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Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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As matérias para serem lidas e comentadas.

Lourdes Nassif

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  1. Jornais escondem que Dilma

    Jornais escondem que Dilma lidera em São Paulo

    Pânico faz Merval cometer barriga histórica

    Por Miguel do Rosário

    Os jornais acordaram em pânico.

    Os colunistas começaram a chorar mais que a Marina.

    No Globo, Merval dá um número completamente errado sobre a disputa eleitoral em São Paulo.

    Não é exagero.

    Olha o que ele diz, em sua coluna de hoje:

    “A dificuldade de Aécio Neves é que ele não está reagindo em São Paulo, maior colégio eleitoral e principal reduto tucano, onde segundo o Ibope a candidata do PSB continua liderando e em ascensão, ao contrário do resultado nacional: tinha 35% e agora aparece com 39% das intenções de voto. Aécio caiu de 19% para 17% e a presidente Dilma manteve-se em segundo lugar com 23%.”

    Meu Deus! Coitado! Em que estado mental horrível ele deve estar.

    Eu fico me perguntando como alguém pode errar assim! Eu, trabalhando sozinho no meu blog, quando cometo um erro, sou imediatamente advertido (pelo que agradeço) pelos atentos leitores.

    Merval, com uma equipe enorme de assistentes, comete uma barriga tosca dessa?

    Os números corretos, informados pela própria Globo, são esses:

    Marina 29%, Dilma 29%, Aécio 22%

    Se preferir, pode ir na fonte original, o próprio Ibope, que acaba de divulgar o relatório completo de São Paulo. É de lá que tirei o gráfico abaixo:

    sp

     

    Escapa à minha compreensão como é possível produzir uma barriga desse porte.

    Eu até tirei fotografia da edição digital, para o caso dele corrigir (o que, incrivelmente, não fez até agora, às 13:00) e para vocês não duvidarem de mim:

    pagina

    Repita comigo, Merval.

    1) Marina não está “em ascensão” em São Paulo, mas em queda livre. Saiu de 32% para 29%.
    2) Dilma partilha com Marina a liderança do eleitorado paulista, com 29%. Sendo que a petista registra viés de alta; Marina, de baixa.
    3) Aécio tinha 19% e foi para 22%, ou seja, bem mais do que os 17% que você atribui a ele.

    *****

    Nessa reta final de eleição, os jornais revelam um outro talento. Já conhecíamos a sua vocação de publicar meias verdades, o que é a melhor maneira de mentir. Você conta uma verdade, incontestável, mas incompleta. A depender da maneira pela qual você transmite a informação, pode fazer o leitor chegar a conclusão oposta à que chegaria se tivesse acesso à verdade inteira.

    Agora eles inovaram. Estão escondendo as informações.

    Ontem, o jornal Globo escondeu a informação principal sobre o coxinha terrorista, a de que ele exigia renúncia da presidenta Dilma.

    Claro, seria péssimo para a Globo mostrar Dilma antagonizando com um terrorista. Ainda mais um terrorista coxinha, cujas informações se lastreiam em Veja e Globo.

    E ainda mais depois que a mídia vendeu a mentira de que Dilma defendeu o “diálogo” com terroristas, em seu discurso na ONU. A presidenta defendeu a decisão do próprio Conselho de Segurança da ONU, que não autorizou bombardeios à Síria.

    *****

    Pois bem, as edições impressas de Globo e Folha não trouxeram os mapas de São Paulo. Esconderam acintosamente uma informação essencial para se entender a conjuntura eleitoral no país, visto que São Paulo vinha sendo o último estado importante onde a oposição ainda liderava.

    Não é mais.

    O Estadão mostra, numa área escondida do site, o seguinte mapa da distribuição dos votos nos estados brasileiros.

    mapa

     

    Ou seja, Dilma ganha praticamente no Brasil inteiro. Nos estados cinzas, onde há empate técnico, ela tem um vigoroso viés de alta, na contramão de Marina, que vem caindo.

    No Paraná, por exemplo, Marina já está num distante terceiro lugar, segundo o Ibope, e Dilma (em alta) partilha a liderança com Aécio.

    parana

    No Mato Grosso do Sul, também apresentado como cinza, o último Ibope dá 32% para Dilma, 29% para Marina e 22% para Aécio; o candidato a governador, o petista Delcídio, lidera isoladamente no estado.

    Pelo gráfico do Estadão, Marina só lidera no Acre, governado pelo PT, e que deve reeleger o PT; e no Espírito Santo, onde não temos pesquisa atualizada.

    Na última pesquisa Ibope, feita no início de setembro, Marina já começara a cair no ES, e não há razão para acreditar que a onda anti-Marina também não chegue lá.

     

  2. Veja dirigiu a educação

    Veja dirigiu a educação pública brasileira nos governos tucanos; a de São Paulo, até hoje. Descubra como

     

    2 - CAPA-VEJA-NOV1991

    por Conceição Lemes 

    Nesse domingo 28, após ler no Viomundo a matéria “Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa”, de Ricardo Kotscho, publicada originalmente no R7, NaMaria, do blog NaMaria News, nos mandou esta mensagem:

    Interessantíssima a matéria do Kotscho. Fiquei até com pena do senhor Roberto Civita, dono/herdeiro da Abril, da sua Fundação V. Civita, de Veja, Exame, Nova Escola (que ganhou até prêmio da Universidade de Navarra), Guia do Estudante, Recreio, Veja na Sala de Aula etc..

    Ele não é mantenedor, patrocinador e parceiro do Instituto Millenium, que tem entre seus “especialistas” o autor da matéria denunciada por Kotscho, Agamenon Mendes Pedreira – vulgo Marcelo Madureira?

    Um verdadeiro “coitadinho”, esse Civita, “tadinha” da Abril. Ai, meus sais.

    Tudo porque o “malvado” do Lula resolveu fazer um tipo de “reforma agrária” nas verbas da Comunicação e, de quebra, nas compras dos livros didáticos, pelo MEC [Ministério da Educação], que incluíam publicações da Fundação Civita/Abril?

    Te juro. Deu peninha. Ódio é um sentimento tão sentimental… Estou quase chorando aqui.

    Você sabe que sou uma boa alma, mas tenho de te perguntar: será que os mais de 52 milhões dados pela Secretaria de Educação de São Paulo (2004-2010) não ajudaram em nada a Abril/Veja?

    Sei. Aí tem coisa, Conceição Lemes, tem muita história ainda não sabida sobre a Veja e a Educação nacional e suas redes, tem muito fio sem nó. Se você quiser eu te conto um pouco, quer?

    NaMaria é provavelmente a pessoa que mais conhece e mais denunciou os caminhos tortuosos dos negócios e desmandos dos tucanos na área educacional e suas ligações perigosas com a nossa grande mídia. É uma web pesquisadora com faro finíssimo.

    Em entrevista ao Viomundo em 2010, NaMaria revelou que desde 2004 até aquele ano, o PSDB havia gasto mais de R$ 250 milhões com a mídia (quase tudo sem licitação) em nome da Educação Pública de São Paulo. Ali, NaMaria mostrou a estratégia de muitas empresas que negociam a Educação em SP, entre elas as de Roberto Civita:

    Se pegarmos as compras feitas pela FDE [Fundação para o Desenvolvimento da Educação] à Abril (Guia do Estudante Vestibular, Atlas Nacional Geographic, Revista Recreio e Veja) e Fundação Victor Civita (Revista Nova Escola), em contratos sem licitação que o DO [Diário Oficial do Estado de São Paulo] aponta desde 2004 até agora [2010], teríamos a quantia de R$52.014.101,20.

    Com o mesmo dinheiro entregue à Abril/Civita, sem qualquer percalço licitatório, em troca de papel, poderíamos construir quase 13 novas escolas ou cerca de 152 salas de aula, com capacidade para mais de 15 mil alunos nos três períodos (manhã, tarde e noite). Desafogaríamos as escolas existentes e atenderíamos dignamente os alunos e comunidades.”

    Aceitamos, claro, a proposta da NaMaria. Mas antes, é necessário recolocar a tabela dos gastos públicos da Educação de São Paulo com a Abril e Fundação Victor Civita, para que vocês se localizem.

    ED. ABRIL / FUND. CIVITACONTRATO / LINK D.O.VALOR18.160 assinaturas (renovação) Revista Nova Escola (DE’s/Ofs.Pedags/Escolas) SÓ HÁ 2 REGISTROS EM DO – onde e quando o contrato inicial?~ 42/2199/04/04 (ver DO 29/12/04) ~ 14/jan/05326.880,0018.160 assinaturas (renovação) Revista Nova Escola~ 15/1063/07/04 ~ 23/out/2007408.600,00220.000 assinaturas da Revista Nova Escola – edições 216 a 225 – solicitado pela CENP para o “Ler e Escrever”~ 15/1165/08/04
    (ver DO 1/10/2008 ) ~ 25/out/20083.740.000,00415.000 exemplares Guia do Estudante Atualidades Vestibular 2008~ 15/0543/08/04 ~23/abr/20082.437.918,00430.000 exemplares Edições nº 7 e 8 do Guia do Estudante Atualidades Vestibular~ 15/1104/08/04 ~ 22/out/20084.363.425,00430.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.08 + 20.000 Revista do Professor~ 15/0063/09/04 ~ 11/fev/20092.498.838,00540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed. 09 + 25.000 Revista do Professor~ 15/0238/09/04 ~ 16/jun/20093.143.120,00540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.10 + 27.500 Revista do Professor~ 15/0614/09/04 ~ 29/ago/20093.249.760,00540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular 2º sem 2009 + 27.500 Revista do Professor~ 15/00024/10/04 ~ 2/abr/20103.177.400,00540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.11-2º sem 2010 + 27.500 Revista do Professor Nº5~ 15/00473/10/04 ~ 15/jun/20103.328.600,00540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed. 12-2º sem 2010 + 27.500 Revista do Professor Nº6~15/00762/10/04 ~ 17/ago/20103.328.600,00 PARCIAL25.527.661,003.000 assinaturas Revista Recreio~15/0181/08/04 ~ 29/mar/20081.071.000,006.000 assinaturas Revista Recreio~15/0182/08/04 ~ 29/mar/20082.142.000,005.155 assinaturas Revista Recreio~15/0670/08/04 ~ 12/ago/20081.840.335,0025.702 assinaturas Revista Recreio~15/0149/09/04 ~ 17/abr/200912.963.060,722.259 assinaturas Revista Recreio~ 15/0528/09/04 ~ 1/set/2009891.220,68 PARCIAL18.907.616,4095.316 Atlas Nacional Geographic vols. 1 ao 26, sendo 3.666 exemplares de cada volume~ 15/00273/09/04 ~ 28/mai/2010733.200,005.200 assinaturas da Revista Veja – (Sala de Leitura) ~ 15/00547/10/04 ~ 29/mai/20101.202.968,005.449 assinaturas da Revista Veja – (Sala de Leitura)~ 15/0355/09/04 ~ 20/mai/20091.167.175,80 TOTAL52.014.101,20

    Viomundo – Explique melhor a “reforma agrária” de Lula nas verbas de publicidade do governo federal e nas compras dos livros pedagógicos.

    NaMaria – Refletindo um pouco mais sobre a matéria do Kotscho, cheguei à conclusão de que Lula fez, sim, a primeira, embora pequena e humilde, reforma midiática do país. Usei o termo reforma agrária, porque naquela época não se falava tanto (ou nada) em reforma midiática – ambas necessárias no Brasil.

    Lula resolveu investir melhor na Educação. E, em vez de continuar dando imensos quinhões da verba pública aos de sempre – que por sinal só metiam (e metem) o malho, obviamente como o próprio Civita disse –, ele resolveu repartir melhor o bolo.

    Só que, ao optar pela redistribuição das compras de livros pedagógicos (incluindo outras editoras no roll do MEC), e pela aquisição de obras mais adequadas do que a Revista Nova Escola, Recreio ou Guia do Estudante, por exemplo, Lula atacou um vespeiro “das elites”.

    Viomundo – Você se surpreendeu com a revelação de Kotscho de que Roberto Civita teria ido a Lula por se sentir prejudicado pela distribuição dos livros didáticos?

    NaMaria – Nem um pouco.

    Viomundo – Essa conduta de Civita mostra o quê?

    NaMaria – Que Civita pensava poder fazer uso da mesma artimanha empregada por ele em São Paulo. Desde pelo menos 2004 (pode ser antes e com outros; o que falo sai do Diário Oficial), Roberto pedia ajuda a um amigo “auxiliar de almoxarifado”, na figura do então prefeito José Serra. E sempre foi atendido. Continuou a ser e ampliaram-se as benesses depois que Serra se tornou governador.

    Aqui, vale ressaltar que Serra atendia prontamente não apenas aos Civita, como a toda Proba Imprensa Gloriosa – comprando-as como material pedagógico, paradidático etc.. Os tais mais de 250 milhões que mostrei na entrevista de 2010 entram nisso.

    Mas é óbvio que a tonelada de dinheiro da Educação de SP não era suficiente para manter os negócios do Civita. Ter sido ignorado pelo “chefe geral da repartição”, Lula, foi demais para o dono da Abril. Levar um não de Lula deixou-o totalmente fulo da vida. Um horror – a vingança só poderia ser maligna.

    Como se não bastasse, através de Serra, Civita teve acesso a milhares de endereços pessoais dos professores, que passaram a receber as revistas, inclusive em suas casas, sem que lhe tivessem dado permissão ou questionado se as queriam. Essas assinaturas são um absurdo antipedagógico completo, mas cumprem até hoje com as ameaças do senhor Civita ditas ao finado Eduardo Campos e reveladas por Kotscho:

     Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim.

    Por outro lado, temos de dar razão ao Civita. Ele TINHA mesmo de procurar “o chefe geral da repartição”, em vez de ficar lidando com os “auxiliares de almoxarifado” (com todo respeito), para ter os seus pedidos atendidos. As verbas, como no caso da Educação do Estado de São Paulo, saíam da FDE direto para a Abril e afins, isso é sabido.

    Mas para que isso acontecesse, a ordem precisava – e precisa! – ser autorizada pelo “chefe da repartição” paulista. Ou seja: Serra (e atualmente, Alckmin). A ordem inicial e final sempre vem de cima. Uma pena o Lula não ter compreendido a situação do “coitadinho” do Civita, né mesmo?

    Viomundo – O esquema de São Paulo foi executado em outros Estados?

    NaMaria – Não duvido. Basta que se interessem e procurem em seus Diários Oficiais, as provas estarão lá, salvo “lapsos” desses DOs.

    Viomundo – Os mais de R$ 52 milhões recebidos pela Abril pelos livros didáticos expressam a realidade do que a empresa recebeu de benesses do governo paulista?

    NaMaria – Certamente, não. Esses valores referem-se apenas aos que eu achei nas pesquisas no DOESP  de 2004 até 2010.

    Deve ter muita coisa em anos anteriores e posteriores à minha pesquisa (porque parei um tempo), em outros Estados, atendendo a outros esquemas e anseios. Sem contar as prefeituras e órgãos de tudo que é canto do país. As pessoas precisam se interessar e investigar, precisam mostrar esses fatos. Como se sabe, corrupção tem roupas lindas e diversas, muitas delas em tecidos invisíveis – como aquela capa mágica que deixa o Harry Potter invisível, sabe como? Tem muita gente usando capas do Potter por aí, mas elas podem e devem ser retiradas.

    Viomundo – Esse esquema começou onde?

    NaMaria – Sem dúvida, com Mário Covas, em São Paulo, com os bons ventos da democracia tucana.

    A partir dele, dos consecutivos governos do PSDB e com Fernando Henrique na presidência, São Paulo tornou-se legalmente o latifúndio dos esquemas, o laboratório dos “programas-piloto” que seriam espalhados pelo Brasil. Obviamente grande parte desse pessoal se instalou em Brasília, em postos-chave. Depois eles iam e vinham carregando suas ideologias e negócios. É o famoso “tá tudo dominado” que continua até hoje. Um Cavalo de Tróia, tipo viral, sabe como?

    Viomundo – Mas como foi parar na Educação?

    NaMaria – É importante lembrar que antes e muito tempo após podermos votar de novo, o Brasil obedecia ordens do Banco Mundial em tudo, inclusive para a Educação nacional, afinal éramos escravos da dívida. E o Banco Mundial e o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento]queriam muita construção de escolas para liberar o dinheiro, queriam educação padrão em massa para essas coisas “boas”.

    Só que o Brasil, de acordo com seu então ministro da Educação, José Goldemberg [agosto de 1991/agosto de 1992; era Fernando Collor], tinha salas de aula sobrando. Este senhor determinou que só seriam construídas escolas novas “depois de um estudo sobre a necessidade real daquela nova unidade”.

    Quer dizer: “elas não seriam mais construídas segundo critérios políticos”, porque “foram construídas no lugar errado (…), as existentes podem receber muitos outros alunos”… Aí entra a Veja na parada.

    Viomundo – A Veja?! Como assim?

    NaMaria – Porque a Veja fez a trilha pioneira. Talvez pouca gente saiba, mas a Fundação Victor Civita [criada em 1985], a Revista Nova Escola [criada em 1986] e sobretudo a Veja tiveram papel sólido nessa “transformação educacional”.

    O ataque “discreto e direto”, vamos dizer assim, da Veja, começou na edição de 20 de novembro de 1991 (tempo do ministro Goldemberg no MEC), em cuja capa lê-se: “Ensino Básico – As opções para resolver o problema que está na raiz do atraso brasileiro”.

    A facada decisiva e norteadora, das páginas 46 a 58, foi a reportagem “A máquina que cospe crianças”, de Eurípedes Alcântara.

    Ali, se apresentava o tenebroso estudo do ensino público brasileiro: o compara a outros países, mostra a falta de preparo das escolas e professores (tratados pelos governos como barnabés de sexta categoria), a falta de conscientização escolar para o vindouro século das novas tecnologias, a falta de metodologia/currículo e, principalmente, nos dá “as soluções para o ensino básico… sem projetos mirabolantes, de altos custos, como o CIEP, CIAC, Mobral…”

    Só que em sua Carta ao Leitor, contrariamente, a Veja diz:

    “Não é função da imprensa apontar os caminhos para solucionar os grandes males nacionais. A tarefa de revistas e jornais é noticiar o que está acontecendo, contribuindo,para que, através da informação e dos debates, a sociedade escolha as melhores opções… a educação não é uma tarefa apenas do governo…”

    Tudo isto está disponível nos arquivos  de Veja. Creio ser de fundamental leitura para tentar entender os meandros do imbróglio.

    Viomundo — Na época, que especialistas compartilhavam das opiniões de Goldenberg, Veja…? 

    NaMaria – Não podem ser esquecidos, por exemplo, a então pesquisadora e pedagoga Guiomar Namo de Mello e Cláudio de Moura Castro, à época, prestando serviços para Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Suíça.

    O tempo passa e Paulo Renato de Souza  entra no MEC e fica (1/janeiro/1995 a 1/janeiro/2003). Victor Civita havia morrido em 1990 e seu filho Roberto assumira. Em março de 1998, a Revista Veja na Sala de Aula. Em 2001, a Unesco diz que a Revista Nova Escola “é o melhor veículo de educação do País”.

    A Veja, propriamente dita, passa a ser a marqueteira oficial das teorias educacionais, dos projetos e políticas públicas, das ONGs, Fundações e empresas que tratavam de “projetos não-mirabolantes” para uma “boa escola” e que trabalhavam para o MEC ou Secretarias, órgãos da Educação. Esses especialistas usam demais a palavra “mirabolante”, em tudo. É impressionante, mas é justamente a palavra que mais bem os define.

    Viomundo – Isso pode ser comprovado? 

    NaMaria – Pode, sim. E sem que tenhamos de ler — ainda bem! — todos os exemplares da Veja.

    Há um livro magnífico, fruto de uma dissertação de mestrado na UNESP de Araraquara, do Geraldo Sabino Ricardo Filho, chamado “A boa escola no discurso da mídia – Um exame das representações sobre educação na revista ‘Veja’ (1995-2001)” – ou seja, cobre 7 dos 8 anos de FHC e Paulo Renato. Isso sim, uma obra de arte obrigatória de ser lida.

    O livro prova que durante todo esse período Paulo Renato foi incensado pela Veja, sendo que na edição 1717, de 12/setembro/2001, páginas 106-109, a matéria “Isso é uma revolução” o coloca no mais alto pódio dentre todos os ministérios universais e cósmicos de toda Via-Láctea.

    É apresentado como o desbravador, o construtor de novas políticas avaliativas, o licitador de 233 mil computadores (a Positivo ficou felicíssima assim como a Microsoft, aliás), o que manejava genialmente 5,7% do PIB, como “comandante de um transatlântico governamental” (sic), batendo todos os recordes em melhoria dos salários, condições etc e tal.

    O ministro Paulo Renato era, para a Veja, O CARA. Tanto que ali diziam ser ele “um dos postulantes declarados do PSDB à vaga de candidato à Presidência da República”.

    Ou seja, O CARA foi considerado tão bom exatamente porque fez tudo aquilo que a Veja prescreveu naquela matéria de 1991 (e seguintes), em termos de “solução para o caos educacional brasileiro”: avaliação (ENEM/Provão), combate à repetência criando o monstro de passar o aluno de ano mesmo sem condições (para ele “classes especiais”), Fundef (para o dinheiro fluir/entrar mais fácil – a descentralização da gestão escolar)…

    O livro também comprova o que eu sempre falei sobre a formação de grupos de especialistas, que Geraldo Sabino denomina como “rede de legitimidade, que contribui para produzir o consenso em torno de uma boa escola”. Aquela  escola “que ensina”, “que deixa de ser um privilégio das elites… para ser a solução dos problemas do país”- solução essa que significa criação de mão-de-obra. Não por acaso a Abril é a mãe da Nova Escola, cujo pai foi a Veja – todos apadrinhados pelo Governo.

    Viomundo – Que pessoas fariam parte dessa “rede de legitimidade”?

    NaMaria – Uma delas eu já mencionei,  a Guiomar Namo de Mello, fundadora do PSDB em 1988. Ela é diretora executiva da Fundação Civita desde 1997,  diretora editorial da Revista Nova Escola e diretora da EBRAP – Escola Brasileira de Professores (que presta serviços ao governo). Mas a Guiomar já foi Secretária Municipal de Educação (governo Covas), deputada estadual eleita pelo PMDB (1987/1991), foi do Banco Mundial…

    A Guiomar, na verdade, foi e é muita coisa, ao mesmo tempo em que também era e é da Secretaria de Estado da Educação de SP. Não é lindo isso? Dá uma olhada no Google e no DO de SP.

    Outro integrante  dessa “rede de legitimidade” foi o Cláudio de Moura Castro. O mais importante e íntimo consultor de quase TODAS as matérias de educação de Veja, do qual era também colunista. Ele foi do BID, em Washington. Trabalhou no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (vinculado ao MEC), no Banco Mundial, de tudo que se pode imaginar ao mesmo tempo agora. Busca o homem no Google para ver, é uma máquina…

    Viomundo — Quem mais?

    NaMaria –  Depois temos João Batista de Oliveira e o Sérgio Costa Ribeiro (foi coordenador de pesquisas da CAPES).

    Segundo o livro de Geraldo Sabino, o João Batista, o Sérgio Costa e o Cláudio Castro “formaram o tripé da revolução silenciosa hoje em curso no ensino básico brasileiro”.

    Nas Páginas Amarelas de 28/julho/1993, pode-se ler o que pensa Sérgio Costa sobre o “mito criado da evasão escolar” (como se não existisse de fato naquelas plagas), as pérolas sobre os CIEPs, CIACs e CAICs prevendo suas ruínas por serem “estigmatizadas como escolas para pobres… e por serem de tempo integral, inviabilizando o trabalho para muitos alunos”.

    É um horror ler o que ele declarou ali. Mas bate perfeitamente com os ideais do Ministro, O CARA, consequentemente com os da Veja – ou vice-versa. O interessante é que Collor gentilmente o convidou a se retirar de seu gabinete porque Ribeiro só aceitaria trabalhar com Goldemberg se acabassem com o “mirabolante” projeto CIAC.

    Viomundo – Quer dizer: eles servem ao governo e setor privado?

    NaMaria – Sem dúvida. Mas não somente servem como criam suas próprias empresas, que acabavam prestando serviços ao Estado, ao mesmo tempo. Portanto são proprietários, conselheiros, assessores, sócios e amigos. É o caso do próprio Paulo Renato e sua empresa PRS Consultores, “sua” Avalia Assessoria Educacional, a Editora Moderna etc., fazendo negócios com o Estado e Governo Federal. Suas jogadas com a Santillana, Prisa, que já citei no NaMariaNews e por aí vai.

    Com o tempo, a nova estrutura do MEC ajeitada por Paulo Renato, possibilitou que ele criasse sua própria rede de legitimidade, que depois chega na Educação em SP, em Institutos e Fundações e ONGs do país. Nomes como o da Guiomar Namo de Mello, são acompanhados por Iara Glória Areias Prado, Monica Messenberg Guimarães (essa é quente!), Rose Neubauer, Claudia Rosenberg Aratangy, e tantos outros que ja citei no meu blog. O modelo de negócios é tão amplo e variado que se lermos esta matéria do Ação Educativa atentamente, comprovamos os esquema, depois é só multiplicar por milhão.

    Viomundo – Você disse que o Paulo Renato teve negócios com a Santillana e Prisa, como é isso?

    NaMaria – Foi algo muito edificante do finado secretário. Publiquei no NaMariaNews, em 1/maio/2010, que a Secretaria estava comprando assinaturas do jornal espanhol El Pais, em 28 de abril, para os alunos dos CELs (Centros de Estudos de Línguas). Naquele tempo não havia o valor, mas chutei entre 700 mil e 1 milhão de reais. Fiquei aguardando a atualização no DO e nada. Até que ela veio, primeiro corrigindo o número do contrato. Depois, somente no DO de 12/maio/2010 veio a história toda, sem a quantidade de assinaturas, porém com o valor:

    Viomundo – E por que assinar o El Pais e não outro jornal?

    NaMaria – Foi justamente o que perguntei em meu texto. Como bom tucano, Paulo Renato era contra o Mercosul, porém muito íntimo da espanhola Santillana, do qual era conselheiro consultivo, assim como era ligado à Editora Moderna.

    “O Grupo Prisa é a principal empresa de comunicação em língua espanhola (…) A Santillana começou seus negócios no Brasil em 2001 ao comprar as editoras Moderna e Salamandra (…). Em 2005, adquiriu 75% das ações da editora Objetiva…” Também é dona da Avalia e outros que tais. Quer dizer, tem poder de tiro e amizades sinceras com brasileiros ilustres.

    Viomundo – Ou seja, é mais um tipo de modelo de negócios…

    NaMaria – Sem dúvida. Só que tem uma coisa nessa história toda que é mais interessante ainda, babado forte…

    Viomundo – Como assim? O quê pode ser pior do que isso?

    NaMaria – Acontece que quase exatamente um ano após essa compra de R$ 690.336,00. Paulo Renato morre em 26 de junho de 2011 e o Ricardo Noblat noticia: Paulo Renato “estava em negociações para assumir a diretoria para a América Latina do grupo editorial espanhol Prisa, que publica o jornal El País, o mais importante da Europa”.

    Daí, que a gente só pode juntar as pontas, concorda? Ou seja, será que o Sr. Paulo Renato Costa Souza aproveitou a boa intenção de introduzir a língua espanhola (da Espanha) para fazer mais um bom negócio, semelhante àqueles feitos com a Folha de SP, Estadão, Civita, Abril, Nova Escola, Fundação Roberto Marinho e tais?

    Longe de mim pensar em desonestidade, mas a coisa não parece ser na base de uma mão lavando a outra? Tipo assim, “Te compro os jornais numa boa – que são gratuitos pela internet, mas a gente nem liga pra isso – e você me garante um emprego com baita salário, viagens, cartão corporativo etc. e tal?” A função dessa gente é sempre a de se favorecer, acima de tudo? Será?

    Mas é o que sempre digo: a função da verdade é aparecer, esta é a sua natureza. Pode demorar, mas aparece.

    Portanto, o fato de o governo de São Paulo viver comprando e mantendo a grande imprensa tornou-se ato banal; faz isso há muito mais de 20 anos de PSDB, com maestria exemplar e sem restrições legais ou “pedagógicas”.

    Viomundo – Por que isso acontece?

    NaMaria – Falta de transparência. Onde ela ocorre, pode crer: há algo escuso, algo de falcatrua.

    É dever do Estado, de qualquer Governo, mostrar claramente os seus gastos e a fundamentação deles, as fontes do dinheiro, o destino dado, e assim por diante. Somente com transparência absoluta e simples de ser consultada PELO POVO pode-se comprovar a desonestidade e desmascará-la.

    Mas isso não acontece. É complicado, quando não impossível, encontrar essas informações. Como a pessoa precisa ter tempo e paciência gigantescos, acaba desistindo e os números podem ser torturados por qualquer um, em qualquer veículo, em qualquer propaganda política… já que ninguém pode (ou quer) correr atrás.

    Sem contar que os Diários Oficiais não seguem uma norma padrão – sem ser o de SP, a maioria é tenebrosa na hora de se buscar informações.

    Viomundo – O que você recomendaria à presidenta Dilma se for reeleita?

    NaMaria – Para rebater e estraçalhar falsos argumentos de criaturas como os Civita da vida, o governo Dilma deveria escancarar imediatamente seus gastos com a imprensa, seja em qual veículo for.

    A bem da verdade, o site do MEC tem os Gastos com Publicidade, de 2006 a 2014, mensais.Entretanto ainda sem tanta transparência, porque detalhes como a fonte dos recursos, unidade gestora, nomes dos veículos e o que vai dentro deles etc., não entram.

    Mas, ao menos, tem alguma coisinha que faz a gente poder pensar. Só que “pensar, intuir” é perigoso e leva a erros, torturas de números, ataques, enganos.

    É preciso o lema de São Tomé: mostrar, para ver e para crer. Além de não ser tão fácil de se encontrar a informação: você precisa ir na lateral esquerda em Despesas e depois ver o que tem dentro. Tudo vem em PDF: imagina a canseira abrir um por um, organizar… Poderiam melhorar isso. Confesso que não fui ver em outros ministérios, talvez sejam melhores ou piores.

    De qualquer modo, deveria-se mostrar: “olha, para a Veja mandamos tantos milhões este mês por conta disso e daquilo, o dinheiro saiu daqui e dali; para a Folha mandamos tantos milhões porque tais e tais ministérios colocaram propaganda disso e daquilo; para a Globo e seus associados (abertos ou não) pagamos tantos milhões este mês porque fizemos tais e tais propagandas…”

    Tudo mensalmente, em planilhas simples e claras, ao alcance de qualquer olho – publicadas, abertas, sem necessidade de download, transparentes de verdade.

    Viomundo — É mesmo factível isso?

    NaMaria  – Claro! O problema é que, atualmente, é missão impossível porque nem o Governo informa isso claramente nem a grande imprensa o faz, é óbvio (e por motivos igualmente óbvios).

    Não dá para entender a Secom da Presidência não divulgar seus dados financeiros com qualquer veículo, por exemplo.

    Por que os Estados, Municípios, Secretarias, Fundações, Santas Casas…  não divulgam seus gastos claramente? Seria muito mais fácil para os governos inclusive se defenderem, ou não?

    Eu, como aranha [logomarca do NaMaria News]” ingênua, meiga e pura”, não consigo compreender os motivos. Se quiserem ajuda, podem me contratar, numa boa (risos).

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/namaria-2.html

     

  3. “racista” e “ofensivo” : palavras sobre mural de Banksy.

    Do Diário de Notícias de Lisboa

     

    Inglaterra

    Mural de Banksy apagado por ser “ofensivo”

    Hoje

    O mural que foi apagadoO mural que foi apagado

    Um novo mural de Banksy surgiu terça-feira em Clacton-on-Sea, no sudeste da Inglaterra, mas em menos de um dia já tinha sido retirado pela câmara. A administração local destruiu-o devido a queixas que descreviam o trabalho como “racista” e “ofensivo.”

    O mural, que valia cerca de 400 mil libras, mais de 500 mil euros, mostra cinco pombos que seguram cartazes com frases associadas aos movimentos anti-imigração, como “Voltem para África,” e “Migrantes não são bem-vindos,” voltados para uma ave migratória de plumagem mais exótica.

    Segundo o Telegraph, a administração local admite não ter percebido a sátira e não saber se a peça era de Banksy. “O local foi inspecionado por profissionais que concordaram que [o mural] podia ser visto como ofensivo, e foi removido esta manhã, de acordo com a nossa política de remover este tipo de material dentro de 48 horas,” afirma o responsável da comunicação do distrito de Tendring, Nigel Brown. Quando Banksy colocou uma foto do trabalho no seu website, este já tinha sido destruído.

    O concelho de Clacton-on-Sea vai ter uma nova eleição parlamentar na próxima semana devido ao seu representante eleito ter mudado do Partido Conservador para o partido de direita radical UKIP, cujas campanhas anti-imigração têm tido muito relevo. O candidato abdicou do assento parlamentar, mais vai voltar disputar a eleição, desta vez pelo UKIP, e é esperado que vença.

    O UKIP trata-se de um partido eurocéptico e anti-imigração que tem ganho mais destaque no Reino Unido. Nas eleições europeias deste Maio, posicionou-se como o primeiro partido em mais de um século a vencer umas eleições do Reino Unido inteiro, com 24 deputados eleitos para o Parlamento Europeu. Foi no condado de Essex, a que pertence Clacton-on-Sea, que o UKIP mais terreno ganhou nessas eleições.

    O concelho local de Clacton-on-Sea, porém, convida Banksy a voltar: “Claro que acolheríamos um original de Bansky apropriado na nossa costa e ficaríamos encantados se ele voltasse de futuro,” diz Nigel Brown, citado pela BBC.

    Banksy é um artista de rua britânico que prefere ser identificado apenas pelo seu pseudónimo. Os seus trabalhos em stencil, que costumam ser satíricos e de natureza social e política, podem ser encontrados em várias cidades do mundo.

     

  4. A indústria farmacêutica e o “aumento” de transtornos mentais

    Ex-coordenador do DSM, a ‘bíblia’ da psiquiatria, admite: “Transformamos problemas cotidianos em transtornos mentais”

     

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    Allen Frances

     

    Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.

    Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?

    Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.

    P. Seremos todos considerados doentes mentais?

    R. Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.

    P. Com a colaboração da indústria farmacêutica…

    R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.

    P. O que propõe para frear essa tendência?

    R. Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.

    P. Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?

    R. Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.

    P. E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?

    R. Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.

    P. A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?

    R. Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.

    P. Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?

    R. Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.

    P. E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?

    R. Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.

    P. Não vai ser fácil…

    R. Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.

    P. Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.

    R. Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.

    P. Em que sentido?

    R. Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.

    P. E também será preciso mudar hábitos.

    R. Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.

    El País

  5. Ramses II

    http://www.hariovaldo.com.br/site/2014/10/02/razoes-pelas-quais-nenhum-brasileiro-deve-votar-em-dilma/

    Razões pelas quais nenhum brasileiro deve votar em Dilma

    2 de outubro de 2014

    Prezados amigos,

    Existem razões e mais razões para que nenhum cavalheiro de bens ou boa orientada dama vote na búlgara insubmissa, Dilma e nos representantes deste governo que aí está, eis algumas delas:

    A Inflação Galopante:

    E já podemos afirmar que em 2014 a inflação chegará ao patamar, nunca d’antes alcançado, de até 6,3% comprovando o descontrole inflacionário, bem ao contrário dos bons tempos de FHC, Armínio, Malan e outros próceres do tucanato como Çerra e Dr. Aécio, quando estava sob forte controle.

    O desemprego é recorde:

    Como recém-divulgado, agosto de 2014 foi o agosto de menor taxa de desemprego da história, ocasionando a elevação do custo Brazil para os homens de bens; notem que nos felizes tempos do sultanato tucano a situação era outra, podíamos escolher os empregados e decidir quanto pagar

    O PT destruiu a Petrobrás: 

    O lucro médio e o patrimônio líquido da empresa desabaram sob a temerária gestão petista, as perspectivas futuras com o fracasso da aventura do Pré-Sal indicam uma produção de petróleo declinante no futuro, atingindo o Brazil apenas a posição de sexto maior detentor de reservas no mundo sendo que a produção até 2020, chegará a meros 4,2 milhões de barris diários, com os royalties da exploração como já determinado pela legislação indevidamente aprovada por Dilma será inteira e lamentavelmente destinados a educação e saúde.

    Empobrecimento geral da população:

    Esse é o ponto em que ocorreu o maior fracasso ocasionado por Dilma e pela incompetente administração bolchevique dos vermelhos barbudinhos, é visível o empobrecimento generalizado da população, com hordas de mendigos, despossuídos, circulando sem destino pelas vias públicas, bem ao contrário dos gloriosos dias do grão tucanato quando o número de camelôs e vendedores pelas ruas demonstrava a pujança do desenvolvimento

    Redução acentuada do salário-mínimo:

    O salário minimo foi inflacionado pelos comuno-populistas Dilmolullistas como forma de comprar o voto da gentalha ignara, inflacionando o mercado e impingindo perdas inaceitáveis aos homens de bens e benz

    A corrupção aparelhada por Dilma e pelo PT

    Nunca antes na história desse país se corrompeu tanto e nunca antes na história desse país se deixou impune tantos corruptos com agora sob a égide petista; de facto, durante os áureos tempos da redentora e nos saudosos anos da boa grei neoliberal dos tucanos os órgãos federais de controle e a polícia federal faziam investigações e operações sem cessar, coibindo mal feitos e prendendo corruptos, aos quais os então procuradores-gerais da república, não davam trégua, acusavam e providenciavam celeremente a condenação, em oposto, como todos sabem, ao que hoje prevalece, o acobertamento e o engavetamento de acusações e processos.

    Solicito a licença do professor Hariprado para que os confrades e confreiras deste santo sítio de luta contra o comunismo ateu e o bolivarianismo populista, e a favor do estado mínimo, apresentem outras razões pelas quais não se deve, em nenhuma hipótese, votar em Dilma ou nos candidatos de tudo-o-que-aí-está, devendo os bons homens de bens sufragar sem pestanejar nossa fadinha perseguida Marina, que vai governar com os melhores – nós – ou votar no excelso Doutor Neves, emérito Brigadeiro de Cláudio, representante do que de mais avançado existe na ‘jestão’ pública, assim como administrou a nação FHC, que até em Clinton provocou inveja.

    Alvíssaras!

     

  6. Give a Glove

     

    O Ebola pode ser neutralizado

    ‘Dê uma luva’ é o pedido de socorro feito pela Fundação AllAfrica

     

    allAfrica.com            http://allafrica.com/misc/sitemap/countries.html

     

    Communities

    Ninguém que vem trabalhar para combater a epidemia de Ebola na Guiné, Serra Leoa ou Libéria acredita que a resposta internacional está próxima do que é necessário para evitar um desastre irreversível  em três dos países mais pobres do mundo.  

    A organização humanitária Médecins Sans Frontières / Médicos Sem Fronteiras diz que clamou para obter mais ajuda durante meses e não foi atendida. 

    Em uma entrevista antes de partir para a África Ocidental em 24 de agosto, Thomas Frieden, o diretor do Centers for Disease Control falou com a AllAfrica sobre o porquê de a resposta global ser  inadequada. 

    Talvez seja necessário um clamor público para obter apoio urgente aos países atingidos pelo Ebola. Mas você pode fazer alguma coisa agora!  

    Se você ajudou aos atingidos pelo terremoto no Haiti ou para a recuperação dos países atingidos por tsunamis ou contribuiu para qualquer outra causa humanitária: por que você não pode ajudar as pessoas, cujos países estão enfrentando catástrofes devastadoras semelhante, sem uma escalada internacional de preocupação e ajuda que as vítimas daqueles desastres naturais recebeu?

    A campanha Give a Glove da Fundação AllAfrica começa com ao país mais afetado, a Libéria, por meio de doações através da Fundação Heartt.

     

    LIFE-SAVING | SUPRIMENTOS PARA A  LIBERIA

     

    http://www.hearttfoundation.org/

    Heartt Foundation

     

    A Fundação Heartt irá certificar-se que a sua ajuda vai começar pela Libéria!

    Mas – por favor – veja porque AllAfrica está fazendo um apelo financeiro sem precedentes.

    A maioria de vocês estão seguindo sobre suas vidas normais, enquanto três países africanos – e outros mais, em potencial – estão entrando em colapso causado pelo Ebola.

    Se você deu ajuda às vítimas do terremoto no Haiti, aos países atingidos por tsunamis ou qualquer outra causa humanitária, ajude, também, o povo da Libéria, da Guiné e de Serra Leoa, cujos países estão enfrentando semelhante catástrofes devastadoras, sem despertar a preocupação internacional para ajudar às vítimas que e esses desastres naturais receberam.

    Tome a Libéria, por exemplo.

    Dilacerada, por décadas de conflito, que matou mais de 250.000 pessoas e deslocou a maioria da população, destruindo quase tudo, a Libéria enfrentava áspero caminho da recuperação. Apesar de um orçamento nacional mínimo e um custo contínuo de pagamento obrigatórios de dívidas contraídas por ex-ditadores, a Libéria reconstruiu escolas, usinas de energia e clínicas e formou médicos e enfermeiros. [Liberia: Moving From Stabilization to Transformation]

    O Ebola veio reverter esses ganhos. Sem uma escalada dramática de ajuda, a Libéria continuará a cair. Ela tem menos médicos per capita do que qualquer outro país afetado pelo Ebola e tem uma carência gritante de suprimentos para salvar vidas. O Ministério da Saúde e Bem-Estar Social diz que precisa de tudo para prestar assistência, incluindo cerca de 200 mil unidades de roupas de proteção, 34 toneladas de pó de cloro para fazer desinfetante, bem como, mais de 500 mil luvas. E, como a epidemia está prevista para durar vários meses, ela vai precisar de muito mais.

    Profissionais da saúde na Libéria

    Os navios com alimentos urgentes e combustível estão ignorando o porto de Monróvia. As companhias aéreas estão cancelando os vôos, tornando-se cada vez mais difícil trazer suprimentos para salvar vidas. Os medicamentos para os infectados por outras mortais doenças como a malária, mas tratáveis, estão em falta. As mulheres grávidas e seus bebês estão morrendo diariamente por falta de intervenção médica.

    A Fundação Heartt, fundada por um médico americano liberiano, tem levado voluntários que são profissionais de saúde para a Libéria para reconstruir, cuidar de pacientes e treinar novos médicos e enfermeiros no John F. Kennedy Hospital em Monróvia, o maior e mais avançado centro médico do país. A Heartt agora tem laços com cerca de 20 grandes centros universitários e escolas médicas americanas. Repórteres e editores da organização AllAfrica testemunharam os progresso e  o desempenho da Fundação Heartt.

    A campanha “Give a Glove” está sendo incorporada à campanha “Ebola BlockAID” da Fundação Heartt. A Fundação AllAfrica tem plena fé que as doações para a Fundação Heartt serão usadas para comprar material de proteção para salvar vidas – e a Heartt tem a determinação de fazer o que for preciso para obter o material para a Libéria, em colaboração com setores que cuidam da saúde na América, que já enviaram suprimentos para a Libéria e Serra Leoa.

    Envie uma contribuição financeira e a Fundação Heartt promete fazer o resto.

    “Dê uma luva” e retransmita o pedido de ajuda.

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