Com fim de contrato de iluminação, Guarulhos fica no escuro

Jornal GGN – A prefeitura da cidade de Guarulhos não renovou o contrato de iluminação com a concessionária do serviço e vários pontos da cidade acabaram ficando no escuro. O acordo com a EDP Bandeirantes chegou ao fim no dia 1º de maio. Uma nova licitação foi feita, mas está parada na justiça.

A empresa Remo Construtora ganhou a concorrência em maio, mas a segunda colocada entrou na justiça dizendo que um item da proposta foi alterado. Por isso, o contrato de R$ 18,7 milhões ainda nem foi assinado. Trabalhadores do próprio Departamento de Iluminação da prefeitura estão nas ruas tentando fazer os reparos necessários. 

O caso é pontual, mas serve para demonstrar um problema estrutural, nas relações entre o poder público e as empresas privadas. Um questionamento na justiça pode afetar o fornecimento de um serviço essencial para a população.

Da Folha de S. Paulo

Contrato de iluminação acaba, e Guarulhos (Grande SP) fica no escuro

Por Amanda Gomes

A Prefeitura de Guarulhos (Grande SP), sob a gestão de Sebastião Almeida (PT), não renovou o contrato de iluminação pública com a EDP Bandeirantes e deixou vários pontos da cidade no escuro.

O contrato foi encerrado no dia 1º de maio. Uma nova licitação foi feita, mas está parada na Justiça. A empresa Remo Construtora, de Minas Gerais, ganhou a concorrência em maio, mas nem chegou a assinar o contrato de R$ 18,7 milhões porque a segunda colocada entrou na Justiça acusando a ganhadora de ter alterado um item da proposta.

Para tentar minimizar a situação, a própria prefeitura, por meio do Departamento de Iluminação, está fazendo os reparos necessários com cinco equipes nas ruas. Enquanto isso, os moradores reclamam da falta de iluminação nas ruas, o que leva à sensação de insegurança.

Dados da Secretaria da Segurança Pública da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) mostram que, de março a junho deste ano (quando a prefeitura assumiu a iluminação), houve aumento de 23,1% no furto de veículos e de 17,1% no furto em geral.

As principais avenidas da cidade têm luz, mas ruas paralelas sofrem com duas, três ou até todas as lâmpadas apagadas. Bairros como Cumbica, Vila Augusta, Vila Galvão, Cocaia e Cabuçu são alguns dos que apresentam problemas.

Os moradores da rua Maria Iervolino, na Vila Augusta, por exemplo, dizem conviver há seis meses com quatro lâmpadas apagadas. A única que sobrou não funciona direito: liga e desliga constantemente.

Com isso, a rua é iluminada, principalmente, pelas luzes de dentro das salas de aula de uma escola estadual.

“Minha neta foi assaltada há dois meses na porta da minha casa e não temos mais segurança”, afirmou a aposentada Célia Gonçalves, 73.

Quem passa por uma viela na rua Shirley Neves Gomes, no Cabuçu, costuma ligar a lanterna do celular para enxergar. “Chego em casa tarde e tenho muito medo. Mesmo desviando da viela há risco de alguém se esconder no local e atacar”, disse a estudante Paula Katerine Souza, 26.

IMPROVISO

Para driblar a escuridão das ruas, os moradores estão improvisando a própria iluminação. Não é difícil achar nas casas luzes das garagens acesas e até sensor de presença nas calçadas.

O autônomo Roberto Vaz da Silva, 55, fez um poste de iluminação, colocando uma lâmpada de dentro de seu quintal para fora, iluminando calçada e rua. Ele gastou R$ 170 e, se não fosse essa luz, a rua Professor Engenheiro Alexandre Machado, na Vila Augusta, iria ficar às escuras.

“Eu coloquei há três meses porque duas conhecidas foram assaltadas na porta de minha casa. Eu fiz para tentar dar mais segurança às pessoas, já que a prefeitura não faz nada”, disse.

Já uma autônoma de 33 anos, que pediu para não ser identificada, colocou uma luz com sensor na garagem de sua casa. “Tivemos que fazer isso por segurança, mesmo. O número de roubos aqui no bairro aumentou bastante. Se parar com o carro, eles assaltam. Foi por nossa segurança. Eu trabalho na prefeitura e sei que está com falta de material e até de lâmpada”, disse.

DECISÃO JUDICIAL

A gestão Sebastião Almeida (PT) disse que não foi possível prorrogar o contrato com a empresa EDP Bandeirantes e que aguarda decisão judicial para a nova empresa assumir os trabalhos. O órgão não respondeu o motivo pelo qual o contrato não foi renovado e não deu prazo para o problema ser resolvido. A gestão diz que os endereços citados pela reportagem serão vistoriados.

A distribuidora de energia EDP Bandeirantes disse que o contrato foi encerrado sem dívidas. Ela não revelou o valor que a prefeitura pagava pelo serviço. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a PM disponibilizou à prefeitura um relatório apontando os locais com problemas urbanos que podem influenciar na segurança.

A secretaria disse que duas quadrilhas responsáveis por desmanches de veículos foram presas e apura os casos de roubos nas ruas citadas.

Redação

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