Como as cidades dos EUA lidam com a crise hídrica

Por Almeida

Durante a ditadura, houve uma epidemia de meningite que a imprensa não pode anunciar. A censura impediu a população de ser informada, sobre uma situação de risco que estava sujeita, portanto, a deixou desarmada das precauções necessárias para enfrentar o risco. O que a ditadura fez foi um ato criminoso, não foi um crime contra imprensa – como alguns recordam o episódio, para posarem de vítimas de uma ditadura que apoiaram – foi um crime da ditadura civil-militar contra a população.

São Paulo está sob risco de um colapso de abastecimento d’água, que tratam com o eufemismo de ‘crise hídrica’, porém sua população não está a ser informada sobre essa situação de risco. Não há mais censura de imprensa vinda da velha ditadura civil-militar, o que há é auto-censura de imprensa, vinda da atuação do velho lado civil da ditadura, representado pela oligarquia da imprensa corporativa. Está funcionando a aplicação da Lei de Gerson na política, conhecido como Princípio de Ricúpero: O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde …

Funcionou o ano passado, ano de campanha eleitoral, para esconder o ruim do partido que a imprensa tomou. Neste ano, como a eleição está sendo levada em terceiro turno, continuam a esconder o ruim do partido da imprensa. Ás favas os escrúpulos, a população que se dane. As condições de saneamento pioram com a falta d’água, casos de diarreia se multiplicam em São Paulo, mas a crise é transferida para as periferias da cidade, para os mesmos que pagam por todas as crises. O partido da imprensa procura esconder, para que a revolta não chegue onde ele não tem como controlar, seu negócio é tanger os ‘revoltados’ de camisa da cbf.

A imprensa é comparsa e executante desse crime. Estão fazendo uma espécie de “roleta russa” da água no Estado de São Paulo. A entrevista do professor Richard Palmer, para o El País, reproduzida abaixo, mostra o contraste, entre o que está acontecendo aqui e o tratamento dado pelas autoridades do seu país, nas crises de abastecimento que acompanhou. Ele se mostra assustado com o que vê aqui e diz coisas como;

. na crise de abastecimento de Nova York, em 1985, o estado de emergência foi declarado quando os reservatórios chegaram a 65% da capacidade;

. o volume morto normalmente não é utilizado, como aqui;

. a pressão no sistema normalmente não é reduzida;

. não seria considerado aceitável, nos EUA, a falta de um plano de contingência, qualificado de “papelório inútil” pelo (des)governador;

. nenhum grande reservatório de água nos EUA chegou a um nível tão baixo quanto foi feito em São Paulo;

. e, sobretudo, a ausência de comunicação franca e direta com a população.

Segue a entrevista:

Do El País

“Nas secas dos EUA, o volume morto não é utilizado como em São Paulo”

O professor de engenharia civil Richard Palmer / Christina Yacono/Daily Collegian

“Se chover e nada mudar, essa será outro tipo de catástrofe”

O professor norte-americano Richard Palmer, que participou das ações emergenciais nas criseshídricas de diferentes cidades dos EUA, visita São Paulo desde 2014 e se diz surpreso com o que ele vê. O chefe do Departamento e professor de Engenharia Civil da Universidade de Massachusetts afirma que, em 1985, na crise de abastecimento que sofreu Nova York, as autoridades declararam o estado de emergência quando os reservatórios chegaram a 65% da capacidade. Sem ter sido reconhecida a criticidade do sistema, o Cantareira opera hoje com 11,9% do seu volume, incluindo a reserva de volume morto.

Para Palmer, visitante da Unicamp com bolsa da fundação Fullbright, a sociedade deveria participar mais nesta crise e o Governo e a Sabesp deveriam fornecer mais informação que permita aos cidadãos entender a gravidade do cenário atual. O professor considera importante, por exemplo, divulgar os dias de fornecimento de água restantes com base no recurso armazenado nos sistemas. Hoje, segundo cálculos de Palmer, São Paulo não tem água para mais de três meses.

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Redação

20 Comentários

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  1. Nova York opera com 9

    Nova York opera com 9 reservatorios e ainda tem um back-up, um estepe pronto, uma estação de captação de agua no Rio Delaware para uso em caso de emergencia. O segredo é captar a distancia, algo que não se cogita em São Paulo. A 220 quilometros de São Paulo existe a grande represa de Jurumirim, do sistema CESP, na região de Avaré, que tem agua para abastecer dez São Paulos.  Para captar agua dessa represa bastam canos e bombas. Los Angeles traz agua de 650 quilometros de distancia por grandes dutos. Porque será que no Brasil essa ideia parece inadmissivel?

    Os romanos e os arabes já tinham engenharia para trazer agua de longas distancias por gravidade, hoje tudo pode ser bombeado a milhares de quilometros, porque não se cogita? Parece incrivel essa solução não ter sido pensada.

    Os reservatorios de Nova York não tem casas ou fazendas proximas, a cidade compra toda propriedade a venda nas imediações para evitar proximidade de agentes poluidores, o oposto do Brasil em eral e de S.Paulo em particular.

    1. Seca no Brasil?????????????????????????????????

      Vamos dar um desconto para os nossos dignissimos representantes legislativos.

      Comparar os EUA ( Estados Unidos da America ) com o Brazil é covardia.

      Pra que buscar agua a milhares de quilometros de distancia se estamos em um pais tropical, onde chove a cantaros.

      Só pra lembrar verão de 2015 em São Paulo.

       

      FALTA AGUA NO BRAZIL??????????????????????????????????

       

      1. Mais um que vai esperar alguns anos…

        … pra poder tomar um banho. Mais um engenheiro de obras prontas. Talvez você consiga uma banho de leptospirose, nas próximas enxurradas de Sampa. Podia ter mostrado a água do mar também, quem sabe você consegue bebê-la.

        O que se discute nessa matéria acima é o que fazer, diante da ameaça de colapso iminente.

        1. Porque a trombada?

          Almeida e Maestro estão falando a mesma coisa.

          Porque estão trombando?

          A crise hidrica em São Paulo é consequencia da irresponsabilidade do gestor de plantão.

          Agua não falta. é necessario planos emergenciais como alerta o Almeida e obras de médio e longo prazo como aponta o Maestro.

          E colocar na cadeia os responsaveis, caso o desastre aconteça com a população no futuro proximo.

      2. As fotos são de que lugar, do deserto do Saara?

        Conde, parece que as pessoas não entendem ou fazem tudo para não entender, as imagens colocadas falam mais do que  mil palavras, só o volume escoado numa dessas cheias ocorridas no verão, em qualquer lugar do mundo (exceto em São Paulo, é claro), serviria para abastecer uma cidade, desde que houvesse reservação e tratamento .

        Mas parece que o mais importante é firmar posições!

    2. Tudo é interessante, pra abastecer Sampa daqui a alguns anos…

      Você vai esperar até lá pra tomar um banho? Leia a matéria, o que está em discussão é o que fazer até o fim do ano. Não é hora de engenheiros de obras prontas.

      Soluções de engenharia para abastecimento d’água são demais conhecidas e aplicadas. O problema é o que fazer quando um sistema de abastecimento colapsa. Hospitais sem água param. Escolas, restaurantes, bares e hotéis, idem. As residências ficam insuportáveis. Já imaginou uma repartição movimentada com banheiros interditados? Sem água, uma cidade para.

      Quando um paciente está infartado no leito hospitalar, ninguém fica discutindo que se o sujeito tivesse se prevenido, deixasse de fumar, fizesse dieta, praticasse mais atividades físicas  e se cuidasse melhor. A equipe médica toma medidas práticas pra tirar o cara daquela situação, tem procedimentos para um tratamento emergencial, e informa a família sobre o risco que está passando, depois vai indicar ao paciente e à família os cuidados preventivos a serem seguidos.

      A entrevista mostra isso:

      . que a “família” de São Paulo não está sendo informada;

      . que não há “procedimento para um tratamento emergencial”, não há um plano de contingência anunciado: o que fazer se não chover o bastante.

      Tudo é feito para esconder a crise da população, repito, na base do Princípio de Ricúpero: O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde … Estão jogando uma “roleta russa” da água no Estado de São Paulo.

      A turma ainda não desceu do palanque, em virtude do “terceiro turno” que está sendo forçado.

  2. Não falta água em São Paulo.

    Falta coleta de esgoto.

    Falta tratamento do esgoto.

    Faltam reservatórios.

    Faltam estações de recalque.

    Faltam condutos.

    Em resumo: Falta investimento e vergonha na cara dos responsáveis.

    1. Alguma dessas coisas foram feitas?

      Não, né? Você mesmo constata a falta. Então, sou obrigado a explicar para um ‘engenheiro’ civil, com especialidade em hidráulica, que o que se chama de água para abastecer uma população é dita potável, ou seja, passa por tratamentos e precisa de um sistema de abastecimento, dimensionado de acordo com o tamanho e a distribuição da população num território. E que quando o sistema fica precário ou insuficiente no atendimento da população, sabe o que falta?

      FALTA ÁGUA!!

      É assim que a população vê a crise e o colapso ser materializar diante seus olhos. Repito: é iminente o risco de colapso do abastecimento, não faz sentido centrar a discussão de obras não realizadas; é urgente informar a população do risco e elaborar um plano de contingência para enfrentar a situação.

      1. Discurso vazio de quem não entende.

        Salvo em poucas regiões do Nordeste brasileiro, claramente não podemos culpar a falta de água no problema do abastecimento público, este é o fato que devemos conviver. Em São Paulo choveu no ano passado um pouco menos que a média, algo em torno de 1300mm. Este valor em qualquer parte do MUNDO não configura um stress hídrico, configura somente uma falta na gestão dos recursos hídricos sobre a responsabilidade dos governantes, no caso de São Paulo, o Governador do Estado.

        Esta reflexão já coloquei no GGN diversas vezes no últimos doze meses, inclusive o problema que está ocorrendo neste ano já havia falado há muito tempo.

        Fico simplesmente perplexo por vir um norte-americano, um país que tem uma legislação atrazada em termos de gestão hídrica, vir aqui falar obviedades que VÁRIOS TÉCNICOS BRASILEIROS já diagnosticaram com maior precisão.

        Insisto, falta tudo em São Paulo, do tratamento a reservação, o que não falta é água.

        1. Continua comentando sem ler toda matéria.

          Leia mais aqui: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/31/politica/1441030261_666900.html

          O gringo não discute soluções de engenharia para abastecer uma metrópole, o tema da entrevista é a gestão de uma crise instalada, há mais de um ano, que beira já ao colapso e está sendo escondida da população que vai pagar o pato. São Paulo precisa de água pra daqui a dois, três meses; as soluções que você, na soberba da sua pretensa sapiência “técnica”, aponta, são pra daqui a dois, três… anos. Quem vai esperar tanto tempo pra tomar um banho?

          De que serve você constatar, sobre o EUA, que é “um país que tem uma legislação atrazada em termos de gestão hídrica”? Enquanto, pra você, nós seríamos mais avançados. Sabe o que importa? É que eles cumprem a legislação “atrazada”, enquanto a nossa é, no papel, “avançada”, mas pra inglês, ou mesmo americano, ver.

          Olha só, eles dão alerta pra população quando os resevatórios baixam pra dois terços; aqui o negócio está no segundo volume morto, deve ser o mais do que morto, e o assunto na primeira página da imprensa é o “terceiro turno”, os manifestantes com a camisa da cbf, que moram onde a falta d’água não chegou, porque quem tá carregando água não tem tempo de ir na Paulista.

          Entenda, é grave as administrações tucanas nesses vinte anos não terem feito obras, para reforçar o sistema Cantareira. Quando este foi projetado há quase cinquneta anos, já se sabia que eles teriam de receber reforços com o tempo, o crescimento esperado da cidade demandaria isto, que tal deveria se feito no começo deste século. Não fizeram, protelaram e foi grave. O que há de mais grave não é essa omissão, o que é criminoso é o sistema está na beira do colapso, a população não ser alertada e não haver um plano de contingência pra enfrentar essa situação. Você está aí igual ao desgovernador, achando que plano de contingência é um “papelório inútil”, o negócio é anunciar obras prontas pra daqui a… dois, três anos.

          Agora, é “bonito” ver um “engenheiro” civil, com títulos de especialização em hidráulica, confundindo volumes contendo H2O, com água potável para abastecimento de cidades e consumo humano.

          Talvez, desenhando você entenda: se numa metrópole não existe sistema de captação e tratamento adequado de volumes de H2O, acoplado a um sistema de recalque e uma rede de distribuição dos volumes tratados, ou se esses sistemas e redes se mostram insuficientes ou inadequados, pode-se dizer que nessa metrópole há falta de água potável, dito de forma resumida: há falta d’água, mesmo que passe um Amazonas em suas ruas, ninguém tá afim de banho de leptoespirose.

          1. A população de São Paulo se não quiser saber da crise, ….

            A população de São Paulo se não quiser saber da crise, que não saiba.

            São Paulo teoricamente é um dos estados mais bem informados do Brasil, há centenas de artigos por aqui e por ali que dizem isto que estás colocando. Os paulistas são verdadeiras avestruzes, enfiam a cabeça para dentro do buraco para não enxergarem as más escolhas que fizeram, então que se fritem.

            É fácil dizer que a grande imprensa os enganam, mas tem gente que gosta de ser enganado, e o paulista está nesta turma. Logo, não adianta ficar se estressando pensando em pessoas que não pensam, preferem como já disse ser enganadas e iludidas por governos incompetentes como os do PSDB.

            Deixa para lá, pois se por uma sorte as chuvas começam a cair um ou dois meses antes quem procurou alertá-los é que passarão por palhaços e aves de mau-agouro.

            Acho que todos que vem dando contribuições há mais de ano e meio é chegada a hora de ficar quieto, pois agora não adianta mais nada, não há obras que possam ser feitas, não há ações mitigadoras que reduzam o impacto da estiagem na economia de São Paulo, os paulistas tem mais que rezar, entrem para a “opus-dei” e rezem do lado do Alckmin ou dos vários pastores eleitos pelo povo paulista.

            Na verdade cansei o meu português, que a natureza siga o seu caminho e se a chuva cair ótimo e se não cair, que se f…. .

      2. Responsabilidade

        …é urgente informar a população do risco e elaborar um plano de contingência para enfrentar a situação.

         

        Eh ai Almeida? Vc acha que o nobre governador vai admitir os erros cometidos, tornando a SABESP uma empresa privada que distribui lucros em vez de usar os recursos para a manutenção e a ampliação do sistema de abastecimento hidrico do Estado? 

        Como muito bem apontado os espertalhões usam a tatica de somente mostrar o que interessa e esconder o que não interessa.

        1. Caro Conde.

          No momento não há mais plano de contingência possível, para ser feito algo teria que ter o que se chama uma economia de guerra literalmente falando e isto somente por mais 15 dias, depois, se as chuvas não vierem adiantadas, a única coisa a ser feita é contratar caminhões pipa e abastecerem as pessoas como no sertão nordestino. Vai todo mundo de balde e junta um pouco de água para beber, lavar a louça, cozinhar e um banhinho muito rápido, mais do que isto não é possível.

          Eu e mais outros, inclusive o Almeida, já colocamos artigos há mais de um ano prevendo a situação atual, tem centenas de blogs que fazem isto, porém o paulista insiste em escutar somente o governo do estado, não adianta neste momento ficar insistindo, pois só parece que está se desejando o pior.

          Eu desisti, ou chove e o paulista fica feliz, levando o problema sem nenhuma solução para mais algusn anos, ou não chove e eles que se fritem!

          1. chuva

            Blz maestro.

             Não é que o paulista não escuta as criticas. Ele escuta. Mas fazer o que? A unica forma que temos como se expressar é atravez das eleições de 4 em 4 anos, e sabemos que a politica atual não tem representatividdade alguma. O negocio ficou no oito ou oitenta, se a calamidade se instalar e bem possivel de exilarem o alkimin para o deserto, senão vai se levando.

            E mais na hora de votar, votar em quem?

            Vota-se no menos pior, pra variar.

            Abraço

  3. O grande problema é trazerem americanos para mentir.

    Não sei se a Califórnia fica nos USA, mas se ela fica então a afirmação “nenhum grande reservatório de água nos EUA chegou a um nível tão baixo quanto foi feito em São Paulo;” é uma grande mentira.

    Os USA tem sérios problemas de abastecimento e de prioridade de abastecimento, logo o nosso professor está mentindo.

    Na Califórnia existe o mesmo problema do uso da água por grandes empresas e falta para a população em geral. 80% do consumo da California é para agricultura (grande parte ainda trabalhando por inundação) e 50% do consumo urbano é utilizado para regar os jardins.

    Logo os USA não tem nada para ensinar ao Brasil. Se eles não resolvem os seus problemas por que resolveriam os nossos?

    Fotos de reservatórios na Califórnia:

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    1. “o volume morto normalmente não é utilizado, como aqui”

      “Nas secas dos EUA, o volume morto não é utilizado como em São Paulo”

      Leu direitinho a matéria? Uma “beleza” a defesa que você faz da administração tucana e do complô armado pela imprensa para proteção do picolé de xuxu. 

      Tudo porque foi um americano que mostra o descaso, a incompetência, o escárnio com que a classe dominante trata a população brasileira. São Paulo está colhendo água do lodo, está usando volumes ‘negativos’ dos reservatórios, mais baixos que isso, só quando estiverem zerados.

      A área metropolitana está na iminência de um colapso de abastecimento e a população não está sendo alertada do risco que corre. É como se o paciente estivesse em coma na UTI e a equipe médica dissesse aos familiares, que ele tem um resfriadinho ligeiro. Não está em discussão na matéria se os reservatórios de lá ficam ou não, mais baixo do que aqui. O que se discute é quando e como a população é alertada, sobre os riscos que estão sujeitas. Nesse aspecto, somos governados com o método José Serra: no limite da irresponsabilidade; e na base do Princípio de Ricúpero: O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde …

  4. O ministério público não

    O ministério público não deveria intervir, já que é gritante a irresponsabilidade dos administradores?

    Nínguém pode entrar com uma ação civil forçando o governo e a Sabesp apresentarem os números reais, privisões futuras e reais possibilidades de amenizar o colapso?

  5. Absurdo

    Não dá para entender como aumentam as tarifas e o pior, como repassam lucros a acionistas com serviço tão ruim, roubando recursos da SABESP era população.  Serviço público essencial deveria ser sempre prestado por empresas públicas e sem fins lucrativos.

  6. Porque já é tarde para São Paulo reagir.

    Se eu fosse religioso me plantaria a rezar, simplesmente porque neste momento esta é a única solução para São Paulo.

    Pedir plano de contingencia neste momento é tão ruim quanto não fazer nada, simplesmente porque na situação atual em São Paulo existe somente um único plano de contingência efetivo, o racionamento e seguir a legislação.

    Então qual é então o problema?

    Simples, Alckmin tremendamente mau assessorado apostou errado e neste momento ele pagou para ver e só falta o outro jogador mostrar as cartas.

    Neste caso há quatro cenários possíveis para o governo, quais sejam:

    1º) Cenário: Alckmin não faz nada e chove intensamente e prematuramente antes da água acabar por completo.

    Resultado: Ele é eleito o governador do ano que soube manter a calma e não acreditou nos alarmistas.

    2º) Cenário: Continua sem fazer nada e por alguns dias São Paulo fica completamente sem água, a cidade para por algum tempo (diríamos uma a três semanas), monta-se um mutirão de emergência com caminhões pipa de um lado para o outro, a polícia desce o sarrafo nos mais exaltados, e depois chove. 

    Resultado: Conforme os danos faz-se uma divulgação sensacionalista das ações do governo, publica-se com ênfase a ação dos “amotinados”, de preferência ligando-os ao PT e demais partidos de esquerda, e quem ganhar a batalha da comunicação sai vitorioso.

    3º) Cenário: No início o cenário é equivalente ao segundo, só que a seca se prolonga. O caos se instala, tropas federais são recrutadas e apesar da batalha de comunicação ser travada no início a favor de Alckmin, o fim é imprevisível, se ela é perdida no meio da seca, o governador tem que sair de helicóptero do Palácio Bandeirantes e é a desmoralização total do governo.

    4º) Cenário: Dentro de poucas semanas, devido a inevitabilidade da seca, é decretado estado de calamidade ou qualquer coisa do gênero. Entra em ação um racionamento controlado, que deve priorizar o consumo humano, e parte da indústria e do comércio fecha em São Paulo (férias coletivas). Prolongando-se ou não a seca, não haverá grandes motins e só a polícia militar de São Paulo, de uma forma mais truculenta do que de hábito reprime as manifestações. O governador por mais que lance uma batalha de comunicação, tem esta perdida desde o início, pois confessa tardiamente que poderia ter feito o racionamento antes sem provocar o caos econômico. Certamente Alckmin terá dificuldade em se eleger para síndico de prédio.

    Falando em termos de população a situação dos cenários para a população seriam os seguintes:

    O (1) seria o mais favorável.

    O (2) traria danos para a população mais pobre sem recursos e estes danos se aprofundariam conforme a seca se prolongasse tendendo ao (3).

    O (3) levaria ao caos político, econômico, social e mais algum que esqueci, levando ao estado de São Paulo a uma regressão econômica notável. Seria o caos para todos.

    O (4) seria o mais lógico e o mais seguro estatisticamente falando para a população.

    Como se vê é um jogo de pôquer, e está sendo jogado como tal na maior falta de espírito cívico e humanidade do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que para não perder politicamente está arriscando não só o seu futuro político, mas também a vida de milhares de paulistanos e a economia de todo um Estado.

    Conforme pode se ver, o governador está apostando alto, tanto com seu futuro como o pior, com o futuro da população de São Paulo. Para apostar da forma que está sendo feito Alckmin guarda algumas esperanças e quais seriam estas? A única possibilidade que poderia contar o Governador são dados de previsões climáticas no Brasil como o INPE em São Paulo faz, mas estes modelos não são nada confiáveis principalmente quando a antecipação passa de 15 dias, e em alguns modelos visualizados no dia de hoje (05/09/2015) as previsões para estes próximos 15 dias não são nada animadoras. Por outro lado ele pode confiar na presença do forte El Niño que se forma no Pacífico neste momento, porém as correlações não são mito fortes entre o El Niño e o clima na região Sudeste e principalmente há outro grande problema a temperatura do Atlântico Sul (SST) encontra-se numa situação meio indefinida e não se sabe direito como esta temperatura influencia as chuvas na região sudeste.

    Neste momento, com todas as incertezas, sem tempo para fazer qualquer intervenção de vulto em relação a captação da água em outros mananciais, só resta ao Paulista rezarem, para que o Governador tenha um surto de civismo e arrisque o seu futuro político e decrete o mais rápido possível um racionamento de fato e/ou que comece a chover mais cedo, se não ocorrer um dos dois sugiro que quem puder já reserve um quarto na casa de um parente longe de São Paulo.

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