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  1. Farsa do ‘mensalão’ cai por terra após libertação de Pizzolato

    Correio do Brasil

     

    29/10/2014 11:50
    Por Redação, com colaboradores – de Brasília, Rio de Janeiro e Roma

     

       

        

    Pizzolato foi libertado, após um tribunal italiano julgá-lo inocente das acusações

    Pizzolato foi libertado, após um tribunal italiano julgá-lo inocente das acusações

     

    A farsa montada no maior julgamento de exceção já visto no país, desde o enforcamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ainda no Brasil Colônia, caiu por terra na Itália, nesta quarta-feira, após a libertação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. A Ação Penal (AP) 470, batizada de ‘mensalão’ pela mídia conservadora, não serviu ao seu objetivo primário, de promover o impedimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que governou por dois mandatos, nem atrapalhar a eleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2010. Agora em 2014, reconduzida a atual mandatária a um segundo período no Palácio do Planalto, a peça jurídica fundada em um amontoado de mentiras é desmontada e deixa exposta a sua origem golpista. Um novo capítulo começa a ser escrito na Justiça brasileira.

    Pizzolato, a exemplo dos demais réus no processo do ‘mensalão’, teve seu nome arrastado na lama. Ao contrário dos demais, que cumprem penas em diferenciados regimes, no país, ele preferiu apelar à Justiça da Itália, seu segundo país natal, onde o processo foi reexaminado à luz do direito, e não da política de extrema direita, com base nos autos produzidos nas dependências do Judiciário brasileiro e no relatório que usou em sua defesa.

    – Eu não fugi, eu salvei minha vida. Você não acha que salvar a vida não vale a pena? – disse ao deixar a prisão, nesta manhã.

    Petista histórico, Pizzolato reafirmou sua inocência:

    – Tenho a consciência tranquila. Nunca perdi uma noite de sono. Fiz meu trabalho no banco, o banco não encontrou nenhum erro no meu trabalho. O banco sempre disse que não sumiu um centavo. Não é um banco pequeno, é o maior banco da América Latina, é um banco que tem um enorme sistema de controle – afirmou.

    Condenado no Brasil a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato chegou à Itália em setembro do ano passado e foi preso em Maranello em fevereiro deste ano. A Corte de Apelação de Bolonha negou o pedido de extradição do governo brasileiro e ele foi libertado. Segundo Alessandro Sivelli, advogado do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, a “situação das cadeias brasileiras” foi decisiva para que a justiça italiana negasse a extradição.

    Tribunal de exceção

    Segundo o relatório que Pizzolato apresentou, em sua defesa, na corte italiana, um tribunal de exceção foi montado no Brasil com o único objetivo de desmoralizar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma clara tentativa de apeá-lo do poder antes do tempo. Embora o estratagema tenha funcionado ao contrário, com mais um mandato popular surgido das urnas ao líder petista, que em seguida elegeu a sucessora, Dilma Rousseff, o STF seguiu adiante e conseguiu que o ex-ministro José Dirceu e o deputado José Genoino (PT-SP) fossem conduzidos à prisão.

    Pizzolato relata, em detalhes, as operações realizadas na campanha política de 2002 e suas ações na diretoria de Marketing do Banco do Brasil. No dossiê, ele contesta os documentos acatados como verdadeiros na AP 470.

    “Observem bem a data em que foi escrita a carta mentirosa do “tucano” (Antonio Luiz Rios, ex-presidente da Visanet que hoje trabalha como consultor para a Rede Globo de Televisão) e dirigida aos peritos da PF, foi em 02 de fevereiro de 2006, período em que os advogados não tinham acesso a nenhum documento. E esta carta mentirosa do “tucano” ditou, influenciou e/ou moldou todos os pareceres, perícias e fundamentalmente a própria “denúncia” da Procuradoria Geral da República e do Ministério Público Federal (PGR/MPF), bem como a argumentação do relator Joaquim Barbosa que por sua vez “convenceu” o plenário do STF. Ninguém, repito, absolutamente ninguém, nem o PGR/MPF e nem o relator, deram-se ao trabalho de observar a regra básica de uma relação de mercado, o respeito ao contrato. Pois existia um contrato que normatizava a relação da Visanet com seus sócios, os diversos bancos, sendo o maior acionista da VISANET, o Bradesco”.

    Em nove capítulos, Pizzolato também revela que, em março de 2006, quando ainda presidia o STF o ministro Nelson Jobim, a CPMI dos Correios divulgou um relatório preliminar pedindo o indiciamento de 126 pessoas. Dez dias depois, em 30 de março de 2006, o procurador-geral da República já estava convencido da culpa de 40 deles. A base das duas acusações era desvio de dinheiro público (que era da bandeira Visa Internacional, mas foi considerado público, por uma licença jurídica não muito clara) do Fundo de Incentivo Visanet para o Partido dos Trabalhadores, que teria corrompido a sua base aliada com esse dinheiro. Era vital para essa tese, que transformava o dinheiro da Visa Internacional, aplicado em publicidade do BB e de mais 24 bancos entre 2001 e 2005, em dinheiro público, ter um petista no meio. Pizzolato era do PT e foi diretor de Marketing de 2003 a 2005.

    Barbosa decretou segredo de Justiça para o processo da primeira instância, que ficou lá, desconhecido de todos, até 31 de outubro do ano passado. Faltavam poucos dias para a definição da pena dos condenados, entre eles Pizzolato, e seu advogado dependia de Barbosa para que o juiz da 12ª Vara desse acesso aos autos do processo, já que foi o ministro do STF que decretou o sigilo.

    O relator da AP 470 interrompera o julgamento para ir à Alemanha, para tratamento de saúde. Na sua ausência, o requerimento do advogado teria que ser analisado pelo revisor da ação, Ricardo Lewandowski. Barbosa não deixou. Por telefone, deu ordens à sua assessoria que analisaria o pedido quando voltasse. Quando voltou, Barbosa não respondeu ao pedido. Continuou o julgamento. No dia 21 de novembro, Pizzolato recebeu a pena, sem que seu advogado conseguisse ter acesso ao processo que, pelo simples fato de existir, provava que o ex-diretor do BB não tomou decisões sozinho – e essa, afinal, foi a base da argumentação de todo o processo de mensalão (um petista dentro de um banco público desvia dinheiro para suprir um esquema de compra de votos no Congresso feito pelo seu partido).

    No dia 17 de dezembro, quando o STF fazia as últimas reuniões do julgamento para decidir a pena dos condenados, Barbosa foi obrigado a dar ciência ao plenário de um agravo regimental do advogado de Pizzolato. No meio da sessão, anunciou “pequenos problemas a resolver” e mencionou um “agravo regimental do réu Henrique Pizzolato que já resolvemos”. No final da sessão, voltou ao assunto, informando que decidira sozinho indeferir o pedido, já que “ele (Pizzolato) pediu vistas a um processo que não tramita no Supremo”.

    “Pois é”

    O único ministro que questionou o assunto, por não acreditar ser o assunto tão banal quanto falava Barbosa, foi Marco Aurélio Mello.

    Mello: “O incidente (que motivou o agravo) diz respeito a que processo? Ao revelador da Ação Penal nº 470?”

    Barbosa: “Não”.

    Mello: “É um processo que ainda está em curso, é isso?”

    Barbosa: “São desdobramentos desta Ação Penal. Há inúmeros procedimentos em curso.”

    Mello: “Pois é, mas teríamos que apregoar esse outro processo que ainda está em curso, porque o julgamento da Ação Penal nº 470 está praticamente encerrado, não é?”

    Barbosa: “É, eu acredito que isso deve ser tido como motivação…”

    Mello: “Receio que a inserção dessa decisão no julgamento da Ação Penal nº 470 acabe motivando a interposição de embargos declaratórios.”

    Barbosa: “Pois é. Mas enfim, eu estou indeferindo.”

    Segue-se uma tentativa de Marco Aurélio de obter mais informações sobre o processo, e de prevenir o ministro Barbosa que ele abria brechas para embargos futuros, se o tema fosse relacionado. Barbosa reitera sempre com um “indeferi”, “neguei”. O agravo foi negado monocraticamente por Barbosa, sob o argumento de que quem deveria abrir o sigilo de justiça era o juiz da 12ª Vara. O advogado apenas consegui vistas ao processo no DF no dia 29 de abril, quando já não havia mais prazo recursório.

    http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/farsa-do-mensalao-cai-por-terra-apos-libertacao-de-pizzolato/736873/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20141030

     

  2. O partido

    ECOS DA ELEIÇÃO

    O partido da mídia

    Por Luiz G. Mottta em 28/10/2014 – Observatorio da Imprensa

      O Brasil está dividido em dois partidos políticos: o partido da mídia e os outros. Nada separa tanto a sociedade brasileira hoje quanto a imprensa. Ela se transformou em um partido político autônomo que se dá o direito de intervir diretamente na política – especialmente em períodos eleitorais – de acordo com uma ideologia radical conservadora. Ela é um ator político ativo, tanto na formulação de um pensamento conservador como na defesa dos interesses liberais.                

    A mídia tornou-se um partido com independência política porque se autonomizou financeiramente, possui metas ideológicas explícitas, planos de ação de curto prazo conforme a conjuntura, e um projeto ideológico de longo prazo: o acúmulo do maior capital político (poder) possível. Esse projeto está em curso e se consolidando conforme os desejos dos proprietários da mídia.

    Nenhum outro grupo detém hoje tamanha autonomia de ação, e tanto poder de intervenção no debate público. A mídia brasileira já foi um esboço de espaço público, limitado é verdade, mas onde foi possível alguns grupos debaterem as grandes questões nacionais. Essa pretensão é coisa do passado, a mídia jornalística abandonou-a. Ela não é mais um espaço democrático de debates, e sim um ator social com posição definida e uma ação política ostensiva. É uma organização em rede que interfere na política de maneira direta, dirige a opinião pública e ameaça seus adversários com a arrogância de um poder para o qual não foi eleita. Faz isso descaradamente “em nome do povo”, pretendendo obter credibilidade. Se essa credibilidade não é repassada pela sociedade, não importa: a mídia fingirá que a detém, em nome da democracia.

    Opção assumida

    Graças à visibilidade pública de seus agentes, a mídia jornalística tornou-se um ator político poderoso. Ela detém o monopólio da voz, detém o poder de selecionar, suprimir e orientar a informação. O público só toma conhecimento daquilo que a mídia quer divulgar. E esconde deliberadamente os temas que não quer tornar público. Pensamentos diferentes só são permitidos até certos limites, e se algum grupo ultrapassar esses limites é imediatamente ridiculizado nas páginas e telas. Eventos e escândalos políticos são forjados, requentados ou amplificados conforme a conveniência de ocasião.

    Todos os outros poderes tornaram-se frágeis diante da mídia. Ela é mais poderosa do que o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Ninguém ousa desafiá-la. Todo político a teme, toda autoridade pública – do presidente ao prefeito municipal – se submete, todo juiz pondera primeiro a repercussão na mídia de suas decisões. E todos procuram, a todo custo, conquistar as graças dos repórteres e veículos a fim de obter maior visibilidade pública. Mas a mídia é hábil, faz um jogo sórdido, só permite a certos atores “aparecerem bem na fotografia” porque ela detém o poder de decidir, em última instância. Quando quer, age como o escorpião, destrói mortalmente, sem piedade, seus antigos aliados. A mídia não tem amigos, só aliados de conveniência.

    Nas democracias liberais a mídia jornalística se proclamou independente dos partidos políticos. Proclamou-se publicamente independente, ela se autoqualifica como neutra em relação aos poderes, capacitando-se a exercer o seu papel crítico de maneira imparcial. Assim, busca credenciar-se como porta-voz legítimo da sociedade. Não é o que ocorre no Brasil. Na última década, a mídia jornalística assumiu determinada posição política e adquiriu, cada vez mais, um ponto de vista conservador. Tanto em seus próprios editoriais, onde manifesta claramente sua posição liberal, quanto disfarçadamente nas coberturas jornalísticas.

    Nos período pré-eleitorais, a posição política dos jornais e telejornais torna-se mais explícita quando percebem alguma ameaça à sua ideologia. Na eleição que se finda, a posição da maioria dos veículos se radicalizou a tal ponto que eles aderiram incondicionalmente ao pensamento conservador e passaram a utilizar ostensivamente o noticiário com o objetivo de influenciar os eleitores. Se nunca houve imparcialidade no campo do jornalismo, agora a opção é assumida: ou se está ao lado da mídia ou do outro, o adversário a ser massacrado.

    Na prática

    Nas duas últimas décadas, a mídia desqualificou implacavelmente a atividade político-partidária. Não faltaram reportagens e escândalos infamando partidos, parlamentares, juízes e autoridades públicas. Claro, os políticos mais próximos foram mais poupados. É verdade que nossas autoridades deram o combustível necessário. Mas, interessa aqui se dar conta que essa ação pública foi uma prática política orientada para desqualificar o campo político e fortalecer o campo da mídia a fim de se obter legitimidade aos olhos da sociedade como a guardiã única dos interesses sociais.

    A imoralidade dos outros deve ser pública, mas os negócios sujos do partido da mídia e seus parceiros são omitidos e jogados para debaixo do tapete. Posa-se de bom mocinho, de herói de uma pérfida e hipócrita moral pública.

    A mídia brasileira não é mais aliada a partidos políticos conservadores, não se associa a certos segmentos políticos, não pratica o paralelismo político. Ela é o próprio partido, está organizada como partido, age como partido, detém uma autonomia própria maior do que qualquer partido, Parlamento, Executivo ou Judiciário. É a mídia que elabora as doutrinas dominantes, que formula as estratégias, que orienta seus correligionários. Os políticos é que aderem a ela – que orienta a ação política, seus argumentos e seus candidatos.

    Na prática, a mídia jornalística é um partido político, só não vê quem não quer.

    ***

    Luiz G. Motta é jornalista, professor titular da Universidade de Brasília 

     

  3. Aécio, Aloysio,as calúnias e o boato da morte do doleiro Youssef

    Diário do Centro do Mundo

     

    Postado em 29 out 2014  por :        Alberto Youssef

    Alberto Youssef

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    O PSDB poderia, talvez, prestar um serviço a si próprio se não insistisse tanto, e de maneira tão veemente, em subestimar a inteligência dos eleitores, inclusive os do partido.

    Da tribuna do Senado, Aloysio Nunes, ex-vice de Aécio, fez um pronunciamento, por um lado, ressentido e, por outro, hipócrita. Recusou o “pedido para diálogo”. “Comigo não! Porque se estende uma mão e a outra mão tem a faca, o punhal para lhe cravar na barriga, para lhe cravar nas costas!”, disse, dramático.

    Reclamou também da baixaria petista. “Como é possível descer tão baixo na calúnia, na infâmia, transformar as redes sociais, que são um instrumento maravilhoso da democratização dos debates, da participação social, transformar isso num esgoto, num esgoto fedorento para destruir adversários?”

    Aécio, num vídeo de agradecimento a quem confiou nele, foi no mesmo tom. “Disputamos uma eleição desigual, com o outro lado usando como nunca a máquina pública, a infâmia e a calúnia contra nós”.

    O lacerdismo mequetrefe teima em brigar com os fatos, mas nada impedirá Aloysio, Aécio e colegas de continuar posando de vítimas e vestais. Se não colou durante a campanha, por que colaria agora?

    Alguém acredita realmente que o PSDB não distribuiu golpes baixos a torto e a direito?

    O último, desesperado, foi uma mensagem no WhatsApp que circulou no sábado, véspera da votação. Assinada por um certo Roberto Feldmen, identificado como jornalista, dava conta da morte do doleiro Alberto Youssef.

    O texto:

    URGENTE – O doleiro Alberto Youssef acaba de FALECER depois de ser levado a um hospital na tarde deste sábado (25), em Curitiba.

    O Dr. Gileno Setubal, plantonista informou a dois jornalistas que faziam plantão no local, o óbito. Por recomendação expressa de uma pessoa desconhecida, após ter feito o comunicado foi proibida que a informação seja divulgada até o final da votação neste domingo.

    Assim como no caso Celso Daniel o PT providenciou uma queima de arquivo. Provavelmente o doleiro faleceu por envenenamento e não por enfarte como será anunciado domingo pela noite. O mesmo PT que neste sábado fez um ato de vandalismo na sede da editora Abril, acaba de realizar mais um crime. Queima de arquivo contra quem poderia depois de apresentadas as provas arruinar com a provável eleição de Dilma.

    Não sei se é tempo útil, mas tente repassar esta mensagem para o máximo de eleitores. Não podemos votar o 13 neste domingo. É endossar além da corrupção, a segunda morte de quem sabia demais. Isso é usado no oriente médio, e em ditaduras. Estou chocado.

     

    O Estadão, que acompanhou o movimento das urnas no bairro de Higienópolis no domingo, ouviu, entre outros, o vereador pessedebista Andrea Matarazzo, que resumiu seu sentimento e, provavelmente, o de seus companheiros: “É boato, infelizmente. Mas digamos que é um bom boato.”

    Bom para quem? Matarazzo é o mesmo que, numa reunião pública na Câmara Municipal de São Paulo, falou para a presidente da Sabesp Dilma Pena que a CPI da estatal não passava de um “teatrinho” e que a comissão “não tem a menor consequência”.

    O sujeito que assina a mensagem sobre o assassinato do doleiro é irmão de Jorge Scalvini, que retirou vídeos como o “Helicoca”, do DCM, do ar. Ambos não existem, mas trabalham para a mesma causa.

    Youssef, que teve uma queda de pressão, saiu da UTI e voltou à prisão. O médico citado também é fictício. O que persiste e não dá sinais de que vá desaparecer tão cedo é a malandragem travestidade de moralidade.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aecio-aloysio-a-calunia-e-o-boato-da-morte-do-doleiro-youssef/

     

  4. Campanha de Aécio usou pesquisa com dados enganosos

    Da Folha:

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1540512-campanha-de-aecio-usou-pesquisa-com-dados-enganosos.shtml

     

    Campanha de Aécio usou pesquisa com dados enganosos

     Marlene Bergamo/Folhapress No debate da Band, Aécio disse que pesquisas já o mostravam à frenta de Dilma em MinasNo debate da Band, Aécio disse que pesquisas já o mostravam à frenta de Dilma em Minas

    RICARDO MENDONÇA
    DE SÃO PAULO

    30/10/2014  02h00  Mais opçõesPUBLICIDADE 

    Informações de uma pesquisa de intenção de voto do instituto Veritá usadas na propaganda de segundo turno do tucano Aécio Neves são comprovadamente enganosas.

    Quem confirma é o próprio dono do instituto que fez o levantamento, Adriano Silvoni. E também o estatístico responsável pelas pesquisas do Veritá, Leonard de Assis.

    A informação infundada era a liderança de Aécio em Minas Gerais com 14 pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff (PT): uma pesquisa que o mostrava com 57% ante 43% da petista.

    O enredo que levou o PSDB a propagar esses números começa em 6 de outubro, logo após o primeiro turno, quando o Veritá conclui uma pesquisa nacional para presidente com 5.161 entrevistas, estudo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o código BR-01067/2014.

    Tanto o número de entrevistas quanto os municípios de coleta de dados foram definidos pelo Veritá para retratar a disputa eleitoral no Brasil como um todo.

    O total de eleitores ouvidos em Minas era suficiente para compor o quadro nacional, mas insuficiente para retratar a realidade local.

    Assim, a pesquisa apontou Aécio com 54,8% em todo o Brasil contra 45,2% para Dilma, diferença de 9,6 pontos.

    Segundo Assis, dias após a divulgação desse placar, o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela propaganda de Aécio, pediu para que o Veritá fornecesse os dados das entrevistas feitas só em Minas.

    “O estudo não foi feito com essa finalidade”, diz. Silvoni, o dono do Veritá, confirma: “Para Minas, foram 561 questionários. Não é confiável”.

     Reprodução Propaganda do PSDB no horário eleitoral com dados enganosos do instituto VeritáPropaganda do PSDB no horário eleitoral com dados enganosos do instituto Veritá

    Mesmo assim, eles acabaram autorizando o envio dos dados. “Eu falei: ‘pode pegar, mas cite, por favor, que não representam a realidade de Minas'”, lembra Assis.

    Se fez mesmo o alerta, não adiantou. No dia 14 de outubro, às 17h06, o site do jornal mineiro “Hoje em Dia” publicou que, segundo o Veritá, Aécio tinha 57% dos votos de Minas contra 43% de Dilma, uma vantagem de 14 pontos.

    Em seguida, a campanha do PSDB começou a distribuir um release dizendo que o tucano estava 14 pontos à frente no Estado. E na mesma noite, dirigindo-se à Dilma no debate da Band, o próprio Aécio citou: “Pesquisas [em Minas] mostram que estou mais de 10 pontos na sua frente”.

    Na época, o PT explorava a derrota do tucano entre os mineiros no primeiro turno. Na TV, a campanha de Dilma repetia: “Quem conhece Aécio não vota em Aécio”.

    No dia 15, os números não representativos do Veritá passaram a ser mostrados também na propaganda de TV do PSDB, que atribuiu a informação ao jornal “Hoje em Dia”.

    “Eles não podiam usar nesse contexto”, diz Assis. “Nós avisamos […] Usou na garganta. Não representa Minas. Não é o real cenário do Estado.”

    A Lei Eleitoral diz que a comprovação de irregularidade em dados publicados de pesquisa sujeita os responsáveis às penas de seis meses a um ano de detenção e multa.

    Assis afirma que, ao entregar uma tabela com percentuais não representativos de cada Estado, fez questão de incluir uma nota sobre a não validade das informações.

    No rodapé do documento que ele diz ter enviado, consta: “Resultados apresentados nesta tabela em cada Estado não podem ser considerados como estimativa do mesmo pois a pesquisa não foi planejada com tal objetivo”.

    CLIENTE

    Além do problema dos números enganosos, a pesquisa do Veritá pode ter sido registrada de forma fraudulenta. No TSE, consta que o Veritá é, ao mesmo tempo, o contratado e o contratante do estudo, orçado em R$ 300 mil.

    Dias atrás, num fórum de debates na internet que reúne profissionais da área de pesquisa, Leonard de Assis afirmou que o formulário do TSE foi preenchido dessa forma porque “o contratante [real] não quis aparecer”.

    À Folha, o estatístico confirmou a informação. Mas não quis dizer quem verdadeiramente pagou pelo trabalho.

    Neste ponto, há uma divergência entre Assis e o dono do Veritá. Adriano Silvoni afirma que os recursos usados para a realização da pesquisa saíam do próprio Veritá.

    Colaborou PAULO MUZZOLON, de São Paulo

         

     

  5. Sensus explica seus erros; sócio do Veritá confirma ‘pressão’

    De O Tempo:

    http://www.otempo.com.br/blogs/pol%C3%ADtica-19.298822/sensus-explica-seus-erros-s%C3%B3cio-do-verit%C3%A1-confirma-press%C3%A3o-19.329650

     

    Sensus explica seus erros; sócio do Veritá confirma ‘pressão’

    Ambos dizem que tendência já mostrava queda de Aécio

    28/10/14 – 19H36

     

    Principais derrotados pelo resultado que deu a Dilma Rousseff (PT) a reeleição contra o tucano Aécio Neves (PSDB), os responsáveis pelos institutos Sensus e Veritá justificam as diferenças apontando que seus estudos já mostravam uma tendência de queda do candidato do PSDB. Além disso, o sócio do Veritá, Leonard de Assis, ainda confirmou que o instituto fez uma pesquisa que apontava Dilma à frente, mas que ela não foi divulgada.

    Leonard de Assis confirmou que houve pressão externa sobre a empresa para não revelar vantagem da presidente. Na véspera da eleição, ele revelou no Twitter que Dilma estaria à frente, ao contrário dos levantamentos anteriores. Ele ainda afirmava que seu sócio estaria “recebendo pressão” para divulgar resultado diferente. 
    “Não sei se ele resistiria”, disse no Twitter.

    Procurado pelo Olho Neles após o resultado, Leonard de Assis, em conversa gravada, confirmou o que disse no Twitter.

    “Eu afirmo isso. Eu divulguei os 53 a 47 por causa disso. Estava começando a arranhar o nome da empresa. Eu pensei: vou divulgar isso aqui de antemão pra mostrar que os métodos que nós estamos usando estão corretos. Isso aqui é o que tem pra acontecer”, afirmou, reforçando que foram feitas três pesquisas, mas a última, justo a que dava vantagem a Dilma, não foi divulgada no sábado, como previsto. A que foi divulgada no dia 21/10 mostrava Aécio com 53,2% e Dilma com 46,8%.

    Questionado se o método utilizado nas três pesquisas foi o mesmo, ele afirmou que foi ‘aprimorado’.

    “Fomos ajustando os métodos, até chegar a um valor correto, a quantidade certa de entrevistas para cada método”. Leonard afirmou que nem sempre os erros são por culpa dos institutos. “Se eu fizer uma coleta só por telefone, dependendo da lista de telefones que chegar em minhas mãos eu vou ter um resultado ou outro”, explicou.

    Sensus
    O proprietário do instituto Sensus, Ricardo Guedes, destacou que a empresa teve bom desempenho no primeiro turno. 
    “Fomos o instituto que mais se aproximou dos resultados”, avaliou. Ele discorda que houve erro no segundo turno.

    “Nossos resultados indicaram empate técnico, Aécio 52,1%, Dilma 47,9, para margem de erro de 2,2%, com possibilidade tanto para Aécio neves como para Dilma”, contou.

    Ainda assim, os resultados oficiais do TSE ficaram fora da margem de erro. Dilma registrou 51,64% e Aécio, 48,36%. Guedes justifica:

    “Logo após o início do 2º turno, houve forte transferência dos votos de Marina Silva para Aécio Neves, que foram se diluindo ao longo do 2º turno, indicando queda das intenções de voto de Aécio Neves”, afirmou.

    O diretor do Sensus nega que tenha recebido qualquer reclamação sobre o resultado.

     

     

  6. Manipulação da opinião

    Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky

    Linguista genial, filósofo desconcertante e ativista político no mínimo polêmico, Avram Noam Chomsky, nascido em Filadélfia em 7 de dezembro de 1928 tem seu nome associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional e evidentemente à célebre Hierarquia de Chomsky, que versa sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais.

    Além de seu premiadíssimo trabalho acadêmico, tanto como professor quando pesquisador em linguística, Chomsky tornou-se muito conhecido pela defesa de suas posições políticas de esquerda — descrevendo-se como socialista libertário — bem como por seu corrosivo posicionamento de crítico contumaz tanto da política norte-americana quanto de seu uso da comunicação de massa para manipular a opinião pública.

    Em uma de suas frases de efeito, Chomsky afirma que “a propaganda representa para a democracia aquilo que o cacetete (ou repressão da polícia política) significa para o estado totalitário”.

    Em seu livro A Manipulação do Público, em coautoria com Edward S. Herman, Chomsky aborda este tema com profundidade apresentando seu modelo de propaganda dos meios de comunicação, documentado com numerosos estudos de caso, extremamente detalhados.

    Um viés social pode ser definido como inclinação ou tendência de uma pessoa ou de um grupo de pessoas que infere julgamento e políticas parciais e, portanto, injustas para uma sociedade tida como um sistema social integral.

    A abordagem de Chomsky explicita esse viés sistêmico dos meios de comunicação, focado em causas econômicas e estruturais, e não como fruto de uma eventual conspiração criada por algumas pessoas ou grupos de pessoas contra a sociedade.

    O modelo denuncia a existência de cinco filtros, gerados por esse viés sistêmico, a que todas as notícias são submetidas antes da publicação. Filtros, que combinados distorcem e deturpam as notícias para o atendimento de seus fins essenciais.

    1.o Filtro — PROPRIEDADE: A maioria dos principais meios de comunicação de massa pertence às grandes empresas.

    2.o Filtro — FINANCIAMENTO: – Os principais meios de comunicação obtêm a maior parte de sua renda, não de seus leitores, mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas).

    Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para lucro, o modelo de Herman e Chomsky prevê que se deve esperar a publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e os valores dessas empresas que os financiam.

    3.° Filtro — FONTE: As principais informações são geradas por grandes empresas e instituições. Consequentemente os meios de comunicação dependem fortemente dessas entidades como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a sociedade.

    4.° Filtro — PRESSÃO: A crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação, atua como uma espécie de chantagem velada, para que os grandes meios de comunicação de massa jamais saiam de uma linha editorial consoante com seus interesses, muitas vezes à revelia dos interesses de toda a sociedade.

    5. Filtro — NORMATIVO: As normas da profissão de jornalista calcadas nos conceitos comuns comungados por seus pares, muitas vezes estabelece como prioritário a atenção ao prestígio da carreira do profissional (proporcionalmente ao salário).

    Prestígio esse obtido pela veiculação de determinada notícia, sempre em detrimento do efeito danoso à sociedade oriundo da manipulação dos fatos (por exemplo o sensacionalismo) com o objetivo de atender o mercado ( e também, novamente proporcionar prestígio tanto ao profissional quanto ao canal noticiante, como dito antes).

    A análise de Chomsky descreve os meios de comunicação como um sistema de propaganda descentralizado e não conspiratório, mas mesmo assim extremamente poderoso.

    Tal sistema é capaz de criar um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público estruturando esse debate em uma aparência de consentimento democrático que atendem aos interesses dessa mesma elite. Isso ocorrendo sempre às custas da sociedade como um todo.

    Para os autores o sistema de propaganda não é conspiratório porque as pessoas que dele fazem parte não se juntam expressamente com o objetivo de lesar a sociedade, mas, no entanto, é isso mesmo que acabam fazendo, infelizmente.

    Chomsky e Herman testaram seu modelo empiricamente tomando pares de eventos que são objetivamente muito semelhantes entre si, exceto que um deles se alinha aos interesses da elite econômica dominante, que se consubstanciam no interesse das grandes empresas, e o outro não se alinha.

    Eles citam alguns de tais exemplos para mostrar que nos casos em que um “inimigo oficial” da elite realiza “algo” (tal como o assassinato de algum líder, por exemplo), a imprensa investiga intensivamente e devota uma grande quantidade de tempo à cobertura dessa matéria.

    Mas quando é o governo da elite ou o governo de um país aliado que faz a mesma coisa (assassinato de um líder ou coisa ainda pior) a imprensa minimiza e distorce a cobertura da história.

    E ironicamente, tal prática é muito bem aplicada à maior parte dos escritos políticos de Chomsky , que têm sido ignorados ou distorcidos pelos detentores dos meios de comunicação mundiais.

    Chomsky aponta também em seus estudos algumas estratégias usadas pelos donos do poder para realizar uma verdadeira “manipulação mental” feita através dos meios de comunicação, mas isso já é assunto para um próximo artigo.

    http://hypescience.com/manipulacao-da-opiniao-publica-atraves-da-midia-segundo-chomsky/

  7. Sem internet, Aécio teria

    Sem internet, Aécio teria vencido eleição’, diz cientista político

    Para Sérgio Amadeu, PSDB adota ‘estratégia do cinismo’. Ele considera inaceitável que a bandeira de combate à corrupção seja conduzida por ‘forças da corrupção’

    Carro-chefe da editora Abril, a revista Veja lançada na última sexta-feira (24) divulgou como matéria de capa uma acusação de que a presidenta reeleita Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, tinham conhecimento de um esquema de corrupção na Petrobras. Sem apresentar qualquer prova, o conteúdo da reportagem era baseado em suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal, que foi desmentido por seu advogado logo após a publicação.

    Considerada a última “bala de prata” da oposição para tentar impedir uma nova vitória petista sobre os tucanos, a reportagem foi contestada duramente pela presidenta durante seu último programa eleitoral na TV na mesma sexta-feira. Ainda naquele dia, a Justiça considerou a publicidade da revista como “propaganda eleitoral” e também concedeu direito de resposta ao PT no site da revista.

    Ainda assim, o estrago já estava feito. A campanha e simpatizantes do PSDB distribuíram panfletos com a capa impressa da revista da Abril em várias cidades do Brasil. Já na madrugada de sábado (25) para domingo (26), circulavam boatos de que Alberto Youssef havia sido envenenado, algo que teve de ser desmentido com rapidez pela Polícia Federal.

    “Essa operação da Veja mostra que ela não é um órgão de comunicação, o que ela mostrou claramente é que ela é uma sala do comitê político do PSDB no Brasil. A revista operou de maneira a desinformar. Ela desinformou”, disse o sociólogo Sérgio Amadeu, doutor em Ciência Política pela USP. Comparando o caso à ação midiática que ajudou a decidir o pleito presidencial de 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello, Amadeu acredita que o plano da editora Abril só não se concretizou nas urnas pela existência da internet. “Existe hoje a internet, que não tinha naquela época. Então, se não houvesse a internet, certamente o candidato Aécio Neves tinha ganho a eleição.”

    Para o cientista político, as redes sociais apontaram um acirramento muito grande e deixaram claro que “a linha política e o conteúdo discursivo das forças comandadas pelo PSDB” é baseada na “estratégia do cinismo”. Amadeu também defendeu uma reforma política para se alcançar uma legislação mais democrática dos meios de comunicação.

    Qual foi a influência da capa da revista Veja às vésperas do segundo turno presidencial entre Dilma e Aécio?

    A capa da Veja foi feita justamente para influenciar o resultado eleitoral. Ela normalmente está nas bancas no sábado, mas saiu na sexta-feira. E era uma capa para, inclusive, ser impressa, tanto é que a campanha do candidato Aécio Neves (PSDB) imprimiu essa capa justamente para manter aquele clima que eles criaram no Brasil de demonização do outro. O grupo Abril, em particular a revista Veja, já há muito tempo é organização que defende interesses econômicos a partir da gestão da política. Não há como dizer agora o quanto impactou, mas eles influíram claramente na votação de domingo, porque o Aécio conseguiu, a partir desse tipo de ação, crescer e encostar na candidata Dilma Rousseff no segundo turno das eleições.

    Como o sr. avalia o papel da internet nessas eleições?

    Uma coisa que chama atenção nesse processo é que essa operação já tinha sido feito nas eleições de 1989, com sucesso, mas não teve desta vez. E por quê? Porque desta vez – além das pessoas já conhecerem a manobra de grupos de comunicação misturadas à elite política econômica no caso da vitória do Collor – também existe hoje a internet, que não tinha naquela época. Então, se não houvesse a internet, certamente, o candidato Aécio Neves tinha ganho a eleição, porque era o candidato preferido pelos grupos econômicos, pelos banqueiros, pelo mercado de capitais. Inclusive oscilava a Bolsa e, se você for ver, é muito curioso, quando as pesquisas davam a Dilma crescendo, a Bolsa caía, o que mostra o humor desses especuladores financeiros. A internet foi decisiva para a garantia de um debate que não existiria se fossem apenas os meios de comunicação de massa atuando nessas eleições. Isso é bastante nítido no processo eleitoral que ocorreu em 2014.

    E as redes sociais?

    As redes sociais, em particular, tiveram um papel grande e mostraram, na verdade, um acirramento muito grande. Deixou claro, e é importante que tudo fica registrado, qual é a linha política e o conteúdo discursivo das forças comandadas pelo PSDB, que é baseada em preconceito, em mentira e numa estratégia que podemos chamar de “estratégia do cinismo”. Eles chegam a afirmar que nenhum corrupto ligado ao PSDB está preso ou foi julgado por incompetência do PT, o que é uma coisa completamente cínica. Esse tipo de ação, as pessoas não têm clareza de como vão lidar com isso. Agora, minha opinião é bastante clara: é preciso mostrar concretamente o que é o PSDB do ponto de vista da corrupção. É inaceitável que a bandeira da corrupção seja tomada por forças da corrupção. É inaceitável.

    Não tenho nenhuma dúvida do aparelhamento que (governador de São Paulo) Geraldo Alckmin faz na Sabesp. Isso ficou nítido nas gravações mostrando que eles são capazes de ganhar a eleição, inclusive se for para deixar uma cidade em situação de calamidade. Nós temos que mostrar que eles são uma junção de descompromisso com a democracia, de má gestão de recursos públicos e de corrupção em larga escala, como foi feito em São Paulo. Réus confessos entregaram as provas e o Ministério Público não faz nada. Então, temos que ir para cima disso.

    Temos que ir para cima do crime eleitoral cometido pela revista Veja, temos que exigir o julgamento do mensalão mineiro antes que ele prescreva e temos que mostrar toda a ligação que o PSDB tem com crime, com práticas absurdas. Não podemos aceitar. E não vai ser falando “pessoal, o clima de ódio é ruim”. Não. O clima de ódio só vai ser reduzido com argumentos verdadeiros e racionais. Não é pedindo paz e amor, não, mas colocando claramente para as pessoas, insistentemente, as falácias do discurso que eles reproduzem para o Brasil. A gente tem que ser muito claro com isso, porque disso depende a democracia, né?

    O sr. acredita que o novo governo possa mudar artigos que dizem respeito à comunicação?

    Eu acho que um dos principais pontos da reforma política para o Brasil é a reforma da comunicação. Essa operação da Veja mostra que ela não é um órgão de comunicação, o que ela mostrou claramente é que é uma sala do comitê político do PSDB no Brasil. A revista operou de maneira a desinformar. Ela desinformou. Ela já havia feito isso se ligando a um criminoso chamado Carlos Cachoeira e não aconteceu nada. O cara continua lá na sucursal de Brasília, não foi preso, não foi condenado. Nós precisamos mexer nessas estruturas de concentração econômica de poder, fazer uma reforma da comunicação, uma lei de meios, como a da Argentina. E nós precisamos também de uma reforma política que retire o poder do capital, que retire o financiamento privado de campanha, mas que permita também à gente avançar em questões cruciais da sociedade brasileira. Com uma Constituinte que não possa ser com estes deputados, que tenha que ser exclusiva. O deputado que quiser fazer essa Constituinte só poderá se candidatar para isso, para discutir as ideias e o futuro do país, e não para vir com esquemas que a gente sabe que eles articulam, de grandes corporações, de forças que bancam campanhas milionárias. Precisamos de uma reforma política com uma Constituinte exclusiva e, nesse contexto, uma reforma das comunicações.

    Por que os partidos têm tido certa dificuldade em atingir os jovens na internet?

    A internet não é contraposta aos partidos, mas é que a velocidade das comunicações e as relações intensas que existem na internet geram muitas dificuldades para os partidos, principalmente para legendas partidárias que são estruturas mais orgânicas. Por exemplo, o PSDB adotou e atuou como estratégia na internet, e não é de agora, de desconstruir seus opositores, no caso o governo federal e o PT.

    E os tucanos fazem isso destilando preconceitos e coisas absurdas. Se for ver o que dizem dos nordestinos, dos gays e das opções políticas das pessoas, beira ao fascismo. Agora temos que ver o que os partidos que são propostas democráticas e de esquerda podem refazer utilizando a internet, mas é muito difícil fazer política só pelas estruturas partidárias. Hoje, está muito claro que não é só o partido o elemento que faz política. Há outras formas de se fazer política, inclusive com conexões, grupos e coletivos de ativistas na internet.

    http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/sem-internet-aecio-teria-vencido-eleicao-diz-sociologo-9159.html

  8. O que Marina e PSB ganharam

    O que Marina e PSB ganharam apoiando Aécio

            

     

    Apesar do inegável avanço da direita no país, uma nova centro-direita que se revelou a partir do momento em que Marina Silva e o PSB aderiram à candidatura Aécio Neves, no segundo turno, transformou-se na grande perdedora da eleição presidencial deste ano. E este texto pretende comprovar esse fato com números, acima de tudo.

    Lembremo-nos de como tudo começou. No início oficial da campanha eleitoral à Presidência de 2014, Dilma tinha uma situação confortável e caminhava para uma reeleição tranquila. Pesquisa Datafolha divulgada em 18 de julho último mostrava Dilma Rousseff com 36% dos votos totais, Aécio Neves com 20% e Eduardo Campos com 8%.

    No segundo pelotão, o Pastor Everaldo Pereira (PSC) aparecia com 3%; José Maria (PSTU), Luciana Genro (PSol), Eduardo Jorge (PV), Rui Costa Pimenta (PCO), e Eymael (PSDC), com 1% cada. Os candidatos Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB) não atingiram 1%. Uma parcela de 13% dos eleitores votaria em branco ou anulariam o voto e 14% estavam indecisos.

    Havia empate numérico entre Dilma e os candidatos de oposição, mas era esperável uma reação da petista, quem, até então, apanhava diariamente da mídia sem poder dar o contraponto que a propaganda eleitoral no rádio e na TV, a começar dali a dias, lhe permitiria.

    Eis que menos de 30 dias depois, especificamente no dia 13 de agosto – considerado o mais azarado daquele que é conhecido como “mês do desgosto” –, Eduardo Campos perde a vida em um dos acidentes aéreos mais estranhos da história recentíssima, apesar de as investigações terem apontado para “fatalidade” ou “erro do piloto”.

    No âmbito da campanha virulenta e cheia de golpes que seria movida contra Dilma enquanto era acusada de “jogo baixo” por fazer críticas legítimas a propostas dos adversários tais como autonomia do Banco Central ou choque monetário para “baixar a inflação a 3%”, os mesmos golpistas que, recentemente, criaram uma página fake do portal G1 para inventar que o doleiro Yousseff teria sido encontrado morto no dia do segundo turno começaram, após a morte de Campos, a espalhar que o PT ou a própria Dilma estariam por trás da morte do ex-governador de Pernambuco.

    Como se veria mais adiante, porém, Dilma não teria nada a ganhar com aquele acidente. E tampouco Aécio. A única que lucrou com tudo aquilo foi Marina.

    A comoção causada no país e, sobretudo, em Pernambuco, terra de Campos, com sua família mergulhando de cabeça na política poucos minutos após sua morte (o irmão do ex-governador lançou-se candidato a vice em uma chapa com Marina pelo PSB que sequer fora cogitada, em momento como aquele), fez Marina disparar nas pesquisas.

    Cinco dias após a morte de Campos, no cenário em que Marina assumia a candidatura à Presidência no lugar dele, Dilma apareceu com 36% das intenções de voto e a ex-senadora do Acre com 21%, agora empatada com Aécio Neves (PSDB), que teria a preferência de 20% do eleitorado.

    Pastor Everaldo (PSC) aparecia com 3% e Zé Maria (PSTU) e Eduardo Jorge com 1% cada. Os candidatos Levy Fidelix (PRTB), Mauro Iasi (PCB), Luciana Genro (PSol), Rui Costa Pimenta (PCO) e Eymael (PSDC) não atingiam 1%. Uma parcela de 8% dos eleitores votaria em branco ou anularia o voto e 9% estavam indecisos.

    Em 1º de setembro, em menos de duas semanas como candidata oficial à Presidência da República, Marina Silva (PSB) deixou para trás Aécio e alcançou a presidente Dilma. Agora aparecia como favorita também para bater a petista no 2º turno.

    Desde a primeira quinzena de agosto, a candidata do PSB passara de 21% para 34% das intenções de voto, mesmo índice obtido por Dilma. Quem mais perdeu terreno na corrida presidencial fora Aécio, quem, na pesquisa anterior, empatava com Marina com 20% e, agora, caíra para 15%.

    Um mês e quatro dias depois, em 5 de outubro, Marina obteria, no primeiro turno, 2,9 pontos percentuais a mais do que no primeiro turno de 2010, quando recebeu 19,33% dos votos. Além de pífio aumento do seu capital eleitoral, Marina só venceu a eleição presidencial em dois Estados, Acre e Pernambuco.

    Vários fatores influenciaram a queda de Marina a partir da pesquisa em que apareceu empatada com Dilma. Tudo começou no enterro de Campos, quando ela se deu a posar para “selfies” com eleitores, toda sorridente, exatamente sobre o caixão do falecido.

    Em seguida, sua candidatura começaria a mostrar a que veio. Com uma banqueira a tiracolo – ou com Marina a tiracolo da banqueira –, a candidata do PSDB passou a se mostrar por inteira.

    Marina insultou a comunidade homossexual retirando apoio às suas causas de seu programa de governo, deu declarações sobre o comando da economia que chegaram a chocar até economistas de linha neoliberal, que não esperavam que uma candidatura do partido socialista fosse mais conservadora do que a do próprio candidato in pectore da direita brasileira, Aécio Neves.

    Em Pernambuco, Marina obteve a única grande vitória da oposição no Nordeste: 48% dos votos válidos. Porém, a partir de sua adesão tardia, porém convicta, à agenda tucana, sua popularidade despencou não só no país, mas, sobretudo, em Pernambuco, onde os 48% de votos de Marina no primeiro turno, os 5,92% de Aécio e o 1,83% dos nanicos, que perfaziam 49, 83% dos votos totais, viraram pó.

    A duas semanas da eleição em segundo turno, de acordo com o Datafolha Marina agora atraía, no país, praticamente tanta rejeição (13%) quanto apoio (16%) a Aécio.

    Porém, foi na eleição presidencial em segundo turno em Pernambuco que a candidata do PSB literalmente derreteu. Os 48% que Marina obteve naquele Estado no primeiro turno reduziram-se a menos de 30% dos votos válidos mesmo com o apoio entusiasmado da família de Eduardo Campos a Aécio Neves.

    Por fim, o PSB, que conseguiu aumentar em 10 deputados sua bancada na Câmara no primeiro turno, trocou esse “lucro” pela participação que tinha no governo federal no primeiro governo Dilma, no qual tinha ministérios e muito prestígio e influência.

    Agora na oposição, com perda de nomes importantes do partido como Roberto Amaral, que tende a se desfiliar da legenda, o PSB não tem motivos para comemorar o futuro.

    Dilma tem quatro anos e dois meses de poder pela frente. Ao longo desses anos, a tendência é a de que haja migração de parlamentares de partidos de oposição para partidos governistas, como acontece em toda legislatura devido ao fisiologismo que permeia o Legislativo no Brasil. Desse modo, os tais dez deputados que o PSB obteve este ano, podem virar fumaça.

    Claro que Marina pode vir a se fortalecer entre a direita, mas não é provável. Um dos motivos que fizeram sua candidatura se desidratar ao fim da campanha do primeiro turno foi a desconfiança que ela gera entre a direita, que preferiu e sempre preferirá Aécio ou qualquer outro tucano.

    O colunista da Veja Reinaldo Azevedo, por exemplo, bateu tanto em Marina quanto no PT no primeiro turno. E esse fenômeno irá se reproduzir enquanto o partido preferido da direita continuar sendo o PSDB.

    Além de Marina e o PSB se desmoralizarem à esquerda e no Nordeste, o partido perdeu metade dos governos estaduais que obteve em 2010, quando conseguiu governar seis estados. A partir de 2015, o PSB comandará Pernambuco, Distrito Federal e Paraíba.

    Valeu o PSB aumentar sua bancada em 10 deputados – que nem sabe se vão permanecer no partido – em troca da desmoralização de sua imagem “socialista” e da consequente perda de metade dos governos estaduais? Não sei você, leitor, mas acho que não foi um grande negócio.

    E se Dilma e o PT perderam apoio no país em 2014, Aécio e o PSDB perderam a eleição e o partido perdeu 3 governos estaduais em relação a 2010, quando elegeu 8 governadores – agora, elegeu 5.

    Apesar de o PT ter perdido 18 deputados federais, caindo de 88 para 70, além de ter mantido a Presidência da República conseguiu os mesmos cinco governos estaduais que em 2010. Porém, passou a governar Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, depois de São Paulo.

    Quem mais ganhou com a eleição de 2014, portanto, foram, primeiro, o PT, por razões óbvias, e, em segundo, o PSDB, por ter aumentado em pouco mais de 4 pontos percentuais sua votação em relação à eleição presidencial de 2010 e em 10 deputados sua bancada na Câmara, tornando-se mais forte na oposição e tendo um candidato altamente competitivo para 2018: Aécio Neves.

    Já quanto a Marina e PSB, grande parte dos que votaram nela nos primeiros turnos de 2010 e 2014 é de esquerda e acreditou que sua candidata seria de esquerda até que ela aderisse a Aécio. Em 2018, portanto, esse eleitorado de esquerda que confiou em Marina, não confiará mais. E o eleitorado de direita terá opção bem “melhor” em Aécio.

    Marina Silva e o PSB, portanto, foram os grandes derrotados nas eleições de 2014. Ir para a direita não lhes fez nada bem. Até porque, oportunismo e traição não são o melhor caminho para quem tem planos a longo prazo, como deve ter todo partido político. O PSB e Marina foram vítimas de ambição desmedida e afobação. Deu no que deu.

      

  9. RFI : Evacuação de São Paulo não é uma hipótese impossível
    30 DE OUTUBRO DE 2014Evacuação de São Paulo não é uma hipótese impossível
     O secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, disse que o Sistema Cantareira pode se recuperar em um ano caso volte a chover dentro da média histórica nos reservatórios, a partir de novembro de 2014.O secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, disse que o Sistema Cantareira pode se recuperar em um ano caso volte a chover dentro da média histórica nos reservatórios, a partir de novembro de 2014.Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de VargemLeticia Constant – RFI – Rádio França InternacionalRecentes rumores vindos da diretoria da Sabesp em São Paulo, desmentidos posteriormente, não descartavam a possibilidade de os moradores da cidade serem obrigados a ir para outros lugares devido à falta de água. Mesmo se a situação é gravíssima, uma evacuação em massa ainda não está na ordem do dia. Mas será que esta medida dramática e radical pode ser definitivamente descartada no futuro?

    Na opinião do filósofo Roberto Malvezzi, da equipe de preservação do rio São Francisco, a resposta pode ser “não” se as autoridades continuarem a contar somente com as chuvas para resolver a crise, sem criar um Plano B.

    Implicado há décadas na questão hídrica e ambiental, Malvezzi pensa que a campanha eleitoral em São Paulo travou um debate mais aprofundado sobre a crise hídrica:

     Roberto Malvezzi, da equipe do rio São Francisco, critica a gestão pública da crise da água em São Paulo. (Foto:DR)

    “Em primeiro lugar, temos uma realidade científica. O Brasil passou por vários processos de destruição do seu cerrado, muitos cientistas pensam, inclusive, que o cerrado está extinto. Com isso, começamos a ter problemas das chuvas que caem na região escoarem rapidamente pelas superfícies. Estamos com o enfraquecimento de vários aquíferos*. E uma das regiões que está sofrendo com isso é a região do Cantareira. Não é uma questão momentânea, é mais profunda e para muita gente não tem mais retorno”, observa Malvezzi.

    Outro ponto relevante que preocupa o entrevistado é a média per capita de água em São Paulo, pouco mais de 260m³ por ano, sendo que o padrão da ONU é 1000m³por pessoa. “Isso mostra que cada vez que houver crise – e tudo indica que no futuro elas serão mais constantes e severas – e que se esta estiagem se prolongar até fevereiro ou março, teremos uma catástrofe social em São Paulo”, prevê Malvezzi, lembrando que não existe um Plano B do governo, que continua apostando na vinda de chuvas como solução maior.

    Mesmo se geólogos estão reunidos para analisar a possibilidade de se recorrer às águas dos poços, o especialista teme que esse tipo de medida, “a toque de caixa”, não baste para resolver os problemas de São Paulo, pelo menos neste momento emergencial.

    Reaprender a viver com pouca água

    Roberto Malvezzi acredita que se nada fôr resolvido nos próximos meses, a possibilidade de uma saída em massa da população paulistana não é uma fantasia. “Vai depender de ter água”, ele diz, citando um exemplo que considera sintomático: “Os jornais estão dizendo que algumas empresas que precisam de muita água já estão deixando São Paulo, por falta de garantia hídrica”.

    O entrevistado acredita que São Paulo já está no fio da navalha com esta pouca disponibilidadeper capita. “E quando falamos nisso, não falamos apenas do uso doméstico, estamos falando também do uso industrial, dos serviços, da área da educação, saúde, comércio, estamos incluindo todos os usos, então, o problema está posto: as autoridades estão contando com as chuvas”.

    O especialista lembra que o Nordeste, diante da falta de água, contou com as chuvas por quase um século e depois de perceber que isto era inviável, partiu para a prevenção. “Hoje a região está saindo de uma estiagem de quase três anos, sofrida, mas ao mesmo tempo não precisa mais de migração pois foi criada uma infraestrutura, uma estrutura e uma cultura de você conviver com pouca água e depois manejá-la” , explica Malvezzi, lembrando que São Paulo não tem essa cultura, essa tradição, que está enfrentando isso pela primeira vez e está se perdendo.

    * Nota da redação: Aquífero é uma formação geológica subterrânea com capacidade de armazenar água e com permeabilidade para permitir que a água armazenada se movimente.

    http://www.portugues.rfi.fr/geral/20141030-evacuacao-de-sao-paulo-nao-e-uma-hipotese-impossivel

     

     

  10. E a Itália julgou a AP 470…

    Com a mídia brasileira insistindo em centrar fogo apenas em uma das razões para a negativa de extradição de Henrique Pizzolato pela Corte que o julgou na Itália, deixamos de debater outra das razões nas quais o tribunal peninsular se decidiu por não conceder o pedido brasileiro: o Brasil negou a Pizzolato o direito ao duplo grau de jurisdição no julgamento da AP 470 pelo Supremo Tribunal Federal.

    Usando da tática da omissão seletiva dos fatos e concentrando suas críticas apenas no argumento da qualidade do sistema penal brasileiro, nossa mídia – a verdadeira parte acusatória na referida ação penal – deixa de lado a discussão sobre a negativa de direitos a Pizzolato, em uma forma de validar o julgamento feito pelo STF e passar ao público a impressão de que a Corte italiana convalida o julgamento e não extradita o acusado apenas pelas condições carcerárias.

    Ora, qualquer operador de direito mais conhecedor das origens e formação da norma jurídica, sabe bem que o Direito italiano foi sempre espelho e base para a criação da norma jurídica brasileira. Na Alemanha e na Itália buscamnos a base para formação das nossas leis e de nossos códigos. A decisão italiana de negar extradição TAMBÉM pela inexistência do duplo grau de jurisdição põe abaixo toda a estrutura do julgamento realizado por Joaquim Barbosa e seus colegas.

    Vale lembrar que não apenas Pizzolato tinha direito ao duplo grau de jurisdição – o julgamento por uma corte com faculdade de apelação em caso de sentença que lhe fosse contrária. José Dirceu, José Genoíno e diversos outros dos réus não tinham à época do julgamento, direito ao tal duplo grau e, assim como procedeu com Eduardo Azeredo, cabia à Suprema Corte brasileira declarar-se incompetente e transferir competência a juízo de primeiro grau o que daria aos réus chance de apelação de sentença que lhes fosse contrária.

    O argumento da Corte italiana põe por terra de forma gritante toda a estrutura de condenação de Pizzolato e de todos os réus da AP 470. E é por isso que a mídia que condenou os réus desse processo por antecipação e fez do julgamento um verdadeiro circo, se nega a ir adiante na análise da negativa italiana da extradição. Se o fizer absolverá de vez Dirceu, Genoíno e os demais réus dos quais se excetuam apenas os titulares de mandato parlamentar ali julgados.

    Continuamos vivendo a farsa de uma ação penal que foi montada como parte de plano maior de criminalização da política e ceifou a um dos partidos brasileiros, dois de seus melhores quadros.

    E assim se move o Judiciário brasileiro apoiado na sua mídia comprometida, na farsa de princípios jurídicos questionáveis e nessa imensa nódoa do partidarismo midiático intransigente…

     

     

     

     

  11. Democratização da mídia

    “Eu não conheço nenhum outro país democrático em que a grande imprensa apóia um só partido político e é totalmente contra um governo.
    Nos EUA existem jornais liberais, tem jornais conservadores, a linha editorial é uma coisa, as reportagens sáo outra coisa…no Brasil náo é nada disso…
    A maneira que as reportagens e as manchetes sáo totalmente parciais e politizadas, explica que só exixte uma versáo sendo transmitida.
    Quando a imprensa alega que a Veja está sendo atacada por pessoas que jogaram lixo na frente da Veja, pelo amor de Deus!. Isso náo é um ataque aos jornais.
    Professor James Green, diretor da Brazil Initiative, na Brown University de Rhode Island (EUA).

    “Há mito que um governo propondo alguma regulação sobre como a mídia pode agir, isso implica necessariamente no fim da liberdade de imprensa”
    Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute, no King’s College de Londres.

    “Ambos acreditam que, enquanto a grande mídia for regulada exclusivamente pelo mercado, a democracia brasileira não será completa.
    Seja pela via da regulação ou do aumento da diversidade de opiniões, é fato que a mídia brasileira precisa se democratizar, se náo a gente corre o risco de ficar achando que uma eleição acirrada inviabiliza o governo enquanto o mundo mostra o contrário.”
    Jornalista Gabriel Rocha Gaspar – Fato em Foco  Radio France Internationale (RFI).

    Ouçam também o áudio da entrevista.

    Do Portal RFI – Fato em Foco
    30 de Outubro de 2014
    Países desenvolvidos tiveram governos fortes depois de eleições apertadas

    Ouvir (05:14)

    Tão logo se consolidaram os resultados da eleição presidencial no Brasil, no último domingo, os sites dos principais jornais do país começaram a destacar em suas manchetes o fato de que Dilma Rousseff havia sido reeleita com uma margem muito estreita de votos. O tom geral da cobertura dava a entender que o país estava dividido e que isso seria fruto de um enorme descontentamento da população com a política petista. Era como se a vitória, por não ser uma lavada, não chancelasse a candidata vencedora.

    Além desta vitória ser “menos legítima” do que as últimas conquistas do PT, a ausência de uma votação acachapante encurtaria radicalmente a margem de manobra do próximo governo. Em outras democracias, como os Estados Unidos ou a França, disputas polarizadas são regra e não exceção. Barack Obama, por exemplo, bateu Mitt Romney em 2012 por uma diferença de menos de três pontos percentuais. Naquele mesmo ano, François Hollande abriu pouco mais de 2 pontos sobre Nicolas Sarkozy.

    Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute, no King’s College de Londres, não acredita que eleições apertadas sejam necessariamente um empecilho à governabilidade. Ele lembra, por exemplo, que Margaret Thatcher foi eleita por apenas dois milhões de votos em 1979, para o mandato em que iniciou uma série de reformas estruturais de cunho liberal. “George W. Bush, em 2000, perdeu” no número de votos absolutos. Foi naquela gestão à frente da Casa Branca, que ele mudou o curso da história ao convencer metade do planeta a caçar armas de destruição em massa onde não havia.

    Para o professor americano James Green, diretor da Brazil Initiative, na Brown University de Rhode Island (EUA), foi a incompetência da oposição em apresentar candidaturas fortes nas últimas eleições que fez com que os brasileiros se acostumassem às vitórias avassaladoras do PT. “O fato de o PSDB ter lançado no passado que foram muito fracos (Geraldo Alckmin e José Serra) deixaram as pessoas imaginarem que o PT ou qualquer outro partido teriam que vencer com margens de 10% a 20%”.

    Unidos no discurso, divididos na prática

    No discurso que fez logo após a vitória, Dilma tentou apaziguar as diferenças que, evidentemente, foram catalizadas por uma campanha de rara agressividade. “Minhas primeiras palavras são, portanto, de chamamento e união. Democracia madura e união não significam necessariamente unidade de ideias nem ação monolítica conjunta, mas, em primeiro lugar, disposição para o diálogo. Esta presidente aqui está disposta ao diálogo”, disse ela.

    Nenhum dos dois especialistas acredita piamente nisso. Para Green, há uma polarização política e outra regional, que não serão eliminadas facilmente. Principalmente por conta do rastro de rancor deixado pelo discurso xenófobo contra os nordestinos. O preconceito divide-se entre o deliberado (“O Brasil tinha que se separar” ou “O sul e o sudeste carregam o nordeste nas costas”, para ficar nos mais leves) e aquele “embutido no discurso contra o Bolsa Família. Eu fiquei muito triste com essa maneira de atacar o governo, alegando que pessoas que recebem o Bolsa Famíllia não têm capacidade de pensar seu voto porque estão recebendo ajuda do governo”.

    Para ele, essa polarização deve continuar e por isso o discurso da presidenta não deve ser lido de maneira muito literal. “Essa coisa de insistir sobre reivindicações que a presidenta ‘tem que’ imediatamente implementar, isso não existe em outros países. Quem ganha, ganha. Ganhou, venceu e vai implementar seu programa”, afirma o professor da Brown University.

    “Parece que ela está sentindo a necessidade de unir o eleitorado, falar sobre a reforma política, fazer alianças”, observa Anthony Pereira. “Em termos de argumento normativo – ‘ela tem que fazer isso’ -, eu não concordo necessariamente. Acho que, em qualquer democracia, você tem a eleição e o vencedor tem todo o direito de governar como ele quiser”. Ele pondera, no entanto, que no contexto brasileiro, ela sente que é necessário “não somente restaurar as relações com a oposição, mas internamente”.

    Pereira se refere ao PMDB, que impõe empecilhos ao ponto chave das promessas de Dilma para o novo mandato: a reforma política. Ela pede plebiscito, mas querem referendo os caciques da base – que são o que são porque têm a fórmula e a estrutura política para se manter no poder desde a ditadura. O referendo implica que o texto passe pelo Congresso e que sobre para a população um simples “sim” ou “não” sobre o que eles decidirem.

    Democratização da mídia

    Uma reforma incomoda muita gente. Duas reformas incomodam muito mais. E a segunda delas, a democratização da mídia, foi natimorta no passado, quando Lula aventou a possibilidade de um conselho social da mídia e terminou censurado por uma enxurrada de acusações de querer “censurar”. Dilma prometeu naquele mesmo discurso que não será radical neste sentido, mas quer regulações econômicas e do direito de resposta.

    Para os especialistas, impressionados com o deserto de regulação em que trabalham os grandes veículos brasileiros, ela deveria ir além disso: “Eu acho uma pena que ela não tenha liderado uma tentativa mais séria de propor algum tipo de regulação porque há mito que um governo propondo alguma regulação sobre como a mídia pode agir, isso implica necessariamente no fim da liberdade de imprensa”, diz Anthony Pereira.

    França e Grã-Bretanha têm regulação estrita

    Mas, para ele, “isso não é verdade. Se você olha, por exemplo, a França ou a Grã-Bretanha, há regras importantes sobre o comportamento da mídia. Mas acho que Dilma, por causa desta postura da maioria dos atores da mídia contra o governo dela, parece que ela tem hesitação em enfrentar essa questão”, observa o professor.

    Green vai na mesma linha: “Eu não conheço nenhum outro país democrático em que a grande imprensa apóia um só partido político e é totalmente contra um governo. Não existe isso. Nos Estados Unidos, tem jornais liberais, jornais conservadores, a linha editorial é uma coisa, as reportagens são outra coisa. No Brasil, não é nada disso. As reportagens, as manchetes, são totalmente parciais e politizadas, explica que só existe uma versão sendo transmitidas para as classes médias que compram os jornais e para as classes populares, que assistem ao Jornal Nacional, da Rede Globo”.

    Curiosamente, os dois especialistas concordam em discordar da imprensa brasileira no que tange a análise dos resultados eleitorais e o prognóstico para os próximos anos de Dilma Rousseff à frente da presidência. Um deles vem da Inglaterra, que é a mãe biológica do neoliberalismo. O outro, dos Estados Unidos, pai de criação. E os dois acreditam que, enquanto a grande mídia for regulada exclusivamente pelo mercado, nossa democracia não será completa.

  12. Geraldo Alckimin se prepara para ser o próximo presidente do Br

    Do Yahoo Notícias

    Como Geraldo Alckmin, representante da linha-dura tucana, se prepara para ser o próximo presidente do Brasil

     

    Laura Capriglione – 11 horas atrás 

    Uma turma de tucanos e afins venceu a eleição, ainda que o TSE tenha anunciado a vitória da petista Dilma Rousseff. Geraldo Alckmin é seu líder. São os linhas-duras, como o coronel Telhada, os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano, as viúvas da Ditadura; são os neo-bandeirantes, que professam um barulhento regionalismo contra o norte e o nordeste; os que defendem o encarceramento em massa e a redução da maioridade penal; os que enaltecem a polícia violenta e se opõem à ampliação dos direitos LGBTT e da mulher; a turma que tem ojeriza à ideia de descriminalizar o uso da maconha.

    As urnas mostraram que as hostes de Geraldo Alckmin avançaram sobre territórios petistas nunca dantes alcançados, enquanto as Minas Gerais de Aécio Neves humilharam o candidato tucano, votando majoritariamente em Dilma.

    O mesmo aconteceu em Pernambuco, onde a família de Eduardo Campos, depois de decidir por Aécio, amargou a derrota que o finado jamais experimentou.

    Alckmin saiu do segundo turno já consagrado como o próximo candidato tucano à presidência da República. 

    Costuma-se perguntar o que Geraldo Alckmin tem tanto a seu favor que nada, nem as contas secretas dos operadores do escândalo do metrô; nem a implantação da USP Leste sobre um lixão tóxico; nem os índices crescentes de criminalidade no Estado; nem as torneiras secas e a incompetência da Sabesp, conseguiram derrubá-lo.

    Pois o que ele tem é uma narrativa coerente. Ele convence como um conservador que vive em consonância com o conservadorismo que professa.

    Ele não finge ser contra o aborto, como fez a mulher de José Serra, Monica Serra. Todos se lembram dela fingindo indignação para denunciar que Dilma seria “a favor de matar as criancinhas”. Depois se soube que a própria Monica Serra, ela mesma, já havia feito um aborto, anos antes.

    Alckmin não é assim. Ele é sinceramente contra.

    Filho de um conservador simpático ao Opus Dei, Alckmin tem sólida formação católica. Ele não finge que defende os direitos humanos. “Quem não reagiu está vivo”, disse o governador paulista certa vez, justificando um massacre cometido pela PM, a mesma PM que acaba de bater mais um recorde de letalidade, com o crescimento em 150% no número de mortes decorrentes –alegadamente – de confronto.

    Alckmin não dá folga para os usuários de drogas –e as cadeias paulistas estão cheias de jovens presos com quantidades ínfimas de maconha ou outras substâncias. Isso apesar de seu correligionário e estrela maior do tucanato, Fernando Henrique Cardoso, ser um ferrenho defensor da descriminalização da maconha. E apesar de Aécio Neves ser sempre relacionado a comportamentos heterodoxos na área.

    E não venham falar em penas alternativas. Isso não é com Alckmin, o homem para quem governar é construir cadeias. No início do ano, ele prometeu entregar até dezembro 11 novas unidades prisionais no Estado. Serão mais 8.728 vagas abertas na verdadeira escola do crime que é o sistema carcerário, sabidamente controlado pelo PCC.

    Ah, e tem a questão da redução da maioridade penal, mas nesse quesito São Paulo está na vanguarda, já dispensando aos menores infratores tratamento equivalente ao dos detentos em cadeias para adultos (veja, a propósito, entrevista com o antropólogo Fábio Mallart.

    É uma agenda conservadora, que retira sua força do medo dos cidadãos paulistas de serem atingidos pela violência da bandidagem. E como não temer essa violência se a Capital de São Paulo registrou até setembro 121.940 roubos, número que quase se iguala ao total de roubos registrado em 2013 inteiro?

    Alckmin é mestre no manejo da narrativa da violência. Se o número de crimes aumenta, ele anuncia mais polícia nas ruas, mais prisões. E logo surge uma estatística mostrando que a PM está matando mais – o que os arautos da violência policial apresentam como a prova de que as forças da lei e da ordem estão trabalhando.

    É por essas e outras que Alckmin se tornou o grande vitorioso na derrota tucana. Um Aécio colado em FHC não conseguiu nem sequer ganhar em seu próprio Estado. Marina e a agenda sonhática desidratou-se no embalo das idas e vindas de sua proverbial falta de convicção.

    Vários marqueteiros e alguns luminares atribuíram a derrota tucana à incapacidade da campanha de Aécio em entender os eleitores, grandemente transformados depois de 12 anos de governos petistas.

    “A sociedade brasileira é outra. E o PSDB tem dificuldade de reconhecer que, durante o governo Lula, houve melhoria expressiva”, disse o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso. Querer ganhar eleição com um programa de governo que tinha como ponto forte a volta de Armínio Fraga, convenhamos, foi coisa de doido.

    Alckmin é diferente. Ele entende e oferece algum tipo de resposta para as angústias desse novo eleitor, que conseguiu comprar o primeiro carro, o primeiro celular chique, a primeira geladeira dúplex, além de colocar o primeiro filho na faculdade.

    Oferece a repressão brava contra quem queira tomar na marra o que foi tão arduamente conquistado. Não resolve, mas consola saber que “vai ter troco”. É disso que vivem os programas sensacionalistas, Datenas e Marcelos Rezendes, de todas as tardes.

    Isso posto, é razoável supor que a renovação no ninho tucano jogue fora a agenda descriminalizadora, FHC e os antigos fundadores do PSDB  – tudo junto – para melhor acolher a linha-dura dos setores mais conservadores do partido. E que a próxima campanha eleitoral tucana dê-se sob o signo da ordem e da moralidade alckmista (sem esquecer o receituário ortodoxo e privatista de sempre).

    A saída para a esquerda é parar de se fingir de poste quando a questão é o enfrentamento das questões ligadas aos direitos humanos. Já se viu que o reencantamento da juventude com a política passa pela questão das drogas (como fez a esquerda uruguaia), pela luta contra o racismo e a homofobia, em defesa dos direitos da mulher, pelo acesso à cultura e à educação, pelo direito à cidade de todos, pela agenda ambiental, pela diversidade.

    Os imensos progressos materiais que o povo pobre tem realizado sob os governos petistas até agora serviram mais para alimentar a fogueira do individualismo, do egoísmo e do consumismo do que para forjar novas formas de solidariedade, tão necessárias à idéia de um país justo e fraterno. Este é um dos maiores e mais importantes desafios do PT e da esquerda na próxima gestão Dilma.

    Em tempo: Contrariando todas as expectativas, as pesquisas e os prognósticos, em plebiscito realizado no domingo, dia 26 de outubro, o Uruguai rejeitou a redução da maioridade penal. Mostra que a esquerda ganhou um importante round na disputa pelos corações uruguaios. E se fosse aqui?

    Quem quiser ver os argumentos contra a redução da maioridade usados lá, leia aqui.

    https://br.noticias.yahoo.com/blogs/laura-capriglione/como-geraldo-alckmin-representante-da-linha-dura-012612857.html

     

     

  13. A montagem do voto de Sarney em Aécio é grosseira!!!

    A montagem do voto de Sarney em Aécio é grosseira!!!

    Publicado em outubro 30, 2014 por Caio Hostilio

    Foram divulgados dois vídeos mostrando o senador José Sarney (PMDB-AP) supostamente votando em Aécio Neves (PSDB) para presidente da República nas eleições de domingo.

    O primeiro vídeo mostra o senador de corpo inteiro, além de uma área bem maior do ambiente, cujos detalhes são bem peculiares, pois as cores são evidenciadas nas cores azul e cinza. Observe o circulo que fiz no momento em que ele leva o dedo para digitar os números e verifique que no ângulo do biombo não aparecem uma pela de metal e sequer uma cadeira azul.

    No segundo vídeo mostra apenas a suposta mão do senador levando o dedo para efetuar a digitação. Agora, observe que no ângulo do biombo não aparece mais a peça de metal e sequer a cadeira azul.

    Portanto, a assessoria de Sarney está correta ao afirmar que o vídeo não é verdadeiro e faz parte da “guerra suja” da disputa eleitoral.

    sarney montagem

  14. Sinto que o Estado quer me enterrar viva’

    Sinto que o Estado quer me enterrar viva’, diz professora readaptada

    Por Cristiane Capuchinho – iG São Paulo |

    30/10/2014 09:00- Atualizada às 30/10/2014 09:43

    Professores readaptados relatam o sentimento de inutilidade e contam casos de assédio moral e de preconceito na escola

    Desde dezembro de 2013, professores readaptados da rede estadual se reúnem pela internet para compartilhar experiências, dificuldades e informações sobre sua categoria. Readaptados são professores que deixaram a escola por problemas como depressão ou doenças ortopédicas e, por não terem condições de voltar à sala de aula, são recolocados na escola para outros trabalhos.

    Na rede estadual de São Paulo, 14.340 professores estavam fora das salas de aula em maio de 2013. O número de docentes readaptados após licença médica cresceu 25% em 2 anos: eram 11.872 em 2011. O problema se repete em redes municipais e também em outras redes estaduais do país. No caso da cidade de São Paulo, 5.647 docentes – o que corresponde a 9,7% da rede – estavam readaptados em março de 2012, segundo o Atlas Municipal de Gestão de Pessoas da Prefeitura de São Paulo 2013. 

    + Redes não definem função de readaptados na escola

    Sem função clara dentro da escola, os docentes relatam cumprir serviços de telefonista e de secretária, sofrerem preconceito e até assédio moral. O iG conversou com algumas das professoras para saber quais os principais problemas que enfrentam. Confira abaixo.

    ‘Me sentia deslocada, como um peixe fora d’água’

    Acervo pessoalRosi Tomura (à esq.) e Grizélia Gonçalves fazem parte do grupo de readaptados

    A professora Glizélia Gonçalves, 34, está readaptada em escola estadual da capital paulista desde 2012 por problemas na coluna que a obrigam a usar bengala. Trabalhando em uma escola cheia de escadas, a professora conta que só restou a ela ficar na secretaria da escola.

    “Eu me sentia deslocada, como um peixe fora d’água. Nunca tive pretensão de fazer trabalho burocrático. Sem falar que o problema na coluna me deixa muito limitada quanto a fazer esforços físicos, isso passa a impressão para os gestores da escola de que não quero trabalhar.”

    Nesse período, Glizélia conta ter sido vítima de assédio moral. “Pegava dois ônibus para ir trabalhar, machucando a coluna no trajeto, para chegar lá e ouvir que eu não servia para nada. Ouvir a vice-diretora gritar comigo, como se eu tivesse culpa por ter ficado doente. Eu superei muitas coisas na minha vida, mas não sobrevivi à readaptação. Às vezes, eu sinto que o Estado quer me enterrar viva.”

    Após isso, a professora diz que desenvolveu síndrome do pânico. “[A vice-diretora] não aceitava minhas limitações físicas. Às vezes, fazia até piadinhas pelo fato de eu não ser tão ágil quanto elas. Dava a impressão que ela odiava conviver com uma pessoa doente ou limitada. Comecei a passar muito mal no horário de ir trabalhar, tinha crise de falta de ar, palpitações etc.”

    Hoje, Glizélia está afastada após perder a visão de um dos olhos e aguarda cirurgia no Sistema Único de Saúde.

    ‘Perdemos nossa identidade, não sabemos mais quem nós somos’

    Acervo pessoalA professora Maria do Socorro Silva foi readapta por problemas ortopédicos

    Professora em Santo André, Maria do Socorro Silva, 50, teve que se afastar da sala de aula por causa de problemas ortopédicos. Desde 2006 faz parte da categoria de readaptados. Ao longo de oito anos, a professora conta que desempenhou diversas atividades ligadas aos alunos: “trabalhei na biblioteca, na sala de informática, organizava as festas dos alunos”.

    Após um desentendimento com o diretor da escola em dezembro de 2013, a professora conta que ficou sem função dentro da escola. “Sofri assédio moral. Sofri perseguição. E cada dia que eu ia para a escola e não me era atribuída uma função, eu registrava”, conta.

    “Quando eu estava trabalhando com a parte pedagógica, eu tinha estímulo para estar lá, eu ia trabalhar feliz. Nesse período desde dezembro, eu lutei diariamente para não entrar em depressão.” O que Maria do Socorro quer é uma função na área pedagógica para que possa aproveitar seus conhecimentos no ensino. “O limbo é exatamente onde estamos. Nós perdemos nossa identidade, não sabemos mais quem nós somos.”

    ‘Sinceramente, não sei o que faço na escola’

    Acervo pessoalProfessora K. Silva, readaptada na rede estadual de São Paulo

    Com problemas ortopédicos por conta de obesidade mórbida, diabetes e tomando antidepressivos, a professora K. Silva, 53, tem experiências bastante diferentes entre dois momentos em que foi readaptada na rede estadual de São Paulo.

    “Na primeira readaptação, ajudava na secretaria, na biblioteca, junto à direção e à coordenação. Elaborava excursões, festas e passeios, e ajudava a fazer, por exemplo, o Plano de Gestão da Escola. Me sentia bem útil. Quando voltei desta vez a ser readaptada, me sinto inútil, pois não tenho uma função estipulada. Hoje sinceramente não sei o que faço na escola. Procuro atividades que possam auxiliar minhas colegas em sala de aula. Ligo e desligo datashow, abro a biblioteca pela manhã”, afirma.

    K. diz que gostaria de voltar a ajudar professoras, mas é impedida pela equipe gestora da unidade. “A pior coisa é levantar cedo e não ter nada para fazer ao certo.” “Poderia auxiliar mais as professoras na parte pedagógica, pesquisando temas que elas necessitassem em suas aulas. Sei da grande dificuldade que é estarmos lecionando e ainda termos tempo para pesquisar novas atividades, recursos para melhorarmos nossas aulas”, sugere.

    http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-10-30/sinto-que-o-estado-quer-me-enterrar-viva-diz-professora-readaptada.html

     

  15. Petrobras contrata duas empresas para investigar denúncias de co

    Petrobras contrata duas empresas para investigar denúncias de corrupção

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-10/petrobras-divulga-nome-de-empresas-que-farao-investigacao-interna

     

    Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco

    A Petrobras divulgou, no início da tarde de hoje (30), o nome das empresas que foram contratadas para fazer uma investigação interna sobre os casos de corrupção denunciados pelo ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa.

    Em nota, a estatal confirmou a contratação de uma empresa brasileira, Trench, Rossi e Watanabe Advogados, e uma americana, Gibson, Dunn & Crutcher LLP, para apurar as denúncias feitas pelo ex-diretor.

    De acordo com a nota, as contratadas são duas empresas independentes especializadas em investigação e vão “apurar a natureza, a extensão e o impacto das ações que porventura tenham sido cometidas no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto material sobre os negócios da companhia”.

     

    Mais: http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-contratacao-de-empresas-independentes.htm

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