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Lourdes Nassif
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  1. Perto dos tesoureiros tucanos, Vaccari é santo. #DesaTUCANAMoro

    Plantão Brasil

    17/4/2015 20:49

    PML: PERTO DOS TESOUREIROS TUCANOS, VACCARI É SANTO ‘ #DesaTUCANAMoro

     

     

    No momento em que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, está preso em Curitiba, depois de ter sido acusado por delatores, o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, lembra dados biográficos de quatro ex-tesoureiros do PSDB: (1) Ricardo Sérgio de Oliveira, que dizia agir “no limite da irresponsabilidade” foi acusado por ninguém menos do que Antonio Carlos Magalhães de receber propina de R$ 90 milhões na venda da Telemar; (2) Andrea Matarazzo, apresentado nesta semana por FHC como seu candidato à prefeitura de São Paulo, arrecadou junto à Alstom para o caixa 2 da campanha tucana em 1998; (3) Marcio Fortes está na lista do HSBC, com contas que somavam US$ 2,4 milhões, em 1997; (4) Sergio Motta, o pai de todos, foi o mentor da reeleição, que teria custado US$ 200 mil por deputado; o que espanta, diz PML, é o silêncio do PT diante da desigualdade jurídica que impera no País

    Há algo de muito estranho na postura de uma parcela de petistas diante da prisão do tesoureiro do tesoureiro João Vaccari Neto. No pior momento da história do Partido dos Trabalhadores, quando a legenda parece estar sendo conduzida calculadamente até a beira do abismo pela ofensiva do juiz Sérgio Moro, eles preferem tomar distância dos acusados, exigem que entreguem seus cargos no partido e só reapareçam depois que não houver um fiapo de dúvida a respeito de sua conduta.

    Em vez de demonstrar solidariedade com os envolvidos nas acusações, integrantes reunidos em torno da corrente Mensagem ao Partido, formada por políticos respeitáveis e de prestígio, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o deputado Paulo Teixeira, o ex-ministro, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio do Sul Tarso Genro, todos com reconhecida formação jurídica, parecem ter invertido as regras elementares da Justiça. Exigem que os acusados demonstrem a própria inocência — em vez de aguardar que o Ministério Público e a Polícia Federal sejam capazes de demonstrar sua culpa, a partir de provas robustas e inquestionáveis.

    O comportamento causa estranheza por seu efeito político duvidoso como instrumento de proteção à reputação dos petistas, já que mesmo em casos menores da vida cotidiana a falta de apoio das pessoas próximas — como parentes e amigos — costuma ser vista como um indício frequente de culpa pela maioria dos cidadãos.

    Em vez de auxiliar o partido no esforço politicamente compreensível — em qualquer legenda que se encontre em situação semelhante — para questionar as acusações e denúncias em fase inicial de apuração, contribui para reforçar a convicção, extremamente danosa para o PT e para o governo Dilma, de que a Lava Jato é um processo essencialmente jurídico, conduzido de forma equilibrada e isenta pelo juiz Sérgio Moro. Só a disposição para defender uma visão desse tipo, que nega o caráter essencialmente injusto e seletivo das investigações sobre boa parte dos casos corrupção ocorridas no país — algo tão fácil de demonstrar como a existência da lei da gravidade — pode justificar uma postura de quem pretende punir militantes e dirigentes, aliados até a véspera, antes que a Justiça tenha dado sua palavra final.

    Em 2005, durante o processo que levou à AP 470, uma parcela igualmente ponderável de petistas assumiu essa postura pela primeira vez. Dizia-se, na época, que entregar alguns troféus do partido — a começar por José Dirceu — às fogueiras da cassação pelo Congresso poderia até ser uma medida injusta, mas aceitável como uma tentativa de encerrar uma crise e garantir a sobrevivência do partido. Dez anos depois, o saldo dessa estratégica está aí, à vista de todos.

    Outro aspecto diz respeito à natureza opaca das denúncias de corrupção e ao caráter dos crimes que podem — ou não — serem associados ao sistema de financiamento de campanha, historicamente promíscuo. No mesmo dia em que os jornais estampavam uma foto da prisão de Vaccari, Fernando Henrique Cardoso apresentava o empresário e vereador Andrea Matarazzo — nome frequente em boa parte das denúncias de irregularidades na tesouraria tucana — como candidato do PSDB a prefeitura de São Paulo em 2016.

    Soube-se, na mesma data, que o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB-SP) livrou-se de uma denúncia em que era acusado de formação de quadrilha e fraude em licitação. Isso só aconteceu porque ocorreu uma retenção — por três anos — da ação penal na qual poderia ser condenado. Passado este prazo, o parlamentar completou 70 anos e a denúncia prescreveu. Para a Folha de S. Paulo, que noticiou o benefício assegurado ao parlamentar, o desembargador Armando Sergio Prado de Toledo, que manteve a denúncia na gaveta, é “suspeito de haver retardado a sentença para beneficiar o parlamentar tucano.”

    Num partido que conseguiu livrar-se de uma denúncia vigorosa como sobre propinas do metrô paulista, empurrada com a barriga durante uma década e meia, e que ameaça sair do julgamento do mensalão-PSDB-MG sem uma única condenação efetiva, essas situações não chegam a surpreender. Apenas confirmam as conexões sempre apontadas por observadores entre a luta política e a investigação judicial em nosso país, permitindo que se imagine uma engrenagem capaz de fazer movimentos de mão dupla. Não só é capaz de trabalhar para proteger e inocentar seus aliados prediletos, mas ainda se permite investigar e condenar seus adversários políticos com ferocidade, não apenas pelo uso extravagante de ideias jurídicas como a teoria do domínio do fato, mas também pelo emprego excessivo de medidas como prisões preventivas e delações premiadas.

    Para quem compreende que escândalos costumam traduzir uma pequena fração da política real, frequentemente distorcida, essas imagens são um escárnio — quando colocadas ao lado das cenas de condução de João Vaccari à prisão.

    O uso de caixa 2 nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso foi admitido pelo tesoureiro principal, Luiz Carlos Bresser Pereira, e também por um publicitário que atuava a seu lado, Luiz Fernando Furquim. Os dois também sustentaram que o candidato a prefeito Andrea Matarazzo participou da coleta de recursos, coisa que ele próprio negou — sempre. Anos atrás, as suspeitas andavam em água morna até que explodiu — fora do país, naturalmente — o escândalo da multinacional Alstom, tradicional fornecedora de equipamentos para o governo paulista. Apareceram memorandos internos em que um diretor se dizia disposto a pagar uma comissão de 7,5% para obter um contrato de R$ 100 milhões junto à Eletropaulo. Os papéis detalhavam: os 7,5% seriam divididos entre “as finanças do partido”, “o tribunal de contas” e a “Secretaria de Energia”. Não havia nomes, mas os endereços comprometiam vários figurões do PSDB paulista, inclusive Matarazzo que, na época, ocupava a Secretaria de Energia, a quem a Eletropaulo estava subordinada. Matarazzo chegou a ser indiciado pela Polícia Federal. Acabou descartado, ao lado de outros tucanos de primeira linha.

    Sem exagerar no simplismo sociológico, é curioso notar que Vaccari é um sindicalista, assim como Delúbio Soares, enquanto os tesoureiros do PSDB vêm de outra linhagem, situada no topo social, sugerindo algo de preferência pela punição de Pobre, Preto e Puta.

    Sérgio Motta, o paraninfo da turma tucana, era um grande empresário, com ideias de esquerda, capaz de atos generosos como empregar presos políticos que deixavam a cadeia durante o regime militar — e prestar auxílio financeiro a jornais que faziam oposição à ditadura. Caixa forte da eleição e do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, inclusive dos projetos de privatização da telefonia, foi um dos arquitetos do esquema que garantiu os votos necessários para aprovar a emenda que permitiu a FHC disputar a reeleição, em 1998.

    “Os deputados votavam pela reeleição e na saída encontravam um empresário que lhes dava o endereço para receber o pagamento”, me disse o deputado Pedro Correa (PP-PE), numa entrevista em que estava acompanhado por seu assessor de imprensa. Narciso Mendes, parlamentar do PP do Acre, disse a Palmério Doria, autor de O Príncipe da Privataria, que a reeleição envolveu a compra de 150 votos, adquiridos por R$ 200 000 cada.
    Herdeiro de uma das principais construtoras do país, o empresário Marcio Fortes sempre ocupou postos altos no PSDB. Foi tesoureiro de Fernando Henrique e de José Serra, em 2002. Acusado de usar notas frias, o esquema financeiro tucano, naquela campanha, recebeu uma multa de R$ 7 milhões.

    Ex-presidente do BNDES por dois anos, Fortes apareceu entre os 8 000 brasileiros com contas no HSBC, na Suíça. Titular de três contas na instituição, que somavam US$ 2,4 milhões em 2007, ele nunca informou o TRE-RJ desse investimento, revelou o Globo. No início de 2001, o então senador Antonio Carlos Magalhães fez uma acusação pesada a respeito da privatização das teles.

    Segundo ACM, teria havido irregularidade na venda de uma delas. Ele contou que o consórcio Telemar, que explora a telefonia fixa em dezesseis Estados, do Rio de Janeiro ao Amazonas, teria feito um acerto para pagamento de 90 milhões de reais para levar o negócio. Em 2002 ficou-se sabendo que pedido semelhante de comissão pode ter ocorrido também no processo de venda da Vale. O valor é menor, 15 milhões, mas a história é igualmente grave. Nos dois casos, as denúncias recaem sobre uma mesma pessoa: o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, que atuou no passado como um dos arrecadadores de fundos do alto tucanato. Ele foi gravado quando admitiu, em conversa telefônica, que estava atingindo o “limite da irresponsabilidade” na montagem de consórcios que disputaram as teles.

    Diante dessas circunstâncias, envolvendo tantos personagens, chega a ser espantoso que dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a principal vítima de investigações preferenciais, evitem confrontar uma situação tão desigual, e procurem tratar com reverência jurídica uma questão que é, claramente, política. Chega ser deseducativo do ponto de vista da população em geral, que nunca foi devidamente formada sobre o valor dos direitos e garantias individuais, o que explica a popularidade de soluções fáceis e demagógicas, como redução da maioridade penal e mesmo a pena de morte. Também é desmobilizador, do ponto de vista dos petistas, em particular num momento em que a legenda necessita, mais do que nunca, recuperar energias para enfrentar tormentas que se avizinham. Em 2015, adversários mais despudorados sonham inclusive em colocar o partido na ilegalidade, medida que privaria a democracia brasileira do único partido de massas nascido da luta popular, das organizações de trabalhadores e da mobilização dos mais pobres, desfalcando o universo político brasileiro de uma voz de ressonância histórica.

    http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=89350

      1. saiu no conjur também

        A notícia não chega a ser nova, mas acho que não foi devidamente digerida e comentada.

         

        http://www.conjur.com.br/2015-abr-16/servicos-sociais-essenciais-podem-privatizados-decide-stf

         

        ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

        Serviços essenciais podem ser executados por meio de convênios, decide Supremo

        ImprimirEnviar por email29391156

         

        16 de abril de 2015, 20h00

        O Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira (16/4) que a execução de serviços sociais considerados essenciais pode ser feita por meio de convênios com Organizações Sociais. A decisão, por 7 votos a 2, foi tomada na Ação Direta de Inconstitucionalidade que afirma serem inconstitucionais os artigos da Lei de Organizações Sociais que autorizam o Estado a “privatizar” os serviços. A ADI tramita desde 1998.

        A maioria dos ministros entendeu que execução de serviços públicos como saúde, ensino, pesquisa, cultura e preservação do meio ambiente não é de exclusiva responsabilidade do Estado, desde que sejam obedecidos os critérios de fiscalização previstos no artigo 37 da Constituição Federal, que determina obediência aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

        O Plenário seguiu voto do ministro Luiz Fux, primeiro a divergir do relator, ministro Ayres Britto, já aposentado. De acordo com Fux, a Constituição permite outras formas de organização da atividade estatal que não apenas a centralização da prestação de serviços essenciais. Segundo o ministro, a decisão do que pode ou não ser delegado a organizações sociais é do Congresso, obedecendo o “princípio democrático”.

        Segundo o advogado Rubens Naves, “o resultado do julgamento é muito positivo, pois reforça a percepção de que a gestão de serviços sociais e atividades de relevância pública em parceria com o terceiro setor é um caminho necessário e constitucionalmente adequado”.

        Com a decisão, fica vencido o voto do ministro Marco Aurélio. Para ele, a Constituição Federal diz expressamente que a execução de determinados serviços só pode ser feita diretamente pela administração pública.

        A delegação pelo Estado a Organizações Sociais, segundo o ministro, é uma “privatização indevida”. “O Estado não pode simplesmente se eximir da execução direta de atividades relacionadas à saúde, educação, pesquisa, cultura, proteção e defesa do meio ambiente por meio da celebração de “parcerias” com o setor privado”, escreveu.

        ADI 1.923

         

  2. BLOGUEIRO ANTIPETISTA RECEBE PAGAMENTOS DO GOVERNO ALCKMIN

     

    folha 18abr15

    BLOGUEIRO ANTIPETISTA RECEBE PAGAMENTOS DO GOVERNO ALCKMIN

    Advogado que faz propaganda na internet contra Dilma e o PT ganha R$ 70 mil por mês por serviços de comunicação

    Empresa de advogado é subcontratada por uma das agências que cuidam da publicidade oficial em São Paulo

    RICARDO MENDONÇAEDITOR-ADJUNTO DE PODERLUCAS FERRAZDE SÃO PAULO

    Um blogueiro que distribui propaganda antipetista a milhares de seguidores na internet recebe há dois anos pagamentos mensais por serviços de comunicação prestados ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.

    Na rede, o advogado Fernando Gouveia se apresenta com o pseudônimo Gravataí Merengue e como “CEO”, ou executivo principal, do site Implicante, que publica e ajuda a difundir notícias, artigos, vídeos e memes contra o PT e a presidente Dilma Rousseff.

    O Implicante tem quase meio milhão de seguidores no Facebook, quatro vezes mais que o Movimento Brasil Livre, um dos grupos na linha de frente dos protestos de rua realizados contra Dilma neste ano. O material produzido pelo site costuma ser replicado nas redes sociais e por outros blogs políticos.

    Gouveia é dono da Appendix Consultoria. A empresa foi criada em janeiro de 2013 e começou em junho do mesmo ano a receber pagamentos oriundos da Subsecretaria de Comunicação do governo Alckmin, órgão vinculado à Casa Civil do Estado.

    A Appendix foi subcontratada pela agência de publicidade Propeg, uma das três que cuidam da propaganda do governo estadual. De acordo com documentos oficiais, a empresa do blogueiro recebeu R$ 70 mil por mês de outubro de 2014 a março deste ano.

    O governo se recusou a informar o valor total dos pagamentos à empresa de Gouveia, alegando que a responsabilidade pela contratação da firma não é sua, mas da Propeg.

    A Subsecretaria de Comunicação permitiu apenas a consulta da documentação no Palácio dos Bandeirantes. Disponibilizou então 88 caixas, cada uma com centenas de papéis sobre propaganda oficial, sem indicar a localização das informações específicas da Appendix.

    Segundo o governo, a Propeg pagou a Appendix por serviços de “revisão, desenvolvimento e atualização das estruturas digitais” da Secretaria de Estado da Cultura.

    Em nota, a agência afirmou que subcontrata a Appendix para atender demandas do governo do Estado. Mas não respondeu quem indicou a empresa nem o motivo pelo qual recorre ao blogueiro em vez de fazer ela mesma o serviço.

    MILITÂNCIA

    O envolvimento de Fernando Gouveia com a política é antigo. Ele trabalhou durante três anos no setor de comunicação da Prefeitura de São Paulo, na gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004).

    Depois, ele trabalhou no gabinete da ex-vereadora Soninha Francine, que foi do PT e migrou para o PPS, partido alinhado com os tucanos.

    A militância política de Gouveia na internet também é antiga. Em 2006, quando tinha um blog chamado Imprensa Marrom, ele foi condenado pela Justiça a pagar dez salários mínimos de indenização a uma empresa por ter publicado comentários ofensivos a ela. O blogueiro recorreu.

    Gouveia também se apresenta na internet como colaborador de um site chamado Reaçonaria, com conteúdo similar ao do Implicante e 17 mil seguidores no Facebook. Os dois sites estão abrigados num servidor no exterior que impede a identificação do responsável pelos registros

  3. Reflexos da operação choque de gestão

     

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/angela-carrato-a-morte-coletiva-da-imprensa-de-minas-gerais.html

    Ângela Carrato: A morte coletiva da imprensa de Minas Gerais

    publicado em 17 de abril de 2015 às 13:18

     

    Réquiem para a mídia mineira

    Por Ângela Carrato* em 14/04/2015, via Observatório da Imprensa, sugerido pelo Elder Pacheco

    Como as pessoas, os veículos de mídia nascem, crescem e morrem. Alguns chegam ao apogeu admirados e respeitados. Outros são menos reverenciados e podem até, em determinado momento, atingir um patamar tal de execração que equivale à morte. Razão pela qual esta morte tem início bem antes de seu fechamento formal.

    Como as pessoas, cada mídia tem sua data de criação e, raramente, morrem todas ao mesmo tempo. Em Minas Gerais, no entanto, este raro fenômeno de morte coletiva está sendo observado.

    Na contramão do que determinam a técnica e a ética jornalísticas, a maioria esmagadora da mídia mineira com sede em Belo Horizonte (aí incluídos jornais, rádios e TVs) distorceu, minimizou, manipulou e alguns simplesmente até ignoraram o resultado da auditoria realizada pelo governo Fernando Pimentel (PT) envolvendo os 12 anos de gestão do PSDB no estado.

    Divulgada no dia 06/04, durante entrevista coletiva convocada pelo governador, a auditoria recebeu o nome de Diagnóstico da Situação Atual de Minas Gerais e está dividida em 10 áreas, que cobrem aspectos-chave da realidade do estado.

    O diagnóstico pode ser acessado através do site http://www.diagnostico.mg.gov.br.

    Com a divulgação, Fernando Pimentel cumpriu com a palavra empenhada no discurso de posse: em 90 dias, apresentar para a população o relatório detalhado da situação em que recebeu o estado.

    A tarefa coube a Mário Vinícius Spinelli, que realizou trabalho semelhante em São Paulo, na condição de controlador-geral da Prefeitura, nos primeiros tempos da gestão de Fernando Haddad. Spinelli, à frente de uma equipe, vasculhou contas, licitações e contratos e o que encontrou deveria estar tirando o sono de muitos tucanos e de seus aliados, pois jogou por terra tudo o que foi alardeado sobre as maravilhas do “choque de gestão”.

    Notícia escondida

    O diagnóstico apontou um déficit orçamentário de R$ 7,2 bilhões, com 497 obras paralisadas, mais de 600 metros cúbicos de remédios vencidos, déficit de 30 mil vagas nos presídios e acúmulo de dívidas de R$ 94 bilhões. Só a Cidade Administrativa, menina dos olhos da gestão de Aécio Neves, consome R$ 120 milhões por ano. A obra, que custou R$ 1,7 bilhão, não gerou economia com alugueis e só com jardins e manutenção do mobiliário são gastos R$ 10 milhões por mês.

    Por dever de ofício, a mídia deveria ter publicado os principais aspectos deste diagnóstico, ouvindo o governador e membros de sua equipe, para detalhar os problemas apresentados e também, por compromisso com o contraditório, divulgar as justificativas, críticas e pontos de vista dos integrantes das gestões anteriores, em especial dos ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia. Nada disso foi feito.

    O jornal Estado de Minas publicou, na edição de 07/04, dia seguinte à apresentação do diagnóstico, uma discreta chamada de capa (em apenas uma coluna, no alto direito da página, sem foto) sob o título de “Pimentel: ‘Situação é crítica’. Tucanos rebatem”.

    Internamente, o jornal dedicou duas páginas da editoria de Política ao tema. Na primeira, sob o versal “Balanço”, a publicação assinala que o chamado choque de gestão foi contestado durante a apresentação pelo governador Pimentel, do diagnóstico sobre a situação das contas do estado.

    Em seguida, a matéria tenta relativizar os problemas, assinalando que “o levantamento foi divulgado em meio a uma crise que aflige todos os estados diante do quadro de recessão com o fracasso da política econômica do governo federal”.

    E, antes mesmo de apresentar aspectos do diagnóstico, a matéria assinala que “o contra-ataque do PSDB veio rápido: poucas horas depois da divulgação do balanço pela equipe de Pimentel, o partido rebateu os números tópico por tópico, seguindo o modelo apresentado pelo atual governador”.

    A página seguinte, cuja manchete é “Tucano acusa governo de montar teatro”, dedica-se integralmente à entrevista com um deputado estadual, escolhido como porta-voz do PSDB, e à íntegra da nota do partido sobre o assunto. Curiosamente, não há nenhuma manifestação dos ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia. O jornal não os procurou? Eles se recusaram a falar? Nada disso é informado ao leitor.

    A edição de 07/04 do jornal Hoje Em Dia não foi encontrada nas principais bancas e pontos de venda em Belo Horizonte. Ao contrário do que se possa imaginar, ela não esgotou. Simplesmente não chegou a estes locais. Na versão eletrônica, a publicação dedicou uma única matéria ao assunto: “Oposição volta a rebater diagnóstico do governo de Minas”.

    Avaliação de quem?

    O jornal O Tempo foi o único a tratar o diagnóstico em manchete de primeira página na edição do dia 07/03: “Relatório de 100 dias repete críticas, mas evita denúncias”. Já o versal tem o nítido objetivo de minimizar o quadro: “em apresentação de nove minutos, Pimentel apontou falhas na gestão tucana e diz que a situação é ‘crítica’”.

    Internamente, a publicação dedica quatro páginas ao assunto, valendo-se de matérias, fotos e infográficos. Em nenhuma delas aparecem os ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia. O político mais graduado ouvido para defender os tucanos é o ex-governador tampão Alberto Pinto Coelho (PP), que concluiu o mandato de Anastasia.

    O Tempo chega ao cúmulo de publicar um minibox, sob o título “Aécio-Resposta”, em que é dito o seguinte: “Os senadores e ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia não comentaram os dados. Internamente, a avaliação foi que não era preciso convocá-los, pela falta de acusações fortes.”

    O jornal não explica se este “internamente” refere-se aos tucanos ou ao próprio jornal. Também não explica o que consideram “acusações fortes”. Seja como for, fica visível a tentativa de não associar o nome e a imagem dos ex-governadores aos graves problemas apontados pelo diagnóstico nas gestões deles.

    Apesar de Belo Horizonte contar com seis canais de TVs abertas (cinco afiliados de redes nacionais) e um local, TV Minas, emissora educativa de propriedade do governo do estado, a cobertura que realizaram sobre os resultados deste diagnóstico foi mínima. A maioria fez apenas registro sumário do fato. Quanto à TV Minas, sua programação e seus telejornais locais (hoje reduzido a um único) estão de tal forma sucateados, que não teve condições para uma cobertura minimamente adequada. Some-se a isso que o principal telejornal por ela exibido continua sendo o Jornal da Cultura, produzido pela TV Cultura de São Paulo. Um telejornal que, há muito, vem sendo denunciado como uma espécie de house organ dos tucanos paulistas.

    Nas emissoras de rádio, a cobertura do diagnóstico não foi diferente. Apesar de a capital mineira contar com mais de três dezenas de emissoras (entre AMs e FMs), a grande maioria é constituída por “caixas de música” e “templos eletrônicos”. Vale dizer: rádios que apenas tocam música ou são ligadas a igrejas, sobretudo evangélicas. A rádio Itatiaia, a principal do Estado, confirmou a fama de “velha amiga dos tucanos”, enquanto as edições locais da CBN (Organizações Globo) e BandNews (Grupo Bandeirantes) trataram do assunto com superficialidade tamanha que beirou à irresponsabilidade.

    Omissão de gastos

    Nos dias seguintes, o assunto não mereceu qualquer repercussão. O diagnóstico simplesmente sumiu da mídia mineira. Nenhum jornal, emissora de rádio ou TV se preocupou em saber o que pensa dele empresários, especialistas, líderes sindicais, artistas, trabalhadores, estudantes, enfim a população de Minas Gerais. Fato impensável em qualquer lugar em que a mídia seja minimamente séria. Afinal, os problemas apontados dizem respeito não só ao passado recente como o futuro para uma população de quase 20 milhões de habitantes.

    Escrito em linguagem simples, acessível e bem detalhado, este diagnóstico merece ser lido. Nele estão abrangidas áreas como Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Gestão, Obras, Agricultura e Cultura. Sente-se falta, no entanto, de um item crucial em todas as sociedades contemporâneas, o relativo à mídia. Em outras palavras, o diagnóstico omite os gastos do Executivo estadual nos últimos 12 anos com propaganda (incluindo também o de empresas estatais como Cemig, Copasa e Codemig) e o que foi feito em relação às emissoras governamentais.

    Com estas omissões, o diagnóstico perdeu uma excelente oportunidade para deixar registrado, por exemplo, quanto o governo de Minas gastou com propaganda durante as gestões de Aécio Neves e Antônio Anastasia. Gastos que qualquer mineiro sabe que foram vultuosos, dada à avassaladora quantidade de propaganda que caracterizou estas administrações. Extraoficialmente, comenta-se que estes gastos superaram a cifra de R$ 2 bilhões.

    Excelente oportunidade foi perdida, também, ao não se registrar a situação em que se encontram a TV Minas Cultural e Educativa e a Rádio Inconfidência, ambas de propriedade do governo do Estado. TV Minas e Rádio Inconfidência foram vítimas do desmonte permanente e sistemático por parte dos tucanos. Aliás, a única coisa que os tucanos fizeram por elas (ou por eles próprios?) foi a construção de uma nova sede, inacabada, que irá abrigá-las. A exemplo da Cidade Administrativa, o prédio é faraônico, com manutenção muitíssimo cara e terá impacto negativo sobre o minguado orçamento destas emissoras. Construção que está longe de resolver os maiores problemas que enfrentam: salários dignos para seus funcionários e programação em quantidade e qualidade compatível com o interesse público.

    A ausência de um tópico sobre estes aspectos é grave e aponta, no mínimo, para uma visão conservadora do governo Pimentel sobre comunicação e mídia. Nos dias atuais, a sociedade exige transparência em relação aos gastos oficiais com publicidade, da mesma forma que nenhuma administração pode ignorar que a mídia governamental deve e precisa ser implementada e voltada para o interesse público.

    O quadro lamentável em que se encontra a mídia em Minas Gerais explica o fato de ter chegado ao fundo do poço no quesito credibilidade. As tiragens dos jornais locais são pífias e não ultrapassam a casa dos 30 mil exemplares durante a semana, e 50 mil aos domingos. Mesmo assim, a maior parte fica encalhada, de pouco adiantando promoções variadas. A exceção é o jornal Super, o tabloide sensacionalista editado pela mesma empresa de O Tempo.

    O Super é um caso à parte, pois se valendo da fórmula “crime, futebol e sexo”, tem sua tiragem na casa dos 230 mil exemplares diários, à frente de qualquer publicação impressa nacional, aí incluídos os tradicionais O Globo e Folha de S.Paulo. O tabloide não dá, diretamente, destaque a temas políticos, mas sua linha editorial, extremamente conservadora, tem contribuído para disseminar preconceitos e ódios.

    Este quadro faz com que nas rodas de repórteres e jornalistas em Belo Horizonte, o quê mais se ouve sejam reclamações sobre demissões injustificadas de colegas, perseguições, censura a notícias por parte dos editores e dirigentes, além do fato de muitos destes profissionais sentirem-se hostilizados pela população. Repórteres do jornal Estado de Minas, por exemplo, ao cobrirem quaisquer manifestações, têm que esconder o crachá que os identifica. O mesmo acontecendo, com frequência, em se tratando das equipes locais da TV Globo. Problemas que têm reflexos diretos no conteúdo da mídia mineira que, se há muito deixava a desejar, agora se tornou dispensável.

    Atestado de óbito

    Fundado em 1929 e o mais antigo em circulação em Belo Horizonte, o Estado de Minas, que integra os Diários e Emissoras Associados, enfrenta a maior crise de sua história, com sérios riscos de não sobreviver. Além dos constantes cortes de pessoal e de ter colocado à venda sua sede, está em vias de desfazer-se de mais uma emissora. Desta vez a escolhida é rádio Guarani, a caminho de tornar-se mais uma igreja eletrônica.

    Nos tempos áureos, os Associados, de Assis Chateaubriand, chegaram a ter o domínio absoluto da mídia mineira, com três jornais, duas emissoras de televisão e meia dúzia de rádios. Até meados de 1964, o Estado de Minas era apenas um entre os 13 jornais que circulavam em Belo Horizonte (12 diários e um semanário). Ter participado ativamente do golpe civil-militar que derrubou o presidente João Goulart garantiu-lhe vantagens e privilégios junto aos novos ocupantes do poder e estes foram usados para destruir concorrentes e perseguir profissionais que não rezavam por sua cartilha.

    Em 1987, veio o confronto com o governador Newton Cardoso (PMDB) que redundou na decisão, por parte do governador, de lançar o jornal Hoje Em Dia. Em meados da década de 1990 foi a vez do empresário Vittorio Medioli, então deputado federal pelo PSDB, também em confronto com os Associados, lançar o jornal O Tempo. De lá para cá, o Hoje Em Dia mudou de mãos duas vezes: vendido por Cardoso, foi parar entre as propriedades de Edir Macedo e agora tem à frente um grupo empresarial local. Ao que tudo indica, este grupo apostava na vitória dos candidatos tucanos em Minas e no plano federal. Como a aposta não se concretizou, os comentários são de que o jornal pode ter sua edição impressa encerrada, passando a circular apenas no suporte digital.

    Em comum, Estado de Minas, Hoje Em Dia e O Tempo possuem o fato de, ao longo dos últimos 12 anos, terem apoiado incondicionalmente os governos tucanos em Minas Gerais, acostumando-se a generosas verbas de publicidade oficial. Em troca, minimizaram, ignoraram ou mentiram sobre qualquer assunto que pudesse ser negativo ou incômodo aos tucanos.

    Desses grupos empresariais, o único que demonstra boa saúde financeira é o de O Tempo, que controla três jornais na capital e outro tanto na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas seu proprietário, o ex-deputado Vittorio Medioli, enfrenta problemas, condenado a cinco anos e seis meses de prisão por crime contra o sistema financeiro nacional.

    Medioli foi um dos alvos da operação Farol da Colina, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema por meio do qual foram enviados ilegalmente para o exterior mais de US$ 3 milhões através da Beacon Hill Service Corporation. Como a pena de Medioli ainda pode aumentar, em função de recurso do Ministério Público Federal, os funcionários de sua empresa estão preocupados e inseguros quanto ao futuro.

    Até o início de 2014, as lacunas, distorções e manipulações da mídia mineira em se tratando da cobertura política vinham sendo supridas por um número cada vez maior de pessoas que se informavam através do site NovoJornal, que chegou a atingir a casa de um milhão de acessos/dia. Por ser o único veículo em Minas que denunciava a falácia do choque de gestão e as irregularidades nas administrações tucanas, recebeu por três vezes, a “visita” da polícia, até que seu proprietário, Marco Aurélio Carone foi preso e o site retirado do ar.

    Marco Aurélio Carone passou os nove primeiros meses de 2014 em uma prisão de segurança máxima, sem acusação formal e maior parte do tempo incomunicável. Passadas as eleições, foi solto por “ausência de provas” contra ele. O site NovoJornal continua fora do ar, mantendo-se o quadro de censura à mídia em plena democracia. Até o momento, nenhuma das autoridades mineiras (passadas ou atuais) se pronunciou sobre o assunto.
    Por tudo isso, para obter informações minimamente confiáveis sobre o que acontece no Estado, a população tem de recorrer aos jornais, sites e blogs de outros estados. O que equivale a um atestado de óbito para a mídia mineira.

    *Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Este artigo foi publicado no blog Estação Liberdade

     

  4. google

    Este é o meu blog favorito.

    Dai que entro várias vezes ao dia, mais do que em todos os outros.

    Uso o navegador Chrome que, ao abrir nova guia, sempre mostra opções entre as páginas que eu mais frequento.

    Estranhamente o blog do Nassif e o jornal GGN ….-NUNCA- …. aparece nas opções.

    Porque será?

  5. Barbara detona blogueiro

    Barbara detona blogueiro tucano, que vai parar no TT

    :

    Denúncia de que o jornalista Fernando Gouveia, que se apresenta como Gravataí Merengue, recebe uma mesada de R$ 70 mil/mês do governo Alckmin para fazer propaganda antipetista em sites como Implicante bomba nas redes sociais e está entre os assuntos mais comentados do Twitter; “Não são só esses agitadores de redes sociais que fazem o serviço sujo. Há gente pra lá de graduada metida no jogo. É só seguir a trilha do dinheiro para chegar até eles”, diz a jornalista Barbara Gancia, que diz ter sido vítima de ataques do blogueiro; “Professor paulista ganha, em média, 2 mil por mês para educar. Blogueiro fofoqueiro ganha 70 mil por mês para deseducar politicamente”, postou o perfil La Pasionaria; hashtag “Por 70” dispara no Twitter; José Simão também ironizou o governo Alckmin

    18 de Abril de 2015 às 12:58

     

     

    247 – Uma denúncia publicada hoje pela Folha de S. Paulo, sobre um blogueiro que recebe mesada de R$ 70 mil/mês do governo paulista para promover ofensas na internet (saiba mais aqui), está bombando entre os assuntos mais comentados do dia, nas redes sociais.

    O blogueiro em questão se chama Fernando Gouveia, apresenta-se como Gravatái Merengue e mantém o site Implicante, que dissemina ataques ao PT e à presidente Dilma Rousseff. Uma das postagens, por exemplo, afirmava que a presidente “jogou cabides em empregada no Planalto” – trata-se de uma notícia falsa, negada pela ex-servidora. Em seu Twitter, Gouveia postou um texto em que se defende das acusações, mas não nega a mesada.

    Gouveia vem sendo duramente atacado por profissionais de imprensa, que já foram vítimas de seus ataques. Quem se manifestou, neste sábado, foi a jornalista Barbara Gancia, que defendeu, inclusive, uma investigação da Polícia Federal sobre o caso.

    “Professor paulista ganha, em média, 2 mil por mês para educar. Blogueiro fofoqueiro ganha 70 mil por mês para deseducar politicamente”, postou o perfil La Pasionaria, um dos mais ativos no Twitter.

    Leia, abaixo, o texto de Gancia:

    Este senhorzinho é só um de dezenas. Que bom que eles estão começando a sair à luz do dia.

    Engraçado verificar que seu site não contém uma só notícia que não seja para demolir o governo. 

    Nada contra demolir quem quer que seja, mas que tal ver uma notícia ou outra atacando a oposição de vez em quando?

    Ou então, que constasse em algum lugar a informação de que se trata de propaganda paga pelo governo do sr. fulano de tal.

    Afinal, estamos falando de um site que tem domínio “ponto org”. A agência de publicidade Propeg é org ou ponto com?

    Esse tal blogueiro antipetista @gravz que foi desmascarado aí é um dos tantos que já promoveram trollagem contra mim. É sobre ele e seu grupo que eu vira e mexe reclamo e falo no twitter, aqui, na rádio… Muita gente acha que é delírio, teoria de conspiração, que esse tipo de militância organizadíssima reptiliana e terrorita só existe do lado dos petistas. Pois eu lido com fake e com senhores como esse regularmente. It’s part of the job description como dizem lá em Memphis e Connecticut.

    Como também sou forçada a tolerar os anti-capitalistas obtusos, um mais óbvio e crasso do que o outro.

    Outras denúncias virão.

     

    Ainda bem que hoje temos uma Polícia Federal e uma Receita capazes de dar conta desse tipo de rastreamento com o pé nas costas, as mãos amarradas, de olhos vendados e… debaixo d ‘ água!

      

     

  6. *

    Já há mais smartphones do que PCs em uso no Brasil

    Ana Paulo Lobo, Convergência Digital

    http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=39397&sid=17#.VTLJMFAhMnU

    A 26ª pesquisa sobre o Mercado Brasileiro de TI do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada – GVcia – da Fundação Getúlio Vargas, divulgada nesta quinta-feira 16/04, comprova que o ano de 2014 não foi bom para a indústria de PCs. O levantamento da FGV comprova que, pela primeira vez em 30 anos, a venda de PCs caiu no Brasil. Foram comercializadas 20,4 milhões de unidades – incluíndo tablets nessa relação, uma redução de 10% em relação a 2013.

    Já os smartphones cresceram e apareceram e superaram, num curto prazo, a base instalada de PCs. Segundo o estudo, a partir de agora, o país conta com 306 milhões de dispositivos conectáveis a Internet, sendo 152 milhões de computadores e 154 milhões de smartphones, o que representa a existência de três dispositivos para cada dois habitantes.

    Se o ano de 2014 foi ruim, a projeção para 2015 é mais animadora. Os pesquisadores da FGV acreditam que haverá uma retomada das vendas de PCs, muito em função dos tablets, que vão responder pela metade da comercialização. A projeção é que o mercado irá crescer 8% e chegará a 22 milhões de unidades vendidas ao final do ano. Metade desse montante virá dos tablets.

    O estudo prevê ainda que, em dois anos, o país terá um computador por habitante no Brasil, o que significa alcançar uma base de 208 milhões PCs ativos em 2017/18. A pesquisa destaca ainda que o Brasil está acima da média mundial por habitante em computadores, TVs e telefones, com 75%. A média mundial é de 56%. Mas muito atrás dos Estados Unidos que chegam a 134%.

    Em TVs, o Brasil alcançou 104% per capita, mais de 1 por habitante (36% acima da média mundial). E nos telefones, o Brasil ficou com 162%, quando o mundo ficou em 117%. A pesquisa ouviu 2340 empresas, sendo 68% pertencentes as 500 maiores do país.

    Os bancos continuam na liderança investindo 13,8% das receitas em TI, seguido por Serviços com 10,8%, Indústria 4,6% e Varejo com 3,4%. Pela primeira vez, a pesquisa da FGV trouxe nos indicadores o uso da TI no setor de Saúde. O levantamento mostra também que, nos últimos 10 anos, os investimentos das empresas brasileiras na área de TI triplicaram, passando de 2,5% do faturamento para 7,6%, em 2014.

    *Com informações da FGV

  7. Desigualdade

    Desigualdade Inflacionária

    Posted on18/04/2015by

    Captura de tela 2015-04-02 16.39.07

    Se for confirmada a mediana das atuais expectativas do mercado para o IPCA, de 8,12% ao fim deste ano, conforme o último boletim Focus do Banco Central (BC), que reúne as estimativas de indicadores econômicos feitas por analistas, significará a maior variação anual do IPCA desde 2003, quando o governo Lula herdou uma taxa de inflação crescente que atingiu 17,5% aa em março. O número impressiona, mas dá poucas pistas sobre como as famílias em cada faixa de renda sentem e lidam com o peso da alta de preços em seus orçamentos.

    A média esconde o impacto dos fatores microeconômicos, ou seja, como a dinâmica das categorias de despesas afeta, na prática, os custos de cada perfil de consumo familiar.

    Há indicadores específicos, ajustados para medir a inflação em determinadas faixas de rendas, como:

    o Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mede a variação de preços para famílias com ganhos até 2,5 salários mínimos, eo Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM), calculado pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), que acompanha a inflação de uma cesta de produtos e serviços com maior peso entre as famílias de renda entre 10 e 39 salários mínimos.

    Eles mostram ao longo da última década comportamentos muito parecidos ao do IPCA, que tem como referência famílias com rendimentos entre 1 e 40 salários mínimos e, portanto, tem abrangência muito maior (ver quadro acima).

     

    Isso não significa, entretanto, que todas as classes sociais sentem a inflação da mesma maneira. Dentro da estrutura de ponderação do IPC-C1, por exemplo, o item alimentação tem peso de 39,62% do índice. No IPCA, um índice mais amplo, o mesmo grupo representa 22,1% do cálculo. Dentro do ICVM, esse conjunto de despesas tem peso de 16,6%.

    Para as famílias de baixa renda, o gasto com alimentação sozinho representa dois quintos do orçamento. Nas classes de renda mais baixa, a variação de preços nos itens básicos, como alimentação, costuma ter um impacto muito maior no orçamento do que para as classes mais altas.

    Levantamento da consultoria Data Popular mostra que o gasto com alimentos pode chegar a 47% do dinheiro reservado para consumo de produtos nas famílias mais pobres. A classe de renda mais baixa sofre mais com o aumento de custos de produtos básicos. Como as famílias com menor renda concentram o consumo nos itens essenciais, o ajuste do orçamento é mais difícil em períodos de inflação alta. Quem tem mais dinheiro pode cortar coisas supérfluas ou mudar hábitos, mas as pessoas não vão deixar de consumir energia elétrica e alimentos.

    Um exemplo de como o orçamento da baixa renda está muito mais pressionado neste início de ano é a alta da cesta básica na região metropolitana de São Paulo. O valor subiu 11,12% na comparação entre janeiro de 2015 e o mesmo mês no ano passado. Isso significa que o nível de comprometimento de gastos com alimentos das famílias com renda até 2,5 salários mínimos pode ter subido para 44% em um ano.

    O item habitação, que inclui custos como energia elétrica e aluguel, tem o segundo maior peso no orçamento dos mais pobres. Conforme a ponderação do IPC-C1, a categoria consome 28,5% dos gastos das famílias de baixa renda. E nesse caso, o primeiro trimestre de 2015 também houve pressão inflacionária com aumentos médios na conta de luz em todo o país de 23,4%, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

    Além dos reajustes, o impacto da adoção do sistema de bandeiras tarifárias, que aumenta ou diminui o custo da energia em função das condições de geração de eletricidade, vai representar uma alta extra de 8,5%, em média, nas tarifas. O IPCA já reflete essa escalada: em 12 meses até fevereiro, o subitem energia elétrica residencial acumula alta de 30,27%.

    Aumentos da conta de luz, de transporte e dos produtos básicos tiram muito dinheiro, de maneira absoluta, das classes C e D. Para as famílias com renda mais alta a adequação tende a ser mais simples por conta do excesso no consumo de energia em relação às residências de menor renda. Uma classe de renda mais alta tem um gasto três vezes maior do que a mais baixa. Nas famílias mais ricas, normalmente se vê aparelho de tevê na sala, nos quartos, geladeira e freezer mais potentes, além de outros equipamentos. Tudo isso acaba criando um diferencial de consumo representativo.

    O quadro inflacionário atual, combinado com a queda na atividade, deve ser especialmente prejudicial para os mais pobres. Em 2015 e início de 2016, as famílias vão ter perda real do poder de compra, com piora no desemprego, o que vai reduzir o poder de negociação dos sindicatos nos reajustes. Isso vai atingir as famílias mais pobres, que serão as mais prejudicadas.

    A classe média também tem tido necessidade de rever o orçamento neste início de ano. A estrutura de ponderação do ICVM aponta como maior custo dentro dos orçamentos a habitação, com peso de 30,3%, seguida de alimentação, com 16,6%, e transportes, que alcança 16,3% de participação. Esses três itens representam dois terços do índice. A inflação da habitação é outra que neste início de ano alcança dois dígitos. Em 12 meses até fevereiro, segundo o IPCA, está em 11,31%.

    A inflação de serviços é o principal fator de pressão de custos nos orçamentos das classes média e, sobretudo, da alta.

    Quanto maior a renda maior o peso do setor de serviços na composição do orçamento familiar. Levantamento do instituto indica que despesas com salão de beleza, empregados domésticos, lavanderias e outros têm uma participação de 41% na parcela de recursos reservada para os gastos com serviços das famílias nas faixas mais altas de renda e de 30% nas intermediárias.

    A inflação de serviços se mantém acima de 8% desde 2013, quando fechou em 8,75%. No ano passado, na leitura de 12 meses, a taxa chegou a alcançar um pico de 9,20% em junho de 2014 e, em fevereiro de 2015, situa-se em 8,58%. Quando aumenta a inflação de serviços, de itens como alimentação fora de casa, passagem aérea e empregado doméstico, ela atinge muito mais a classe A.

    E como as famílias de diferentes faixas de renda se ajustam aos novos preços? Segundo os especialistas, refrear o consumo é a regra geral. Quando o bolso aperta o consumidor passa a pesquisar mais os preços e a radicalizar mais a relação custo/benefício.

    Mas cada extrato social tem suas particularidades. A classe C tende a se manter fiel às marcas de produtos básicos em que confia, ao contrário da classe A, que se apega mais às grifes. Os mais ricos não limpam a casa ou cozinham, por exemplo, então tendem a olhar apenas o preço nos casos do sabão em pó, do desinfetante ou de itens alimentícios básicos.

    A classe média, por sua vez, além de cortar produtos supérfluos, torna-se mais suscetível ao chamado “viés de substitutibilidade“. Hoje essas famílias não estão mais comprando a marca e sim o que é mais barato. Vai no mercado e compra o produto em oferta.

    Nos momentos como o atual, a classe média começa a abrir mão de produtos e hábitos que considera supérfluos. A alimentação fora do domicílio é um item que tende a ter mais ajuste. Por exemplo, aquelas famílias que saíam todo fim de semana para comer fora agora passam a ir uma vez por mês.

    Os índices de inflação não captam os efeitos do viés de substitutibilidade. Os indicadores consideram que as famílias vão continuar gastando sua renda da mesma maneira. A prática de substituir uma marca ou produto por outro com melhor custo/benefício leva as famílias a ter um alívio médio em sua inflação anual de 0,5 a 0,6 ponto percentual por ano. Por exemplo, se a inflação está em 7%, a família que torna essa prática usual na verdade está tendo um impacto de 6,5%.

    Outro efeito da inflação no orçamento familiar relaciona-se às dívidas. Em uma aceleração da inflação, o efeito para pessoas endividadas a taxa de juros prefixadas é positivo. A inflação vai corroer esse juro ao longo do tempo e, com isso, a dívida fica mais barata.

     

  8. aça às Bruxas e Velho

    aça às Bruxas e Velho Golpismo: Má Educação

    Posted on16/04/2015by

    Golpistas 12.04.15 Perfil dos golpistas 12.04.15 Velhos e ricos golpistas

    O perfil dos manifestantes que foram às ruas, no domingo, nas principais capitais brasileiras, mostra que o golpismo contra a Presidenta Dilma Rousseff não conseguiu extrapolar os limites de classe privilegiada: endinheirada e com diplomas de faculdades de segunda linha. Isso se manifestou, tal como nos estádios da Copa, pela má educação, com violentos discursos de ódio antipetista e cartazes cinicamente “moralistas”. A contrapartida é que a esquerda acha a direita muito burra!

    A velha direita é primária, pois se apresenta sem consistência ou grandeza, de maneira mesquinha, superficial, com insuficiente instrução ou capacidade intelectual. É gente com mentalidade limitada, estreita, bronca, que demonstra rudeza, falta de cultura, de sofisticação. Perdeu a vergonha de se mostrar grosseira, rude, primitiva, quando viu que tinha em torno de si a classe média individualista, com pavor do “Estado” — e dos impostos para pagar a segurança pública que exige.

    Reúne pessoas que defendem princípios ultraconservadores, contrárias à evolução política ou social. São, essencialmente, antidemocráticas, porque se mostram hostis à democracia que possibilita a ascensão de gente que considera inferior à autoimagem enganadora. Então, opõe-se às ideias voltadas para a transformação da sociedade.

    Assim como os presentes na Avenida Paulista, pesquisados pelo Datafolha, o manifestante típico que protestou em Copacabana, na zona sul do Rio, era escolarizado (82,5% tinham ensino superior completo ou incompleto); com renda familiar elevada (52,3% acima da faixa de dez salários mínimos); mais velho (56,8% tinham acima de 45 anos de idade) e morador da zona sul (66,3% dos participantes eram da região mais rica da cidade). Os números são de pesquisa realizada pelo Grupo de Investigação Eleitoral (Giel), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), que entrevistou 280 pessoas, em faixas de horário distintas. A manifestação reuniu 10 mil pessoas segundo a Polícia Militar e 25 mil de acordo com os organizadores.

    Para o professor e cientista político Felipe Borba, que coordenou o levantamento, os resultados indicam uma mobilização de “perfil muito definido”, que não atraiu os eleitores de Dilma Rousseff, vencedora da eleição em outubro com 51,5% dos votos válidos. Defendem o “Terceiro Turno” golpista: a campanha eleitoral acabou e eles não perceberam!

    Entre os manifestantes, 64,3% votaram em Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno e 83,9% escolheram o tucano no segundo turno. “Essa não é a base política do PT. Trata-se de pessoas escolarizadas e com dinheiro, que compõem o perfil do eleitor oposicionista desde 2006. É o cidadão que votou em Aécio (2014), em José Serra (2010) e Geraldo Alckmin (2006)”, afirma Borba.

    Por que os ataques ao PT? Ignacio Godinho Delgado — professor de História e Ciência Política na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED), doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012 — mostra que, historicamente, é a repetição de um velho expediente da direita e de seu braço golpista na mídia. Compartilho uma mensagem enviada por ele.

     

    “Em 1945 o então Partido Comunista do Brasil (PCB) surpreendeu a todos, alcançando cerca de 10% dos votos nas eleições presidenciais e elegendo 14 deputados e 2 senadores. Habilitava-se assim a canalizar na cena política e partidária o movimento operário e parcelas expressivas da classe média e do “eleitorado popular” brasileiro. Em 1947, teve seu registro cassado, em deliberação no congresso em que não faltou o empenho do Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, criado por Getúlio Vargas exatamente para disputar o eleitorado popular urbano.

    O mesmo PTB, entre 1945 e 1964, assumiria de forma cada vez mais expressiva o papel de canalização do eleitorado popular urbano, especialmente as parcelas integrantes do mercado formal de trabalho e o movimento sindical. Com crescimento expressivo em todo o período, segundo pesquisa IBOPE não divulgada à época, em março de 1964, às vésperas do golpe militar, assistia-se a uma afirmação ainda mais contundente do PTB, com o favoritismo de João Goulart nas eleições presidenciais de 1965, caso não houvesse restrições legais à sua candidatura [1]. O golpe de 1964 e, depois, o Ato Institucional Nº 2, que criou o bipartidarismo, interromperam esta trajetória.

    Mais à frente, em 1978, a afirmação eleitoral do MDB levou o regime militar a redesenhar o sistema partidário de modo a fugir da armadilha do bipartidarismo, que tornava toda eleição plebiscitária. Registre-se, contudo, que o MDB não foi proscrito, sendo substituído pelo PMDB, não conseguindo firmar-se como uma alternativa capaz de canalizar a participação do eleitorado popular na cena política brasileira. Faltava-lhe a raiz sindical e a identidade trabalhista.

    O Partido dos Trabalhadores (PT) acabou por firmar-se como herdeiro inesperado da tradição trabalhista, embora nascido com uma postura crítica em relação ao PTB e ao PCB. Na década de 1990, diante dos descalabros provocados pelas políticas neoliberais, com seu rosário de desnacionalização, regressão social e perda da capacidade governativa do Estado, reconciliou-se com a herança nacionalista de Vargas. No governo, preservando o controle da inflação e incorporando os segmentos mais pobres da população à política social, através de medidas como o Bolsa Família, forjou uma vigorosa parceria entre os trabalhadores do mercado formal e os demais segmentos do “eleitorado popular” brasileiro.

    Por isto, o PT é objeto de combate sem tréguas da mídia e da direita. Tal como se fizera com o PTB, o que se quer é, mais uma vez, estigmatizar as forças políticas que conseguiram dar expressão ao eleitorado popular. Se este se comporta com um padrão que Fábio Wanderley Reis denominou a “síndrome do Flamengo”, identificando de forma elementar os polos do universo político entre o “povo” e a “elite”, no caso do PTB e do PT tal inclinação afinou-se resolutamente com a identidade trabalhista [2].

    Na medida em que esta passa a abarcar também os setores populares dissociados do mercado formal e do universo sindical, as possibilidades de êxito eleitoral da direita restringem-se enormemente.

    O jogo da direita sempre foi, desde a UDN, entupir o debate político com denúncias de corrupção, para ocultar o conteúdo antipopular e antinacional de seu projeto.

    É indispensável apurar qualquer denúncia de corrupção, julgar quem for acusado e punir os culpados, o que aliás tem sido feito com uma intensidade nunca antes existente no Brasil, a partir da ascensão de Lula ao governo, em virtude da criação de instrumentos como o Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União, bem como do fortalecimento das ações e da autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público.

    Contudo, se a preocupação real da direita e da mídia fosse realmente a corrupção, para ficarmos nos casos recentes, a Lista do HSBC e a Operação Zelotes (que alcançam nomes de peso da mídia e da direita), deveriam receber na imprensa um peso igual ou maior que a Operação Lava Jato, baseada em delações premiadas e seletivamente divulgada, para atingir apenas o PT, embora alcance quase todo o espectro partidário brasileiro.

    Acontece —  almeja a mídia e a direita – que a Operação Lava Jato pode ter como subprodutos:

    o enfraquecimento da Petrobrás,a dissolução do regime de partilha na exploração do Pré-Sal eo comprometimento da força eleitoral do PT.

    Setores mais retrógrados, com forte viés fascista, falam até em cassar o registro do partido!

    Nada de novo: trata-se de embaralhar o jogo e diluir a identidade alcançada pelo eleitorado popular na cena política brasileira, com o propósito de alcançar na marra o que não se consegue nas urnas.”

    Notas:

    [1] Sobre o crescimento do PTB no período e a pesquisa IBOPE, ver LAVAREDA, A. (1991) A Democracia nas Urnas.Rio de Janeiro: Rio Fundo Ed. / IUPERJ. O dado sobre a intenção de votos em Goulart, na mesma pesquisa, aparece em MAGALHÃES, M. (2015) “Pesquisa Ibope de março de 1964 mostra que Jango mantinha alta popularidade”. UOL. Blog do Mário Magalhães. Disponível em http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/03/27/ibope-de-marco-de-1964-mostra-que-joao-goulart-mantinha-alta-popularidade/ Acesso em 15/04/2015.

    [2] REIS, F. W. (2000) “Identidade, Política e Teoria da Escolha Racional”. In Reis, F.W Mercado e Utopia. São Paulo: Edusp, pp. 63-82. (Publicado pela primeira vez em 1988, na Revista Brasileira de Ciências Sociais, 6 (3), 1988)

     

     

  9. Indústria ou

    Indústria ou Serviços? Servindústria!

    Posted on16/04/2015by

    Participações percentuais das atividades 2000-2014

    Grau de Urbanização e Estrutura Produtiva

    Há certo tempo, postei neste modesto blog um artigo em que defendi uma nova expressão para expressar a mudança na estrutura produtiva brasileira: Servindústria Brasileira. Jorge Arbache, professor da UnB, publicou artigo exatamente sobre o que eu queria dizer, naturalmente, com mais brilhantismo por parte dele. Compartilho-o abaixo.

    “O Brasil experimenta uma das mais espetaculares transformações estruturais das últimas décadas. Após ter alcançado o pico de participação de 34,5% do PIB em 1982, a indústria manufatureira iniciou trajetória de contração e hoje representa menos de 13% da economia, padrão inferior ao dos países da OCDE. De outro lado, o setor de serviços passou, no mesmo período, de 45,4% de participação no PIB para 69,5%, padrão também de OCDE.

    Aquela rápida mudança levou a uma espécie de Fla x Flu por parte dos analistas.

    De um lado estão os que concluíram que o Brasil estaria experimentando desindustrialização e que seria preciso estimular e proteger mais o setor.De outro lado estão aqueles que defendem que a contração da indústria e a expansão dos serviços seria parte da evolução natural das economias modernas e refletiria as condições das vantagens comparativas.

    Quem está certo? Evidências empíricas sugerem que nenhum dos dois lados. Se há algo que abundou à nossa indústria foram estímulos, subsídios, crédito, proteção cambial e tarifária e muita reserva de mercado. Mas bastou que a economia começasse a se abrir nos anos 1990 para que a indústria passasse a enfrentar dificuldades e revelasse a sua baixa competitividade e dependência da proteção pública. A valorização cambial observada em vários anos das últimas décadas atrapalharia, mas não determinaria os destinos da indústria.

    Já o crescimento dos serviços em detrimento da indústria tampouco pode, necessariamente, ser visto como sinal de purga e de modernização da economia. Afinal, a produtividade agregada caiu com o crescimento daquele setor – a produtividade relativa dos serviços é muito baixa e cresce pouco em razão do setor ser composto, majoritariamente, por pequenas empresas que empregam pouca tecnologia e agregam pouco valor.

    Seria o Fla x Flu um falso dilema? Sim, porque a indústria e o setor de serviços são, cada vez mais, faces da mesma moeda. De fato, a mudança do padrão de consumo, a globalização e as novas tecnologias de produção e de gestão levaram a que os serviços passassem a ter crescente protagonismo nas economias.

    O caso americano é emblemático. Embora represente 77% do PIB, parcela significativa do setor de serviços está, na verdade, fortemente associado à indústria numa relação simbiótica que, ao final, geram-se riquezas, empregos, competitividade e prosperidade. Tratam-se de serviços de custos, como logística, telecomunicações, limpeza, vigilância, alimentação, reparo e manutenção, mas, também, e sobretudo, de serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, como P&D, design, projetos, softwares, serviços profissionais, marcas e marketing. Hoje sabemos que este segmento se desenvolveu, em boa parte, como resposta às demandas e necessidades da indústria. Não por acaso, a indústria é o maior financiador das inovações do setor de serviços daquele país.

    Mas a convergência de bens e serviços já está adentrando um novo capítulo – embora a Apple venda telefones, computadores e outros objetos, ela é, acima de tudo, uma empresa produtora de serviços. Já a Google, grande produtora de serviços, está se tornando, cada vez mais, uma vendedora de objetos como carros, telefones e computadores. O que as duas empresas têm em comum é a percepção de que o grande salto está na sinergia entre bens e serviços para agregar valor, o que as está levando a produzir e vender serviços e funcionalidades embutidas em bens desenvolvidos por elas mesmas.

    A indústria brasileira viria a seguir caminho distinto. Protegida que era, não promoveu o desenvolvimento de um setor de serviços moderno porque não se interessava em diferenciar produtos, agregar valor e conquistar mercados internacionais. O encolhimento da indústria viria a ceder espaço para a expansão de um setor de serviços voltados para o consumo final e para a provisão de serviços de custos, ambos naturalmente pouco expostos à concorrência. Aqui teria origem uma das chagas do Brasil, que é a persistente e elevada inflação dos preços dos serviços.

    Assim, embora Brasil e Estados Unidos tenham, hoje, praticamente a mesma participação da indústria no PIB, a densidade industrial americana é quase dez vezes maior que a nossa. O que importa, portanto, não é o tamanho da indústria, mas o que ela produz, como e com quem.

    Para que a renda per capita do Brasil volte a crescer e venha a se aproximar daquela de países ricos, será preciso que o setor de serviços se modernize e se sofistique e que contribua para aumentar a competitividade de outros setores. O dilema que se impõe ao país é, isto sim, o do que fazer para reduzir o nosso imenso atraso na agenda de serviços. Devemos abrir o mercado ou devemos protegê-lo e estimulá-lo?

    Talvez a resposta esteja no meio. A esta altura, teremos que ser pragmáticos e desenvolver políticas que compatibilizem, de forma equilibrada e sustentável, a competição com o encorajamento de investimentos em segmentos seletivos do setor. Em qualquer circunstância, e contrariamente ao que vemos hoje, os serviços terão que passar a ser parte integrante do núcleo da agenda de crescimento e das políticas setoriais, incluindo a industrial, a tecnológica, a comercial, a de investimentos e a de capital humano.”

    Publicado no Valor Econômico em 1/4/2015

    [1] Professor de economia da UnB. Email: [email protected].

     

  10. Indústria ou

    Indústria ou Serviços? Servindústria!

    Posted on16/04/2015by

    Participações percentuais das atividades 2000-2014

    Grau de Urbanização e Estrutura Produtiva

    Há certo tempo, postei neste modesto blog um artigo em que defendi uma nova expressão para expressar a mudança na estrutura produtiva brasileira: Servindústria Brasileira. Jorge Arbache, professor da UnB, publicou artigo exatamente sobre o que eu queria dizer, naturalmente, com mais brilhantismo por parte dele. Compartilho-o abaixo.

    “O Brasil experimenta uma das mais espetaculares transformações estruturais das últimas décadas. Após ter alcançado o pico de participação de 34,5% do PIB em 1982, a indústria manufatureira iniciou trajetória de contração e hoje representa menos de 13% da economia, padrão inferior ao dos países da OCDE. De outro lado, o setor de serviços passou, no mesmo período, de 45,4% de participação no PIB para 69,5%, padrão também de OCDE.

    Aquela rápida mudança levou a uma espécie de Fla x Flu por parte dos analistas.

    De um lado estão os que concluíram que o Brasil estaria experimentando desindustrialização e que seria preciso estimular e proteger mais o setor.De outro lado estão aqueles que defendem que a contração da indústria e a expansão dos serviços seria parte da evolução natural das economias modernas e refletiria as condições das vantagens comparativas.

    Quem está certo? Evidências empíricas sugerem que nenhum dos dois lados. Se há algo que abundou à nossa indústria foram estímulos, subsídios, crédito, proteção cambial e tarifária e muita reserva de mercado. Mas bastou que a economia começasse a se abrir nos anos 1990 para que a indústria passasse a enfrentar dificuldades e revelasse a sua baixa competitividade e dependência da proteção pública. A valorização cambial observada em vários anos das últimas décadas atrapalharia, mas não determinaria os destinos da indústria.

    Já o crescimento dos serviços em detrimento da indústria tampouco pode, necessariamente, ser visto como sinal de purga e de modernização da economia. Afinal, a produtividade agregada caiu com o crescimento daquele setor – a produtividade relativa dos serviços é muito baixa e cresce pouco em razão do setor ser composto, majoritariamente, por pequenas empresas que empregam pouca tecnologia e agregam pouco valor.

    Seria o Fla x Flu um falso dilema? Sim, porque a indústria e o setor de serviços são, cada vez mais, faces da mesma moeda. De fato, a mudança do padrão de consumo, a globalização e as novas tecnologias de produção e de gestão levaram a que os serviços passassem a ter crescente protagonismo nas economias.

    O caso americano é emblemático. Embora represente 77% do PIB, parcela significativa do setor de serviços está, na verdade, fortemente associado à indústria numa relação simbiótica que, ao final, geram-se riquezas, empregos, competitividade e prosperidade. Tratam-se de serviços de custos, como logística, telecomunicações, limpeza, vigilância, alimentação, reparo e manutenção, mas, também, e sobretudo, de serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, como P&D, design, projetos, softwares, serviços profissionais, marcas e marketing. Hoje sabemos que este segmento se desenvolveu, em boa parte, como resposta às demandas e necessidades da indústria. Não por acaso, a indústria é o maior financiador das inovações do setor de serviços daquele país.

    Mas a convergência de bens e serviços já está adentrando um novo capítulo – embora a Apple venda telefones, computadores e outros objetos, ela é, acima de tudo, uma empresa produtora de serviços. Já a Google, grande produtora de serviços, está se tornando, cada vez mais, uma vendedora de objetos como carros, telefones e computadores. O que as duas empresas têm em comum é a percepção de que o grande salto está na sinergia entre bens e serviços para agregar valor, o que as está levando a produzir e vender serviços e funcionalidades embutidas em bens desenvolvidos por elas mesmas.

    A indústria brasileira viria a seguir caminho distinto. Protegida que era, não promoveu o desenvolvimento de um setor de serviços moderno porque não se interessava em diferenciar produtos, agregar valor e conquistar mercados internacionais. O encolhimento da indústria viria a ceder espaço para a expansão de um setor de serviços voltados para o consumo final e para a provisão de serviços de custos, ambos naturalmente pouco expostos à concorrência. Aqui teria origem uma das chagas do Brasil, que é a persistente e elevada inflação dos preços dos serviços.

    Assim, embora Brasil e Estados Unidos tenham, hoje, praticamente a mesma participação da indústria no PIB, a densidade industrial americana é quase dez vezes maior que a nossa. O que importa, portanto, não é o tamanho da indústria, mas o que ela produz, como e com quem.

    Para que a renda per capita do Brasil volte a crescer e venha a se aproximar daquela de países ricos, será preciso que o setor de serviços se modernize e se sofistique e que contribua para aumentar a competitividade de outros setores. O dilema que se impõe ao país é, isto sim, o do que fazer para reduzir o nosso imenso atraso na agenda de serviços. Devemos abrir o mercado ou devemos protegê-lo e estimulá-lo?

    Talvez a resposta esteja no meio. A esta altura, teremos que ser pragmáticos e desenvolver políticas que compatibilizem, de forma equilibrada e sustentável, a competição com o encorajamento de investimentos em segmentos seletivos do setor. Em qualquer circunstância, e contrariamente ao que vemos hoje, os serviços terão que passar a ser parte integrante do núcleo da agenda de crescimento e das políticas setoriais, incluindo a industrial, a tecnológica, a comercial, a de investimentos e a de capital humano.”

    Publicado no Valor Econômico em 1/4/2015

    [1] Professor de economia da UnB. Email: [email protected].

     

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