Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. O coice da revista do PSDB (a Veja) na Dilma

    Veja bate recorde de capa mais idiota. Só prova honestidade de Dilma.

    http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/11/veja-bate-recorde-de-capa-mais-idiota.html

     

    A revista Veja desta semana deu mais um vexame e corre o risco de entrar para o livro dos recordes como a reportagem mais idiota do mundo.

    Querendo derrubar Dilma, só provou a honestidade da presidenta. Pois a revista e seus vazadores vasculharam, procuraram coisas no material da Operação lava-jato e só conseguiram achar um email sem nada suspeito, de Paulo Roberto Costa para Dilma, em 2009, quando ela era ministra da Casa Civil e ele era diretor da Petrobras.

    Até os assinantes burros da Veja (para continuar assinando a Veja tem que ser muito burro), se lerem o email com objetividade chegarão à conclusão:

    1) O email não tem nada de mais, nem nada suspeito. Poderia ser publicado no Diário Oficial, como um ofício qualquer de um órgão para outro.

    2) O conteúdo do email apenas encaminha para Dilma cópia do relatório do TCU que recomendava paralisação de obras em refinarias. O relatório é público, não contendo nenhum segredo, e foi enviado tanto à Petrobras como a própria Casa Civil recebeu também diretamente do TCU.

    3) Só mostra que Dilma é honesta, trabalhadora e exigente em ser informada sobre qualquer coisa que afetasse o cronograma das obras do PAC que seu ministério acompanhava na época. Um diretor recebeu um relatório que poderia afetar o andamento e encaminhou como, provavelmente, deveriam fazer todos os funcionários que tivessem responsabilidade sobre o andamento de obras.

    4) O email usou endereço oficial de trabalho da Petrobras para o endereço oficial de trabalho da Casa Civil no Palácio do Planalto.

    5) Foi enviado por uma funcionária de Paulo Roberto a pedido dele e endereçado para o então chefe de gabinete da Casa Civil, com cópia para o endereço genérico do gabinete da Casa Civil, que deve ser processado por funcionários. Portanto não se trata de qualquer comunicação sigilosa, nem pessoal.

    6) O texto mostra que Paulo Roberto Costa não tinha a menor proximidade com Dilma, pelo tratamento formal.

    Eis a íntegra transcrita do e-mail, segundo a Veja:

    De: [email protected] Em nome de [email protected]
    Enviada em: terça-feira, 29 de setembro de 2009 19:53
    Para: [email protected]; [email protected]
    Assunto: TCU. FISCOBRAS 2009 – OBRAS COM RECOMENDAÇÃO DE PARALISAÇÃO. Situação da REPAR, Refinaria Abreu e Lima e Construção de terminal de granéis líquidos no porto de Barra do Riacho/ES.
    .
    Senhora Ministra Dilma Vana Rousseff,
    .
    Seguem em anexo os dados do TCU (FISCOBRAS 2009) com a recomendação de paralisação de três obras do Abastecimento:
    .
    1) RNEST (Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco);
    2) REPAR (Refinaria Getúlio Vargas, no Paraná) e
    3) Terminal de granéis líquidos no Espírito Santo – Obra do Plangás (GLP).
    .
    Conforme consta na nota, os processos são preliminares, não representando a posição final do TCU, assim como o TCU está enviando a CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso Federal, a quem compete a paralisação ou não das obras.
    .
    No ano de 2007, o TCU propôs a paralisação de quatro obras da Petrobras, não tendo tal posicionamento sido ratificado pelo Congresso Nacional.

    Como se vê, não há nada no email que indique maracutaia.

    A Veja trata seus leitores como sendo tão burros, que “interpreta” o email como se o próprio Paulo Roberto Costa estivesse se auto-denunciando na época.

    A Presidência da República emitiu a seguinte nota sobre a revista:

    Nota à imprensa sobre reportagem da revista Veja

    A reportagem de capa da revista Veja de hoje é mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos.

    Depois de tentar interferir no resultado das eleições presidenciais, numa operação condenada pela Justiça eleitoral, Veja tenta enganar seus leitores ao insinuar que, em 2009, já se sabia dos desvios praticados pelo senhor Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras demitido em março de 2012 pelo governo da presidenta Dilma.

    As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

    Aos fatos:

    Em 6 de novembro de 2014, Veja procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informando que iria publicar notícia, “baseada em provas factuais”, de que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu mensagem eletrônica do senhor Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, sobre irregularidades detectadas em 2009 pelo Tribunal de Contas da União nas obras da refinaria Abreu e Lima. O repórter indagava que medidas e providências foram adotadas diante do acórdão do TCU. A revista não enviou cópia do e-mail.

    No dia 7 de novembro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República encaminhou a seguinte nota para a revista:

    “Em 2009, a Casa Civil era responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, relatórios e acórdãos do TCU relativos às obras deste programa eram sistematicamente enviados pelo próprio tribunal para conhecimento da Casa Civil.

    Após receber do Congresso Nacional (em agosto de 2009), do TCU (em 29 de setembro de 2009) e da Petrobras (em 29 de setembro de 2009), as informações sobre eventuais problemas nas obras da refinaria Abreu e Lima, a Casa Civil tomou as seguintes medidas:

    a. Encaminhamento da matéria à Controladoria Geral da União, em setembro de 2009, para as providências cabíveis;

    b. Determinação para que o grupo de acompanhamento do PAC procedesse ao exame do relatório, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras;

    c. Participação em reunião de trabalho entre representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento, Petrobras e MME, após a inclusão da determinação de suspensão das obras da refinaria Abreu e Lima no Orçamento de 2010, aprovado pelo Congresso.

    Nesta reunião, realizada em 20 de janeiro de 2010, “houve consenso sobre a viabilidade da regularização das pendências identificadas pelo TCU” nas obras da refinaria Abreu e Lima (conforme razões de veto de 26 de janeiro de 2009). Foi decidido, também, o acompanhamento da solução destas pendências, por meio de reuniões regulares entre o MME, o TCU e a Petrobras.

    A partir daí, o Presidente da República decidiu pelo veto da proposta de paralisação da obra, com base nos seguintes elementos:

    1) a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis;

    2) as informações prestadas em nota técnica do MME que evidencia os prejuízos decorrentes da paralisação; e

    3) o pedido formal de veto por parte do então Governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

    Este veto foi apreciado pelo Congresso Nacional, sendo mantido.

    A partir de 2011, o Congresso Nacional, reconhecendo os avanços no trabalho conjunto entre MME, Petrobras e TCU, não incluiu as obras da refinaria Abreu e Lima no conjunto daquelas que deveriam ser paralisadas.

    E a partir de 2013, tendo em vista as providências tomadas pela Petrobras, o TCU modificou o seu posicionamento sobre a necessidade de paralisação das obras da refinaria Abreu e Lima”.

    A inconsistência da reportagem de Veja é evidente. As pendências apontadas pelo TCU nas obras da refinaria Abreu e Lima já haviam sido comunicadas, em agosto, à Casa Civil pelo Congresso e foram repassadas ao órgão competente, a CGU.

    Como fica evidente na nota, representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia discutiram a solução das pendências e, posteriormente, o Congresso Nacional concordou com o prosseguimento das obras na refinaria.

    Mais uma vez, Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade dos fatos. Mais uma vez, irá fracassar.

    Secretaria de Imprensa
    Presidência da República

  2. Nas provas, Lava Jato se parece com Guantânamo, diz advogado

    Publicado em 24/11/2014

    STF é refém do Moro

    “Fale num tucano grosso, de privilegiado foro, e seu depoimento será interrompido” – ​Advogado a delator seletivo, segundo navegante do C Af.

    http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/11/24/stf-e-refem-do-moro/

    Compar 

     

     

    O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista do advogado Alberto Zacharias Toron a Mario Cesar Carvalho, na Fel-lha, que se locupleta com os “vazamentos seletivos” da Vara do Moro.

    Toron é advogado de Ricardo Pessoa, da UTC, uma das vítimas do encarceramento televisivo promovido por Moro.  
     

    Nas provas, Lava Jato se parece com Guantánamo, diz advogado

     

    (…)

    A Lava Jato teve os cuidados exigidos pela delação?

    Acho que não. Vamos pegar o caso da UTC. Há dois meses nós pedimos vista ao conteúdo das delações, porque houve um vazamento, dando conta de que a UTC e outras empresas estavam envolvidas em pagamento de propina e em cartel. Tenho o direito de saber do que sou acusado para me defender.

    Os processos de Guantánamo tinham provas secretas. Do ponto de vista das provas, a Lava Jato é semelhante a Guantánamo. É inadmissível que haja processos ou inquéritos com acusações gravíssimas, prisões, sem que os acusados tenham noção completa do que foi dito.

    (…)

    Eu não posso dizer que o Supremo é refém do [juiz federal Sergio] Moro. Mas até este momento o Supremo coonestou com uma verdadeira farsa. Nós vimos pela TV que o delator, ao prestar suas declarações, ia citar o nome de político e o juiz dizia”não”. É uma farsa.

    (…)

    Por quê?

    Para conservar a competência de primeiro grau, o juiz impede a pessoa de citar o político que recebeu dinheiro. Vejo uma perigosa leniência. Isso fragmenta artificialmente o fato, de modo a não deslocar a competência ao Supremo, onde o caso inteiro deveria estar. Não se pode impedir a pessoa de mencionar quem está no circuito do crime.

    (…)

    Por que as empreiteiras querem tirar o juiz do caso?

    Nós, advogados que temos experiência com o juiz Moro, temos uma profunda reserva em relação à forma como ele conduz as investigações. Você vai dizer que o juiz não conduz as investigações, mas neste caso o juiz muitas vezes está à frente do Ministério Público. Não queremos ter um juiz acusador. Queremos ter um juiz equidistante da polícia e do Ministério Público.

    O juiz tomou partido?

    Acho que não temos esse juiz equidistante. É triste e me pesa dizer isso, mas ele perdeu a imparcialidade. Acho que, apesar da retórica, ele já julgou o caso e nós vamos cumprir tabela. É por isso que decreta as prisões, num prejulgamento dos empreiteiros.

     

  3. Paulo Nogueira: “Toffoli se aliou a Gilmar numa trama golpista?”

    Só o Sombra sabe o que se passa no coração dos homens, dizia uma antiga história em quadrinhos.

    Isto posto, fora o Sombra, ninguém tem condições de dizer o que se passa no coração de Dias Toffoli, do STF – exceto ele mesmo, naturalmente.

    Essa questão ganhou vulto nas últimas semanas, depois que Toffoli foi colocado no  centro de uma alegada conspiração para derrubar Dilma no tapetão.

    O maior propagador dessa tese é o jornalista Luiz Nassif, segundo quem Toffoli estaria aliado a Gilmar Mendes e a Sergio Moro, o responsável pela operação Lava Jato.

    Respeito e admiro Nassif, em quem reconheço um pioneirismo no jornalismo digital alternativo à grande mídia, mas não consigo ver sentido nessa suposta conspiração.

    Gilmar é Gilmar, um juiz que se guia por intensa raiva do PT, mas Toffoli parece ser de outra natureza.

    Colunistas conservadores sempre o criticaram por conta de antigos laços com o PT, embora ele tenha tido mão pesada, como todo o STF no conjunto, no julgamento do Mensalão.

    Toffoli, que além de pertencer ao Supremo é presidente do TSE, foi incluído no suposto complô por causa de sua atitude na questão das contas de Dilma.

    O exame das contas estava entregue a um juiz do TSE que se aposentou. A substituição poderia ter sido acompanhada por Dilma, mas ela viajou para a Austrália para a reunião do G-20.

    Toffoli não esperou que Dilma voltasse, e sorteou um novo relator para examinar as contas. Deu Gilmar, que como Toffoli acumula o Supremo e o TSE.

    É verdade que foi um tremendo azar: Gilmar, é claro, fará tudo para enxergar problemas graves nas contas de Dilma.

    Mas, concretamente, do que pode ser acusado Toffoli? Em essência, ele cumpriu sua obrigação no TSE. Apenas não esperou Dilma.

    Mas por que haveria de esperar? Por motivações políticas? Um momento: ele está no TSE e no Supremo para fazer política ou para fazer — ou ao menos tentar fazer — justiça?

    Para aceitar a tese da conspiração golpista, você tem que supor que o sorteio foi forjado, e aí o roteiro sugere muito mais ficção do que realidade.

    É virtualmente impossível imaginar Toffoli e Gilmar juntos em qualquer coisa que fuja das atividades em comum que têm no Supremo.

    Agora mesmo: Toffoli tem defendido vigorosamente o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais, e Gilmar está do lado oposto.

    Há meses Gilmar segura uma emenda que trata exatamente desse assunto.

    De resto, a tese do golpe fraqueja também no seguinte. Gilmar é apenas um voto entre sete integrantes do TSE.

    Ainda que ele crie problemas, faltariam mais três votos para reprovar as contas.

    Não parece haver clima para golpe jurídico de nenhuma natureza. Até porque o Supremo, por onde o processo teria forçosamente que passar, tem o comando sereno e equilibrado de Lewandowski, um juiz que nada tem da inconsequência perigosa de Joaquim Barbosa.

    As especulações em torno de Toffoli parecem estar ligadas sobretudo à polarização que divide o país e pode criar fantasmas do que a qualquer outra coisa.

    Só o Sombra sabe o que se passa no coração dos homens, repito.

    Mas, dada esta ressalva, Toffoli não está  fazendo nada além de cumprir suas obrigações de presidente do TSE.

    DCM

  4. Petrobras e corrupção
    A Petrobras e os casos de corrupção: ‘nunca se roubou tão pouco’

    link:  http://www.jb.com.br/pais/noticias/2014/11/23/a-petrobras-e-os-casos-de-corrupcao-nunca-se-roubou-tao-pouco/

    Jornal do Brasil
    A Operação Lava Jato vem gerando surpresas em alguns brasileiros. A existência de casos de corrupção na estatal, contudo, não se trata exatamente de uma novidade. Diferentes casos já ganharam diferentes espaços na mídia. De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema criminoso investigado pela Operação Lava Jato atua na estatal pelo menos desde 1999. Relatos dão conta, contudo, de que esse histórico seria mais longo, na empresa fundada em 1953 e que construiu sua primeira plataforma móvel de perfuração em 1968.

    O jornalista Paulo Francis, por exemplo, já havia afirmado em 1997 no programa Manhattan Connection que existia esquema de roubalheira na Petrobras. Ao contrário de ver o início de uma investigação séria sobre a acusação, foi o próprio condenado em um processo de US$ 100 milhões.

    Há quinze anos, durante o governo de FHC, “ocorreu o mais ruinoso negócio da história da empresa: uma troca de ações entre a estatal brasileira e a espanhola Repsol”, lembra Paulo Moreira Leite, em artigo publicado no início da semana no Brasil 247. A Petrobras entrou com bens avaliados em US$ 3 bilhões, recebeu US$ 750 milhões, em um prejuízo quatro vezes maior do que a usina de Pasadena. O processo parado no STJ, porém, não apontou responsáveis nem condenou ninguém.

    “Dois anos depois da AP 470, era de se imaginar uma investigação menos seletiva e mais isenta, traços indispensáveis de qualquer esforço para combater a corrupção — comportamento que pode ser definido, essencialmente, como a venda de acesso privilegiado aos cofres do Estado”, destaca Paulo Moreira Leite sobre o mensalão e os resultados da Operação Lava Jato, lembrando ainda que acusados do mensalão-PSDB-MG nem foram a julgamento, embora o caso seja mais antigo.

    Os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Roberson Henrique Pozzobon e Diogo Castor de Mattos, no parecer que pedia à Justiça Federal do Paraná o bloqueio dos bens de empreiteiras apontadas na Operação Lava Jato, atestam: “Muito embora não seja possível dimensionar o valor total do dano é possível afirmar que o esquema criminoso atuava há pelo menos 15 anos na Petrobras, pelo que a medida proposta (sequestro patrimonial das empresas) ora intentada não se mostra excessiva”. A íntegra no documento foi disponibilizada pelo jornal Estado de S. Paulo.

    Ricardo Semler, empresário e sócio da Semco Partners que se declara tucano, ressalta que não é possível vender serviços ou produtos ao Estado no Brasil sem pagar propina desde 1970, em artigo publicado na Folha de S. Paulo desta sexta-feira (21), intitulado Nunca se roubou tão pouco. Ele indica que enquanto cálculos dos que monitoram a corrupção indicam que hoje 0,8% do PIB brasileiro é roubado, essa proporção já foi de 3,1% e até de 5% há poucas décadas. “Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 1970. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 1980, 1990, e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito”, diz.

    Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão pelos empresários?
    Semler ressalta, então, que a única coisa que mudou nos últimos anos é que o porcentual de roubalheira caiu. “Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão – cem vezes mais que o caso Petrobras – pelos empresários?”, questiona Semler, que foi professor vistante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

    “Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Monto, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para esse país. É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo”, diz o empresário, para depois destacar também que é raro ganhar uma concessão no país sem empresas comandadas por bandidos, o que não é diferente, acrescenta, no próprio mercado, em negociações entre empresas privadas. Para Semler, o Brasil é que precisa entrar em um estágio de cura, não um partido específico.

    >> Empreiteiras: um histórico de escândalos que abala o país há décadas – Reportagem dos anos 1980 já trazia extenso levantamento 

    O jornalista Ricardo Boechat, no início da última semana, no seu programa na Band News FM, também chamou a atenção para o histórico de casos de corrupção relacionados à estatal, criticando o oportunismo de alguns políticos ao lidar com o caso. Ele comentou que, enquanto o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltava que a Operação Lava Jato não é nem deve ser vista como terceiro turno, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público para dizer que sentia vergonha.

    “Acho que ele está sendo oportunista quando ele começa a sentir vergonha com a roubalheira ocorrida na gestão alheia. É o tipo da vergonha que tem a memória controlada pelo tempo, a partir de um certo tempo para trás ou para frente você para de sentir vergonha. Porque o presidente Fernando Henrique Cardoso é um homem suficientemente experiente e bem informado, bem informado, para saber que na Petrobras se roubou também durante o seu governo. (…) Presidente, dá um desconto porque só falta o senhor achar que na gestão do Sarney não teve gente roubando na Petrobras, na gestão do Fernando Collor não teve gente roubando na Petrobras, na gestão sua não teve gente roubando na Petrobras, na gestão do Itamar não teve gente roubando na Petrobras”, destacou Boechat, lembrando ainda que ele próprio ganhou um Prêmio Esso em 1989 denunciando “roubalheira” na Petrobras, na BR Distribuidora. 

    Em Brisbane (Austrália), logo após o encerramento da Reunião de Cúpula do G20, no domingo (16), a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a investigação feita na Petrobras mudará as relações entre sociedade, Estado e empresas privadas. “O fato de nós, neste momento, estarmos com isso de forma absolutamente aberta, sendo investigado, é um diferencial imenso”, afirmou Dilma.

    De acordo com a presidente, este é o primeiro caso de corrupção efetivamente investigado no Brasil: “Esse não é, de fato, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo de corrupção do país. Agora, ele é sim o primeiro escândalo na nossa história realmente investigado, o que é muito diferente”, reforçou Dilma. “Nós tivemos o primeiro escândalo da nossa história investigado. Há aí uma diferença substantiva e eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido que vai se acabar com a impunidade. Essa é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que ela não é algo engavetável”.

    De acordo com as investigações da Operação Lava Jato, empreiteiras formavam um cartel e repassavam um percentual dos contratos superfaturados ao PT, PP e PMDB, que controlariam diferentes diretorias na estatal. A CPI Mista aprovou um requerimento de quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado por Costa como suposto operador do partido em um esquema de corrupção dentro da Petrobras. A quebra de sigilo foi aprovada em placar apertado na CPI, 12 votos a 11. Parlamentares da base aliada contestaram a decisão de não ampliar o requerimento para quebrar o sigilo de tesoureiros de outros partidos do país. 

    “Quero externar minha indignação da não extensão do requerimento aos tesoureiros de outros partidos que recebem recursos dessas empresas”, disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), ao lembrar que as empreiteiras fizeram doações de campanha para diferentes legendas nas eleições.

    O deputado Luiz Couto (PT-PB) reiterou que é preciso “passar tudo a limpo”, inclusive os casos de corrupção ocorridos em governos tucanos. “É preciso ver o que aconteceu com a pasta cor-de-rosa, com o dinheiro que foi desviado do Banestado, do Paraná. É preciso também investigar a questão da compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, que ficou abafada. Não foi investigada, porque naquele momento a Presidência da República, do PSDB, mandava que não houvesse investigação”.

    O jornalista e escritor Luciano Martins Costa afirma, em artigo publicado no portal Observatório da Imprensa, destaca que “o alto risco dessa operação reside no fato de que sua continuidade pode depender do empenho da imprensa em dividir com equilíbrio e de forma equânime as responsabilidades, sem omitir ou dissimular as culpas conforme a filiação partidária dos acusados”.

    Costa lembra ainda do episódio do jornalista Paulo Francis que, em 1997, afirmou em comentário no programa Manhattan Connection que havia um esquema de roubalheira na Petrobras. Abriu-se então um processo de US$ 100 milhões contra Francis. “Portanto, está definido o ponto mínimo de movimentação da imprensa diante do escândalo, sem o qual o noticiário deixa de merecer credibilidade: quais eram os fatos a que se referia o polêmico comentarista?”, questiona.

    “O jornalista Franz Paul Heilborn, que assinava sua coluna nos jornais e se apresentava na TV como Paulo Francis, morreu menos de um mês depois de ser informado por seus advogados de que não tinha como se defender no processo movido pela Petrobras na corte de Nova York. Como havia acusado sem provas, baseado em fontes que não podia revelar, entrou em depressão e sofreu um estresse que causou sua morte por um ataque cardíaco, segundo revelou sua mulher, a jornalista e escritora Sonia Nolasco”, lembra o jornalista.

    Para ele, se for investigar as origens do escândalo, será preciso reconhecer que a corrupção na estatal tem raízes mais profundas. Francis já dizia nos anos 1990 que “diretores da Petrobras engordavam contas bancárias na Suíça com dinheiro de propinas obtidas na compra de equipamentos”. “Os jornais não poderão seguir com seu joguinho de mostra-e-esconde. O fantasma de Paulo Francis vai assombrar as redações”, alerta.

  5. Estado de S Paulo
    Brasil tem

    Estado de S Paulo

    Brasil tem uma das telefonias mais caras do mundo, aponta estudo

    Jamil Chade – O Estado de S. Paulo

    24 Novembro 2014 | 10h 31

    Trabalhador brasileiro destina proporção maior da renda a ligações do que cubano; custo de ligação é maior do em países da África, Ásia e Europa, segundo estudo de uma organização internacional

    Telefônica é a pior no ranking do Procon-SP

    GENEBRA – A telefonia e o acesso à Internet no Brasil ainda estão entre os mais caros do mundo e os custos freiam a capacidade de garantir que os serviços cheguem a toda população. A desigualdade social é traduzida também para uma desigualdade digital profunda. O alerta é da União Internacional de Telecomunicações que, em um estudo publicado em Genebra.

    No Brasil, o custo da Internet para a população mais carente é 20 vezes o peso que o mesmo serviço representa para os mais ricos. 44% das pessoas que tem computador em casa não consegue pagar uma assinatura para ter Internet. 

    O documento revela que o custo de uma ligação pelo telefone celular no Brasil é superior a todos os países europeus e que consome uma proporção maior da renda que em países como Cuba, Paquistão, Argélia ou Guine Equatorial. 

    De 166 países avaliados, apenas 47 deles tem um custo superior na ligação ao que o brasileiro paga no celular, entre eles Etiópia, Albania, Ruanda e Madagascar. Os locais onde a ligação tem o menor custo são Macao, Hong Kong e Dinamarca. 

    O pacote que serve de comparação seria a assinatura mensal de um celular, com 30 ligações por mês, mais 100 mensagens de texto. O valor médio do serviço no Brasil chegaria a US$ 48,32 por mês ao final de 2013. Em comparação à renda média do País, isso representa um custo pensar de 4,96%. 

    Em Macau, o mesmo serviço custa menos de US$ 6,00 e representa meros 0,11% da renda. Em pelo menos 36 países, o custo de um pacote parecido sairia por menos de 1% da renda mensal de um trabalhador. 

    O Brasil ainda está em uma situação incômoda no que se refere aos custos da telefonia fixa. Dos 166 países avaliados, o Brasil aparece apenas na 110ª posição, com um custo de US$ 24,00 por uma assinatura mensal, mais 30 minutos de ligações locais. Isso representa 2,50% da renda média de um trabalhador. 

    No Irã, a taxa sai por apenas doze centavos de dólares por mês, contra 24 centavos em Cuba. Nesses países, a telefonia fixa custa por mês entre 0,03% e 0,05% da renda média. 

    Numa conta geral, o Brasil aparece na 90ª posição entre os 166 países avaliados no que se refere ao custo da telefonia. Hoje, são 22 telefones fixos para cada 100 pessoas. O número de celulares é de 135 para cada cem habitantes. Em 2012, a taxa era de 125.  

    Internet. No que se refere à Internet, o Brasil registrou pela primeira ao final de 2013 mais de 50% de sua população conectada à rede. Em 2012, a taxa era de 48% e, no ano passado, a penetração chegou a 51%. 42% tinha acesso à rede. 

    A taxa da sociedade brasileira com computadores em casa passou de 45% para 48% entre 2012 e 2013. No que se refere à banda-larga fixa, o serviço atende a 10% dos brasileiros em suas residência. Já a Internet rápida sem fio teve uma expansão e atinge 55% da população. Em 2012, eram apenas 33% os brasileiros com o serviço. 

    Essa situação permitiu que o Brasill subisse da 67ª posição em 2012 para a 65ª em 2013 no ranking das economias mais preparadas para usar as tecnologias da comunicação. Mas o Brasil ainda é superado pelo Azerbaijão, Romênia e Argentina. 

    O ranking é liderado pela Dinamarca, seguido pela Coreia do Sul e praticamente todos os países ricos. A Europa continua sendo a região onde a tecnologia da informação é mais avançada. 

    Mas, uma vez mais, o custo é um obstáculo para o avanço das comunicações no Brasil. Segundo a agência,  “o preço continua uma barreira ao acesso à Internet em casa em muitos países em desenvolvimento”. “No Brasil, por exemplo, 44% das pessoas entrevistadas que tinham computadores em casa indicaram que não tinham internet por considerar o preço alto demais ou acima de suas possibilidades”, indicou.

    Se no Brasil 42% da população tem internet em casa, a taxa nos países ricos é de 78%. Na média mundial, o ano de 2014 deve terminar com 44%, contra 40% em 2013 e 30% em 2010. 

    O custo da banda-larga no Brasil representa 1,42% da renda mensal média, o que coloca o País na 46º posição numa classificação onde o serviço é mais caro. Na Áustria, onde a banda larga é a mais barata do mundo, o serviço consome apenas 0,13% da renda média mensal de um trabalhador.  

    O preço da banda larga no celular no Brasil também está entre os mais caros. Numa classificação de 166 países, o Brasil aparece apenas na 102a posição. O custo representa 4,14% da renda mensal de um trabalhador brasileiro. 

    Segundo a UIT, entre 20% e 30% da população ainda considera que os serviços são caros demais para que possam pensar em ter um celular com internet rápida.

  6. Cruzeiro tetra campeão brasileiro

    iG – Último Segundo

    Cruzeiro tetra campeão brasileiro

    Nunca um título do Campeonato Brasileiro se anunciava tão cedo na era dos pontos corridos quanto o do Cruzeiro em 2014. Os comandados por Marcelo Oliveira atingiram a ponta da tabela na sexta rodada, após vencer o Sport por 2 a 0, e não largaram mais. Adversários até esboçaram uma concorrência, mas que não passou de mera ameaça. São 31 jornadas de forma soberana na primeira colocação, com sete pontos de vantagem para o vice-líder. O quarto nacional da história do clube e o segundo consecutivo, obtido de forma antecipada neste domingo, (23), após a vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, no lotado Mineirão, vem de forma incontestável.

    Com o triunfo, o Cruzeiro chegou a 76 pontos, atingindo a mesma pontuação da campanha vencedora em 2013 e faltando duas rodadas para o fim do Brasileirão. Não há melhor forma de mostrar: o era já bom pode ficar ainda melhor.

    Após alguns minutos de tensão e de jogo truncado por conta do gramado encharcado do Mineirão, o Cruzeiro selou a vitória sobre o Goiás graças a gols de seus principais jogadores nas duas últimas temporadas: Ricardo Goulart, um dos artilheiros da competição, e Everton Ribeiro, eleito o melhor do Brasileirão de 2013. O goleiro Fábio, que não decide com gols, não pode ser ignorado. Fez defesas para que a festa pelo bi não fosse adiada por mais uma rodada. 

    Agora, a espera do cruzeirense será por outro momento: o de levantar a taça. A CBF fará a cerimônia na última rodada, contra o Fluminense, dia 7 de dezembro. Antes, porém, há um desafio na próxima quarta-feira, (26): reverter a vantagem de 2 a 0 do rival Atlético-MG na decisão da Copa do Brasil.

    Padrão várzea

    Estádio cuja reforma custou R$ 695 milhões, o Mineirão ganhou padrão Fifa para a Copa do Mundo, mas o gramado tinha mais aspectos de futebol amador. Choveu em Belo Horizonte minutos antes do jogo e durante o primeiro tempo, mas a drenagem não deu conta e transformou uma das faixas laterais numa enorme poça d’água. O Goiás demorou para perceber que, pelo lado direito de seu ataque, trocar passes ou ganhar na velocidade da marcação era algo impraticável. 

    O gol que fez o Mineirão aumentar em euforia deixou o Cruzeiro menos intenso. O Goiás, enfim, achou as melhores formas de driblar as poças e chegar na área de Fábio. Aos 22, dez minutos após o gol de Goulart, os visitantes empataram com Samuel, em belo chute, aproveitando falha do zagueiro Léo, que não achou nada em sua tentativa de cortar de cabeça o cruzamento de David. Por pouco a virada não veio aos 24, se Erik não tivesse cabeçeado fraco dentro da área.

    Com a torcida mais calada, mas ainda com o título antecipado nas mãos por conta dos outros resultados da rodada, o Cruzeiro tentou retomar o controle do jogo, mas teve sua melhor chance apenas aos 43 minutos, em cabeçada de Léo que foi para fora.

    Seis minutos sem a taça

    O jogo seguiu truncado após a volta do intervalo. O Goiás marcava melhor e reclamou de pênalti aos oito minutos, quando Henrique deu carrinho dentro da área na tentativa de desarmar Samuel e a bola tocou em seu braço esquerdo, mas o árbitro Paulo Godoy Bezerra, que estava próximo do lance, mandou seguir.

    Quando o relógio apontava 11 minutos de bola rolando no Mineirão, entrou um novo elemento na briga pelo título antecipado: os outros jogos da rodada. O São Paulo fez 1 a 0 sobre o Santos com Boschilia, e o resultado obrigava o Cruzeiro a vencer para faturar o bi neste domingo. O sistema de som do Mineirão não informou o placar alterado no clássico paulista.

    A agonia, porém, durou apenas seis minutos. Aos 17, Willian fez bela jogada pelo lado esquerdo e Everton Ribeiro cabeceou para o gol aberto. A torcida voltou a se empolgar, mesmo com alguns sustos, como o quase gol contra de Bruno Rodrigo, evitado por Fábio aos 21, e uma bola na trave de Thiago Mendes. Aos poucos, o som da torcida no Mineirão ganhava volume. Hora de festejar o tetra brasileiro.

    FICHA TÉCNICA
    CRUZEIRO 2 x 1 GOIÁS

    Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
    Data: 23 de novembro de 2014, domingo
    Horário: 17 horas (de Brasília)
    Árbitro: Paulo H. Godoy Bezerra (SC)
    Assistentes: Carlos Berkenbrock (SC) e Nadine Schramm Camara Bastos (SC)
    Cartões amarelos: Henrique (Cruzeiro), Tiago Real (Goiás)
    Cartão vermelho:

    GOLS: CRUZEIRO: Ricardo Goulart, aos 12 minutos do primeiro tempo, e Everton Ribeiro, aos 17 do segundo tempo; GOIÁS: Samuel, aos 22 do primeiro tempo.

    CRUZEIRO: Fábio, Mayke (Eurico), Léo, Bruno Rodrigo e Egídio; Henrique, Lucas Silva (Nilton), Everton Ribeiro e Ricardo Goulart; Willian e Marcelo Moreno (Júlio Baptista)
    Técnico: Marcelo Oliveira

    GOIÁS: Renan, Tiago Real, Jackson, Pedro Henrique e Felipe Saturnino (Lima); Amaral, David (Wellington Júnior), Thiago Mendes e Ramon (Esquerdinha); Erik e Samuel
    Técnico: Ricardo Drubscky

     

  7. Jornalista da Globo diz que os 53 milhões de eleitores de Dilma
    Jornalista da Globo diz que os 53 milhões de eleitores de Dilma são cúmplices da corrupção na Petrobras

    publicado em 24 de novembro de 2014 às 10:11

    Alexandre Garcia

    Alexandre Garcia critica eleitores de Dilma e causa mal-estar na Globo

    Um comentário feito pelo jornalista Alexandre Garcia em uma rede de emissoras de rádio na semana passada está causando um tremendo mal-estar na Globo. O comentarista afirmou que os “53 milhões de eleitores” que votaram em Dilma Rousseff são “cúmplices” da corrupção na Petrobras, porque as denúncias envolvendo a estatal são conhecidas desde o início do ano. Na Globo, o comentário foi visto como agressivo, exagerado e inoportuno.

    Jornalistas avaliam que a opinião de Garcia foi um “tiro no pé” e afeta a imagem da emissora mesmo não tendo sido feito na TV, afinal, ele é conhecido e só tem programete em rádio porque é “o Alexandre Garcia da Globo”. Em um momento de luta contra a queda da audiência, não ajuda em nada agredir 53 milhões de telespectadores.

    O comentário mais comum nos bastidores da Globo é o de que esse tipo de opinião vai formando uma imagem de que a emissora só tem comentarista e apresentador raivoso de direita: Alexandre Garcia, Merval Pereira, Miriam Leitão e William Waack.

    No rádio, Garcia comentava a prisão de Fernando Baiano e Adarico Negromonte pela operação Lava Jato. Ele lamentou ainda não ter saído a ordem de prisão do tesoureiro do PT. “Enquanto isso, é bom que se diga, de novo: 53 milhões de eleitores aprovaram tudo isso e 39 milhões de eleitores lavaram as mãos. Já estava tudo sabido pelos jornais, pelo rádio, pela televisão, desde janeiro, e depois na campanha política. Então, não me venham dizer que não são cúmplices”, afirmou.

    Garcia foi ainda mais claro ao encerrar o comentário: “Nunca na história desse país houve tanta corrupção, e aprovada por 53 milhões mais 39 milhões de Pilatos, de cúmplices”. Na verdade, Dilma Rousseff teve 54,5 milhões de votos no segundo turno. Os outros 39 milhões a que ele se refere são algo próximo da soma dos que se abstiveram ou votaram nulo ou em branco.

    No Bom Dia Brasil, telejornal em que atua na Globo, os comentários de Alexandre Garcia são bem mais amenos. Na últimas sexta (21), por exemplo, ele falou sobre o exibicionismo nas redes sociais e o impacto na violência.

    Os comentários para o rádio são produzidos fora da Globo e distribuídos para várias dezenas de rádios de todo o país, entre elas a Itatiaia, de Minas Gerais, e a Estadão, de São Paulo. Postada no YouTube, a fala de Garcia teve quase 10 mil audições até a publicação deste texto, com um índice alto de comentários (63).

     

  8. “Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade”
    “Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade”

    publicado em 22 de novembro de 2014 às 13:04

    Foto: Roberto Stcukert/PR

    Foto: Roberto Stcukert/PR

    NOTA À IMPRENSA

    A reportagem de capa da revista Veja de hoje é mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos.

    Depois de tentar interferir no resultado das eleições presidenciais, numa operação condenada pela Justiça eleitoral, Veja tenta enganar seus leitores ao insinuar que, em 2009, já se sabia dos desvios praticados pelo senhor Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras demitido em março de 2012 pelo governo da presidenta Dilma.

    As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

    Aos fatos:

    Em 6 de novembro de 2014, Veja procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informando que iria publicar notícia, “baseada em provas factuais”, de que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu mensagem eletrônica do senhor Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, sobre irregularidades detectadas em 2009 pelo Tribunal de Contas da União nas obras da refinaria Abreu e Lima. O repórter indagava que medidas e providências foram adotadas diante do acórdão do TCU. A revista não enviou cópia do e-mail.

    No dia 7 de novembro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República encaminhou a seguinte nota para a revista:

    “Em 2009, a Casa Civil era responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, relatórios e acórdãos do TCU relativos às obras deste programa eram sistematicamente enviados pelo próprio tribunal para conhecimento da Casa Civil.

    Após receber do Congresso Nacional (em agosto de 2009), do TCU (em 29 de setembro de 2009) e da Petrobras (em 29 de setembro de 2009), as informações sobre eventuais problemas nas obras da refinaria Abreu e Lima, a Casa Civil tomou as seguintes medidas:

    a. Encaminhamento da matéria à Controladoria Geral da União, em setembro de 2009, para as providências cabíveis;

    b. Determinação para que o grupo de acompanhamento do PAC procedesse ao exame do relatório, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras;

    c. Participação em reunião de trabalho entre representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento, Petrobras e MME, após a inclusão da determinação de suspensão das obras da refinaria Abreu e Lima no Orçamento de 2010, aprovado pelo Congresso.

    Nesta reunião, realizada em 20 de janeiro de 2010, “houve consenso sobre a viabilidade da regularização das pendências identificadas pelo TCU” nas obras da refinaria Abreu e Lima (conforme razões de veto de 26 de janeiro de 2009). Foi decidido, também, o acompanhamento da solução destas pendências, por meio de reuniões regulares entre o MME, o TCU e a Petrobras.

    A partir daí, o Presidente da República decidiu pelo veto da proposta de paralisação da obra, com base nos seguintes elementos:

    1) a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis;

    2) as informações prestadas em nota técnica do MME que evidencia os prejuízos decorrentes da paralisação; e

    3) o pedido formal de veto por parte do então Governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

    Este veto foi apreciado pelo Congresso Nacional, sendo mantido.

    A partir de 2011, o Congresso Nacional, reconhecendo os avanços no trabalho conjunto entre MME, Petrobras e TCU, não incluiu as obras da refinaria Abreu e Lima no conjunto daquelas que deveriam ser paralisadas.

    E a partir de 2013, tendo em vista as providências tomadas pela Petrobras, o TCU modificou o seu posicionamento sobre a necessidade de paralisação das obras da refinaria Abreu e Lima”.

    A inconsistência da reportagem de Veja é evidente. As pendências apontadas pelo TCU nas obras da refinaria Abreu e Lima já haviam sido comunicadas, em agosto, à Casa Civil pelo Congresso e foram repassadas ao órgão competente, a CGU.

    Como fica evidente na nota, representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia discutiram a solução das pendências e, posteriormente, o Congresso Nacional concordou com o prosseguimento das obras na refinaria.

    Mais uma vez, Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade dos fatos. Mais uma vez, irá fracassar.

    SECRETARIA DE IMPRENSA

    PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

     

  9. Programa ‘Esquenta’“Mostra fotos do filho para ela chorar”
    Programa ‘Esquenta’“Mostra fotos do filho para ela chorar”

     

     

    Postado em 23 nov 2014
    por :
     

    Maria e Casé a Globo, nos dias de comoção pela morte do dançarino DJ

    Maria e Casé na Globo, nos dias de comoção pela morte do dançarino DJ

    Um vídeo comoveu as pessoas neste final de semana nas redes sociais.

    A estrela é Maria, mãe do dançarino DG, assassinado pela polícia do Rio há alguns meses.

    Num debate sobre questões dos negros, ela falou sobre a maneira como a mídia tratou a morte de seu filho.

    Mais especificamente, a Globo e Regina Casé. Regina Casé comanda o Esquenta, programa da Globo no qual DG fazia algumas participações.

    Não impressiona a forma como a Globo e Regina Casé exploraram a dor de Maria.

    No calor da revolta da sociedade, Maria foi levada ao programa de Regina Casé, na louca e cruel cavalgada pela audiência.

    Maria foi usada e abandonada ainda no palco. Terminado o programa, ela conta que Regina Casé simplesmente a largou.

    “Estou esperando até agora”, disse Maria.

    Ela não precisou o que esperava. Imagino que fosse algum tipo de solidariedade. Não me pareceu, pelo que vi de Maria, que ela estivesse atrás de dinheiro ou coisas materiais.

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    Mas nada.

    O máximo que ofereceram a ela foi produzi-la para o programa em que ela falaria do filho assassinado, como se fosse uma atriz. Ela rejeitou a suprema dádiva de fazer unha e cabelo num salão global. “E eu queria lá unha e cabelo?”, diz ela no vídeo.

    Se a atitude da Globo e de Regina Casé absolutamente não me surpreendem, a firmeza lúcida de Maria me impressionou.

    Ela representa um novo brasileiro simples, muito distante do “bovino” na já célebre definição de Diogo Mainardi.

    É lúcida, sabe o que quer, não se deixa enganar – e fala com um tipo de clareza sincera que eu gostaria de ver, por exemplo, nos juízes do STF.

    É este novo brasileiro que impediu que, nas últimas eleições, as manobras da mídia para eleger seus amigos não funcionassem.

    Ele sabe que, no fundo, estão tentando bater sua carteira quando fazem campanhas pseudomoralistas em épocas de eleições.

    Maria é Maria e milhões de brasileiros iguais a ela, que despertaram de um longo torpor do qual a mídia e seus amigos sentem uma torrencial saudade.

    Eles votam não em quem seus patrões gostariam que votassem, mas em quem melhora sua vida.

    No vídeo, uma parte, especificamente, me doeu. É quando Maria conta que, para fazê-la chorar, e assim conseguir mais audiência, a instrução era mostrar a ela fotos do filho morto.

    Não vou retornar a um tema que trago sempre à discussão no DCM: 600 milhões em dinheiro público vão dar, na forma de publicidade federal, na Globo todos os anos.

    Para fazer este tipo de coisa.

    Procurada, a Globo disse que as acusações de Maria não têm fundamento.

    Mas quem acredita nisso, para usar a grande frase de Wellington, acredita em tudo.

     

    1. MUNDO CÃO

      Mãe do dançarino Douglas da Silva Pereira critica programa ‘Esquenta’

      Maria de Fátima Silva, mãe de DG desfiou acusações contra a apresentadora Regina Casé, durante seminário em Brasília

      O DIA | 23/11/2014

      Rio – Maria de Fátima Silva, mãe do dançarino Douglas da Silva Pereira (DG), do programa ‘Esquenta’, da TV Globo, morto há 7 meses, desfiou um cordão de acusações contra a apresentadora Regina Casé, durante um seminário em Brasília, na última quinta-feira. No vídeo que foi compartilhado nas redes sociais, durante o final de semana, Maria de Fátima chama Regina de farsante, mentirosa e até de “cretina”. 

      Do meio para o final do encontro SerNegra (Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça), do qual participou também o deputado federal pelo Psol, Jean Wyllys, uma pessoa da platéia questionou a mãe de DG sobre o tratamento dado pela mídia à morte de seu filho. Há sete meses, o corpo de Douglas foi encontrado nos fundos de uma creche, com um tiro nas costas e escoriações, no Morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio.

      Mãe de DG criticou Regina Casé durante seminário | Foto:  Reprodução TV

      Como resposta, Maria de Fátima Silva, auxiliar de enfermagem, conta que teria sido tirada do palco no meio do programa e suas falas, suprimidas durante a edição que homenageou DG, no dia 27 de abril. “A Regina Casé é uma farsa, uma artista, é uma mentirosa. Eu fui afastada do palco. Me disseram: ‘volta para o camarim, a Regina quer falar com você’, e ela nunca apareceu. Estou esperando ela vir falar comigo até hoje”, indignou-se.

      Segundo ela, membros da equipe de produção teriam proibido que ela falasse sobre qualquer assunto que não tivesse sido perguntado, e em especial, sobre a responsabilidade da PM no assassinato: “Em nenhum momento, ninguém que assistiu ao programa se viu falar na violência policial. Toda vez que eu fazia menção de falar sobre, meu microfone era cortado”.

      Maria de Fátima ainda revelou que, nesse mesmo dia, no camarim, teriam colocado uma agenda com a logo do programa em sua bolsa. “Estava escrito à mão de um lado do papel: ‘Não pode falar que foi a Polícia’, assinado por uma das produtoras”.

      Em nota, a Comunição da Globo informou que a emissora “entende a dor de dona Maria de Fátima da Silva, mas as afirmações durante o debate do evento Sernegra não têm fundamento”. De acordo com a mensagem, “Dona Maria de Fátima teve e tem todo o apoio da Globo e a solidariedade de Regina Casé e sua equipe”.

       

      Mãe de DG criticou Regina Casé durante seminário

      Foto:  Reprodução TV

  10. Petrobrás e Corrupção

    A Petrobras e os casos de corrupção: ‘nunca se roubou tão pouco’

    Jornal do Brasil

    A Operação Lava Jato vem gerando surpresas em alguns brasileiros. A existência de casos de corrupção na estatal, contudo, não se trata exatamente de uma novidade. Diferentes casos já ganharam diferentes espaços na mídia. De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema criminoso investigado pela Operação Lava Jato atua na estatal pelo menos desde 1999. Relatos dão conta, contudo, de que esse histórico seria mais longo, na empresa fundada em 1953 e que construiu sua primeira plataforma móvel de perfuração em 1968.

    O jornalista Paulo Francis, por exemplo, já havia afirmado em 1997 no programa Manhattan Connection que existia esquema de roubalheira na Petrobras. Ao contrário de ver o início de uma investigação séria sobre a acusação, foi o próprio condenado em um processo de US$ 100 milhões.

    Há quinze anos, durante o governo de FHC, “ocorreu o mais ruinoso negócio da história da empresa: uma troca de ações entre a estatal brasileira e a espanhola Repsol”, lembra Paulo Moreira Leite, em artigo publicado no início da semana no Brasil 247. A Petrobras entrou com bens avaliados em US$ 3 bilhões, recebeu US$ 750 milhões, em um prejuízo quatro vezes maior do que a usina de Pasadena. O processo parado no STJ, porém, não apontou responsáveis nem condenou ninguém.

    “Dois anos depois da AP 470, era de se imaginar uma investigação menos seletiva e mais isenta, traços indispensáveis de qualquer esforço para combater a corrupção — comportamento que pode ser definido, essencialmente, como a venda de acesso privilegiado aos cofres do Estado”, destaca Paulo Moreira Leite sobre o mensalão e os resultados da Operação Lava Jato, lembrando ainda que acusados do mensalão-PSDB-MG nem foram a julgamento, embora o caso seja mais antigo.

    Os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Roberson Henrique Pozzobon e Diogo Castor de Mattos, no parecer que pedia à Justiça Federal do Paraná o bloqueio dos bens de empreiteiras apontadas na Operação Lava Jato, atestam: “Muito embora não seja possível dimensionar o valor total do dano é possível afirmar que o esquema criminoso atuava há pelo menos 15 anos na Petrobras, pelo que a medida proposta (sequestro patrimonial das empresas) ora intentada não se mostra excessiva”. A íntegra no documento foi disponibilizada pelo jornal Estado de S. Paulo.

    Ricardo Semler, empresário e sócio da Semco Partners que se declara tucano, ressalta que não é possível vender serviços ou produtos ao Estado no Brasil sem pagar propina desde 1970, em artigo publicado na Folha de S. Paulo desta sexta-feira (21), intitulado Nunca se roubou tão pouco. Ele indica que enquanto cálculos dos que monitoram a corrupção indicam que hoje 0,8% do PIB brasileiro é roubado, essa proporção já foi de 3,1% e até de 5% há poucas décadas. “Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 1970. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 1980, 1990, e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito”, diz.

    Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão pelos empresários?

    Semler ressalta, então, que a única coisa que mudou nos últimos anos é que o porcentual de roubalheira caiu. “Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão – cem vezes mais que o caso Petrobras – pelos empresários?”, questiona Semler, que foi professor vistante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

    “Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Monto, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para esse país. É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo”, diz o empresário, para depois destacar também que é raro ganhar uma concessão no país sem empresas comandadas por bandidos, o que não é diferente, acrescenta, no próprio mercado, em negociações entre empresas privadas. Para Semler, o Brasil é que precisa entrar em um estágio de cura, não um partido específico.

     Empreiteiras: um histórico de escândalos que abala o país há décadas – Reportagem dos anos 1980 já trazia extenso levantamento 

    O jornalista Ricardo Boechat, no início da última semana, no seu programa na Band News FM, também chamou a atenção para o histórico de casos de corrupção relacionados à estatal, criticando o oportunismo de alguns políticos ao lidar com o caso. Ele comentou que, enquanto o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltava que a Operação Lava Jato não é nem deve ser vista como terceiro turno, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público para dizer que sentia vergonha.

    “Acho que ele está sendo oportunista quando ele começa a sentir vergonha com a roubalheira ocorrida na gestão alheia. É o tipo da vergonha que tem a memória controlada pelo tempo, a partir de um certo tempo para trás ou para frente você para de sentir vergonha. Porque o presidente Fernando Henrique Cardoso é um homem suficientemente experiente e bem informado, bem informado, para saber que na Petrobras se roubou também durante o seu governo. (…) Presidente, dá um desconto porque só falta o senhor achar que na gestão do Sarney não teve gente roubando na Petrobras, na gestão do Fernando Collor não teve gente roubando na Petrobras, na gestão sua não teve gente roubando na Petrobras, na gestão do Itamar não teve gente roubando na Petrobras”, destacou Boechat, lembrando ainda que ele próprio ganhou um Prêmio Esso em 1989 denunciando “roubalheira” na Petrobras, na BR Distribuidora. 

    Em Brisbane (Austrália), logo após o encerramento da Reunião de Cúpula do G20, no domingo (16), a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a investigação feita na Petrobras mudará as relações entre sociedade, Estado e empresas privadas. “O fato de nós, neste momento, estarmos com isso de forma absolutamente aberta, sendo investigado, é um diferencial imenso”, afirmou Dilma.

    De acordo com a presidente, este é o primeiro caso de corrupção efetivamente investigado no Brasil: “Esse não é, de fato, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo de corrupção do país. Agora, ele é sim o primeiro escândalo na nossa história realmente investigado, o que é muito diferente”, reforçou Dilma. “Nós tivemos o primeiro escândalo da nossa história investigado. Há aí uma diferença substantiva e eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido que vai se acabar com a impunidade. Essa é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que ela não é algo engavetável”.

    De acordo com as investigações da Operação Lava Jato, empreiteiras formavam um cartel e repassavam um percentual dos contratos superfaturados ao PT, PP e PMDB, que controlariam diferentes diretorias na estatal. A CPI Mista aprovou um requerimento de quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado por Costa como suposto operador do partido em um esquema de corrupção dentro da Petrobras. A quebra de sigilo foi aprovada em placar apertado na CPI, 12 votos a 11. Parlamentares da base aliada contestaram a decisão de não ampliar o requerimento para quebrar o sigilo de tesoureiros de outros partidos do país. 

    “Quero externar minha indignação da não extensão do requerimento aos tesoureiros de outros partidos que recebem recursos dessas empresas”, disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), ao lembrar que as empreiteiras fizeram doações de campanha para diferentes legendas nas eleições.

    O deputado Luiz Couto (PT-PB) reiterou que é preciso “passar tudo a limpo”, inclusive os casos de corrupção ocorridos em governos tucanos. “É preciso ver o que aconteceu com a pasta cor-de-rosa, com o dinheiro que foi desviado do Banestado, do Paraná. É preciso também investigar a questão da compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, que ficou abafada. Não foi investigada, porque naquele momento a Presidência da República, do PSDB, mandava que não houvesse investigação”.

    O jornalista e escritor Luciano Martins Costa afirma, em artigo publicado no portal Observatório da Imprensa, destaca que “o alto risco dessa operação reside no fato de que sua continuidade pode depender do empenho da imprensa em dividir com equilíbrio e de forma equânime as responsabilidades, sem omitir ou dissimular as culpas conforme a filiação partidária dos acusados”.

    Costa lembra ainda do episódio do jornalista Paulo Francis que, em 1997, afirmou em comentário no programa Manhattan Connection que havia um esquema de roubalheira na Petrobras. Abriu-se então um processo de US$ 100 milhões contra Francis. “Portanto, está definido o ponto mínimo de movimentação da imprensa diante do escândalo, sem o qual o noticiário deixa de merecer credibilidade: quais eram os fatos a que se referia o polêmico comentarista?”, questiona.

    “O jornalista Franz Paul Heilborn, que assinava sua coluna nos jornais e se apresentava na TV como Paulo Francis, morreu menos de um mês depois de ser informado por seus advogados de que não tinha como se defender no processo movido pela Petrobras na corte de Nova York. Como havia acusado sem provas, baseado em fontes que não podia revelar, entrou em depressão e sofreu um estresse que causou sua morte por um ataque cardíaco, segundo revelou sua mulher, a jornalista e escritora Sonia Nolasco”, lembra o jornalista.

    Para ele, se for investigar as origens do escândalo, será preciso reconhecer que a corrupção na estatal tem raízes mais profundas. Francis já dizia nos anos 1990 que “diretores da Petrobras engordavam contas bancárias na Suíça com dinheiro de propinas obtidas na compra de equipamentos”. “Os jornais não poderão seguir com seu joguinho de mostra-e-esconde. O fantasma de Paulo Francis vai assombrar as redações”, alerta.

  11. Dilma busca postos estratégicos para coringas no novo governo
    Dilma busca postos estratégicos para coringas no novo governo

    Por Luciana Lima – iG Brasília |

    24/11/2014 16:24

     
    Entre nomes certos para gerir áreas importantes do governo, estão técnicos que gerem os principais projetos do governo e que estão de prontidão para assumirem pasta em caso de crise

    Se há espaço definido na equipe da presidente Dilma Rousseff para o segundo mandato são os cargos de gestão de quatro homens, considerados da inteira confiança da presidente, prontos para o trabalho técnico de tocar os projetos do governo e, quando necessário, assumir a titularidade das pastas nas quais atuam.

    As cartas da manga de Dilma são o engenheiro Mário Zimmermann, atual secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia; o contador Carlos Eduardo Gabas, atual ministro interino da Previdência; o economista Paulo Sérgio Passos, atual ministro dos Transportes; e o atual ministro da Educação, José Henrique Paim.

    Reprodução/BBC
    Presidente Dilma Rousseff

    Para a presidente, que precisa montar o governo repartindo com aliados cada pasta do governo, os quatro gestores ganharam fama de coringa, podendo, inclusive, em meio a conflitos de interesses ou mesmo crise envolvendo os titulares, assumir o comando.

    A relação de confiança de Dilma com o catarinense Márcio Zimmermann vem desde 2005, quando ele ainda era ministro de Minas e Energia e passou a ocupar a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético da pasta, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Zimmermann chegou a assumir o comando da pasta em março de 2010, com a saída de Edison Lobão‎ para disputar eleições. Com a volta de Lobão ao comando da pasta, passou para o cargo executivo da pasta e atuar como interino do ministro.

    Filiado ao PMDB desde 2012, Zimmermann adota um ar discreto, bastante valorizado pela presidente. No ano passado, ganhou pontos ao garantir a presidente Dilma que não havia risco de um apagão elétrico como a oposição defendia.

    Se o assunto é discrição e eficiência, o atual ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, conta com a admiração de Dilma. Apaixonado por motocicleta, ele chegou a ficar conhecido por ter levado a presidente para um passeio de moto pelas ruas de Brasília, sem que ninguém soubesse.

    Mas não são as habilidades de piloto que encantam a presidente. Sua capacidade de gestão e fidelidade fez inclusive que ele fosse cotado para assumir a Casa Civil, quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-SC) decidiu sair para disputar o governo de seu Estado.

    No Planalto, interlocutores da presidente chegam a dizer que independentemente do ministro que esteja na pasta, Dilma não abre mão de ter Gabas como garantia de controle.

    Já o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, carrega ainda mais a fama de coringa dos governos petistas. Passos representa uma segurança do governo na gestão da pasta em casos de crises, denúncias, brigas entre partidos e toda sorte de eventos que podem tirar ministros do cargo.

    Somando todas as crises enfrentadas na área desde o governo do ex-presidente Lula, ele já assumiu como titular da pasta por quatro vezes, substituindo por três vezes o ex-ministro Alfredo Nascimento e, da última vez, o ex-ministro Cesar Borges, transferido para a Secretaria dos Portos.

    Filiado ao PR, Passos também ocupou o cargo de diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), responsável por firmar as parcerias com o setor privado para projetos de criação de infraestrutura logística no país por meio de obras em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias.

    O atual ministro da Educação sempre atuou no comando dos principais projetos educacionais implantados nos governos petistas, mas sem impedir o protagonismo dos ministros. Ele assumiu ao comando da pasta no início deste ano, quando Aloizio Mercadante deixou o Ministério da Educação para assumir a Casa Civil, no lugar de Gleisi Hoffmann.

    A escolha de seu nome ocorreu pelo fato de ele conhecer como ninguém cada projeto da área, devido sua gestão, desde 2004, na presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pela execução de políticas educacionais do governo.

    Paim é visto por Dilma como o responsável por ter conseguido “apagar incêndios” surgidos na resistência aos projetos na área da educação, como as constantes e sucessivas tentativas de fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

    Desde 2006, ele ocupava o cargo de secretário-executivo, na gestão de Fernando Haddad, hoje prefeito de São Paulo.

     

  12. ia prende 33 por fraude em vestibular de medicina em BH
    Hemostase II
    Polícia prende 33 por fraude em vestibular de medicina em BH

    Há, também, a suspeita de que o Enem tenha sido fraudado em cinco Estados pela quadrilha; preço de vagas variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil; Faculdade Ciências Médicas ainda não se pronunciou
     O TEMPO 

     

    PUBLICADO EM 24/11/14 – 10p1
    Fernanda Viegas/Bernardo Miranda

    A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu 33 pessoas, nesse domingo (23), suspeitas de fraudar o vestibular de medicina na faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. A operação Hemostase II, realizada em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais já realiza investigações há sete meses e tem, como objetivo, desarticular uma quadrilha especializada em burlar vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principalmente com a venda de vagas em cursos, que variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil.

    Entres os presos, estão nove membros da quadrilha responsáveis pela organização do esquema, 22 candidatos que seriam beneficiados pela fraude e dois médicos residentes, que eram responsáveis por fazer as provas rapidamente, solucionar as questões e deixar o local de aplicação para entregar o gabarito para a pessoa que iria fazer a transmissão das respostas aos candidato. Os dois suspeitos de liderar a quadrilha são mineiros: Áureo Moura Ferreira, que mora em Teófilo Otoni, na região do Vale do Jequitinhonha, e Carlos Roberto Leite Lobo, empresário que reside em Guarujá (SP). Ambos foram detidos na capital mineira, enquanto monitoravam os trabalhos na tarde desse domingo. Entre detidos, ainda, há um policial civil, lotado em Governador Valadares, que estava em um dos carros da quadrilha.

    Segundo a assessoria da Polícia Civil, nesta manhã de segunda-feira (24), os policiais estão nas cidades de Teófilo Otoni, e Guarujá (SP) cumprindo diligências. Nesses municípios, já foram apreendidos carros de luxo, dinheiro, e documentos comprobatórios da fraude, como gabaritos de provas da quadrilha.

    De acordo com o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, delegado Jeferson Botelho, que chefia a operação em Teófilo Otoni, essa quadrilha atuava da seguinte forma: pessoas faziam parte das provas rapidamente, saiam com os resultados das questões e repassavam para os candidatos compradores das vagas por meio de transmissão eletrônica. Ainda segundo o delegado, o último lote de equipamentos adquiridos pela quadrilha era composto por micropontos eletrônicos e moderno sistema de transmissão de dados, que teria sido adquirido na China a um custo de US$ 200 mil.

    “A quadrilha cobrava R$100 mil reais por cada candidato. Segunda as investigações eles estariam atuando há pelo menos 20 anos e não só em Minas Gerais, mas em outros estados”, afirmou Botelho.

    A equipe da Polícia Civil que atua junto ao Núcleo de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público continuará trabalhando com os promotores de Justiça nas próximas horas, formalizando os Autos de Prisão em Flagrante, para que o resultado final da operação seja apresentado à Imprensa nos próximos dias.

    Na Operação Hemostase I, no ano passado, a Polícia Civil já havia desbaratado uma quadrilha que também fraudava vestibulares de medicina. Na ocasião, 21 pessoas foram presas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Com eles, foram apreendidos cerca de R$ 500 mil em dinheiro, sendo US$ 25 mil, celulares, documentos, pontos eletrônicos, munições de uso restrito e um veículo de passeio. Como na época foram levantados indícios de fraude no Enem, o caso foi repassado para a Polícia Federal. Agora, na Hemostase II, conforme o delegado Jeferson Botelho, a suspeita é a de que o Enem foi fraudado em cinco estados.

    A Ciências Médicas de Minas Gerais foi procurada pela reportagem de O Tempo e a assessoria informou que irá se pronunciar por meio de nota ainda nesta segunda-feira (24).

    Nome

    A operação ganhou esse nome porque Hemostase se refere ao conjunto de procedimentos cirúrgicos para acabar com uma hemorragia.

    Atualizada às 11p6

    Com informações da Polícia Civil de Minas Gerais

     

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