Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. ENTREVISTA COM SERGEI GLAZIEV

    ENTREVISTA COM SERGEI GLAZIEV – CONSELHEIRO DO PRESIDENTE PUTIN

    Glaziev é um conselheiro do presidente Putin e um amigo próximo. Pessoalmente, acredito que  a mídia ocidental está errada, ou então, mentindo deliberadamente, quando diz que Dugin é o mentor ideológico de Putin. Não estou certo de que Putin tem – ou precisa – de qualquer tipo de mentor, mas ao longo dos anos, eu descobri que Glaziev parece dizer em voz alta o que Putin não diz, mas parece estar fazendo adiante…

    Glaziev, que nasceu na Ucrânia e que é ele próprio um econômista, tem uma excelente compreensão dos “behind-the-scenes” jogos de poder na Ucrânia e na Rússia. Esse homem realmente *sabe* o que está acontecendo.”

    (The Saker)

    [video:http://youtu.be/cikvqdMRTTA align:center]

  2. Pesquisa eleitoral MDA/CNT Data de divulgação: 23/08/2014

    TSE—Consulta às pesquisas registradas
    Pesquisa Eleitoral – BR-00400/2014—-Dados da Pesquisa
    Número do protocolo: BR-00400/2014—Data de registro: 18/08/2014—Data de divulgação: 23/08/2014
    Eleição: Eleições Gerais 2014—-Cargo(s): Presidente—-Abrangência: BRASIL

    Empresa contratada: MDA PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA E CONSULTORIA ESTATÍSTICA LTDA
    Contratante: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE – CNT CNPJ 00.721.183/0001-34
    Origem dos recursos: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE – CNT CNPJ 00.721.183/0001-34
    Pagante do trabalho: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE – CNT CNPJ 00.721.183/0001-34
    Valor (R$): 179.467,00—Estatístico responsável: Marcelo Costa Souza
    Registro do estatístico no CONRE: Série A No. 8109—Registro da empresa no CONRE: 027

    Data de início: 21/08/14 Data de término: 24/08/14 Entrevistados: 2002

    Metodologia de pesquisa: Será adotada a metodologia quantitativa do tipo “survey”, com entrevistas pessoais, do tipo face-a-face por meio da utilização de questionário estruturado, sendo o universo representado pelos eleitores do Brasil.

    Plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução e nível econômico do entrevistado, margem de erro e nível de confiança: O Universo desta pesquisa compreende os eleitores do Brasil com idade a partir de 16 anos, residentes em 24 unidades da federação, a saber: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Acre, Pará, Tocantins, Amazonas, Rondônia. O plano amostral foi delineado a partir de informações disponibilizadas pelo TSE(2014) e IBGE(2013). Inicialmente as entrevistas foram distribuídas de forma proporcional ao eleitorado por região geográfica e, dentro de cada região geográfica, as entrevistas foram distribuídas de forma proporcional ao tamanho do eleitorado em cada unidade da federação que compõe a amostra. Em seguida, os municípios participantes da amostra foram definidos por meio do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho (PPT), sendo que as capitais entram com probablidade de seleção igual a 1. Ainda neste procedimento, leva-se em conta o controle por porte do município (até 20 mil habitantes, 20 a 50 mil, 50 a 100 mil, de 100 a 500 mil e acima de 500 mil) de forma proporcional ao eleitorado. Por fim, já no município, é realizada a seleção aleatória de setores censitários ou bairros onde serão alocadas as entrevistas de forma proporcional ao universo em função do gênero e faixa etária do eleitorado. Para o conjunto da amostra, os tamanhos são: 8,4% de homens com 16 a 24 anos, 11,8% para homens com 25 a 34 anos, 9,8% para homens com 35 a 44 anos, 11,4% para homens com 45 a 59 anos e 6,6% para homens com 60 anos ou mais. 8,5% para mulheres com 16 a 24 anos, 12,4% para mulheres com 25 a 34 anos, 10,6% para mulheres com 35 a 44 anos, 12,7% para mulheres com 45 a 59 anos e 7,8% para mulheres com 60 anos ou mais. As informações sobre nível econômico e escolaridade serão levantadas na própria pesquisa, tendo como controles a dispersão das entrevistas, seleção aleatória de setores censitários e/ou bairros, representatividade por porte do município, unidade da federação e região geográfica. A ponderação prevista para estas variáveis é igual a 1. A distribuição das entrevistas por região geográfica é de 43,1% para Sudeste, 27,2% para Nordeste, 14,8% para Sul, 14,9% para Norte e Centro Oeste. Está prevista a realização de 2.002 entrevistas, o que fornece um erro amostral para o resultado total de no máximo 2,2 pontos percentuais considerando grau de confiança de 95%. Os intervalos de confiança serão calculados com base nos percentuais obtidos e com grau de confiança de 95%. A relação completa das unidades da federação e municípios pesquisados será encaminhada a esse tribunal após a publicação dos resultados.

    Sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo: Os pesquisadores foram treinados especificamente para este projeto, com simulação de entrevistas e discussão de todas as questões. O trabalho de campo é fiscalizado por Coordenadores de Equipe, especialmente treinados para esta tarefa. As entrevistas são realizadas, em sua maioria, utilizando tablets e questionário eletrônico. Do total dos questionários preenchidos, parte será sorteada de forma aleatória para conferência, via telefone, através de novo contato com o entrevistado, garantindo um mínimo de vinte por cento de checagem. Nesse contato são verificadas respostas fornecidas pelo entrevistado assim como adequação aos parâmetros amostrais previamente definidos. Todos os procedimentos acima são realizados por profissionais especializados e com vasta experiência na condução e controle de pesquisas de opinião. Todos os pesquisadores elaboram um relatório de campo reportando as características das pesquisas e a percepção dos entrevistados em relação às questões realizadas.

    Dados relativos aos municípios e bairros abrangidos pela pesquisa. Na ausência de delimitação do bairro, será identificada a área em que foi realizada a pesquisa (conforme §6º. do art. 1º. da Resolução-TSE nº. 23.400/2013, o pedido de registro será complementado pela entrega destes dados ao Tribunal Eleitoral em um prazo de até 24 horas, contado da divulgação do respectivo resultado): A relação completa das unidades da federação e municípios pesquisados será encaminhada a esse tribunal após a publicação dos resultados.

    Questionário completo aplicado ou a ser aplicado (formato PDF): QUESTIONÁRIO CNT_MDA R120 AGO 2014.pdf

    Arquivo com detalhamento de bairros/municípios (formato PDF): Não há arquivo para detalhamento de bairros/municípios.

    URL:
    http://pesqele.tse.jus.br/pesqele/publico/pesquisa/Pesquisa/visualizacaoPublica.action?id=24032

    anexos:

     

    1. Díficil achar um instituto de pesquisa isento

      Dificil achar um instituto de pesquisa isento, esse tal de MDA só faz pesquisa sob encomenda de entidades ligadas a oposição, como por exemplo o jornal O Estado de Minas, que apoia Aécio. Já DataFolha e Ibope pesquisam para Folha e Globo. Dificil

      http://www.lavras24horas.com.br/portal/exclusivo-justica-eleitoral-determina-a-suspensao-de-divulgacao-dos-resultados-da-pesquisa-eleitoral-da-mda-para-prefeito-de-lavras/

  3. Ferguson – Estão chegando os canhões

    18/8/2014, [*] Moon of Alabama

    Ferguson – Sending In The Bigger Guns

    Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

    Guarda Nacional ataca Ferguson com bombas de gás lacrimogêneo (17/8/2014)

     

    Então… Está começando?

     

    Guarda Nacional chamada, depois de segunda noite de caos em Ferguson, Missouri

    O governador do Missouri disse na 2ª-feira (18/8/2014) que enviaria a Guarda Nacional para o subúrbio de Ferguson, no condado de St. Louis, para restaurar a calma, depois que autoridades dispersaram à força uma multidão que protestava contra os tiros, disparados pela Polícia, que vitimaram um adolescente desarmado.

    No início da noite, no domingo, centenas de pessoas que protestavam em Ferguson, inclusive famílias com crianças pequenas, tiveram de correr em busca de segurança, quando policiais usando máscara contra gases e coletes à prova de balas dispararam granadas de gás lacrimogêneo para dispersar aquelas pessoas, horas antes do início do toque de recolher.

    As bombas de gás foram disparadas sem qualquer provocação – disse Anthony Ellis, 45. – O protesto foi iniciado por crianças de bicicleta. E de repente, lá estavam eles, gritando “Vão para casa! Para casa!”. 

    A Patrulha Rodoviária do Missouri disse que os “agressores” tentaram invadir um posto de comando policial, e que só usaram veículos blindados para garantir a segurança pública.

     

    Desculpe… Nós precisamos perguntar por Michael Brown Jr.

     

    Segundo pesquisa de Billmon, a Guarda Nacional do Missouri tem alguns problemas de suprematismo/neonazismo. Interessante investigar o grau de diversidade desse corpo. Há ali alguns batalhões de Polícia Militar que têm vasta experiência de contato com “a negrada da areia” [orig. “sandniggers”] no Afeganistão e no Iraque.  

    A Guarda Nacional com certeza “avalia” que “o agressor” em Ferguson justifica mais essa escalada na guerra local. 

    Espera-se que outras cidades levantem-se e unam-se aos protestos de Ferguson, e que também protestem contra o que até conservadores já descrevem como emprego de força excessiva, militarizada e ultra-agressiva, agora também contra norte-americanos e dentro dos EUA

     

    Fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/08/ferguson-estao-chegando-os-canhoes.html

  4. O programa eleitoral na TV, por PML
    http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/Por Paulo Moreira Leite, em seu blog

    O início da propaganda política, hoje, abre uma etapa decisiva da campanha eleitoral de 2014.

    A importância do horário político não deriva do excesso de magia da publicidade mas das carências e omissões do jornalismo brasileiro.

    Minha opinião é que o horário político irá permitir a Dilma Rousseff ampliar suas intenções de voto. As últimas pesquisas já mostraram que a presidente está em recuperação junto ao eleitorado.

     Conforme o Datafolha, ela cresceu 6 pontos na avaliação positiva – e diminuiu 6 pontos na negativa. Estes novos números não apareceram nas intenções de voto, o que é estranho mas pode ser compreensível. O mesmo eleitor que passou a reconhecer méritos no seu governo ainda quer mais um tempo para traduzir essa opinião em intenção de voto. Resta ver como essa melhora de avaliação será traduzida nos próximos levantamentos.
    Outro aspecto envolve uma espécie de compensação. Não se trata, apenas, de um maior tempo na TV, o que só costuma ajudar quem tem o que mostrar.
    Tratados de forma benigna – para falar o mínimo – pela maioria dos meios de comunicação, a maioria dos candidatos de oposição não deve esperar maiores benefícios a sua imagem em função da propaganda. Há uma certa continuidade entre os dois discursos, mesmo lembrando que são linguagens diferentes. No caso de Dilma, a candidata pode se beneficiar do efeito surpresa, de uma certa novidade. Seu governo não é uma sucessão de maravilhas e pode ser criticado por falhas e defeitos. Mas é, com toda certeza, muito melhor do que o retrato produzido pelos meios de comunicação até aqui.

    Não vamos nos iludir. Vivemos num país onde a sociedade não tem direito aos serviços de um jornalismo plural e equilibrado, capaz de respeitar os fatos e retratar a realidade do país de forma isenta. O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, conheceu progressos sociais aplaudidos em toda parte mas tenta-se manter sua população no cativeiro da informação dirigida, da opinião sob encomenda, do pensamento único e da análise unilateral.
    Empenhados abertamente em impedir uma quarta vitória consecutiva do bloco Lula-Dilma, que realizou pequenas, quem sabe ínfimas, mas necessárias mudanças numa estrutura de quase cinco séculos, nossos jornais, revistas e emissoras de TV inverteram a fórmula consagrada no lançamento do Plano Real por um ministro do PSDB. Mostram o que é ruim e escondem o que é bom.

    Foi possível assistir a uma amostra da postura padrão de nossas emissoras na entrevista de Dilma Rousseff ontem, ao Jornal Nacional. Num esforço para prestar contas a 55,7 milhões de brasileiros que lhe deram seu voto há quatro anos – desculpe, mas não acho que uma presidente é igual a garota propaganda de marca de sabonete – Dilma ouviu questões quilométricas e foi recriminada porque não dava respostas curtas. Várias vezes teve a palavra cortada pelos entrevistadores, a tal ponto que foi obrigada a continuar uma resposta na pergunta seguinte. Chegou a ser advertida de que deveria guardar tempo porque os jornalistas queriam mudar de assunto antes do programa acabar.

    Os brasileiros chegam a campanha presidencial depois de passar os últimos meses sendo ameaçados por uma hiperinflação que deveria vir e não veio, por uma Copa que não deveria ser mas foi, por um desemprego que iria explodir mas permanece entre os menores do mundo. A população não sabe o que aconteceu com o programa Mais Médicos. Não foi informada sobre o avanço de obras de infra estrutura de valor histórico, a começar pela transposição do São Francisco, a Transnordestina.
    Ouve falar que é preciso investir em educação mas não teve direito a saber o que é Pronatec nem tem um balanço do Pro Uni.

    O jornalismo em vigor na maioria das emissoras brasileiras mudou o caráter do horário político. Ele oferece, hoje, informações sobre seu país que o noticiário padrão só apresenta de forma distorcida ou simplesmente omite.É ali que se pode encontrar o contraponto ao pensamento único.Tenho certeza de que muitos eleitores serão surpreendidos com novidades que irão aparecer durante a propaganda política. Irão descobrir um país que desconheciam.Muitas pessoas acham o horário político uma chatice insuportável – eu concordo muitas vezes – mas convém lembrar: é só ali que candidatos a governar o país têm direito a palavra sem restrições de qualquer natureza. Seu limite é o tempo, que varia conforme a representatividade eleitoral de cada um, o que é um critério bastante razoável, vamos combinar.Também é ali que o eleitor exerce direitos que deveriam ser elementares numa escolha democrática: ouvir os candidatos, conhecer suas realizações e propostas, comparar. É, a rigor, uma liberdade com poucos paralelos no mundo, onde a propaganda política deve ser paga, e cada minuto precisa ser comprado como qualquer anuncio comercial – o que assegura ao poder econômico privado um papel determinante sobre o debate político, os rumos da democracia e do futuro dos cidadãos e suas famílias.Conquista do país após a democratização, a propaganda política é alvo permanente de ataques das próprias emissoras, o que chega a ser espantoso. Elas não têm prejuízo, recebendo uma espécie de indenização pelo dinheiro que, em teoria, iriam de receber caso pudessem explorar aquele horário com propaganda.Titulares de uma concessão pública, há emissoras que empatam seus ganhos e perdas durante a campanha. Algumas até recebem, como indenização, mais do que teriam direito no mercado – pois jamais seriam capazes de faturar o prejuízo declarado.Mas não se conformam, o que só revela a dificuldade de conviver num ambiente no qual a população tem o direito de ouvir, sem intermediários, a voz daqueles que são representantes dos poderes soberanos da nação.

     

  5. A perseguição da mídia a Roberto Amaral, amigo de Lula

    Roberto Amaral, presidente do PSB, cabra marcado para morrer

     Autor: Fernando Brito

    amaral

    Presidente do PSB, o cearense Roberto Amaral, é um “cabra marcado para morrer”.

    Sua atitude de tentar preservar o partido e não, simplesmente, entregá-lo a Marina Silva, lhe será fatal.

    Aliás, só será fatal porque ele teimará em não entregá-lo incondicionalmente, como deseja a mídia.

    Amaral publicou , no final da noite de ontem, texto no qual  reage à nota do colunista Ricardo Noblat, de O Globo, onde era apontado como “conspirador” contra Marina Silva. Nela, para sustentar a afirmação, Noblat “recordava”  supostas falas de Eduardo Campos de que Amaral seria um “traste” a ser suportado pelos socialistas, em homenagem aos “velhos tempos”.

    Amaral diz que Noblat tem “um pasquim eletrônico”, onde exerce a função de “direita alugada”.

    Embora aceite Marina como “opção natural” do partido, diz que o PSB, desde o instante da morte de Campos sofre “assédio” para entroniza-la na condição de candidata de um partido que, confessadamente, não é o dela.

    Amaral, porém, comete a suprema heresia de dizer – e repetir, em sua nota pública – que ele e Eduardo Campos , “sempre preservamos a amizade de Lula, de cujo governo fomos ministros dedicados”.

    O que é totalmente inconveniente para a candidatura que, gostando ao não o presidente do PSB, está fadada a ser ungida pela direita brasileira como sua expressão, no momento em que se torna claro que, embora montada na máquina partidária do PSDB, a candidatura Aécio padece de um vício incorrigível de mediocridade.

    A frase que Noblat atribui a Eduardo Campos – “-Esse Amaral, homem, só me cria problemas” –  foi adotada como lema pelo midio-marinismoque tomou conta da mídia brasileira.

    Os “velhos socialistas” do PSB podem, timidamente, resistir por algum tempo.

    Mas são, Amaral em primeiro lugar, cabras marcados para morrer.

    Marina só espera que lhe entreguem o bastão para virar a Rainha de Copas.

     

     

  6. Eleições 2014: Baixaria vs informação nas redes sociais
    As redes sociais tanto podem ser canal de compartilhamento de informação, como de escoamento de confusão e ódiopor Diego Sartorato, na RBA   

    Com o início oficial da campanha eleitoral de 2014, no dia 5 de julho, candidatos a presidente da República, senador, governador, deputado federal e deputado estadual ativaram suas páginas nas principais redes sociais, como Google+, Facebook e ­Twitter. O objetivo da presença na internet é centralizar mensagens de estímulo a seus apoiadores e dialogar com eleitores indecisos, apresentar propostas e projetos ou, simplesmente, reforçar nome e número de urna na memória do cidadão. Isso, claro, na superfície. Sob um ambiente republicano e propositivo, onde impera a cordialidade, candidaturas de todas as cores partidárias e ideológicas concentram em torno de si, com anuência das coordenações de campanhas ou não, centrais de boataria que espalham notícias desatualizadas ou fora de contexto, mentiras e maldades pelas redes sociais.

    A página boatos.org, dedicada a desmentir fofocas mentirosas que circulam pelas redes sociais como se fossem fato, aponta a presidenta Dilma Rousseff (PT) como principal alvo das mentiras nas redes sociais, com mais de 50 boatos divulgados sobre ela desde 2010, sua campanha anterior. São montagens de foto – como a que apresenta a presidenta exibindo os dedos do meio à torcida do Brasil durante o jogo de abertura da Copa do Mundo –, de vídeos – um deles mostra que um jogador alemão, após sagrar-se campeão do Mundial, teria se recusado a apertar a mão da presidenta– e muitas histórias para lá de suspeitas.

    “Ministro das finanças da Suíça humilha Dilma na Europa”, “Dilma traz 50 mil haitianos para votar pelo PT” e “ex-namorada de Dilma entra na Justiça e cobra pensão” são apenas alguns exemplos do tipo de material que busca alimentar preconceitos contra cor da pele e identidade sexual, por exemplo, e prejudicar a imagem da presidenta perante a parcela mais conservadora da sociedade.

    Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), candidatos a presidente pela oposição, são menos citados e com menor virulência. Em relação a Campos, a única invenção das redes sociais registrada no site, de tendência neutra, é o de que ele seria filho ilegítimo do compositor Chico Buarque. A “evidência” do parentesco seria apenas a cor dos olhos.

    Contra Aécio, a carga é mais pesada: “memes”, como são chamadas as imagens sobrepostas por texto de tom humorístico ou sarcástico, e falsos links o acusam de mover ação contra a cerveja Heineken por ter uma estrela vermelha (símbolo do PT) na garrafa, de menosprezar o voto dos professores e de usar sua filha do casamento anterior, com Andrea Falcão, para realizar tráfico internacional de diamantes.

    A campanha mais intensa contra Aécio, no entanto, é relacionada a seu suposto vício em cocaína. Foram as repetidas menções a essa história que levaram o candidato a solicitar ao Google que restringisse o recurso “autocompletar” da barra de busca do site por conta da associação imediata que o sistema fazia entre o nome do senador mineiro e o entorpecente, levando em conta a quantidade de citações na rede e de pesquisas realizadas com esses termos.

    O candidato tucano registra, ainda, o único caso de boato positivo para sua imagem de acordo com o boatos.org: texto que circulou pelas redes sociais como se fosse produzido por veículos tradicionais de comunicação dava conta de que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa teria aceitado ser ministro da Justiça caso Aécio seja eleito presidente. Barbosa, que mesmo sem poder ser candidato chegou a pontuar 14% em pesquisa Datafolha de fevereiro, é figura de prestígio entre o eleitor alinhado ao PSDB.

    Exacerbar a comunicação

    Dilma, cuja campanha atualmente rea­liza seminários de formação para militantes virtuais e orienta seus apoiadores a buscar desmentir boatos, e Aécio, que tem buscado prioritariamente o caminho judicial para impedir a propagação de notícias falsas, são alvos mais atingidos por sua evidência pública.

    “Enquanto nas redes empresariais e científicas há objetivos e tarefas, a finalidade das redes sociais de internet é prioritariamente promover e exacerbar a comunicação”, analisam as professoras Lúcia Santaella e Renata Lemos, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, no estudo A Cognição Conectiva do Twitter (2010). “As redes sociais de internet estão demonstrando que o humano quer se comunicar com a finalidade pura e simples de se comunicar, estar junto”, continuam, “não importa quando, como ou para quais fins”. Essa tendência, que valoriza o estardalhaço de um boato negativo, indica a prioridade de compartilhar conteú­dos que confirmem opiniões já compartilhadas pelo meio social do internauta, sem necessidade de que as informações sejam, de fato, verdadeiras.

     

    CLEMILSON CAMPOS/JC IMAGEMCrime Em 2013, a central de boatos levou milhares de pessoas a correr para as agências da Caixa por causa do “fim do Bolsa Família”

    Ocorre, no entanto, que determinadas histórias obscuras da internet tenham objetivos muito claros. Em 2013, um boa­to sobre o fim do Bolsa-Família originado em uma empresa de telemar­keting contratada para espalhar a história por meio de mensagens pelo celular, além de uma enxurrada de compartilhamentos da história por perfis falsos no Twitter, levaram a 920 mil saques de beneficiários do programa na Caixa Econômica Federal em maio de 2013, com impacto sobre o caixa da instituição da ordem de R$ 152 milhões. O episódio alimentou nova onda de críticas ao programa e de comentários preconceituosos na rede contra cidadãos que recebem o auxílio governamental.

     

    RBAlulinha_veja.jpgDifamação O filho de Lula, Fábio Luís, é vítima preferencial da central de boatos. As mentiras renderam processos contra empresas, jornalistas e políticosUm capítulo à parte são os “causos” sobre as posses de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, conhecido como “Lulinha”. De acordo com mensagens divulgadas pela internet, ele seria proprietário da Friboi (empresa pertencente ao grupo JBS), teria comprado uma fazenda em Fortaleza, no Ceará, por R$ 47 milhões, e um jatinho Gulfstrem Gill por mais R$ 100 milhões. A imagem que acompanhava as mensagens sobre a compra da fazenda é, na verdade, de prédio histórico que sedia a Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, interior paulista.

    Seis pessoas foram denunciadas em inquérito pela difamação da família de Lula, entre elas Daniel Graziano, coordenador do site Observador Político, do Instituto FHC, e filho de Xico Graziano, coordenador de redes sociais da campanha de Aécio. Intimado a depor por três vezes, Daniel nunca compareceu ao Judiciário para esclarecer seu envolvimento no caso. As histórias de enriquecimento de Lulinha fazem consonância a outro boato comum, de que Lula integraria a lista de 100 maiores bilionários da lista da revista Forbes. A própria revista norte-americana desmentiu.

    Trolls e robôs

    Os canais de divulgação dos boatos são variados. Além do internauta ansioso por compartilhar informações que ganhem a atenção da maior parte de seus contatos, há páginas e perfis, geralmente falsos ou anônimos, profissionalizados em compartilhar informações duvidosas. É o caso da “TV Revolta”, perfil que tem mais de 3,6 milhões de fãs no ­Facebook e promove “notícias” que distorcem o funcionamento de programas sociais, como o auxílio reclusão pago a famílias de presidiários (o site é, provavelmente, o criador do apelido “bolsa bandido”) e superdimensionam indicadores, como a inflação. Há, ainda, os “robôs”, como são chamados perfis falsos que proliferam, principalmente, no Twitter, programados para reproduzir intensamente boatos para que eles ganhem a credibilidade de um grande número de “curtir” e “compartilhar”.

    Não é difícil identificar esses perfis. Robôs, em geral, têm perfil vazio e incompleto, com fotos genéricas ou de celebridades, conta com poucos contatos e compartilha conteúdos com longos espaços de tempo entre um e outro, sobre temas desconexos. Já o troll se esconde e, em uma discussão on-line, apresenta sempre o discurso mais extremado, com o objetivo de provocar polêmica, e com o qual é impossível argumentar: o objetivo do troll, inflexível em suas “opiniões”, é embolar o debate e desqualificar interlocutores.

     

    ROBERTO STUCKERT FILHO/PRETO1092Editar.jpgDilma Bolada Jeferson Monteiro, criador do personagem, tirou seu site do ar no dia 5 de julho para se prevenir de possíveis acusações de favorecimento à candidata. A central de boatos não o poupou: estaria trabalhando para o PT ou como agente duplo do PSDBFenômeno na internet, a personagem Dilma ­Bolada, sátira da presidenta Dilma mantida pelo publicitário Jeferson Monteiro, relatou recentemente caso que, se confirmado, revela o quão baixo o jogo pode chegar na internet. No começo do ano, uma agência de marketing digital que supostamente estaria trabalhando para a campanha de Aécio teria entrado em contato com Monteiro com o objetivo de “comprar” a personagem para a campanha tucana por R$ 500 mil: assim, Dilma Bolada, que normalmente brinca com a personalidade tida como durona da presidenta e defende as ações do governo petista, passaria para o lado da oposição. Pelo relato do publicitário, não fica claro se a contratação seria divulgada abertamente ou se a atuação de Dilma Bolada para o PSDB seria enrustida, confundindo o internauta alheio ao processo.

    Por conta da interferência eleitoral, Monteiro chegou até a retirar a personagem do ar após 5 de julho. “Há alguns dias foi liberada a campanha e é muito ruim saber que você pode fazer a diferença, mas ver que está quase sozinho no meio de uma tormenta que é a internet, e que tem tudo para piorar conforme 05/10 se aproximar”, postou, nas redes sociais, o criador da personagem. Desde então, boatos de que Monteiro seria contratado para a campanha do PT passaram a surgir na mídia tradicional, que chegou a afirmar que Monteiro teria sido contratado para ser consultor da campanha de Dilma. O publicitário nega. “Caso um partido procurasse a mim, Jeferson Monteiro, para trabalhar na campanha, eu aceitaria numa boa, até mesmo porque não há nada de errado nisso. A Dilma Bolada não entra nessa história e em nenhuma negociação, porque é uma página pessoal, única e exclusivamente minha e que não tem preço”, afirmou, no último dia 30 de julho, em seu perfil no Facebook.

    Como evitar a central de boatos

    O internauta ainda é central na prevenção de boatos que têm como objetivo substituir o debate verdadeiramente necessário do período eleitoral: o de projetos para o país. “Uma vez conectado, de uma forma ou de outra, acabaremos sendo atingidos por mensagens falsas, principalmente se tratando de política, que será o assunto principal de inúmeras pessoas, familiares e amigos”, avalia Gabriel Leite, presidente da Mentes Digitais, empresa de mídias sociais de Aracaju.

    “Nem tudo que lemos na internet é verdade, assim como nem tudo que nos dizem é verdade. É preciso entender isso e buscar sempre pesquisar, saber se realmente a publicação é verdadeira, ir ao Google, buscar portais de maior credibilidade. Você é o que você compartilha, e se você compartilha inverdade, as pessoas vão achar que o mentiroso é você, e não a notícia. Compartilhou, assinou embaixo”, aconselha.
    As dicas de Leite estão em consonância com as orientações da agência de marketing digital Frog, com sede no Rio de Janeiro. A pedido da Revista do Brasil, os analistas da empresa, que atende clientes como Vale, Coca-Cola e Motorola, entre outras, enumeraram passos simples para evitar armadilhas.

      http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/98/as-redes-de-pandora-baixaria-versus-informacao-nas-redes-sociais2398.html 

  7. Gilmar Mendes soltará Abdelmassih?

    Gilmar Mendes soltará Abdelmassih?

     Por Altamiro Borges

    Numa ação conjunta da Polícia Federal brasileira com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, o médico-estuprador Roger Abdelmassih foi preso nesta terça-feira (19) em Assunção. Em 2010, ele foi condenado a 278 anos de prisão, mas estava foragido desde 2011 graças a um estranho habeas corpus concedido pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes. Segundo a PF, após o procedimento de deportação sumária, ele dará entrada no país por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o Paraguai, e depois será transferido para São Paulo, aonde finalmente deverá cumprir a sua pena – caso não pinte mais um providencial habeas corpus, tão comum entre os ricaços.

    Para quem já esqueceu o episódio, Roger Abdelmassih mantinha uma clínica de genética na Avenida Brasil, região nobre da capital paulista, onde atendia clientes milionários. Durante muito tempo, ele foi paparicado pela mídia privada. Em 2008, porém, surgiram as primeiras denúncias de que o médico sedava as pacientes e cometia crimes sexuais. Em junho de 2009, ele foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor. Aos poucos, 35 pacientes denunciaram os crimes do “médico das elites”, que teria cometido 56 estupros. Abdelmassih chegou a ficar detido de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes. 

    Em 23 de novembro de 2010, a Justiça condenou o médico-estuprador a 278 anos de prisão, mas ele seguiu em liberdade e, na sequência, fugiu do Brasil. Na ocasião, a postura do ex-presidente do STF gerou fortes críticas. O habeas corpus concedido em pleno feriado do Natal foi rejeitado por juristas de renome, que questionaram o privilégio dado ao dono da clínica de fertilização sediada no reduto da aristocracia paulistana. Segundo denúncias, o advogado de defesa do médico, Marcio Thomaz Bastos, teria recebido R$ 500 mil para viabilizar o benefício no STF. Agora, com a nova prisão no Paraguai, espera-se que o médico dos ricaços não seja novamente privilegiado.

     

  8. Austeridade alemã gera

    Austeridade alemã gera círculo vicioso na Europa, diz artigo em jornal inglês

    Itália e França enfrentam  dificuldades e Alemanha sofre rápida queda, alerta professor de Yale

    O desempenho das economias europeias no segundo trimestre deste ano gerou apreensões no bloco, que teme agora caminhar para uma nova recessão. Enquanto a Alemanha cai rapidamente, ressalta artigo do The Guardian assinado por Adam Tooze, Itália e França “deslizam de volta à recessão”. Tooze, que é professor de história na Universidade Yale, salienta que a austeridade exigida pela Alemanha para resgatar a Zona do Euro cria um círculo vicioso, no qual “ninguém ganha”.

    “A crise deixou a Europa com três problemas distintos: as finanças públicas trêmulas, desemprego incapacitante a longo prazo, e os bancos mancando. Notícias deste verão sugerem que eles estão se unindo para formar um círculo vicioso de estilo japonês”, diz a matéria.

    Enquanto a Alemanha não consegue prosperar verdadeiramente sem um crescimento na Europa, pontua Tooze, a Europa também não pode prosperar exportando para a “economia alemã flutuante”. 

    Na última semana, o Escritório Federal de Estatística (Destatis) alemão divulgou uma queda de 0,2% no PIB do país no segundo trimestre deste ano, em comparação com o trimestre anterior. No primeiro, havia registrado um acréscimo de 0,7%, mas o desempenho posterior foi atrapalhado devido à incerta recuperação da Zona do Euro e à crise da Ucrânia. O impacto foi sentido no comércio exterior – as exportações cresceram menos que as importações, fato incomum no país – e nos investimentos, que tiveram uma redução drástica.

    A França, principal economia do bloco europeu ao lado da Alemanha, teve uma variação nula em seu PIB no segundo trimestre. Os dois países influenciaram a variação também nula da Zona do Euro, abaixo da expectativa de 0,2% do mercado. A Itália, terceira economia do bloco, também registrou contração de 0,2% entre abril e junho. A Espanha, quarta economia e uma das mais afetadas pela crise, teve um desempenho positivo, de 0,6%, mas especialistas desconfiam da continuidade na recuperação. 

    Antes das tensões com a Rússia pela crise na Ucrânia, os analistas apostavam em uma recuperação europeia no período. O resultado gera agora, então, o medo de uma nova recessão no continente.

    http://www.jb.com.br/economia/noticias/2014/08/18/austeridade-alema-gera-circulo-vicioso-na-europa-diz-artigo-em-jornal-ingles/

  9. ‘Saúde e educação são os

    ‘Saúde e educação são os temas centrais da eleição, não a economia’

    Para o sociólogo Luiz Werneck Vianna, estes foram os assuntos chancelados pelas ruas, pela juventude e pela classe média. Mas ele não crê que algum candidato sobressaia no debate destas questões

    Intelectual renomado e de sólida formação marxista, o sociólogo Luiz Werneck Vianna surpreende e diz que o desenvolvimento econômico não será decisivo na campanha presidencial. “Não vejo o tema da economia, tal como está posto pela mídia, como central. Até porque a economia não está vivendo mares catastróficos”. Já os temas saúde e educação, segundo ele, “se fortaleceram enormemente nesses últimos anos e receberam a chancela das ruas, da juventude e da classe média”. Professor de Ciências Sociais da PUC-Rio, ele afirma que os candidatos têm dificuldade em se diferenciar a respeito desses temas. “Essa agenda é de todos eles. Irão todos pelo mesmo caminho, é tudo japonês, tudo igual. Vão se distinguir na biografia e no desempenho”. Ao analisar o cenário eleitoral após a morte de Eduardo Campos, Werneck não vê tantos riscos para a reeleição da presidenta Dilma, mas alerta para problemas. “Ela é favorita, mas com novas preocupações”, pontua, em referência à provável entrada de Marina Silva como cabeça da chapa do PSB. “Tudo ainda é muito prematuro, mas podemos ter um segundo turno entre mulheres”, prevê Werneck.

    A morte de Eduardo Campos provocou uma reviravolta capaz de alterar os rumos do processo eleitoral. Como o sr. está vendo esse fato novo?

    A política parece ter uma certa lógica e obedecer a um certo andamento previsível. Mas tanto os homens quanto os próprios fatos podem alterar esse andamento e colocar os atores diante de situações inesperadas, para as quais eles não tinham nenhuma alternativa, nenhum programa de enfrentamento. Parece ser o caso. A cogitação era que a campanha do Eduardo ainda sofresse um processo eleitoral de fricções e perturbações, em razão da natureza dos dois candidatos — o candidato à presidência e a Marina, que tinha elementos de estranho no ninho, em um cenário marcado pelo Eduardo, com o desenvolvimento econômico, ciência… Não que a Marina seja avessa a isso. Mas ela é bem mais moderada nesses objetivos, vem de uma agenda ambiental. O que ficou claro, e que as pessoas estão reconhecendo agora, é que o Eduardo tinha uma enorme capacidade política de administrar diferenças, conflitos. E construiu uma identidade própria.

    Marina Silva também faria esse tipo de movimento?

    A coisa mudou de eixo. Agora, a Marina vai ter que demonstrar capacidade de viver o outro, mesmo que o outro não esteja presente, mas com o programa do outro. Ela não vai poder defenestrar. Caso se torne candidata, ela não pode dizer que seu programa é diferente do dele. Ela está obrigada a fazer uma operação — caso efetivamente seja a candidata — de dizer que o programa dele, agora, é o dela. Que ela fará isso em respeito a ele, em admiração a ele. E, embora não brotasse inteiramente dela, que, diante das circunstâncias, ela se adapta. Acho que esse é o desafio que ela vai enfrentar, de dialogar com o ausente. O nome do Eduardo vai ser uma presença forte na campanha dela. Ela entra, mas, ao entrar, não vai nem ofuscá-lo nem bani-lo.Vai ter que incorporá-lo.

    No discurso após a morte dele, Marina Silva não tratou de política, de sucessão, mas se referiu aos sonhos e ideais de Eduardo, que teriam sido o tema da última conversa entre eles.

    Acho que esse é um ponto. Se, antes, a dificuldade era o Eduardo criar condições para uma relação harmoniosa com ela e seu programa, agora, isso se inverteu. O programa dele não está erradicado, e sua presença não está banida. Será uma presença permanente caso ela se torne, efetivamente, candidata.

    Diz-se que Marina teria mais chances do que ele, por seu desempenho em 2010 e seu perfil mais carismático. O sr. vê dessa forma?

    Mas isso é um contrafactual que nós não temos como controlar.

    O desempenho dela em 2010 não serve como referência?

    Não é isso. O desempenho dela serve como referência. O fato é que ela, agora, não era candidata. Ela não conseguiu a candidatura própria, seu partido não conseguiu se construir. Fosse ela no lugar dele e logo no início dos entendimentos entre eles ficasse claro que seria a Marina a candidata, se eles tivessem decidido isso… Mas não foi assim que as coisas ocorreram. Ela começaria bem melhor do que ele, certamente. Mas o teto dela estava dado, eu acho. As chances dela seriam menores do que aquelas que, agora, ela poderá vir a ter, com a presença fantasmal do Eduardo na campanha.

    Que dá uma grande carga de emoção à campanha…

    Todos estão em apuros, nesta altura. O Aécio tem que se precaver, pois quem lhe garante que ele chega ao segundo turno? E a própria Dilma, porque, dependendo de como as coisas evoluam, a mesma dúvida pode cair no colo dela, nas hostes dela. Tem uma carga de emoção muito forte, que pode ter essa influência na eleição até um ponto que, hoje, não dá para antever. E a biografia do Eduardo, nesta altura, tornou-se muito valorizada, como político, como pessoa, como estilo de vida.

    Seu avô, Miguel Arraes, também voltou a ser lembrado.

    Voltou. Dependendo de como essa herança seja administrada e de que ela se demonstre capaz, mesmo manifestando que não são posições originárias dela, mas que, agora, serão o seu programa, que ela vai incorporá-las. Se ela fizer isso direito, vejo-a como uma candidata muito forte. Isso introduziu uma descontinuidade. Não adianta olhar esse processo a partir do momento em que ela lutou pela constituição da Rede Sustentabilidade e encontrou-se com o Eduardo. É uma situação ex novo . Estamos na estaca zero. Não dá para analisar nada responsavelmente agora.

    Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, não quis fazer nenhuma previsão logo após a tragédia, limitou-se a dizer que será outra eleição. O sr. concorda?

    É isso que estou tentando dizer, é uma outra eleição.

    A morte de Getúlio Vargas, em 1954, mudou todo o ambiente político. A classe média estava irritada com aquela situação, a Aeronáutica em pé de guerra, e, de repente, sua morte virou o jogo completamente.

    A esquerda também foi surpreendida. Na noite da morte, os militantes do Partido Comunista foram orientados a ir às bancas de jornal e recolher os exemplares do jornal partidário, onde estavam preconizando a saída do Getúlio.

    O sr. acha que é comparável?

    Não. O momento era muito mais agudo. Não tem a mesma proporção.

    Mas mostra que a emoção pode ter influência.

    Pode.

    Comenta-se que parte do sentimento de mudança, dos votos nulos, podem ir para Marina. É uma especulação embasada?

    Não. Ainda tem o Aécio Neves aí. Ele também ficou em uma situação difícil, sob a ameaça de ser ultrapassado. Como ele vai operar? O enterro do Eduardo apresenta uma série de pistas, com todos os políticos presentes. Não é só o jovem político, a esta altura. É, também, o Miguel Arraes. Ele vai ser enterrado com o avô.

    Mesmo com essa situação nova, Dilma ainda pode ser considerada favorita?

    Pelo peso da máquina e da inércia da política, é favorita, sim. Agora, uma favorita com preocupações novas. Um resultado inteiramente inesperado, que vai deixar todos atônitos, é se, ao final, tivermos no segundo turno duas candidatas. Dilma e Marina. Essa, realmente, vai ser difícil de conceber. Mas isso já está no mundo das possibilidades. Não é algo irreal. Resta saber como o Aécio vai enfrentar essa circunstância, de não ser ultrapassado. É o que o estado-maior dele deve estar pensando agora.

    O sr. está vendo, então, que é possível acontecer esse segundo turno entre as mulheres?

    Para quem está sempre pensando em quadros, mesmo que eles importem em construções especulativas, não faz nada mal um exercício desses. Você não pode descartar esse exercício, porque ele pode ocorrer. O mais previsível é Dilma e Aécio. E acho que, a esta altura, haverá segundo turno. A gente não deve ser tão peremptório assim.

    Tudo indica que Marina não é uma candidata de 10% de votos. E o PSDB, por tradição, também tem mais de 20%.

    Ainda tem o Pastor Everaldo e outros…

    Foi dito que o grande tema da eleição seria a economia. O próprio Eduardo Campos falou no 7×1, 7% de inflação e 1% de crescimento. Essa campanha será focada aí, ou em questões sociais?

    Sempre que tive a oportunidade, procurei desqualificar essa valorização da economia nas decisões do quadro político brasileiro imediato. A meu ver, o que ilustra melhor isso são as jornadas de junho de 2013, quando as demandas eram, todas, de outra natureza. Diziam respeito a direitos.

    Saúde, mobilidade urbana, educação…

    Direitos. E, olhando bem, quando viramos para 2014 e o processo eleitoral se abre, qual é a agenda dos três principais candidatos? A que foi posta nas ruas pelas manifestações de junho. A discussão econômica não está dominando as intervenções públicas desses candidatos. Domina suas intervenções com comunidades de empresários, de homens de negócio, empreendedores. Tem que ser assim mesmo. Agora, quando falam para o grande público, o tema é outro. O tema é o da agenda de junho de 2013, uma agenda de direitos.

    Mas há uma insatisfação no meio empresarial muito grande. Essa insatisfação se reflete na campanha da Dilma?

    Pode parecer uma construção para marcar posição da minha parte, mas eu não estou vendo, neste processo, o tema da economia, tal como está posto pela mídia, como central. Até porque a economia não está vivendo mares catastróficos.

    A massa dos eleitores tem outra preocupação, que não a economia?

    Não é todo eleitorado, mas os eleitores estão dizendo, especialmente os jovens, que não querem participar disso, ou que não estão satisfeitos em participar disso, não estão encantados por esse processo eleitoral. Está claro. E não se deve a razões econômicas, mas a uma insatisfação com as instituições, com a cultura política do país. E, de repente, o que se vê, com a morte do Eduardo, é que não havia tanto motivo para rejeitar. Havia bons candidatos. A política conhece bons personagens. O Eduardo era um deles.

    O sr. acha que os jovens, a partir desse episódio, podem despertar para a política institucional?

    Seria charlatanice minha admitir isso, mas acho que eles foram tocados, viram que havia uma cena, com homens interessantes, dignos. Mas ainda é muito cedo para falar disso, fazer essas especulações. Se o Aécio está em palpos de aranha, a Dilma também está. Uma linha forte de fricção do Eduardo era com ela, Dilma. O antagonismo dele era com ela. Não sabemos, por exemplo, como isso vai repercutir no Nordeste.

    Mas há, por outro lado, o carisma da Marina?

    Tem isso. O público da Assembleia de Deus, que é grande, pode novamente se encontrar com ela, como aconteceu na eleição passada.

    O voto religioso existe no Brasil?

    Existe, sim.

    Entre evangélicos e católicos?

    Os evangélicos são mais disciplinados. Na verdade, eles montaram uma relação entre intelectuais e crentes muito apertada, com pastores que conduzem suas ovelhas e se fazem muito presentes. A Igreja Católica tem um distanciamento maior, fala mais sobre temas gerais, não tem essa administração quase do cotidiano, como os neopentecostais têm.

    Mas, sendo candidata, ela pode atrair esses votos?

    Pode. Mas esse também pode ser um flanco dela. Muita gente vai migrar para a candidatura do PSB, se a candidata for Marina, assim como muita gente vai abandonar. E um dos aspectos é o fato de ela ser evangélica. Imagino, também, que o agronegócio abandone.

    O governo joga muito com os programas sociais que tem, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos. Esse é um trunfo?

    Sim, porque essa não é uma política de ocasião. Ela já vem sendo executada e sedimentada há algum tempo. A dificuldade está quando se sai desse nível de sobrevivência e vai para o mundo dos direitos. Nesse aí, a Dilma vai mal.

    O governo dela fez pouco nessa área?

    Poderia fazer mais, e quando fez muito, fez erraticamente, colocou muito dinheiro que não deu dividendos, não deu rendimentos sociais e políticos. Gasta-se uma barbaridade em saúde no país, e o atendimento é precário e ruim. Na educação, é a mesma coisa. Agora, esses dois temas se fortaleceram enormemente nesses últimos anos e receberam a chancela das ruas, da juventude, da classe média. São temas inerradicáveis. Não se ganhará a eleição com tema de desenvolvimento econômico. Não adianta levantar agora o tema da privatização, como já foi importante em eleições passadas.

    A questão da Petrobras terá algum impacto?

    Talvez, sim, mas na massa da população isso não chega.

    E o aeroporto de Cláudio?

    Também, não. Nem a coisa do Eduardo Campos com a mãe, Ana Arraes, teria impacto.

    O sistema de denúncias, de outras eleições, não vai funcionar?

    Isso já tirou Ciro Gomes de uma eleição presidencial. Ele não foi treinado suficientemente e não tinha temperamento para ouvir aquelas perguntas. Eduardo e Aécio não só foram treinados, como foram educados politicamente. Ciro Gomes largaria um programa no meio e eles ficaram lá, respondendo direitinho.

    Marina se beneficia de alguma maneira dessa pauta social nas campanhas?

    Essa agenda é de todos. Foi a agenda consagrada pelas manifestações de junho e ganhou força e uma sedimentação inédita entre nós. A questão nacional, por exemplo, já decidiu eleições anteriores, mas não é mais o centro da eleição, como Leonel Brizola fazia. Não temos mais sociedade para isso. A sociedade brasileira atingiu a dimensão da luta pelos interesses e pelos direitos de uma forma irreversível. Outra questão forte será a da habitação popular, que está hoje nas ruas.

    Vai ficar difícil para os candidatos apresentarem propostas distintas para as demandas sociais?

    Vai. Eles irão todos pelo mesmo caminho, é tudo japonês, tudo igual. Vão se distinguir na biografia e no desempenho.

    O voto vai se dar mais em cima das qualidades pessoais?

    Vai.

    Mais que o perfil ideológico?

    O PT é um partido ideológico? Não é. Mas qual seria? Qual seria??

    Não ter ideologia é bom? Ou é ruim?

    É bom e é ruim. Temos uma sociedade de massa monumental no Brasil, muito apetitiva em torno de direitos. Eles querem mais. O tema da saúde se tornou fundamental. E ela foi constituída com partidos fracos e retardatários. Isso ocorreu sem eles, por força de mercado, políticas de Estado. Eles chegam depois no processo, erráticos, com problemas de constituição, falta de consistência. Esses partidos são federações de interesses.

    Na Europa e nos Estados Unidos, o livro do francês Thomas Piketty (“O Capital no Século XXI”) reabriu a discussão sobre concentração de renda. Esse é um tema válido para o Brasil?

    Sem dúvida. E o que me chama a atenção é que o livro ainda não tenha sido incorporado pelas campanhas, pelos organizadores dos programas. Ali, há um manancial imenso sobre a redistribuição da renda. Inclusive, é um flanco em que o Brasil é muito vulnerável, pelo fato de a Receita Federal não ter transparência com a população. O Eduardo chegou a falar em tributação das grandes riquezas.

    A questão da concentração de renda é algo que no Brasil já se discute desde os anos 70.

    Mas com dados obscuros. A Receita Federal não abre os dados.

    É uma discussão que merece ser retomada?

    O tema da igualdade vai pegar velocidade aqui. Estive recentemente em um debate para discutir gentrificação. Abaixo do tecido visível da política, há um outro tecido invisível e que está se disseminando, com novas lideranças. Havia nomes lá que se intitulavam como mandatários da liberdade do povo, têm uma carga política forte.

    Ao largo da política institucional…

    A gentrificação ocorre porque não há partidos que defendam o sistema de habitação, a distância entre intelectuais e povo é imensa. Não sou de fazer demagogia com essas coisas, olho criticamente, mas fiquei impressionado com essas lideranças com ligação para baixo. Aliás, o que está acontecendo embaixo, na política, tem sido mostrado: a presença da milícia, o controle territorial do tráfico.

    Outro fenômeno muito falado foi a ação dos Black Blocs.

    Mas já passou, eles já perderam o encanto. Os intelectuais performáticos falaram disso, mas já não falam mais. Também os jovens, com quem eu convivo o tempo todo, já não têm todo esse entusiasmo.

    Mas, no ambiente acadêmico, cresceu muito o interesse pelo estudo do anarquismo. Talvez por decepção com a política institucional?

    As pessoas estão sempre procurando utopias críveis, porque viver sem uma, como diria o Cazuza, é difícil.

    No discurso do 1º de maio deste ano, por sinal, a presidenta Dilma adotou um discurso mais enfático.

    A questão sindical, operária, não está tendo o mesmo protagonismo que teve em eleições anteriores. São mudanças ocorridas entre os trabalhadores, os sindicatos. A própria maneira como se comemora feriado não é mais cívica, é um festival quase carnavalizado, com músicos cantando. O que não quer dizer que esse voto não tem significação. Mas o programa para atrair esse voto está muito generalizado. É progressão da política de salário mínimo, o tema da Previdência, tudo isso faz parte de uma agenda comum. Está difícil encontrar um ponto que seja só meu e não seja dos outros, que seja bem identitário.

    O PT está desgastado?

    Está. Ele não se renovou ao longo dos anos, tem líderes que estão aí há 30 anos, porque não acreditaram na democracia interna. Deixaram de ser atraentes e se distanciaram da juventude, dos artistas e intelectuais. Registra-se uma debandada.

    Fala-se muito da volta do Lula em 2018.

    Mas isso não tem relação com o partido. 

    Ele tem condições de se reeleger?

    Vou responder dando uma “peruada”: acho que não. O país não vai parar seis anos à espera de São Sebastião. Não tem isso. O jovem quer o novo.

    E vão surgir novos nomes?

    Já estão surgindo. Outro dia foi feita uma matéria sobre a oligarquização das famílias. Seria interessante também fazer uma pesquisa sobre os jovens das manifestações de junho que são candidatos agora em todos os estados. Pode significar uma mudança geracional. Esse país muda muito. A superfície pode se apresentar como quase que imobilizada, mas, lá embaixo, nesse oceano, há muita vida.

    Os candidatos que estão aí não representam esse fenômeno?

    Não dialogam com os jovens. Procuram assimilar seus temas. Todo mundo está dizendo, com razão, que essa campanha será definida no programa de televisão. O voto majoritário, de opinião, idiossincrático, por simpatia, vai depender da televisão.

    Fala-se muito da reforma política. Ela mudaria esse quadro?

    Acho que pode ajudar muito.

    Com mecanismos como voto em lista fechada, cláusula de barreira?

    A cláusula de barreira foi tirada pelo Supremo numa intervenção desastrada.

    Em alguma medida, a reforma pode frear o descolamento entre as bases populares e a classe política?

    Com o tempo, sim. Mas isso precisa ser sedimentado, não vem a jato, tão rápido.

    http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/politica/2014-08-18/saude-e-educacao-sao-os-temas-centrais-da-eleicao-nao-a-economia.html

  10. Justiça diz que crimes em

    Justiça diz que crimes em licitação do Metrô de São Paulo não prescreveram
     

    O Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo decidiu que os crimes de cartel e de fraude na licitação ocorridos em contratos da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) não estão prescritos. Os desembargadores aceitaram o argumento do Ministério Público (MP) de que, embora o contrato entre as empresas acusadas e o Metrô tenha sido assinado em 2005, pagamentos regidos pelo documento foram feitos em 2013, o que mostra que são crimes “permanentes”.

    “Enquanto tais contratos ativos estiverem vigentes, ainda estarão, em tese, sendo perpetrados atos do mesmo ‘cartel’, sendo, desa forma, crime de natureza permanente”, afirma o desembargador-relator, Edison Brandão, em decisão do último dia 5.

    O Tribunal de Justiça reparou, assim, a decisão em primeira instância da 30ª Vara Criminal da Comarca da capital, que não aceitou a denúncia do MP contra executivos das empresas acusadas de cartel e de fraude à licitação no Metrô. O juiz de primeira instância fundamentou a decisão dizendo que os crimes estavam prescritos.

    Com essa decisão do TJ, executivos das empresas poderão voltar a ser responsabilizados criminalmente pelos crimes de formação de cartel e fraude à licitação. Segundo o Ministério Público, as irregularidades foram verificadas em contratos de 12 empresas, firmados em cinco projetos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

    De acordo com o promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Delitos Econômicos, os prejuízos aos cofres públicos são avaliados em R$ 834,8 milhões.

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-08/crimes-de-cartel-e-de-fraude-licitacao-no-metro-de-sp-nao-estao-prescritos-de

  11. Laboratórios contra lavagem

    Laboratórios contra lavagem identificam R$ 21 bilhões desviados no país
     

    O Ministério da Justiça (MJ) identificou que cerca de R$ 21,4 bilhões podem ter sido desviados em sete anos, segundo balanço feito com casos investigados pela Rede Nacional de Laboratórios Contra a Lavagem de Dinheiro (Rede-Lab). Os números correspondem ao período de 2007 a julho deste ano e foram anunciados hoje (18) no seminário que discute os casos analisados pelo organismo.

    Nesse período, foram analisados 2.196 casos que apuravam lavagem de dinheiro e corrupção, além de crimes contra a administração pública. A Rede-Lab é formada pelos laboratórios de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro (Lab-LD), unidades que utilizam alta tecnologia para a análise de dados financeiros, visando a auxiliar as investigações de lavagem de dinheiro e, a partir disso, recuperar os ativos ilícitos.

    A coordenação da Rede-Lab é feita pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação, vinculado à Secretaria Nacional de Justiça, do MJ. O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, destacou o conjunto de casos de sucesso no combate à corrupção, ao abrir o seminário que discutiu os resultados do trabalho da Rede-Lab.

    “Isso tem ajudado ao país na sua disposição firme e contínua de combater a corrupção e a desmistificar todas as condições objetivas que permitem ao crime organizado dar aparência de licitude a recursos vindos de atividades ilícitas. É para isso que a Rede-Lab existe”.

    A Rede-Lab iniciou as atividades contra a lavagem de dinheiro em 2006, e conta com 25 laboratórios em funcionamento e 18 em fase de instalação por todo o país. Para o funcionamento dos novos laboratórios, foram investidos R$ 42,6 bilhões pelo MJ. Os Lab-LD estão instalados em ministérios públicos estaduais, polícias civis, Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal.

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-08/laboratorios-contra-lavagem-identificam-r-21-bilhoes-desviados-no-pais

  12. O riso nervoso da mídia:

    O riso nervoso da mídia: Marina pode provocar hecatombe tucana
     

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    Como se sabe, Dilma nunca sorri nos jornais brasileiros

    por Luiz Carlos Azenha 

    Fui um dos primeiros a escrever na blogosfera, sob críticas, que o antipetismo tornou-se um fenômeno nacional, tendo chegado inclusive aos redutos mais fieis do PT, no interior do Nordeste.

    Não é por acaso. Se Lula ou Dilma forem vaiados em qualquer parte do Brasil, ainda que por meia dúzia de gatos pingados, a TV Globo vai garantir que o país todo saiba. O mesmo, obviamente, não acontece com qualquer outro político de qualquer outro partido. Pelo menos não de forma sistemática.

    Neste espaço também sugeri a blogueiros que não entrassem na onda de criminalização dos movimentos sociais que decorre de atribuir qualquer manifestação a “coxinhas” dispostos a derrubar Dilma. Acho melhor tentar entender os desejos e desencantos que geraram a onda de protestos de 2013 que simplesmente descartá-los como resultado de alguma conspiração midiática nacional ou internacional.

    Ainda que verdadeira, a ideia de um cerco ao PT contribui para que o partido nunca acredite que tenha cometido algum erro.

    Olhando a campanha eleitoral a partir de agora, acredito que o ascetismo estudado de Marina Silva está sintonizado com os que pretendem mudar “tudo o que está aí”. O discurso um tanto moralista da ex-petista está sintonizado também com o novo conservadorismo em torno dos “valores”. Por exemplo, daqueles que acreditam que a criminalidade é resultado da “dissolução das famílias”. É irônico que Marina encarne este papel num país em que existe um número cada vez maior de famílias dissolvidas e reorganizadas por divórcios e separações.

    Na verdade, subjacente ao conservadorismo de valores no qual parecemos ingressar há outro fenômeno, o do desconforto com mudanças rápidas numa sociedade que sempre foi extremamente hierarquizada.

    Não é apenas a classe média alta que fica ressentida ao dividir aeroportos com os mais pobres. As mudanças nos padrões de consumo do reformismo lulo-dilmista desafiaram também a hierarquia no interior das classes ditas “subalternas”.

    É natural, portanto, que as pessoas procurem intuitivamente por aquilo que, em última instância, mal ou bem lhes oferece conforto num mundo turbulento, segurança numa vida insegura e previsibilidade num mundo em transformação rápida: a família.

    Nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que destruia empregos e direitos sociais, a propaganda de Ronald Reagan vendia a “dissolução” da família como causa de todos os males, obviamente resultado da “imoralidade” de ideias esquerdistas como casamento gay, feminismo, etc.

    Com o antipetismo em alta, Marina Silva simboliza para uma parcela do eleitorado a mudança “na qual se pode confiar”. Aos olhos dos seus eleitores, é humilde, religiosa e incorruptível.

    É preciso frisar que Marina é respeitadíssima em vários movimentos sociais, dentre os quais o MST — um quadro dos sem terra chegou a me dizer que, em determinadas condições políticas, acredita que ela poderia fazer um governo à esquerda do primeiro mandato de Dilma.

    De minha parte penso que os grandes grupos econômicos que conduzem o Brasil, notadamente no setor financeiro, querem no Planalto o governo mais maleável que puderem obter e a maleabilidade está estritamente ligada à fraqueza do governo no Congresso.

    Marina Silva eleita por um partido em crescimento, mas ainda frágil como o PSB, é mamão com açúcar.

    Bastam duas colunas do Merval para colocá-la no “rumo certo”, se ela por acaso se dispuser a sair dele.

    O desencanto com o PT, obviamente, não pode ser atribuído exclusivamente a mais de dez anos de campanha praticamente ininterrupta de demonização do partido pela mídia corporativa. É longa a lista de promessas descumpridas, alianças espúrias e outros erros.

    Vivemos, por exemplo, uma tremenda crise urbana, aprofundada pelo projeto lulista de alavancar o crescimento da economia através da produção e venda de automóveis. Nas regiões metropolitanas, milhões estão descontentes como nunca com o seu dia-a-dia. Sofrem os que estão paralisados em seus automóveis, mas sofrem mais ainda os que sacolejam dia e noite no transporte público lotado. A demonização midiática faz com que mesmo problemas locais sejam atribuídos àquele partido, o “do mensalão”.

    O curioso é que, segundo a pesquisa Datafolha recentemente divulgada, diante de duas alternativas de mudança, a maioria tenha optado pelo caminho mais à esquerda, pelo menos no discurso: Marina tem 21%, contra 20% de Aécio.

    É muito cedo para fazer projeções, já que o horário eleitoral nem começou. Se o PT tem razões para se preocupar, o PSDB é que deveria estar desesperado.

    Caso Marina cresça às custas de votos de Aécio, a partir de agora, o resultado do primeiro turno pode não apenas alijar o tucano da disputa, mas produzir uma redução da bancada tucana no Congresso, colocando o PSDB no mesmo rumo do DEM — e aqui não estamos nem considerando o sério risco de perda de governos estaduais.

    Ironia previsível: Marina, que abraçou o antipetismo, vai experimentar logo adiante o veneno do qual por enquanto se beneficiou. A mídia corporativa está azeitando as baterias à espera dos dossiês que logo vão sair das gavetas.

    Ou isso ou as famílias Marinho, Frias e Mesquita finalmente se converteram à reforma agrária e ao enfrentamento das consequências desastrosas do agronegócio.

    http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/o-riso-nervoso-da-midia-marina-pode-provocar-hecatombe-tucana-primeiro-turnoao.html

  13. Dilma vence embate com Bonner

    Dilma vence embate com Bonner e dribla agenda neoliberal da Globo

    O estilo ‘interrogatório’ das perguntas feitas pelo ‘Jornal Nacional’ com os presidenciáveis, além de produzir momentos bizarros para o jornalismo, em nada ajudam o eleitor a formar sua decisão

    Talvez por já ter no passado enfrentado interrogatórios em condições bem mais adversas, nos porões da ditadura, talvez por dominar melhor os assuntos abordados pela dupla de entrevistadores do Jornal Nacional, na noite de ontem (18), a presidenta Dilma Rousseff conseguiu sair-se melhor nas perguntas intimidadoras do que o candidato Aécio Neves (PSDB) e do que havia conseguido fazer Eduardo Campos (PSB).

    O formato parece ter objetivo certeiro: impor a pauta de interesses dos donos da emissora aos candidatos. Nas entrevistas com Aécio e Campos, grande parte das perguntas procuraram impor a agenda neoliberal do Estado mínimo, exigindo respostas que invariavelmente levaram os candidatos a citar como medidas “necessárias” cortar despesas públicas na área social, nas políticas redistributivas de renda e nos serviços como saúde e educação.

    Na entrevista com Dilma, o objetivo foi tentar desconstruir as políticas de bem-estar social, de crescimento com melhor distribuição de renda e redução das desigualdades sociais. A ideologia que impera na Globo é aquela velha máxima da ditadura: primeiro o bolo precisa crescer para os ricos, vindo o crescimento da renda dos mais pobres a reboque, profecia que nunca se realizou nem no auge do neoliberalismo.

    Mas Bonner não conseguiu ser bem sucedido neste seu embate com a presidenta. Ela conseguiu rebater com um argumento bastante forte quando disse “nós enfrentamos a crise, pela primeira vez no Brasil, não desempregando, não arrochando os salários, não aumentando os tributos, pelo contrário, diminuímos, reduzimos e desoneramos a folha de pagamentos. Reduzimos a incidência de tributos sobre a cesta básica. Nós enfrentamos a crise, também, sem demitir”.

    O duelo

    Na primeira pergunta, sem encontrar um questionamento ético na conduta pessoal da presidenta, como ocorreu no caso da construção do aeroporto com dinheiro público beneficiando a família de Aécio Neves, o apresentador Willian Bonner questionou se o PT não descuidaria da questão ética e da corrupção, por haver no governo petista ministros nomeados e depois afastados por denúncias.

    Dilma negou haver tolerância, citando mecanismos de combate a corrupção criados nos governos do PT de forma sistêmica, tais como autonomia da Polícia Federal, o fim da era do apelidado engavetador-geral da República na chefia do Ministério Público, a criação da Controladoria-Geral da União como órgão forte, a criação da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência.

    Bonner interrompeu, questionando: “A senhora listou aqui uma série de medidas que foram providenciadas depois de ocorridos os escândalos”. Na entrevista, Bonner e Poeta ficaram com a palavra mais de um terço do tempo total de 15 minutos –Dilma corrigiu o apresentador: “Não. Isso tudo foi antes.”

    A bizarrice da cena mostrou que Bonner veio com uma réplica pronta em sua pauta para rebater uma resposta que não veio – enfatizando a demissão de ministros. A presidenta deu uma resposta sobre a construção de sistemas de combate à corrupção, e Bonner não soube como interagir com a resposta. Um vexame.

    Em outro momento, o apresentador questionou números econômicos que considera adversos, como inflação dentro da meta, mas próxima ao teto e crescimento nominal baixo do PIB. Dilma explicou que Bonner estava olhando pelo retrovisor o acumulado de doze meses passados, e que a inflação está em queda desde abril e no momento atual está próxima de zero. Explicou também que a atividade econômica tem uma melhoria prevista a partir do segundo trimestre.

    Bonner rebateu, após referir-se a indicadores do semestre passado, se isso não seria “mero otimismo”. Dilma o corrigiu explicando que em economia existem índices que antecipam tendências econômicas e que estes apontam para um segundo semestre melhor do que o primeiro.

    E assim foi. Ressalta-se aqui que o formato adotado pelo Jornal Nacional é pouco produtivo para informar bem ao telespectador eleitor. Fixa um tempo curto de 15 minutos para o total da entrevista, em que os entrevistadores tomam boa parte do tempo em longas formulações de perguntas sobre temas complexos, como em casos que tratam da economia, de um sistema de saúde gigantesco como o SUS, ou de políticas institucionalizadas de combate à corrupção.

    Respostas satisfatórias para estes temas não cabem dentro do tempo dado. Para piorar, os entrevistadores interrompem a toda hora, muitas vezes de forma intimidatória, o que não ajuda em nada o eleitor a conhecer melhor os compromissos dos candidatos.

    http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/08/dilma-vence-bonner-e-dribla-agenda-neoliberal-da-globo-2990.html

     

  14. Vice representará PSB nos

    Vice representará PSB nos estados em que Marina não concordar com alianças
     

    O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) confirmou hoje (19) que será vice de Marina Silva na chapa do partido à Presidência da República, que será oficializada amanhã (20) e disse há pouco, no Recife, que Marina, ao substituir Eduardo Campos na corrida ao Palácio do Planalto, não fará o que ela quer, mas o que o Brasil precisa. Ele, que recebeu hoje durante o dia o apoio de Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco para compor a chapa ao lado de Marina, disse que representará a legenda nos estados em que Marina não concordar com as alianças.

    “Marina não será presidenta para fazer o que ela quer, será presidenta para fazer aquilo que o Brasil precisa, o que o povo exige, o que o povo quer, seja na agricultura, na indústria, na geração de emprego, no desenvolvimento urbano, no transporte público. Vamos dialogar com todos os setores, apresentando o nosso programa de governo”, disse Albuquerque após a missa de sétimo dia em memória de Campos.

    Preocupado em manter os acordo firmados por Campos, Beto Albuquerque disse que ele representará o PSB nos palanques em que Marina não apoiar o candidato ao governo estadual. “Fizemos alianças no Brasil de acordo com a realidade de cada região. O presidente Eduardo Campos construiu o que foi possível, o máximo de acordos. Alguns estados não houve acordo e isso não mudará nada. As decisões já foram tomadas. Onde a Marina não estiver, estarei eu representando o Partido Socialista Brasileiro [PSB] e as decisões que o companheiro Eduardo tomou na condição de candidato a presidente”.

    Segundo o gaúcho, Renata Campos abriu mão do convite do partido para ser vice de Marina e apoiou seu nome por entender que terá “uma outra tarefa” na disputa. “No diálogo com o partido em Pernambuco, com a família Campos – com a Renata, os filhos, dona Ana [Arraes, mãe de Eduardo], entenderam que a melhor composição que está sendo recomendada à Executiva Nacional [amanhã] é a de Marina, como presidente, e do meu nome como vice. Saio de Pernambuco tendo recebido uma grande missão”, disse Beto Albuquerque.

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-08

  15. Getulio vargas e a Independencia
    Getulio vargas e a Independencia
    http://www.abdic.org.br/index.php/419-getulio-vargas-e-a-independencia

    do Jornal Grito Cidadão
    Por : Adriano Benayon

    Aproxima-se o 60º aniversário do golpe de Estado com o qual a oligarquia angloamericana derrubou o presidente Vargas, em 24 de agosto de 1954. Esse acontecimento teve efeitos tão desastrosos como importantes. Trata-se, nada menos, que da cassação da independência do Brasil. A soberania do País nunca foi plenamente exercida, mas, se houve governante que tomou iniciativas para alcançá-la, esse foi Getúlio Vargas.

    Exatamente por isso, a oligarquia imperial angloamericana sempre conspirou contra ele, com a ajuda de pseudo-elites e de agentes locais da política e da mídia, em geral recrutados por meio de corrupção.

    Em 1932, a oligarquia paulista promovera o fracassado movimento de 9 de julho, movida pelos interesses britânicos. Intitularam-no constitucionalista, conquanto Getúlio organizara as eleições para a Constituinte que votou a Constituição de 1934, a qual instituiu significativos avanços econômicos e sociais.

    Tão profunda como a estima dos verdadeiros industriais e a veneração dos trabalhadores brasileiros a Getúlio, foi a ojeriza da minoria desorientada pelos preconceitos da “democracia” liberal e dos contrários à industrialização, alimentada pela hostilidade da mídia, caluniosa e falsificadora dos fatos.

    Vargas fora forçado, durante a Segunda Guerra Mundial, a ceder bases militares no Nordeste aos EUA, e cometeu o erro de insistir em enviar a Força Expedicionária Brasileira à Itália. A FEB foi equipada e armada pelos EUA e combateu sob comando norte-americano.

    Daí se criaram laços entre os comandantes e oficiais de ligação estadunidenses e os oficiais brasileiros que conspiraram nos quatro golpes pró-EUA (1945, 1954, 1961 e 1964.

    Em outubro de 1945, o pretexto foi derrubar um ditador, o que não tinha sentido, pois o presidente viabilizara eleições, já marcadas para o início de dezembro, e não era candidato. Após o golpe, recomendou votar no marechal Dutra, pois o brigadeiro Eduardo Gomes representava os que sempre se haviam oposto a Vargas.

    Quando Vargas, eleito em 1950, voltou à presidência, nos braços do povo, já estava em marcha a desestabilização de seu governo, a qual culminou com o crime da rua Toneleros, já em agosto de 1954.

    O crime foi dirigido pelo chefe da delegacia de ordem política e social (DOPS), famosa por seus métodos desumanos de repressão aos comunistas, desde a época do Estado Novo, instituído por golpe militar, em 1937.

    Esse golpe proveio de oficiais do exército, que colocaram Felinto Muller na chefia da polícia. Vargas, presidente constitucional desde 1934, permaneceu à frente do governo, mas não teve poder e/ou vontade suficiente para limitar significativamente as violências.

    Ele sempre foi contemporizador, negociava com pessoas de diferentes tendências e, por vezes, as colocava ou mantinha no governo. Ao voltar Vargas, em 1951, continuou na DOPS o filonazista Cecil Borer, que vinha da administração do marechal Dutra. Como tantos pró-nazistas, mundo afora, movido pelo anticomunismo, Dutra subordinou-se aos interesses dos EUA.

    Apesar de seus erros, Vargas merece lugar de honra na história do Brasil, por ter dado o indispensável apoio do Estado ao desenvolvimento industrial, que despontava desde o início do século XX e ganhou força, de 1914 a 1945, graças também à redução dos vínculos comerciais e financeiros com os centros mundiais, propiciada pelas duas guerras e a longa depressão dos anos 30.

    Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, o império já planejava fazer abortar esse processo. Mais tarde, diria o notório Henry Kissinger: “para os EUA seria intolerável o surgimento de uma nova potência industrial no hemisfério sul.”

    Os serviços secretos dos EUA e do Reino Unido vinham, de há muito, operando na desestabilização do presidente. Em 1954, Borer envolveu informantes da polícia e pistoleiros no crime da Toneleros, que matou o major Vaz, da aeronáutica, simulando que o alvo seria o virulento adversário de Vargas, Carlos Lacerda.

    Na armação policial-jornalistica-militar, Vaz, casado e pai de filhos pequenos, substituiu, na ocasião, o solteiro major Gustavo Borges. Lacerda engessou o pé dizendo ter tomado um tiro de revólver, mas, se isso fosse verdade, o pé teria sido destroçado. Nunca se encontrou um prontuário de atendimento em hospital.

    A conspiração enredou a guarda pessoal do presidente e o fiel guarda-costas Gregório Fortunato, que foi torturado e ameaçado para confessar o que não fez. Condenado a 15 anos de detenção, foi assassinado na prisão, em operação de queima de arquivo.

    O golpe de 1954 é o maior marco negativo da história do Brasil, pois o governo udenista-militar, dele egresso, criou vantagens incríveis para as empresas transnacionais dominarem por completo a produção industrial do País. Fez os brasileiros pagar caríssimo para serem explorados.

    Foi, assim, inviabilizado o desenvolvimento de tecnologias nacionais, a não ser por grandes empresas estatais ou apenas em nichos menores, no caso de indústrias privadas nacionais, ainda assim, fadadas a ser desnacionalizadas.

    Tanto o golpe de 1964, que instituiu os governos militares, como a falsa democratização, a partir de 1985, intensificaram as políticas pró-capital estrangeiro em detrimento do País.

    Os governos de 1954-1955 e 1956-1960 (JK) foram motores da desnacionalização da economia. Os de Collor e FHC os mais monoliticamente entreguistas. Nenhum operou reversões nessa marcha infeliz.

    A herança hoje é a desindustrialização e a colossal dívida pública, tendo a União já gastado nela, desde 1988, quase 20 trilhões de reais. Além disso, recorrentes crises devidas aos déficits de comércio exterior.

    As realizações do presidente Vargas fazem dele o principal heroi nacional e exemplo para futuros líderes. Mas não sem reservas, porque lhe faltou combatividade e espírito revolucionário.

    Não me parece verdade que o nobre sacrifício de sua vida tenha frustrado os objetivos dos imperialistas. Preservaram-se as estatais, mas a própria Petrobrás – que já nascera sem o monopólio na distribuição, o segmento mais lucrativo – acabou, em parte, arrancada da propriedade estatal. Além disso, nos anos 90, ocorreram as doações-privatizações de dezenas de fabulosas estatais, algumas criadas durante governos militares.

    A grande derrota estratégica deu-se com a entrega dos mercados e da produção industrial privada às transnacionais. Sem isso, a dívida externa não teria explodido em 1982, nem sido torradas as estatais, a pretexto de liquidar dívidas públicas, as quais, depois disso, ao contrário, se avolumaram como nunca.

    O momento para evitar esse lastimável destino, era com Vargas, amado pelo povo, que foi às ruas, em massa nunca vista, pronto a tudo, quando de sua morte. Aí não havia liderança, nem plano.

    Getúlio precisava ter cortado, no nascedouro, os lances que minaram suas bases de poder. Entre estes, o acordo militar Brasil-Estados Unidos, de 1952, negociado por Neves da Fontoura, ministro das Relações Exteriores, e por Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior das FFAA, sem o conhecimento do ministro do Exército, Estillac Leal.

    Este se demitiu, pois Vargas assinou o acordo, e, com isso, cedeu aos que, mais uma vez, o traíam, e perdeu seu ministro nacionalista.

    Fraquejou novamente em 1953, quando, embora mantendo o correto reajuste do salário mínimo, demitiu João Goulart do ministério do Trabalho, medida exigida em memorial assinado por 82 coroneis do Exército. Nesse episódio, caiu o ministro do Exército, Cyro do Espírito Santo Cardoso.

    Não era tarefa simples sustentar-se sob constante e intensa pressão contrária da alta finança angloamericana, a qual não economiza recursos nem hesita em recorrer à corrupção e a práticas celeradas. Entretanto, a pior maneira de reagir a essa pressão é fazer concessões, em vez de cortar a crista dos golpistas.

    Deixando de coibir aquelas práticas, Vargas facilitou o caminho dos inimigos. Sobraram-lhe escrúpulos, ao exagerar em sua tolerância, para não ser acoimado de ditador. Faltaram bons serviços de inteligência e a compreensão de que seria derrotado, se não mobilizasse o povo e a oficialidade nacionalista.

    * – Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

  16. água

    Nassif, voce mora em São Paulo?

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=20192&cpage=1#comment-94109

    Em cinco dias, já se foi 10% da água do Atibainha. E a “2ª cota” de Alckmin, de onde virá?

    20 de agosto de 2014 | 14:08 Autor: Fernando Brito

    canta2

    Os dias de alguma chuva e temperatura mais baixa não deram grande alívio à situação hídrica de São Paulo.

    Desde que começou o bombeamento do reservatório Atibainha – onde o volume a ser drenado é de 78,14 bilhões de litros – já foram puxados dali 7,84 bilhões de litros.

    Estão por conta do Atibainha dois terços de toda água necessária a abastecer – abastecer mal – a Grande São Paulo.

    Mesmo com uma vazão afluente 50% à do mês passado, o que entra não dá para recuperar o nível do principal depósito de água, o Jaguari-Jacareí, que está sendo mantido exatamente no mesmo e baixíssimo nível do lodaçal, que a gente já já mostrou aqui.

    No ritmo em que se tira água do Atibainha, agora, as imagens começarão a revelar também sua situação.  Como ele é menor e tem uma profundidade média maior, os efeitos da queda demoram a aparecer visualmente.

    Agora, mais dramático é o pedido da Sabesp para a liberação da ANA para bombear mais 130 bilhões de litros do fundo de uma represa que está, até visualmente, seca, como é a do Jacareí.

    Nem dragando canais e drenando cada poça tiram esta quantidade estúpida de água dali.

    A menos que a Sabesp queira secar a represa com esponja e pano de chão.

     

  17. Uso de um morto… Quanta hipocrisia

    Então, a Justiça Eleitoral resolveu acabar com a patacoada e a hipocrisia?

    Publicado em agosto 20, 2014 por Caio HostilioHei Fernando Bezerra, diz aí onde foi parar os recursos para as enchentes!!!

    Hei Fernando Bezerra, diz aí onde foi parar os recursos para as enchentes!!!

    Que bom que a família de Eduardo Campos viu o quanto os urubus e politiqueiros safados e canalhas estavam querendo tirar vantagens eleitorais usando a imagem do morto…

    Diante do pedido da família, a Justiça Eleitoral proibiu o uso da imagem de Eduardo Campos em todo e qualquer programa eleitoral ou inserção, isso em todo território brasileiro.

    A coisa já estava prá lá de sacanagem… Teria Eduardo Campos virado Santo?

    Abordam Eduardo Campos como um salvador da pátria, o último dos mais honrados brasileiros… Como esquecem rápido do passado!!!

    Quem não se lembra da passagem do seu partido, mais precisamente de Pernambuco, no Ministério da Integração, mais precisamente com os recursos para enchentes? O “agora puro” levou todo o recurso para Pernambuco que estava sem chover, enquanto que em Santa Catarina e Teresópolis/RJ várias famílias estavam desabrigadas e centenas já haviam morrido em decorrência das fortes chuvas!!!

    São essas hipocrisias que fazem os seres humanos os indivíduos mais nojentos desse planeta!!!

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