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Lourdes Nassif
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  1. Por que mídia escondeu a sonegação de R$ 502 bilhões em 2014?

    Tijolaço

     

    28 de fevereiro de 2015 | 06:00 Autor: Miguel do Rosário

     

    sonegao-fiscal-e-rampante-na-amrica-latina_51a5015f69522

    A confirmação de abertura da CPI do Suiçalão no Senado pode ser uma grande oportunidade.

    Aliás, doravante podemos até mudar o nome dela para CPI da Sonegação.

    Há algumas semanas, o Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), divulgou um estudo em que estimava a sonegação tributária no ano passado em R$ 502 bilhões.

    Para efeito de comparação, os estudos oficiais sobre a corrupção no Brasil costumam estimar um prejuízo em média de R$ 70 a 80 bilhões por ano.

    Um estudo da Câmara Federal estimou precisamente em R$ 85 bilhões por ano.

    A Veja, que tem interesse em apresentar o Brasil como o país mais corrupto do mundo, estima que a corrupção no Brasil atingiu R$ 82 bilhões por ano.

    Procurei a informação sobre o estudo do Sinprofaz na grande mídia.

    Nada.

    Por que “sonegaram” essa informação?

    Os procuradores estimam que a redução da sonegação poderia permitir uma queda brutal da carga tributária.

    Eu prefiro nem pensar assim.

    Prefiro pensar que poderíamos, ao invés de reduzir a carga tributária, aprimorar de maneira extraordinária a qualidade dos serviços públicos oferecidos aos brasileiros.

    Esse mais de meio trilhão de reais por ano dá para bancar, para início de conversa, uma revolução na infra-estrutura, construindo metrôs, trens, vlts, novas estradas, portos, aeroportos em todo país.

    Por que a mídia abafa obsessivamente as denúncias e os debates sobre a sonegação e evasão fiscal no país, notadamente a maior do mundo, segundo a ONG Tax Justice?

    (Leia o post: O Brasil é o país que mais sonega impostos no mundo).

    Diante deste quadro, que arrasa as contas públicas nacionais, o escândalo do HSBC oferece excelente oportunidade para combatermos a cultura da sonegação.

    A mesma coisa vale para a sonegação da Globo.

    As eleições do ano passado, extremamente turbulentas, sobretudo por causa da morte trágica de Eduardo Campos, abafaram um pouco a divulgação dos documentos completos da sonegação da Globo.

    Entrem neste post do Cafezinho, baixem os arquivos e me ajudem a estudar o processo da Receita Federal contra a Globo.

    Há vários documentos com as assinaturas dos irmãos Marinho, proprietários da Globo.

    Não é nenhuma “delação premiada”.

    São provas materiais, concretas, de crime contra o sistema tributário nacional.

    Um crime cometido por uma concessão pública de TV que ganha bilhões e bilhões de recursos públicos, de todos os governos, municípios, estatais, e todo o tipo de órgão público nacional.

    A Globo é a última empresa que poderia sonegar impostos e evadir recursos para o exterior ilegalmente.

    E, no entanto, ela fez isso.

    A Globo não pode sair impune tão facilmente de uma operação que envolveu a tentativa criminosa de escamotear recursos que pertencem ao povo brasileiro.

    Não adianta falar que pagou o Darf.

    Evasão fiscal e lavagem de dinheiro não podem ser perdoados porque se pagou uma dívida.

    A Justiça e o Ministério Público não zelam, de maneira tão rígida, pelo bem público, a ponto de pretenderem fechar e quebrar todas as grandes empreiteiras nacionais em nome disso?

    Por que um zelo obsessivo, até mesmo destruidor, de um lado, e nenhuma disposição para investigar os grandes sonegadores nacionais?

    A nossa mídia faz uma campanha sistemática contra os impostos, sem jamais explicitar que a sonegação representa o crime mais lesivo aos cofres públicos.

    Por que isso, se a sonegação é a seis vezes maior que a corrupção?

    Queremos mais informações sobre o estranho roubo do processo da sonegação da Globo, um roubo que resultou em grande vantagem para a emissora, porque postergou a sua transferência para a esfera criminal do Ministério Público.

    Esperemos que a CPI do Suiçação, enfim, abra uma brecha neste mórbido pacto de silêncio da mídia quando o assunto é o principal problema brasileiro, aquele que atinge diretamente as contas públicas nacionais.

    Também estamos curiosos para entender porque o PSDB não assinou o requerimento da criação da CPI do Suiçalão?

    O PSDB não acha que a sonegação brasileira seja um problema nacional?

    E a mídia, por quanto tempo vai bloquear o debate sobre a evasão fiscal brasileira?

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=25043

     

  2. Do blog rsurgente
    Líder de

    Do blog rsurgente

    Líder de protestos de caminhoneiros chama Dilma de “anta” e “assaltante”

    ivairschmidt

    O autointitulado líder do movimento dos caminhoneiros, Ivar Luiz Schmidt, que se apresenta como “independente” politicamente, coleciona ataques e ofensas contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o PT e outros políticos, em sua página no Facebook.  ‎Sócio da Roda Brasil Transportes e representante comercial da Manos Implementos Rodoviários, tal como se apresenta no Linkedin, Schmidt não economiza nos insultos em seus posts: os parlamentares brasileiros “são um lixo”, a presidente da República é uma “anta”, “guerrilheira” e assaltante”, e o presidente do Senado é “um bandido”. Seguem alguns exemplos das reflexões de Ivar Schmidt no Facebook:

    “Tá comprovado mais uma vez que nossos parlamentares são um lixo…se venderam de novo pra Dilma e elegeram um bandido para a presidência do Senado…pudera né…na presidência da república tem uma guerrilheira e assaltante…tinha que dar nisso…” (01/02/2015)

    “Já da até pra adivinhar o resultado da eleição para presidência da câmara…vai dar PT…compram todos…e os vendidos nós ja sabemos que se vendem por meia dúzia de cargos”. (01/02/2015)

    “Olha a educação da anta…por aí vc imagina o que ela fazia nos tempos da guerrilha, isso ai pra matar uma dúzia é rapidinho…” (28/01/2015)

    Na mesma página, o integrante do Comando Nacional dos Transportes indica suas preferências políticas. Entre políticos e comunidades políticas, aparecem, entre outros, Álvaro Dias, Lasier Martins, Jerônimo Goergen, Onyx Lorenzoni, Ana Amélia Lemos, Geraldo Alckmin e as comunidades “Pacto contra o #PT” e “Já tirou voto do PT hoje”. Schmidt também registra algumas de suas referências midiáticas: Reinaldo Azevedo, Rachel Sherazade, Diego Casagrande e Luiz Carlos Prates, entre outros. Segundo a jornalista Carolina Bahia, do jornal Zero Hora, em Brasília, ele vem sendo apoiado, entre outros, pelos deputados federais Jeronimo Goergen e Vilson Covatti Filho, do PP do Rio Grande do Sul.

    A mãe de Vilson Covatti Filho, a deputada estadual Silvana Covatti, também do PP, propôs a realização de uma reunião na segunda-feira (2), às 10 horas, no Plenarinho da Assembleia Legislativa gaúcha, para ouvir as reivindicações do movimento de paralisação dos caminhoneiros.

    A agenda do Comando Nacional de Transporte

    A página do Comando Nacional de Transporte no Facebook, além dos registros sobre a mobilização dos caminhoneiros, também traz fotos e textos defendendo a derrubada de Dilma Rousseff. Além disso reproduz posts de grupos como o “Pátria Amada Brasil”, que acusa Dilma de estar “implantando uma ditadura no Brasil”. Apresentando-se como uma “página dedicada a criar uma pauta de reivindicações a partir de discussões, a serem implantadas no setor de transporte rodoviário nacional”, o Comando usa como ilustração um caminhão soltando chamas.

    Os caminhoneiros bloqueiam estradas desde o dia 22 de fevereiro em protesto contra o aumento do preço do óleo diesel, as más condições das pistas e o alto preço dos transportes de carga.

    Justiça determina desbloqueio imediato de rodovias federais e estaduais

    A Justiça Federal concedeu na tarde desta sexta-feira (27),o agravo de instrumento encaminhado pela União referente à decisão anterior que determinava o desbloqueio de todas as rodovias federais no Rio Grande do Sul. Em decisão anterior, o pedido havia sido atendido, limitando-se porém a duas rodovias federais. Agora, foi determinado o desbloqueio imediato das 12 BRs que apresentam pontos de interdição no Estado. A multa para cada hora de descumprimento da decisão é de R$ 100 mil.

    Já a Justiça do Estado deferiu pedidos da Procuradoria Geral do Estado para o desbloqueio das estradas estaduais nas regiões de Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo, Caxias do Sul e Passo Fundo. Segundo o pedido da PGE, “os bloqueios ocasionam insegurança para o trânsito e para a circulação viária nas rodovias estaduais, causando inúmeros prejuízos ao país, e enfatizado que o direito de reunião/manifestação não pode se sobrepor ao direito de ir e vir dos demais cidadãos”.

    (*) Publicado originalmente no Sul21.

    https://rsurgente.wordpress.com/2015/02/27/lider-de-protestos-de-caminhoneiros-chama-dilma-de-anta-e-assaltante/

     

  3. Repórter revela ligação da mídia com esquema bilionário do HSBC

    Correio do Brasil

     

    Repórter revela ligação da mídia com esquema bilionário do HSBC

    28/2/2015 17:12
    Por Redação – do Rio de Janeiro

     

       

     

    O banqueiro Saul Sabbá teve seu nome veiculado em uma lista de suspeitos no escândalo do HSBC

    O banqueiro Saul Sabbá teve seu nome veiculado em uma lista de suspeitos no escândalo do HSBC

     

    No site Megacidadania, o repórter Alexandre Teixeira revela como o ex-assessor de FHC, que integrava o programa de privatização da década de 90, Saul Dutra Sabba, dono do Banco Máxima, foi protegido pela mídia conservadora e teve seu nome retirado da primeira lista divulgada no país. “(O colunista do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo) Fernando Rodrigues enterra de vez a credibilidade do jornalismo ao ocultar os nomes dos correntistas brasileiros que estão camuflados no HSBC”, afirmou Teixeira ao jornalista João Pedro Werneck, em entrevista divulgada neste sábado.

    O ‘Suiçalão’ ou Swissleaks, como ficou conhecido o escândalo, internacionalmente, tem como fonte original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani. Segundo ele, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões, que em grande parte podem ter sido ocultados do fisco brasileiro.

    No boletim do mandato da deputada Jandira Feghali, Werneck publica, na sessão Dois Dedos de Prosa, a conversa com Alexandre Teixeira.

    – O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, não revela a lista com nomes de brasileiros donos de contas do HSBC na Suíça. O que isso aponta no jornalismo nacional?

    – Fernando Rodrigues enterra de vez a credibilidade do jornalismo ao ocultar os nomes dos correntistas brasileiros que estão camuflados no HSBC (fugindo assim de suas responsabilidades tributárias). O termo “camuflados” se aplica com perfeição, pois autoridades francesas concluíram em 2013 que 99,8% de seus cidadãos na lista vazada praticavam o crime de evasão fiscal.

    – Essa seleção do vazamento de informações tem caráter político? Ele mostra que Barusco, por exemplo, possuía contas por lá, mas não o ex-assessor de FHC. Por que?

    – O número de brasileiros que utilizaram o mecanismo criminoso disponibilizado pelo HSBC é de aproximadamente 6 mil pessoas e já foi divulgado divididas da seguinte fome: 10%, ou seja, 600 contas estão vinculadas a empresas no exterior em paraísos fiscais (que é o método de esconder o dono do dinheiro); 20%, ou seja, 1.200 contas estão em nome de seus proprietários; 70%, ou seja, 4.200 contas são contas numeradas que é o tradicional artifício para ocultar seu proprietário.

    Portanto, ao pinçar um nome dentre 1,2 mil identificados, Fernando Rodrigues comprova estar agindo com evidente imparcialidade, pois conseguimos identificar a conta do banqueiro Saul Dutra Sabba, dono do Banco Máxima e que foi assessor do FHC nas privatizações de grandes empresas como Vale e CSN, mas o Fernando Rodrigues, estranhamente, não teve interesse em divulgá-la.

    – Qual é a relação da TV Globo neste processo noticioso? E por que?

    – O blog Diário do Centro do Mundo está desenvolvendo uma série de reportagens sobre o escândalo da sonegação/corrupção da Rede Globo e identificou o paraíso fiscal das Ilhas Virgens como sendo o local onde a Globo executou seus crimes. É exatamente nestes paraísos fiscais que estão centenas de contas de brasileiros, via mecanismos fraudulentos do HSBC.

    – O que o Brasil tem a perder com uma mídia se portando desta forma?

    – O distinto público brasileiro ainda sofre forte influência da pauta midiática imposta por seis famílias que controlam os principais meios de comunicação, notadamente TV e rádio. É notório o vínculo político existente entre a velha mídia empresarial e os partidos oposicionistas. E é de conhecimento público que o HSBC é um grande financiador publicitário destas famílias que controlam a mídia brasileira. Portanto, a possibilidade concreta de que estas empresas de comunicação também tenham se utilizado desta bandalheira para roubar o dinheiro público (como é o caso do Grupo Clarín de Comunicação na Argentina), evidencia as reais motivações de Fernando Rodrigues (empregado que é do Grupo UOL/Folha de São Paulo) para encobrir a divulgação dos titulares destas contas camufladas.

    Entendo que é dever de consciência política de todos que lutam contra a corrupção, exigir a imediata divulgação integral da lista dos saqueadores camuflados pelo HSBC – concluiu Alexandre Teixeira, editor do Megacidadania.

    http://correiodobrasil.com.br/noticias/brasil/reporter-revela-ligacao-da-midia-com-esquema-bilionario-do-hsbc/752813/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20150301

     

     

     

     

       
     

  4. Ricardo Semler: um tucano que pensa diferente

    Ricardo Semler: “A corrupção não é um problema público, é um problema privado enorme”

    Fonte: http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/02/ricardo-semler-corrupcao-nao-e-um-problema-publico-e-um-problema-privado-enorme/

     fevereiro 27, 2015 10:05
       

    Em entrevista, empresário tucano reafirma sua percepção de que “nunca se roubou tão pouco” no Brasil e estende a responsabilidade do problema para o setor privado. “Eu quero ver alguém vender pra uma grande montadora no Brasil sem dar propina para um diretor de compras”, questionou

    Por Redação

    “A corrupção é muito mais endêmica do que parece, não é um problema ‘só’ brasileiro. E não é um problema público, é um problema privado enorme”.

    A declaração é de Ricardo Semler, empresário filiado ao PSDB, em entrevista concedida ao programa Diálogos com Mário Sérgio Conti, exibida na noite desta quinta-feira (26) na Globo News. Em novembro de 2014, Semler já havia ido na contramão da cobertura noticiosa da mídia tradicional quando, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, afirmou que “nunca se roubou tão pouco no Brasil”, fazendo alusão a uma “santa hipocrisia” da elite em relação às denúncias na Petrobras. Agora, voltou à carga analisando a questão da corrupção no país e no mundo.

    Na entrevista, Semler falou a respeito da percepção que as pessoas em geral têm, de que a corrupção no Brasil alcança índices escandalosos, fazendo um paralelo com a visão sobre a violência. “Nunca se matou tão pouco. Se voltar pra Guerra Civil espanhola, [com] Franco são 21 milhões de pessoas; Segunda Guerra Mundial, Primeira Guerra Mundial, Guerra dos 30 Anos, Guerra dos Cem Anos… Nunca morreu tão pouca gente. No entanto, esse ‘atacado’ das grandes guerras está no ‘varejo’”, explica. “E a internet, a facilidade de comunicação, faz com que tudo fique óbvio e conhecido por todo o mundo”, pontua, fazendo a comparação: “Com a corrupção é a mesma coisa, ela era no ‘atacado’. Quando eu listasse pra você o xá do Irã, Idi Amin Dada, estou falando de 10, 15, 20 bilhões de dólares pra cada pessoa. Não estou defendendo, mas o que quero dizer é que agora estamos em um momento em que aparece muito [a corrupção] e que veio pro varejo, o que é um grande problema.”

    O empresário tenta dimensionar o problema da corrupção, afirmando não só que não se trata de um problema tipicamente brasileiro, como também não é novo. “Há 20 anos roubava-se um percentual sobre todos os barris de petróleo que vinham para o Brasil. Se fizesse uma investigação hoje, queria saber com as empreiteiras como foi a construção de Itaipu, Transamazônica, Brasília… Os números hoje são pequenos, mas não são defensáveis”, afirma, criticando a postura do PT no governo em seguida. “O PT enfiou os pés pelas mãos ao achar que precisava jogar o jogo do Brasil do jeito que se joga porque senão não tinha chance. É uma pena, porque o PT era a última esperança de vir alguém e dizer ‘não vou jogar desse jeito’. Mas não quer dizer que o roubo está aumentando, ele está no varejo, está na internet e então aparece ‘pra burro’.”

    Embora o foco da mídia de uma forma geral seja a ação de agentes públicos, Semler afirma que a corrupção é algo comum também no âmbito privado. “Quem olhar a iniciativa privada, porque se diz ‘isso é uma coisa pública, esses políticos, Brasília…’. Eu quero ver alguém vender pra uma grande montadora no Brasil sem dar propina para um diretor de compras, que é de uma empresa multinacional alemã, americana…. Não vende pra muitas delas. Propina pro comprador, negócio privado. Pra grandes redes de supermercado, vai lá e pede pra botar seu produto na gôndola mais perto. Vender prótese para hospital particular, os grandes nomes do Brasil, não vende sem corrupção”, diz.

    A circunscrição do problema também estaria equivocada já que, segundo o empresário, trata-se de um fenômeno global que atinge países como China, Rússia e Estados Unidos, ainda que de formas distintas. “No tempo Bush, Dick Cheney, Halliburton, 800 bilhões de dólares em armamentos comprados dos amigos… Agora, eles [EUA] estão no atacado, então você vai pra Miami, dirige, e o guarda de trânsito não te pede nada. Porque [a corrupção] é lá em cima, na hora que o cara vende armamento pra um país inteiro pra destruir o Afeganistão.”

    De acordo com Semler, a corrupção estaria relacionada com a desigualdade e a submissão das pessoas em relação ao poder do dinheiro. “Quando se pensa um pouco, de onde vem a corrupção? Do desejo de ter o dinheiro que é necessário para a pirâmide social. Hoje, se eu conseguisse convidar as 85 pessoas certas para um coquetel lá em casa, os 85 mais ricos do mundo, eu teria gente que tem mais patrimônio que 2,2 bilhões de pessoas no planeta. Há uma coisa profundamente errada nisso”, pondera. “Achamos que moramos em um mundo cada vez democrático, mas a verdade é que a gente vive em uma monarquia e somos todos súditos do ‘King Cash’, o ‘Rei Grana’. Agora, dinheiro é tudo, e se dinheiro é tudo, a corrupção tende a aumentar de forma capilar, no varejo. Por isso que digo que o valor que se rouba tenho certeza que é menor, mas tem muito mais gente interessada no seu quinhão desta corrupção.”

    Para Semler, este cenário só teria chance de ser alterado caso haja uma mudança na educação, que ainda é baseada em um modelo fordista segundo sua avaliação. “A resposta, pra mim, está no jardim de infância, infelizmente demora um pouco. O fato é que nós estamos em um sistema educacional – que estamos tentando melhorar, mas ele é ruim em qualquer lugar do mundo – baseado numa linha de montagem do Henry Ford em 1908 que diz ‘preciso passar um milhão de pessoas pela escola e fornecer para a indústria’”, argumenta. “Mas aquele emprego já acabou. Nós só tínhamos a cabeça pra manter a informação, hoje toda a informação está disponível em trinta segundos no Google, o que estamos fazendo treinando a cabeça das pessoas? Está na hora de, no jardim de infância, a gente parar pra pensar no que está certo, no que está errado, quais são as questões fundamentais de vida em sociedade, cidadania etc. É isso que vai resolver o problema da corrupção logo, logo, em trinta, quarenta, cinquenta anos. Não vai ser em dois meses.”

     

  5. O Brasil sabe o que os

    O Brasil sabe o que os milicos fizeram, general Pimentel

    : Rio de Janeiro, BRASIL, 18 - 12 - 2014; Retrato do General Gilberto Pimentel presidente do Clube Militar. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)**EXCLUSIVO FOLHA**

    “Os jovens não têm memória, alguns velhos – ou velhacos – fingem amnésia, mas a história está registrada. Todas as atrocidades e todos os erros crassos de governança que vocês cometeram estão eternizados. O senhor pode enganar alguns tolos, pouco instruídos ou muito cínicos, mas o regime que o senhor exalta está condenado à lata de lixo de história”, diz Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, sobre Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar

    28 de Fevereiro de 2015 às 15:10

     

     

    Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

    Aos 68 anos, a jornalista Rose Nogueira é contemporânea do general Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar, reduto de militares de alta patente da reserva que integraram a ditadura militar que se abateu sobre o Brasil entre 1964 e 1985, ainda que este país só tenha começado a se redemocratizar mesmo a partir de 1989, quando pôde eleger livremente seu primeiro presidente após mais de um quarto de século.

    Em dezembro do ano passado, no âmbito da divulgação final dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, Rose, de quem este blogueiro ficou amigo, deu entrevista ao diário espanhol El País na qual relatou os horrores que homens como seu contemporâneo Pimentel ajudaram a infligir a jovens idealistas que, como ela, lutavam contra o arbítrio, a censura, os horrores que aquele regime infame impôs ao país.

    Em seu relato ao jornal estrangeiro, Rose revelou que ainda se preocupa se o filho Cacá, de 45 anos, está passando frio. Ainda acorda no meio da noite com pesadelos em que acredita estar sendo perseguida. E, depois de passar nove meses presa, entre os anos de 1969 e 1970, não conseguiu engravidar novamente.

    Segundo relatou ao El País, Rose ficou no Dops por 50 dias. A todo momento ouvia dos policiais que buscariam seu filho recém-nascido para torturá-lo. Teve uma infecção que só foi tratada tarde, motivo pelo qual desconfia nunca mais ter podido engravidar. Bonita, foi apelidada pelos guardas de Miss Brasil. “Diziam: acabou de ter um filho e como tem esse corpo? É uma vaca. Uma vaca terrorista”, lembra.

    Assim como muitas outras mulheres que passaram pelo Dops, Rose foi violentada. Por diversas vezes foi colocada em uma sala e despida. “O [policial João Carlos] Tralli me colocava debruçada e enfiava o dedo em mim. E como eu estava fedida por causa do leite ele me beliscava, me batia, por eu atrapalhar o prazer dele.” Algum tempo depois, um médico aplicou nela uma injeção que cortou o leite.

    As investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre os métodos de tortura durante o regime militar apontam que, além de usarem pedaços de madeira e choques elétricos, os torturadores chegaram a usar animais vivos para obter informações de militantes de esquerda. Os métodos de tortura mapeados nos últimos meses chocaram os membros da comissão. Pelas informações coletadas, animais como cobras, ratos e jacarés teriam sido utilizados nas casas da morte, entre outros locais de tortura no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.

    Trinta formas de tortura foram inventariadas pela Comissão Nacional da Verdade. A lista inclui violências já conhecidas, como a aplicação de choques elétricos e palmatórias, cadeira do dragão (assento que dava choque), “pau de arara”, afogamento, telefone (tapas nos dois ouvidos ao mesmo tempo), sufocamento e espancamentos. Muitas vezes eram combinados vários deles.

    Integrantes de um regime que praticou todos esses crimes contra a humanidade, se tivessem um mínimo de decência seria esperável que ansiassem pelo ostracismo, no mínimo. Mas não é o que se vê. Além de pessoas como o general Pimentel negarem o que a CNV provou com centenas e centenas de depoimentos inclusive de integrantes da ditadura, bem como de suas vítimas, põem-se a vituperar, grandiloquentes, contra o governo de uma das mulheres que eles covardemente seviciaram e contra aquele que talvez mais tenha ajudado a livrar o país daquele regime infame: Luiz Inácio Lula da Silva.

    Infame também é a nota que o general Pimentel assinou na última quarta-feira contra o discurso de Lula no ato em defesa da Petrobrás que os paus-mandados do clube de generais de pijama foram fustigar com provocações cuidadosamente planejadas.

    Em tom de ameaça, a nota assinada pelo general (eleitor declarado de Aécio Neves) em nome do Clube Militar não esbofeteia o país apenas por distorcer o fato de que seus correligionários premeditaram “não deixar Lula falar” e causarem confusão no ato público de trabalhadores diante da Associação Brasileira de Imprensa, na última terça-feira (24/2). A nota infame esbofeteia o país por aqueles que o calaram e torturaram durante duas décadas terem a coragem, a coragem suprema de abrirem a boca para acusar o governo Dilma de “incompetência” e Lula, um dos que mais lutaram para reinstalar a democracia brasileira, de “inconsequente”.

    Se o general quiser falar de “incompetência” governamental, deveria falar do desastre econômico que os militares legaram ao deixarem o poder, em 1985. Quem viveu aquele período trágico da história nacional lembra da inflação galopante, do desemprego generalizado, dos baixíssimos indicadores sociais, da altíssima mortalidade infantil, da maior concentração de renda do mundo que aquela ditadura aterradora legou. Isso sem falar de uma dívida externa impagável, edificada ao longo dos vinte anos sombrios que se abateram sobre o país.

    Em 1985, último ano da ditadura militar, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 242,23% e a dívida externa, então considerada “impagável”, bateu em 105 bilhões de dólares. A ditadura começou a cair em 1983, quando cerca de 5 mil desempregados marcharam sobre o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Desesperados com a penúria social, derrubaram a grade que circunda o Palácio.

    Naquele ano, nasceu o movimento Diretas Já, quando milhões de brasileiros foram às ruas pedir a volta da democracia.

    Essa juventude que o general Pimentel e outros mistificadores como ele ludibriam e arrastam para movimentos que pedem a volta daquela era de horrores não lembra, pois não viveu tudo aquilo. Mas qualquer brasileiro que não tenha nascido ontem sabe muito bem quanto este povo sofria quando os militares, após afundarem o país, largaram o abacaxi para José Sarney, o PMDB e o PFL descascarem.

    E o general Pimentel vem acusar o homem que tirou dezenas de milhões da pobreza, distribuiu renda como nunca ocorreu no país e pagou a dívida externa – já que temos mais reservas cambiais do que dívida – que os militares legaram e que era considerada “impagável”? Será que este mundo está de cabeça para baixo?

    E ainda fazendo ameaças, pois é disso que se trata quando o general filhote da ditadura lembra que o Brasil “só tem um exército”. Graças a Deus que só tem um, apesar de que os militares da ativa são, quase todos, inocentes dos crimes pretéritos dessa corporação. Afinal, apesar de os militares de hoje não serem culpados, se o Brasil tivesse tido mais de um exército (incluindo Marinha e Aeronáutica) talvez não tivesse sobrado nada de si.

    O Brasil sabe muito bem o que os milicos já fizeram neste país, general Pimentel. Os jovens não têm memória, alguns velhos – ou velhacos – fingem amnésia, mas a história está registrada. Todas as atrocidades e todos os erros crassos de governança que vocês cometeram estão eternizados. O senhor pode enganar alguns tolos, pouco instruídos ou muito cínicos, mas o regime que o senhor exalta está condenado à lata de lixo de história.

    Os trabalhadores não se deixarão intimidar, general Pimentel. E muito menos Lula. Vocês não vão tomar as ruas sozinhos, sem resistência pacífica e democrática, e nunca mais vão impedir ninguém de falar, como exorta a convocação dos que foram provocar e insultar trabalhadores diante da sede da Associação Brasileira de Imprensa. Conforme-se com a democracia, general. É inexorável. Aceite que doerá menos.

  6. Documento revela que Aécio coordenaria financiamento ilegal PSDB

    Tijolaço

    Documento revela que Aécio coordenaria financiamento ilegal do PSDB em 2012

     

    17 de outubro de 2014 | 20:53 Autor: Fernando Brito 

    bomba

    É estarrecedor o documento, reproduzido em reportagem de Allison Matos, no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, onde são listadas doações irregulares –  caixa 2 – para a campanha de candidatos do PSDB e de seus aliados, em Minas e em outros estados, num esquema onde a coleta entre empresas e entidades e a destinação do dinheiro para as campanhas são reportadas diretamente a Aécio Neves.

    São listas e listas, em papel timbrado do Governo Mineiro e com a assinatura do Secretário de Governo, Danilo de Castro, com firma reconhecida em cartório, onde se arrolam cerca de R$ 166 milhões em doações de empreiteiras, bancos, empresas estatais mineiras, fornecedores do Governo do Estado e entidades que dependem de seus repasses, como hospitais, além de sindicatos e até o Conselho Regional de Medicina de Minas.

    Chequei algumas empresas – as públicas, sindicatos e associações, legalmente, não poderiam doar, claro – e elas não aparecem como doadoras nos registros do TSE.

    Os que teriam recebido o dinheiro ilegal também são dezenas, a grande maioria tucanos, mas também o ex-governador Eduardo Campos, de Pernambuco e seu candidato Geraldo Júlio, que disputava contra o PT a eleição de Prefeito do Recife.

    O documento foi recebido de fiscais mineiros pelo Procurador Federal Eleitoral de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, que o teria enviado às mãos do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que – no mínimo por uma questão de equidade  com as denúncias sobre a Petrobras –  tem o dever moral de confirmar (ou não, obvio) a sua existência.

    O documento é, verificada como parece estar sua autenticidade, a maior prova de caso de corrupção eleitoral já surgida na história brasileira, tanto pelo valor quanto pela extensão da rede de doadores e beneficiários de dinheiro ilegal.

    Veja o post do Conversa Afiada e a reprodução dos documentos.

    Foi assim que Aécio levantou R$ 166 milhões para 2012-2014?

    Allisson Matos e Paulo Henrique Amorim

    O Procurador Federal de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, recebeu do Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas Gerais (SINDIFISCO-MG), um documento que mostra uma lista de políticos, partidos e empresas numa operação para, supostamente,  financiar as campanhas eleitorais de 2012 para prefeitos e vereadores.

    O Conversa Afiada tem a informação de que o promotor Morato Fonseca encaminhou a documentação à Procuradoria Geral da República, já que entre os suspeitos estão políticos com direito a foro privilegiado.

    No documento, onde se lê “consórcio” é possível entender que dele façam parte operações à margem da legislação eleitoral.

    O arquivo teria sido enviado ao candidato a Presidente Aécio Neves (PSDB), em 4 de setembro de 2012, por Danilo de Castro, à época Secretário de Estado de Governo de Minas e possível operador do esquema. Nessas eleições, Castro coordenou a campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao Governo de Minas.

    A movimentação financeira teria beneficiado partidos e políticos – principalmente prefeitos e vereadores – nas eleições de 2012. Entre eles, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que faleceu este ano em acidente de avião. Teriam sido destinados R$ 2 milhões e 500 mil a Campos, conforme teria determinado Aécio Neves, como mostra o documento, o que mostra uma suposta ligação entre ambos há, pelos menos, dois anos.

    Ao todo, 19 siglas teriam o caixa abastecido com o esquema, como PSDB, PSB, DEM, PPS, PSD, PV, PP, PRB. Entre os políticos citados, estão José Serra (PSDB), então candidato a prefeito em São Paulo, que teria recebido R$ 3 milhões e 600 mil, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda (PSB), R$ 7 milhões, Arthur Virgilio (PSDB), prefeito de Manaus (AM), R$ 600 mil, Geraldo Julio (PSB), prefeito de Recife (PE) R$ 550 mil e o senador José Agripino Maia (DEM), R$ 2 milhões e 300 mil “por intermédio” do deputado Gustavo Correia (DEM-MG), de acordo com o documento.

    Os recursos podem ter saído de mais de 150 empresas dos mais diversos setores, como alimentação, construção civil, bancos, associações e sindicatos. Algumas foram citadas recentemente pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em seu depoimento à Justiça Federal: Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Correa.

    Chamam a atenção supostas doações de grupos como Conselho Federal de Medicina, que se envolveu na polêmica do programa Mais Médicos, que teria cedido R$ 40 mil, Federação Mineira dos Hospitais R$ 45 mil, Federação das Santas Casas de MG com R$ 100 mil, Associação Espírita o Consolador com R$ 160 mil, Associação dos cuidadores de idosos de MG, com R$ 200 mil, UGT (União Geral dos Trabalhadores) R$ 50 mil e Sindicato dos ferroviários R$ 55 mil. Além de bancos como o BMG, BGT Pactual, Santander, Itaú e Mercantil do Brasil.

    Outras que aparecem são empresas ligadas a governos, como a CEMIG, companhia de energia de Minas, que teria doado R$ 6 milhões, a CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) R$ 3 milhões e a Fundep (Fundação de desenvolvimento da Pesquisa) instituição que realiza a gestão de projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

    Alguns dos doadores já são denunciados por participar de esquemas polêmicos. Um deles é o dono da Stillus Alimentação Ldta, Alvimar Perrela, ex-presidente do Cruzeiro e irmão do deputado Zezé Perrela. Segundo matéria de O Globo, “ele é acusado de liderar um esquema de fraudes que o fez vencedor em 32 licitações com o governo de Minas para o fornecimento de quentinhas para presídios do estado. No período de janeiro de 2009 a agosto de 2011, o grupo de empresas ligadas a Stillus Alimentação recebeu cerca R$ 80 milhões em contratos firmados com a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas”.

    Construtora Cowan, uma das responsáveis pela construção do viaduto que caiu em Belo Horizonte, de acordo com os documentos, teria cedido ao esquema R$ 650 mil.

    Consta ainda a quantia de R$ 36 milhões e 800 mil que teria vindo de “outras fontes”, não esclarecidas.

    O dinheiro arrecado teria irrigado, principalmente, as campanhas de PSDB, DEM e PSB.

    Abaixo, o documento na íntegra:

     

     

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=22206

      

     

  7. O Brasil sabe o que os

    O Brasil sabe o que os milicos fizeram, general Pimentel

    : Rio de Janeiro, BRASIL, 18 - 12 - 2014; Retrato do General Gilberto Pimentel presidente do Clube Militar. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)**EXCLUSIVO FOLHA**

    “Os jovens não têm memória, alguns velhos – ou velhacos – fingem amnésia, mas a história está registrada. Todas as atrocidades e todos os erros crassos de governança que vocês cometeram estão eternizados. O senhor pode enganar alguns tolos, pouco instruídos ou muito cínicos, mas o regime que o senhor exalta está condenado à lata de lixo de história”, diz Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, sobre Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar

    28 de Fevereiro de 2015 às 15:10

     

     

    Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

    Aos 68 anos, a jornalista Rose Nogueira é contemporânea do general Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar, reduto de militares de alta patente da reserva que integraram a ditadura militar que se abateu sobre o Brasil entre 1964 e 1985, ainda que este país só tenha começado a se redemocratizar mesmo a partir de 1989, quando pôde eleger livremente seu primeiro presidente após mais de um quarto de século.

    Em dezembro do ano passado, no âmbito da divulgação final dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, Rose, de quem este blogueiro ficou amigo, deu entrevista ao diário espanhol El País na qual relatou os horrores que homens como seu contemporâneo Pimentel ajudaram a infligir a jovens idealistas que, como ela, lutavam contra o arbítrio, a censura, os horrores que aquele regime infame impôs ao país.

    Em seu relato ao jornal estrangeiro, Rose revelou que ainda se preocupa se o filho Cacá, de 45 anos, está passando frio. Ainda acorda no meio da noite com pesadelos em que acredita estar sendo perseguida. E, depois de passar nove meses presa, entre os anos de 1969 e 1970, não conseguiu engravidar novamente.

    Segundo relatou ao El País, Rose ficou no Dops por 50 dias. A todo momento ouvia dos policiais que buscariam seu filho recém-nascido para torturá-lo. Teve uma infecção que só foi tratada tarde, motivo pelo qual desconfia nunca mais ter podido engravidar. Bonita, foi apelidada pelos guardas de Miss Brasil. “Diziam: acabou de ter um filho e como tem esse corpo? É uma vaca. Uma vaca terrorista”, lembra.

    Assim como muitas outras mulheres que passaram pelo Dops, Rose foi violentada. Por diversas vezes foi colocada em uma sala e despida. “O [policial João Carlos] Tralli me colocava debruçada e enfiava o dedo em mim. E como eu estava fedida por causa do leite ele me beliscava, me batia, por eu atrapalhar o prazer dele.” Algum tempo depois, um médico aplicou nela uma injeção que cortou o leite.

    As investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre os métodos de tortura durante o regime militar apontam que, além de usarem pedaços de madeira e choques elétricos, os torturadores chegaram a usar animais vivos para obter informações de militantes de esquerda. Os métodos de tortura mapeados nos últimos meses chocaram os membros da comissão. Pelas informações coletadas, animais como cobras, ratos e jacarés teriam sido utilizados nas casas da morte, entre outros locais de tortura no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.

    Trinta formas de tortura foram inventariadas pela Comissão Nacional da Verdade. A lista inclui violências já conhecidas, como a aplicação de choques elétricos e palmatórias, cadeira do dragão (assento que dava choque), “pau de arara”, afogamento, telefone (tapas nos dois ouvidos ao mesmo tempo), sufocamento e espancamentos. Muitas vezes eram combinados vários deles.

    Integrantes de um regime que praticou todos esses crimes contra a humanidade, se tivessem um mínimo de decência seria esperável que ansiassem pelo ostracismo, no mínimo. Mas não é o que se vê. Além de pessoas como o general Pimentel negarem o que a CNV provou com centenas e centenas de depoimentos inclusive de integrantes da ditadura, bem como de suas vítimas, põem-se a vituperar, grandiloquentes, contra o governo de uma das mulheres que eles covardemente seviciaram e contra aquele que talvez mais tenha ajudado a livrar o país daquele regime infame: Luiz Inácio Lula da Silva.

    Infame também é a nota que o general Pimentel assinou na última quarta-feira contra o discurso de Lula no ato em defesa da Petrobrás que os paus-mandados do clube de generais de pijama foram fustigar com provocações cuidadosamente planejadas.

    Em tom de ameaça, a nota assinada pelo general (eleitor declarado de Aécio Neves) em nome do Clube Militar não esbofeteia o país apenas por distorcer o fato de que seus correligionários premeditaram “não deixar Lula falar” e causarem confusão no ato público de trabalhadores diante da Associação Brasileira de Imprensa, na última terça-feira (24/2). A nota infame esbofeteia o país por aqueles que o calaram e torturaram durante duas décadas terem a coragem, a coragem suprema de abrirem a boca para acusar o governo Dilma de “incompetência” e Lula, um dos que mais lutaram para reinstalar a democracia brasileira, de “inconsequente”.

    Se o general quiser falar de “incompetência” governamental, deveria falar do desastre econômico que os militares legaram ao deixarem o poder, em 1985. Quem viveu aquele período trágico da história nacional lembra da inflação galopante, do desemprego generalizado, dos baixíssimos indicadores sociais, da altíssima mortalidade infantil, da maior concentração de renda do mundo que aquela ditadura aterradora legou. Isso sem falar de uma dívida externa impagável, edificada ao longo dos vinte anos sombrios que se abateram sobre o país.

    Em 1985, último ano da ditadura militar, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 242,23% e a dívida externa, então considerada “impagável”, bateu em 105 bilhões de dólares. A ditadura começou a cair em 1983, quando cerca de 5 mil desempregados marcharam sobre o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Desesperados com a penúria social, derrubaram a grade que circunda o Palácio.

    Naquele ano, nasceu o movimento Diretas Já, quando milhões de brasileiros foram às ruas pedir a volta da democracia.

    Essa juventude que o general Pimentel e outros mistificadores como ele ludibriam e arrastam para movimentos que pedem a volta daquela era de horrores não lembra, pois não viveu tudo aquilo. Mas qualquer brasileiro que não tenha nascido ontem sabe muito bem quanto este povo sofria quando os militares, após afundarem o país, largaram o abacaxi para José Sarney, o PMDB e o PFL descascarem.

    E o general Pimentel vem acusar o homem que tirou dezenas de milhões da pobreza, distribuiu renda como nunca ocorreu no país e pagou a dívida externa – já que temos mais reservas cambiais do que dívida – que os militares legaram e que era considerada “impagável”? Será que este mundo está de cabeça para baixo?

    E ainda fazendo ameaças, pois é disso que se trata quando o general filhote da ditadura lembra que o Brasil “só tem um exército”. Graças a Deus que só tem um, apesar de que os militares da ativa são, quase todos, inocentes dos crimes pretéritos dessa corporação. Afinal, apesar de os militares de hoje não serem culpados, se o Brasil tivesse tido mais de um exército (incluindo Marinha e Aeronáutica) talvez não tivesse sobrado nada de si.

    O Brasil sabe muito bem o que os milicos já fizeram neste país, general Pimentel. Os jovens não têm memória, alguns velhos – ou velhacos – fingem amnésia, mas a história está registrada. Todas as atrocidades e todos os erros crassos de governança que vocês cometeram estão eternizados. O senhor pode enganar alguns tolos, pouco instruídos ou muito cínicos, mas o regime que o senhor exalta está condenado à lata de lixo de história.

    Os trabalhadores não se deixarão intimidar, general Pimentel. E muito menos Lula. Vocês não vão tomar as ruas sozinhos, sem resistência pacífica e democrática, e nunca mais vão impedir ninguém de falar, como exorta a convocação dos que foram provocar e insultar trabalhadores diante da sede da Associação Brasileira de Imprensa. Conforme-se com a democracia, general. É inexorável. Aceite que doerá menos.

  8. A corrupção da Sabesp chega a ser comparável com a da Petrobras

    Do DCM

    “A corrupção da Sabesp chega a ser comparável com a da Petrobras”: o presidente da CPI da Sabesp fala ao DCM

     Postado em 01 mar 2015  por :             Benko

    Benko

     

    O presidente da CPI da Sabesp, Laércio Benko (PHS), tem 41 anos, é advogado especialista em Direito Tributário, atuou no Partido Verde (PV) e foi vice-presidente da legenda durante a campanha de Marina Silva à presidência.

    Após a derrota de Marina, filiou-se ao PHS. É umbandista há oito anos por conta de sua mãe e defende a liberdade religiosa entre políticos. Conversamos com ele sobre a crise hídrica em São Paulo e a atuação do governo na Sabesp.

    A CPI tem chances de dar resultado?

    A CPI fez pelo menos 200 requerimentos, entre Sabesp, ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), Agência Nacional de Águas (ANA), Prefeitura de São Paulo e Ministério Público. Ou seja, nós temos um trabalho documental grande e vamos terminar no dia 28 de maio com um relatório útil para identificar problemas, apontar responsáveis, para que isso que está acontecendo seja minimizado e nunca mais volte a acontecer.

    Vocês estão lidando com que tipos de denúncias?

    Temos várias denúncias protocoladas no MP ou dirigidas diretamente para a gente, de todos os tipos. Elas variam muito, de vazamentos até esgoto clandestino. Há quem fale que a própria Sabesp despejou dejetos na represa do Guarapiranga através de uma estação elevatória de esgoto que não funciona direito. Condomínios populares ilegais instalados na beira de represa e também moradores que recebem ar no lugar da própria água. E eles são cobrados financeiramente pelo ar. Essas são alguns fatos que se tornam queixas à Sabesp diante da comissão.

    Como está a questão do vazamentos de água, alvo de denúncias pesadas? 

    O percentual de 30% de perdas é o mesmo desde 2004, há 10 anos. Dentro deste número, 20% escapam por vazamentos e 10% por furtos. A Sabesp não investiu nas perdas, porque para eles ficava mais caro consertar do que deixar vazar. Ou seja, se tratou água como um produto, não como um bem estratégico. Nós vimos pela imprensa que o Japão tem 2% de perdas hídricas e eles querem diminuir mais ainda. Aqui nós temos 30% e a Sabesp não quis esvaziar o bolso dos acionistas em Nova York e deixou esvaziar o reservatório da Cantareira.

    A situação deve permanecer assim por muito tempo?

    Estou otimista quanto ao trabalho da comissão porque acredito que a crise será prolongada. Infelizmente viveremos tempos difíceis nos próximos dois ou três anos. Isso fará com que todas as autoridades se envolvam com o problema. O envolvimento será profundo para que isso nunca mais volte a acontecer.

    Pensando na participação privada e na gestão do governo do estado dentro da Sabesp, de quem foi a maior culpa neste perigo de colapso?

    Esse problema foi uma soma de todos os fatores, públicos e corporativos. Eu, pessoalmente, jamais privatizaria a Sabesp e jamais abriria ações dela na bolsa de valores. Não tenho nada contra isso, e sou favorável a participação da livre-iniciativa em vários setores. Mas água é a área mais estratégica de qualquer Estado. Se você quer acabar com o país, acabe com a sua água. Isso não pode ser objeto de especulação financeira ou lucro. A água faz parte da nossa sobrevivência. Foi um desvio de conduta o que foi feito com a Sabesp, além do governador Geraldo Alckmin tentando passar uma falsa sensação de segurança em 2014.

    Você acredita que o problema da Sabesp é a gestão do PSDB?

    Não vejo tanta diferença entre o PT e o PSDB. A corrupção da Sabesp chega a ser comparável com a da Petrobras. Acho que, se um partido estivesse no lugar do outro, ainda assim teríamos problemas. É tudo a mesma coisa.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/com-o-pt-seria-a-mesma-coisa-laercio-benko-presidente-da-cpi-da-sabesp-fala-ao-dcm/

     

  9. Nunca tinha visto esse ódio coletivo dos ricos contra um partido

    Do DCM

    Bresser: “Nunca tinha visto esse ódio coletivo dos ricos contra um partido”

    Postado em 1 de março de 2015 às 8:50 am 

    Do economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, que está lançando “A Construção Política do Brasil”, em entrevista à Folha:

    (…)

    Surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era preocupação ou medo. Era ódio.

    Esse ódio decorreu do fato de se ter um governo, pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se conservou de esquerda. Fez compromissos, mas não se entregou. Continua defendendo os pobres contra os ricos. O ódio decorre do fato de que o governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Não deu à classe rica, aos rentistas.

    (…)

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/bresser-nunca-tinha-visto-esse-odio-coletivo-dos-ricos-contra-um-partido/

     

  10. HSBC: “Por que o senhor não pediu demissão, Presidente?”

    Carta Maior

     

    28/02/2015

     

    Douglas Flint e Stuart Gulliver, respectivamente presidente e diretor geral do HSBC, passaram por duas horas de um interrogatório público e acirrado.

     

    Eric Albert, do Le Monde

     

     Jolanda Flubacher/World Economic Forum

     

    A sessão do Comitê Parlamentar britânico sobre o Tesouro, na última quarta-feira, 25 fevereiro, prometia faíscas e cumpriu, em grande parte, suas promessas. Os treze deputados-membros haviam convocado Douglas Flint e Stuart Gulliver, respectivamente o presidente e o diretor geral do HSBC, para cerca de duas horas um interrogatório público e acirrado.

    Pouco mais de duas semanas desde as revelações do “Swissleaks”, os responsáveis pelo banco britânico tiveram que se explicar sobre as práticas de evasão fiscal em grande escala. Mesmo sem ter trazido novas informações, a sessão permitiu importantes confrontações, como a que opôs o trabalhista John Mann a Douglas Flint. O deputado começou lembrando que o atual presidente era diretor financeiro do HSBC desde 1995, além de membro do conselho de administração, e, assim, havia aprovado a voracidade com que o banco realizava aquisições à época, inclusive as filiais suíças. Em seguida, com o olhar fixo em Douglas Flint, afirmou:

    – Por que o senhor não demitiu o Sr. Gulliver?

    – Porque acho que o Sr. Gulliver faz um excelente trabalho.

    – Por que o senhor não pediu demissão então? Se ele não é o responsável, então é o senhor.

    “Responsabilidade coletiva”
    Diante deste ataque, repetido várias vezes por diferentes deputados, Douglas Flint apoiou-se na mesma linha de defesa utilizada na última segunda-feira na apresentação do resultado anual do banco. Primeiramente, ele aceita sua parte na “responsabilidade coletiva” do conselho de administração, mas recusa a responsabilidade individual direta. Em segundo lugar, afirma que desde que ele e Stuart Gulliver tomaram as rédeas do grupo, há quatro anos, o banco teria sido radicalmente reformado.

    O HSBC Suíça reduziu o número de contas bancárias de 30 mil para 10 mil, e os valores depositados foram reduzidos em 42%. Apenas 30% dos gestores que trabalhavam em 2006, início do período coberto pelo Swissleaks, ainda estão no banco. Além disso, os clientes hoje precisam provar que estão em dia com o Fisco, e os saques em dinheiro são agora limitados a 10 mil dólares. A respeito da filial Suíça, mas também de outros escândalos financeiros que mancharam o banco, Douglas Flint acrescentou: “Espero sinceramente que não tenhamos mais esqueletos no armário”.

    Contas sem correspondência
    A sessão parlamentar ajudou a jogar mais luz sobre as práticas do HSBC Suíça durante a primeira década dos anos 2000. Sobre a prática das contas sem correspondência (hold mail accounts), por exemplo, o titular solicitava jamais receber qualquer correspondência ou comunicado diretamente em casa, para não deixar rastros. Entre 2006 e 2007, esta ainda era uma prática comum. “Então, se entendi bem – disse um deputado – era possível ter uma conta, e pedir ‘Antes de mais nada, nunca me escrevam’, e depois vir retirar pessoalmente enormes quantias em dinheiro. E isso não era considerado suspeito?”

    A resposta lamentável de Douglas Flint foi: “não naquele momento”. E ele acrescenta que o HSBC Suíça não era um banco “anormal” neste sentido, e que seus concorrentes teriam então as mesmas práticas. “Era uma época diferente”.

    Os deputados também se irritaram ao ouvir Douglas Flint repetir diversas vezes que os dados transferidos para as autoridades francesas por Hervé Falciani, ex-especialista em informática do HSBC Suíça, haviam sido “roubados”.

    – Como se atreve a isso? – atacou John Mann

    – Foram dados roubados.

    – Mas isso não foi bom?

    – Não. Não deveríamos ter um sistema que dependa do roubo de dados.
     
    De fato.
    ________________

    Tradução de Clarisse Meireles.

    Créditos da foto: Jolanda Flubacher/World Economic Forum 

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/HSBC-u21CPor-que-o-senhor-nao-pediu-demissao-Presidente-u21D/6/32964

  11. Publicado em 01/03/15 às

    Publicado em 01/03/15 às 12h04

    A marcha dos derrotados tucanos e seus sabujos

    9 Comentários

    ok1 A marcha dos derrotados tucanos e seus sabujos

    Marcha da Família em São Paulo, no dia 19 de março de 1964 / Foto: Reprodução/Capa Correio da Manhã

    okok A marcha dos derrotados tucanos e seus sabujos

    As “marchadeiras” estão de volta. Foi também num mês de março, 51 anos atrás, que as senhoras da UCF (União Cívica Feminina) e do MAF (Movimento de Arregimentação Feminina) saíram às ruas de São Paulo na “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, a senha para o golpe de 1964 desencadeado apenas 12 dias depois, que jogaria o país numa ditadura militar por longos 21 anos.

    Estava no centro da cidade neste dia 19 de março. Vi a elegante multidão, calculada em 500 mil pessoas, que saíra da praça da República, atravessando o Viaduto do Chá e marchando em direção à catedral na praça da Sé, gritando palavras de ordem e empunhando faixas contra a subversão e a corrupção: “Um, dois, três, Brizola no xadrez. Se tiver lugar, vai o Jango também”. Jango era João Goulart, o presidente da República, e Leonel Brizola, seu cunhado e governador do Rio Grande do Sul, ambos gaúchos.

    O objetivo era um só: derrubar o governo e vingar a derrota imposta aos paulistas em 1932, como registrou no dia seguinte a Folha de S. Paulo: “A disposição de São Paulo e de todos os recantos da pátria para defender a Constituição e os princípios democráticos, dentro do mesmo espírito que ditou a Revolução de 32, originou ontem o maior movimento cívico já observado em nosso Estado”.

    As mulheres foram na frente, acompanhadas pela criadagem das suas residências e funcionários das empresas dos maridos, dispensados do cartão de ponto naquele dia. Na retaguarda, sem dar as caras na rua, ficaram os mentores da conspiração armada pelo complexo empresarial-midiático-militar, com o apoio dos Estados Unidos, reunidos no Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). O resto é história que hoje pode ser pesquisada no Google.

    ***

    A função de um jornalista é contar o que está acontecendo nos dias atuais, sem brigar com os fatos, gostando ou não deles, mas para entende-los é preciso recuar no tempo e buscar as raízes das crises cíclicas vividas pela nossa jovem República, como esta de agora. É uma das poucas vantagens de se ficar velho nesta profissão.

    Naqueles dias de 1964, quando tinha acabado de completar 16 anos, vivíamos o auge da Guerra Fria, com o mundo dividido ao meio entre o capitalismo dos Estados Unidos e o comunismo da União Soviética.

    A Guerra Fria acabou junto com a União Soviética, as siglas Ipes, Ibad, UCF e MAF sumiram na poeira, a ditadura morreu de velhice e os militares estão nos quartéis, fora da cena política, cumprindo suas missões constitucionais, não há navios da esquadra americana rondando as costas brasileiras, acabamos de sair da sétima eleição presidencial consecutiva após a redemocratização do país, mas tem gente poderosa, principalmente na burguesia paulista, que ainda vive com o espírito de 1932 e 1964.

    Só o que não mudou foram os barões da mídia, que continuam exatamente os mesmos, utilizando os mesmos métodos. Essa gente não esquece, não aprende e não perdoa. Se ontem o inimigo a ser abatido era Getúlio Vargas e, mais tarde, foram os seus herdeiros políticos Jango e Brizola, hoje são Lula e Dilma. Em lugar dos gaúchos, os inimigos são os nordestinos que votam no PT. Para combate-los, os udenistas que levaram Vargas ao suicídio, criaram vários partidos e acabou sobrando só o PSDB.

    ***

    No ano passado, sentiram que poderiam ganhar as eleições com Aécio Neves e varrer o PT do mapa. Ficaram muito animados, jogaram no tudo ou nada, e acabaram sendo derrotados pela quarta vez seguida. Perderam por pouco mais de três milhões de votos, mas não se conformaram, e logo começaram a falar em impeachment (até pediram um parecer a renomado jurista) e a promover pequenos protestos do “Fora Dilma”, que fracassaram em público e renda.

    Com o agravamento da crise política, econômica e ética enfrentada pelo governo petista, tendo como epicentro a Petrobras, que eles já combatiam desde a criação da empresa no último governo Vargas, sem que a presidente e o partido mostrem poder de reação, os derrotados de 2014 e seus sabujos resolveram organizar e jogar todas as suas fichas numa nova marcha programada para o próximo dia 15 de março.

    Agora, a CUT e vários movimentos sociais resolveram também promover um ato em defesa da Petrobras, diante da sede da empresa em São Paulo, marcada para o dia 13. Só para lembrar: 13 de março de 1964 foi o dia do célebre Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que marcou a guinada à esquerda de Jango e o início do fim do seu governo.

    E adivinhem quem estava lá, ao lado do presidente, defendendo as reformas de base e a indústria nacional? José Serra. Sim, o próprio, que agora está do outro lado, muito animado com o ato do “Fora Dilma” do dia 15.

    Como presidente da União Brasileira de Estudantes, o jovem Serra, aos 22 anos, fez um dos discursos mais radicais daquela noite. “A questão básica do meu discurso era a mobilização antigolpe, que tínhamos de nos mobilizar”, lembraria ele, 50 anos depois, em entrevista à Folha.

    ***

    Reunidos em São Paulo na sexta-feira, os caciques do PSDB, liderados por Fernando Henrique Cardoso, com a participação do mesmo José Serra, anunciaram que defendem as manifestações pelo impeachment de Dilma, mas sem envolver o partido, e avisaram que não irão ao ato marcado para a avenida Paulista. “Quanto mais populares, mais fortes serão os protestos”, justificou Aécio Neves, o presidenciável tucano derrotado.

    Assim como os mentores da grande “Marcha da Família”, os tucanos preferem ficar na moita e ver tudo da janela, sem suar a camisa. O que vier é lucro. A mobilização deve ficar por conta das lideranças anônimas nas redes sociais e da mídia aliada.

    O clima radicalizado e cada vez mais agressivo dos dois lados, na cidade e no país, às vezes me faz lembrar os dias tumultuados que antecederam o golpe de 1964, mas é evidente que tudo mudou no Brasil e no mundo, tornando imprevisíveis o tamanho e as repercussões da marcha dos derrotados inconformados.

    Está claro também que o ato mobilizará setores além do tucanato udenista e seus sabujos, dos mais variados partidos e tendências políticas, à esquerda e à direita, inclusive eleitores petistas que votaram em Dilma há apenas quatro meses, e se mostram descontentes com os rumos do governo no segundo mandato.

    Basta dizer que hoje apenas um entre cada quatro brasileiros apoia o governo Dilma-2 (23% de ótimo e bom no último Datafolha), que também só tem o apoio garantido de um em cada quatro parlamentares na Câmara comandada pelo seu desafeto Eduardo Cunha.

    Aconteça o que acontecer, não se deve esperar coisa boa nos dias seguintes, pois o que realmente move os organizadores deste ato, por tudo que já foi divulgado nas redes sociais, é o ódio ao PT e aos nordestinos, e a vingança contra as vitórias de Lula e Dilma nas últimas eleições presidenciais.

    Só espero que a história não se repita, nem como farsa.

    Vida que segue.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

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    Publicado em 28/02/15 às 11p4

    Para onde vamos, Dilma: fundo do poço ou poço sem fundo?

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    100 Para onde vamos, Dilma: fundo do poço ou poço sem fundo?

    Sábado, 28 de fevereiro de 2015.

    Um clima de fim de feira varre o país de ponta a ponta apenas dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. Feirantes e fregueses estão igualmente insatisfeitos e cabisbaixos, alternando sentimentos de revolta e desesperança.

    Esta é a realidade. Não adianta desligar a televisão e deixar de ler jornais nem ficar blasfemando pelas redes sociais. Estamos todos no mesmo barco e temos que continuar remando para pagar nossas contas e botar comida na mesa.

    Nunca antes na história da humanidade um governo se desmanchou tão rápido antes mesmo de ter começado. Para onde vamos, Dilma? Cada vez mais gente acha que já chegamos ao fundo do poço, mas tenho minhas dúvidas se este poço tem fundo.

    “O que já está ruim sempre pode piorar”, escrevi aqui mesmo no dia 5 de fevereiro, uma quinta-feira, às 10 horas da manhã, na abertura do texto “Governo Dilma-2 caminha para a autodestruição”.

    “Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação. O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição”.

    Pelas bobagens que tem falado nas suas raras aparições públicas, completamente sem noção do que se passa no país, melhor faria a presidente se continuasse em silêncio, já que não tem mais nada para dizer.

    Três semanas somente se passaram e os fatos, infelizmente, confirmaram minhas piores previsões. Profetas de boteco ou sabichões acadêmicos, qualquer um poderia prever que a tendência era tudo só piorar ainda mais.

    Basta ver algumas manchetes deste último dia de fevereiro para constatar o descalabro econômico em que nos metemos. Cada uma delas já seria preocupante, mas o conjunto da obra chega a ser assustador:

    “Dilma sobe tributo em 150% e empresas preveem demissões”.

    “País elimina 82 mil empregos em janeiro, pior resultado desde 2009”.

    “Conta da Eletropaulo sobe 40% em março”.

    “Bloqueio de caminheiros deixa animais sem ração _ Na região sul, aves são sacrificadas em granjas, porcos ficam sem alimento e preço do leite deve subir”.

    “Indicadores do ano apontam todos para a recessão”.

    “Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB _ Queda de 10% no abastecimento de gás, energia e água levaria a perda de R$ 28,8 bi”.

    As imagens mostram estradas que continuam bloqueadas por caminheiros, depois de mais de uma semana de protestos, agentes da Força Nacional armados até os dentes avançando sobre os manifestantes, produtores despejando nas ruas toneladas de latões de leite que ficaram sem transporte. O que ainda falta?

    Enquanto isso, parece que as principais lideranças políticas do país ainda não se deram conta da gravidade do momento que vivemos, com a ameaça de uma ruptura institucional.

    De um lado, o ex-presidente Lula, convoca o “exército do Stédile” e é atacado pelo Clube Militar por “incitar o confronto”; de outro, os principais caciques tucanos, FHC à frente, fazem gracinhas e se divertem no Facebook. Estão todos brincando com fogo sentados sobre um barril de pólvora. É difícil saber o que é pior: o governo ou a oposição. Não temos para onde correr.

    A esta altura, só os mais celerados oposicionistas defendem o impeachment de Dilma e pregam abertamente o golpe paraguaio, ainda defendido por alguns dos seus aliados na mídia, que teria um final imprevisível.

    O governo Dilma-2 está cavando a sua própria cova desde que resolveu esnobar o PMDB, e não adianta Lula ficar pensando em 2018 porque, do jeito que vamos, o país não aguenta até 2018.

    Nem Dilma, em seus piores pesadelos, poderia imaginar este cenário de terra arrasada _ ou não teria se candidatado à reeleição, da qual já deve estar profundamente arrependida.

    Vida que segue.

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    Domingo, 1 de Março de 2015

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    Congresso em Foco

     

     

           

    Lava Jato: pelo menos 35 políticos sob investigação

    Operação deve revelar nomes de políticos sob investigação esta semana, quase um ano após seu início. Parlamentares responderão no STF, governadores no STJ, ex-governadores e ex-congressistas devem seguir na Justiça Federal

    por Edson Sardinha | 01/03/2015 08:00CATEGORIA(s): Manchetes, Notícias

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    Rodrigo Janot deve pedir inquérito contra agentes políticos nesta semana

    Operação Lava Jato avança para o seu momento mais aguardado desde que foi deflagrada, há quase um ano, em 17 de março de 2014. É aguardado para esta semana o pedido de abertura de inquéritos contra políticos envolvidos com o esquema de desvio de recursos da Petrobras. Fontes ouvidas pelo Congresso em Foco relatam que pelo menos 35 políticos deverão ser alvo das investigações a partir de agora, após terem sido citados nas apurações que correm na Justiça Federal no Paraná. Esta, no entanto, será apenas a primeira parte envolvendo detentores e ex-detentores de mandato. Até agora, as apurações recaiam sobre ex-funcionários da estatal e empreiteiras acusadas de atuar em cartel e obter contratos da Petrobras mediante o pagamento de propina.

    As apurações contra políticos tramitarão em diferentes esferas da Justiça. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá no Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos contra deputados e senadores. O tribunal é o foro responsável por dar andamento e julgar os processos contra parlamentares, ministros e outras autoridades federais. Caberá ao ministro Teori Zavascki a condução dos procedimentos na corte.

    Os políticos citados na Operação Lava Jato

    Investigadores da Lava Jato ressaltam que Janot deverá pedir o arquivamento de procedimentos preliminares contra alguns políticos, por considerar os indícios de crime frágeis. Já tramitam no Supremo mais de 40 petições ocultas, sem qualquer referência ao andamento processual ou identificação dos alvos, contra autoridades, decorrentes dos depoimentos recolhidos na Operação Lava Jato.

    O procurador-geral da República decidiu não pedir a abertura de ação penal contra nenhum dos políticos, nem mesmo o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), contra quem já tramita inquérito no STF. A força-tarefa chefiada pelo procurador-geral defende tratamento isonômico para todos os políticos.

    Ainda não se sabe quais parlamentares estarão na temida lista de Janot. A expectativa é que figuras de projeção no Congresso Nacional apareçam na relação. Delatores já citaram, de um modo ou de outro, desde o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), até o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos negam qualquer envolvimento com as denúncias de corrupção na estatal. Diversas lideranças partidárias também já tiveram seus nomes associados ao esquema em algum depoimento.

    As apurações envolvendo ex-governadores e ex-parlamentares que não desfrutam mais da chamada prerrogativa de foro correrão nas esferas inferiores da Justiça Federal. No caso dos governadores citados, os processos seguirão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A fase de inquérito (investigação preliminar) será conduzida pelo ministro Luís Felipe Salomão. Mas a eventual abertura de ação penal dependerá da autorização das respectivas assembleias legislativas.

    Há pelo menos duas petições contra governadores citados nos depoimentos da Lava Jato no STJ: uma contra Tião Viana (PT-AC) e outra contra Pezão (PMDB-RJ). Esses casos, porém, estão ocultos e não aparecem no sistema de busca processual do tribunal. Há um dificultador para os processos contra os chefes dos Executivos estaduais: em geral, eles fazem prevalecer a maioria que tem em seus legislativos para barrar as apurações no STJ.

    O andamento do processo depende do aval de dois terços dos deputados estaduais. Até hoje, apenas o então governador Ivo Cassol (PP-RO), em litígio com a assembleia à época, virou alvo de uma ação penal no Superior Tribunal de Justiça. No STJ também tramitam ações contra conselheiros de tribunais de contas. Neste caso tende a se enquadrar o ex-deputado e atual conselheiro do TCE da Bahia Mário Negromonte (PP-BA), citado por delatores do esquema como beneficiário de repasses destinados ao Partido Progressista.

    No caso de políticos atualmente sem mandato, como ex-governadores e ex-parlamentares, as investigações seguirão na Justiça Federal. Alguns ex-governadores como Roseana Sarney (PMDB-MA) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) já foram citados por delatores.

    Além de pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos políticos sob suspeita, o procurador-geral também quer que o Supremo também quebre o sigilo de todas as movimentações nos procedimentos contra deputados e senadores.

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