Clipping do dia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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As matérias para serem lidas e comentadas.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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    1. Legitimidade

      Aqui é a mesma coisa, cadê a legitimidade dos partidos políticos brasileiros?

      Estas fusões que estão acontecendo, não são a maior prova do desprezo da classe política pelo eleitor?

      A reforma política é mais do que necessária para evitar o caos, como bem explica o artigo.

  1. FHC quer investir em Angola e atrair capitais da África do Sul

    Folha de S.Paulo/Brasil—- São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
    GABRIELA WOLTHERS—-ENVIADA ESPECIAL A ANGOLA

    O presidente Fernando Henrique Cardoso inicia hoje sua primeira visita a dois países africanos -Angola e África do Sul- com objetivos econômicos e políticos diferentes e que espelham o contraste das duas nações.
    FHC chega a Angola acompanhado de uma comitiva de empresários interessados em investir num país em ruínas e que precisa reconstruir sua infra-estrutura.
    Empreiteiras como Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, cujos representantes integram a comitiva, têm interesse na construção de represas, estradas, habitações e exploração mineral.
    Como forma de mostrar “boa vontade” com os angolanos, o Brasil doará US$ 200 mil ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, para serem utilizados no Programa de Reabilitação Comunitária e Reconciliação Nacional.
    Outro setor que desperta a atenção dos brasileiros é o petrolífero. A Braspetro, subsidiária da Petrobrás, está em Angola desde 79.
    O país produz cerca de 700 mil barris/dia. O petróleo é utilizado até mesmo para saldar a dívida de US$ 426 milhões que Angola tem com o Brasil. Desde 95, quando foi feito o escalonamento da dívida, a ex-colônia portuguesa entrega, como forma de pagamento, uma produção de cerca de 20 mil barris/dia ao governo brasileiro.
    Em setembro de 95, desembarcaram em Angola 1.130 militares e policiais brasileiros, que integram a Unavem-3 (Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola). FHC gastará boa parte da viagem para visitar a tropa do Brasil, em Kuito, centro-leste de Angola.
    Sua intenção é agradar a um setor que vem reclamando mais atenção, principalmente com relação a verbas -as Forças Armadas.
    Na política externa, FHC pretende deixar claro que está mais do que na hora de o MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), o partido no poder, e a Unita (União Nacional para Independência Total de Angola), a guerrilha de oposição, chegarem a um acordo que de fato traga a paz.
    FHC deixa Angola amanhã à noite, partindo para uma viagem de três dias à África do Sul, país que responde por 40% da produção industrial do continente africano.
    No país que ficou conhecido pelo regime do apartheid e que desde 94 é presidido por Nelson Mandela, as prioridades de FHC se invertem.
    Ele quer aumentar os investimentos sul-africanos no Brasil -hoje atingem US$ 1 bilhão. Para isso, enfatizará seu discurso a favor das privatizações, principalmente a da Vale do Rio Doce. Na África do Sul, estão as principais mineradoras do mundo, como a Anglo-American e a Gemco.
    URL:
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/24/brasil/11.html

  2. Antipetismo avança em instituições de estado

    Carta Maior

     

    04/05/2015

     

    O Ministério Público, a Polícia Federal e parte da magistratura estão se convertendo em bunkers anti-pt, marcados por abuso de poder e autoritarismo.

     

     

    Breno Altman

     

     

    Opera Mundi

     

    Três fatos recentes, desenrolados no coração judicial e repressivo do poder público, desnudam a natureza classista e degenerada do Estado oligárquico.
     
    O primeiro destes eventos foi a prisão preventiva do tesoureiro petista, João Vaccari Neto, por ordem do juiz Sérgio Moro, no curso da Operação Lava Jato.
     
    Além de desnecessária, pois o réu jamais se furtou a atender demandas do inquérito ou obstaculizou seu trâmite, revela-se discricionária. Medidas desse naipe não afetaram a nenhum dos demais tesoureiros de grandes partidos, embora tenham arrecadado doações de valores semelhantes com as mesmas empresas.
     
    O segundo episódio é a investigação aberta pelo Ministério Público do Distrito Federal contra o ex-presidente Lula, em caso de suposto tráfico internacional de influência.
     
    Como é de praxe, a apuração não apresenta qualquer elemento concreto, mas já está difundida por setores da imprensa como fato notório e sabido, em mais uma realização da parceria entre jornalismo de oposição e frações do sistema judicial.
     
    O terceiro capítulo é a suspeição da Polícia Federal sobre pagamentos recebidos oficialmente pelo jornalista João Santana Filho, em contrapartida a serviços prestados na campanha presidencial em Angola.
     
    Apesar da ampla documentação apresentada pelo investigado, profissional responsável pelo marketing na reeleição da presidente Dilma Rousseff, dissemina-se especulação de que seriam verbas de companhias brasileiras envolvidas no escândalo da Petrobrás e destinadas ao pagamento de despesas eleitorais do atual prefeito paulistano, Fernando Haddad.
     
    Estas três situações são apenas retratos atualizados da perversão alojada no Estado.
     
    O Ministério Público, a Polícia Federal, parte da magistratura e outros espaços estão se convertendo em bunkers contra o PT, marcados por abuso de poder e autoritarismo, atropelando leis e direitos constitucionais, a serviço de determinados objetivos políticos.
     
    O que é pior: sob as barbas do próprio partido governante.
     
    Os governos de Lula e Dilma, em nome de apresentar imagem republicana e evitar críticas de aparelhamento, preveniram quase exclusivamente exageros que seu próprio campo político poderia cometer, concedendo cotas cada vez maiores de autonomia a fortalezas historicamente controladas pelas velhas classes dominantes, sem alterar suas características antidemocráticas.
     http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Antipetismo-avanca-em-instituicoes-de-estado/4/33394
    Afinal, a lógica da conciliação, predominante desde 2003, alimentada por situação parlamentar desfavorável, impunha que a mudança social e econômica não fosse acompanhada pela tentativa de reforma radical das instituições e a substituição de seu comando.
     
    Os inimigos do petismo, beneficiados por este pacto de mão única, tiveram caminho franqueado para abocanhar fatias crescentes dos aparatos de justiça e segurança, assanhadamente partidarizados e coadjuvando estratégia de desestabilização patrocinada por forças conservadoras.
     
    O combate à corrupção, sob a presidência de Lula e Dilma, alcançou patamares jamais vistos na história brasileira, com amplo portfólio de providências legais, administrativas e orçamentárias.
     
    Mas a facilidade de movimento dos grupos reacionários, no interior dos sistemas de coerção, acabou por permitir que se apropriassem deste avanço civilizatório para fabricar campanha permanente contra o PT e seus dirigentes, sempre tabelando com parceiros na mídia corporativa.
     
    Ao não se libertar desta armadilha, o governo silencia diante de malfeito à democracia, agredida por terrorismo judicial nascido nas entranhas do Estado.
     
    A impunidade de policiais federais que faziam abertamente campanha por Aécio Neves, por exemplo, ao mesmo tempo em que lideravam investigações da Operação Lava Jato, serve de estímulo a outros malversadores da função pública.
     
    Talvez o cenário não seja propício a decisões práticas e imediatas que revertam a anomalia. O mínimo que se pode esperar, porém, é que o governo, através do ministro da Justiça, desmascare publicamente manobras que violam preceitos republicanos e ofendem a Constituição.

     

     

  3. Banco Central bloqueia participação do Brasil no Banco dos BRICS

    Carta Maior

    04/05/2015

     

    O argumento da vertente entreguista do Banco Central é grotesco: a transferência de recursos não altera a posição fiscal brasileira.

     

    J. Carlos de Assis*

     Roberto Stuckert Filho/PR

     

    Em mais uma ação de cabal subordinação à finança anglo-americana, o Banco Central do Brasil está dificultando, com evidente intenção de sabotar a capitalização da parte brasileira no Banco dos BRICS sob o pretexto imbecil de proteger as reservas internacionais. O Banco dos BRICS é, de longe, o principal legado do primeiro mandato de Dilma no plano internacional. Deverá ser o grande instrumento de financiamento da infraestrutura no bloco, independente da interferência, das taxas de juros e das condicionalidades norte-americanas e europeias.
     
    O argumento da vertente entreguista do Banco Central é grotesco, já que a transferência de recursos das reservas para a capitalização do banco não altera a posição fiscal brasileira. Afinal, é muito mais interessante ter dinheiro rendendo juros no banco do que rendendo os pífios juros dos títulos públicos dos Estados Unidos, nos quais as reservas são aplicadas. No Banco dos BRICS o dinheiro vai gerar investimentos reais, e não apenas um fluxograma de recursos totalmente desvinculado da economia real.
     
    Já é tempo de nacionalizarmos o Banco Central do Brasil. É curioso que ele tenha sido criado pelos militares, num primeiro momento sem oposição americana, como um banco desenvolvimentista, grande financiador da agricultura brasileira. Foi nossa titubeante democracia, no Governo Sarney, e pelas mãos de economistas ditos progressistas, que o Banco Central virou-se para o lado da ortodoxia anglo-americana, tornando-se, pela política monetária, um dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento econômico.
     
    Outra curiosidade é que não foram os americanos, mas os ingleses e franceses, que espalharam pelo mundo a concepção de bancos centrais ortodoxos. Descrevi isso na minha tese de doutorado na Coppe, convertida em livro, “Moeda, Soberania e Trabalho”, ed. Europa. A total conversão à ortodoxia se deu via influência posterior dos Estados Unidos no FMI, revelando outra tremenda contradição: os americanos exigem que todo mundo tenha banco central ortodoxo, mas eles próprios tem um banco desenvolvimentista, organizado de forma tão cínica que é capaz de despejar moeda fiduciária no mundo sem qualquer tipo de controle.
     
    O Banco dos BRICS, que o Banco Central tenta boicotar, será a primeira fissura na arquitetura financeira internacional erigida pelos anglo-americanos no pós-guerra. Será um banco ligado à produção, à economia real. Não essa fábrica de papel sórdida operada nos EUA e agora também no BCE, oferecendo a seus nacionais dinheiro de graça para que adquiram patrimônios reais mundo afora, praticamente sem custos. Com a próxima vinda ao Brasil do Primeiro Ministro chinês, a Presidenta Dilma poderia aproveitar a oportunidade para dar uma ordem seca ao Banco Central para deixar de criar obstáculos para o Banco dos BRICS e disponibilizar imediatamente as reservas a fim de que isso seja feito.

    *Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira, estando dois novos no prelo. /

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Banco-Central-bloqueia-participacao-do-Brasil-no-Banco-dos-BRICS/7/33393

     

  4. Janot vê ‘elementos fortes’ para continuar investigação de Cunha

    Do DCM

    Janot vê ‘elementos fortes’ para continuar investigação de Cunha na Lava Jato

     

     

    Postado em 5 de maio de 2015 às 1:03 am     Do uol

    Em manifestação encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que existem “elementos muito fortes” para continuar a investigação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suposta participação no esquema deflagrado pela Operação Lava Jato.

    O documento da Procuradoria é uma resposta a recurso apresentado pela defesa do parlamentar no qual é solicitado o arquivamento do inquérito contra o peemedebista.

    Janot classifica ainda como “despropositada” a versão apresentada por Cunha na qual o presidente alega “fraude” no sistema de informática da Câmara, que apontava o parlamentar como autor de requerimentos na Câmara que são motivo de investigação na Lava Jato.

    O presidente da Casa nega que tenha sido o autor dos requerimentos, protocolados pela então deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ). Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que no sistema de informática da Câmara, contudo, Cunha aparece como o autor dos requerimentos.

    O parlamentar então levantou a hipótese de fraude. O deputado alegou divergência nas datas de apresentação do requerimento e de criação do documento registrado em computador de seu gabinete. “Esta versão se mostra completamente despropositada”, escreveu Janot, que apontou que não há “qualquer indício de fraude” no caso.

    “Apenas este fato demonstra a imprescindibilidade de que as investigações continuem, visando o esclarecimento total e completo dos fatos. Qualquer decisão neste momento seria precipitada”, escreveu Janot ao STF.

    “Portanto, existiam [ainda existem e estão sendo reforçados] elementos muito fortes a justificar a instauração de inquérito para integral apuração das hipóteses fáticas específicas aqui versadas”, completou.

    Em colaboração premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que Eduardo Cunha era beneficiário dos recursos oriundos do esquema da Petrobras e os requerimentos na Câmara eram forma de pressionar o restabelecimento dos pagamentos. Os requerimentos pediam informações sobre contratos entre a Mitsui e a Petrobras.

    “Malgrado até o momento não tenha como precisar se os valores mencionados nos termos em questão foram entregues diretamente ao deputado federal Eduardo Cunha, fato é que o colaborador Alberto Youssef reiterou, e com razoável detalhamento, que Eduardo Cunha era beneficiário dos recursos e que participou de procedimentos como forma de pressionar o restabelecimento do repasse dos valores que havia sido suspenso, em determinado momento, por Júlio Camargo”, escreveu o procurador.

    A PGR destaca ainda, na manifestação encaminhada ao STF, que Cunha recebeu “vultosos valores” por meio de doação oficial de várias empresas “que já se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrupção de parlamentares”.

    “Não se pode querer sepultar um esforço investigatório em seu nascedouro, quando há demonstração clara da necessidade de diligências investigatórias”, escreveu o PGR.

    O recurso de Cunha deve ser analisado pelo ministro Teori Zavascki e pode ser levado a julgamento no plenário do Supremo, que continua responsável por questões penais envolvendo presidentes da Câmara e do Senado.

     

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/janot-ve-elementos-fortes-para-continuar-investigacao-de-cunha-na-lava-jato/

     

  5. Finalmente a mídia será

    Finalmente a mídia será enfrentada? A resposta de Lula à Época

    4 de maio de 2015 | 12:13 Autor: Fernando Britohttps://jornalggn.com.br/noticia/clipping-do-dia-558

    institutolula

    O Instituto Lula publicou hoje um texto sob o título “As sete mentiras da capa de Época sobre Lula”.

    Só o fato de não ter como título “Nota de Esclarecimento” já seria animador.

    Porque mentira é mentira e só deve virar “inverdade” quando a gente está se cuidando de não receber um processo daqueles com pobres razões e ricos advogados.

    Nem vou entrar nos temas levantados pela revista, porque a revista Época e a imprensa, de forma generalizada, hoje está criminalizando ir a uma festa de aniversário.

    Deixo que o leitor siga o texto do Instituto.

    Mas é animador que se tenha deixado de lado a afetação “republicana”, de responder com pelica às bordoadas mais grosseiras.

    Muito mais ainda aquela teoria esdrúxula de “não vou responder para não dar cartaz a este tipo de coisa”.

    Foi assim que “transformaram” o filho do Lula em dono de fazenda, jatinho, frigorífico, etc…

    Nem é o caso de discutir “regulação da mídia”, porque este tema jamais se aplicou à jornais e revistas, embora queiram fazer crer que isso seria censura.

    Mas é preciso restabelecer o que foi revogado na prática pelo Supremo, numa infeliz decisão.

    O direito de responder.

    Esta “aberração autoritária”, segundo uma imprensa que quer falar o que quiser e só se quiser apresentar o contraditório.

    As sete mentiras da capa de Época sobre Lula

    A revista Época, em nota assinada pelo seu editor-chefe, Diego Escosteguy, na sexta-feira (1), , reafirmou o que está escrito na matéria “Lula, o operador”, como sendo correto e verdadeiro. Como a nota do seu editor é uma reiteração de erros cometidos pela revista, apontamos aqui as 7 principais dentre as muitas mentiras da matéria de Época.

    Primeira mentira –  dizer que Lula está sendo investigado pelo Ministério Público.

    A Época afirma que o Ministério Público abriu “uma investigação” na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria “formalmente suspeito” de dois crimes. Época não cita fontes nem o nome do procurador responsável pelo procedimento.

    O Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República do Distrito Federal não abriu qualquer tipo de investigação sobre as atividades do ex-presidente Lula. O jornal O Globo, do mesmo grupo editorial, ouviu a propósito a procuradora Mirella Aguiar sobre o feito em curso e ela esclareceu: há um “procedimento preliminar”, decorrente de representação de um único procurador, uma “notícia de fato”, que poderá ou não desdobrar-se em investigação ou inquérito, ou simplesmente ser arquivada.

    A mesma diferenciação foi observada pelo jornal The New York Times e pela agência Bloomberg. O The New York Times chamou de “preliminary step” (um passo preliminar) e não de investigação.

    Isso não é um detalhe, e para quem preza a correção dos fatos, faz diferença do ponto de vista jurídico e jornalístico.

    Ao publicar apenas parcialmente o cabeçalho de um documento do MP, sem citar os nomes do procurador Anselmo Lopes, que provocou a iniciativa, e da procuradora Mirella, que deu prosseguimento de ofício, e sem mostrar do que realmente se trata o procedimento, Época tenta enganar deliberadamente seus leitores.

    Segunda mentira- Lula seria lobista

    No início da matéria a revista lembra um fato: Lula deixou o poder em janeiro de 2011 com grande popularidade e desde então, não ocupa mais cargo público. Segundo a revista, Lula faria lobby para privilegiar seus “clientes”. Que fique bem claro, como respondemos à revista: o ex-presidente faz palestras e não lobby ou consultoria.

    A revista Época colocou todas as respostas das pessoas e entidades citadas nas suas ilações no fim da matéria, que não está disponível na internet. Por isso vale ressaltar trecho da resposta enviada pelo Instituto Lula:

    “No caso de atividades profissionais, palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é remunerado, como outros ex-presidentes que fazem palestras. O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores – tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações – e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem. O ex-presidente faz palestras, e não presta serviço de consultoria ou de qualquer outro tipo.”

    Os jornalistas Thiago Bronzatto e Felipe Coutinho, que assinam o texto, chamam Lula de “lobista em chefe”.  A expressão, além de caluniosa, não condiz com a verdade, e revela o preconceito e a ignorância dos jornalistas de Época em relação ao papel de um ex-presidente na defesa dos interesses de seu país.

    O que Lula fez, na Presidência e fora dela, foi promover o Brasil e suas empresas. Nenhum presidente da história do país liderou tantas missões de empresários ao exterior, no esforço de internacionalizar nossas empresas e aumentar nossas exportações.

    Terceira mentira – sobre as viagens de Lula

    A “reportagem” de Época não tem sustentação factual. A revista afirma que nos últimos quatro anos Lula teria viajado constantemente para “cuidar dos seus negócios”. E continua: “Os destinos foram basicamente os mesmos – de Cuba a Gana, passando por Angola e República Dominicana.” 

    Vamos deixar bem claro: o ex-presidente não tem nenhum negócio no exterior. E, ao dizer “a maioria das andanças de Lula foi bancada pela construtora Odebrecht”, mente novamente a revista. Não é verdade que a maioria das viagens do ex-presidente foi paga pela Odebrecht. Repetimos trecho da nota enviada para a revista: “O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores – tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações – e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem.”

    Mesmo sem ter obrigação nenhuma de fazê-lo, as viagens do ex-presidente estão documentadas no site do Instituto Lula e as suas viagens ao exterior foram informadas à imprensa.

    De novo, diferente do que diz a revista, depois que deixou a Presidência, Lula viajou para muitos países, e o mais visitado foi os Estados Unidos da América (6 viagens), onde entre outras atividades recebeu o prêmio da World Food Prize (http://www.institutolula.org/lula-recebe-nos-eua-premio-por-trabalho-de-combate-a-fome), pelos seus esforços de combate à fome, em outubro de 2011, e do International Crisis Group, em abril de 2013,  por ter impulsionado o Brasil em uma nova era econômica e política (http://www.institutolula.org/lula-recebe-premio-em-nova-york-por-impulsionar-o-pais-a-nova-era-economica-e-politica). 

    Nos EUA encontrou-se ainda, por duas vezes, com o ex-presidente Bill Clinton –que também tem o seu instituto e também faz palestras. 

    Dois países empatam no segundo lugar de mais visitados por Lula após a presidência: o México e a Espanha (5 visitas cada um). No México, além de proferir palestras para empresas do país, Lula recebeu o prêmio Amalia Solórzano, em outubro de 2011 (http://www.institutolula.org/lula-recebe-no-mexico-o-premio-amalia-solorzano) e lançou, junto com o presidente Peña Nieto, a convite do governo mexicano, um programa contra a fome inspirado na experiência brasileira: http://www.institutolula.org/lula-no-mexico-eu-vim-aqui-dar-um-testemunho-e-possivel-acabar-com-a-fome-do-mundo

    Na Espanha, Lula recebeu os prêmios da cidade de Cádiz (http://www.institutolula.org/cidade-espanhola-de-cadiz-premia-lula-por-combate-a-pobreza),  o prêmio internacional da Catalunha (http://www.institutolula.org/lula-recebe-24o-premio-internacional-Catalunha), e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Salamanca (http://www.institutolula.org/lula-recebe-titulo-de-doutor-honoris-causa-da-universidade-de-salamanca-na-espanha).

    Os leitores que eventualmente confiem na Época como sua única fonte de informação, não só não foram informados desses prêmios, como foram mal informados sobre as atividades do ex-presidente  no exterior.

    Sobre os países citados pela revista, Lula esteve, desde que saiu da presidência, três vezes em Cuba, duas em Angola, e somente uma vez em Gana e na República Dominicana, os dois países mais citados na matéria.

    A revista diz serem “questionáveis” moralmente as atividades de Lula como ex-presidente. Em primeiro lugar, como demonstrado acima, a revista está mal informada ou informando mal sobre tais atividades (provavelmente os dois). Por exemplo, a revista acha moralmente questionável organizar, na Etiópia, um Fórum pela Erradicação da Fome na África, junto com a FAO e a União Africana (http://www.institutolula.org/e-preciso-investir-nos-pobres-para-acabar-com-a-fome-disse-lula-a-uma-plateia-de-15-chefes-de-estado-africanos)? Esse evento não foi noticiado pela Época, nem pela Veja. Mas foi noticiado pelo jornal britânico The Guardian (em inglês – http://www.theguardian.com/global-development/2013/jul/01/africa-brazil-hunger-lula). 

    Ou em Angola, país citado pela Época, a revista acha moralmente questionável fazer uma grande conferência, (http://www.institutolula.org/lula-em-angola-e-possivel-para-qualquer-pais-acabar-com-a-fome) para mais de mil representantes do governo, do congresso, de partidos políticos e de ONGs, além de acadêmicos e jornalistas angolanos, reunidos para ouvir sobre as políticas públicas de Angola e do Brasil para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento econômico?

    Ou em Gana participar de um evento organizado pela ONU, lotado e acompanhado pela mídia local, novamente sobre combate à fome (http://www.institutolula.org/e-plenamente-possivel-garantir-que-todo-ser-humano-possa-comer-tres-vezes-ao-dia-diz-lula-em-gana)? 

    Parafraseando a revista, moralmente, o jornalismo de Época, que mente para seus leitores desde a capa da revista, é questionável. Mas será que à luz das leis brasileiras, há possibilidade de ser objeto de ação judicial?

    Quarta mentira – sobre a visita de Luiz Dulci à República Dominicana

    A revista Época constrói teorias malucas não só sobre as viagens do ex-presidente, mas questiona e faz ilações também sobre a visita do ex-ministro e diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, à República Dominicana em novembro de 2014. A revista foi informada, e publicou que o ex-ministro viajou ao país para fazer uma conferência, mas não que era sobre as políticas sociais brasileiras. Deu entrevistas à imprensa local e foi convidado pelo presidente Medina para uma conversa sobre as políticas sociais brasileiras, das quais o presidente dominicano é um admirador. A revista registrou apenas como “versão” que Dulci foi convidado pelo Senado do país. Todos os documentos do convite e da viagem estão disponíveis para quem quiser consultá-los.  O que a revista não fez antes de se espantar com o interesse no exterior sobre os  êxitos do governo Lula.

    Quinta mentira – a criminalização da atividade diplomática do Brasil em Gana

    Época relaciona como denúncia “dentro de um padrão”, um comunicado diplomático feito pela embaixada brasileira no país um ano antes de Lula visitar Gana, enviado em 30 de março de 2012. Lula esteve em Gana apenas um ano depois de tal comunicado, em março de 2013. É importante lembrar aos jornalistas “investigativos” da Época, que em março de 2012, Lula estava se recuperando do tratamento feito contra o câncer na laringe, que havia sido encerrado no mês anterior. 

    Quanto ao telegrama de Irene Gala, embaixadora do Brasil em Gana, a resposta do Itamaraty colocada no fim do texto da Época, malandramente longe da ilação contra a diplomata, é cristalina sobre não haver qualquer irregularidade nele: “O Itamaraty tem, entre as suas atribuições, a atuação em favor de empresas brasileiras no exterior. Nesse contexto, a realização de gestões com vistas à realização de um investimento não constitui irregularidade.”

    É lamentável que o grau de parcialidade de certas publicações tenha chegado ao ponto de tentar difamar funcionários públicos de carreira por simplesmente fazerem o que é parte de suas atribuições profissionais. Seria como criticar uma embaixada brasileira por dar apoio a um jornalista da Época, uma empresa privada, quando o mesmo estivesse em visita a um país.

    Sexta mentira – a criminalização do financiamento à exportação de serviços pelo Brasil

    A revista criminaliza e partidariza a questão do financiamento pelo BNDES de empresas brasileiras na exportação de serviços. É importante notar que esse financiamento começou antes de 2003, ou seja, antes do governo do ex-presidente Lula. 

    Sobre o tema, se pronunciou o BNDES em comunicado (https://www.facebook.com/bndes.imprensa), e também a Odebrecht  (http://odebrecht.com/pt-br/comunicacao/releases/nota-de-esclarecimento-01052015). A questão foi analisada em textos de Marcelo Zero (http://www.pt.org.br/ignorancia-ou-ma-fe-amparam-desinformacao-do-mp-publicada-pela-epoca/) e Luís Nassif (https://jornalggn.com.br/noticia/na-epoca-o-alto-custo-da-politizacao-do-ministerio-publico-federal), que lembrou que a publicação irmã de Época, Época Negócios, exaltou a internacionalização das empresas brasileiras em outubro de 2014.

    Sétima e maior mentira – o “método jornalístico” de Época

    Bolsas de estudo pomposas nos Estados Unidos pagas por institutos conservadores (http://www.institutomillenium.org.br/blog/instituto-ling-concede-mais-27-bolsas-de-estudos-exterior/ ) valem pouco se o jornalismo é praticado de maneira açodada, com má vontade e parcialidade, de uma forma mentirosa. 

    Não é a primeira vez que o Instituto Lula, ou outras pessoas e entidades tem contato com o método “Época” de jornalismo (que não é também exclusivo desta revista). Resumindo de forma rudimentar, o método constitui na criação de narrativas associando fatos, supostos fatos ou parte de fatos que não têm relação entre si, e que são colados pelo jornalista, construindo teorias sem checar com as fontes se a realidade difere da sua fantasia.

    Poucas horas antes do fechamento, quando pelos prazos de produção jornalística provavelmente a matéria já está com as páginas reservadas na revista, capa escolhida e infográficos feitos, o repórter entra em contato, por e-mail, com as pessoas citadas na matéria. Em geral sem contar sobre o que realmente o texto se trata (Época não perguntou ou mencionou a iniciativa do Ministério Público). Não há interesse real em verificar se as acusações, em geral muito pesadas, se sustentam e justificam o espaço dado ao assunto ou o enfoque do texto.

    Mesmo que a tese do jornalista não se comprove, a matéria não será revista e será publicada.  Na “melhor” das hipóteses, as respostas das pessoas e entidades envolvidas serão contempladas ao final da matéria, e este trecho não será disponibilizado online (e muitas vezes não é visto com cuidado por jornalistas de outros veículos que dão a “repercussão” do fato). É feito assim, primeiro porque a revista não teria nenhuma matéria para colocar no lugar, e segundo porque isso poderia afetar o impacto político, bem como a repercussão em outros órgãos de imprensa e nas mídias sociais. 

    Foi exatamente isso que a Época fez. Contatou o Instituto Lula, a partir de Brasília, três horas antes do fechamento. Haviam duas opções: falar por telefone ou por e-mail. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, para registrar inclusive as perguntas e respostas à revista, optou por responder por e-mail, lamentando que não houve a possibilidade de esclarecer as dúvidas da revista pessoalmente (http://www.institutolula.org/resposta-do-instituto-lula-a-revista-epoca ).

    É importante registrar que Época ou não ouviu, ou não registrou o outro lado de todos os citados na matéria. Cita e publica fotos de dois chefes de Estado estrangeiros, John Dramani Mahama, de Gana, e Danilo Medina, da República Dominicana, ambos eleitos democraticamente e representantes de seus respectivos países. E não os ouve, nem suas embaixadas no Brasil. 

    Mais absurdo ainda porque, em tese, a revista Época deveria seguir os “Princípios Editoriais do Grupo Globo”, do qual faz parte, e que foram anunciados  para milhões de brasileiros, no Jornal Nacional (http://g1.globo.com/principios-editoriais-do-grupo-globo.html ).  

    Como a revista não parece respeitar o jornalismo, diplomatas, chefes de estado dominicanos ou ganenses, ou ex-ministros e ex-chefes de estado brasileiros, melhor lembrar a recomendação de um norte-americano, Joseph Pulitzer, sobre os danos sociais da má prática jornalística. “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária e demagógica formará um público tão vil quanto ela mesma.”

     

  6. Burburinho fez muito bem

    Publicado em 04/05/2015 no Conversa Afiada

    Burburinho desmoraliza 
    procurador da Lava Jato

    Procurador passou vexame no Facebook

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    O Conversa Afiada reproduz post de O Cafezinho:

     

    PROCURADOR DA LAVA JATO PASSA VEXAME NO FACEBOOK

    O procurador da república responsável pela operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, postou uma mensagem em seu Facebook pedindo manifestações sobre o trabalho que está fazendo no Ministério Público.

    A estratégia faz parte do plano da força-tarefa que investiga os escândalos da Petrobrás para se manter sob os holofotes da mídia.

    Só que aí, as pessoas, entre elas o nosso indefectível Stanley Burburinho, começaram a postar perguntas incômodas na página do procurador, e ele rapidamente passou a apagar as perguntas e a bloquear as pessoas.

    Mas as redes são mais espertas, e fotografaram as perguntas que incomodaram o procurador, antes que ele as apagasse.

    Que papelão, procurador!

    Imagem retirada do facebook

     

     

  7. Eduardo Cunha poderá “dançar”, Aécio não

    Do DCM

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/janot-ve-elementos-fortes-para-continuar-investigacao-de-cunha-na-lava-jato/

    “Não se pode sepultar um esforço investigatório em seu nascedouro quando há clara necessidade de diligências investigatórias”

     

    JANOT VÊ ‘ELEMENTOS FORTES’ PARA CONTINUAR INVESTIGAÇÃO DE CUNHA NA LAVA JATO

     

    E a investigação de  Aécio Neves, Janot?

    Te cuida, Eduardo Cunha! Lembra de Severino Cavalcanti? Amanhã tu serás ele.

    Adeus candidatura em 2018

    OBS: “elementos fortes” são estivadores.

  8. Entrevista importante do Prof. João Manoel

    Nassif, essa entrevista precisa ser divulgada.

    Abraços, Gustavo Cherubina.

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1621841-terceirizacao-vai-achatar-salarios-diz-professor-de-dilma.shtml

    Terceirização vai achatar salários, diz professor de Dilma

    ELEONORA DE LUCENA
    DE SÃO PAULO

    03/05/2015  02h00 O ajuste fiscal promovido pelo governo provocará uma recessão brutal: o PIB pode despencar para -3%. O desemprego vai a 10% ou 12%. Se aprovada, a terceirização em debate no Congresso devastará o mercado de trabalho e achatará salários. Protestos virão e a popularidade da presidente encolherá a 7%.

    A previsão é de João Manuel Cardoso de Mello, 73, em rara entrevista à Folha. Autor do clássico “O Capitalismo Tardio” (1975), ele foi professor de Dilma Rousseff na Unicamp –deu aulas sobre interpretações do Brasil e visões do capitalismo. Fundador do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas daquela universidade, ele criou a Facamp (Faculdades de Campinas), onde hoje é diretor geral.

    Crítico da política econômica, ele avalia que o governo cedeu a pressões do mercado financeiro e define como ilusão a ideia de que a recuperação virá no final do ano. Defende a reconstrução da indústria e a reorganização política do país.

    Para ele, o país vive “a cristalização de 30 anos de falta de estratégia, de projeto, de coordenação estatal, de burocracia estatal” –temas de seu próximo livro, em elaboração.

     Eduardo Knapp/Folhapress O professor e economista João Manuel Cardoso de Mello, 73, durante entrevista à Folha O professor e economista João Manuel Cardoso de Mello, 73, durante entrevista à Folha

    *

    Folha – Como vai o Brasil?

    João Manuel Cardoso de Mello – Estamos numa estagnação secular há 30 anos, crescendo a taxas ridículas de 2% ao ano. A agricultura vai bem. O grande problema é a indústria. Temos 20 anos de câmbio valorizado. Não há quem resista a isso. Entre 1950 e 1980 crescemos mais do que o Japão. Depois veio a crise da dívida e depois nada. Câmbio valorizado, taxas de juros absurdas e um sistema tributário torto, que penaliza a produção e ninguém quer saber de pagar imposto sobre a renda. A indústria, que correspondia a 29% do PIB em 1993, hoje significa 13% (2013). A indústria virou uma casca. As cadeias industriais foram todas desmontadas. Sem a indústria não há possibilidade de crescimento sustentável. Esse país pode passar mais 10 anos crescendo a 2% ao ano? As pessoas não entendem que o Brasil não pode parar de crescer. Porque somos um país muito grande e muito desigual. Vou fazer um livro sobre isso.

    Por que há estagnação?

    Não temos estratégia nacional de desenvolvimento. Isso virou um palavrão. Os problemas não foram enfrentados e foram se acumulando. Apareceu tudo agora. Estamos vendo a cristalização de 30 anos de falta de estratégia, de projeto, de coordenação estatal, de burocracia estatal no sentido Weberiano. Não há Estado que funcione sem burocracia. Veja a China.

    O Brasil está nas condições atuais porque perdeu capacidade de elaboração de um projeto próprio?

    Completamente. A pobreza intelectual e moral do Brasil é muito maior do que a pobreza material. A China fez o contrário do que fizemos, que foi um ajuste passivo ao mundo. Encolhemos. Foi a derrocada do projeto nacional. Todos os países têm projeto nacional, a China tem. Essa história de que a globalização acabou com a nação! Imagine!

    Mas todos perdem com essa posição do Brasil, inclusive a burguesia?

    A burguesia nacional acabou. Nessa encalacrada em que nos encontramos, onde estão as lideranças políticas e empresariais? O processo de moagem da indústria acabou com o empresariado. Onde estão os empresários do manifesto de 1978 [que pediu mudanças na economia e a volta da democracia]? Ou venderam ou viraram rentistas ou comerciantes ou importadores.

    A operação Lava Jato está colocando em risco empreiteiras que são ainda de capital nacional. Qual o impacto disso na economia?

    Ninguém sabe. Tem corrupção. Tem que colocar os caras na cadeia, mas a empresa tem que ser mantida. Mas isso tem sido impossível, porque vem o judiciário, o tribunal de contas, os promotores. Os investimentos estão paralisados. E não só na cadeia de óleo e gás, o que é uma tragédia. Todo o negócio de infraestrutura está sendo desarticulado. Agora surgiu a ideia genial de chamar os americanos para fazer a infraestrutura no Brasil, Ora, tenha paciência!

    Qual sua avaliação do ajuste do ministro Joaquim Levy?

    Isso entra na cabeça de alguém? Ele dá um choque de câmbio, um choque de custos, faz corte de gastos. Vai produzir uma recessão brutal. Está produzindo. Está tudo parado. Há preocupação com a perda do grau de investimento. E daí? É uma chantagem do mercado financeiro dos bancos, que dizem que precisa fazer um ajuste. Algum ajuste precisava fazer, mas não nessa violência. O governo cedeu à chantagem do mercado financeiro com a ameaça da perda o grau de investimento.

    O que o governo deveria fazer?

    Um ajuste mais moderado. Não precisa fazer uma barbaridade dessas. Isso vai jogar o negócio a -3% este ano. A popularidade vai cair ainda mais, vai chegar a 7% de aprovação.

    Qual o impacto da terceirização em discussão no Congresso?

    Vai acabar com o mercado de trabalho. Estão achando que as pessoas vão fazer empresas. Vão é fazer cooperativas, que não pagam imposto. O estrago da terceirização é enorme, em cima de uma crise desse tamanho. Os empresários são 60% do Congresso. Estão voltando a favor deles. É uma devastação no mercado de trabalho. Vai desestruturar tudo e jogar os salários para baixo. É o que o Joaquim Levy quer: ajustar a relação salário/câmbio.

    A população vai aceitar a mudança?

    Acredito que não, portanto viveremos tempos interessantes, muito difíceis. As pessoas foram para a rua porque estão cheias. A economia já vem vindo mal, não foi de agora. Ela perdeu dois terços dos seus eleitores e vai perder mais um outro pedaço. É uma ilusão dizer que vai haver recuperação no fim do ano. Com a produção dessa recessão terrível, a arrecadação está despencando. Se se precisava de R$ 60 bilhões, agora são R$ 80 bilhões, amanhã R$ 100 bilhões. Aí se corta mais e se joga para baixo outra vez. O que eles estão fazendo é segurar no caixa. Em hospitais está faltando novalgina e termômetro. Onde isso vai parar? Não vai haver recuperação nenhuma. As apostas [para o PIB] vão de -1,5% e -3%. No ano que vem não recupera. Alguém investe algum centavo? Os bancos estão cortando credito, os juros, subindo, uma loucura.

    Nesse quadro, como fica o emprego? A indústria automobilística está demitindo.

    As demissões ainda não começaram porque existem os acordos coletivos. Em maio e junho vai começar a demissão em massa. O desemprego vai para 10%, 12% este ano [está em 7,4%]. E vai rápido. A alta dos juros está paralisando a construção civil residencial. Não tem investimento em construção pesada, está se desmontando a cadeia de óleo e gás, a indústria continua encolhendo. Isso vai pegando os serviços. A manicure vai quebrar. Aqui perto tem uma rua de restaurantes. Só ali, três quebraram nos últimos 20 dias. De onde vem a recuperação? Não sei de onde. Das concessões? Os filés aeroportos, estradasjá foram feitos. Sobrou a carne de pescoço. Vão colocar dinheiro a 30 anos?

    E a inflação?

    A economia é em grande parte indexada. Sobe energia, água, combustível. Desvaloriza o câmbio, sobem todos os comercializáveis, a carne, o frango, trigo, pãozinho, macarrão. Tudo isso vai comendo renda. Temo que ela vai continuar subindo até o mercado de trabalho arriar de uma vez. É dado 8,5%; tem gente diz que vai a 9%. Cai a demanda e o sujeito sobe o preço, sobe a margem. A economia brasileira é muito oligopolista. Isso vai comendo renda que é uma coisa louca.

    Qual sua visão da política cambial?

    O câmbio desvalorizou e agora voltou. Essa instabilidade é uma calamidade para o empresário. Como sujeito vai agir? Qual é o câmbio? Deveria deixar desvalorizar o câmbio, mas não nessa velocidade, porque há um impacto inflacionário alto.

    A reeleição foi há poucos meses. O que aconteceu de outubro para cá?

    A economia cresceu no governo Dilma 2,1%. A mobilidade já era descendente em 2013, porque a economia já estava fraquíssima. Em cima de uma economia fraca desse jeito se faz um negócio desses! O que se quer que aconteça?

    Por que a economia começou a frear a partir de 2010?

    Isso se aprende no segundo ano de economia. O que houve foi um ciclo de consumo. No governo Lula, as exportações subiram em quantidade e em preços. Isso deu impulso na economia. Permitiu soltar o credito, o gasto público, a arrecadação subiu. Isso moveu a economia. Em 2009, Lula fez certo, uma política de sustentação para não deixar a economia afundar. Mas isso é um ciclo de consumo, que é curto.

    Enquanto isso a indústria ia definhando?

    Não fizeram nada. É verdade que FHC fez uma devastação. Achou que era o JK e descobriu que era o general Dutra. Ele interpretou mal o plano de metas. Porque o plano de metas não existe sem a coordenação estatal. Depois de eleito, JK tomou um avião e foi para a Europa. Porque os americanos não queriam saber da industrialização no Brasil. Ele falou com a Volkswagen, a Brown Boveri. Vieram os europeus. Os americanos só vieram depois que a indústria andou. FHC achou que foram só as multinacionais que fizeram o desenvolvimento do Brasil. Uma bobagem. Ele disse: vou abrir tudo; eles vêm aqui e fazem. Fazem nada! Veja o papel do Estado chinês.

    Qual o papel hoje do Estado no Brasil?

    Nada. É o estado mixado, que perdeu totalmente suas competências técnicas. Quando passei pelo governo, havia um pessoal que fazia e tinha projetos prontos. Hoje quem faz os projetos são as empreiteiras. Fazem projeto mal feito para ter aditivos. Nenhum Estado funciona sem uma burocracia de alto nível.

    Para onde foi essa burocracia?

    Foi aniquilada. Na receita, por exemplo, conheci jovens muito capazes, formidáveis, sabiam tudo. Saíram, sumiram. Um foi fazer reforma tributária na Rússia, sumiram. Burocracia quer dizer competência, mérito, honra, interesse público. Houve uma privatização do Estado de uma extensão inacreditável. Por isso sai da política; não tenho estomago. O Estado foi privatizado pelo dinheiro.

    O que fazer?

    O outro lado desse problema da corrupção é a crise moral da sociedade. As agências de socialização foram todas comidas: família, escola, igrejas. O neopentecostalismo é uma religião do dinheiro. O dinheiro vai tomando conta de tudo. Numa sociedade onde só o dinheiro e o consumo valem, como é que se faz? As pessoas acham que o problema da corrupção é o PT, o Vaccari. É também, mas os problemas nossos são muito mais graves.

    Como enfrentar isso?

    Primeiro é preciso entender do que se trata. Não há debate. Não há instância mediadora de formação de opinião pública entre a sociedade e o Estado. Nenhum partido tem credibilidade. Os mecanismos de coordenação estatal foram desmontados. Os governantes dos últimos anos não estiveram à altura. Os problemas não são insolúveis. É preciso reorganizar politicamente o país, porque com essa desordem política não se faz nada.

    Como o sr. avalia a situação da Petrobras?

    A roubalheira. A Petrobras vale alguns trilhões de dólares. O modelo do Pré-Sal é corretíssimo. Se não dá o que deu no México. Lá é privatizado por concessões. Se entrega Para a empresa privada a administração das reservas. Se ela quiser acelerar a produção e acabar as reservas logo, tudo bem, ao preço quiser. Por isso estão em crise. A Petrobras fez bem em mudar o regime para partilha. O problema é que os preços do combustível não subiram como deveriam e isso abriu um buraco enorme no caixa da Petrobras enorme. A Petrobras vai se recuperar.

    Há interesses estrangeiros nessa crise?

    As grandes companhias petroleiras mundiais estão de olho no Pré-Sal, que é o grande acontecimento na área de petróleo. Não é o gás de xisto, que está indo pro espaço. Os árabes jogaram o preço lá em baixo para quebrar o xisto. Todo dia quebra gente. Além disso, os custos ecológicos do xisto são uma calamidade. Nós aguentamos esses preços do petróleo. O Pré-Sal aguenta até 35, 37 dólares [o barril]. Isso é uma oportunidade, porque nos vai tirar de problemas de balanço de pagamentos. Mas temos que fazer a recomposição da indústria. Não é voltar ao desenvolvimentismo, pois ninguém volta a história; o mundo é outro.

    Como o sr. definia o modelo que devemos perseguir?

    Reconstrução da indústria com inserção em cadeias internacionais. É possível. Os chineses estão dispostos a receber exportações de fábricas brasileiras, ao contrário do que dizem.

    Que tipo de manufaturado?

    Esse é o problema. É preciso modernizar a indústria, estudar isso. Remontar a indústria com muita coordenação. O problema é que há desordem e não tem política para nada. Houve uma sucessão de presidentes que não fez nada. Quando você olha para daqui a dez anos, vê o país se arrastando.

    Nessa sua análise, quando foi que o país perdeu o rumo?

    Tudo começou com a crise da dívida [nos anos 1980]. Houve transformações e fomos nos acomodando por baixo, em lugar de respondermos de forma dinâmica e positiva. Há problemas que são de 30 anos. O caos institucional no Brasil é uma coisa louca. A crise é muito grande.

    Ela tem paralelo?

    Nunca vi. 1964 foi outra coisa. Foi um embate que perdemos por burrice, incompetência, loucura. Havia dois projetos de Brasil. Um era o nosso, que era uma beleza. O outro era o da direita.

    No modelo dos militares houve crescimento com concentração de renda, a modernização conservadora. Agora, não houve redução da desigualdade?

    Não falo em desconcentração de renda, porque não tenho dados para avaliar isso. De qualquer maneira, houve uma baita mobilidade. Foram 60 milhões de pessoas e com um pouquinho de crescimento. O crescimento é uma coisa formidável. Teve 3, 4 anos de crescimento um pouquinho maior e o país já deu aquela respirada; as pessoas ficaram mais bem humoradas. Agora estão muito mal humoradas. O que me assusta é que as pessoas não têm noção do problema. O governo está desorientado. Não sabemos o que fazer com o país, o que é desesperador.

    Com a China pode haver um caminho?

    Mas precisa construir o caminho. Exemplo. Fizemos com eles e a Índia o Banco dos Brics, que é maravilhoso. Mas ele está encalhado aqui no Brasil. O Banco Central aqui não quer, os norte-americanos não querem. Há pressão enorme dos EUA. O BC não quer porque vai ter que colocar reservas, o que é ridículo.

    A China vai continuar avançando?

    Vai embora. Era impossível sustentar aquelas taxas de crescimento. Lá tem Estado competente, que está fazendo uma virada devagarzinho para desenvolver o mercado interno. Estão contendo o credito ao consumo. A emergência da China é um acontecimento que marca uma época. O centro do mundo está se deslocando para o leste da Ásia e estamos fora. Há os que dizem que temos que exportar para os EUA! Meu deus! Os números da economia dos EUA são falsos. No PIB norte-americano tem um peso enorme do setor financeiro e está inflado. É uma bolha que vai estourar de forma inexorável. Basta olhar o preço das ações e a alavancagem dos derivativos. O governo foi enfiando dinheiro. E houve investimento? A taxa de investimento dos EUA continua em 13%.

    O dinheiro foi para o mercado financeiro?

    Perfeitamente. Por isso eu a Janet Yellen [presidente do Fed] não vai subir os juros. Se subir, vem tudo abaixo. E a economia não cresce, os EUA se arrastam. As empresas americanas estão bem por causa da China. 

      

     

  9. Quem mata mais, a polícia tucana ou a dengue?

     

    Publicado em 04/05/2015 no Conversa Afiada

    PM tucana de SP mata.
    Com a do PR é na porrada!

    Esse é o pessoal que quer voltar a governar o Brasil …

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    No twitter de @FabioStRios

    No G1:

     

    Número de mortos pela PM em SP no 1º trimestre é o maior em 12 anos

    Em 90 dias, foram 185 mortes, maior índice desde 2003.
    Secretaria de Segurança diz que PMs seguem leis e exceções são apuradas.

    O estado de São Paulo registrou, nos três primeiros meses deste ano, 185 mortos em confrontos com policiais militares em serviço, uma média de 2,05 pessoas mortas por dia, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. É o maior número de mortos no 1º trimestre dos últimos 12 anos.

    No site da Secretaria Estadual de Segurança Pública há dados trimestrais desde 1995. O ano de 2003 foi um ponto fora da curva, com um ápice nos três primeiros meses do ano: houve 196 mortos. Aquele ano fechou com uma média de 2,17 mortos por dia.

    (…)

    Em tempo: Em O Globo:

     

    Estado de São Paulo tem número recorde de pessoas mortas pela dengue

    Ministro da Saúde nega epidemia de dengue e diz que país teve ‘elevação’ de casos

    BRASÍLIA- O número de mortes por dengue registrado em São Paulo até 18 de abril já é o maior em um ano desde 1990, quando começou a ser feito um registro oficial dos casos. O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira, revela 169 mortes no estado. Isso significa que, em média, uma pessoa morreu em São Paulo por complicações ou por febre hemorrágica da dengue a cada 16 horas neste ano.

    (…)

     

  10. Na mídia internacional

    Da Deutsche Welle

    Protesto em Curitiba repercute na mídia internacional

    Enfrentamento entre professores e policiais descrito por prefeito como “guerra sem precedentes” vira notícia em jornais europeus. Publicações destacam violência policial e recorrência de greves de professores no Brasil.

    O confronto entre professores em greve, servidores e policiais militares que deixou mais de 200 feridos em Curitiba foi tema da mídia internacional nesta quinta-feira (30/04).

    “Policiais reprimem com cassetetes professores em protesto”, noticiou o jornal alemão Die Welt.”No Brasil, os professores de escolas públicas sempre voltam a protestar. O motivo são principalmente dificuldades financeiras e condições de trabalho precárias”, escreveu.

    A confusão no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, na tarde desta quarta-feira, teve início quando os deputados estaduais começaram a sessão para votar um projeto de lei que altera a previdência social de servidores públicos. Em greve, os professores da rede estadual estavam acampados desde segunda-feira no local.

    O espanhol El Paísdestaca que a manifestação começou de maneira pacífica, mas que o caos teve início quando manifestantes tentaram entrar na Assembleia Legislativa. “Os agentes [da polícia militar] usaram balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e água para dispersar os manifestantes, que lançavam pedras”, descreve.

    O jornal também aponta que, segundo a versão oficial das autoridades paranaenses, se tratou de “enfrentamentos, agressões e atos de vandalismo provocados pelos manifestantes”. O governo estadual acusou o movimento Black Bloc de instigar o confronto com a polícia, escreve o jornal.

    O alemão Tageszeitungdestacou que o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, chamou as cenas vistas na capital paranaense de uma “guerra sem precedentes”. A versão eletrônica do jornal cita imagens de TV que mostraram “centenas de professores que protestavam fugindo enquanto granadas de efeito moral e bombas de gás lacrimogêneo explodiam no meio deles”.

    LPF/abr/ots

     

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