Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

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  1. O Caso Jardel

    https://jornalggn.com.br/blog/jorge-lima/o-caso-jardel

     

    Já é notícia nacional a bronca envolvendo o ex jogador Jardel, atualmente deputado pelo PSD no RS. Mas os detalhes mais importantes dessa história ficaram fora das manchetes.

    O Deputado Jardel deu o voto de desempate para aumentar o ICMS no RS. Logo em seguida foi agraciado com uma viagem a Europa, que custou quase 40 mil reais para a ALERGS. As notícias sobre a viagem deixaram implícito que fora uma recompensa pelo voto decisivo. Mas ninguém sabia, na época, que o parlamentar estava grampeado pelo Ministério Público. Portanto as tratativas para negociar o voto estão registradas, e podem revelar um “mensalão gaúcho”, com compra de votos para aprovar projetos de interesse do governo Sartori, que nada mais é do que um laranja do grupo RBS.

    As gravações divulgadas trazem outro indício que envolve o, também, ex jogador Danrlei, hoje deputado federal pelo PSD, patrono de Jardel na política. Diálogo entre o chefe de gabinete de Jardel e uma mulher não identificada indicam que é prática comum no partido exigir dinheiro dos assessores. Na gravação, o chefe de gabinete reclama que “ele me toma 4 mil por mês. A interlocutora pergunta “o que tá aqui ou que tá fora?”. Ora, “o que tá fora” é o Darnlei, que exerce mandato federal.

    O MPF, tão diligente no combate a corrupção, deveria aprofundar a apuração dessa conversa. Desde que queira pegar todos os corruptos, não apenas os do PT.

  2. Espero que você tenha razão, Eduardo Guimarães

    Pressão da sociedade inviabiliza chantagem de Cunha e acelera sua queda

          

    pressão

    Durante a terça-feira, 1 de dezembro de 2015, ocorreu um fenômeno no país que, ao fim e ao cabo, pode terminar mostrando que a democracia pode não ser lá uma maravilha, mas é o sistema que melhor funciona. A pressão da sociedade SEPULTOU uma chantagem asquerosa.

    Nos últimos dias, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vinha chantageando o governo Dilma e o PT com a possibilidade de abrir processo de impeachment caso o PT não votasse a seu favor no Conselho de Ética, ou seja, contra a abertura de processo de cassação do peemedebista.

    Informações obtidas pelo Blog deram conta de que o partido e o próprio governo se deixaram abalar pela ameaça e já faziam pressão sobre os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética para que votassem a favor de Cunha.

    Eis que a chantagem de Cunha desencadeou um processo bonito – e raro – de se ver. A sociedade brasileira se uniu contra a chantagem dele.

    Redes sociais, blogs, os sites jornalísticos ferveram com uma tsunami de comentários desafiando Cunha a cumprir sua ameaça. E o que é melhor: foi a militância do PT quem desencadeou esse processo.

    Ao longo do dia, por toda parte a chantagem de Cunha começou a naufragar. Para que se possa mensurar o que aconteceu, presidentes de todas seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil nos 27 estados e no Distrito Federal cobraram afastamento imediato do presidente da Câmara, liderados pelo presidente nacional da entidade, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

    Eis que, no meio da tarde, começa a sessão do Conselho de Ética da Câmara com finalidade de deliberar sobre a admissibilidade do processo contra o presidente da Câmara. Ao chegar em casa, sintonizo a tevê e começo a assistir aos debates.

    O que vi foi uma das mais alentadoras surpresas que tive nos últimos anos.

    Os deputados, acuados pelos pares decididos a cassar Cunha, começam a convergir para a decisão pela admissibilidade do processo contra ele. Alguns deputados que eram tidos como favoráveis a Cunha renegam essa posição, demonstrando medo de serem confundidos com apoiadores dele.

    O presidente do PT, que até então vinha sendo cauteloso sobre o tema, divulga, no Twitter, que confia nos deputados de seu partido no sentido de que votarão pela abertura do processo contra Cunha.

    Fonte com a qual conversei pela manhã desse dia glorioso para a democracia, envia mensagem via Whats App:

    “As coisas mudaram. A chantagem de Cunha está inviabilizada. Se ele reagir com pedido de cassação de Dilma, será derrotado”.

    O fato é que a pressão da sociedade e a chantagem desavergonhada do presidente da Câmara terminaram de enterrá-lo. Com voto aberto, pouquíssimos deputados terão coragem de defendê-lo.

    E, pelo visto, nenhum deles será do PT.

    Se insistir em pedir abertura de processo de impeachment, pela ilegitimidade que construiu com a sua arrogância e com a sua desfaçatez Cunha será derrotado. A Câmara não aceitará que ele promova essa farsa. Não por seus pendores éticos, mas por medo da sociedade.

    Quanto ao processo contra Cunha, em votação aberta – como a que autorizou o STF a manter a prisão de Delcídio do Amaral – muito poucos votarão por absolvê-lo. Quem o fizer, estará cometendo um suicídio político.

    O Brasil está para dar um grande passo no aperfeiçoamento de sua democracia. Se tudo isso se mantiver na votação no Conselho de Ética – que ocorrerá nesta quarta-feira -, além de o golpismo sofrer um golpe mortal, o Brasil começará a se livrar de um de seus piores políticos.

     

  3. Cunha só está solto porque Janot quer, é o que diz PHA

    Janot conseguiu: Cunha põe o Governo de joelhos!

    Mais do que o Delcídio, o Cunha tem a possibilidade de continuar a cometer crimes!​    publicado 02/12/2015 bessinha casa da mainha joana

    Cunha só está solto porque o Janot quer.

    Se havia provas da ação criminosa do Delcídio e do André Esteves, muitas outras há contra o Cunha.

    Por que o Procurador Janot ainda não pediu a cabeça do Cunha?

    Porque o Cunha tem o poder de dar curso ao que se organizou no histórico café da manhã, que a Fel-lha noticiou: ele, o Pauzinho do Dantas e o Ministro (sic) Gilmar desenharam o rito sumário do impeachment.

    (Nenhum dos quatro, a Fel-lha inclusive, desmentiu a informação não compartilhada, depois, no PiG…)

    Por que Janot até agora não pediu ao Ministro Teori para encaná-lo?

    Mais do que o Delcídio e o Esteves, o Cunha tem o poder de cometer crimes.

    A cada passo que dá entre o café da manhã e o assento na Presidência da Câmara!

    É que Cunha tem uma serventia!

    Desestabilizar o Governo trabalhista.

    E os Procuradores, os delegados do japa bonzinho e a Magistratura em boa parte integram aquela classe média que deu Golpe!

    Já deu!

    Impeachment não vai haver, porque não há impeachment que avance sob a liderança moral de Gilmar, Pauzinho e Cunha!

    Mas, Cunha pode prolongar essa agonia que se incendeia no PiG.

    É para isso que o Cunha serve.

    Para desorganizar o Brasil (sob o Governo trabalhista).

    Seu comportamento como presidente da Câmara lembra o de um chantagista.

    É um político que simboliza o que há de mais corrupto e degenerado no sistema político que o Gilmar queria eternizar: o da grana!

    Um herói!

    Como o Bob Jefferson!

    Como o Youssef!

    A Casa Grande faz qualquer negócio!

    Paulo Henrique Amorim

  4. Janot conseguiu: Cunha põe o
    Janot conseguiu: Cunha põe o Governo de joelhos!
    Mais do que o Delcídio, o Cunha tem a possibilidade de continuar a cometer crimes!​
    publicado 02/12/2015
    Cunha só está solto porque o Janot quer.
    Se havia provas da ação criminosa do Delcídio e do André Esteves, muitas outras há contra o Cunha.
    Por que o Procurador Janot ainda não pediu a cabeça do Cunha?
    Porque o Cunha tem o poder de dar curso ao que se organizou no histórico café da manhã, que a Fel-lha noticiou: ele, o
    Pauzinho do Dantas e o Ministro (sic) Gilmar desenharam o rito sumário do impeachment.
    (Nenhum dos quatro, a Fel-lha inclusive, desmentiu a informação não compartilhada, depois, no PiG…)
    Por que Janot até agora não pediu ao Ministro Teori para encaná-lo?
    Mais do que o Delcídio e o Esteves, o Cunha tem o poder de cometer crimes.
    A cada passo que dá entre o café da manhã e o assento na Presidência da Câmara!
    É que Cunha tem uma serventia!
    Desestabilizar o Governo trabalhista.
    E os Procuradores, os delegados do japa bonzinho e a Magistratura em boa parte integram aquela classe média que deu Golpe!
    Já deu!
    Impeachment não vai haver, porque não há impeachment que avance sob a liderança moral de Gilmar, Pauzinho e Cunha!
    Mas, Cunha pode prolongar essa agonia que se incendeia no PiG.
    É para isso que o Cunha serve.
    Para desorganizar o Brasil (sob o Governo trabalhista).
    Seu comportamento como presidente da Câmara lembra o de um chantagista.
    É um político que simboliza o que há de mais corrupto e degenerado no sistema político que o Gilmar queria eternizar: o da grana!
    Um herói!
    Como o Bob Jefferson!
    Como o Youssef!
    A Casa Grande faz qualquer negócio!
    Paulo Henrique Amorim

  5. Nem por um minuto. Lobo, lobo, lobo.
    http://tijolaco.com.br/blog/d-mirela-nao-brinque-com-a-boa-fe-de-quem-defende-as-pessoas-com-deficiencia/

    A “pegadinha” da D. Mirella e o “lobo, lobo, lobo!”

    POR FERNANDO BRITO · 01/12/2015

    A D. Mirella Prosdócimo, presidente do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência de Curitiba, assumiu que o tal “Movimento pela Reforma de Direitos”, que pregava a redução dos direitos das pessoas “deficientes” era uma “pegadinha” para chamar atenção sobre o tema.

    Por conta de ser uma mulher, retiro o “fdp” que destinei aos criadores deste troço.

    Mas não os demais conceitos deprimentes que usei.

    Não se faz propaganda desonesta, nem com uma suposta “melhor das intenções”.

    Tiro o exemplo da campanha que D. Mirella conduziu, algum tempo atrás, que explorava, sem ofender ninguém, a reação de quem ocupava as vagas reservadas ao veículos de pessoas com deficiência ao verem uma cadeira de rodas em suas vagas.

    O slogan era ” Esta vaga não é sua nem por um minuto!�”

    Pois é, D. Mirella: agressão a pessoas com deficiência não é boa nem por um minuto. Nem de “brincadeirinha”.

    Muito menos iludir a boa-fé de quem, sinceramente e com emoção, as defende.

    Veja como a “brilhante ideia” feriu e magoou as pessoas que são solidárias e respeitosas com seus irmãos que portam deficiências. A campanha mobilizou, sim, mas mobilizou quem já respeitava estas pessoas ao ponto de se indignarem.

    Já vivi a experiência de ter um ente queridíssimo, por ter um leve transtorno de desenvolvimento, ser recusado em duas escolas. Engolir o sentimento de injustiça e desumanidade já foi duro. Ver alguém brincar com ele é além do suportável.

    Conto, se a senhora não conhece, uma historinha que se contava às crianças, antigamente, para ensinar-lhes como a mentira, feita para atrair a solidariedade alheia, acaba em desastre.

    Os mais velhos se lembram: um menino, numa pequena aldeia, saía à noite e gritava: “lobo, lobo,lobo!”. E os habitantes da aldeia levantavam-se de suas camas e corriam a ajudar o menino. Não havia lobo algum e a brincadeira se repetiu algumas vezes. Uma noite, porém, os gritos não eram falsos: “lobo, lobo, lobo!”.

    E como já ninguém cria no menino, ele foi devorado.

    Espero que não surja, agora, um movimento de gente má, ruim, egoísta – e se não houvesse não precisaria de propaganda, não é, D. Mirella? – que ache mesmo que está demais termos  vaga, cota ou gratuidade para pessoas com deficiência.

    As pessoas que lhes são solidárias, desconfiadas das “pegadinhas”, não vão mais acorrer aos gritos de “lobo, lobo, lobo!”

    Quando as pessoas de bem, afinal, acham bonito ter “a ousadia dos canalhas”, acanalham-se também.

    PS. Como gosto de publicidade e de publicidade de qualidade, onde se mexe para o bem com os sentimentos, coloco aí embaixo o comercial da Edeka, rede de supermercados alemã. que em três dias teve mais de 12 milhões de visualizações. O tema é pesado, a execução do filme tensa e a mensagem, comovente. Aprendam aí…

    [video:https://youtu.be/V6-0kYhqoRo%5D

  6. O discurso da arrogância: desconstrução e demonização
    http://caviaresquerda.blogspot.com.br/2015/12/o-mito-da-imprensa-democratica.html?m=1

    terça-feira, 1 de dezembro de 2015

    O mito da imprensa democrática

    Brasileiros

    É certo que a justificativa moral da atividade jornalística sempre foi o pressuposto da objetividade: considera-se que o texto noticioso, bem como a imagem com finalidade informativa, correspondem sempre a interpretações objetivas da realidade. Só que não.

    Luciano Martins Costa*

    Os jornais brasileiros de circulação nacional, aqueles que determinam o eixo da agenda pública, encerram o mês de novembro com a mesma pauta que iniciou o ano de 2015. Não se trata da saraivada de denúncias, declarações, vazamentos e revelações factuais sobre fluxos de dinheiro ilegal ligados a campanhas eleitorais. Essa é apenas a espuma do noticiário e dificilmente saberemos em que os fatos atuais se diferenciam do histórico da corrupção, a não ser pela evidência de que alguns atores estão sendo responsabilizados.

    O que a chamada imprensa tradicional do Brasil está produzindo é um projeto recorrente na política nacional, que se associa em ampla escala ao contexto do continente e, em menor grau, se relaciona também com o cenário internacional. Trata-se do programa de desconstrução de políticas que, no longo prazo, poderiam consolidar o ensaio de mobilidade social observado nos últimos anos em boa parte da América do Sul.

    São muitas as razões pelas quais as principais corporações da mídia têm interesse em desmobilizar a geração que saiu da miséria para se inserir no protagonismo social na última década. A principal delas é a mudança no perfil do eleitorado de algumas regiões do País, aquelas mais impactadas pelos resultados econômicos dos projetos sociais de renda básica.

    Observe-se que, nos últimos nove anos, aconteceram em São Paulo, mais precisamente na sede do Instituto Itaú Cultural, pelo menos sete eventos internacionais de análise dos efeitos dessas políticas públicas sobre a economia. Estiveram presentes economistas, sociólogos, pesquisadores e gestores de programas que engajaram dezenas de milhões de famílias nos mecanismos das contrapartidas, que melhoraram a renda da população atolada nos estratos mais baixos da pobreza.

    Esses seminários chamaram a atenção de profissionais de diversas áreas, mas, até onde foi possível observar pessoalmente, não produziram a menor curiosidade na imprensa. Para ser mais preciso, deve-se dizer que, num desses eventos, esteve presente, misturado à plateia, um antigo coordenador de Economia do jornal O Estado de S. Paulo – que dizia, para quem quisesse ouvir, que se sentia tão perdido naquele ambiente como um cachorro que havia caído do caminhão de mudanças.

    Essa absoluta falta de interesse diz muito sobre o funcionamento da mídia tradicional: desde o lançamento do primeiro programa de incremento da renda básica, até o advento da presente crise – que tem sido em grande medida insuflada pela própria imprensa -, os editores que ditam a agenda institucional boicotaram, quando não demonizaram explicitamente, essa tentativa de inverter o desenho histórico da pirâmide social.

    O leitor e a leitora atentos devem se perguntar: o que isso tem a ver com a crise política, as dificuldades econômicas e os escândalos que não saem das manchetes?

    Ora, apenas os midiotas se satisfazem com o cardápio oferecido pela mídia diariamente, pela administração cuidadosa de fragmentos vazados de investigações, pela alimentação constante das idiossincrasias internas dos compostos político-partidários e pela manipulação indecorosa de indicadores econômicos. Foi certamente por um arroubo de consciência que o jornalista e apresentador Sidney Rezende denunciou o catastrofismo do noticiário econômico – o que lhe custou imediatamente o emprego na GloboNews.

    O que está em curso, na agenda da imprensa hegemônica do Brasil, é um projeto fascista de poder, que tem sua essência na conhecida lição oferecida por Roland Barthes no dia 7 de janeiro de 1977, quando inaugurou a cadeira de Semiologia Literária no Colégio de França. Esse projeto se desenvolve à sombra de mitos construídos e alimentados pelo sistema do poder arbitrário, ao qual a imprensa, como instituição, sempre serviu sob o disfarce da defesa da modernidade.

    A “imprensa democrática” é um mito criado pela imprensa. O que há de democrático no ecossistema da comunicação social são as vozes dissonantes daquilo que Barthes chamou de “discurso da arrogância”, ou o “discurso do poder – todo discurso que engendra o erro”. Esse poder arbitrário se aloja na linguagem, e mais precisamente na linguagem jornalística. Mas essas vozes dissonantes – que costumamos chamar de “imprensa alternativa” -, por sua própria natureza de negação do discurso predominante, não são capazes de se impor como uma linguagem em favor da democracia.

    É certo que a justificativa moral da atividade jornalística sempre foi o pressuposto da objetividade: considera-se que o texto noticioso, bem como a imagem com finalidade informativa, correspondem sempre a interpretações objetivas da realidade. Só que não. A linguagem jornalística, apropriada pelo sistema do poder arbitrário, se transforma em mera produção de conceitos com o objetivo claro de oferecer uma interpretação reducionista da realidade, subjetiva e condicionante de uma visão de mundo estreita e conservadora.

    Como instrumento da linguagem, observa Barthes, a língua não é reacionária nem progressista: ela é fascista, “pois o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer”. Como instrumento do poder, a  linguagem da imprensa hegemônica do Brasil produz esse “discurso da arrogância” a serviço do fascismo.

     (Para ler: “Aula”, de Roland Barthes)

    *Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas”

    Link curto: http://brasileiros.com.br/vLIId

  7. Chacina de Costa Barros: por que são as famílias que têm de dar

    Chacina de Costa Barros: por que são as famílias que têm de dar explicações?

    Por BBC | 

    02/12/2015 08:33Colaboradora da BBC Brasil relata que quando vítimas de chacinas da polícia são jovens negros e pobres, pais e mães se sentem na obrigação de provar que filho ‘era bom’

     

    “Meu filho terminou o curso técnico”. “Meu filho fazia inglês”. “Meu filho era estudante”. “Meu filho estava comemorando o primeiro salário no emprego”. Ao acompanhar o noticiário sobre os cinco jovens negros mortos por policiais em Costa Barros no fim de semana, reencontro frases que ouvi tantas vezes, nas bocas de outras mães e outros pais que perderam seus filhos de modo semelhante.

    Em enterro, ONG levou bandeira com 50 furos, representando o número de disparosDaniel Castelo Branco / Agência O DiaEm enterro, ONG levou bandeira com 50 furos, representando o número de disparos

     

    “Meu filho era tão bom, era trabalhador, estudava…”, costumava dizer Euristeia Azevedo sobre o filho William Keller Azevedo, assassinado em outubro de 1998 no episódio que ficou conhecido como Chacina do Maracanã.

    Entrevistei-a em reportagens sobre mães que cobravam justiça para mortes violentas no Rio. Eu estava num plantão de sábado quando, na ronda telefônica para hospitais e delegacias, soube das mortes. Na estatística, era mais um caso. Para Euristeia, era o filho dela, um filho bom, morto aos 24 anos.

    “Já estão até dizendo que acharam uma arma com meu filho”, ela dizia. “Não quero dinheiro do Estado, quero que tirem essa calúnia. Meu garoto não era traficante”.Noutro plantão de sábado, em maio de 1999, mataram Rodrigo Marques da Silva, de 15 anos, numa operação da PM no morro da Coroa. A mãe, Edilamar da Silva, transformou-se em ativista contra a violência policial.

    Esqueci de lhe dizer que, se fosse, o filho teria de ser preso e julgado, não assassinado. Em agosto e setembro de 2000, grávida, persegui pelo Rio o então relator da ONU contra a tortura, Nigel Rodley, até ele me confirmar o que eu já sabia: ao visitar um presídio do Rio, Rodley encontrou detentos que haviam sido espancados.

    Sua grande crítica era ao fato de a polícia investigar a polícia: “Há um problema quando a iniciativa da investigação fica a cargo da polícia ou quando só a polícia tem autorização para investigar, principalmente quando é a polícia que está sendo investigada”.

    Lembrei-me de ‘sir’ Nigel ao observar como demorou a cair o comandante do 41º Batalhão da PM, ao qual pertencem os policiais que deram ao menos 50 tiros no Palio em que estavam os cinco jovens de Costa Barros.

    Cinco jovens foram fuziladosReprodução/FacebookCinco jovens foram fuzilados

    Era desse mesmo batalhão o sargento que, em outubro, atirou em dois mototaxistas ao confundir com uma arma o macaco hidráulico que um deles carregava. Os dois rapazes morreram.

    Outra relatora da ONU, Asma Jahangir, especialista em execuções sumárias, impressionou-se com os relatos de violência policial no Estado ao visitar o Rio em outubro de 2003.

    Foi nessa época que conheci Márcia de Oliveira Silva Jacinto, mãe de Henri Gomes de Siqueira, morto aos 16 anos numa ação da PM no Lins. O rapaz tinha morrido já fazia quase um ano, e Márcia contava que ainda ouvia um “Mãe, cheguei!”, quando entrava em casa.

    Jovens foram fuzilados dentro de carro, veículo tem mais de 20 marcas de tirosMarina Brandão / Agência O DIAJovens foram fuzilados dentro de carro, veículo tem mais de 20 marcas de tiros

     

    “Meu filho levou um tiro no peito. Disseram que ele tinha um revólver e maconha, mas sei que era inocente”.

    Recém-chegada ao Rio, desde 1994 eu mergulhara na cidade pós-chacinas da Candelária e de Vigário Geral, ambas do ano anterior. Cobri a guerra entre traficantes e os assassinatos cometidos por policiais.

    Em outubro de 1994, uma operação da Polícia Civil na favela Nova Brasília acumulou 13 mortos. Só três tinham antecedentes criminais, no mínimo dez levaram tiros na cabeça.

    Nova operação policial, em maio de 1995, matou 14 na mesma favela. Na casa onde morreram dez das 14 vítimas, vi sangue escorrendo pelo chão e pelas escadas, paredes vermelhas de sangue, macabramente salpicadas de massa encefálica. “Eles pediam para não morrer, diziam que iam se entregar”, segredou um morador.

    Ecoam as vozes de mães, pais, irmãos e amigos de muitas épocas: era inocente; estudava inglês; fez curso técnico; era um bom garoto. Ouvi e ainda ouço justificativas e alegações, em defesa da honra dos filhos mortos.

    Nas comunidades pobres, diante da escola que não atrai, à espera do emprego que custa a aparecer e sem chance frente a uma polícia que mata, os jovens convivem com a marginalidade. Muitos são tragados por ela. Alguns margeiam a delinquência, experimentando pequenos delitos. Outros, a maioria, ganham a vida honestamente.

    As famílias sabem disso, e por isso o desespero de pais e mães que se sentem obrigados a provar a inocência dos filhos, exibindo o recibo do curso quase concluído, a carteira de trabalho recém-assinada, a apostila de inglês…

    É digna e comovente a atitude das famílias. Porém, mesmo se fossem criminosos, os jovens de Costa Barros não podiam ter sido fuzilados. Estavam desarmados, não ameaçaram os policiais. Tinham de 16 a 25 anos.

    Mas aceitamos, publicamos, seguimos, acostumados que estamos a uma argumentação torta, segundo a qual famílias devastadas pela tragédia da morte de um jovem é que têm que dar explicações.

     

  8. Villa, o arrogante, vira réu
    Villa, o arrogante, vira réu por crimes contra Lula

    http://tijolaco.com.br/blog/villa-o-arrogante-vira-reu-por-crimes-contra-lula/

    POR FERNANDO BRITO · 01/12/2015

    Nota do Instituto Lula, divulgada agora de manhã:

    “O juiz André Carvalho e Silva de Almeida recebeu a queixa-crime proposta por Luiz Inácio Lula da Silva contra o historiador Marco Antônio Villa, que passou a ser réu na ação. Vila é acusado de cometer os crimes de calúnia, injúria e difamação, após ter feito afirmações mentirosas com o objetivo de atingir a honra do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na TV Cultura. A decisão, de 25 de novembro, é do juiz André Carvalho e Silva de Almeida, da 30ª vara criminal da Justiça de São Paulo, que recebeu, em setembro deste ano, queixa-crime dos advogados de Lula referente a comentário feito em 20 de julho.

    Em 19 de novembro, Lula e Villa compareceram a audiência de conciliação, mas nem o ex-presidente retirou a ação, nem o comentarista da rádio Jovem Pan e da TV Cultura se retratou de suas declarações.

    No referido comentário, Villa disse que o ex-presidente “mente, mente”, que é “culpado de tráfico de influência internacional”, além de “réu oculto do mensalão”, “chefe do petrolão”, “chefe da quadrilha” e teria organizado “todos os esquemas de corrupção”. Na ocasião, o historiador fez questão de ressaltar que “quem está dizendo sou eu, Marco Antonio Villa”, embora não tenha apresentado sequer uma evidência das graves acusações que fez.

    A arrogância de Villa, como se vê, o faz confiar nas suas “costas quentes” de comentarista da Veja e da Jovem Pan.

    Quem sabe, condenado, vá se apresentar como vítima da “ditadura bolivariana”.

    Afinal, “quem está dizendo sou eu, Marco Antonio Villa” deveria ser prova suficiente da verdade.

    Da qual ele é dono, não está claro?

  9. Delcídio e a corrupção na Petrobras.

    Delcídio é um elo da corrupção histórica na Petrobrás

    A mídia recortou os minutos convenientes da gravação e desprezou os trechos nos quais a quadrilha relembra a roubalheira deles no governo FHC

    Jeferson Miola

    Waldemir Barreto / Agência Senado

    “Matar mulher é feminicídio; matar presidente é magnicídio; matar criança é infanticídio; matar de vergonha é Delcídio”.  

    Postagem no twitter

    As gravações das conversas entre o Senador Delcídio do Amaral, Bernardo Cerveró [filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró] e Edson Ribeiro [advogado do ex-diretor], são reveladoras do quão entranhável é a corrupção no estamento da política e dos negócios.  

    Se aquelas conversas fossem divulgadas sem a identificação dos interlocutores, ninguém hesitaria em reconhecer se tratar de um bando de bandidos reunidos para arquitetar crimes. Este fato é, em si mesmo, estarrecedor e escandaloso. A cassação do mandato de senador e a expulsão de Delcídio do PT serão os desdobramentos naturais.  

    Tão escabroso quanto este fato, entretanto, é a seletividade do condomínio policial-jurídico-midiático de oposição, que recortou os minutos convenientes da 1 hora e 35 minutos da gravação e desprezou os trechos nos quais a quadrilha relembra a podridão e a roubalheira deles na Petrobrás ainda no governo FHC.  

    Eles fizeram menção, por exemplo, à dinheirama depositada em bancos suíços originada de propina que receberam da empresa Alstom em 2001 e 2002, quando Delcídio era diretor da Petrobrás e Cerveró seu gerente. E também revelaram o nome do personagem que a décadas usa o lobista Fernando Baiano como preposto: o espanhol Gregório Preciado, que é casado com uma prima do senador tucano José Serra.  

    Qual o procedimento policial e judicial instalado para investigar estes dois aspectos reveladores da gênese da corrupção na Petrobrás? Resposta: – nenhum! Houve cobertura midiática demonstrando jornalisticamente as conexões e os tentáculos tucanos na corrupção na Petrobrás? Resposta: nenhuma!  

    A seletividade do condomínio policial-jurídico-midiático de oposição tem sido uma norma de conduta. Os responsáveis pela Lava Jato na Polícia Federal, no Ministério Público e no Judiciário simplesmente desconsideram testemunhos, indícios e provas que implicam políticos ligados ao PSDB e, além de não investigarem, arquivam as denúncias. E a mídia oposicionista completa o serviço, acobertando a verdade inteira.  

    Foi assim com Pedro Barusco, o ex-gerente que confessou ter começado sua prática delituosa na Petrobrás na década de 1990, durante o governo FHC. Diante da confissão deste funcionário corrupto que devolveu 100 milhões de dólares roubados em 20 anos, qual a apuração da Lava Jato sobre o período FHC? Resposta: – nenhuma!  

    Por uma estranha discricionariedade, o inquérito contra o senador tucano Anastasia foi arquivado, e a investigação sobre os 10 milhões de reais transferidos pelas empresas implicadas na Lava Jato ao PSDB na gestão do ex-presidente do Partido, Sérgio Guerra [já falecido], nunca prosperou. Qual a reação midiática a isso? Resposta: – nenhuma!

    O chamado “mensalão” foi implacavelmente julgado para justiçar o período dos governos do PT. Entretanto, como está a investigação do “mensalão” mineiro, inventado pelo tucanato muitos anos antes? Resposta: – paralisada, podendo prescrever, e os envolvidos estão “todos soltos”.

    A realidade não permite ilusões ou fanatismos alienantes: o Brasil está enfrentando uma das maiores crises morais e políticas da sua história. A corrupção é um fator desencadeante da corrosão moral que aflige o país. O mais importante, porém, é que pela primeira vez tudo está sendo investigado sem interferências do governo.

    Esta conquista civilizatória do Brasil, de identificar e castigar a corrupção, poderá ser anulada por manobras maniqueístas do condomínio policial-jurídico-midiático de oposição, que recorta e seleciona a narrativa a ser construída, que visa preservar o PSDB e aniquilar o PT. Isso é contraproducente, porque dos mais de 100 indiciados na Lava Jato até agora, apenas 4 são identificados com o PT, e a imensa maioria pertence a outros partidos políticos.

    Delcídio é um elo da corrupção histórica na Petrobrás; ele é o elo entre o presente e o passado; o elo corrupto entre o período FHC e o período Lula. Se, em razão disso, a Lava Jato não averiguar a raiz da corrupção na empresa, será uma agressão à justiça e à democracia.

    Mais além da Lava Jato, é necessário um esforço de recomposição ética no Brasil, porque a corrupção está disseminada inclusive em práticas “legais”, ainda que imorais, em várias esferas da atividade pública nos três Poderes.

    Só moralismo não resolve. Menos ainda o falso e seletivo moralismo. É necessário encarar esta crise de frente. O Brasil está num “mandrake político”, porque nenhuma força política se mostra crível como alternativa na crise. O país está à beira do abismo político e moral que ameaça produzir um forte estrago à economia nacional.

    Este momento de impasse é, também, um momento de rediscussão de um novo ordenamento jurídico-institucional. A atual lógica, em especial quanto ao sistema político, é uma das causas da transição inconclusa da ditadura para um Estado de bem-estar social. O PMDB, Partido individualmente minoritário, domina a ciência de navegar neste sistema obsoleto e fisiológico, é um dos principais fatores do atraso e do retrocesso.

    É urgente, por isso, se buscar o apoio da sociedade brasileira para a convocação de uma Assembleia Constituinte autônoma e específica, que discuta um novo ordenamento jurídico-institucional, começando pela reforma política e pela democratização profunda do Estado.

    Créditos da foto: Waldemir Barreto / Agência Senado

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=G9poVt8MXgY%5D

    Fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Delcidio-e-um-elo-da-corrupcao-historica-na-Petrobras/4/35076

  10. Lava Jato: DPF delega

    Lava Jato: DPF delega investigação do vazamento

    2 de dezembro de 2015Marcelo Auler

    Marcelo Auler

    Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mostraram-se surpresos com o vazamento de uma cópia do rascunho da delação premiada de Nestor Cerveró que acabou nas mãos do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, atualmente preso em Bangu VIII, Zona Oeste do Rio.

    Delação: Da cela de Cerveró na PF-PR para as mãos de Andre, hoje preso em Bangu VIII, no Rio. Fotos - reprodução

    Delação: Da cela de Cerveró na PF-PR para as mãos de Andre, hoje preso em Bangu VIII, no Rio. Fotos – reprodução

    Não foi a única cópia descoberta. No Senado, na sala de Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio do Amaral, a polícia encontrou cópias da delação premiada de Fernando Soares, o “Fernando Baiano”, também protegida por segredo de Justiça. “Baiano” é apontado como o operador das propinas pagas ao PMDB no esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás. Condenado a 16 anos em um dos processos, graças à delação premiada, foi solto dia 11 de novembro, após cumprir doze meses de cadeia.

    As buscas na casa do banqueiro e na sala do chefe de gabinete ocorreram na quarta-feira (25/11) data em que eles e o senador Delcídio do Amaral foram presos.

    Ou seja, não faltaram motivos para a surpresa dos ministros. Não era para menos. Afinal, o ex-diretor da Petrobrás, para todos os efeitos, foi afastado do convivio social ao ser recolhido à carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Paraná (SR/DPF/PR) em janeiro. Baiano também ficou isolado desde novembro de 2014.

    “Os vazamentos da Lava-Jato municiam pessoas poerosas”.

    (ministro Teori Zavascki)

     “Impactou o fato de que o (banqueiro) André Esteves tinha um rascunho com as anotações pessoais de Cerveró sobre o que ele falaria na delação premiada. Ou seja, ele teve acesso à cela onde está o Cerveró. Isso é uma intimidação para a Justiça. Como ressaltou o procurador-geral da República, esse tipo de vazamento tem que ser apurado”.

    (ministro Dias Toffoli em entrevista a Caro

    lina Brígido, O Globo 29/11/2015)

    Como se explicar, no caso de Cerveró, que o rascunho de um documento, que nem concluído estava, menos ainda oficializado, fosse aparecer em poder de André Esteves, dono do BTG Pactual?

    Nesta segunda-feira (30/11) policiais federais de Curitiba, em busca realizada na cela de Cerveró, encontraram copias da mesma delação, oficializada dia 18. Aparentemente, nada o impede de ter em mãos tais papéis que ele ajudou a produzir. A questão é como elas foram parar nas mãos de outros. Para isso, é preciso responder a uma questão básica: os documentos circularam com ou sem a participação do preso? Se sim, coomo foi que ele a remeteu? Caso contrário, quem a copiou e onde copiou tal rascunho?

    Leandro Daiello, diretor do DPF, delegou a investigação à SR/DPF/PR - Foto: SINPECPF

    Leandro Daiello, diretor do DPF, delegou a investigação à SR/DPF/PR – Foto: SINPECPF

    A preocupação dos membros da mais alta corte do país em obterem estas explicações, entretanto, parece não ser compartilhada pela direção geral do Departamento de Polícia Federal (DPF). Prova disso é que a abertura do inquérito para investigar um fato que ganhou projeção nacional, acabou transformado em um assunto regional. A investigação foi deixada a cargo da superintendência aonde o vazamento pode ter ocorrido.

    Por si só, o fato não se justificaria. A simples suspeita de que o vazamento demonstra falha na vigilância e nos controles interno da SR/DPF/PR, deveria levar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, avocar para si o problema e escolher a dedo alguém de um dos órgãos centrais para buscar a resposta que os ministros do STF, o procurador Janot e toda a sociedade esperam.

    O DPF tem, pelo menos, dois órgãos devidamente preparados à disposição de Daiello, cada um deles com subdivisões específicas para este trabalho: a Corregedoria Geral do DPF, que conta com a Coordenadoria de Assuntos Internos para investigar falhas administrativas cometidas por policiais; e a Diretoria de Inteligência Policial (DIP), cujo setor de contrainteligência é especializado em apurações de crimes desse gênero.

    Postagem de 20 de agosto: Laba Jato revolve lamaçal

    Postagem de 20 de agosto: Laba Jato revolve lamaçal

    Apelar para um dos dois já seria natural diante da repercussão do caso. Mais ainda, porém, quando se sabe que a SR/DPF/PR, apesar de todo o resultado até aqui apresentado na Operação Lava Jato, vive uma briga interna de egos e vaidades pessoais que tem colocado sob suspeita estranhos fatos ali gerados, tal qual estamos falando desde 20 de agosto com a matéria Lava Jato revolve lamaçal na PF-PR

    Basta citar os constantes vazamentos de informações que ocorreram durante a operação e os grampos ilegais que apareceram na cela do doleiro Alberto Youssef e no fumódromo da superintendência. As autoridades, até o momento, fizeram ouvidos de moucos destas denúncias, como se fossem casos corriqueiros.

    O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, por exemplo, acatou o resultado de uma sindicância que afirma que não houve grampo na cela, apesar de o delegado responsável por ela – Maurício Moscardi Grillo – não ter atendido à sua ordem de o MPF paraticipar da investigação. Já os procuradores da República do Paraná, se omitem diante de fatos como a investigação sobre o grampo ter descumprido ordem judicial e estranhamente dispensado a perícia no aparelho que, por sinal, tinha sido recomendada pelo superintendente, tudo como aqui informado em “Grampo da Lava Jato: aproxima-se a hora da verdade”.

    Falta interesse político – No caso do grampo do fumódromo, apesar da confirmação que ele existiu e não tinha autorização judicial desde o dia 7 de julho, quando um ofício nestes termos foi endereçado à CPI da Petrobrás (veja ao lado), até hoje não se conhece as consequências disso. Não apenas nele. Em 26 de setembro, na postagem “Lava Jato: o grampo da discórdia” , dizíamos:

    “Incrivelmente, apesar dos números fantásticos que a Lava Jato apresenta nesses seus 19 meses de apurações, até hoje não houve uma resposta satisfatória e definitiva da própria direção geral do Departamento de Polícia Federal, sobre o mesmo (NR grampo da cela de Youssef). Isto só faz aumentar as divergências e as críticas internamente na superintendência do DPF no Paraná. Um esclarecimento publico sobre esse grampo certamente acabará de vez com toda a discussão que persiste dese março de 2014”.

    Mas, a omissão e os ouvidos de moucos não foram praticados apenas pela direção-geral do DPF e seus órgãos de controle. Elas foram compartilhadas também pelo Ministério da Justiça, Procuradoria da República em suas três instâncias, e o Judiciário, englobando do juizado criminal local, (com suas diversas varas criminais), ao Supremo Tribunal Federal, passando pelo Tribunal Regional Federal e o Superior Tribunal de Justiça.

    Como se não bastasse, há ainda outros órgãos que, mesmo diante das denúncias públicas, permanecem de braços cruzados: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Entidades, por tanto, não faltam para exercer fiscalização e controle, cada qual em seu segmento. Pode faltar sim interesse político/administrativo de mexer com o assunto.

    Não há outra explicação para se delegar à Superintendência onde o fato ocorreu – independentemente de que fato tenha sido, e qual seja a superintendência – a instauração do inquérito. Tampouco se deixar que vá presidi-lo alguém que no dia-a-dia convive com quem possivelmente possa ser investigado.

    Não se coloca aqui sob suspeição a isenção de quaisquer que sejam o delegado, policiais e escrivães que atuarão no caso. Mas, sim, defende-se um princípio lógico de que, até mesmo para o melhor andamento da apuração, ela seja comandada por estranhos à estrutura onde ocorreu. Vale para o caso deste vazamento como para qualquer outro caso.

    Superintendente Rosalvo Ferreira Franco: investigação entregue a um amigo. Foto Célio Romais  - MP-RS

    Superintendente Rosalvo Ferreira Franco: investigação entregue a um amigo. Foto Célio Romais – MP-RS

    Poderão dizer que o delegado federal Severino Moreira da Silva, escolhido pelo superintendente do DPF no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco, oficialmente não é do quadro daquela unidade. É verdade, pelo que foi possível levantar, ele tem lotação na Coordenação-Geral de Defesa Institucional (CGDI) da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado – DICOR, em Brasília.

    Mas, na realidade, pelo menos desde março ele está “convocado” à Curitiba, em um afastamento que já dura nove meses, onde oficialmente auxilia na investigação sobre compra de sementes de maconha pelo Correio.

    Releve-se a amizade dele com o superintendente Rosalvo que, em outras épocas, o teve como chefe. Desconsidere-se também que esta convocação custa diárias aos cofres públicos. Até porque, com todo o trabalho gerado pela própria Lava Jato em suas mais de 20 fases, tem sido comum apelar-se a convocação de servidores de outras unidades para reforçarem as demais equipes no dia-a-dia. Mas, fato é que, cotidianamente, Moreira frequenta a sede da superintendência e ali convive com todos, possivelmente até com quem pode ser suspeito das irregularidades (crimes?) cometidas.

    Irregularidades detectadas – Os motivos para justificar uma investigação por pessoas externas à superintendência, não param aí. No caso de Moreira, há outro fator a se considerar se o objetivo é apresentar um trabalho acima de possíveis suspeitas e longe dos bochichos, muito comuns ultimamente na Polícia Federal do Paraná.

    De certa forma, na briga interna que ali existe, Moreira já tomou psição ou, pelo menos, jogou em um dos times. Tal como também aconteceu com a Direção Geral do DPF que vem assumindo regularmente a defesa da superintendência como se nada do que é dito fosse verdade. Isso alertamos em 18 de outubro em “Lava Jato: o polêmico organograma”.

    Foi a Moreira que Rosalvo entregou outro inquérito polêmico – IPL nº 1162/2015  – instaurado contra o delegado Mário Renato Castanheira Fanton, lotado oficialmente na Delegacia de Bauru (SP), mas que passou 30 dias em Curitiba, também por convocação. Inicialmente lhe colocaram na Delegacia de Combate a Crimes Fazendários (Delefaz). Estava ali, cuidando de uma operação, quando foi chamado a colaborar em uma das fases da Lava Jato: prender o ex-deputado André Vargas.

    DPF Igor Romário: "fontes humanas" não identificadas nem à COGER/DPF

    DPF Igor Romário: “fontes humanas” não identificadas nem à COGER/DPF

    organização criminosa, formada por policiais e ex-policiais, conspirando contra a Lava Jato. Só que ele acabou se mostrando contrário a isso, porque, na verdade, quem estava atuando em procedimentos contrários à Lava Jato era quem estava presidindo os inquéritos”, declara o deputado Aluísio Mendes Guimarães (PSDC/MA) que atuou na CPI da Petrobras e é um policial federal aposentado, com fontes dentro do DPF. Ele prossegue:

    “O delegado Fanton, que presidiu o inquérito, caminhou nesse sentido, de que se havia alguém que estava vazando informações e estava conspirando contra a operação eram aquelas pessoas que estavam denunciando que haveria organização criminosa. O próprio presidente do inquérito, na sua conclusão apontou isso. Estou relatando o que está no inquérito relatado pelo delegado Fanton”.

    Se o dossie é ou não verdadeiro até hoje não se sabe. Ele jamais apareceu.Tanto pode ter sido abortado em consequência deste inquérito, como pode jamais ter sido feito. Como lembram alguns destes chamados “dissidentes” nas conversas com seus pares, até por estarem afastados da equipe da Operação em si, não tinham as informações sigilosas. A dúvida, de qualquer forma, persistirá.

    Mas, Fanton, à medida que tomou pé da situação, foi pouco a pouco constatando irregularidades que considerou graves. Exemplo claro, como disse na CPI da Petrobras, foi verificar que no inquérito 768/14 ora o delegado Igor apresentava informes das “fontes humanas sigilosas”, ora prestava depoimento e, em outros momentos determinava diligências, como se presidisse a investigação.

    Além disso, Fanton sentia pressão dos responsáveis pela Lava Jato que, segundo ele afirmou aos deputados e repetiu em juízo, pretendiam direcionar sua apuração conforme o interesse deles.

    Em maio, deu-se o choque entre ele e os delegados que o convocaram. Tudo culminou com o agente policial Dalmey Fernandes Werlang, que atuava ao seu lado, no dia 4, confessar-lhe a colocação do grampo na cela que seria ocupada pelo doleiro Alberto Youssef. O fez a mando de Igor, Rosalvo e do delegado Márcio Adriano Anselmo, da Delefaz, responsável oficial pela operação. O depoimento de Dalmey também apresentamos emLava Jato revolve lamaçal na PF-PR

    Também surgiram com Dalmey as explicações de que a sindicância comandada pelo dpf Moscardi, então chefe do Grupo de Investigações Sensíveis (GISE) foi feita já com o objetivo de encobrir a realidade, como explicado na postagem “Grampo da Lava Jato: aproxima-se a hora da verdade”.

    Inquérito suspeito – De posse das informações de Dalmey, Fanton dirigiu-se diretamente à Brasília. Àquela altura, já não se relacionava mais com a cúpula da superintendência. Tampouco tinha dúvidas de que ilegalidades foram praticadas nas investigações da Lava Jato. Foi a ruptura.

    Delegado Fanton: perseguição  - Foto Reprodução

    Delegado Fanton: perseguição – Foto Reprodução

    Quatorze dias depois dele levar à Brasília o resultado de sua apuração é que a superintendência decidiu abrir uma investigação contra ele. Jusrificou-se com um fato ocorrido dia 10 de abril, no carro em que conduziu o ex-deputado André Vargas para a prisão. É o inquérito 1162/2015 (distribuido à 14ª Vara Federal Criminal) que Rosalvo entregou a Moreira.

    Com base em depoimentos de agentes, Fanton é acusado de vazar informações sigilosas para o ex-deputado preso, no percurso entre Londrina e Curitiba. É mais um dos vários casos estranhos ocorridos na superintendência. Tão estranho que a Corregedoria, em Brasília, avocou o IPL para entregar a outro delegado. Fora do ambiente “contaminado” da superintendência.

    O IPL ocorre na mesma época em que os delegados da Lava Jato representam contra seu colega e contra o agente Dalmey por suposto crime de calunia, nas declaraçõs que o agente fez na CPI e nos despachos que o primeiro deu no inquérito. Isto levou o Ministério Público a assumir o lado da equipe da Lava Jato e apresentar uma denúncia contra os dois. Mas, ele foi logo rejeitada pelo juiz, como noticiado em: “Calúnia na PF-PR: juiz rejeita denúncia e critica MPF” 

    Este fato demonstra que, se não aderiu, o delegado Moreira já jogou no time da cúpula do DPF no Paraná. Por isso, não é nada recomendável que assuma uma investigação que envolve, como dissemos acima, possiveis falhas da fiscalização e do controle da superintendência.

    Investigações sem resultado – A experiência tem demonstrado ainda que na SR/DPF/PR só caminham investigações de interesse da cúpula. Outras que foram abertas, acabaram arquivadas. O exemplo mais gritante é o caso do grampo da cela de Youssef; Ele foi arquivado em setembro de 2014, como sendo um grampo desativado, da época em que o traficante Fernandinho Beira-Mar esteve preso ali.

    Delegado Maurício Moscardi: nova sindicância encontra áudios que ele disse não existirem - Foto: Altino Machado

    Delegado Maurício Moscardi: nova sindicância encontra áudios que ele disse não existirem – Foto: Altino Machado

    Para se descobrir a verdade, isto é, que o grampo estava ativado e captou conversas do doleiro, como declarou o deputado Aluísio Mendes na reportagem“Surgem os áudios da cela do Youssef: são mais de 100 horas” , fez-se necessário uma nova apuração. A entregaram ao  delegado Alfredo Junqueira – o mesmo que confirmou à CPI a existência e ilegalidade do grampo do fumódromo – da Coordenadoria da Assuntos Internos  (Coain) da Corregedoria, em Brasília.

    Curiosamente, o resultado desta sindicância já deveria ter sido entregue ao juízo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba; Em ofício do último dia 12, o delegado Junqueira comprometeu-se em enviá-lo até o final do mês. No entanto, até a manhã deste dia 2/12 (quarta-feira), ele não foi anexado ao processo da Odebrecht, cuja defesa foi quem o requisitou. Nem a Polícia Federal em Brasília, nem a 13ª Vara Criminal de Curitiba retornaram aos pedidos de informações que encaminhamos a respeito disso.

    Da mesma forma, desde segunda-feira questionamos o DPF dos motivos de a investigação do vazamento da delação premiada não ter sido entregue a um dos órgãos centrais, mas nada nos foi explicado. A Policia Federal evita responder a este blog, apesar do espaço que mantemos aberto a ela e a todos os demais aqui citados.

     O caso do grampo da cela é apenas um. Têm-se ainda a história do carcereiro Paulo Romildo Rosa Filho, o “Bolacha” de ter cobrado propina de Vergnia Aparecida Mariani, cujo marido, Dinocarme Aparecido Lima, foi preso na Operação Parceria, em Londrina (IPL 453/2014);

    Há o envolvimento do mesmo “Bolacha” com um celular encontrado com o doleiro Youssef,  cuja investigação foi paralisada quando o joornalista Fabio Campana divulgou sua existência. Deixaram o caso do celular de lado e passaram a procurar quem vazou a notícia. Aliás, nos casos dos vazamentos de informações para a imprensa cujos inquéritos foram entregues ao delegado Moscardi, nenhum resultado foi apresentado.

    São diversos investigações arquivadas sem resultado. Quando apresentaram – caso do grampo na cela – ele não coincidia com a verdade. Motivos suficientes para justificar uma apuração por pessoa de outra unidade do DPF. Mas, a sua diretoria geral não pensa assim. Cabe aos órgãos de controle e às demais autoridades agirem como manda a lei. Ou cruzarem os braços como parece fazer  até aqui. Só não vale depois se surpreenderem.

     

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