Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

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  1. Por que caiu o “ministro da aposentadoria só aos 65 anos” de Tem

    Tijolaço

    Por que caiu o “ministro da aposentadoria só aos 65 anos” de Temer?

     

    brant

    Caiu hoje o segundo ex-futuro-ministro de Michel Temer.

    Roberto Brant, ministro da Previdência de Fernando Henrique Cardoso e que faria bis no cargo no governo golpista.

    E porque caiu?

    Simplesmente porque disse o mesmo que Temer já havia escrito meses atrás: que seria  estabelecida a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria (tanto para homens quanto para mulheres) e que seriam retiradas, para todas as faixas, as indexações dos reajustes dos proventos.

    Mas então o que fez de errado Brant para virar uma espécie de Viúva Porcina ao contrário – o que não foi nem será, sem nunca ter sido?

    Uma coisa simples: falou.

    Não é para falar. Não é para as pessoas simples entenderem, não é para o povo compreender.

    O documento de Temer se destinava apenas aos empresários, ao mundo das finanças, aos que acham que o único bom destino do dinheiro do Estado é o pagamento de juros aos rentistas. Tudo o mais é déficit.

    E Brandt falou.

    Como, antes dele, Mariz de Oliveira falou que a Lava jato era arbitrária.

    Tanto Brant quanto Mariz, claro, conversaram com Temer, cada um sobre um assunto.

    Nada disseram que não correspondesse ao pensamento do chefe.

    E só quem tem autorização para fazer isso são Moreira Franco e Eliseu Padilha que, ministros ou não, são os cúmplices de Temer nesta empreitada e tão cínicos quanto ele.

    O mal deve ser feito de uma só vez e haverá uma avalanche de medidas impopulares despejada sobre o Congresso nos primeiros dias da usurpação, enquanto  houver cargos para serem distribuídos e ainda se puder contar com o controle de Eduardo Cunha sobre as bancadas.

    Cunha também se servirá disso para amarrar os compromissos de Temer.

    “Nem pensar em jogar-me às feras, se quiser aprovar suas propostas.”

    Viveremos tempos terríveis, mas esclarecedores.

    Como disse um amigo, hoje, este é um país que se partiu.

    Embora eu ache que ele sempre o esteve e Lula fez, por algum tempo, a mágica de fazê-lo sentir um só, com a força que isso despertou.

    Uma pena que nossa elite não queira que seja assim e que tenhamos de pagar o preço do conflito.

    http://www.tijolaco.com.br/blog/por-que-caiu-o-ministro-da-aposentadoria-so-aos-65-anos-de-temer/

     

    1. Brant fala mesmo…!

      Foi o único Deputado (na época do PFL), na época do escândalo do mensalão, que declarou que em Minas Gerais ele recebeu mesmo 110 mil reais da DNA por encargo do Presidente da Usiminas. Valério negou e todo o mundo desqualificou Brant (escondendo a origem do dinheiro). Foi banido da política por falar a verdade, mais uma vez.

  2. MP faz ameaças veladas para levar trabalhador humilde a incrimin

    Tijolaço

    MP faz ameaças veladas para levar trabalhador humilde a incriminar Lula

     

    coacao

    Estarrecedor.

    Edivaldo Pereira Vieira, um biscateiro da região de Atibaia é induzido num interrogatório informal a quatro promotores da Força Tarefa a dizer que conhece Jonas Suassuna, um dos proprietários do sítio frequentado por Lula dizendo que, depopis, no depoimento pode “ficar ruim” para ele se forem apresentados documentos.

    Estão, como se diz, “jogando um verde”, porque a esta altura todo mundo em Atibaia sabe o que a polícia e o MP pretendem e que não vão hesitar em pressionar  para obter.

    Tanto que Edivaldo, sobre o qual não pesa acusação nenhuma – do que pode ser acusado um “faz tudo” de sítios e casas de veraneio? – consta como “acusado” e tem pedido contra si uma “busca e apreensão criminal”. Busca e apreensão de que, com este pobre homem, que sabem que ficará intimidado com o aparato policial – ou de querra – com que chegam viaturas e homens fortemente armados da PF em sua casa humilde.

    Veja a reportagem de Marcos de Vasconcellos, editor do site jurídico Conjur.

    Gravação mostra procuradores da
    “lava jato” tentando induzir depoimento

    Marcos de Vasconcellos, no Conjur

    Ameaçar testemunhas com o intuito de influenciar o resultado de uma investigação criminal configura crime de coação no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal, já decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal. No entanto, é difícil imaginar qual é o possível desfecho quando a atitude é do próprio Ministério Público Federal.

    Ameaças veladas, como “se o senhor disser isso, eu apresento documentos, e aí vai ficar ruim pro senhor”, que poderiam estar em um filme policial, foram feitas em plena operação “lava jato”. E em procedimento informal, fora dos autos.

    O cenário é uma casa humilde no interior de São Paulo. Quatro procuradores batem à porta e, atendidos pelo morador — que presta serviços de eletricista, pintor e jardinagem em casas e sítios—, começam a questionar se ele trabalhou no sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se conhece um dos donos do imóvel, o empresário Jonas Suassuna. Ao ouvirem que o homem não conhecia o empresário nem havia trabalhado no local, começam o jogo de pressões e ameaças:

    Procurador: Quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…
    Interrogado: Dessas… Sobre o quê?
    Procurador: Sobre, por exemplo, o senhor já trabalhou no sítio Santa Barbara?
    Interrogado: Não trabalho.
    Procurador: O senhor já conheceu o senhor Jonas Suassuna?
    Interrogado: Nunca… Nunca vi.
    Procurador: O senhor já fez algum pedido pra ele em algum lugar?
    Interrogado: Nem conheço.
    Procurador: Então, por exemplo, aí eu te apresento uma série de documentações. Aí fica ruim pro senhor, entendeu?

    A conversa foi gravada pelo filho do interrogado, um trabalhador da região de Atibaia. Os visitantes inesperados eram os procuradores do Ministério Público Federal Athayde Ribeiro Costa, Roberson Henrique Pozzobon, Januário Paludo e Júlio Noronha.

    Nas duas gravações, obtidas pela ConJur, os membros do MPF chegam na casa do “faz tudo” Edivaldo Pereira Vieira. Sutilmente, tentam induzi-lo, ultrapassando com desenvoltura a fronteira entre argumentação e intimidação, dando a entender que dizer certas coisas é bom e dizer outras é ruim.

    Na insistência de que o investigado dissesse o que os procuradores esperavam ouvir, fazem outra ameaça velada a Vieira, de que ele poderia ser convocado a depor e dizer a verdade.

    Procurador: É a primeira vez, o senhor nos conheceu agora, e eventualmente talvez a gente chame o senhor pra depor oficialmente, tá? Aí, é, dependendo da circunstância nós vamos tomar o compromisso do senhor, né, de dizer a verdade, aí o senhor que sabe…
    Interrogado: A verdade?
    Procurador: É.
    Interrogado: Vou sim, vou sim.
    Procurador: Se o senhor disser a verdade, sem, sem problema nenhum.
    Interrogado: Nenhum. Isso é a verdade, tô falando pra vocês.
    Procurador: Então seu Edivaldo, quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…

    Investigado ou testemunha
    Ao baterem à porta de Vieira, um dos procuradores diz: “Ninguém aqui tá querendo te processar nem nada, não”.

    No entanto, o nome de Pereira Vieira aparece na longa lista de acusados constantes do mandado de busca e apreensão da 24ª etapa da operação “lava jato”, que investiga se o ex-presidente Lula é o dono de sítio em Atibaia, assinado pelo juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

    Ao se despedirem, deixando seus nomes e o telefone escritos a lápis numa folha de caderno, os membros do MPF insistem que o investigado escondia algo e poderia “mudar de ideia” e decidir falar:

    Procurador: Se o senhor mudar de ideia e quiser conversar com a gente, o senhor pode ligar pra gente?
    Interrogado: Mudar de ideia? Ideia do quê?
    Procurador: Se souber de algum fato.
    Interrogado: Não…
    Procurador: Se você resolver conversar com a gente você liga pra gente, qualquer assunto?
    Interrogado: Tá.

    Ouça trechos da gravação:

    https://soundcloud.com/conjur-2/procuradores-da-lava-jato-questionam-edivaldo-vieira-parte-2

    http://www.tijolaco.com.br/blog/conjur-revela-coacao-do-mp-sobre-trabalhador-humilde-para-incriminar-lula/

  3. Menos um. Quase perto da “Voz Única do Brazil”

    ‘Jornal do Commercio’ circula pela última vez nesta sexta-feira

    Diário lançado em 1827 encerra atividades no papel e na internet

    por Priscilla Aguiar Litwalk

     

     

    29/04/2016 6:00

    / Atualizado

    29/04/2016 7:50  – Reprodução / Domínio Público | Reprodução / Biblioteca Nacional

    RIO – Circula nesta sexta-feira a última edição do “Jornal do Commercio”, do Rio de Janeiro, diário com foco em economia, cuja primeira edição foi publicada em 1º de outubro de 1827. Também encerram as atividades hoje a edição on-line do jornal e o impresso “Diário Mercantil”, que também pertence ao mesmo grupo, o Diários Associados. Em dezembro do ano passado, o grupo já havia fechado a Rádio Nativa FM. A Rádio Tupi continuará suas atividades, sendo agora o único veículo do grupo no Rio de Janeiro.

    ‘SUCESSIVAS PERDAS’

    Na década de 1990, no auge, o “Jornal do Commercio” chegou a contar com 90 profissionais em sua antiga redação, no Centro do Rio. O presidente do “Jornal do Commercio”, Mauricio Dinepi, destacou que a publicação resistiu durante 188 anos e meio, mas, com o passar dos anos, a receita encolheu. A redação, hoje sediada em São Cristóvão, tem de 25 a 30 funcionários. Dinepi não especificou o total de demitidos.

    De acordo com Dinepi, o primeiro revés para o jornal foi a transferência da negociação de ações da Bolsa do Rio para São Paulo no início dos anos 2000. O segundo golpe na receita ocorreu com o fim da obrigação de publicar balanços financeiros em jornais. Paralelamente a isso, Dinepi ressalta a redução nos anúncios e a força maior da internet. Desde 2012, a situação financeira já não era boa e se agravou com a crise econômica.

    — Até 2011, o jornal tinha boa receita, mas, infelizmente, não tivemos estrutura para aguentar sucessivas perdas. O nome e a tradição do jornal não foram suficientes — lamenta Dinepi.

    A empresa usará as receitas dos meses de março e abril para regularizar a folha de pagamento dos funcionários, atrasada há um mês e meio.

    Sobre o fim da edição on-line, Dinepi explica que a publicação não tem condição de arcar com o investimento.

    — O jornal impresso é mais caro, o papel é muito custoso, mas para continuar com o site também é preciso ter anunciantes porque exige atualização constante — explica.

    Ao longo de sua história, o jornal teve papel importante no movimento que culminou com a abdicação de D. Pedro I ao trono. Seu filho e sucessor, D. Pedro II escrevia sob pseudônimo. Passaram pelo jornal colaboradores como José Maria da Silva Paranhos (Barão do Rio Branco), José de Alencar, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Visconde de Taunay, entre outros.

    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/jornal-do-commercio-circula-pela-ultima-vez-nesta-sexta-feira-19193082#ixzz47DY3qIyc
    © 1996 – 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

  4. Então tá, né ?

     

    Só agora, em 2016, é que perceberam que “falta de informações quanto ao real beneficiário dessas pessoas jurídicas impossibilita a responsabilidade penal ou fiscal dessa pessoa natural” ?

    Identificação de controle de offshore à Receita será obrigatória

    Medida entrará em vigor a partir da próxima semana

    por O Globo28/04/2016 15:45/ Atualizado 28/04/2016 16:00Notas de dólares – Chris Ratcliffe / BloombergBRASÍLIA – Uma resolução publicada nesta quinta-feira, no Diário Oficial da União, determina que as offshores – empresas nacionais registradas fora do Brasil, muitas delas localizadas nos chamados paraísos fiscais – informem quem são seus beneficiários finais. Segundo o Fisco, identificar os controladores dessas empresas tem se revelado um importante desafio para prevenção e combate à sonegação fiscal, à corrupção e à lavagem de dinheiro em âmbito mundial. Essa dificuldade, afirmam fontes, foi percebida nas investigações da operação Lava Jato.

    De acordo com a Receita, entende-se como beneficiário final a pessoa natural que, em última instância, de forma direta ou indireta, possui, controla ou influencia significativamente uma determinada entidade. Nesse sentido, é fundamental o conhecimento desse relacionamento por parte dos órgãos oficiais de fiscalização.

    ADVERTISEMENT”Sem embargo, empresas offshores têm sido apontadas, em recentes investigações de lavagem de dinheiro, corrupção e blindagem patrimonial, como meio de ocultação da origem ilícita de capitais remetidos ilegalmente, ou mesmo para o recebimento de valores relativos a atos ilícitos praticados no país. As jurisdições onde frequentemente estão sediadas favorecem sobremaneira a ocultação do real proprietário dos bens e valores movimentados”, destacou a Receita, em um comunicado.

    “A falta de informações quanto ao real beneficiário dessas pessoas jurídicas impossibilita a responsabilidade penal ou fiscal dessa pessoa natural. Como efeito colateral, a falta de informação acaba de certa forma colocando sob um mesmo prisma empresas legitimamente constituídas para fins lícitos, e estas eminentemente criadas para a consecução de atos ilícitos”, diz outro trecho da nota.

    A medida entrará em vigor a partir da próxima semana. Com isso, passará a ser exigida a identificação do beneficiário final das empresas nacionais e também estrangeiras que vierem de alguma forma operar no país. Tal informação passa a fazer parte do cadastro nacional das pessoas jurídicas.

    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/identificacao-de-controle-de-offshore-receita-sera-obrigatoria-19188479#ixzz47DajE51e
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  5. Janaína Paschoal apóia impeachment de Temer

    http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/randolfe-engana-jana%C3%ADna-e-faz-com-que-ela-apoie-impeachment-de-temer-1.1288968

    SENADO

    Randolfe engana Janaína e faz com que ela apoie impeachment de Temer

    Jurista defendeu que os créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional configuram crime de responsabilidade e devem ser punidos com o impeachment

    PUBLICADO EM 29/04/16 – 07p1

    AGÊNCIA ESTADO

    O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) esperou até 1h da manhã para poder pregar uma peça na autora do pedido de impeachment, Janaína Paschoal, na sessão dedicada a ouvir os denunciantes. Ele fez uma explanação apresentando a edição de decretos de créditos suplementares específicos e pediu, em seguida, a opinião de Janaína sobre essas atitudes.

    A jurista defendeu que os créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional configuram crime de responsabilidade e devem ser punidos com o impeachment. “Muito bem, fico feliz com sua opinião, porque a senhora acabou de concordar com o pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer. Essas ações que eu li foram tomadas pelo vice”, disse Randolfe.

    Autoria. Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) quer um órgão para fiscalizar o Ecad

    “Muito bem, fico feliz com sua opinião, porque a senhora acabou de concordar com o pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer”, 

     

     

    A professora ficou constrangida e tentou se explicar. Apenas algumas horas antes ela havia dito que não havia indícios suficientes para pedir o impeachment de Temer. “O Vice-presidente assina documentos por ausência do presidente, por delegação. Neste caso, não há o tripé de crimes continuados e intercalados entre si”, tentou justificar. 

  6. Parcialidade da grande imprensa ameaça democracia brasileira

    Parcialidade da grande imprensa ameaça democracia brasileira, dizem especialistas

    http://br.rfi.fr/brasil/20160429-parcialidade-da-grande-imprensa-ameaca-democracia-brasileira-dizem-especialistas-0

    Por Daniella Franco RFIPublicado em 29-04-2016 Modificado em 29-04-2016 em 18:43mediaCapa de alguns jornais brasileiros do dia 18 de abril, depois da aprovação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados.Miguel Schincariol / AFP

    A controversa cobertura da crise política brasileira pelos maiores meios de comunicação do país está no alvo de críticas de especialistas e profissionais da mídia. Para os jornalistas ouvidos pela RFI, não há dúvidas sobre a parcialidade da cobertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que, além de resultar na falta de credibilidade da informação, ameaça a própria democracia brasileira.

    “Alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja e a Rede Globo, demonstraram um engajamento claro na defesa do impeachment, o que, em alguns momentos, transformou o jornalismo destes grupos em verdadeiros panfletos”, avalia o professor Dennis de Oliveira, chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP).

    Para ele, a visão “panfletária” da grande imprensa tem contribuído para se deslegimitar e acirrar ainda mais a opinião pública. “Nesse debate sobre a crise há ofensas, agressões, acusações, mas não verdadeiros argumentos. Então, a longo prazo, a credibilidade dos jornalistas pode, sim, ser afetada. Mas, o mais grave é a que a grande mídia contribui, desta forma, para o enfraquecimento da democracia brasileira”, analisa.

    O país dos trinta Berlusconis

    A parcialidade da grande mídia na cobertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff é algo que vem preocupando organizações que militam pela liberdade de imprensa, como a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Na edição deste ano de sua Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa, o Brasil, que aparece em 104° lugar entre 180 países, é lembrado como a nação onde os maiores meios de comunicação seguem nas mãos de poderosas famílias próximas da classe política.

     

    Em 2013, em um relatório sobre os desequilíbrios e obstáculos dos meios de comunicação brasileiros, a ONG descreveu o Brasil como “o país dos trinta Berlusconis” que “dominam as plataformas de comunicação de todo o território” e impedem que “os meios de comunicação sejam independentes dos centros de poder”.

    Ao comentar a posição do Brasil no ranking de 2016, a ONG diz que o tratamento que os meios de comunicação deram à crise política no país mostra que “os principais meios convidaram sua audiência de maneira dissimulada a ajudar na queda da presidente Dilma Rousseff”.

    “Percebemos uma clara distorção no tratamento da informação e uma falta de objetividade evidente que contribuiu para a polarização da sociedade”, diz o chefe do Departamento América Latina da RSF, Emmanuel Colombié. Para ele, é inegável que a cobertura da crise política pelas grande imprensa brasileira é direcionada à saída de Dilma Rousseff da presidência.

    Para Colombié, isso vai até mesmo de encontro ao principal dever do jornalismo, que é informar. Ele lembra, por exemplo, que na semana que antecedeu a votação da abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, uma pesquisa do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP, revelou que três das cinco matérias mais compartilhadas por brasileiros no Facebook eram falsas. “Isso mostra a desinformação da própria população sobre o que acontece no Brasil, o que é um verdadeiro perigo para a democracia”, conclui.

    Jornalismo pode ser imparcial?

    Ao contrário de boa parte dos veículos internacionais, como os grandes jornais francesesLe Monde, Le Figaro e Libération, no Brasil, os grandes meios de comunicação ainda defendem a ideia de que fazem jornalismo imparcial. Um conceito inexistente, para o jornalista Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa. “Não existe isenção absoluta no jornalismo. Por outro lado, é possível fazer uma cobertura equilibrada”, defende.

    Castilho acredita que seja difícil desconstruir esse antigo discurso do jornalismo, que data de antes do advento da internet, no qual ouvir “os dois lados” de cada história era suficiente para justificar a objetividade. “Mas hoje já não podemos fazer isso porque, em cada história, temos muitos lados. O que acontece é que o jornalismo ainda não se adaptou a essa nova realidade”, ressalta.

    A falta de reflexão nas redações

    Na semana passada, em editorial, o jornal francês Le Monde se questionou se sua cobertura sobre a crise na política brasileira estava apenas ecoando os principais jornais do Brasil. A dúvida surgiu depois que o diário recebeu dezenas de cartas de brasileiros e franceses vivendo na França e no Brasil, criticando a parcialidade da correspondente no país, Claire Gatinois.

    Le Monde também reconheceu e lamentou que o editorial de 31 de março, intitulado “Brésil: ceci n’est pas un coup d’Etat” (Brasil: isto não é um golpe de Estado, em tradução livre), não tenha sido equilibrado, em especial por ter omitido que os apoiadores do impeachment são acusados de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, presidente da Câmara, assim como por não ter considerado suficientemente a parcialidade da imprensa nacional.

    No Brasil, essa reflexão dentro das redações está longe de acontecer. Os próprios jornalistas percebem que falta uma discussão mais aprofundada sobre o trabalho que desempenham. “Institucionalmente, as reflexões não têm sido críticas. Poucos veículos têm abordado essa questão. Alguns, mais ligados à esquerda, como a Carta Capital, fazem uma crítica maior em relação a esta cobertura. Mas, obviamente, cada veículo segue o que estabelece sua linha editorial”, diz o sub-editor de Política do site G1, Fabiano Costa.

    Fora do espectro dos grandes grupos de comunicação, meios independentes parecem ser os únicos a marcarem sua posição, como explica a repórter Katia Passos, do Jornalistas Livres. “Eu diria que mais do que um apoio, as grandes mídias estão patrocinando um golpe de Estado no Brasil. Lutar contra isso e desconstruir o discurso delas é uma tarefa muito difícil. Mas o poder de alcance que têm é tão grande que encontramos muitas dificuldade para chegar ao mesmo patamar dessa mídia golpista”, diz.

    A repórter ressalta a tradição dos brasileiros de se informar unicamente pela imprensa tradicional e a influência que a televisão ainda exerce no público. Além disso, ela nota a falta de reflexão da população sobre a informação que consome, independentemente da classe social à qual pertence. “Em qualquer matéria da revista Veja que fale sobre o processo de impeachment, por exemplo, as pessoas fazem comentários horrorosos, preconceituosos, sexistas. Isso acontece justamente porque as pessoas acreditam naquela informação sem raciocionar. E isso demonstra também uma falta de responsabilidade muito grave das grandes mídias, que incitam esse tipo de comportamento”, conclui Passos.

     

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