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Redação

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  1. Como ganhar dinheiro à custa de oito milhões de empregos

    Carta Maior

    07/02/2016

    Como ganhar dinheiro à custa de oito milhões de empregos

     

    O filme ‘A Grande Aposta’ mostra que a ganância é a mola que impulsiona a ansiedade sem limites e reforça a insensibilidade diante do sofrimento humano.

     

    Léa Maria Aarão Reis – http://www.umacoisaeoutra.com.br

     

     

    reprodução

    A rigor, a história do filme A Grande Aposta (The Big Short), que está na corrida para ganhar um Oscar este ano, não deveria ser uma comédia dramática; deveria ser um drama. Ou melhor: deveria ser uma tragédia. Mas para se tornar palatável às grandes plateias, a linguagem escolhida para tratar de assunto tão específico (Economia) foi a do quase deboche.

    No bojo do roteiro escrito pelo seu diretor, Adam McKay, e baseado no livro homônimo de Michael Lewis sobre a avassaladora crise financeira de 2007/2008, cuja origem ocorreu nos Estados Unidos, os dados conclusivos são sombrios.

    Cinco trilhões de dólares de aposentadorias de idosos americanos viraram pó. Oito milhões de indivíduos perderam os empregos e seis milhões de pessoas viram suas casas – seu único bem – se transformar em dívida impagável.

    Contabilizada no filme de Mckay, esta é a conta obscena de uma monumental crise capitalista iniciada lá atrás e ainda agora longe de acabar. Embora a mídia e jornalistas econômicos hoje silenciem sobre o assunto (mais uma vez, aliás), a bolha do desastre americano estourou, mas voltou a inchar e se perpetua até aqui como mostra The Big Short, com um elenco de estrelas, magníficos atores de Hollywood da nova geração: Christian BaleSteve CarellRyan Gosling e Brad Pitt. Trunfos para chamar e prender a atenção.
     
    Outro achado inteligente é o tratamento dinâmico, com pequenas legendas esporádicas que de vez em quando surgem na tela e explicam ao espectador as referências da engrenagem que move o universo de Wall Street; bancos, agências reguladoras (que não regulam coisa alguma exceto seus interesses), dealers, corretores, investidores, todos caçando dinheiro grosso diante de monitores e  nos bares de downtown,  movidos a Zoloft e a Xanax (como é sublinhado no filme) e nos esnobes restaurantes japoneses da moda.
    “Os termos complexos que os economistas usam, ”diz um personagem,” são propositais, para confundir as pessoas.”

     A história começa alguns anos antes do estouro. Os personagens são reais. Mostra Michael Burry (Christian Bale), dono de uma empresa de porte médio, no interior do país, um nerd alucinado que decide investir uma fortuna do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos quebraria dentro de alguns poucos anos. Sacrilégio. Nunca antes alguém apostara contra o sistema e levado vantagem. Mas algumas poucas pessoas foram capazes de enxergar isso e Burry foi uma delas. No final do boom, ficou ainda mais bilionário do que já era apostando contra os bancos e, portanto, contra o mercado imobiliário americano.

    Ao saber do investimento de Burry, um corretor, Jared Vennett (Ryan Gosling), percebe que ali está uma oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell),  outro alucinado, um atormentado pelo suicídio do irmão e alimentado com tranquilizantes.

    Em narrativa paralela, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que também podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária que se avizinha; procuram e pedem conselhos e orientação a um ex-guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), então aposentado, que vive recluso com a mulher, numa fazenda na Europa entre plantas e sementes (da Monsanto).

    O dinheiro e a ganância que manipula as expectativas são as molas que impulsionam a ansiedade sem limites e reforçam a insensibilidade diante do sofrimento humano. “ Para os bancos,” diz o experiente Rickert/Brad Pitt,” os seres humanos são meros números.”

    O filme acompanha o ritmo sem fôlego dos personagens tanto nas reuniões brutais com analistas experientes do Goldman Sachs, às gargalhadas, assegurando que o mercado nunca quebraria porque o sistema “é extremamente sólido”, assim como na cena em que o cínico redator de economia do Wall Street Journal se recusa a produzir e publicar uma matéria de advertência, mesmo acreditando que ocorrerá o boom, para “não perder minhas fontes” – e o emprego dele, naturalmente.

     E ilustra bem como, durante o período anterior à crise, apesar de perceberem o que acontecia, as agências de risco e outros agentes do mercado financeiro ajudaram, como normalmente fazem, a esconder o desastre anunciado. “As mesmas agências de risco que avaliam hoje o Brasil de maneira pior do que avaliam economias bem menos estáveis, como a russa,” ressalta o advogado Marcos Villas – Bôas, depois de ver o filme.

    “Isto se chama fraude! É dinheiro que deveria ir para a saúde, alimentação, para a educação, e está indo para o ralo,” exclama um agente financeiro, quando começa a quebradeira, antes da visita de Benjamin Bernanke e Alan Greenspan à Casa Branca – e mencionada no filme de passagem -, para pedir o resgate do governo… aos bancos. “As pessoas comuns são as que vão pagar por isto!” diz o corretor.

    “Até hoje a grande maioria das pessoas não entende o que ocorreu,” diz outro. “As pessoas tendem a não pensar em coisas ruins e acham que coisas ruins nunca vão acontecer.”

    Num dos bares de Washington onde se reúne a nata do pessoal do mercado,  o cartaz na parede sobre o balcão relembra: ”Em geral, as pessoas odeiam a verdade; e a verdade é como a poesia.” Já a legenda com assinatura do poeta japonês Murakami é clara: ”No fundo do coração, todos nós esperamos o fim do mundo.”

    O fim do mundo ocorreu – ou está ocorrendo aos poucos?

    No final de A grande Aposta algumas cifras corroboram essa sensação para além do desastre financeiro; a de fracasso humano.

    Depois da explosão do mercado, em 2007/2008, apenas um banqueiro foi preso. Entre 2009 e 2012 a renda de 1% da população americana aumentou 32%. Os restantes 99% de indivíduos do país mal viram seus salários subirem 1%. Sessenta mil pessoas são homeless – sem teto. Dormem em abrigos públicos e vivem de dia pelas ruas de Nova Iorque. Dessas, quase a metade são crianças.

    Para um dos mais sérios economistas brasileiros, Marcio Pochmann, da Unicamp, “quase oito anos após o seu começo, a crise capitalista de dimensão global segue sem saída à vista. Ao que parece, avizinha-se uma quarta onda de sua manifestação.”

    E o pior, se é que pode haver um dado ainda pior apresentado no final de A Grande Aposta: no ano passado, os bancos começaram a vender bilhões de dólares em investimentos chamados Bespoke Tranche Opportunities (BTOs), que, segundo os especialistas dizem, é  um outro nome para CDOs, aqueles mesmos causadores do apocalipse de oito anos atrás.
     

    *Jornalista. Autora do livro Novos Velhos.

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Como-ganhar-dinheiro-a-custa-de-oito-milhoes-de-empregos/39/35456

     

  2. Interroguem Mariza: porque a senhora plantou salsa, couve, cebol

    Tijolaço

    Interroguem Mariza: porque a senhora plantou salsa, couve, cebolinha e alface?

     

    pato

    É possível que alguém possa chamar de “benfeitorias” fazer uma horta, plantar uma mudas de árvore e criar patos?

    Pois o Estadão chama, na matéria em que diz que “Segundo relatos, ex-primeira-dama e Lula realizaram benfeitorias em imóvel de Atibaia“. Vou reproduzir, para que o leitor veja que eu não me passei na folia do Carnaval:

    “Frequentadores do Sítio Santa Bárbara em Atibaia (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, também fizeram benfeitorias no local. A ex-primeira dama plantou árvores frutíferas, fez uma horta e cria patos na propriedade, que, no papel, está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios do filho mais velho do petista, Fábio Luís, o Lulinha.Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, Marisa também transferiu para o sítio em Atibaia as festas juninas que costumava fazer na Granja do Torto, residência de campo dos presidentes da República, quando ocupava o cargo de primeira-dama. A lista de convidados costuma ser feita por ela.”

    É possível ter tanta cara-de-pau ao ponto de dizer que plantar um dúzia ou duas de mudas é “benfeitoria”? Fazer uma horta? Criar uns patos no açude? E olha que isso nem é uma citação “pitoresca”, mas o “abre” da matéria, o mais importante…

    Meu Deus! Não irão dizer, por acaso, que agora a família Lula está no agronegócio? Será que couve e cebolinha agora são commodities na Bolsa de Chicago?

    E onde é que a D. Mariza ia fazer a festa junina? Na Granja do Torto? Vejam o primor: “a lista de convidados costuma ser feita por ela”…Não, é feita pelo Itamaraty, mas a Angela Merkel, o Obama e o François Hollande não puderam vir, por causa da crise…

    Pena que o Ary Leite e o Francisco Milani, que fizeram o “Seu Saraiva”, aquele que tinha chiliques diante de coisas imbecis, já tenham partido, porque é coisa para o personagem…

    Ah, mas o Estadão é capaz de coisas mais talentosas. Tem uma chamada dizendo que “Topógrafo diz que mudou às pressas área de sítio em 2015“, quase sugerindo uma operação de fraude. Quem sabe aquele “empurrãozinho” de cerca?

    Numa matérioa muito mal escrita (propositadamente?) deixa certa confusão se o sítio que Lula frequenta está sendo dividido ou se, ao contrário, um de seus proprietários, Jonas Suassuna, está comprando algum pedaço de algum sítio vizinho, o que parece mais provável pela declaração do agrimensor: ” “É um desmembramento para esse Suassuna que parece que ele comprou 30 mil metros do vizinho.”

    Como minha família é roça, vou falar em linguagem do interior, para que os incautos não se impressionem com as medidas, imensas, se comparadas à área de nossos minúsculos apartamentos. 30 mil metros é pouco mais que um alqueire paulista (24 mil m²) e bem menos que um alqueire mineiro (48 mil m²).

    Vejam o tamanho do escândalo: um alqueire, seja para comprar ou para vender,é nada como propriedade rural.

    É páreo duro com a “benfeitoria” de criação de patos.

    http://tijolaco.com.br/blog/interroguem-mariza-porque-a-senhora-plantou-salsa-couve-cebolinha-e-alface/

     

  3. “Vai ficar estranho”, diz Fátima sobre decisão da Globo de ignor

     

    “Vai ficar estranho”, diz Fátima sobre decisão da Globo de ignorar a Vila

     

    Blog do Mauricio Stycer no Uol

     

     

    08/02/2016 23:28

     

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    Unidos de Vila Isabel129 fotos

    54 / 1298.fev.2016 – Integrantes da Vila Isabel se preparam para o desfile da escola, que é a primeira a entrar na avenida nesta segunda-feira Leia mais Zulmair Rocha/UOL

    A Globo começou a transmissão dos desfiles do segundo dia do grupo Especial do Rio por volta das 22p5 de segunda-feira (08), quando a Vila Isabel ainda passava pelo Sambódromo. A situação confundiu os narradores da emissora, Luis Roberto e Fátima Bernardes, já que eles se viram impedidos de descrever o final do desfile da escola de Martinho da Vila.

    A abertura com a Vila Isabel passou ao vivo somente pelo portal G1, mas sua apresentação acabou cerca de 20 minutos antes do fim, com ainda dois carros por passar.

    carnaval2016luisefatimaNum áudio que vazou para os espectadores, Luis Roberto pergunta: “Faltam duas alegorias. Isso não vai ser narrado pra Globo? Pro compacto?” A resposta não é ouvida, mas possivelmente foi “não” já que Fátima observa: “Nossa, se o compacto ficar sem esse final vai ficar muito estranho.”

    Como tem feito já há alguns anos, por causa da queda de audiência, a Globo dá início às transmissões do Carnaval com o desfile já em andamento e exibe, ao final, um compacto com a apresentação da primeira escola. Este ano, a emissora cogitou não mostrar as duas primeiras escolas de cada noite, mas acabou recuando.

    Estácio de Sá (domingo) e Vila Isabel (nesta segunda) foram as escolas prejudicadas em 2016. Ouça abaixo o áudio que vazou:

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    Agradeço ao Edu César e ao Renato JG pelo registro do áudio que vazou.

    Veja também
    TV Globo não vai transmitir desfile da Vila Isabel ao vivo

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    Tags : carnaval Carnaval 2016 Estácio de Sá Fátima Bernardes Globo Luiz Roberto Vila Isabel

    http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2016/02/08/vai-ficar-estranho-diz-fatima-sobre-decisao-da-globo-de-ignorar-a-vila/#fotoNav=54

     

  4. Lava Jato: criada sob medida para proteger bandidos

    Lava Jato não investiga Aécio porque foi criada para ajudar o PSDB

      

    aécio

     

    Em janeiro do ano passado, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, foi acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de ser transportador de dinheiro de propinas do doleiro Alberto Yousseff.

    Careca disse em depoimento à PF do Paraná que, em 2010, entregou R$ 1 milhão ao então candidato a governador de Minas Gerais Antônio Anastasia (PSDB) para repassar a soma a Aécio Neves.

    Em agosto de 2015, o doleiro Alberto Youssef afirmou, durante depoimento à CPI da Petrobras, que Aécio Neves recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas, subsidiária da Eletrobras. “Eu confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção), disse o doleiro.

    Contudo, como todos sabem, quando denúncias de corrupção batem no PSDB forma-se um conluio tal que tudo acaba sendo engavetado.

    Após essa denúncia contundente, a assessoria de imprensa de Aécio afirmou que Youssef apenas disse que ouviu dizer que o senador recebeu propina, não que ele recebeu dinheiro de corrupção.

    Em nota, o PSDB disse que as declarações dadas por Youssef à CPI não foram “informações prestadas, mas sim ilações inverídicas feitas por terceiros já falecidos”, a respeito do então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo de interesse político de quem o fez à época”.

    A lenga-lenga tucana, como sempre, funcionou. E ficou tudo por isso mesmo. É incrível como basta o PSDB negar alguma denúncia para que ela deixe de ser investigada pelas autoridades e pela mídia.

    É a presunção da inocência levada às últimas consequências…

    O problema é que, quatro meses depois, mais especificamente em dezembro do ano passado, outro entregador de dinheiro do doleiro Yousseff fez a mesma denúncia que Careca, que o dinheiro sujo era para Aécio.

    Em delação premiada homologada pelo STF, Carlos Alexandre de Souza Rocha, outro entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, afirmou que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria ao senador Aécio Neves.

    Rocha, conhecido como Ceará, diz que conheceu Youssef em 2000 e, a partir de 2008, passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$ 300 mil a vários políticos.

    Ele disse que fez em 2013 “umas quatro entregas de dinheiro” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio.

    Também em depoimento, o diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana, confirmou que o diretor comercial da empreiteira no Rio chamava-se Antonio Carlos D’Agosto Miranda e que “guardava e entregava valores em dinheiro a pedido” dele ou de Ricardo Pessoa, dono da UTC.

    Em uma das entregas, que teria ocorrido entre setembro e outubro daquele ano, Rocha disse que Miranda “estava bastante ansioso” pelos R$ 300 mil. Rocha afirmou ter estranhado a ansiedade de Miranda e indagou o motivo.
    O diretor teria reclamado que “não aguentava mais a pessoa” lhe “cobrando tanto”. Rocha disse que perguntou quem seria, e Miranda teria respondido

    “Aécio Neves”, sempre segundo o depoimento do delator.

    “E o Aécio Neves não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, […] todo mundo”.

    Aécio, no dizer dos delatores, seria um dos mais chatos e insistentes em pedidos de propina.

    Mais uma vez, porém, o PSDB consegue paralisar qualquer investigação emitindo uma simples notinha negando envolvimento de Aécio. “Trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações”, diz o partido.
    Pronto. A investigação para de novo.

    Contudo, as denúncias contra Aécio Neves são uma avalanche. Não param, apesar de não serem apuradas.

    Eis que, nem dois meses após a última denúncia contra o tucano, em depoimento ao juiz Sérgio Moro o lobista Fernando Moura afirmou que Furnas era uma estatal controlada pelo hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) no governo Lula e que o esquema de propina se assemelhava ao instalado na Petrobras.

    “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, disse o delator.
    O depoimento do delator Fernando Moura citando o senador Aécio Neves como responsável pela indicação de diretores em Furnas, portanto, ressuscita um antigo esqueleto tucano enterrado pelos órgãos de investigação da

    Operação Lava Jato e de outras investigações ao longo de anos: a Lista de Furnas.

    Confira, abaixo, a íntegra do depoimento do delator contra Aécio Neves.

    Essa escandalosa ausência de ímpeto investigativo da Lava Jato quando o suspeito não é petista ou aliado do PT extermina qualquer dúvida de que essa investigação é apenas um golpe político destinado a arruinar um governo e um partido através da sabotagem da economia.

    O juiz Sergio Moro não passa de um pistoleiro que atua contra o PT e seus aliados a serviço de grupos políticos adversários, que vai tratando de poupar quando as denúncias eventualmente esbarram neles.

    Não existe absolutamente nenhuma justificativa para Aécio não ser investigado, assim como tantos outros tucanos envolvidos em denúncias de corrupção. Há petistas presos que foram menos citados que Aécio nas delações.

    O Brasil deve ser o primeiro país do mundo a ter uma ditadura de oposição. Os ditadores brasileiros conseguem prender quem a eles se opõe mesmo estando fora do poder. A polícia política e os órgãos de repressão não obedecem ao governo formal, mas a opositores desse governo.

    Já passou da hora de a esquerda brasileira entender o que de fato está acontecendo no Brasil. Se estando fora do poder a direita consegue se manter acima da lei e prender adversários sem provas, o que acontecerá quando voltar formalmente ao poder?

    Quanto mais hesitarmos em formular essa questão e em buscarmos respostas a ela, mais nos arriscaremos a enfrentar uma era de terror a ser desencadeada no Brasil quando esses déspostas reocuparem o governo formalmente.

    Não dá para acreditar que ainda exista gente que não enxergue isso. Quando esses setores da esquerda acordarem desse transe autista estarão pendurados em um pau-de-arara, como ocorreu meio século atrás.

     

  5. Chega de saudade, por Ruy Castro.

    Chega de saudade

    Ruy Castro.

    da Folha

    RIO DE JANEIRO – “Brasileiros, vocês ainda hão de ter saudades do Carnaval”, escreveu, um dia, o poeta carioca Dante Milano (1899-1991). Sua crônica “Filmagem do Carnaval Noturno”, uma das maiores páginas sobre a festa do Rio, é de uma época, os anos 1940, em que esta desprendia um “clamor de epopeia”, com os blocos, carros, ranchos e bailes “rocambolescos, babélicos e umbilicais” tomando os salões, ruas, corpos e almas.

    Por algum motivo, Dante anteviu que, um dia, não seria mais assim. E, infelizmente, acertou. Durante toda a década de 1980, trabalhando e morando em São Paulo, vim ao Rio ano após ano em busca de um Carnaval que, eu sabia, não encontraria na vila Madalena ou no alto de Pinheiros, onde morava. Mas, ao chegar aqui, do Carnaval só ouvia os ecos distantes das bandas de Ipanema, Sá Ferreira e Leme, de um ou outro surdo na zona Norte e dos heroicos blocos de embalo do Centro, como o Bola Preta e o Cacique de Ramos.

    Não encontrava nem os amigos, refugiados em Cabo Frio ou Mauá. No lugar deles, acorriam os turistas, atraídos pelas escolas de samba. As quais, durante muitos anos, se tornaram sinônimo do Carnaval.

    Nunca me conformei com isto. Não podia admitir que a maior festa popular do mundo, com 200 anos de história no Rio, se reduzisse a um show, a ser acompanhado das arquibancadas ou pela televisão. E assim se passaram séculos.

    Mas isso acabou. Os jovens acordaram e o Carnaval voltou às ruas do Rio desde pelo menos 2000, com um furor e euforia que já não deve muito ao descrito por Dante Milano. Falta-lhe ainda a trilha sonora –as músicas para embalar e fazer de cada Carnaval uma memória, uma experiência. Mas isso virá com o tempo. O mais incrível, porém, aconteceu: morasse eu em São Paulo em 2016, teria também um Carnaval na minha porta.
    .

     

  6. O que exatamente torna anormal a economia mundial?

     

    O que exatamente torna anormal a economia mundial?

     

    Eduardo Anizelli/Folhapress

     

     O economista americano Nouriel Roubini durante entrevista

     

     O economista americano Nouriel Roubini durante entrevista

    NOURIEL ROUBINI
    ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE, EM NOVA YORK

     

    Desde o começo do ano, a economia mundial vem enfrentando um surto de severa instabilidade nos mercados financeiros, caracterizado por queda acentuada nos preços das ações e de outros ativos de risco.

    Uma variedade de fatores está em jogo: inquietações sobre uma aterrissagem dura para a economia da China; preocupações de que o crescimento dos Estados Unidos esteja claudicando em um momento no qual o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) já começou a elevar as taxas de juros; temores de uma escalada no conflito entre Arábia Saudita e Irã; e sinais -especialmente com a queda abrupta dos preços do petróleo e das commodities- de severa fraqueza na demanda mundial.

    E há mais. A queda nos preços do petróleo -somada à falta de liquidez no mercado, à alta no endividamento das companhias de energia dos EUA e das companhias de energia e fundos nacionais de investimento frágeis nas economias exportadoras de petróleo- está causando medo de eventos sérios no campo do crédito (calotes) e de crise sistêmica nos mercados de crédito. E há também a preocupação aparentemente incansável quanto à Europa, com uma saída britânica da União Europeia (Brexit) parecendo cada vez mais provável, enquanto partidos populistas de direita e de esquerda ganham terreno em todo o continente.

    Esses riscos estão sendo magnificados por algumas tendências sombrias em médio prazo, que implicam crescimento medíocre para todos. De fato, a economia mundial em 2016 continuará a ser caracterizada por uma nova anormalidade em termos de produção, políticas econômicas, inflação e comportamento dos preços de ativos cruciais e dos mercados financeiro.

    Assim, o que exatamente torna a economia mundial anormal, hoje?

    Primeiro, o crescimento potencial nos países desenvolvidos e emergentes caiu devido ao peso da elevada dívida pública e privada, do rápido envelhecimento das populações (que implica maior poupança e menor investimento) e de uma variedade de incertezas que seguram os investimentos de capital. Além disso, muitas inovações tecnológicas não se traduziram em crescimento maior da produtividade, o ritmo das reformas estruturais continua lento, e a prolongada estagnação cíclica erodiu a base de capacitação da mão de obra e a de capital físico.

    Segundo, o crescimento efetivo vem sendo anêmico e abaixo de sua tendência potencial, graças ao doloroso processo de redução de dívidas que está em curso, primeiro nos EUA, depois na Europa e agora nos mercados emergentes pesadamente endividados.

    Terceiro, as políticas econômicas -especialmente as políticas monetárias- se tornaram mais e mais heterodoxas. De fato, a distinção entre política fiscal e política monetária está cada vez menos clara. Há dez anos, quem já havia ouvido falar de siglas como Zirp (política de taxa de juros zero), QE (relaxamento quantitativo), CE (relaxamento de crédito), FG (orientação futura), NDR (taxas negativas de depósito) ou UFXInt (intervenção cambial não esterilizada)? Ninguém, porque elas não existiam.

    Mas agora essas ferramentas heterodoxas de política monetária são a norma nas economias mais avançadas -e mesmo em algumas economias de mercado emergente. E as recentes ações e indicações do Banco Central Europeu e do Banco do Japão reforçam a visão de que o futuro nos trará novas políticas heterodoxas.

    Alguns alegaram que essas políticas monetárias heterodoxas -e a disparada concomitante nos balanços dos bancos centrais- representam uma forma de degradação da moeda oficial. O resultado, argumentavam esses observadores, seria inflação descontrolada (se não hiperinflação), uma alta acentuada nas taxas de juros de longo prazo, um colapso no valor do dólar dos EUA, uma disparada no preço do ouro e outras commodities, e a substituição das moedas oficiais degradadas por criptomoedas como o bitcoin.

    Em lugar disso -e eis a quarta aberração-, a inflação continua baixa demais e está em queda nas economias avançadas, a despeito das políticas heterodoxas e da disparada nos balanços dos bancos centrais. O desafio para estes é tentar estimular a inflação, se não evitar diretamente a deflação. Ao mesmo tempo, as taxas de juros de longo prazo continuaram a cair nos últimos anos; o valor do dólar disparou; os preço do ouro e das commodities caíram acentuadamente; e o bitcoin foi a moeda de pior desempenho em 2014-2015.

    O motivo para que a inflação ultrabaixa continue a ser problema é que o elo causal tradicional entre a oferta de dinheiro e os preços foi rompido. Um motivo para isso é que os bancos estão acumulando a base monetária adicional em forma de reservas excedentes, em lugar de emprestá-la (em termos econômicos, a velocidade do dinheiro despencou). Além disso, os níveis de desemprego continuam altos, o que confere pouco poder de barganha aos trabalhadores.

    E continua a haver muita capacidade excedente nos mercados de produtos de grande número de países, com grandes hiatos de produto e baixo poder de formação de preços para as empresas (um problema de excesso de capacidade exacerbado pelo investimento excessivo da China).

    E agora, depois de um imenso declínio nos preços das casas em países que passaram por um ciclo de expansão e contração, os preços do petróleo, energia e outras commodities desabaram. Podemos definir o fato como quinta anomalia -resultado da desaceleração na China, da disparada na oferta de energia e metais industriais (em consequência de sucessos na exploração e de investimento excessivo em capacidade adicional), o que debilita os preços das commodities.

    O recente tumulto nos mercados deu início à deflação na bolha de ativos mundial causada pelo relaxamento quantitativo, ainda que a expansão das políticas monetárias heterodoxas possa alimentá-la por ainda mais algum tempo.

    E a economia real da maioria das economias avançadas e emergentes está seriamente doente ainda que os mercados financeiros até recentemente estivessem galgando alturas inéditas, com apoio de medidas adicionais de relaxamento pelos bancos centrais. A questão é quanto tempo pode durar essa divergência entre o mundo das finanças e o mundo real.

    De fato, essa divergência é um aspecto da anomalia final. O outro é que os mercados financeiros não reagiram muito, pelo menos até agora, aos crescentes riscos políticos, entre os quais os problemas do Oriente Médio, a crise de identidade europeia, as crescentes tensões na Ásia e o risco persistente de uma Rússia mais agressiva.

    Uma vez mais, cabe questionar por quanto tempo pode ser sustentado esse estado de coisas -no qual os mercados não só ignoram a economia real mas desconsideram os riscos políticos.

    Bem-vindo à nova anormalidade no crescimento, inflação, políticas monetárias e preços de ativos, e sinta-se em casa. Parece que viveremos aqui por um bom tempo.

    Nouriel Roubini é presidente da Roubini Global Economics e professor de Economia na Escola Stern de Administração de Empresas, Universidade de Nova York.

    Tradução de PAULO MIGLIACC

     

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