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  1. Justiça vai bloquear bens de tucanos envolvidos na Lava Jato

    Correio do Brasil

    27/2/2015 7:38
    Por Redação – de Brasília e São Paulo

     

        

     

    No Haras Pedra Verde, tucanos investem pesado na raça Mangalarga

    No Haras Pedra Verde, tucanos investem pesado na raça Mangalarga

     

    Agentes do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) investigam o Haras Pedra Verde, de propriedade da família do ex-senador Sérgio Guerra, e o envolvimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) na lavagem de dinheiro proveniente da propina que corria solta na Petrobras, desde o governo de FHC até o primeiro mandato da presidenta Dilma. Segundo o Correio do Brasil apurou, junto a fontes no MPF, o espólio do ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra será alvo de um pedido de bloqueio de bens, nos próximos dias, como forma de garantir o ressarcimento de valores desviados da estatal brasileira de petróleo.

    Da fortuna do ex-líder tucano consta um dos mais ricos haras do país, o Pedra Verde, em Limoeiro (PE). Atualmente, a propriedade conta com mais de 200 cavalos da raça Mangalarga Marchador, entre eles alguns campeões nacionais, cuidados por veterinários, geneticistas e cerca de 40 outros funcionários. Segundo apuram os agentes da PF designados para a Operação Lava Jato, o Pedra Verde seria uma espécie de lavanderia para o dinheiro arrecadado em comissões ilegais, por meio de transferências vultuosas com a exportação e importação de animais.

    Avaliado em torno de R$ 250 milhões, segundo cálculos estimados por especialistas, o Haras Pedra Verde realiza apresentações de cavalos premiados e leilões que movimentam altas quantias. Os bens sofisticados que integram a propriedade, porém, foram omitidos na declaração de Imposto de Renda de Sérgio Guerra, em 2002, quando eleito senador da República. Na época, apesar de todos os benefícios constantes da propriedade rural, o valor atribuindo ao Pedra Verde foi de R$ 22 mil, declarado como “terra nua”, sem qualquer tipo de benfeitorias ou construções.

    No rol de bens do usineiro pernambucano consta, ainda, dezenas de imóveis, uma frota de automóveis de luxo, entre eles vários automóveis da marca BMW; além de jóias, aplicações financeiras em bancos e prováveis contas em paraísos fiscais, como Liechtenstein e Suíça, segundo apura a PF. Após sua morte, em março do ano passado, seus herdeiros, passaram a enfrentar uma ação indenizatória da União.

    Entre suas posses, Guerra mantinha uma coleção de arte contemporânea com obras de Cícero Dias, Cândido Portinari, Vicente do Rêgo Monteiro, Di Cavalcanti, Gilvan Samico, Carybé, Manabu Mabe, Djanira e Tarsila do Amaral, em valores que atingem a marca dos R$ 20 milhões.

    Guerra, tanto no Senado quanto na Presidência do PSDB, foi um dos mais radicais opositores dos governos Lula e Dilma. As denúncias contra ele, no entanto, remontam aos anos 80, quando apontado como um dos integrantes da quadrilha que desviava recursos públicos e beneficiava empreiteiras, na Comissão do Orçamento do Congresso. Os processos criminais contra o político tucano se encerraram com a morte dele, mas seus bens seguem anexados aos processos cíveis.

    Relator do Orçamento da União também no final dos anos 80, Sérgio Guerra chegou a viajar em um jato Dassault Falcon da Construtora Camargo Correia – uma das principais envolvidas no escândalo da Petrobras – para Londres, onde teria se hospedado em uma luxuosa propriedade do também falecido empreiteiro Sebastião Camargo. Guerra viajou acompanhado de toda família e por duas semanas teria frequentado restaurantes e lojas de grifes de luxo na capital inglesa. Ainda assim, foi o único parlamentar a sair ileso do escândalo que derrubou colegas influentes, na época, como Genebaldo Correia, Manoel Moreira, Cid Carvalho e Pinheiro Landim, além do líder do grupo, João Alves.

    Dias envolvido

    Ainda de acordo com dados levantados por investigadores da Operação Lava Jato, o senador Álvaro Dias também está na mira da Polícia Federal pela compra de terras, no Rio de Janeiro, por R$ 3 milhões. Após a aquisição do terreno, cerca de seis meses depois, a área foi vendida à Petrobrás por R$ 40 milhões. Apesar do foro privilegiado, que assegura ao senador paranaense ser investigado e julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), dados vazados da Lava Jato ligam Dias e Guerra ao enterro de uma outra Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado, sobre a Petrobras.

    Em 2009, em troca da propina de R$ 10 milhões de reais, ambos teriam combinado de se desligar da investigação, em um protesto que surpreendeu até os seus pares, contra o que chamaram de um “jogo de cartas marcadas”. Com a retirada destes dois parlamentares, a CPI foi encerrada sem produzir nenhum resultado efetivo.

    Com os R$ 10 milhões que a dupla dividiu, segundo informações dos investigadores, R$ 5 milhões teriam sido repassados ao senador Álvaro Dias para investir R$ 3 milhões na área hoje investigada por promotores do MPF. Este, no entanto, é apenas mais um dos processos que pesam sobre um dos principais líderes tucanos.

    Álvaro Dias responde, civil e criminalmente, por autorizar o uso da cavalaria da PM contra uma manifestação de professores, entre outros crimes contra a administração pública, no STF. Dias também segue arrolado no processo originado pela Operação Castelo de Areia, por receber recursos indevidos das construtoras Camargo Corrêa e a Norberto Odebrecht.

    O senador paranaense também teria omitido de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral R$ 6 milhões em aplicações financeiras. Em 2006, Dias declarou um patrimônio de R$ 1,9 milhão, dividido em 15 imóveis: apartamentos, fazendas e lotes em Brasília e no Paraná. O patrimônio dele, porém, seria quatro vezes maior. Álvaro Dias alega que o dinheiro não consta em sua declaração porque queria se preservar.

    “Não houve má intenção”, afirmou, à época.

    http://correiodobrasil.com.br/noticias/brasil/justica-vai-bloquear-bens-de-tucanos-envolvidos-na-lava-jato/752639/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20150228

  2. Serra tira a fantasia: o negócio é fatiar e vender a Petrobras.

    Tijolaço

     

    27 de fevereiro de 2015 | 12:57 Autor: Fernando Brito

     

     

     

    chevon

    A entrevista de José Serra ao “dono da lista do HSBC” no Brasil, Fernando Rodrigues, é um strip-tease.

    O vendedor da Vale – título que lhe foi concedido pelo próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – lista o que se tem de fazer com a maior empresa brasileira.

    Vai falando meias-verdades, como a de dizer que a Petrobras está “produzindo fio têxtil”, vai circulando a presa, como um velho leão.

    O “fio textil” é poliéster, derivado integral de petróleo, que é produzido em Suape, como parte da cadeia de valor gerada pela refinaria, junto com a resina PET, com a que se produz garrafas.

    São plásticos, enfim, um dos frutos de maior valor da cadeia de refino de petróleo.

    Depois, diz que a Petrobras “não tem que fabricar adubo”.

    Parece que está falando de esterco, mas é, simplesmente, de um dos insumos mais importantes da imensa produção agropecuária brasileira: amônia, que é produzida a partir do gás extraído junto com o petróleo.

    É o “N” da famosa fórmula NPK dos fertilizantes, que o Brasil, incrivelmente, importa às toneladas.

    Depois, fala em vender as usinas termelétricas de eletricidade, que já foram das multis e que a Petrobras teve de assumir porque elas só queriam o negócio com os subsídios que lhes deu FHC na época do apagão de 2001, subsídios que, além disso, eram suportados por nossa petroleira.

    A seguir, fala em vender a distribuição, os postos Petrobras.

    Aqueles onde o dim-dim entra, sonante, chova ou faça sol.

    E aí, finalmente, diz que a empresa deve se conservar na extração de petróleo, mas que este deve ser “aberto ao mercado”.

    Como já é, deve-se ler isso como a entrega da parcela exclusiva, de 30%, das imensas jazidas do pré-sal.

    Claro que, nos negócios da cadeia do refino de petróleo, a Petrobras pode comprar, vender, dividir, agir como age um empresa que busca concentrar recursos em suas prioridades.

    Isso inclui, senador Serra, o tal “fio têxtil”.

    É tão bom negócio que seus amigos da Chevron  o produzem em larga escala através da Chevron-Phillips, em oito países.

    Assim como a Chevron produz adubo e está cheia de passivos ambientais pela forma terrível que o faz, antes como Texaco e agora  usando  o “codinome” de Ortho.

    E, claro, a Chevron não vai abrir mão de seus mais de 8 mil postos de abastecimento só nos Estados Unidos…

    Quer dizer, as receitas de Serra para a Petrobras são exatamente o contrário do que fazem seus amigos da Chevron…

    Senador, mas o que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil?

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=25037

     

  3. O Brasil está prestes a criar

    O Brasil está prestes a criar uma coisa que, acho, é inédita na política mundial = um impeachment branco dado pelo próprio partido do presidente (rs). Bem, pelo menos é um cenário melhor do que ter Dilma desgovernando. Ah, Nassif, onde está a prosa mineria que só você viu na Dilma ? Deve estar na mesma gaveta de grande político que você vu no Serra (rs). 

     

  4.  
    Publicado em

     

    Publicado em 28/02/2015

    Onde a Dilma
    começou mal

    Falta um ministro Pikettiano ao lado do Levy​.

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    O ministro Joaquim Levy disse ao Globo que o programa de desoneraçoes da folha” de pagamentos do Ministro Mantega e da Presidenta Dilma foi “uma brincadeira”.

    Uma “brincadeira” que custa R$ 25 bilhões por ano, diz ele.

    A “brincadeira”, porém, ajudou a segurar o emprego na taxa mais baixa do mundo …

    E, além do mais, não seria essa a forma mais elegante de se referir ao que foi feito imediatamente antes.

    Nessa batida, imagine, amigo navegante, o que dirá o sucessor do Ministro Levy…

    O Ministro Levy foi incumbido pela Presidenta – duas vezes eleita pelo povo brasileiro – para realizar um ajuste nas contas publicas.

    Ou seja, o mandato dele não provém do PiG.

    O objetivo do ajuste é, como disse, com sabedoria, o presidente Lula, em Belo Horizonte: fazer a químio na garganta para continuar a falar em defesa da Petrobras.

    O ajuste é arrumar a casa.

    Para continuar a gerar emprego.

    Para voltar a crescer.

    E combater a inflação.

    Estaria tudo muito bem, se a Presidenta, como disse o Stedile na Carta Capital, não tivesse começado mal o segundo mandato.

    Desde novembro do ano passado, ao escolher o Levy, ela poderia ter colocado no mesmo palco, sob as mesmas luzes a “outra face” do Levy.

    A “outra face” do Levy seriam ministros ou políticas que seguissem religiosamente a vontade das urnas.

    A proteção aos pobres.

    A correção da desigualdade.

    Especialmente na política tributária.

    Já que a do Brasil é uma das mais regressivas do mundo – ou  seja, mais taxa os pobres e menos os ricos.

    Na mesma página do jornal que sem o impítiman morre, o Ministro Levy diz que “a taxação estática (sic) de grandes fortunas não arrecada muito e não tem muitas vantagens“.

    Não tem vantagem para os ricos, Ministro ?

    Está aí onde “a Dilma começou mal”.

    Ao lado do Levy, no púlpito PiGal, deveria estar um Piketty brasileiro.

    O Piketty do imposto sobre grandes fortunas.

    Já imaginou, amigo navegante, se a Dilma tivesse nomeado em novembro um Ministro Pikettiano ?

    Um ministro que, como o Piketty, se indignasse com a capacidade de os ricos brasileiros esconderem sua fortuna.

    O Fernando Rodrigues do UOL que o diga …

    E só por isso o Piketty não conseguiu analisar a desigualdade – brutal, cavalar – de renda no Brasil !

    Como ela só nomeou o Levy e passou um pito no Nelson Barbosa no primeiro minuto do primeiro tempo, o que pareceu?

    Que ela tinha sido aprisionada na Casa Grande.

    E o General Aloysio Oliva (ver no ABC do C Af) a trancou a chave lá dentro.

    O primeiro Ministro da Fazenda do Lula foi o Palocci e o Meirelles,  presidente do Banco Central.

    E lançou o Bolsa Família, simultaneamente.

    O Dr Getúlio nomeava os paulistas para o BB e o Ministério da Fazenda e o Jango, ministro do Trabalho.

    A presidenta Dilma tem Ministro do Trabalho ?

    Tem Ministro dos Transportes para peitar o Ivar, como, no passado, fez o Cesar Borges ?

    Ela tem Ministro da Justiça ?

    Bem, é melhor parar por aí, porque o sol lá fora está irresistível.

    Em tempo: o mundo acadêmico, de Oxford a Oxford, espera o veredito da Urubóloga, o melhor que o neolibelismo brasileiro conseguiu produzir, sobre a obra do Piketty.

    Até lá, permanece compreensível expectativa.

    O que o André Haras Resende acha já se sabe.

    Mas, o que a Academia Universal espera é a opinião dela.

    Paulo Henrique Amorim

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    Publicado em 28/02/15 às 11p4

    Para onde vamos, Dilma: fundo do poço ou poço sem fundo?

    1 Comentário

    100 Para onde vamos, Dilma: fundo do poço ou poço sem fundo?

    Sábado, 28 de fevereiro de 2015.

    Um clima de fim de feira varre o país de ponta a ponta apenas dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. Feirantes e fregueses estão igualmente insatisfeitos e cabisbaixos, alternando sentimentos de revolta e desesperança.

    Esta é a realidade. Não adianta desligar a televisão e deixar de ler jornais nem ficar blasfemando pelas redes sociais. Estamos todos no mesmo barco e temos que continuar remando para pagar nossas contas e botar comida na mesa.

    Nunca antes na história da humanidade um governo se desmanchou tão rápido antes mesmo de ter começado. Para onde vamos, Dilma? Cada vez mais gente acha que já chegamos ao fundo do poço, mas tenho minhas dúvidas se este poço tem fundo.

    “O que já está ruim sempre pode piorar”, escrevi aqui mesmo no dia 5 de fevereiro, uma quinta-feira, às 10 horas da manhã, na abertura do texto “Governo Dilma-2 caminha para a autodestruição”.

    “Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação. O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição”.

    Pelas bobagens que tem falado nas suas raras aparições públicas, completamente sem noção do que se passa no país, melhor faria a presidente se continuasse em silêncio, já que não tem mais nada para dizer.

    Três semanas somente se passaram e os fatos, infelizmente, confirmaram minhas piores previsões. Profetas de boteco ou sabichões acadêmicos, qualquer um poderia prever que a tendência era tudo só piorar ainda mais.

    Basta ver algumas manchetes deste último dia de fevereiro para constatar o descalabro econômico em que nos metemos. Cada uma delas já seria preocupante, mas o conjunto da obra chega a ser assustador:

    “Dilma sobe tributo em 150% e empresas preveem demissões”.

    “País elimina 82 mil empregos em janeiro, pior resultado desde 2009”.

    “Conta da Eletropaulo sobe 40% em março”.

    “Bloqueio de caminheiros deixa animais sem ração _ Na região sul, aves são sacrificadas em granjas, porcos ficam sem alimento e preço do leite deve subir”.

    “Indicadores do ano apontam todos para a recessão”.

    “Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB _ Queda de 10% no abastecimento de gás, energia e água levaria a perda de R$ 28,8 bi”.

    As imagens mostram estradas que continuam bloqueadas por caminheiros, depois de mais de uma semana de protestos, agentes da Força Nacional armados até os dentes avançando sobre os manifestantes, produtores despejando nas ruas toneladas de latões de leite que ficaram sem transporte. O que ainda falta?

    Enquanto isso, parece que as principais lideranças políticas do país ainda não se deram conta da gravidade do momento que vivemos, com a ameaça de uma ruptura institucional.

    De um lado, o ex-presidente Lula, convoca o “exército do Stédile” e é atacado pelo Clube Militar por “incitar o confronto”; de outro, os principais caciques tucanos, FHC à frente, fazem gracinhas e se divertem no Facebook. Estão todos brincando com fogo sentados sobre um barril de pólvora. É difícil saber o que é pior: o governo ou a oposição. Não temos para onde correr.

    A esta altura, só os mais celerados oposicionistas defendem o impeachment de Dilma e pregam abertamente o golpe paraguaio, ainda defendido por alguns dos seus aliados na mídia, que teria um final imprevisível.

    O governo Dilma-2 está cavando a sua própria cova desde que resolveu esnobar o PMDB, e não adianta Lula ficar pensando em 2018 porque, do jeito que vamos, o país não aguenta até 2018.

    Nem Dilma, em seus piores pesadelos, poderia imaginar este cenário de terra arrasada _ ou não teria se candidatado à reeleição, da qual já deve estar profundamente arrependida.

    Vida que segue.

     

     

     

  6. no que dá um goveno inepto.

    no que dá um goveno inepto. Fora Mercadante.

     

    Caminhoneiros liberam Via Dutra após breve bloqueio; problema na indústria de carnes se agrava

    sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015 17:31 BRT Imprimir[] Texto [+]Caminhões no Porto de Santos.  25/2/2015  REUTERS/Paulo Whitaker 1 de 1Versão na íntegra

    SÃO PAULO (Reuters) – Caminhoneiros liberaram a rodovia Presidente Dutra após um bloqueio parcial da estrada por pouco mais de uma hora na tarde desta sexta-feira, informou a concessionária CCR Nova Dutra, no primeiro protesto na importante ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro desde que começou o movimento grevista, que entrou em seu décimo dia.

    O protesto começou às 15p0 na altura do km 228, em São Paulo, no sentido Rio de Janeiro, provocando três quilômetros de lentidão, e por volta das 17h já havia terminado, segundo a concessionária.

    Mais cedo, as estradas federais brasileiras tinham 59 interdições devido aos bloqueios de caminhoneiros, um número menor do que o registrado na véspera, quando o governo anunciou que começaria a multar manifestantes.

    A Polícia Rodoviária Federal registrava bloqueios em cinco Estados nesta manhã (Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará), ante 88 interdições na noite anterior em seis Estados.

    Os caminhoneiros que continuarem bloqueando rodovias do país poderão ter de pagar multas judiciais de 5 mil a 10 mil reais por hora, disse na quinta-feira o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

    Segundo boletim desta manhã da Polícia Rodoviária Federal, 25 autuações foram realizadas no Paraná e uma no Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso do Sul, policiais prenderam uma pessoa –o relatório não detalha as circunstâncias da prisão.

    Os bloqueios estão prejudicando o transporte de mercadorias e afetando, principalmente, as indústrias de alimentos.

    Os problemas para a indústria de carnes de frango e suínos se agravaram, com 60 unidades industriais de processamento “parando” devido aos protestos dos caminhoneiros, que afetam principalmente o Sul do país, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

    O abastecimento interno e externo de carnes também está prejudicado, disse Turra.

    A BRF, uma das principais empresas de alimentos do mundo e maior exportadora de carne de aves do país, está tendo dificuldades para cumprir alguns embarques programados para o exterior devido a protestos de caminhoneiros que bloqueiam as estradas neste mês, disse o presidente do Conselho de Administração da companhia, Abilio Diniz, nesta sexta-feira.

    No meio da semana, a companhia informou que outras unidades produtivas, especialmente na região Sul, foram afetadas pelos bloqueios das rodovias brasileiras. Por causa disso, em muitas delas a operação passou a ser parcial.

    Outra companhia do setor de carnes, a JBS, informou nesta semana a suspensão das atividades em oito unidades.

    O protesto dos caminhoneiros, que buscam redução do custo com diesel, além de melhores condições de frete, também afeta outras empresas e setores, como o abastecimento de combustíveis.

    (Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Marcelo Teixeira)

     

  7. Caixa confirma supensão de

    Caixa confirma supensão de novos contratos do programa Minha Casa Melhor

    sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015 18:16 BRT Imprimir[] Texto [+]

    RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Caixa Econômica Federal (CEF) confirmou nesta sexta-feira que suspendeu o programa Minha Casa Melhor, que facilitava a compra de móveis e eletrodomésticos por beneficiários do programa de habitação Minha Casa Minha Vida, em meio a um quadro de inadimplência na linha de financiamento e de ajuste fiscal.

    Procurada sobre as razões que levaram à suspensão do programa, a Caixa informou apenas que “novas contratações do Minha Casa Melhor estão sendo discutidas no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida fase 3”. Segundo o banco, os cartões referentes a contratos já realizados continuam operando normalmente.

    O Minha Casa Melhor oferecia até 5 mil reais em crédito subsidiado para compra de móveis e eletrodomésticos, com prazo de pagamento de até 48 meses. No final de outubro passado, fontes do mercado financeiro calcularam que o índice de inadimplência da carteira do Minha Casa Melhor era superior a 50 por cento. [nL2N0SH33P]

    No lançamento do programa, em 2013, o Tesouro Nacional foi autorizado a emitir 8 bilhões de reais em títulos de dívida pública em favor da Caixa Econômica Federal e viabilizar a criação do Minha Casa Melhor.

    A suspensão do programa ocorre em um momento em que o governo federal promove cortes de gastos e revê desonerações fiscais, com o intuito de promover um ajuste nas contas públicas e recuperar a confiança dos agentes na economia. A suspensão do programa ocorre dias após a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior, assumir a presidência da Caixa. [nL1N0VX2G4]

    (Por Luciana Bruno)

  8. *

    José Mujica à RFI: “Brasil não entende que precisa da América Latina”

    RFI Português

    http://www.portugues.rfi.fr/americas/20150227-o-brasil-nao-entende-que-precisa-da-america-latina-diz-mujica-em-entrevista-exclus

    Neste sábado, o presidente do Uruguai, José Alberto Mujica Cordano, “Pepe” para os compatriotas, recebe a presidente Dilma Rousseff para a inauguração de um parque eólico, a 170 quilômetros de Montevidéu, numa sociedade entre a Eletrobras e a uruguaia UTE. Este será o último dia de trabalho como presidente do legendário Mujica. Quando entregar o cargo, no domingo (1), ao correligionário Tabaré Vázquez, quem o precedeu e agora o sucede, “Pepe” retorna ao Senado.

    Marcio Resende, correspondente da RFI em Montevidéu

    Na reta final do seu mandato, Mujica recebeu a RFI Brasil na sua modesta chácara a apenas 15 quilômetros do centro de Montevidéu, onde vivia antes de ser presidente e depois de renunciar à residência oficial. Em entrevista exclusiva, o presidente revelou ter rejeitado a típica imagem do poder e que exercitou a Diplomacia Presidencial, um estilo único e pessoal de fazer política internacional.

    O Brasil de Dilma e o Brasil de Lula

    RFI – O senhor diz que o Brasil tem de começar a exercer o papel de líder na região. Mas o Brasil está disposto a pagar o preço de ser líder e ser mais generoso com os vizinhos?

    Mujica – Não quer pagar o jantar. É isso mesmo. Nós precisamos do Brasil como o pão e o Brasil precisa de nós. Como? Trata-se de ter peso mundial. Uma coisa é o Brasil isolado e outra coisa é rodeado de América Latina. Ou construímos isso ou ficamos como folhas ao vento, cada qual negociando pelo seu lado. Qual é o problema que o Brasil tem? Que é muito grande. E tem gente que diz “gosto disso, mas primeiro temos de nos integrar nós”. Eles têm razão, mas chegamos tarde ao processo (de integração mundial). Porque no mundo estão construindo super-espaços cada vez maiores. A União Europeia está cheia de dificuldades? Sim, está cheia de dificuldades, mas continua em frente. Já tem 50 anos e continua a somar. Quem negocia com a União Europeia, tem de ser grande. A China é um Estado multinacional. Para esse mundo, temos de rodear o Brasil, e o Brasil precisa entender isso.

    RFI – E o Brasil está entendendo? Durante o governo Lula, parecia que sim, mas agora não está claro. O Brasil entende?

    Mujica – Não entende porque o Brasil tem a sua luta interna. Tem a burguesia paulista que comete o erro de querer colonizar em vez de hegemonizar. Não é época de colonizar. É época de juntar aliados. Essa burguesia deveria ser a encarregada de desenvolver as empresas multinacionais da América Latina. Em lugar de vir colonizar, deveria vir para juntar aliados. Multiplicar a força.

    RFI – Mas o senhor sentiu que durante o governo Lula fosse diferente?

    Mujica – Sem dúvida. Eu sou amigo do Lula. Sei perfeitamente o que ele pensa. O Lula deu uma projeção internacional ao Brasil como nunca havia tido. Tirou o Brasil do isolamento. Levou o Brasil à África e a todos os lugares.

    RFI – A política externa de Dilma não parece muito com o que o senhor acredita que deveria ser o papel do Brasil…

    Mujica – Estão muito preocupados com os seus problemas internos no Brasil. Outras prioridades.

    RFI – A presidente Dilma quase perdeu as eleições. Nesse momento, o senhor se assustou? Pergunto isso porque seria outro o mapa político na América do Sul com essa eventual derrota…

    Mujica – Sem dúvida. Teria repercussões talvez negativas muito complicadas na América Latina. Por sorte, penso que o Lula está bem. E penso que ele será o próximo presidente.

    Legalização da maconha

    RFI – A Lei de regulação do canabis parece diferente da lei de casamento igualitário e da lei de interrupção da gravidez. As demais leis priorizam a liberdade individual, mas a lei de regulação da maconha inscreve-se numa questão mais de Segurança Pública do que de Liberdade. É assim?

    Mujica – Sim, é repressiva, curiosamente. Parece libertadora, mas é repressiva e contra o tráfico de drogas. É uma medida que procura tirar o mercado do tráfico. Deixar o tráfico sem negócio. O raciocínio é o seguinte: há cerca de 70 anos que reprimimos e reprimimos cada vez mais. Como já colhemos fracassos demais, percebemos que não podemos continuar a fazer sempre o mesmo. Temos de enfrentar esse problema a partir de outro ângulo. E nos inspiramos na luta de ideias de Friedman [Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia em 1976, liberal e defensor do Livre Mercado]. Friedman, sapo de outro poço, com quem não temos nada a ver do ponto de vista ideológico, mas ele fez uma análise tão demolidora sobre a política do governo norte-americano em relação às drogas, encarando esse fenômeno como de mercado. Tivemos a ideia de que valia a pena mudar o caminho e foi o que ensaiamos.

    RFI – A interpretação dessa lei no mundo foi de liberdade individual, mas o senhor está explivando que é o contrário…

    Mujica – Nós partimos da seguinte patologia: há cerca de 150 mil consumidores de maconha no Uruguai. Nós não gostamos da maconha nem dizemos que seja boa e tudo isso que dizem. Não. Nenhum vício é bom, a não ser o do amor. Os demais, tabaco e álcool, não. Mas há um fato: há uma população que consome. Se a deixarmos no mundo clandestino, estamos dando de presente ao narcotráfico. Então o que pensamos? Vamos abordar isso como um fenômeno de mercado. Vamos garantir uma dose e um método para a compra. Se virmos que o indivíduo tende a evoluir e a consumir demais, então estamos perante um doente. Nesse caso, podemos intervir para o tratar. É a mesma coisa que o álcool. Se eu tomo duas ou três doses por dia, talvez não seja bom, mas se eu tomo uma garrafa, sou um alcoólatra que precisa de internação. A mesma coisa com a maconha. Apontamos a isso. E deixar o tráfico de drogas sem negócio. Sabemos que é complicado e que é difícil, mas não temos dúvida da necessidade de mudar de método porque estamos colhendo um estupendo fracasso. Além disso, há outra coisa: o que é proibido e o que é clandestino, atrai os muito jovens.

    RFI – O senhor nunca fumou maconha?

    Mujica – Não, nem tenho interesse em fumar.

    RFI – Uma vez um jornalista fumou diante do senhor durante uma entrevista. O que o senhor sentiu naquele momento?

    Mujica – Senti pena. Porque ele fez isso como um processo libertador. Mas que libertador?! (ri) É a construção de uma escravidão!

    RFI – O seu mandato termina, mas a lei não foi ainda aplicada. O que está acontecendo para demorar tanto?

    Mujica – Ah! Porque temos cultivar, que conseguir as variedades, que identificá-las porque queremos plantar clones. Por que queremos plantar clones? Porque não queremos que o que nós produzimos vá parar em outro país. Para isso temos de certificar [a planta]. Temos de ter segurança sobre a sua identidade. E para isso, temos de administrar clones cujo material genético é sempre o mesmo. O assunto não é simples. Tem dificuldades do ponto de vista técnico. Agora, resolver essas dificuldade… Nossa! Custou muito porque tivemos de fintar até o sistema jurídico internacional de algum país [Estados Unidos] para poder trazer material porque as leis desse país permitem vender às pessoas, mas não permitem exportar.

    RFI – A questão das farmácias. Pode haver alguma mudança na lei no que se refere à venda nas farmácias?

    Mujica – A maconha pode ser vendida em qualquer lugar. Eu pensei na ideia de vender onde se vende dinheiro e, portanto, há caixa-forte e mecanismos de segurança. Por exemplo, uma agência financeira ou algo assim. Sim, pode haver mudança nesse sentido.

    RFI – Seria para preservar a segurança dos farmacêuticos?

    Mujica – Os farmacêuticos já vendem drogas. Sempre venderam drogas. Mas, é verdade que se pode encontrar um mecanismo melhor. Por exemplo, aqui no Uruguai existe uma rede onde se envia e se recebe dinheiro. Já existe lá um mecanismo de segurança que pode servir para isso.

    Cuba x Estados Unidos

    RFI – O senhor teve um papel no degelo das relações entre Cuba e Estados Unidos. O senhor disse que foi um “grãzinho de areia”, mas qual foi a sua participação nessa aproximação?

    Mujica – Quando eu estive com Obama (maio de 2014) eu expus o que é hoje Cuba e a situação cubana, que eu via como insustentável. Ele me pediu para interceder pelo estado de saúde de um prisioneiro norte-americano que estava em Cuba. Sobre isso então, falei com Raúl Castro. Eu lhe transmiti. A essa altura, depois eu soube, já estavam negociando. Eu expressei em Cartagena num encontro no qual o Obama estava, eu também insisti que nós precisávamos ver Cuba na interamericana. Eu disse quase poeticamente “a bandeira da estrela solitária”. E Obama registrou. E também quando os Estados Unidos me pediram que pudesse acolher algum dos presos de Guantánamo, que eles não sabiam o que fazer com os presos, o único a quem eu consultei neste mundo foi o Raúl Castro porque, embora Guantánamo não esteja na jurisdição cubana, eu considero que seja território cubano. Foi aí que Raúl Castro me disse: “Vai em frente!” Essa foi a forma concreta como eu procurei ajudar dentro do possível.

    RFI – Na sua conversa com o Papa, não conversou sobre Cuba?

    Mujica – Não, não toquei nesse assunto, mas toquei na filosofia desse problema. Em tentar contribuir a distender os focos de tensão que existem em qualquer parte do mundo. Quando eu estive com o Papa [1 de junho de 2013], eu já tinha conversado com os representantes das FARC que estavam em Cuba e que começavam a negociar a paz. Seguramente falei sobre isso com o Papa. Nós conversamos muito. O Papa é muito aberto, sobretudo para nós que somos do Rio da Prata.

    RFI – Nem com um Papa assim o senhor pensou em ser católico?
    Mujica – Realmente, mesmo quando eu vou me aproximando da morte, por processo biológico, não posso crer em Deus, mas gostaria de acreditar porque uma das lições que a dor me ensinou – e eu estive ferido no hospital militar e vi gente morrer – e percebi que a religião para aquele que crê ajuda a morrer bem. Isso é um lindo serviço. Eu não acredito, mas tenho um enorme respeito pelo mundo da religião.

    Estilo de governo e de vida

    RFI – A unanimidade dos uruguaios reconhece que o senhor “pôs o Uruguai no mapa”. O senhor considera que esse é o seu grande legado internacional: ter posto o Uruguai no cenário mundial e que o país ganhasse relevância?

    Mujica – Eu não me propus isso deliberadamente. O que eu me propus sim é o exercício de algo que pode ser chamado de Diplomacia Presidencial. E procurar ter gente conhecida importante em todos os governos que forem possíveis e intimar o máximo possível. Porque eu considero que isso é um capital para o país. Porque os países não se relacionam. É tudo só pela internet ou por expedientes enviados. No final, atrás dos expedientes, há seres humanos que são os que tomam decisões. E é muito importante a relação pessoal, assim como numa academia militar onde generais são formados, uma das recomendações que você recebe é que tente averiguar qual é a psicologia do general que você tem em frente porque, se a guerra é a arte de prever, o que você precisa ter em consideração é o quadro psicológico do general contra o qual você se enfrenta. Assim, na alta política, é preciso ter relações importantes com um núcleo de gente que está próximo do lugar onde se decide. Porque é muito diferente que chegue uma proposta e você fale com fulano ou com cicrano para a proposta ser encaminhada do que se for uma coisa anônima. Eu me dediquei a exercitar a Diplomacia Presidencial. E isso me permitiu coisas. Fui falar com Obama. Consegui que a laranja uruguaia entrasse nos Estados Unidos. Há 18 anos que queríamos vender laranja aos Estados Unidos e não conseguíamos. Isso é fundamental para regiões do Uruguai. E com a carne de cordeiro foi parecido. E por quê? Porque eu lhe disse: “eu recebo alguns presos de Guantánamo”. É difícil depois, quando você for pedir, que lhe digam que não. Percebe? Se esse trabalho serviu para pôr o Uruguai no mundo, sim, eu fiz. Mas não foi a intenção.

    RFI – E esse seu exemplo, com esse estilo que o senhor reconhece ser deliberado, foi também uma mensagem política?

    Mujica – É uma maneira de ver a vida. Eu defino que a liberdade humana do ponto de vista individual é ter tempo para gastar nas coisas que gratificam a si mesmo. Eu sou um inimigo da sociedade de consumo. E sou amigo da sobriedade, de viver com pouco, mas não porque eu seja um retraído solitário. Não! Pouca atadura material porque isso me garante ter tempo para me dedicar ao que me realiza. Se eu me complico a vida e tenho um casarão e fico desesperado pelo serviço que vou ter e tenho vários carros, tenho que me preocupar com tudo isso. Não! Então, eu sou pródigo em liberdade. E desprendido de coisas materiais. Poucas coisas materiais. Não quero que me escravizem. É como o guerrilheiro que precisa marchar a pé. Se pensa que precisa disso, daquilo, daquilo outro, e soma um peso de 100 quilos, não pode andar. Tem de se acostumar a caminhar e a viver com pouco porque, senão, o peso das coisas que carrega o sepulta. Sempre andamos em guerrilha na vida.

    RFI – Em um mundo em que as pessoas se preocupam mais em ter do que em ser, esse é o choque de valores que o senhor prega?

    Mujica – Sim, sem dúvida. Não é possível que as questões materiais nos afastem das questões essenciais. Para ter filhos, é preciso de tempo para os filhos. Para ter amor, é preciso de tempo para o amor. E para ter amigos, é preciso de tempo para o punhado de amigos. Simplesmente tempo! Senão, não se pode ter. E o que é mais importante do que isso?

    Futuro

    RFI – O que aconteceu com o seu plano de adotar 30 ou 40 crianças pobres quando terminasse o mandato?

    Mujica – Estou fundando esta escola para isso. Estou tentando contribuir com a fundação de uma escola de cultivadores de hortaliças. Não é uma escola agrária. Terá uma especialidade: a produção de verduras. Porque se continuamos assim, vamos importar salada de frutas da China. Eu sou camponês. Talvez seja uma projeção disso. Serão jovens para trabalhar a terra e aprender esse ofício. Isso vai começar agora em março.

    RFI – O senhor vai vender o fusca?

    Mujica – Como eu vou vender isso?! Não! Foi presente de uns amigos.

    RFI – Mas nem por um milhão de dólares?

    Mujica – Não! Isso é um disparate que um árabe saudita me disse e que um jornalista que estava próximo registrou.

    RFI – Com a visão de hoje, depois de estar no poder, o que realmente é possível mudar? Daquela revolução utópica de querer mudar o mundo, qual é a revolução possível?

    Mujica – Alguns como eu pensam que é possível a construção de um mundo melhor. Mas é possível que esse mundo melhor seja a marcha constante. E a luta constante por esse mundo melhor. Não quer dizer que cheguemos a uma terra prometida. Quer dizer que lhe damos conteúdo à vida de lutar por esse mundo melhor. O princípio e o fim, a coisa tem que começar e a coisa tem que terminar. Isso pode ser uma apreensão da nossa cabeça humana que precisa de princípio e de fim, mas é provável que o único que exista seja o caminho.

    RFI – A revolução é o caminho?

    Mujica – É o caminho.

     

  9. *

    Apesar do alto consumo de agrotóxicos, o Brasil é o quarto maior mercado de produtos saudáveis

    EcoAgência

    http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHpkcTxmVaNGbKVVVB1TP

    Mercado de orgânicos movimenta 35 bilhões de dóla­res ao ano no Brasil 

     

    Por Paraíba Total

    De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a agricultura brasileira é, há sete anos, a maior consumidora de agrotóxicos do mundo. Por outro lado — e há aqui uma grande ironia —, o mercado brasileiro de produtos industrializados orgânicos, fabricados com ingredientes que não tiveram contato com agrotóxicos sintéticos e adubos químicos, além de outras características, como o uso de sementes que não são geneticamente modificadas, cresce 25% ao ano desde 2009.

    A média mundial é de apenas 6%, segundo a consultoria Euromonitor. Se levarmos em conta outros produtos considerados “saudáveis” — ou seja, com menos ou nada de açúcar, sal e gordura, e mais fibras, vitaminas e nutrientes —, a expansão também é impressionante.

    Enquanto as vendas de alimentos e bebidas tradicionais cresceram 67% nos últimos cinco anos no país, as de saudáveis aumentaram 98% no mesmo perío­do. É um mercado que movimenta 35 bilhões de dóla­res ao ano no Brasil. Em 2014, a cifra al­çou o país de sexto a quarto maior do mundo, superando Reino Unido e Alemanha.

    Alguns fatores ajudam a entender o que está por trás dessa tendência. “Os brasileiros se mostram bem mais preo­cu­­pados com a saúde que a média global”, diz Adriano Araújo, diretor-ge­ral da operação brasileira da Dunnhumby, empresa de pesquisa do grupo varejista britânico Tesco.

    Num levantamento recente com 18.000 pessoas de 18 países, 79% dos brasileiros disseram que saúde e nutrição são prioridade em sua vida. Esse patamar não passa de 55% no Reino Unido e de 66% nos Estados Unidos. Há que interpretar esses números, porém, com certo ceticismo. Pode existir nas pesquisas uma dissonância entre o que as pessoas­ declaram e o que, de fato, praticam.

    A despeito de tanta disposição em cuidar da saúde, os brasileiros, assim como o resto do mundo, estão ficando obesos. O Ministério da Saúde revelou, em 2013, que 51% da população do país está acima do peso — em 2006, a taxa era de 43%.

    Feita essa ressalva, é inegável que haja um prato cheio de oportunidades no mercado de produtos saudáveis a ser explorado por empresas, supermercadistas e investidores — e eles não têm perdido tempo.

    Trata-se ainda de um setor fragmentado, formado por empresas de médio e pequeno porte que crescem rapidamente. Muitas delas nasceram movidas por certa dose de idealismo. É o caso da Jasmine, fabricante de uma gama de produtos orgânicos, que vão de grãos a papinhas de bebê e leite de aveia.

    Nos Estados Unidos e na Europa, onde esse mercado está bem mais consolidado, as investidas da indústria e de fundos em negócios promissores de alimentos e bebidas saudáveis começaram há pelo menos duas décadas.

    No Brasil, já é possível ver os efeitos do impulso de investidores financeiros nessa área. A trajetória da Mãe Terra, com sede em Osasco, na Grande São Paulo, demonstra exatamente isso. Em 2013, a empresa vendeu 30% de seu capital ao fundo BR Opportunities, que tem o publicitário Nizan Guanaes em seu conselho consultivo.

    O varejo vem abrindo espaço — e muito — para a expansão de marcas com apelo de saúde. Nas lojas do Walmart, terceiro maior supermercadista do Brasil, esses produtos crescem a uma taxa três vezes maior que a dos demais itens desde 2013. Por isso, a rede ampliou 10% o sortimento dessa categoria de lá para cá.

    No maior supermercadista do país, o Pão de Açúcar, o espaço destinado a acomodar orgânicos quadruplicou nos últimos três anos. Tudo isso para atender à crescente parcela de clientes dispostos a gastar mais por eles. A diferença de preço chega a variar de 20% a 80% entre uma opção e outra.

    Na agricultura, as dificuldades são de outra natureza. Ao converter a lavoura do sistema tradicional para o orgânico, é comum o produtor sofrer com uma queda brutal de produtividade. Isso porque ele deixa de contar com as vantagens do arsenal quí­mico e precisa esperar para ver os benefícios da biodiversidade — plantas, fungos, insetos, aves e mamíferos, que, segundo os adeptos da produção orgânica, ajudam a fertilizar a terra e a controlar as pragas.

     

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