que ainda existem no Brasil em relação ao empreededorismo e à iniciativa privada. Temos um capitalismo envergonhado. Ser progressista significa querer distribuir as riquezas de forma mais justa. Mas a história provou que, ao menos no atual estágio da condição humana, a iniciativa privada é melhor geradora de riquezas do que o Estado. Trata-se de uma constatação e não de uma opção ideológica. Precisamos aceitar esta realidade e pensar a vida a partir dela. Qual a origem dessa desconfiança e desse preconceito?

    16. Basicamente, foram as distorções resultantes do capitalismo de Estado, do paternalismo governamental e da distribuição discricionária de benesses. O imaginário social brasileiro ainda associa o capitalismo doméstico: (i) a concessões com favorecimentos; (ii) a obra pública com licitações duvidosas; (iii) a golpes no mercado financeiro; e (iv) a grandes latifúndios. É uma percepção que vem do tempo em que toda a riqueza era injusta, quando não desonesta. O empreendedorismo, o lucro, a riqueza eram associadas às relações com o governo, aos negócios escusos, no máximo à sorte. Não eram associadas ao trabalho, à inovação e à assunção de risco.

    17. Precisamos superar essa visão, que está por trás de uma concepção de que o Estado deve ser protagonista de tudo. Governo é para garantir as regras do jogo, criar infraestrutura e ajudar os pobres, arrecadando tributos com eficiência e justiça fiscal, redistribuindo renda, bancando programas sociais e, sobretudo, prestando serviços públicos de qualidade. Excepcionalmente, em áreas estratégicas, é possível ter o Estado atuando diretamente em atividades econômicas. Mas, como regra, não em regime de privilégio, de exclusividade, de monopólio.

    18. Precisamos de marcos regulatórios claros, competição, incentivos ao empreendedorismo e à inovação. Não há vergonha em ganhar dinheiro honesto. Por estranho que pareça, o sucesso empresarial ainda é muito mal visto no Brasil.

    Parte II

    ASPECTOS DA ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA:
    SERVIÇOS PÚBLICOS, ATUAÇÃO ECONÔMICA DO ESTADO E LIVRE-INICIATIVA

    II. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO

    19. Ao dispor sobre a ordem econômica, a Constituição cuida tanto das modalidades de intervenção do Estado no domínio econômico como da livre iniciativa. O Estado intervém no domínio econômico por três conjuntos de mecanismos: pela disciplina, pelo fomento e pela atuação direta. O Estado disciplina a economia mediante a edição de leis, regulamentos e pelo exercício do poder de polícia. Aliás, a extensão dessa competência normativa, sobretudo quando exercida por órgãos como o Banco Central ou a CVM, independentemente de lei, é fonte de debates e litígios.

    20. O Estado interfere no domínio econômico por meio do fomento quando apoia a iniciativa privada e estimula determinados comportamentos. Os instrumentos típicos são os incentivos fiscais, a elevação ou redução de tributos e o financiamento público, mediante, por exemplo, linhas de crédito do BNDES. Por fim, o Estado intervém no domínio econômico mediante atuação direta, que inclui: a) a prestação de serviços públicos; e b) a exploração da atividade econômica.

    II.1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS (CF, ART. 175)

    “Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

    21. O Estado pode prestar serviços públicos: a) diretamente: pelos órgãos despersonalizados integrantes da Administração; ou b) indiretamente: (i) pela outorga a entidades com personalidade jurídica própria, como autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, mediante lei (art. 37, XIX); (ii) pela delegação à iniciativa privada, mediante licitação e ato negocial (concessão, permissão), da prestação do serviço (art. 175).

    22. Fossem outras as circunstâncias de tempo, seria de proveito explorar aqui os dois modelos de prestação de serviço público que disputaram a primazia ao longo do século XX, mesmo nos países capitalistas: o francês e o americano.

    A. O modelo francês identifica a prestação dos serviços públicos com a soberania estatal. Nesse modelo, o serviço público é cometido ao Estado, sem participação direta da iniciativa privada, em um regime não concorrencial. Com o tempo, o Estado, sem perder a titularidade, passou a poder delegar, em certos casos, a prestação do serviço a empresas privadas.
    B. O modelo americano de public utilities gira em torno da prestação privada dos serviços, em regime concorrencial. O Estado, no entanto, participa como regulador. O que dá o toque público ao serviço é a sua regulação muito mais extensa e profunda, e não a titularidade do Estado.

    23. Não é segredo para ninguém que, à medida em que se aproximava o final do século XX, o modelo americano foi se tornando crescentemente dominante. No Brasil, inclusive, a delegação à iniciativa privada e a introdução do regime concorrencial passou a ser a tônica. Para os fins aqui relevantes, os serviços públicos podem ser classificados em três grandes categorias:

    a) inerentes: ligados à soberania estatal, ao exercício do poder de império: prestação jurisdicional, diplomacia, defesa externa (Forças Armadas).
    b) por opção político-normativa: atividades de natureza econômica que, por decisão do constituinte, são subtraídos da iniciativa privada e atribuídas ao Estado: telecomunicações, energia elétrica, radiodifusão. Estes serviços são os normalmente delegados à iniciativa privada. V. arts. 21, XI, XII, 25, § 2º e 30, V).
    c) serviços públicos franqueados aos particulares: referem-se a setores em que o Estado e a sociedade têm interesse na maior oferta possível: educação, saúde, previdência.

    II.2. EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PELO ESTADO (CF ART. 173)

    “Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definido em lei”.

    24. A exploração da atividade econômica pelo Estado, em um regime de livre iniciativa, é a exceção, somente se admitindo nas seguintes hipóteses previstas constitucionalmente:

    a) imperativo da segurança nacional (art. 173, caput);
    b) relevante interesse coletivo (art. 173, caput);
    c) monopólio outorgado à União (art. 177: ciclos econômicos do petróleo e dos minérios e minerais nucleares).

    25. A exploração da atividade econômica pelo Estado poderá se dar em dois regimes:

    a) monopolizado
    b) concorrencial

    26. No caso da exploração de atividade econômica em regime concorrencial, o Estado atuará sob a forma de sociedade de economia mista ou de empresa pública. Nesse regime não se impede o desempenho da mesma atividade pelo particular e se exigem condições de competitividade equivalentes, vedado o favorecimento à empresa estatal. Nessa linha, a Constituição prevê:

    a) Art. 173, II: sujeição ao mesmo regime das empresas privadas, inclusive em matéria de direito civil, comercial, trabalhista e tributário;
    b) Art. 173, § 2º: vedação de privilégios fiscais não extensíveis ao setor privado.

    III. SURGIMENTO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS

    27. Uma palavra sobre o surgimento das agências reguladoras, no âmbito do processo de privatização e de modificação do papel estratégico do Estado. As agências, portanto, surgem no seguinte contexto histórico:

    a) Serviços públicos passam a ser prestados por empresas privadas, mas continuam públicos, i.e., são responsabilidade do Estado.
    b) Atividades econômicas estratégicas passam a ser desenvolvidas pela iniciativa privada, mas continuam estratégicas.

    28. Surge, assim, o Estado regulador e fiscalizador, em substituição ao Estado prestador direto de serviços públicos e explorador de atividades econômicas. As agências têm como suas principais funções: 1. Regular o setor, nos limites da lei; 2. Fiscalizar cumprimento dos contratos, inclusive e notadamente as metas de universalização, quando existentes; 3. Controlar tarifas e preços; 4. Fomentar a competição; e 5. Arbitrar conflitos entre poder concedente, concessionário e usuários.

    IV. A LIVRE INICIATIVA

    29. Por fim, chegamos à livre iniciativa e ao papel a ela reservado na Constituição. A livre iniciativa funciona, em primeiro lugar, como um dos fundamentos do Estado brasileiro, isto é, um dos seus princípios fundamentais inscritos logo no art. 1º, ao lado da soberania, cidadania, dignidade humana, valores sociais do trabalho e pluralismo político. A livre iniciativa é uma expressão da ideia geral de liberdade, e faz parceria com outros princípios constitucionais relevantes, como o da legalidade e o da autonomia da vontade. Nesse sentido, ela transcende uma dimensão puramente econômica, significando que a regra geral, em todos os domínios, é que as pessoas sejam livres para suas escolhas existenciais, profissionais, filantrópicas, de lazer etc. O Estado não pode determinar onde um indivíduo vai morar, qual profissão vai seguir, o que vai fazer com o seu dinheiro ou a quem vai ajudar ou deixar de ajudar.

    30. Além de ser um princípio fundamental do Estado brasileiro, a livre iniciativa é também um princípio geral da ordem econômica. Isso significa uma clara opção por um regime de economia de mercado – que gravita em torno da lei da oferta e da procura – e não de uma economia planificada, em que os agentes econômicos são obrigados a seguir as diretrizes estatais. Ao contrário, o art. 174 da Constituição especifica que o planejamento econômico é “determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”. É possível extrair, da própria Constituição, os elementos essenciais do conteúdo desse princípio:

    A. Propriedade privada (art. 5º, XXII [é garantido o direito de propriedade] e XXIV [desapropriação mediante prévia indenização]): traço típico do regime capitalista e de economia de mercado é a apropriação privada dos bens e meios de produção. O Estado, como se sabe, interfere em alguma medida com o direito de propriedade, mediante a tributação. Ainda assim, existem limitações constitucionais ao poder de tributar, sendo vedado o confisco.

    B. Liberdade de empresa (art. 170, par. un.) e de trabalho (art. 5º, XIII): é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, salvo nos casos previstos em lei (banco, refinaria). É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (Exame de Ordem, mas não exigência de curso superior para jornalista).

    C. Livre concorrência (art. 170, IV): livre concorrência significa liberdade de fixação dos preços e do lucro, como regra geral. Dentro de uma cultura cronicamente inflacionária, essa questão do controle de preços é um capítulo especial. O outro é a correção monetária e seu irmão mais cruel, que é a indexação. O controle de preços e a indexação são duas tentações permanentes, que levam direto para o inferno. Desnecessário lembrar que um percentual expressivo de litígios existentes no Brasil envolvem as consequências dos diversos planos econômicos pelos quais passou o país, como os Planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor, etc.

    D. Liberdade de contratar (art. 5º, II): no setor público, a contratação de pessoas exige concurso; a contratação de obras, serviços ou bens exige licitação. Não assim no setor privado, no qual prevalece, como regra, a autonomia da vontade do contratante na decisão de contratar. Fosse outro o nosso tema e valeria a pena abrir um capítulo específico para demonstrar como o tratamento legal da licitação no Brasil tem sido um fiasco. Uma legislação que impede os honestos de serem eficientes e não impede os corruptos de se locupletarem.

    IV.1. PONDERAÇÕES CONSTITUCIONAIS À LIVRE INICIATIVA

    a) Função social da propriedade e da empresa
    b) Repressão ao abuso do poder econômico e proteção do consumidor
    c) Valorização do trabalho e normas para sua proteção

    V. ALGUMAS LINHAS JURISPRUDENCIAIS DO STF

    31. É relativamente escassa a jurisprudência do STF em matéria de livre iniciativa. Segue-se, abaixo, referência sumária a algumas linhas jurisprudenciais sobre temas conexos:

    (i) Controle de preços. Embora o STF tenha admitido o controle de preços das mensalidades escolares, em uma antiga decisão do Ministro Moreira Alves, o fato é que em diversos precedentes mais recentes o STF considerou haver dever de indenização por parte do Poder Público, em casos de tabelamento ou congelamento de preços. Sobretudo quando hajam ocasionado a venda de produtos e serviços abaixo do seu preço de custo. Há precedentes no tocante ao setor sucroalcooleiro e ao setor aéreo.

    (ii) Imunidade tributária. O STF tem estendido o conceito de imunidade tributária recíproca às empresas públicas e mesmo a sociedades de economia mista que prestem serviço público. O alcance exato do benefício e a sua própria legitimidade, porém, ainda são objeto de discussão.

    (iii) Sanções políticas. O STF, de longa data, veda sanções políticas contra devedores tributários, sobretudo quando envolvam o impedimento de suas atividades econômicas. O que não impediu que se reconhecesse a validade de norma que prevê a regularidade fiscal mínima como requisito para o ingresso em regime simplificado de tributação.

    (iv) Importação de pneus. O STF considerou legítima a proibição da importação de pneus, em uma ponderação entre a livre iniciativa e a proteção do meio ambiente.

    (v) Passe livre e meia entrada. Também considerou constitucional legislação que concedeu passe livre a portadores de deficiência, bem como meia entrada a doadores de sangue.

    VI. CONCLUSÃO

    1. O Brasil é uma democracia jovem. Na verdade, somos um país jovem. Só começamos a existir verdadeiramente como nação após a vinda da família real, em 1808. Antes disso, os portos eram fechados ao comércio internacional, era proibida a abertura de estradas e não havia educação adequada em qualquer nível.

    2. Em poucos mais de 200 anos, deixamos de ser colônia de um Império que se atrasara na história, para nos tornarmos uma das 10 maiores economias do mundo.

    3. Nada obstante isso, ainda não nos libertamos inteiramente de disfunções como o patrimonialismo e o oficialismo. A intervenção excessiva do Estado na economia e a persistente desconfiança em relação à iniciativa privada são herdeiras dessa cultura. Assim como o capitalismo viciado em financiamento público.

    4. Tem sido lenta a superação do atraso. Mesmo o setor privado é viciado em financiamento público e avesso ao risco. Mas temos avançado. Como disse antes, na vida o rumo certo é mais importante do que a velocidade.

    5. Ah, sim: temos um sistema político que inibe o bem e nos torna reféns do mal. Se não o alterarmos, vamos dedicar a vida a contabilizar escândalos. O debate público no Brasil hoje é: “o seu partido roubou mais do que o meu”. É imperioso reconhecer: esta é uma área da vida brasileira em que o mal venceu. Pelo menos até agora.

    6. Mas já vencemos outros males na vida brasileira. A escravidão, no Império; as oligarquias estaduais, na República Velha; duas ditaduras: a do Estado Novo e a militar. E uma inflação que parecia invencível. Vamos superar, também, esse momento político, que mistura baixa representatividade, disfuncionalidade, fisiologismo e corrupção. Precisamos de um Plano Real para a política. Talvez isso ajude a modificar, também, a cultura dominante em matéria econômica, que asfixia o verdadeiro empreendedorismo e atrela o sucesso empresarial, em grande medida, à capacidade dos agentes econômicos de gravitarem em torno do Poder Público.

    __________________

    1 Apontamentos para a conferência de encerramento do Congresso Brasileiro de Direito Comercial, São Paulo, 11 de abril de 2014.
    2 CF, art. 37: “§ 1º – A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
    3 Caio Tácito, O retorno do pêndulo: serviço público e empresa privada. O exemplo brasileiro, RDA 202/1, p. 3.
    __________________

     

    * Luís Roberto Barroso é ministro do STF, professor titular de Direito Constitucional da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestre pela Yale Law School, Doutor e Livre-Docente pela UERJ e Pesquisador Visitante na Harvard Law School.

    1. Oligarquias dominam a política moderna na maior democracia

      O Barroso fala na suas conclusões da necessidade da reforma política no Brasil, mas será que é suficiente? Penso que não, as reformas têm de ser na estrutura do Estado Brasileiro, ai sim, dá para mudar para melhor.

      “5. Ah, sim: temos um sistema político que inibe o bem e nos torna reféns do mal. Se não o alterarmos, vamos dedicar a vida a contabilizar escândalos. O debate público no Brasil hoje é: “o seu partido roubou mais do que o meu”. É imperioso reconhecer: esta é uma área da vida brasileira em que o mal venceu. Pelo menos até agora.

      6. Mas já vencemos outros males na vida brasileira. A escravidão, no Império; as oligarquias estaduais, na República Velha; duas ditaduras: a do Estado Novo e a militar. E uma inflação que parecia invencível. Vamos superar, também, esse momento político, que mistura baixa representatividade, disfuncionalidade, fisiologismo e corrupção. Precisamos de um Plano Real para a política. Talvez isso ajude a modificar, também, a cultura dominante em matéria econômica, que asfixia o verdadeiro empreendedorismo e atrela o sucesso empresarial, em grande medida, à capacidade dos agentes econômicos de gravitarem em torno do Poder Público.”

       

      Lá como cá as oligarquias financeiras mandam no congresso, este artigo é a sensação hoje na Inglaterra, mais de 1000 comentários.

      The US is an oligarchy, study concludes

       

       

      Report by researchers from Princeton and Northwestern universities suggests that US political system serves special interest organisations, instead of votersThe Capitol building in Washington DCResearchers concluded that US government policies rarely align with the the preferences of the majority of Americans Photo: Bloomberg 

      10:58AM BST 16 Apr 2014

      The US government does not represent the interests of the majority of the country’s citizens, but is instead ruled by those of the rich and powerful, a new study from Princeton and Northwestern Universities has concluded.

      The report, entitled Testing Theories of American Politics: Elites, Interest Groups, and Average Citizens, used extensive policy data collected from between the years of 1981 and 2002 to empirically determine the state of the US political system.

      After sifting through nearly 1,800 US policies enacted in that period and comparing them to the expressed preferences of average Americans (50th percentile of income), affluent Americans (90th percentile) and large special interests groups, researchers concluded that the United States is dominated by its economic elite.

      The peer-reviewed study, which will be taught at these universities in September, says: “The central point that emerges from our research is that economic elites and organised groups representing business interests have substantial independent impacts on US government policy, while mass-based interest groups and average citizens have little or no independent influence.”

      Researchers concluded that US government policies rarely align with the the preferences of the majority of Americans, but do favour special interests and lobbying oragnisations: “When a majority of citizens disagrees with economic elites and/or with organised interests, they generally lose. Moreover, because of the strong status quo bias built into the US political system, even when fairly large majorities of Americans favour policy change, they generally do not get it.”

      The positions of powerful interest groups are “not substantially correlated with the preferences of average citizens”, but the politics of average Americans and affluent Americans sometimes does overlap. This merely a coincidence, the report says, with the the interests of the average American being served almost exclusively when it also serves those of the richest 10 per cent.

      The theory of “biased pluralism” that the Princeton and Northwestern researchers believe the US system fits holds that policy outcomes “tend to tilt towards the wishes of corporations and business and professional associations.”

      The study comes in the wake of McCutcheon v. Federal Election Commission, a controversial piece of legislation passed in The Supreme Court that abolished campaign contribution limits, and record low approval ratings for the US congress.

       

    2. Liberdade e Estrela no Pass Over

       

      Passover and the Zodiac

      Passover and the Zodiac

       

      Slaughtering the Pascal lamb represented breaking free from predetermined forces beyond our control.

      by 

      Do you look at your horoscope in the pages of your favorite newspaper or magazine? If you’re dating, do you make a point to ask the person you’re interested in for their astrological sign? Do you identify your personality with the traits commonly attributed to those born under the influence of one of the 12 signs of the zodiac?

      Do you think there is truth in the words of Shakespeare that “the stars above govern our conditions”?

      About 90% of American newspapers carry horoscopes. According to the latest studies, at least 90% of all Americans under age 30 know their sun-sign and there are more than 10,000 practicing astrologers in the United States and Americans spend more than $200 million annually consulting astrologers.

      Historians tell us that astrology is almost certainly the oldest and most widespread of all pseudo-sciences whose origins can be traced back to the first half of the Hammurabi Dynasty in Babylonia about 3500 years ago. Yet paradoxically the heyday of astrology was not during the ancient days of scientific unawareness nor the benighted Middle Ages, when the average person was sunk deep in ignorance and superstition, but rather in the 20th century as well as in our own, when most citizens presumably know the basic facts of astronomy and are aware that the planets are worlds similar to the earth rather than independent forces that consign us to predetermined fates.

      Our Hebrew ancestors in Egypt, those whose journey from slavery to freedom we commemorate on the Passover holiday, lived in a culture obsessed with the rule of the stars and the power of the planets to predict the future. The Torah tells us how Pharaoh sought out his astrologers in order to divine the true meaning of events.

      It is in this context that biblical commentators understand the seemingly strange ritual demanded by God of his people in order to warrant their deliverance.

      God told Moses to command the Jews to take “every one of them a lamb for each parental home, a lamb for a household” (Exodus 12:3). They were required to slaughter the lamb and to smear of its blood on the two door posts as well as on the lintel. Only then would God “pass over” the homes of the Hebrews whose firstborn lives the Almighty would save.

      Obviously God didn’t need a painted sign to determine whether a home was occupied by an Israelite. This was meant as a test. The lamb was a major god of Egypt. To be saved one had to demonstrate in a public manner the rejection of the Egyptian idol. Only those who had the courage to do so deserved to be redeemed.

      It’s striking that the Egyptians chose a lamb as a major god to be worshiped. What could have prompted a warlike nation known for their military prowess by way of horses and chariots to revere such a seemingly docile and peaceful animal?

      The great Jewish scholar Nachmanides provides us with a brilliant answer. The very first sign of the zodiac is Aries – the ram or the lamb. Being first, it is the key to all the signs which follow; it is the source of strength for the other 11 signs of the zodiac.

      And that is why the ancient Hebrews had to slaughter the Paschal Lamb. It was the most powerful way to express their rejection of a system of thought that placed human action under the power of celestial planets, a belief that runs counter to the idea of human free will that is so fundamental to the theology of Judaism.

      To put it succinctly, to believe in astrology and the zodiac is to remain a slave – a slave to a fate over which we have no say and which we are not free to alter by our good deeds, by prayer, or by repentance.On the holiday of Passover, dedicated to celebrating the ideal of human freedom, the Torah included the concept of liberation not only from human taskmasters but also from pre-destined decrees from planetary forces totally beyond our control.

      Astrology turns us into puppets, perpetually moved by strings that can’t be influenced by our own personal desires or strengths of will.

      How remarkable in this light are the words of God to Abraham in the famous scene at the “covenant between the pieces:” “And He [the Lord] brought him forth outside and said, ‘look now toward heaven and count the stars’” (Genesis 15:5). The Midrash has Abraham respond, “According to the astrological signs, I have seen that I am not fit to beget a son.” Whereupon God taught Abraham that he was elevated above the stars and said, “Come forth out of the constellations; the Israelites are not subject to the planets. The servant of God is not enslaved to the stars.”

      Judaism does not agree with the ignoble Edmund in King Lear who said that, “We were villains of necessity, fools by heavenly compulsion, knaves, thieves and treacherers by spherical predominance, drunkards, liars and adulterers by an enforced obedience of planetary influences and all that we are evil is by a divine thrusting on.” That would make us no more than pawns in a divine chess game with responsibility for our every move transferred solely to the Chess-master from above guiding our play.

      And that is the real meaning of the famous Talmudic statement by Rabbi Yochanan that “There is no mazel to Israel” – not that we have no good fortune but that Israel is not subject to mazel, to predetermined forces beyond our control.

      It is a powerful proclamation of freedom for us as actors on the stage of history, as movers for the improvement of the world as we make our way through the free willed choices of our lifetimes.

      Although the lack of our temple prevents us from physically sacrificing a Paschal Lamb, it is important for us as we approach Passover to metaphorically slay the excuses we give ourselves for our imperfections as being predetermined. We need to remember that we are free – free to be the heroes of our life stories.

      Because it is not the stars that write the scripts of our years. It is we who can choose to become the stars of our faith and our people.

      Published: April 7, 2014

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