Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

18 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Porque inquérito de Moro em Atibaia é uma manipulação

    Porque inquérito de Moro em Atibaia é uma manipulação

     

    pedalinho

    Como é incontestável e diante dele tremem como varas verdes os juízes de 2a. instância, os  ministros do Supremo (há exceções), o ministro da Justiça e quase todas as instituições do país, Sérgio Moro finalmente estendeu seus domínios até onde sempre quis: Lula.

    Já não tem nenhuma importância que um homem que exerceu a Presidência por oito anos, com o poder de influir sobre licitações de dezenas ou até centenas de bilhões de dólares, seja colocado sob suspeita por uma churrasqueira e um “puxado” de quatro quartos num sítio.

    Dane-se a desproporção.

    Dane-se também o fato de que isso se dá a centenas de quilômetros da jurisdição de Moro e, salvo a hilária hipótese de que uma empreiteiro preso  tenha “confessado” ter negociado a construção de uma refinaria, de um gasoduto ou de uma plataforma de petróleo em troca de uma reforma do telhado da casa antiga, ou a construção de quatro quartos numa área ao lado dela, é algo que não guarda conexão com os processos de corrupção  na Petrobras.

    Se fosse assim, porque, ao que se saiba, não há indício de crime cometido por Lula, a não ser ter deixado que a Polícia Federal e o o Ministério Público, que não têm voto – a essência da democracia – começassem a caminhada rumo ao poder absoluto de que hoje dispõem.

    Mas, para ficar na hipótese da turma do Moro, a de que Lula usou do cargo para favorecer as empreiteiras e ganhou dois pedalinhos de cisne em troca, porque não foi  nos milhares de quilômetros, de portos, de obras viárias nas grandes cidades?

    Não vem ao caso e é importante “meter logo a mão” no caso do sítio, garantir que sejam os policiais do Japonês e a confraria da “Força-Tarefa” que tenham o “privilégio” investigatório e que – ora a Deus todos os dias o juiz – seja dele a oportunidade de mandar prender o ex-presidente.

    A violação do princípio constitucional do juiz natural, que impede que um tribunal se torne onipotente e de exceção,  é mais que manifesta: é escancarada e vergonhosa.

    Mas, como se dá numa “autorização para inquérito” sem fato determinado, sem nominação de investigados – embora todos saibam quem é – e em sigilo de justiça – exceto, claro, para os vazamentos dos “totós” da mídia, que pegam os ossos que lhes dão e levam aos jornais, para alimentar o bombardeio que prepara as ofensivas da “tropa do Japonês” – leia aqui a análise que Luís Nassif publica hoje – triunfantes, quem sabe,  retirando a canoa de lata de D. Mariza sob escolta de armas.

    Quando algo que não faz sentido acontece, preste atenção.

    É que o sentido é evidente, embora não possa ser confessado.

    http://tijolaco.com.br/blog/porque-inquerito-de-moro-em-atibaia-e-uma-manipulacao/

  2. A quebra de sigilo “sem querer, querendo” de Moro

    Tijolaço

    A quebra de sigilo “sem querer, querendo” de Moro

     

    morochaves

    Francamente, é do arco da velha a história de que Sérgio Moro “não queria” que fosse publicada a informação de que autorizou um inquérito sobre o sítio frequentado por Lula em Atibaia.

    Um juiz não despacha um inquérito que, inegavelmente, é voltado contra um ex-presidente da república em cima da perna.

    Despachos judiciais em papel levam um carimbo do tamanho de um bonde quando são sigilosos, no ato e na capa.

    No eletrônico, somente quando o desembargador ou o juiz desmarca a opção do sigilo, os servidores podem ter acesso.

    Não foi, portanto, a inadvertência de um funcionário. Não foi “o rapaz”.

    Foi o rapace, Moro, no sentido que a palavra tem no  italiano, de onde ele sonha com sua Operação “Manu Pulite”.

    De rapina e, no figurado,  ávido, insaciável.

    Se quiserem acreditar que foi involuntário, creia-se também que ele trata assim, a voo de ave rapace, algo de tamanha repercussão.

    Liberada do sigilo, agora o MP e a sua meganhagem da PF estão livres para produzir constrangimentos à vontade.

    Pois na corrigenda de Moro, já que o despacho ficou público, nada mais deve ser discreto.

    Não é mesmo para ser, a apuração dos fatos não vem ao caso.

    O caso não é criminal, é político-eleitoral.

    E disso o Dr. Moro não se distrai.

    http://tijolaco.com.br/blog/a-quebra-de-sigilo-sem-querer-querendo-de-moro/

     

  3. MP confirma superfaturamento na Marginal Tietê: Quando José Serr

    Do VIOMUNDO

    MP confirma superfaturamento na Marginal Tietê: Quando José Serra, Paulo Preto e Delson Amador serão ouvidos?

     

    publicado em 08 de fevereiro de 2016 às 21:54

     

    serra e paulo preto 2

    Estilo Serra, ou como “abandonar um líder ferido na estrada”. Ele aparece na inauguração do Rodoanel, em 30 de março de 2010, último dia do seu mandato como governador paulista. Paulo Preto, cercado por operários de macacão laranja, está agachado na fila dianteira. Depois, em pé, ao lado de Serra. No entanto, o então candidato à presidência da República pelo PSDB diz que não o conhece: “Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando”, disse o tucano em Goiânia em 11 de outubro de 2010, quando perguntado por repórteres

    por Conceição Lemes

    Em 28 de janeiro de 2016, reportagem publicada por CartaCapital, de Henrique Beirangê, revela: Fraude nas gestões de Serra e Kassab é denunciada em SP.  Em questão, obras para ampliar a Marginal Tietê, na capital paulista, em 2009-2010 (na íntegra, ao final deste artigo):

    O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra seis pessoas  por envolvimento em fraudes na licitação para as obras de ampliação da Marginal Tietê, na capital paulista. As obras foram realizadas entre 2009 e 2011 por meio de uma parceria entre o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (hoje ministro das Cidades e integrante do PSD), e o então governador e hoje senador José Serra (PSDB).

    De acordo com as investigações, a obra recebeu pelo menos 71 milhões de reais de maneira indevida. Os promotores afirmam que um dos lotes do contrato inicialmente previsto em 289 milhões de reais saiu por 360 milhões.

    (…)

    Entre os denunciados estão o ex-sócio da construtora Delta Fernando Cavendish e o doleiro Adir Assad. 

    A obra tinha dois lotes: 1 e 2. A licitação do chamado lote 2 foi vencida pelo consórcio Nova Tietê, liderado pela Delta (participação de 75% a 80%). Por enquanto a denúncia do MPE-SP diz respeito apenas ao lote 2.

    Fernando Cavendish é ex-sócio da Delta Construções, um dos alvos da CPI do Cachoeira, instalada em abril de 2012. Ela apurava denúncias de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso naquele ano sob acusação de corrupção e exploração de jogos ilegais, atuava como “sócio oculto” e lobista para a construtora.

    Adir Assad,  como já dissemos aqui,  foi preso em 16 de março de 2015 em Curitiba (PR) por decisão do juiz Sérgio Moro por suposto envolvimento nos desvios da Petrobras. É o doleiro das obras tucanas no Estado de São Paulo, segundo reportagem publicada na edição de 30 julho de 2015 de CartaCapital.

    O nome de Adir aparece associado, por exemplo, ao Rodoanel Sul 5 e à ampliação das marginais do rio Tietê, anunciada em 4 de junho de 2009, com bumbos e fanfarras, pelo então governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (na época DEM, hoje PSD).

    Na época, o governo do Estado e a Prefeitura fizeram um convênio para ampliar a Marginal Tietê. Porém, a responsabilidade para contratação das obras ficou com a Dersa, que é do Estado.

    Adir AssadNa reportagem Adir Assad, o doleiro das obras tucanas, o repórter Henrique Beirangê observa:

    A prisão de Assad revigora outro escândalo já esquecido: o esquema da Construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O doleiro aparece principalmente nas histórias de desvios de obras no estado São Paulo, governado há mais de duas décadas pelo PSDB.

    Pois são justamente esses escândalos que haviam “submergido” e agora voltam com a denúncia feita pelo MPE-SP.

    MP CONFIRMA: ADITAMENTO DENUNCIADO PELO VIOMUNDO ERA MESMO IRREGULAR

    Em 30 de abril de 2012, o Viomundo  denunciou isso com detalhes na reportagem: São Paulo fez contratos de quase um bi com a Delta; Paulo Preto assinou o maior deles, no governo Serra.

    Estávamos em plena CPI do Cachoeira e a mídia se “esqueceu” destas conexões explosivas: Dersa-Delta-Ampliação da Marginal Tietê-Paulo Preto-José Serra.

    O Viomundo publicou (no final, a íntegra da matéria originalmente publicada):

    No dia da instalação da CPI do Cachoeira, 19 de abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao ser questionado sobre os contratos da Delta com o Estado de São Paulo, disse não estar preocupado com eles, segundo a Folha de S. Paulo:“Nem sei se tem [contratos], se tem são ínfimos ”.

    A verdade é outra. Levantamento feito pelo blog Transparência SP revela que, de 2002 a 2011, a Delta fechou pelo menos 27 contratos (incluindo participação em consórcios) com empresas e órgãos públicos do governo do Estado de São Paulo.

    Na lista de contratantes,  Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Somam cerca de R$ 800 milhões em valores nominais. Em valores corrigidos (considerando a inflação do período) chegam a R$ 943,2 milhões.

    Desses R$ 943,2 milhões, R$ 178, 5 milhões foram celebrados nas gestões Alckmin (2002 a março de 2006 e de janeiro de 2011 em diante) e R$ 764,8 milhões no governo de José Serra (janeiro de 2007 a abril de 2010).

    O maior contrato da Delta com órgãos e empresas do governo do Estado de São Paulo foi com a Dersa para executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos)

    (…)

    O consórcio da Delta venceu a licitação para o lote 2 da Nova Marginal do Tietê com uma diferença de R$ 2,4 milhões em relação ao segundo colocado, o Consórcio Desenvolvimento Viário (EIT – Empresa Industrial Técnica S/A — e Egesa Engenharia), que, por sinal, ganhou o lote 1.

    (…) 1 ano 4 meses depois, o consórcio da Delta conseguiu um “aditamentozinho” de R$ 71.622.948,47 no contrato [PS do Viomundo: Justamente o aditamento que denunciamos em 2012 e que o MPE-SP concluiu agora ser irregular; essa obra não poderia ter aditivo].

    Na época da licitação, Paulo Vieira de Souza era diretor de Engenharia da Dersa, e seu presidente Delson José Amador, que acumulava a superintendência do DER.

    Paulo Vieira de Souza é o Paulo Preto, ou Negão, como é mais conhecido. Até abril de 2010 foi diretor da Dersa. Com uma extensa folha de serviços prestados ao PSDB

    (…)

    O nome de Paulo Preto apareceu ainda na investigação feita pela Polícia Federal que resultou na Operação Castelo de Areia. Na ação, executivos da construtora Camargo Corrêa são acusados de comandar um esquema de propinas em obras públicas.

    (…)

    Em 1997, durante a presidência de Andrea Matarazzo, Amador virou diretor da Cesp. Aí, foi responsável pela fiscalização de obras tocadas pela Camargo Corrêa, como a Usina de Porto Primavera, e a Ponte Pauliceia, construída sobre o Rio Paraná para ligar os municípios de Pauliceia, em São Paulo, e Brasilândia, em Mato Grosso do Sul. Amador foi ainda chefe de gabinete de Matarazzo na subprefeitura da Sé.

    Certidão emitida pela Junta Comercial de São Paulo mostra que o representante legal do Consórcio Nova Tietê é Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta Construções para São Paulo e Sul do Brasil.

    (…) Ele assinou pela Delta o contrato  para ampliar a marginal do Tietê, enquanto Paulo Preto e  Delson Amador, pela Dersa. Ambos apareceram na Operação Castelo de Areia.

    Os escândalos envolvendo os tucanos frequentemente morrem nas gavetas do Ministério Público Federal e do MPE-SP, assim como nos escaninhos de parte do Judiciário. Alguém duvida de que se trata blindagem, respaldada e estimulada pela grande mídia?

    Como perguntar não ofende e todo repórter tem a obrigação de questionar sempre, para buscar a verdade factual, o Viomundo indaga:

    * O MP vai focar apenas nos corruptores? Cadê os corruptos?

    * Adir Assad ficou preso em Curitiba de 16 de março a 16 de dezembro de 2015. O que revelou à força-tarefa da Lava Jato? Foi questionada a sua ação central na lavagem de dinheiro das empreiteiras nas obras tucanas paulistas? Será que agora ele vai relatar ao MP tudo o que sabe sobre o esquema de fraudes e corrupção em São Paulo ou ficará calado para não incriminar os tucanos?

    * Paulo Preto, Delson Amador e Heraldo Puccini Neto serão investigados e os sigilos quebrados? Paulo Preto é o do meio, de cabelos grisalhos; o de olhos claros e barba, Delson Amador. Serra, claro, dispensa identificação.

    serra, paulo preto e delson Amador-001*Considerando que José Serra era o governador paulista na época, ele será ouvido?

    * Que fim levou a representação (na íntegra, abaixo) encabeçada pelo deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP), protocolada no MPE-SP em 26 de abril de 2012 — portanto, há quase quatro anos! — sob nº 0060383/12?

    Ela pedia que o MP apurasse possíveis atos de improbidade administrativa praticados por José Serra, Paulo Preto e Delson Amador, diante de sinais de superfaturamento das obras de ampliação da Marginal Tietê.

    ***********

    Representação ao MPE-SP: Ampliação Marginal Tietê na Gestão Serra by Conceição Lemes

    Fraude nas gestões de Serra e Kassab é denunciada em SP

    Pagamentos indevidos em obra de ampliação viária na marginal Tietê foram de ao menos 71 milhões de reais, diz o Ministério Público

    por Henrique Beirangê, em CartaCapital, publicado 28/01/2016 18p7, última modificação 28/01/2016 18p2

    O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra seis pessoas por envolvimento em fraudes na licitação para as obras de ampliação da Marginal Tietê, na capital paulista. As obras foram realizadas entre 2009 e 2011 por meio de uma parceria entre o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (hoje ministro das Cidades e integrante do PSD), e o então governador e hoje senador José Serra (PSDB).

    De acordo com as investigações, a obra recebeu pelo menos 71 milhões de reais de maneira indevida. Os promotores afirmam que um dos lotes do contrato inicialmente previsto em 289 milhões de reais saiu por 360 milhões.

    Uma segunda fase das investigações será iniciada para apurar a participação de políticos no esquema. De acordo com a denúncia, as fraudes teriam a função de abastecer campanhas eleitorais.

    Entre os denunciados estão o ex-sócio da construtora Delta Fernando Cavendish e o doleiro Adir Assad. Reportagem de CartaCapitalde julho de 2015 mostrou que um relatório da operação Lava Jato já apontava pagamentos milionários do Consórcio Nova Tietê, liderado pela construtora Delta, para empresas fantasmas do doleiro, além de outros empreendimentos do governo de São Paulo. Assad está preso em Curitiba desde março do ano passado.

    O primeiro pagamento que salta aos olhos é um depósito de 37 milhões de reais do consórcio para a Legend Engenheiros, uma das companhias usadas por Assad para lavar dinheiro. O valor inicial do contrato de ampliação da Marginal Tietê previa gastos de 1 bilhão de reais em toda a ampliação, mas subiu para 1,75 bilhão, ou seja, acréscimo de 75%.

    A obra foi acompanhada na época pela Dersa, empresa de economia mista na qual o principal acionista é o estado de São Paulo. Na assinatura do contrato entre o governo e o consórcio, o nome do representante da empresa estatal que aparece é o de um velho conhecido: Paulo Vieira de Souza, o famoso “Paulo Preto”, cuja trajetória e estripulias foram bastante comentadas durante a campanha presidencial de 2010. Acusado de falcatruas, Preto fez uma acusação velada a Serra e ao PSDB à época. “Não se abandona um líder ferido na estrada”, afirmou.

    Na página 41 do relatório do Ministério Público Federal do ano passado, aparece outro pagamento, de 2,6 milhões de reais, da Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes à Rock Star Marketing, também de propriedade do doleiro.

    O sistema rodoviário interliga a capital paulista ao interior do estado e foi licitado em 1997 pela gestão tucana de Mário Covas. O vencedor foi o CCR, que tem entre seus acionistas a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez. Esta, aponta o relatório, repassou à Legend 125 milhões de reais. O sistema possui oito praças de pedágio e, de acordo com o relatório aos investidores, só no ano passado gerou lucro líquido de 669 milhões.

    Detectou-se ainda um depósito de 624 mil reais na conta da Rock Star por uma empresa pertencente à CCR responsável pela exploração do sistema Castelo-Raposo, que liga a capital ao Oeste Paulista.

    O Rodoanel também não devia escapar da mira dos promotores. Orçada em 3,6 bilhões de reais, a obra foi dividida em cinco trechos. Vencedora de um dos lotes, a empresa Rodoanel Sul 5 Engenharia depositou 4,6 milhões na conta da Legend. Por receber repasses da União, o Rodoanel passou por uma auditoria do Tribunal de Contas da União.

    De acordo com um relatório do TCU, o consórcio formado pela empreiteira OAS e Mendes Júnior, também envolvidas no escândalo da Petrobras, incorporou irregularmente uma terceira empresa para a execução, uma violação das regras da licitação. Coincidência ou não, a OAS alimentou as contas de Assad. Um depósito de cerca de 2 milhões de reais foi identificado na quebra de sigilo.

    Outra concessionária responsável por erguer outro trecho do Rodoanel, a SP Mar, repassou 4,2 milhões à empresa de Assad. A SP Mar pertence ao Grupo Bertin e cuidou da interligação do trecho sul à Rodovia Presidente Dutra, em Arujá.

    ****************

    por Conceição Lemes, no Viomundo, publicada  originalmente em 30 de abril de 2012

    Nesta semana começam efetivamente os trabalhos da CPI que investigará as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, autoridades e empresários. Um dos alvos, a Delta Construções, de Fernando Cavendish. Suspeita-se, com base em informações da Operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal (PF), do envolvimento da empresa com Cachoeira.

    No dia da instalação da CPI do Cachoeira, 19 de abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao ser questionado sobre os contratos da Delta com o Estado de São Paulo, disse não estar preocupado com eles, segundo a Folha de S. Paulo: “Nem sei se tem [contratos], se tem são ínfimos ”.

    A verdade é outra. Levantamento feito pelo blog Transparência SP revela que, de 2002 a 2011, a Delta fechou pelo menos 27 contratos (incluindo participação em consórcios) com empresas e órgãos públicos do governo do Estado de São Paulo.

    Na lista de contratantes,  Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Somam cerca de R$ 800 milhões em valores nominais. Em valores corrigidos (considerando a inflação do período) chegam a R$ 943,2 milhões.

    Desses R$ 943,2 milhões, R$ 178, 5 milhões foram celebrados nas gestões Alckmin (2002 a março de 2006 e de janeiro de 2011 em diante) e R$ 764,8 milhões no governo de José Serra (janeiro de 2007 a abril de 2010).

    DERSA CONTRATOU DELTA PARA A NOVA MARGINAL DO TIETÊ POR  R$ 415.078.940,59

    O maior contrato da Delta com órgãos e empresas do governo do Estado de São Paulo foi com a Dersa para executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos)

    Apesar de condenada por ambientalistas, geólogos e urbanistas, a Nova Marginal do Tietê foi anunciada em 4 de junho de 2009, com bumbos e fanfarras, pelo então governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (hoje PSD, na época DEM).

    Na época, o portal do governo do Estado de São Paulo informou: Investimento de R$ 1,3 bilhão prevê, além de novas pontes e viadutos, plantio de cerca de 83 mil árvores e implantação de ciclovia.

    “irá o tempo das viagens em cerca de 35%; “tráfego para as rodovias Castelo Branco, Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias, Anhanguera e Bandeirantes terá fluxo mais rápido”; junto com o Rodoanel e o Complexo Anhanguera, a Nova Marginal pretende aliviar o trânsito nas principais interligações de bairros de São Paulo e evitar o trânsito de veículos de passagem por bairros e o centro da cidade”.

    Serra ainda afirmou:

    “É uma obra que é financiada com recursos do Tesouro e com dinheiro público das concessionárias, que é dinheiro do pedágio, segundo projeto e orientação do próprio Governo”.

     “é uma obra que está tendo todo o cuidado ecológico, o que não é tradição em São Paulo, pois as obras e a devastação andavam de mãos dadas, mas isso acabou nos tempos atuais”.

    A obra tinha dois lotes: 1 e 2. A concorrência do chamado lote 2 foi vencido pelo consórcio Nova Tietê, liderado pela Delta (participação de 75% a 80%).

    Extrato do contrato assinado em 13 de maio de 2009 e publicado no dia seguinte no Diário Oficial Empresarial revela o valor da obra: R$ 287.224.552,79.

    PAULO PRETO E DELSON AMADOR ASSINAM O CONTRATO  PELA DERSA COM A DELTA

    O consórcio da Delta venceu a licitação para o lote 2 da Nova Marginal do Tietê com uma diferença de R$ 2,4 milhões em relação ao segundo colocado, o Consórcio Desenvolvimento Viário (EIT – Empresa Industrial Técnica S/A — e Egesa Engenharia), que, por sinal, ganhou o lote 1.

    Curiosamente 1: 1 ano 4 meses depois, o consórcio da Delta conseguiu um “aditamentozinho” de R$ 71.622.948,47 no contrato.

    Curiosamente 2: Na época da licitação, Paulo Vieira de Souza era diretor de Engenharia da Dersa, e seu presidente Delson José Amador, que acumulava a superintendência do DER.

    Paulo Vieira de Souza é o Paulo Preto, ou Negão, como é mais conhecido. Até abril de 2010 foi diretor da Dersa. Com uma extensa folha de serviços prestados ao PSDB, foi apontado como arrecadador do partido e acusado pelos próprios tucanos de sumir com R$ 4 milhões que seriam destinados à campanha do então presidencial José Serra. O dinheiro teria sido levantado principalmente junto a empreiteiras com as quais ele possuía relações estreitas.

    O nome de Paulo Preto apareceu ainda na investigação feita pela Polícia Federal que resultou na Operação Castelo de Areia. Na ação, executivos da construtora Camargo Corrêa são acusados de comandar um esquema de propinas em obras públicas.

    Delson Amador também apareceu na Operação Castelo de Areia. Assim como Paulo Preto, seu nome constava da apreendida pela Polícia Federal na Camargo Corrêa.

    Em 1997, durante a presidência de Andrea Matarazzo, Amador virou diretor da Cesp. Aí, foi responsável pela fiscalização de obras tocadas pela Camargo Corrêa, como a Usina de Porto Primavera, e a Ponte Pauliceia, construída sobre o Rio Paraná para ligar os municípios de Pauliceia, em São Paulo, e Brasilândia, em Mato Grosso do Sul. Amador foi ainda chefe de gabinete de Matarazzo na subprefeitura da Sé.

    HERALDO, O FORAGIDO, É QUEM ASSINOU PELA DELTA O CONTRATO DA NOVA MARGINAL

    Curiosamente 3: Certidão emitida pela Junta Comercial de São Paulo mostra que o representante legal do Consórcio Nova Tietê é Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta Construções para São Paulo e Sul do Brasil.

    Escutas realizadas com autorização judicial revelam que é um dos interlocutores mais próximos de Cachoeira. Documentos disponibilizados na internet referentes ao processo contra Carlinhos Cahoeira no Supremo Tribunal Federal (STF) mostram a proximidade  de Heraldo com o bicheiro e como a quadrilha preparava editais para ganhar licitações.

    É possível que esse mesmo modus operandi tenha sido aplicado pela Delta em várias licitações como as feitas pelo governo do Estado de São Paulo.

    Heraldo teve a prisão decretada pela Justiça Federal na semana passada. Foi a partir de investigações realizadas no âmbito da Operação Saint Michel, braço da Monte Carlo.

    Um grupo de policiais civis de Brasília chegou às 6 horas da última quarta-feira 25 ao apartamento dele, no Morumbi, em São Paulo. Heraldo não estava nem foi localizado pela polícia. É considerado foragido da Justiça.

    Curiosamente 4: Num despacho de setembro de 2011 do Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) referente ao contrato da Nova Marginal, aparecem juntos Paulo Preto, Delson Amador e Heraldo Puccini Neto. Os dois primeiros como contratantes. O último como contratado.

    DEPUTADOS PEDEM AO MP QUE APURE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES

    A essa altura algumas perguntas são inevitáveis:

    1. Considerando que o senador Demóstenes Torres é sócio oculto da Delta e apoiou José Serra em 2010, será que dinheiro da Nova Marginal do Tietê irrigou a campanha do tucano à presidência?

    2. Entre os R$ 4 milhões que teriam sido arrecadados por Paulo Preto e não entregues ao PSDB, haveria alguma contribuição da Delta?

    3. Paulo Preto ou Delson Amador teve algum contato direto com Cachoeira?

    Na sexta-feira 27, parlamentares paulistas protocolaram representação no Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE-SP) para que investigue indícios de irregularidades, ilegalidades e improbidades nos contratos formalizados pela Dersa com empresas e consórcios, entre os quais o Consórcio Nova Tietê, capitaneado pela Delta.

    Encabeçada pelo deputado estadual João Paulo Rillo e assinada por Adriano Diogo, ambos do PT-SP, a representação pede que o MP apure possíveis atos de improbidade administrativa praticados por José Serra, Paulo Preto e Delson Amador, diante de sinais de superfaturamento das obras de ampliação da Marginal Tietê.

    A propósito. Lembram-se que, em 2009, durante o lançamento da Nova Tietê, José Serra disse: “é uma obra que está tendo todo o cuidado ecológico, o que não é tradição em São Paulo, pois as obras e a devastação andavam de mãos dadas, mas isso acabou nos tempos atuais”?

    Na ocasião, a propaganda do governo estadual indicava que as pistas seriam cercadas por frondosas árvores e arbustos. E a secretária de Saneamento e Energia, Dilma Pena (atualmente preside a Sabesp), ressaltou a importância de recuperar o espaço das margens do Tietê com uma via parque, uma ciclovia e o plantio de 65 mil mudas.

    Pois bem, dois anos após o término das obras, a marginal Tietê ainda está à espera das 65 mil mudas que deveriam ter sido plantadas pelo governo paulista como compensação ambiental, em 2010.  Ainda árvores morreram ou não se desenvolveram no solo árido das margens do rio.  A falta de árvores foi conStatada em perícia realizada pelo Sindicato dos Arquitetos. A entidade move ação civil pública contra a Dersa, que, como responsável pela obra, é obrigada a repor cerca de 30% dos espécimes.

    Será que a Nova Marginal do Tietê, além de mãos dadas com a devastação, também se banhou na cachoeira preta?

    PS do Viomundo 1: Nessa quinta-feira, 5 de julho, a CPI do Cachoeira aprovou a convocação de Paulo Preto. Vários veículos omitiram ou não destacaram a informação, especialmente a conexão com José Serra, canditado do PSDB à prefeitura de São Paulo. Para quem havia se “esquecido” ou não sabia, nós resgatamos esta reportagem publicada originalmente em 30 de abril de 2012.

    PS do Viomundo 2:   Heraldo Puccini Neto continua foragido. Ele assinou pela Delta o contrato  para ampliar a marginal do Tietê, enquanto Paulo Preto e  Delson Amador, pela Dersa. Ambos apareceram na Operação Castelo de Areia.

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/mp-paulista-confirma-superfaturamento-na-ampliacao-da-marginal-tiete-quando-jose-serra-paulo-preto-e-delson-amador-serao-ouvidos-e-os-sigilos-quebrados.html

  4. EUROPA; CRISE DO DEUTSCHE BANK

    Economia

     10/02 às 16h00 – Atualizada em 10/02 às 17p1

    Dúvidas sobre capacidade do Deutsche Bank de honrar dívidas sacodem mecado

    Após China e petróleo, agora bancos europeus são os novos vilões da economia global

    Jornal do Brasil

     

     

    A queda do preço do petróleo e a desaceleração da economia chinesa parecem não ser os únicos vilões da economia mundial. Nos últimos dias, um novo e perigoso personagem tem levado pânico ao mercado: as dúvidas com relação à saúde financeira dos bancos europeus, principalmente frente à queda do crescimento global.

    As Bolsas europeias e americanas fecharam em queda na segunda-feira (8), puxadas principalmente pela desvalorização das ações dos bancos. Na terça-feira (9) houve nova queda, a sétima seguida de perdas para as ações europeias — o que representou a pior perda semanal desde 1998.

    O Jornal do Brasil já havia alertado, em junho de 2015, sobre a crescente crise na Europa e seus riscos.

    >> O desemprego no Brasil e na Europa: onde mesmo está a crise?

    Em janeiro desde ano, o JB também destacou o momento econômico do continente. 

    >> A crise no mundo

    Analistas apontam que os investidores estão começando a perceber que os bancos não são tão sólidos como se imaginava. O risco vem da sinalização de que políticas de afrouxamento monetário – como a adoção de taxa de juros negativa pelo Japão na última semana de janeiro – poderão ganhar força, com reflexo negativo sobre as margens dos bancos.

    Bancos europeus vivem fase de instabilidadeBancos europeus vivem fase de instabilidade

    Na esteira deste temor está um dos principais bancos da Europa: o Deutsche Bank. Na segunda-feira, suas ações caíram nada menos que 9,5%, enquanto que na terça-feira, a queda foi de 4,3%. Investidores temem que o tradicional banco não consiga honrar o pagamento de títulos. UniCredit, Credit Suisse, UBS e Barclays também tiveram recentemente quedas acentuadas.

    Numa carta enviada aos funcionários e numa breve declaração na segunda-feira, o Deutsche Bank tentou tranquilizar os investidores, referindo que tem capital mais do que suficiente para fazer face ao pagamento da dívida de maior risco em 2016 e 2017. Em 2016, a capacidade seria de pagar cerca de 1 bilhão de euros, o suficiente para cobrir os 350 milhões de euros em cupons Tier 1 adicionais com vencimento em abril. A estimativa da capacidade de pagamento em 2017 é de cerca de 4,3 bilhões de euros.

    Um executivo de uma das mais importantes de companhias dos Estados Unidos está com processo junto ao Deutsche Bank, em função de um prejuízo de mais de um milhão de dólares devido ao possível calote. E este é apenas um dos exemplos de pesadas dívidas que o banco alemão possui.

    O recente pronunciamento do CEO do Deutsche Bank, John Cryan, tentando acalmar os ânimos do mercado é uma prova clara da preocupação com a situação do banco. Afinal, uma possível crise na importante instituição financeira teria um efeito dominó desastroso na poderosa Alemanha e, consequentemente, na Europa e no mundo.

    Palestra de gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais na London School analisa momento econômico global

    Diante do desaquecimento global e do temor de uma grave e iminente crise, o gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Jaime Caruana, deu uma palestra na última sexta-feira (5), na London School of Economics and Political Science, na qual analisa o momento econômico do mundo.

    Caruana destacou que, em dezembro, o BIS deu destaque à “calma incomum” dos mercados financeiros no “Quartely Review”. “Assim que entramos em 2016, a calma incomum deu lugar a um início de ano turbulento no mercado financeiro. A economia global agora se encontra no centro de três maiores aspectos (desenvolvimentos) econômicos. O primeiro é o crescente desapontamento e as revisões pessimistas das projeções, especialmente nas economias emergentes; a segunda é a grande mudança nas taxas de câmbio, principalmente nos mercados emergentes perante o dólar; e a terceira é a forte queda nos preços das commodities, atingindo um forte número de países exportadores de commodities, mas ao mesmo tempo possibilitando dividendos positivos para outras economias.”

    Caruana prosseguiu afirmando: 

    “Esses três tópicos podem parecer desconectados. De fato, existe uma tendência nos comentários sobre a economia global para vê-los como choques externos que surgem do nada e como turbulências externas que atingem economias locais. 

    No entanto, quando damos um passo atrás e olhamos o cenário geral, começa a ficar mais claro que esses tópicos estão interligados. Eles compartilham fatores em comum. Mais que choques externos, eles são manifestações de uma realinhamento de forças econômicas e financeiras associadas a uma mudança antecipada das forças monetárias. 

    Como tal, os desenvolvimentos recentes são parte de um filme longo, que requer visão global para detectar as vulnerabilidades que enfrentam o mercado financeiro e a economia global. (…) gostaria de explorar alguns aspectos dessa visão de longo prazo que foca na convergência, em uma forma simplificada.

    Escolher uma visão de longo prazo nos permite entender a importância do fenômeno da lentidão e da evolução cumulativa de estoques. Nós não podemos esquecer o ditado: “as reservas importam, não apenas a sua circulação”. De fato, um título alternativo para a minha palestra poderia ser: “São os estoques (as reservas, o capital), e não os impactos”.

    Provavelmente, os mercados financeiros estão tão conturbados nesse início de ano porque começamos 2016 com uma larga provisão no estoque de vulnerabilidades da economia global. As políticas de intervenção que visam os sintomas sem visar o que está por trás das vulnerabilidades podem apenas servir como paliativos, que empurram a turbulência para o dia seguinte, enquanto o estoque de vulnerabilidades vai crescendo ainda mais.

    Um exemplo claro é o estoque de débito. O débito total da economia global, incluindo débitos públicos, está crescendo significativamente desde a crise de 2007. A dívida privada tem sido reduzida em alguns países, como Irlanda, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos e outros. Todavia, a dívida pública tem crescido muito nas economias do primeiro mundo e a dívida privada tem crescido nas economias emergentes e em algumas economias avançadas que não se afetaram muito com a crise financeira de 2008.”

    Caruana prosseguiu: “Apesar do ambiente desafiador, pretendo mandar uma mensagem positiva. Essas transições e realinhamentos inevitavelmente trazem um desconforto a curto prazo nos mercados financeiros. Eles também provocam riscos crescentes. Mas dependendo das políticas em resposta, eles podem permitir um crescimento renovado e sólido em economias do primeiro mundo e em países emergentes chaves. Isso poderá ocorrer se eles tiverem uma oportunidade para escolher o caminho necessário para reequilibrar e normalizar a economia global. Existem boas razões para permanecer positivamente sobre o longo caminho para a economia global mesmo se não subestimarmos os riscos a frente: uma política econômica mais equilibrada vai ser decisiva  e o caminho vai ser turbulento.”

    Dívida nos mercados emergentes

    Sobre mercados emergentes, Caruana analisou: “O crescimento da dívida nas economias emergentes tem sido dramática. (…) O crescimento da trajetória nas economias emergentes tem sido muito íngreme. Desde 2009, o nível médio do crédito privado em proporção do PIB, tem crescido por volta de 75% para 125%.

    O leve declínio da dívida do setor privado não-financeiro das economias de primeiro mundo esconde diferença significante entre os países. Entre as economias do G20, duas tiveram diminuído seus dívidas privadas por volta de 20% do PIB ou mais, enquanto sete países cresceram duas dívidas por 20% do PIB ou mais.

    (…) A dívida de empresas não-financeiras no mercado de economias emergentes tem crescido rapidamente, ultrapassou as economias avançadas, em relação ao PIB. Desde então, a dívida dos países emergentes na proporção ao PIB passou a frente das economias avançadas ainda mais. 

    Mas e em relação aos ativos financiados com essa acelerada emissão da dívida corporativa de países emergentes? No nível individual, nós examinamos que a afirmação financeira de 280 empresas de países emergentes que tem emitido títulos no mercado de débitos internacional e analisadas em mais detalhes de sua influência. 

    (…) A influência empresarial nas economias emergentes tem crescido no geral. Isso não reflete o crescimento da dívida dos produtores de commodities, como vemos no fato que a influência das empresas produtoras de bem não-transacionáveis tem crescido mais que aqueles transacionáveis (painel central). Além disso, o crescimento do poder de alavancar é mais marcado no segmento mais endividado. Isso é provavelmente um segmento de avaliações mais baixas.

    A influência crescente seria menos que uma preocupação se a dívida fosse acostumada a financiar investimentos produtivos e com lucro. No entanto, a capacidade de lucro de empresas não-financeiras de países emergentes tem caído. Tradicionalmente, companhias emergentes tem sido mais lucráveis que seus pares em economias desenvolvidas, mas isso não é regra. A capacidade de lucro de empresas emergentes vem caindo nos últimos anos e tem caído abaixo que a de empresas de países desenvolvidos. 

    Deveríamos ficar preocupados com esse crescimento?

    Nós sabemos que algumas dívidas podem fornecer alguns benefícios: permitem suavização do consumo e equilibram o choque de procura pela realocação de despesas ao longo do tempo, e permite que empresas invistam mais rápido que o seu dinheiro permitiria. Entretanto, a realidade é mais complexa. Nós não temos visto que o investimento real e as atividades de risco tem focado mais nos mercados financeiros. Aliás, nós temos aprendido que o crescimento de crédito rápido cria vulnerabilidades  e pode culminar em crises.”

    E Caruana conclui: 

    “A necessidade de se ter uma combinação mais balanceada das políticas. A política monetária vem sendo sobrecarregada já há muito tempo. Uma perspectiva de longo termo significa prestar mais atenção aos empecilhos ao crescimento que se encontram mais “entrincheirados”, fatores que podem atuar de forma lenta, mas cujos efeitos se acumulam com o tempo.  Em particular, nós podemos mencionar balanços econômicos debilitados, o desenvolvimento de instabilidades financeiras e assignação deficiente de recursos, que ameaçam o aumento da produtividade. Esses obstáculos deveriam ser realmente esperados, mas não deveriam ser um motivo para atrasar a normalização. 

    A necessidade de se conseguir reconhecer e internalizar a importância de excedentes internacionais. O princípio de manter a casa em ordem é necessário, mas não é suficiente. Os agentes políticos e econômicos terão que confiar em sua própria perspicácia e em intervenções capacitadas para mitigar as possibilidades de efeitos de contágio que devem acompanhar a perda de influência. Uma cooperação dos bancos centrais será mais importante do que nunca.” 

    http://www.jb.com.br/economia/noticias/2016/02/10/duvidas-sobre-capacidade-do-deutsche-bank-de-honrar-dividas-sacodem-mecado/

     

  5. FONTE: EURONEWS
    http://pt.euronews.com/2016/02/10/deutsche-bank-ja-perdeu-40-por-cento-em-bolsa-este-ano/BUSINESS

    Deutsche Bank já perdeu 40% em bolsa este ano

    10/02 14:15 CET

      | updated at 10/02 – 17:29

         

    Gigante dos contentores tem forte prejuízo

    10/02 14:08

    Europa e China fazem vendas da BMW subir

    10/02 14:06

    Medicamentos para a diabetes penalizam contas da Sanofi

    09/02 13:56

    TUI reorienta oferta de destinos turísticos por questões de segurança

    09/02 13:54

    PSA paga 430 milhões de euros para regressar ao Irão

    08/02 16:41

    Volkswagen adia apresentação de contas e assembleia de acionistas

    05/02 16:58

    Toyota aumenta lucros entre abril e dezembro de 2015

    05/02 16:26

    ArcelorMittal aumenta capital para reduzir a dívida

    05/02 13:44

    Previsões de resultados afundam ações LinkedIn

    05/02 13:39

    Lucros da Shell caíram 87% em 2015

    04/02 17:24

    Facebook celebra 12 anos

    04/02 15:11

    China trava crescimento da Daimler em 2016

    04/02 14:12

    Crédit Suisse regista prejuízos de 2,6 mil milhões de euros

    04/02 14:07

    ChemChina oferece 43.000 milhões de dólares pela Syngenta

    03/02 14:25

    Petrolíferas anunciam maus resultados devido à queda do preço do petróleo

    02/02 16:58

    A Alphabet (Google) supera Apple e torna-se a empresa mais valiosa da bolsa

    02/02 15:22

    Barbies com seis tons de pele diferentes ajudam Mattel a aumentar as vendas

    02/02 13:46

    Renault abre primeira fábrica na China

    01/02 17:20

    HSBC congela salários e contratações em 2016

    01/02 15:05

    Ryanair duplica lucros no final de 2015

    01/02 14:57PreviousNextclose carouselsmaller_textlarger_text

    O maior banco da Alemanha está a passar por um dos piores momentos de sempre na bolsa de Frankfurt. As ações do Deutsche Bank caíram para um mínimo de 30 anos. O valor de mercado do banco é, neste momento, quase metade do que era há um ano. Só este ano, o valor dos papéis caiu cerca de 40%, arrastando o setor bancário europeu para o vermelho.

    O Deutsche Bank foi afetado, como todo o setor, pela crise de 2008, mas demorou mais tempo que os outrosbancos a recuperar, devido a vários problemas com a justiça, que o obrigaram a gastar milhares de milhões de euros.

    O Deutsche Bank é o último dos grandes bancos europeus a operar uma reestruturação no setor da banca de investimento, desde que as regulações se tornaram mais apertadas

     

  6. A;ÓES DE BANCOS EUROPEUS DERRETEM MAIS QUE EM 2008
    Reuters

    http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2016/02/acoes-de-bancos-europeus-perdem-mais-valor-que-na-crise-de-2008.html

     

     

     

     

     

    10/02/2016 15h04 – Atualizado em 10/02/2016 15p7

    Ações de bancos europeus perdem mais valor que na crise de 2008

    Instituições desvalorizaram quase 25% desde o início do ano.
    Preocupações econômicas podem desfazer 8 anos de cortes de custos.

     

    Da Reuters

    Ações de grandes bancos europeus, afetadas por uma lista sem fim de preocupações de investidores, estão passando por uma onda de vendas mais brutal que a registrada durante a crise financeira internacional de 2008.

    Instituições financeiras da Europa perderam quase um quarto de seu valor, mais de US$ 240 bilhões, desde o início do ano, diante de preocupações econômicas que podem desfazer oito anos de planos de cortes de custos, reequilíbrio de balanços e estratégias de aversão a risco.

    saiba maisn

    Na véspera, as ações europeias caíram pela sétima sessão seguida e tocaram o menor nível em mais de dois anos com preocupações sobre o impacto dos bancos sobre as sustentadas baixas taxas de juros que mantêm o sentimento frágil.

    Queda nos preços do petróleo, custos crescentes com tecnologia, desaceleração da China e volatilidade dos mercados globais são apenas alguns de muitos fatores que estão deixando os investidores nervosos sobre bancos.

    Há também temores de que a indústria esteja com capitalização insuficiente para enfrentar inadimplência e que taxas de juros negativas em breve atingirão as margens dos bancos, forçando as instituições a cobrar pelos depósitos.

    Sede do Deutsche Bank na Alemanha (Foto: Ralph Orlowski/Reuters)Sede do Deutsche Bank na Alemanha (Foto: Ralph Orlowski/Reuters)

    Retornos maiores aos acionistas também parecem muito distantes se os bancos tiverem tantos obstáculos a superar. “Não há sinais de compra no setor bancário. Para que ter ações?”, questionou à Reuters Neil Dware, estrategista global na Allianz Global Investors.

    Deutsche Bank, UniCredit e Credit Suisse viram suas ações recuarem a um ritmo duas vezes mais intenso que no começo de 2008.

    ING e Nordea Bank, em quedas de 21% e 15% até 8 de fevereiro, respectivamente, são os únicos bancos entre os 15 maiores da Europa com desvalorizações menos intensas que as vistas no mesmo período oito anos atrás.

     MERCADO FINANCEIROVeja as cotações dos principais mercadosdólar hojebovespa hojechina e os mercadosmais cotações

    Dinheiro barato
    Desde sua concepção em 2011, os bancos da zona do euro estão aproveitando a vantagem de dinheiro barato emitido pelo Banco Central Europeu (BCE) por meio das operações de refinanciamento de longo prazo conhecidas como LTRO para reestruturarem dívida que alguns investidores dizem que deveria ter sido registrada como perda.

    “Há uma enorme negativa sobre os créditos podres que estão em muitos bancos ‘zumbis’ da zona do euro”, disse Dwane, estimando que isso pode resultar em perdas de entre € 1 trilhão a € 1,5 trilhão na indústria, o equivalente a cinco anos de lucro do setor.

    O índice STOXX Europe 600 do setor bancário acumula queda de 24% desde o começo do ano, ante declínio de 17% no mesmo período oito anos atrás. Mas alguns investidores sentem que o cenário ainda é melhor que o visto durante a crise financeira de 2008.

    “É um período preocupante para ser acionista de banco, mas eu não acho que seja tão ruim quanto na crise do Lehman Brothers uma vez que o BCE pode agir mais prontamente e os estresses no sistema financeiro ainda não estão presentes”, disse Andrea Williams, gerente senior de fundos na Royal London Asset Management, citando confiança no mercado interbancário.

    Operadora com fantasia de Carnaval acompanha o desempenho das ações em Frankfurt, Alemanha, nesta terça-feira (9) (Foto:  REUTERS/Kai Pfaffenbach)Operadora com fantasia de Carnaval acompanha o desempenho das ações em Frankfurt, Alemanha, nesta terça-feira (9) (Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

     

  7. Sei que é perda de tempo

    Sei que é perda de tempo provar que tucanos são inimputáveis e que, ao invés disso, o que devemos mesmo fazer é poupar nossas energias para a defesa de Lula, tal como fizeram os sul africanos com Mandela, se lá o apartheid era racial, por aqui ele é social, pouca diferença

    Camarco Correa faz aeroporto para FHC

    http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2009/03/camargo-correa-fez-aeroporto-de.html

  8. Chomsky sobre a podridão do

    Chomsky sobre a podridão do poder verbalizador que no momento, no Brasil, corrompe as Instituições por interesse partidário

     

    “O nosso é um país de um só partido político, o partido da empresa e dos negócios, com duas fações, democratas e republicanos”, proclama. Mas acha que já não é possível continuar a falar de duas velhas comunidades políticas, já que as suas tradições sofreram uma mutação completa durante o período neoliberal.

     

    https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/216501/Chomsky-Este-%C3%A9-o-momento-mais-cr%C3%ADtico-na-hist%C3%B3ria-da-humanidade.htm

  9. Socorro Patello6 h ·  
    A

    Socorro Patello

    6 h ·  

    A serpente persegue um vagalume, que já cansado, pergunta à serpente:
    – Eu faço parte da tua cadeia alimentar?
    – Não.
    – Então, por que queres acabar comigo?
    – Porque teu brilho me incomoda…
    Assim são os homens: uns tentam ofuscar o brilho dos outros….

    LULA E A PERSEGUIÇÃO DOS NEFASTOS À SUA IMAGEM
    MAS ELE É PEDRA ANGULAR E A HISTÓRIA CONTARÁ

     Foto de Socorro Patello. 

     

  10.  
     
    https://www.facebook.com/

     

     

    https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1536051723392271&id=100009623751371

     

    Agamenon Torres Viana

    10 h ·  

    LULA, O SURREAL

    Gosto muito da chamada literatura fantástica, também chamada de realismo mágico, pelo que tem de surreal, nos levando para fora da realidade, ora em clima de doces sonhos, ora de cruéis pesadelos.
    Citar autores… Eu perderia as contas de todos os que me fascinaram, começando por Gabo (Gabriel Garcia Marquez), passando por dezenas deles, até chegar em J. J. Veiga e os seus Cavalinhos de Platiplanto.
    Tento entender o que estão fazendo com o Lula e só há uma conclusão possível: o Lula atual, o investigado, não existe, é uma peça de ficção.
    Vejamos.
    Como é que um sujeito que, por oito anos, gerenciou um PIB de trilhões de dólares, ao invés de comprar um iate de alguns milhões de dólares, contentou-se com uma canoa de alumínio, de quatro mil reais, fundeando-a no laguinho de um sítio com dezessete hectares, uma pulguinha diante das fazendas elefantes de FHC, Aécio Neves, Gilmar Mendes e Caiado.
    Porque, podendo traficar influências ou manipular com o dinheiro público, não construiu aeroportos, como fez Aécio, ou permitiu que uma empreiteira fizesse, como fez FHC, contentando-se com uma varandinha e uma piscina? Esse Lula existe ou é peça ficcional?
    Decidindo comprar um apartamento, não escolheu o bairro mais nobre de Paris, como fez FHC, ou Mônaco, como fez o prefeito de Rio das Ostras, pagando o metro quadrado mais caro do planeta, talvez Miami, como fez Joaquim Barbosa, mas no Guarujá, e a prestações, em sistema de cooperativa e declarando ao imposto de renda, o que mais consolida o clima de non sense, na medida em que se auto denunciou à Receita Federal.
    Para melhor evidenciar o despropósito da inconsistência argumentativa (tira isso revisor, tá parecendo análise de economia, para coxinha não entender e por isso admirar), como é que um cara que, em oito anos, multiplicou o nosso PIB por cinco, comprou de cooperativa de bancários, que entendem tanto de engenharia civil quanto os engenheiros entendem de mercado de capitais? O resultado não seria outro: os apartamentos nunca foram entregues.
    Mas surreal mesmo foi a tacada das Medidas Provisórias: Lula exigiu dois millhões e meio, num negócio em que as montadoras de automóveis ganhariam bilhões, uma comissão que nem o pipoqueiro da esquina aceitaria, de tão irrisória, na seguinte condição (e aí passo a palavra ao personagem): “faz o seguinte, companheiro: daqui a nove anos o meu filho vai constituir uma empresa de eventos esportivos. A título de auditoria, você faz um contrato de patrocínio, mas não faz logo não, espera passar três anos depois que ele inaugurar a empresa, que é para não dar na vista”.
    E assim foi feito, com Lula recebendo, através do filho, a grana acordada doze anos antes, em testemunho de vidência que nem Malafaia conseguiria.
    Diante de tudo isso, quero reafirmar, ainda que em risco de nova suspensão no democrático forum de discussões que é o Facebook, a minha admiração pelo ficcionista Sérgio Fernando Moro, o melhor escritor de realismo mágico, no momento.
    A diferença entre Lula e um Buendía, e do Brasil e Macondo, fica por conta da competência dos autores. 
    Eu continuo preferindo o Gabo.
    Moro é muito amador, suas criações não nos convencem.

    Francisco Costa
    Rio, 10/02/2016.

     

     

  11. Excelente entrevista sobre os
    Excelente entrevista sobre os limites e a dificuldade do país superar o lulismo

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160209_lula_pt_tg

    Legado social do PT não resistiu ao 1º sinal de crise, diz autor de livro sobre partido
    Há 43 minutos
    comentários
    Compartilhar
    Image copyrightInstituto Lula Iconographia
    Image caption
    Lula discursa em assembléia de metalúrgicos do ABC paulista durante greve em março de 1979; livro analisa trajetória de ex-presidente e do PT
    O legado social do PT na Presidência da República não resistiu ao primeiro sinal de crise econômica interna, avalia o sociólogo José de Souza Martins. “A classe média do PT caiu de patamar em horas”, afirma.
    Para um dos principais cientistas sociais do Brasil, o PT outrora popular e de traços messiânicos caiu na “armadilha” da “corrupção altruísta” – movida, em tese, pelo desejo de retirar dos ricos para “prestar um grande serviço à sociedade”.
    Martins, de 77 anos, acompanhou de perto a formação do partido e a influência de protagonistas sociais – como Igreja, camponeses e intelectuais – na criação da sigla, no começo dos anos 1980.
    Ao separar os ingredientes da atual crise política – externos e internos ao PT -, ele identifica “partidos falidos” e pessoas “cheias e cansadas”. “Estamos vivendo uma crise que é do Estado e da sociedade.”
    No recém-lançado Do PT das Lutas Sociais ao PT do Poder (editora Contexto), o 45º livro da carreira, o professor aposentado da USP e docente da Cátedra Simón Bolivar da Universidade de Cambridge (Inglaterra) descreve as mutações do PT após a chegada ao Planalto.
    Leia também: Brasil em crise: Três confusões frequentes sobre o impeachment
    Image copyrightRicardo Stuckert Instituto Lula
    Image caption
    Ex-presidente em ato de campanha de Dilma Rousseff em 2014 em São Bernardo (SP); no poder, diz sociólogo, petista foi personagem dividido
    De passagem por Londres, Martins conversou com a BBC Brasil, num diálogo que incluiu questões sugeridas por leitores via Facebook.
    BBC Brasil – O ex-presidente Lula pode voltar em 2018 com a mesma força que saiu de seus mandatos ou a turbulência atual é um descontentamento geral com os partidos de esquerda? (pergunta do leitor André Luis dos Santos)
    José de Souza Martins – Voltar ele pode, não é um candidato descartável. Ele é candidato. Mas ele perdeu conteúdo, o carisma dele está abalado, então pode voltar em condições muito desfavoráveis, o que deve complicar o quadro político brasileiro.
    Isso porque o cenário já é de uma presidente sem força, que afinal é herdeira dele. Um presidente lulista em 2018, seja Lula ou não, será muito mais frágil do que ele já foi, e do que a própria Dilma é.
    A possibilidade de Lula é muito dependente do fato que não há candidatos fortes à Presidência. Vai ser uma situação muito complicada. Os partidos não se fortaleceram nesse período, e não geraram lideranças.
    Image copyrightContexto
    Image caption
    José de Souza Martins: PT avançou pouco na área social e caiu na armadilha da “corrupção altruísta”
    BBC Brasil – Apesar de avanços sociais no período do PT no poder, algumas reformas não foram promovidas nem mesmo fomentadas pelo partido, o que agrava a situação na crise. Ainda há possibilidade de discussão dessas reformas pelo PT ou o partido mudou a ponto de não defender mais essas promessas? (pergunta do leitor Julio Tedesco)
    Martins – O PT nunca levou a sério, por exemplo, a questão da reforma agrária. No livro mostro que os recuos principais do partido, já nos primeiros dias de governo, foram em relação à reforma agrária, que era a grande bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), dos grupos da Igreja Católica. O PT subestimou esse desafio, achou que a população do campo era dócil e apenas respondia a palavras de ordem.
    O PT não avançou propriamente em nenhuma questão social. A classe média do PT caiu de patamar em questão de horas quando a crise se agravou. Houve avanços no ensino superior, mas em geral a questão da educação foi muito mal colocada. E houve casos graves como entregar o Ministério da Ciência e Tecnologia a um deputado (Celso Pansera, PMDB-RJ) que não é do ramo, cuja profissão é ser dono de restaurante por quilo.
    Os recuos principais do PT, já nos primeiros dias de governo, foram em relação à reforma agrária, que era a grande bandeira do MST, dos grupos da Igreja Católica. O PT subestimou esse desafio, achou que a população do campo era dócil e apenas respondia a palavras de ordem.
    As conquistas não foram tantas, elas expressaram um certo momento da história econômica internacional e não foram muito além disso. A queda era até previsível, e a recuperação será difícil, porque o governo terá que enfrentar o problema de um crescente número de desempregados – e isso, sim, conta socialmente.
    BBC Brasil – No livro o sr. menciona o ex-presidente como um “personagem duplo e dividido”: Lula e Luiz Inácio.
    Martins – Às vésperas da eleição de 2002, Lula passa a ter duas faces: a face popular, que o gerou, e a face do poder. Que é um produto da trama do poder, não depende dele. E vira a pessoa que tem que fazer a gestão do poder, ainda que em nome de um partido, mas de um partido fragilizado pela dependência de outras siglas majoritárias no Congresso.
    Às vésperas da eleição ele percebe isso, dá aquela entrevista (ao documentário Entreatos, de João Moreira Salles) em que questiona o que será dele depois do poder. É um anúncio da consciência da fragmentação da pessoa que irá presidir a República. Logo em seguida há vários sinais de que setores da população, sobretudo mais simples, imaginavam que Lula tinha poderes mágicos. E ele acaba assumindo isso, que foi escolhido por Deus, nos primeiros meses de governo.
    Ele governa o tempo todo dividido (entre messianismo popular e a prática do poder). Essa consciência da duplicidade se manifesta já no primeiro ano de governo. Em vez de agir como presidente, ele critica o governo como se não fosse ele. Essa dupla figura segue até o fim e vai, ao mesmo tempo, esvaziando o PT. O lulismo, que é o Lula maior do que o PT, fenômeno que o (cientista político) André Singer estudou e foi testemunha, é produto desse fenômeno de duplicação da pessoa que preside a República.
    Image copyrightInstituto Lula CPDoc JB
    Image caption
    Lula fala a metalúrgicos sobre mesa em assembleia em estádio em março de 1979; petista “entende língua popular” como nenhum outro político do país, avalia professor
    BBC Brasil – É possível prever se ainda haverá uma figura política que mova massas no Brasil? (pergunta do leitor Akassio Miranda)
    Martins – Lula é único porque nenhum outro candidato teve competência para mobilizar a novidade antropológica da política brasileira que veio com a Constituição de 1988, o fim dos vetos à formação do eleitorado. Ele entende a língua popular. Uma coisa são os intelectuais do PT, que não entendem disso, os sindicalistas não sabem nada, e o Lula sabe.
    Historicamente seria possível haver uma figura populista de massas, demagógica, capaz de mobilizar a população. Porém o Lula esvaziou essa possibilidade. O Lula, sozinho, absorveu todo o potencial de populismo que havia na sociedade brasileira.
    Ele consegue ter uma conversa com o eleitorado, especialmente cara a cara, quando vai ao interior, é um diálogo de incorporação dessa população ao processo político, diferente de outros candidatos, mesmo petistas, que não sabem falar com essa população.
    Historicamente seria possível haver uma figura populista de massas, demagógica, capaz de mobilizar a população. Porém o Lula esvaziou essa possibilidade. O Lula, sozinho, absorveu todo o potencial de populismo que havia na sociedade brasileira. Ele ainda é o depositário dessa possibilidade, porém sem a chance de reviver o que já foi.
    BBC Brasil – Como avalia o crescimento de partidos e posições políticas mais radicais dos dois lados, à esquerda e à direita? (pergunta do leitor André Luis dos Santos)
    Martins – A radicalização de esquerda aconteceu porque o PT fracassou na aglutinação da diversidade ideológica das esquerdas. As grandes figuras que estão em facções mais à esquerda passaram, de certo modo, pelo PT. O PT as rechaçou para fazer composições políticas à direita.
    Image copyrightRicardo Stuckert Instituto Lula
    Image caption
    Lula e vice-presidente Michel Temer (PMDB) em abril de 2015; para professor, PT contribuiu para radicalização do cenário político ao afastar setores mais à esquerda do partido e privilegiar composições à direita
    E na direita mesmo, propriamente direita, nunca deixou de haver propensão direitista, esvaziada, porém, pela própria ditadura militar. Claro que houve radicais no interior da ditadura, tortura, violência, mas a ditadura militar foi uma ditadura de composição, tentativa de negociar uma grande transição política.
    E o maniqueísmo petista não é só petista. O Brasil é um país que tende, naturalmente, às dicotomias. Mas o maniqueísmo petista tem raiz forte no setor das pastorais sociais da Igreja Católica, muito influenciado pelo marxismo do (filósofo francês) Louis Althusser.
    Leia também: Como a disputa interna do PMDB pode selar o futuro de Dilma
    É essa ideia de que o Brasil se explica e pode ser explicado para o povo como resultado de uma polarização. Ouvi isso em Goiás, na Amazônia, onde essa Pastoral foi forte. Explicam ao pobre: você é pobre porque os ricos se apossaram de tudo que você tinha e do que você produz.
    Aí vem a conversa da elite e dos trabalhadores, que é a base do discurso petista, e a influência da Igreja aí foi muito forte. O Lula frequentemente apela para essa questão das elites versus povo. Fica muito complicado nessa polarização explicar a realidade dos processos sociais em qualquer sociedade.
    BBC Brasil – Como separar ingredientes externos e internos ao PT na atual crise política?
    Martins – Quem discutiu isso foi Victor Nunes Leal no livro importantíssimo Coronelismo, Enxada e Voto, clássico da ciência política brasileira. É que o Brasil se divide desde o fim da monarquia em tendência absolutista, de um lado, e descentralizadora do processo político, de outro.
    A tendência concentradora, absolutista e autoritária é a raiz das ditaduras que tivemos, inclusive a de Getúlio Vargas. De outro lado a democracia seria de um país politicamente descentralizado em favor do poder local dos municípios, que são frequentemente antissociais: latifúndio, autoritarismo, banditismo.
    Image copyrightBBC World Service
    Image caption
    Livro identifica fatores externos ao PT na atual crise política, como o predomínio da descentralização política e do PMDB após abertura e eleição frustrada de Tancredo Neves (foto)
    Com a abertura política e a frustrada eleição de Tancredo Neves cresce o PMDB, que é o partido dos municípios, da negociata, dos acordos. É um poder fragmentador. A democracia no Brasil nunca é de indivíduos que livremente votam e decidem em nome da nação.
    BBC Brasil – O sr. analisa no livro o que classifica como “corrupção cívica” ou “altruísta”, que teria movido o envolvimento do partido em desvios de recursos.
    Martins – O que ficou claro a partir dos primeiros acontecimentos desse tipo, anteriores ao mensalão, foi algo que remete ao que ocorreu na França nas revoltas estudantis de 1968. Estudantes em nome da expropriação burguesa começaram a roubar livrarias. Era uma expressão de uma concepção muito boba sobre a função histórica da burguesia e como ela acumula.
    O envolvimento com corrupção no PT passa pelos intelectuais, pelos burocratas, e não pelas bases sindicais ou católicas.
    Não por acaso o envolvimento com corrupção no PT passa pelos intelectuais, pelos burocratas, e não pelas bases sindicais ou católicas. Visivelmente essa mentalidade chegou ao PT: porque todos os governos roubam e recebem propina de 10% nas negociatas o PT não tem como não fazer, mas fará em nome de sua permanência no poder e para prestar um grande serviço à sociedade que outros não fizeram. Aí caíram na armadilha, isso é uma armadilha.
    BBC Brasil – O livro aborda o papel da Igreja Católica na formação do PT e da figura política de Lula. Qual é a relevância dessa ala no partido hoje?
    Martins – Essa ala se afastou do partido. As figuras mais significativas tiveram que se afastar, e os indícios apontam que foi por pressão da própria CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). As figuras ligadas à Igreja que propunham vínculo entre CNBB e governo foram caindo fora do PT a partir do mensalão.
    Você também vê isso no ABC paulista: a votação do PT para prefeituras cai drasticamente. Mesmo que o partido ainda eleja prefeitos por lá, os votos modificados pelo desencanto com a política são majoritários. Estamos vivendo um momento de crise da política, não é só do PT. Sempre se poderá dizer que o PT ajudou a aumentar a crise política.
    Image copyrightAFP
    Image caption
    Protesto antigoverno em São Paulo em abril de 2015; analista vê “crise do Estado e da sociedade”, com “pessoas cansadas” e “partidos falidos”
    As pessoas estão cheias e cansadas, mas não sabem bem o que fazer. No extremo dizem que uma ditadura vai resolver, mas não vai, porque não resolveu antes e não vai resolver agora.
    Há uma insatisfação difusa. E os partidos não estão absorvendo esse novo sujeito indiferenciado e descontente. Estamos vivendo uma crise política que é do Estado e da sociedade. A sociedade não tem como se expressar e os partidos faliram.

  12. Pedofilia: Comissão vaticana pede respostas diretas às vítimas

    Após sete dias de trabalho intenso, em Roma, a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores terminou o seu encontro com a elaboração de propostas e políticas a serem apresentadas ao Santo Padre. Será feito um pedido ao Papa para que reitere às autoridades da Igreja a importância de dar uma resposta direta às vítimas e sobreviventes que se aproximam deles; e a instituição de um Dia Universal de Oração e uma liturgia penitencial.

    A Comissão reafirma que “suas tarefas são propor ao Papa as iniciativas mais oportunas para a proteção de menores e adultos vulneráveis – e realizar todo o possível para assegurar que crimes como os ocorridos não se repitam na Igreja – e promover, em conjunto com a Congregação para a Doutrina da Fé, a responsabilidade das Igrejas particulares neste sentido”.  A Comissão para a Proteção de Menores foi criada com um quirógrafo do Papa em março de 2014.

    http://www.news.va/pt/news/pedofilia-comissao-vaticana-pede-respostas-diretas

  13. Petróleo em queda leva empresas dos EUA a falência

    Leia Mais:http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,petroleo-em-queda-leva-empresas-dos-eua-a-falencia,10000015761
    Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
    Siga @Estadao no TwitterLeia Mais:http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,petroleo-em-queda-leva-empresas-dos-eua-a-falencia,10000015761

    Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
    Siga @Estadao no TwitterLeia Mais:http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,petroleo-em-queda-leva-empresas-dos-eua-a-falencia,10000015761

    Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
    Siga @Estadao no TwitterLeia Mais:http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,petroleo-em-queda-leva-empresas-dos-eua-a-falencia,10000015761
    Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
    Siga @Estadao no http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,petroleo-em-queda-leva-empresas-dos-eua-a-falencia,10000015761

  14. Funed desenvolve gel e enxaguante bucal à base de própolis verde

    Funed desenvolve gel e enxaguante bucal à base de própolis verde

    Produtos não causam efeitos colaterais e poderão ser alternativa para pacientes oncológicos e pessoas que utilizam próteses dentárias, que sofrem com inflamações bucais

    imagem de destaqueDivulgação/FunedO objetivo é que os produtos sejam disponibilizados para o Sistema Único de Saúde (SUS)ícone de compartilhamento     

     

    Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) criaram um gel e um enxaguante bucal à base de própolis verde para o tratamento e prevenção de doenças e infecções na boca. O produto é recomendado para pacientes que realizam tratamento oncológico, principalmente àqueles submetidos a radioterapias, que estão mais expostos a inflamações na boca. Pacientes portadores de HIV e idosos que utilizam dentadura também serão beneficiados com o medicamento.

    Típica de Minas Gerais, a própolis verde é fabricada pelas abelhas que coletam resina do alecrim do campo. “Hoje, o estado exporta o produto como matéria bruta, pois ela é comercializada como alimento. Nossa ideia foi agregar valor, já que a própolis verde tem propriedade antitumoral, antiviral, antibacteriana e antifúngica”, explica a bióloga da Funed e coordenadora da pesquisa, Esther Bastos.

    A pesquisadora exemplifica algumas aplicações dos produtos. “Devido à baixa imunidade, pacientes oncológicos podem desenvolver muitas mucosites e candidíase oral, uma infecção causada por fungos. Quem utiliza dentadura também, pelo próprio uso ou má higienização, que altera o pH natural da boca”, cita. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente 660 mil pessoas sejam acometidas por tais patologias.

    O médico oncologista e professor da UFMG, André Murad, explica que existem quimioterápicos que causam mucosites de forma acentuada, principalmente quando há associação com a radioterapia. “Nestes casos, o paciente sofre muito, pois sente dor e não consegue se alimentar. Temos hoje a tecnologia do laser para tratamento, mas será muito interessante ter um produto acessível para tratar e, principalmente, para prevenir”, afirma.

    Ao contrário dos produtos existentes no mercado, o enxaguatório bucal produzido pela Funed não contém Clorexedina, um antibiótico muito forte que tem como efeito colateral o amarelamento dos dentes e funciona principalmente na prevenção de processos inflamatórios em pessoas que fazem implantes dentários. “Para evitar rejeição, o paciente precisa utilizar, durante 14 dias antes do implante, um enxaguante bucal que contém a Clorexedina. Nosso produto tem a mesma ação, mas é natural e não amarela os dentes”, afirma Esther.

    Comercialização

    Os produtos, que passaram pela fase de testes in vitro (em laboratório) e clínicos (em humanos), já estão patenteados e possuem menor custo de produção que os encontrados hoje em mercado. O objetivo é que sejam disponibilizados para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Estamos em fase de abertura de edital público para buscar um parceiro que tenha fábrica certificada pela ANVISA para produzir o medicamento. Assim, poderá ser feito o registro e o produto chega ao mercado”, explica a pesquisadora.

    Diferenciais

    Além da ausência de efeitos colaterais como o amarelamento dos dentes, o gel e o enxaguatório bucal de própolis verde previnem as mucosites, já que a própolis verde não somente inibe a ação dos micro-organismos, mas os elimina. Eles também são feitos com extrato glicólico, substância própria para produção de medicamentos. “Os outros produtos utilizam extrato alcóolico, que irrita muito a mucosa do paciente”, afirma a bióloga da Funed e coordenadora da pesquisa, Esther Bastos.

     

  15. Ciência confirma a teoria das ondas gravitacionais de Einstein
    Por Nuño Domínguez, do El Pais 

     

    A última grande previsão de Albert Einstein sobre o universo acaba de ser confirmada, um século depois de ser proposta: as ondas gravitacionais existem, e uma experiência nos Estados Unidos as detectou pela primeira vez.

    Confirmar a teoria das ondas gravitacionais de Einstein é o de menos. A descoberta abre a possibilidade de usar essas ondas para estudar o universo de uma forma totalmente nova. As ondas gravitacionais permitirão entender “como se formam os buracos negros e quantos existem, e também conhecer com mais detalhes o ciclo vital das estrelas e do universo”, ressalta Husa. Além disso, sinais cósmicos desse tipo mostrarão se esses violentíssimos encontros ocorrem conforme prevê a Teoria da Relatividade einsteiniana, ou se precisamos procurar outra explicação.

    Segundo a Teoria Geral da Relatividade, há objetos que transformam parte da sua massa em energia e a emitem em forma de ondas, que viajam à velocidade da luz e deformam o espaço e o tempo à sua passagem. A origem das ondas gravitacionais por excelência é a fusão de dois buracos negros supermaciços, um dos eventos mais violentos depois do Big Bang. O gênio alemão as previu em 1916, mas também advertiu que, se realmente existirem fusões desse tipo, elas acontecem em lugares tão longínquos que suas vibrações seriam indetectáveis na Terra.

    Os responsáveis pelo Observatório da Interferometria a Laser de Ondas Gravitacionais (LIGO), patrocinado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA, anunciou nesta quinta-feira que seus cientistas captaram as ondas produzidas pelo choque de dois buracos negros, a primeira detecção direta que confirma a teoria de Einstein. O anúncio ocorreu numa entrevista coletiva em Washington, transmitida pela Internet. Os resultados científicos foram aceitos para publicação pela Physical Review Letters, segundo nota em Instituto Tecnológico da Califórnia (Caltech), uma das instituições que operam o laboratório.

    “É uma descoberta histórica, que abre uma nova era de compreensão do cosmo”

    O primeiro sinal foi captado simultaneamente em 14 de setembro pelos detectores dessa experiência, aparelhos idênticos situados a 3.000 quilômetros um do outro. Esse sinal provinha de uma fusão que ocorreu há 1,3 bilhão de anos, um violento abraço entre dois buracos negros com uma massa entre 29 e 36 vezes maior que a do Sol. Em uma fração de segundo, uma massa equivalente ao triplo do Sol foi liberada na forma de ondas gravitacionais, um processo perfeitamente descrito na equação mais famosa do mundo: E=mc2 (energia é igual a massa vezes velocidade da luz ao quadrado).

    A descoberta da existência das ondas gravitacionais abre um novo caminho na astronomia. Até agora, ela se centrava na luz em todas as suas variantes conhecidas, mas estas ondas são comparáveis ao som e permitem estudar objetos que antes eram totalmente invisíveis, especialmente os buracos negros.

    Nas palavras de Alicia Sintes, física da Universidade das Ilhas Baleares (UIB) e líder do único grupo espanhol envolvido na experiência, nossos ouvidos agora começam a escutar “a sinfonia do universo”. “É uma descoberta histórica, que abre uma nova era na compreensão do cosmo”, ressaltou.

    Sua equipe realizou simulações com supercomputadores que reproduzem, segundo a Lei da Relatividade, todos os fenômenos que essas ondas poderiam produzir: duplas de estrelas de nêutrons, supernovas, buracos negros… Essas simulações foram comparadas com a frequência do sinal real captado no LIGO, e assim foi possível saber o que exatamente aconteceu, qual é a fonte das ondas, a que distância se encontra etc.

    A descoberta abre a possibilidade de que essas ondas sejam usadas para estudar o universo de uma forma totalmente nova

    “É parecido com esses aplicativos que escutam uma música num bar e dizem o artista e o nome da canção, mesmo que haja muito ruído ao redor”, explica Sascha Husa, pesquisador da UIB e desenvolvedor das simulações. “Exceto pelo Big Bang, as fusões de buracos negros são os fatos mais luminosos do universo”, afirma.
    Detector LIGO

    Os objetos que produzem ondas gravitacionais estão a milhões de anos-luz, tão longe da Terra que chegam aqui como ínfimas ondulações do espaço e do tempo. Para captá-las foi preciso construir o LIGO avançado, liderado pelos institutos tecnológicos da Califórnia (Caltech) e Massachusetts (MIT), mas com o qual colaboram também cerca de 1.000 cientistas de 15 países.

    O LIGO é o instrumento óptico mais preciso do mundo, com dois detectores separados por 3.000 quilômetros – um na Louisiana, o outro no Estado de Washington. Ambos estão compostos por dois feixes de laser com exatos quatro quilômetros, um comprimento que seria alterado com a passagem de uma onda gravitacional. Os instrumentos são capazes de detectar uma variação equivalente a um décimo de milésimo do diâmetro de um núcleo atômico, a medida mais precisa já obtida por qualquer ferramenta científica, segundo seus responsáveis.

    A partir de agora, será preciso confirmar essa primeira detecção do LIGO e captar sinais de eventos diferentes. A isso se dedicam muitas equipes científicas mundo afora. Além do LIGO, neste ano começará a funcionar uma versão aprimorada de outro grande observatório de ondas gravitacionais, o europeu VIRGO, e recentemente foi lançada a missão LISA Pathfinder, com o objetivo de demonstrar a viabilidade de um futuro observatório espacial para fenômenos desse tipo.

    Ref: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/11/ciencia/1455201194_750459.html?id_externo_rsoc=FB_CM

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador