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Lourdes Nassif
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  1. Canal da Nicarágua, um marco no comércio latino com a China

    Tijolaço

    20 de dezembro de 2014 | 19:22 Autor: Fernando Brito

     

     

    mapa1

    Começa na segunda-feira a obra de construção do segundo canal de navegação entre o Oceano Atlântico e o Pacífico, o Canal da Nicarágua.

    Aqui, o assunto é praticamente ignorado, embora a China seja hoje a maior parceira comercial do Brasil.

    E a potência comercial em maior expansão no mundo.

    O canal, com 278 quilômetros – 105 deles aproveitando o Lago Nicarágua, próximo à costa Oeste daquele país e sua abertura é iniciada exatamente um século da inauguração do Canal do Panamá, que atendeu aos interesses estratégicos dos Estados Unidos.

    (Para se ter uma idéia, o Panamá nasceu por causa do canal, pois a área pertencia à Colômbia e os rebeldes da região panamenha só puderam proclamar sua independência porque Theodore Roosevelt mandou para lá uma baita canhoneira americana que fez os colombianos engolirem a perda de território)

    A obra, de US$ 50 bilhões, é oficialmente contratada pela  Xinwei Telecom Technology, do megaempresário Wang Jing, mas ninguém duvida que este tem o governo chinês a garanti-lo.

    Mas o que faz os chineses se lançarem a um empreitada deste vulto se já existe – a 600 km de distância – o Canal do Panamá e que, embora sobrecarregado, está em vias de inaugurar uma ampliação, inclusive com a ampliação da capacidade de operar grandes navios sendo dobrada, para até 150 mil toneladas de porte bruto ou até 13 mil conteiners?

    Não é só porque por ali poderão passar navios de até 330 mil toneladas ou 30 mil conteiners, o que certamente tornará muito mais econômicas as viagens de minério, petróleo e outras mercadorias e porque, com navios maiores, o custo do transporte da  carga chega a cair 60%.

    Os chineses, com interesses russos a reboque, não querem depender do controle – militar ou econômico – norte-americano sobre sua rota mais curta com o ocidente: a América Latina e até, no caso de uma deterioração das condições políticas no Golfo de Suez, com a Europa e o Norte da África.

    Para o  Brasil (e para Venezuela, Colômbia e Cuba, além de todo o Caribe) as possibilidades de ampliação do comércio com os chineses (e Russia, Austrália e o Sudeste Asiático) são imensas.

    Mas aqui, pouca ou nenhuma atenção se presta a isso.

    Os eixos de poder econômico no mundo estão mudando e, com eles, os de poder político.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=23884

     

  2. O chorume golpista do Globo

    Tijolaço

    20 de dezembro de 2014 | 21:58 Autor: Miguel do Rosário

     

     

    ScreenHunter_5421 Dec. 20 21.56

     

    Nas últimas semanas, para não dizer nos últimos anos, o Globo se tornou tão agressivo, tão histérico, que os leitores críticos às opiniões do jornal, e estes formam, para o bem do Brasil, uma legião crescente, mas que precisam acompanhar, por algum motivo, suas rabugices golpistas, tem de espiar seus editoriais de longe, bem de longe, como quem observa um vazamento radioativo.

    Eu mesmo mudei meus hábitos. Parei de assinar o jornal impresso e deixo para ler seus textos online em último lugar. Não é saudável, definitivamente, encarar tal chorume pela manhã.

    Ninguém se salva do veneno golpista, críticos e apoiadores do governo.

    Os críticos do governo, ao lerem o Globo, se tornam neurastênicos e esquizoides. Afinal, como entender que Dilma e PT estejam no comando do país se são tão absolutamente incompetentes e corruptos?

    Os apoiadores do governo, ao lerem o jornal pela manhã, tem seu humor imediatamente corrompido e passam o resto do dia em estado de irritação.

    Em ambos, nos críticos e apoiadores, a leitura do Globo produz depressão e, em doses excessivas, anseios suicidas.

    Neste sábado, mais uma vez, o Globo se supera.

    Não vou dar link para não estragar o domingo dos leitores. Tentarei apenas sintetizá-los em algumas frases, poupando os internautas de uma proximidade que pode infectá-los de melancolia mórbida.

    O título dos editoriais:

    ScreenHunter_5420 Dec. 20 21.15

     

    Resumo do primeiro: uma xaropada histérica, tão assumidamente partidária que comete um deslize caricatural. O jornal menciona os partidos cujos políticos foram citados por Paulo Roberto Costa e, como de praxe, julga e dá a sentença.

    No entanto, quando menciona o PSDB e PSB, cujos ex-presidentes Sergio Guerra  e Eduardo Campos receberam, segundo a delação, as mais vultosas propinas dentre todas as mencionadas, o que faz o Globo?

    Essa é para rir (ou para chorar?).

    Trecho: “A lista reproduz a base partidária do governo: 10 do PP, 8 do PT, 8 do PMDB, 1 do PSB e 1 do PSDB. Este, um ponto fora da curva, o tucano Sérgio Guerra, já morto, para quem teriam sido destinados R$ 10 milhões em troca de um trabalho de sabotagem no Senado contra a CPI da Petrobras. Uma história a ser esclarecida. Assim como a de um outro morto, Eduardo Campos (PSB), da base do governo até abrir a dissidência que levaria Marina Silva a disputar as eleições presidenciais.”

    Então é assim. Todo mundo é julgado de antemão pelo Globo. Menos Sergio Guerra, tucano, e Eduardo Campos, que se tornou quase tucano ao fazer oposição à Dilma.

    O segundo editorial é uma babação de ovo da geopolítica do Tio Sam em relação à Rússia.

    Muito bem vindo esse editorial, porque confirma todas as especulações da imprensa internacional (que se pretende imprensa e não lobista dos EUA) em torno das iniciativas americanas e árabes para derrubar Putin e debilitar a Rússia. A Globo continua, pelo jeito, uma serviçal obediente e disciplinada aos objetivos mais sujos do imperialismo.

    E digo isso sem ressentimento contra os EUA. Os americanos cuidam de seus interesses, como fazem todos os países. O estranho é a maior empresa de mídia do Brasil se prestar a esse papel.

    O terceiro texto é um chorume radioativo de Guilherme Fiúza, cujo título, com uma sutileza digna de um hipopótamo furioso numa loja de cristais, sugere a derrubada de uma presidenta diplomada há 24 horas.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=23889

     

    1. No Rio de Janeiro,
      No Rio de Janeiro, infelizmente, jornalão só O Globo. Em respeito aos meus pais – e à minha necessidade de folhear assim como de manusear os livros – mantenho a assinatura, o que tem me causado nos últimos anos um enorme desconforto. Só consigo ler o Ilimar, o Gaspari (às vezes), Dorrit e o Moreno (também de vez em quando; faz gracinha demais às vezes!) Fora isso, tornou-se um panfleto gigantesco. Invariavelmente, as mais simples reportagens trazem opinião e declaração. Há um viés tutelar, autoritário, bem parecido com a concepção Homer Simpson do Bonner. Uma coisa assim: vocês não são capazes de pensar então estou declarando e desenhando para que vocês entendam, assimilem e reproduzam. Este humor é o mesmo que encontramos nos leitores alinhados com a linha editorial do jornal: não sabem debater; gritam as verdades e exigem que o interlocutor aceite sem discutir. Esta é a situação e se repete na maioria dos grandes veículos. TV inclusive. E agora encontramos o resultado deste desserviço nas ruas, nos bares, nos lares: o nível de intolerância ao contraditório é altíssimo e inviabiliza o debate.

  3. Um bando de chantagistas

    Publicado em 20/12/2014

    Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/12/20/dirceu-globo-e-pig-manipulam-a-quebra-de-sigilo/

    Dirceu: Globo e PiG
    manipulam a quebra de sigilo

    “Fazem-no de forma escancarada e aberta. Particularmente a Globo, os jornais, Folha e Estadão, e as revistas Veja e Época. É o que mais se vê, ouve e lê. Todos eles têm linha direta com delegados, procuradores e mesmo com alguns juízes que de forma seletiva e dirigida violam a lei e a Constituição e vazam informações sigilosas.”

    Compartilh 

     

     

    O Conversa Afiada reproduz artigo do Blog do Zé Dirceu:

     

    Mídia mistura quebra de sigilo autorizada por juiz com atentado à liberdade de imprensa

     

    Toda a mídia brasileira começando, é lógico, pelas Organizações Globo da família Marinho, e seu carro-chefe, o Jornal Nacional, dão imenso destaque (e já há uns três dias) à quebra de sigilo de todos os telefones de um jornal do interior de São Paulo – o Diário da Região, de São José do Rio Preto, e de um de seus jornalistas Allan de Abreu.

    A quebra do sigilo foi determinada pelo juiz da 4ª Vara da cidade, Dasser Lettiere Jr. sob a justificativa de que eles divulgaram informações preservadas por segredo de justiça. Em 2011 eles publicaram duas reportagens com dados obtidos por escutas telefônicas pela Polícia Federal (PF) sob um grupo de fiscais do Ministério do Trabalho que teria exigido propina de empresários para livrá-los de multas trabalhistas.

    Em maio deste ano o Ministério Público Federal (MPF) já havia determinado a instauração de inquérito contra jornalistas da TV Tem, afiliada da Rede Globo em São José do Rio Preto, pelo vazamento da mesma informação, mas a denúncia foi rejeitada e arquivada.

    Agora toda a mídia brasileira, como dissemos Rede Globo á frente, sai em defesa do jornal e contra a decisão judicial. Alegam que a quebra do sigilo telefônico do Diário jornal e de seu jornalista fere a Constituição, que protege o sigilo da fonte que passou deu a informação para o jornalista. Recorrem ao velho chavão de que isso, na prática, viola a liberdade de imprensa.

    O que mídia não diz é que ela e seus parceiros desrespeitam a Constituição

    O que nossa imprensa não diz – começando  de novo pelo Jornal Nacional da poderosa Rede Globo – é que hoje todos violam o sigilo de processos que tramitam sob segredo de justiça. Quebram com a maior frequência, sem cerimônia e sem nenhum respeito às normas legais e à Constituição o sigilo decretado pelos juízes nas investigações, inquéritos ou processos em tramitação na justiça.

    Fazem-no de forma escancarada e aberta. Particularmente a Globo, os jornais, Folha e Estadão, e as revistas Veja e Época. É o que mais se vê, ouve e lê. Todos eles têm linha direta com delegados, procuradores e mesmo com alguns juízes que de forma seletiva e dirigida violam a lei e a Constituição e vazam informações sigilosas.

    Logo, praticam um ato criminoso – quem vaza, quem publica e quem veicula – com objetivo políticos e eleitorais, como vimos ao longo da última campanha eleitoral e às vésperas da ultima eleição, no caso da Operação Lava Jato. Aqui neste caso, aliás, com o agravante de que houve violação do sigilo na delação premiada, o que pode levar a nulidade de toda operação ou da própria delação.

    Essa defesa que se vê agora nesse caso de São José do Rio Preto, claramente corporativa e encoberta com um discurso pró-respeito à Constituição e ao sigilo,  à liberdade de expressão e de imprensa, à liberdade dos profissionais, esconde, na prática, o fato de que todos os dias jornalistas e autoridades violam a lei ao trocar informações sigilosas sobre investigações, inquéritos e processo que correm sob segredo de justiça.

    Vazamentos prejudicam investigações porque alertam criminosos

    Fora o fato de que neste caso do jornal do interior de São Paulo, o vazamento prejudicou as investigações alertando os supostos criminosos. A isso tudo, a esse pseudo exercício jornalístico, a publicação dessas informações sigilosas obtidas de forma ilegal, a mídia brasileira aplaude.

    Já o direito de resposta, também um direito constitucional, na prática não existe hoje no Brasil e nossa mídia faz de tudo para que continue assim, sem existir porque, na prática, ela não o cumpre. A razão é simples: ela quer ser temida para no dia a dia tutelar governos exercendo o monopólio da informação. Como faz agora ao noticiar de forma dirigida e parcial os fatos no caso da quebra do sigilo telefônico do jornalista e do jornal, como forma de pressionar e levar ao servidor publico que cometeu um crime e vazou uma informação sob segredo de justiça.

    Age dessa forma, também porque quer ser temida para continuar a manipular, a distorcer o que quiser a seu bel-prazer e, assim,  muitas vezes se impor em troca de favores, obter contratos para imprimir livros didáticos em suas gráficas, abocanhar verbas publicitárias cada vez mais vultosas, e obter isenções fiscais e leis que a favorecem.

     

  4. Nota

    Nota triste:

    http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/164351/Dilma-vai-manter-Cardozo-e-chefe-da-PF-no-cargo.htm

    DILMA VAI MANTER CARDOZO E CHEFE DA PF NO CARGO

    Apesar da reforma ministerial para o segundo mandato, presidente decidiu que manterá no posto, em plena deflagração da Operação Lava Jato, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello; avaliação é de que qualquer mudança no comando de uma área tão estratégica para o momento deixaria dúvidas sobre como lidar com o tema ou dar margem à interpretação de que o Planalto tenta interferir na investigação

     

    21 DE DEZEMBRO DE 2014 ÀS 07:07

     

    247 – Em meio à troca da maioria dos 39 ministros no segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff decidiu manter no posto o titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello.

    O motivo tem a ver com a maior investigação contra a corrupção dos últimos tempos no Brasil, a Operação Lava Jato. A interpretação é que não se deve mexer no comando de uma área tão estratégia para a ação neste momento.

    Outra avaliação é de que o Planalto, caso troque os nomes do comando, esteja tentando interferir na investigação, discurso que o governo sempre fez de forma oposta, ressaltando que sempre apoiou o desmantelamento da organização criminosa que agia na Petrobras.

    Cardozo também tem atuado como bom defensor do governo no que diz respeito a denúncias, por exemplo, de que dinheiro proveniente do esquema teria sido injetado na campanha da presidente Dilma Rousseff.

     

  5. Editor do jornal Estado de Minas é impedido de falar de política

    BRASIL DE FATO

     

     

    CENSURA   João Paulo Cunha, que trabalhava no jornal há 18 anos, pediu demissão após aviso de que estava proibido de falar de política

    Rafaella Dotta

    De Belo Horizonte

    18/12/2014

    Na terça-feira (16) João Paulo Cunha, um respeitado jornalista dos temas cultura e política, pediu demissão de um dos mais tradicionais meios de comunicação de Minas Gerais, o Estado de Minas. A notícia traz à tona a “onda de censura” implantada no jornalismo mineiro, fato comentado, documentado e denunciado por jornalistas mineiros há anos. 

    A demissão de João Paulo aconteceu após uma conversa entre ele e a diretoria do jornal, em que a chefia deixou claro que ele não poderia mais escrever de política. Por considerar a atitude uma manifestação de censura sobre o seu trabalho, o jornalista não aceitou continuar no cargo e pediu demissão. 
    “Acho inadmissível que um jornal censure seus profissionais. A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania”, afirma o jornalista. O motivo da censura seria a sua opinião política, diferente da linha adotada pelo jornal, que segundo ele é “francamente explícita a favor de Aécio Neves”. 

    No artigo “Síndrome de Capitu”, publicado no suplemento semanal “Pensar” no dia 5, João Paulo criticou a recente movimentação para um golpe político, elaborado pela oposição à presidência, e defendeu a Reforma Política como “agenda prioritária para a sociedade”. “A coluna que ele escreveu deve ter desagradado interesses do jornal e de alguns políticos, que fizeram uma represália a ele”, acredita Kerison Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.

    “Pensar continua sendo perigoso”

    No estado, episódios de censura não têm acontecido apenas nas redações de jornais. A professora Beatriz Cerqueira, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT MG), foi alvo de 17 processos contra uma campanha publicitária sobre a educação mineira. Os processos foram movidos pela coligação do PSDB ao governo do estado. “Em Minas, pensar continua sendo um ato muito perigoso, quase um terrorismo contra o Estado”, afirma Beatriz. 

    “Infelizmente, o Estado de Minas perde qualidade e credibilidade com essa atitude”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Kerison Lopes. Ele conta que, na manhã de quarta-feira (17), dezenas de leitores e jornalistas procuraram o sindicato para dar depoimentos descontentes com a saída de João Paulo. “A gente espera que esse seja o último caso de censura da era tucana em Minas, mas talvez seja o mais emblemático, pelo que João Paulo representa para o jornalismo mineiro”.

    Daniel Camargos, jornalista do caderno de política do Estado de Minas, diz que a despedida de João Paulo foi comovente. “Quando ele se despedia das pessoas formou uma imensa roda em torno dele. Todos querendo saber o que havia ocorrido. Ele explicou e a reação final de toda a redação foi levantar e bater palmas”, conta. “Hoje (17) muita gente, mas muita gente mesmo, veio de camisa branca de malha. Uma maneira de homenagear o João Paulo, que se vestia constantemente assim”.

    Juarez Guimarães, professor de Ciências Políticas da UFMG, acredita que este seja o caso de censura mais simbólico dos últimos tempos. “A falta de pluralismo dos donos da comunicação de Minas Gerais é uma afronta ao princípio de liberdade que funda a história dos mineiros”.

    Entrevista com João Paulo Cunha

    Formado em filosofia, psicologia e jornalismo, João Paulo Cunha trabalha há 25 anos como jornalista, sendo 18 deles no jornal Estado de Minas. Atualmente, era editor chefe do caderno de Cultura, além do caderno TV, Divirta-se e do suplemento que circula aos sábados, o Pensar. Em 2011, João Paulo lançou o livro “Em busca do Presente”, com artigos publicados na sua coluna “Olhar”.

    Brasil de Fato – Na sua opinião, o que motivou a censura jornalística a você?

     João Paulo – O jornal, como todos, tem uma linha editorial própria, sobre a realidade política, social e econômica. Isso é legítimo. Como eu tenho uma linha de pensamento diferente, que discordava do jornal, avisaram que eu estava a partir daquele momento proibido de escrever ideias sobre política.

    Pra você, é admissível que donos de um jornal ditem o que os jornalistas vão escrever?Não. Acho inadmissível que um jornal censure seus profissionais. A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania. Ao censurar a imprensa ou o jornalista, você está tirando dele o mais importante, que é a liberdade de expressão e a possibilidade de trazer várias visões de mundo.

    Sempre há denúncias de que há censura no Estado de Minas, inclusive durante as eleições. Isso realmente acontece?

    Na minha área de trabalho, que é a cultura, nunca tive nenhum tipo de cerceamento com relação aos conteúdos. Mas ficou nítida nessa última eleição uma linha explícita a favor de Aécio Neves, sempre positivando as ações dele, e críticas e negativas a Dilma Rousseff. Hoje há um nítido direcionamento, que favorece Aécio. 

    Por que isso prejudica o jornalismo?

    A base do nosso trabalho é ampliar a capacidade das pessoas de se relacionar com o mundo, para tomar suas decisões da melhor forma e viver em sociedade. Quanto mais informação ele divulga, maior o compromisso do jornal com a sociedade. Se você limita as ideias a apenas uma posição, você está impedindo que o jornalismo faça o que é sua função essencial: levar informação de qualidade, reflexão e visão de mundo plural pra todas as pessoas.

    http://www.brasildefato.com.br/node/30849

     

  6. Venina fez aditivos milionários; denúncia só depois de demitida

     

     

    Algoz de Graça, Venina fez aditivos milionários

    http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/164341/Algoz-de-Gra%C3%A7a-Venina-fez-aditivos-milion%C3%A1rios.htm

    :

    Ex-gerente da Petrobras, que disse ter alertado a presidente da estatal, Graça Foster, sobre irregularidades na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, assinou pedido para que a obra fosse adiantada; para inaugurar a fábrica ainda em 2010, durante o período eleitoral, ela assinou dezenas de aditivos milionários; alguns custos adicionais foram de US$ 328 milhões com equipamentos, US$ 182 milhões com serviços de engenharia e US$ 375 milhões com sistemas de segurança; depois de finalizado um relatório da comissão interna criada para apurar irregularidades nas obras, Venina Velosa da Fonseca foi demitida

    20 DE DEZEMBRO DE 2014 ÀS 19:55

     

    247 – Personagem recente nas denúncias de irregularidades da Petrobras, a ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca assinou um pedido para que as obras de Abreu e Lima, em Pernambuco, fossem adiantadas e a refinaria concluída ainda em 2010, período eleitoral. A informação consta de documentos oficiais da companhia aos quais ojornalista Gerson Camarotti teve acesso.

    O documento foi elaborado por Venina, então gerente-executiva de Abastecimento, e recebido em março de 2007 pelo então diretor da área, Paulo Roberto Costa, hoje delator do esquema de corrupção praticado por meio de contratos da empresa. O pedido para acelerar a construção exigia custos adicionais à obra.

    Alguns dos aditivos milionários assinados por Venina previam custos extras de US$ 328 milhões com equipamentos, US$ 182 milhões com serviços de engenharia e US$ 375 milhões com sistemas de segurança. Outros aditivos foram assinados por ela, Costa e José Carlos Cosenza, atual diretor da área. Dessa leva, apenas um ultrapassava US$ 900 milhões.

    O valor inicial estimado para a construção da refinaria era de US$ 2,3 bilhões. A cifra subiu para US$ 4 bilhões em 2006, já na fase de elaboração do projeto, e depois para US$ 13 bilhões em 2009, após uma série de aditivos e mudanças no projeto. O atual custo da obra está estimado em US$ 20,1 bilhões.

    A assinatura de Venina no documento que pede a antecipação da obra foi confirmada pela comissão interna criada na Petrobras para apurar irregularidades na construção da refinaria. Após a conclusão do relatório, a então gerente foi demitida do cargo.

    Venina argumenta ter alertado a presidente da estatal, Graça Foster, sobre irregularidades no projeto. O jornal Valor Econômico divulgou emails da ex-gerente à executiva, nos quais aponta os problemas. A Petrobras argumenta que Graça não foi alertada antes de novembro de 2014 sobre o assunto e ressalta que a ex-funcionária só tomou tal atitude depois de ter sido demitida.

     

  7. Futebol de cofres vazios

     

    Sem dinheiro, clubes e jogadores brasileiros precisam se adequar à nova realidade
     

    Fred, Fluminense e Unimed: gastos astronômicos ficaram no passado

    Fred, Fluminense e Unimed: gastos astronômicos ficaram no passado Foto: Wallace Teixeira / Agência O Globo

    O futebol brasileiro exagerou na dose, bebeu demais na fonte do otimismo financeiro e agora sofre com a dura ressaca. Neste fim de 2014, os investimentos recuaram. O que restou depois da farra dos últimos anos — de contratações astronômicas e salários exorbitantes — foram as contas no vermelho e a certeza de que, se não houver uma adequação à nova realidade, as restrições de hoje serão ainda piores.

    O primeiro motivo da crise é a falta de dinheiro na praça. Há uma carência de investidores no futebol do país, embalada pelo momento ruim da economia. Este ano, apenas seis empresas se dispuseram a serem as patrocinadoras principais de 15 clubes da Série A. Cinco não tiveram ninguém. A Caixa Econômica Federal bancou sozinha oito times — sem contar com o Vasco, na Série B. Se não fosse pela intervenção do banco estatal, o quadro seria ainda pior. A perspectiva para 2015 é ruim.

    – O Brasil está vivendo um momento restritivo. Todas as empresas estão segurando investimentos. O futebol está inserido na realidade do país, e os clubes precisam estar atentos a isso – afirmou o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira.

    Como acontece com outros clubes, o Alvinegro ainda não sabe se terá parceiro máster ano que vem. Mas essa não é a única incerteza que paira sobre as quatro linhas. O poder público diminuiu a complacência com os clubes que têm dívidas milionárias. As penhoras viraram realidade e transformaram Brasília em parada obrigatória para quem teme o bloqueio. Na última semana, foi a vez de Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético-MG, peregrinar pela capital atrás de uma chance para renegociar as pendências do Galo, um dos clubes mais endividados do país e, ainda assim, dono de um dos elencos mais caros.

    Para frear a crise, restou aos clubes reduzirem seus tetos salariais e colocarem um basta na escalada que fez, por exemplo, Fred, do Fluminense, receber salários de quase R$ 1 milhão, vencimentos dignos do padrão europeu. A mudança tem impacto direto nos jogadores. Acostumados a pedir alto, estão sendo obrigados a entender que o momento é de aceitar menos.

    – Estamos tendo que explicar aos jogadores a realidade. Eles terminam bem a temporada, querem aumento, mas eu preciso conscientizá-los de que o momento é ruim – afirmou o empresário Frederico Moraes.

    Enquanto a dor de cabeça não passa, o futebol brasileiro, como todo mundo depois que bebe além da conta, promete não exagerar de novo.

    Cruzeiro é exceção

    A tempestade que agita o mar do futebol brasileiro, por enquanto, bate que nem marola nos cascos do Cruzeiro. O bicampeão brasileiro é uma exceção de estabilidade em meio à crise financeira que atrapalha os rivais.

    O segredo é o controle da dívida, o que lhe deixa imune a penhoras e lhe permite usar praticamente tudo arrecadado para investir na equipe. Outros clubes arrecadam mais do que a Raposa, mas perdem muito do que entra para quitarem o passivo.

    – O clube tem um histórico de pagamento em dia há 20 anos. Não trabalhamos com direito de imagem, nosso pagamento é 100% na folha. Tem estrutura. Isso tudo atrai – afirmou Alexandre Mattos, diretor de futebol do Cruzeiro.

    Enquanto os clubes cariocas pisam em ovos nessa janela de transferências, o Cruzeiro tenta tirar Leandro Damião do Santos, negociação que promete movimentar as maiores cifras da janela de transferências atual.

    Para o dirigente, chegou a hora de o futebol brasileiro se adaptar a dias mais difíceis:

    – Quem não se adequar, vai sofrer consequências. Os clubes se empolgaram com a situação econômica do país, com a renegociação com a TV. Por isso os salários ficaram tão altos recentemente.

    Fonte: 

    http://extra.globo.com/esporte/futebol-de-cofres-vazios-sem-dinheiro-clubes-jogadores-brasileiros-precisam-se-adequar-nova-realidade-14886208.html#ixzz3MWhbA9Aq

  8. Ordem do dia: Alguem, por

    Ordem do dia: Alguem, por gentileza, poderia me explicar por que tenho que pagar R$9-15 por um quilo de queijo minas, levá-lo para casa e, ao deixá-lo “descansando” por dois dias extraio uma Cantareira de água ? Conclusão: De queijo mesmo como só 700-800 gramas. 

  9. Unasul ganha sede permanente

    Sul21

    http://www.sul21.com.br/jornal/unasul-ganha-sede-permanente/

     

    Encontro da Unasul ocorreu em Quito| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

    Luiza Olmedo

    Neste mês de dezembro, mais um passo importante para a integração regional foi dado: a inauguração de uma sede permanente da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), em Gauyaquil, no Equador. A instituição foi criada em 2008, após diversos encontros entre os presidentes sul-americanos, e tem como objetivo aproximar os doze países da América do Sul, que apesar de geograficamente próximos, não mantinham uma tradição de parceria conjunta.

    Mesmo com trajetórias e desafios comuns a serem superados, como o passado colonial, as ditaduras militares e os governos neoliberais, as nações sul-americanas costumavam ter seus interesses cooptados pelos Estados Unidos. Entretanto, com o fim da Guerra Fria surge um novo espaço para a cooperação regional. Nesse contexto, em 1991 nasce o Mercosul (mercado comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), mas ainda altamente restrito às questões econômicas, e envolvendo apenas 4 dos 12 países sul-americanos.

    A integração regional ganha novo fôlego, adquirindo maiores dimensões e voltando-se também para questões mais políticas e estratégicas, com a falência do neoliberalismo que dominou a América Latina nos anos 90. Assim, em 2000 ocorre a primeira reunião de chefes de Estado da América do Sul, e em 2003 é assinado uma acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina das Nações (CAN) – base da unificação das duas maiores iniciativas de integração regional, que se consolida na Unasul.

    A Unasul tem como objetivo promover cooperação entre os países sul-americanos em diversas áreas, sobretudo nas questões de infraestrutura regional e defesa. Nos últimos anos tem se mostrado importante para a estabilidade regional, tendo sido chave para a solução da crise interna na Bolívia, em 2008, da crise vivida entre Colômbia e Venezuela, em 2010, e da crise no Paraguai com o golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo, em 2012.

    Entretanto, apesar do esforço para aproximação, permanecem obstáculos importantes frente a uma maior integração regional. Vetores econômicos extra-regionais, como Estados Unidos e China, mantêm uma força centrífuga nos interesses dos países da região que dificulta avanços mais robustos. Além disso, internamente ainda é preciso superar a desconfiança que as assimetrias entre os países suscitam, sobretudo em relação ao Brasil, que corresponde a cerca de 50% do PIB, 50% da população da região.

    Para o Brasil, a superação dessas desconfianças é fundamental, na medida em que os mercados consumidores sul-americanos se tornam cada vez mais estratégicos para a exportação de manufaturas brasileiras (mais de 80% das exportações brasileiras para a região é de produtos manufaturados). Como o nosso modelo de desenvolvimento tem sido voltado para o mercado doméstico, temos visto uma primarização da nossa pauta de exportação, e por isso as vendas de manufaturados para os vizinhos se torna cada vez mais importante.

    Apostar na América do Sul é estratégico para o Brasil, e, por isso, é importante que, como país chave no sub-continente, invistamos nessa parceria. Devemos aprofundar nosso comprometimento com os nossos vizinhos, para que a integração possa continuar forte.

  10. Empresas brasileiras em Cuba: otimismo e cautela com reaproximaç

    Empresas brasileiras em Cuba: otimismo e cautela com reaproximação com EUA

    http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141218_empresas_brasileiras_cuba_lgb

    Luís Guilherme Barrucho, da BBC Brasil

    Construída por empresa brasileira, porto de Mariel é considerado peça importante na redirecionamento da economia cubana

     

    Empresas brasileiras com negócios em Cuba ouvidas pela BBC Brasil veem com otimismo moderado a reaproximação entre a ilha comunista e os Estados Unidos, em meio a incertezas sobre o grau de abertura política e econômica a ser promovido pelo regime castrista.

    Parte delas diz esperar uma alta das vendas de olho no mercado interno cubano, enquanto outras planejam usar o país como uma espécie de entreposto comercial para o restante da América Central e do Caribe, além dos Estados Unidos.

    Por trás dessa estratégia, está o porto de Mariel, construído pela brasileira Odebrecht por meio de empréstimos subsidiados pelo BNDES.

    Há ainda um terceiro grupo que, menos otimista, teme sofrer concorrência de produtos de outros países, sobretudo americanos.

    Qualquer cenário, no entanto, só se concretizaria com o fim do embargo econômico, decretado pelos Estados Unidos contra Cuba em 1962 e vigente até hoje, ponderam.

    Entre 2003 e 2013, o intercâmbio comercial entre Brasil e Cuba cresceu praticamente sete vezes, passando de US$ 92 milhões em 2003 para US$ 625 milhões em 2013. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial de Cuba, após a China e a Venezuela.

    Durante o período, várias empresas brasileiras iniciaram ou mesmo aumentaram as exportações para o país, impulsionadas pela sintonia ideológica entre os dois governos.

    Para o empresário Ênio Luiz Martinazzo, da Metalurgia Martinazzo, de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, o fim do embargo “aceleraria as oportunidades de negócios”. A empresa exporta talheres e utensílios de cozinha para mais de 15 países e vem participando das últimas edições da Feira Internacional de Havana (FIHAV), que acontece anualmente na capital cubana.

    “O fim do embargo certamente alavancaria as oportunidades de negócios para empresários brasileiros em Cuba. No entanto, disso dependerá o grau de abertura econômica promovido pelo governo. Ainda há muita burocracia para atuar lá”, diz ele à BBC Brasil.

    A burocracia a que Martinazzo se refere envolve as restrições impostas pelo regime castrista para o comércio exterior. Todas as negociações são feitas com o governo.

    “O mercado cubano é muito particular. Apesar de negociarmos apenas com o governo do país, há várias agências governamentais que ‘concorrem’ entre si oferecendo contratos com preços diferentes. A eventual derrubada do embargo pode trazer benefícios para a população e possivelmente alavancar nossas vendas”, diz Maria Prado, gerente de exportação da Fame, que fabrica chuveiros elétricos e exporta para Cuba há mais de 20 anos.

    “No entanto, ainda é muito incerto como se dará essa abertura econômica. O governo continuará como comprador exclusivo? Além disso, a renda do cubano ainda é muito baixa e o mercado interno, apesar de considerável, vai demorar para atingir o nível de consumo de outros países”, acrescenta.

    Cuba tem mais de 11 milhões de habitantes, mas o salário médio da população, segundo dados oficiais, não ultrapassa o equivalente a R$ 50.

    Na avaliação de Abel Pina, representante da Kerry, de Três Corações, em Minas Gerais, que fabrica leite em pó de gordura vegetal e também participou da FIHAV, o comércio com Cuba ainda é “inviável”. Ele é menos otimista com o futuro da ilha.

    “Tentamos de todas as formas vender para o mercado cubano, mas não conseguimos. Ainda há muitas barreiras, não só burocráticas, mas econômicas”, diz ele.
    “O fim do embargo pode gerar uma expectativa frustrada, pois tudo dependerá do nível de abertura da economia cubana”, pondera.

    Pina explica que, por causa do bloqueio econômico imposto pelos EUA, o acesso a dólares em Cuba é restrito, o que prejudica as negociações com os exportadores.

    “Atualmente, o governo brasileiro concede linhas de crédito a Cuba, que usa o dinheiro para pagar os exportadores, mas não há qualquer certeza de que a dívida será paga”, diz.

    “Além disso, temos pouca liberdade para negociar já que só existe uma única estatal responsável por comprar alimentos, a Alimport”, acrescenta.

    Mariel

    Parte das empresas brasileiras está de olho no mercado interno cubano, de 11 milhões de pessoas

    Dênis Mauro Sponton, diretor da fabricante de eletrodos Uniweld, demonstra otimismo com a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, mas diz acreditar que o crescimento das vendas vai depender da “melhoria na infraestrutura” do país.

    “As estradas do país são péssimas e a indústria está completamente sucateada. Não adianta nada ser amigo dos Estados Unidos se não houver dinheiro. É preciso que o governo cubano coloque em prática um plano de melhorias”, afirma.

    Na opinião de Sponton, por outro lado, Cuba pode se aproveitar da “zona de desenvolvimento especial” do porto de Mariel, construído pela brasileira Odebrecht, por meio de empréstimos subsidiados pelo BNDES.

    Ali vigora um sistema diferente do resto da ilha, onde empresas têm poucas restrições para contratar, contam com isenção de impostos e não são obrigadas a se associar a companhias estatais.

    Inaugurado em janeiro deste ano, o porto de Mariel é operado por uma empresa de Cingapura. De grande profundidade, o terminal pode receber navios gigantes, capacidade que poucos portos da região têm, inclusive na costa americana. Além disso, vem sendo modernizado no mesmo momento em que são realizadas obras de ampliação do canal do Panamá, que passará a receber navios que transportam até o triplo da carga dos navios atuais.

    “Logicamente, nenhuma empresa que se instale ali vai comprar matéria-prima de Cuba. O objetivo é aproveitar a localização estratégica do país como centro de distribuição para o resto da América Central e os Estados Unidos”, acrescenta Sponton, que afirma que isso só será possível com o fim do embargo.

    Por trás dessa estratégia, está a mão de obra cubana, barata e educada, avaliam os empresários.

    “Construímos parte do porto de Mariel e muitos dos pedreiros eram engenheiros civis. A grande maioria dos cubanos tem ensino universitário, o que facilita a capacitação”, diz Luiz Angelo Pereira, da Medabil, empresa que fabrica estruturas metálicas e já atua em Cuba.

    “Isso, claro, pode ter um impacto considerável na produtividade a longo prazo”, acrescenta ele, que diz acreditar que o fim do embargo possa “ampliar a aceitação do governo em relação ao investimento estrangeiro”.

    “Hoje, no entanto, ainda há uma série de entraves. Eu não consigo, por exemplo, levar operários brasileiros para Cuba, apenas técnicos e supervisores, tampouco tenho liberdade para definir salários”, explica.

    Tigre caribenho?

    Mão de obra barata e educada é vantagem competitiva para Cuba, dizem empresários

    Pereira, que diz já ter recebido pedidos de orçamento de “15 a 20 empresas brasileiras” interessadas em estudar a viabilidade dos negócios em Cuba, acredita que o país possa se tornar uma espécie de “entreposto comercial”.

    “Uma empresa brasileira pode aproveitar a localização estratégica do país para instalar ali uma linha de produção, montando, por exemplo, um produto cujas peças venham de outros países”, avalia.

    Nessa hipótese, Cuba poderia seguir pelo mesmo caminho dos tigres asiáticos, que, na década de 80, usaram a mão de obra barata e a educação de qualidade como vantagem competitiva para impulsionar suas economias.

    “Nenhum empresário vai fechar a fábrica no Brasil e transferi-la para Cuba. Mas por que produzir mais caro aqui para vender para a América Central e para os Estados Unidos e se eu posso fazer isso de lá com custos menores?”, questiona Sponton, da Uniweld, que critica o chamado “Custo Brasil”.

    Temor

    Há, em contrapartida, uma preocupação de que o fim do embargo mude “as regras do jogo”.

    Algumas empresas temem que, com a abertura econômica, o Brasil possa perder o “tratamento privilegiado” recebido do governo cubano.

    “O cenário é incerto, pois ninguém sabe o que vai acontecer depois do fim do embargo”, diz Pereira, da Medabil.
    “Mesmo que as regras do jogo mudem, já temos uma experiência no mercado cubano, o que nos favoreceria frente a eventuais novos competidores”, pondera.

    No entanto, um representante de uma fornecedora de aves brasileira que vende para Cuba vê como “prejudicial” a abertura econômica do país.

    “No nosso setor, o fim do embargo é ruim, porque sofreríamos concorrência de outras empresas, especialmente dos Estados Unidos, que são os maiores produtores de frango do mundo”, afirmou o executivo, que não quis se identificar.

     

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