Como deter o Estado Islâmico

Jornal GGN – Mesmo com a nova postura do Ocidente, o enfrentamento ao Estado Islâmico ainda deve trazer grandes dificuldades aos Estados Unidos. A organização é uma máquina eficaz de guerra e terror, com uma estrutura militar herdada de ex-oficiais de Saddam Hussein. Localizar os fanáticos no meio da população será tarefa difícil.

Enviado por Paulo F.

O problema é que o Califado mais que combatentes armados conquista a adesão de parte da população local.

Pode resumir em uma frase do autor do texto:

Bombardear colunas de viaturas militares é fácil nesta era de drones. Garantir que Mossul fica livre de fanáticos do Estado Islâmico é outro assunto.

Não há a possibilidade de usar a política de terra arrasada que Israel utiliza na Faixa de Gaza

Do Diário de Notícias de Lisboa

Como se decapita o Estado Islâmico?

Leonidio Paulo Ferreira

Se fosse um país, o Estado Islâmico (EI) perderia em horas a guerra com os Estados Unidos. Mas o território do tamanho de Portugal, a população de oito milhões e os 30 mil homens em armas são enganadores. E adivinha-se que apesar da nova estratégia de Obama, da solidariedade dos europeus e até da disponibilidade dos árabes para bombardearem os jihadistas, derrotá-los não será nada fácil.

Foi o avanço-relâmpago sobre Mossul em junho que revelou a força do EI. Não só conquistou a segunda cidade do Iraque como mostrou a fraqueza do exército, com soldados em fuga e a esquecer as armas. Sabia-se que era a reencarnação da Al-Qaeda no Iraque e que tinha aproveitado a guerra na Síria para mostrar serviço, atrair combatentes e alargar ambições. O mundo descobria uma eficaz máquina de guerra e de terror.

Suspeita-se que o génio militar venha de certos ex-oficiais do exército de Saddam. A invasão americana de 2003 deixou a minoria sunita encurralada, pois Bush filho mandou purgar as casernas e sanear a administração. O revanchismo dos xiitas, novos senhores de Bagdad, fez o resto. E aqueles que eram base de apoio do laico Saddam reconverteram-se em jihadistas.

Há aqui semelhanças com o que se passou no Afeganistão. Punidos após o 11 de Setembro pela aliança com a Al-Qaeda, os talibãs pareciam acabados quando o mullah Omar foi visto a fugir de moto, mas 13 anos depois controlam boa parte do país. A explicação é que a etnia pastune insiste em vê-los como bastião contra os líderes pró-América de Cabul. E distinguir entre talibãs e aldeãos é impossível.

Será esse, também, um dos desafios maiores no Iraque. Bombardear colunas de viaturas militares é fácil nesta era de drones. Garantir que Mossul fica livre de fanáticos do Estado Islâmico é outro assunto. Pode haver dez a 12 mil estrangeiros nas fileiras do grupo, até muitos europeus, mas a base da sua influência são os sunitas iraquianos, como Al-Baghdadi, o homem que proclamou já o califado e que não exclui reconquistar para o islão os Balcãs e a Península Ibérica.

Redação

29 Comentários

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    1. ué sao basicamente chinesas,

      ué sao basicamente chinesas, russas e americanas

      eles toma os arsenais dos depto de policia ou mesmo quarteis das regioes invadidas.

      e tem dinheiro para comprar no mercado negro, se tiver oferta podem se interessar em comprar pistolas ate da taurus ou armas e foguetes da avibras e dai?

      pergunta que parece interessante, mas nao leva a nada de util…

      1. Leônidas.

        Fiz a pergunta a comentaristas responsáveis que se informam

         Estado Islâmico combate com armas americanas, diz relatório

        g1.globo.com/…/estado-islamico-combate-com-armas-americanas-diz-rel…

        O grupo Estado Islâmico (EI) tem combatido com armas americanas apreendidas no exército iraquiano ou destinadas à oposição moderada ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (8) em Londres. (…)

        Entre as armas apreendidas, está uma “quantidade significativa” de rifles de assalto M-16, que caiu nas mãos dos jihadistas.

        Foguetes antitanques usados pelo EI na Síria são “idênticos aos foguetes M79 fornecidos pela Arábia Saudita às forças que operam sob a bandeira do Exército Sírio Livre”

  1. Sigam o dinheiro.

    Quem fornece armas e dinheiro para o EI é bem conhecido.

    O Rei dos Sunitas tem palácio na Arábia Saudita.

    Sem armas e dinheiro, o EI pode, no máximo, ser uma célula terrorista cometendo atentados como desde sempre.

    Detalhe, as armas que o EI utilizava são fabricadas em que país?

    1. Fogo amigo?

      O Reino é aliado de primeira hora dos EUA.

      Quando se  fornece “ajuda humanitária”  não importa a origem do “leite em pó”! Pode ser russo, chines ou made in USA!  AK-47 (de diversas origens)  são imbatíveis no quesito custo benefício!

      Veja como os britânicos relutam em apertar os parafusos, os mais velhos da casa sabem bem qual a leitura que se tem quando se faz um retrospecto das ações no Afeganistão, Aden e  no que o Iraque pós-Sadan se tornou.

       

    2. Mais importante ainda, eles

      Mais importante ainda, eles estão vendendo petróleo. Quem está vendendo para eles e quem está comprando? Curiosa situação.

  2. Agora Assad de fato corre

    Agora Assad de fato corre perigo…porque os EUA já avisaram que vão bombardear Iraque e Síria, sendo que o bombardeio à Síria será unilateral por parte dos EUA…em outras palavras, a desculpa perfeita para destruir o exército sírio e dar fim a Assad.

  3.  
    Ah! Ai é sacanagem de

     

    Ah! Ai é sacanagem de vosmecês. Claro que os fabricantes de armas são ocidentais do bem. Diria mesmo, que a até a santa do pau oco Maria Osmarina, os convocaria para participar das brigadas dos bons para governar os negócios do Itaú, digo, do Brasil S/A.

    Orlando

     

    1. Osmarina convocar os homens

      Osmarina convocar os homens de bem de lá!? Convocar!?

      A “Ghandi”, eu sei, é bem metidinha.

      Mas sabe quem manda.

      Se der um passo em falso com os “omi”, vai brincar de ecologia em Saturno.

       

  4. Esses caras do EI sao

    Esses caras do EI sao malucos. O verdadeiro muculmano tem nojo dessas caras. Mas a analogia do Sapo Cururu australiano trazida pelo colega Celio Mendes cai como uma luva.

    1. Talvez até sejam malucos.
      Mas

      Talvez até sejam malucos.

      Mas isso é só detalhe.

      O que importa mesmo é a guerra.

      Embora não descartado, com a Rússia  é mais complicado.

      Então, vai (sem nem ter vindo) de Oriente Médio mesmo, incluindo a Siria.

      O Irã é bem pertinho. De repente …

       

       

    2. Se o verdadeiro muçulmano tem nojo dos caras…

      …mostre-me mulás condenado-os?

      Por favor Francy pode utilizar o copie e cole, não é necessário transcrever as declarações…

  5. Só tem duas formas

    Só tem duas formas de deter o estado islâmico

    1. Murar a região inteira e não deixar ninguém entrar ou sair. Opa, não é isso que Israel faz em gaza?

    2. Acabar com o dinheiro, mudando a matriz energética de petróleo para qualquer outra e deixando de depender desse pessoal. Dificil hein?

    Parece que o autor de O Choque das Civilizações é que estava certo…

    1. Degolado não, decapitado

      Degola é o corte no pescoço, de um lado a outro, do lado de trás do pescoço. O esgorjamento é pela frente. Decapitar é a separação completa da cabeça do resto do corpo. O Estado Islâmico pratica decapitação, que é algo muito mais repugnante. E ainda divulga a imagem da cabeça cortada em cima do corpo da vítima.

      PS: Alguns dicionários trazem, incorretamente, os dois termos como sinônimos, sinal da queda de qualidade dos dicionários brasileiros, que já foram melhores.

  6. Comentário.

    Mais um texto daqueles “existe um pepino enorme pra descascar, mas vamos descascá-lo antes que descubram que a gente mesmo (sic) plantou”.

    Legal ler o trecho “minoria sunita encurralada”. Não explica tudo, mas é bastante interessante. O Iraque era um país de governo de minoria sunita frente a uma maioria xiita e esta minoria não teve remorso (assim como os Estados Unidos, seu apoiador de sempre) de fazer uma guerra contra o Irã. E, para piorar o problema, não esqueçamos do caso Irã-Contras. Este caso é tão complexo que parece teoria da conspiração.

    Por outro lado, é igualmente interessante que muitos soldados de origem alemã tenham se unido ao EI. Por qual motivo?

    Não esqueçamos que a Blackwater, empresa militar (leia-se, mercenária), atuou em treinamentos e operações militares no Oriente Médio. Nestes treinamentos, pelo menos um, de grandes proporções, aconteceu nos… Emirados Árabes Unidos. Afinal, um mercenário pode ganhar, por dia, por volta de US$ 1400,00.

    Bem, Maquiavel já tinha avisado: confiar em um exército mercenário é uma grande roubada. E se o “outro lado” pagar mais? E se “outro lado” for criado?

  7. Esse história me lembra a do

    Esse história me lembra a do sapo cururu, na década de 30 os australianos estavam tendo problemas com uma praga de besouros que estava destruindo suas plantações de cana, alguem teve a brilhante ideia de introduzir esse voraz predador de insetos para dar cabo dos besouros, a ideia até que funcionou porém os sapos se espalharam e viraram uma nova praga, o EL é fruto da intervenção ocidental na região, veremos que novas pragas serão produzidas no afã de eliminar o EL.

    1. O EI nao é fruto do

      O EI nao é fruto do Ocidente

      E  fruto de uma sociedade regida por uma religiao totalitaria 

      Onde há religião totalitaria ela é usada por grupos radicais que de loucos nao tem nada.

      Onde estavam os hmens bombas e os fanaticos mulçumanos quando Saddan dava as cartas no Iraque ou Assad nao estava encurrado pelo ocidente?

      São loucos pero no mutcho

      E tudo sem vergonhice, usam boçais fanaticos como bucha de canhao para atraves da religião exercer interesses de poder.

      Os mulçumanos se matam uns aos outros desde o sec VIII e nao é necessario ocidente nenhum para isso acontecer.

      Se matam ate mesmo detnro de mesquitas!

      Essa conversa mole que a culpa da existencia desses radicais seja o ocidente é coisa de esquerdistas raso…

      1. O terrorismo sunita também é criação ocidental.

        As organizações terroristas árabes surgidas na metade do século passado não eram ligadas ao islamismo. Assassinos como Yasser Arafat ou Georges Habache eram marxistas-leninistas e criaram os seus grupos homicidas com o rótulo de movimentos de libertação. Mesmo considerando que as suas práticas tinham semelhanças com as de hoje não se comparam em escala ou objetivos concretos.

        O uso do islamismo com fins políticos não difere do cristianismo da baixa idade média e da era moderna. A dicotomia xiitas x sunitas é em essência bem próxima da católicos x protestantes. Esta disputa no oriente médio não foi determinante para a criação da al-qaeda e do estado islâmico. A real incubadora é a monarquia saudita sob o beneplácito dos EUA/OTAN.

        O ressurgimento da jihad pode ser estabelecido com clareza: Afeganistão, década de 1980. Comandados pelos EUA os países ocidentais enviaram armas e forneceram armas e outros recursos para os então denominados mujahedin, ou lutadores da liberdade segunto o então presidente americano Ronald Regan. Quem eram esses homens? Fanáticos doutrinados pelas madraças wahabistas financiadas pela família Saud e aliados, em todos os países islâmicos de maioria sunita. Enquanto praticavam na época atos idênticos aos do EI os defensores dos direitos humanos ocidentais nada diziam, pior ainda, possuiam “observadores” no local e davam apoio logístico. As vítimas eram comunistas ou aliados, então… tudo bem. Melhor um terrorista muçulmano que um vermelho.

        Após a derrota soviética os guerreiros da liberdade sentiram-se fortalecidos. Afinal foram os heróis que desferoram o golpe no focinho do urso. Como eram elementos absolutamente fanáticos partiram para novos objetivos sob a ótica islâmica. A restauração do califado. Atentados ocorreram em vários países, mesmo assim os ditos países ocidentais fixaram-se nas pessoas que os cometiam e não em quem os inspiravam e financiavam. O único vôo que decolou dos EUA em 11/09/2001 transportava justamente estes e os seus familiares de volta ao oriente médio, com a concordância do presidente Bush.

        Mesmo sabendo por experiências anteriores que não conseguiriam controlar novamente os cães do inferno após soltos, repetiram o erro. Recomeçaram com o apoio à chamada primavera árabe, desde o início fomentada por grupos religiosos contra regime laicos. Neste caso vamos deixar o Estado ditatorial de lado, afinal o substituto é ainda pior.

        As chamas do levante varreram inicialmente a Tunísia, a Líbia e o Egito. EUA, UE e OTAN preferiram assistir a queda do antigo aliado Mubarak para ver o fim do não confiável Kadafi. Ainda com a perspectiva de um prêmio extra, um levante sunita na Síria contra o regime de Al-Assad que é da minoria alauíta. Além de ser um dos principais aliados da Rússia na região, inclusive permitindo a existência da única base naval russa no Mediterrâneo, em Tartus. Para que isto ocorresse financiaram não apenas adversários políticos, mas principalmente os religiosos. Estes com possibilidade de obterem maior apoio popular, tendo em vista que o nosso conceito de democracia não é bem visto pela grande maioria da população apegada à sua fé, pois para eles representaria a dissolução da sua sociedade tradicional, como viram ocorrer na América do Norte e na Europa.

        Aqui faço um parênteses. Continuo considerando Bashar Al-Assad um tirano, digno da forca, mas os que contra ele combatem são muito piores.

        Após a deflagração da guerra civil síria as monarquias do golfo e os seus aliados da OTAN, com EUA e Turquia à frente, enviaram não apenas os homens, como dinheiro, armas e profissionais para os treinamentos. Campos foram erguidos na Jordânia e na Turquia para o adestramento.

        Desde 2012 são inúmeros os casos de limpeza étnica (religiosa) praticados pelos adversários da ditadura síria. Cristãos, drusos e alauítas foram sistematicamente expulsos ou exterminados em todas as áreas que passaram a controlar. A exceção de alguns poucos jornalistas e organizações que denunciaram o genocídio os membros da nova coalização, comandada pelo Hussein Obama, nem mesmo comentavam as atrocidades.

        Mesmo antes da debandada do covarde exército de Bagdá os armamentos utilizados pelo estado islâmico era OTAN, não se via AK-47 empunhados pelos treinados pelo U S Army. Os que são informados pela grande mídia tomaram conhecimento da barbárie apenas após o levante no Iraque, e a consequente desestabilização do protetorado Yankee. O que eles começaram a fazer lá ja praticavam na Síria com o beneplácito ocidental, mas tudo bem… as vítimas eram aliadas dos russos.

        A jihad nos últimos quatrocentos anos era mais um tópico de interesse acadêmico ou teológico do que uma realidade. Poucas vezes utilizada, embora latente. A sua recente instrumentalização pelos sunitas teve no início o incentivo ocidental e jamais foi seriamente combatida como movimento. As críticas retóricas eram cuidadosamente elaboradas para não ferirem os donos do petróleo e suas idiossincrasias.

        Um dos costados estado islâmico possui DNA anglo-saxão.

         

         

  8. “Como deter o Estado

    Como deter o Estado Islâmico

    eu acho que papa francisco mais rei-santo luís IX mais obama mais cameron mais putin mais rede globo devem lançar um régio édito papal ocidental conclamando fieis tô de boa e doadores dizimistas fieis para arregimentar armar e marchar com uma poderosíssima sagrada décima cruzada, a definitiva da vida inteligente no planeta Terra, contra os sarracenos infieis e seus suntuosos poderosos califados das mil e uma noites…

  9. O terrorismo sunita também é criação ocidental

    As organizações terroristas árabes surgidas na metade do século passado não eram ligadas ao islamismo. Assassinos como Yasser Arafat ou Georges Habache eram marxistas-leninistas e criaram os seus grupos homicidas com o rótulo de movimentos de libertação. Mesmo considerando que as suas práticas tinham semelhanças com as de hoje não se comparam em escala ou objetivos concretos.

    O uso do islamismo com fins políticos não difere do cristianismo da baixa idade média e da era moderna. A dicotomia xiitas x sunitas é em essência bem próxima da católicos x protestantes. Esta disputa no oriente médio não foi determinante para a criação da al-qaeda e do estado islâmico. A real incubadora é a monarquia saudita sob o beneplácito dos EUA/OTAN.

    O ressurgimento da jihad pode ser estabelecido com clareza: Afeganistão, década de 1980. Comandados pelos EUA os países ocidentais enviaram armas e forneceram outros recursos para os então denominados mujahedin, ou lutadores da liberdade segundo o então presidente americano Ronald Regan. Quem eram esses homens? Fanáticos doutrinados pelas madraças wahabistas financiadas pela família Saud e aliados, em todos os países islâmicos de maioria sunita. Enquanto praticavam na época atos idênticos aos do EI os defensores dos direitos humanos ocidentais nada diziam, pior ainda, possuiam “observadores” no local e davam apoio logístico. As vítimas eram comunistas ou aliados, então… tudo bem. Melhor um terrorista muçulmano que um vermelho.

    Após a derrota soviética os guerreiros da liberdade sentiram-se fortalecidos. Afinal foram os heróis que desferiram o golpe no focinho do urso. Como eram elementos absolutamente fanáticos partiram para novos objetivos sob a ótica islâmica. Visavam a restauração do califado. Atentados ocorreram em vários países, mesmo assim os ditos países ocidentais fixaram-se nas pessoas que os cometiam e não em quem os inspiravam e financiavam. O único vôo que decolou dos EUA em 11/09/2001 transportava justamente estes e os seus familiares de volta ao oriente médio, com a concordância do presidente Bush.

    Mesmo sabendo por experiências anteriores que não conseguiriam controlar novamente os cães do inferno após soltos, repetiram o erro. Recomeçaram com o apoio à chamada primavera árabe, desde o início fomentada por grupos religiosos contra regime laicos. Neste caso vamos deixar o Estado ditatorial de lado, afinal o substituto é ainda pior.

    As chamas do levante varreram inicialmente a Tunísia, a Líbia e o Egito. EUA, UE e OTAN preferiram assistir a queda do antigo aliado Mubarak para ver o fim do não confiável Kadafi. Ainda com a perspectiva de um prêmio extra, um levante sunita na Síria contra o regime de Al-Assad que é da minoria alauíta. Além de ser um dos principais aliados da Rússia na região, inclusive permitindo a existência da única base naval russa no Mediterrâneo, em Tartus. Para que isto ocorresse financiaram não apenas adversários políticos, mas principalmente os religiosos. Estes com possibilidade de obterem maior apoio popular, tendo em vista que o nosso conceito de democracia não é bem visto pela grande maioria da população apegada à sua fé, pois para eles representaria a dissolução da sua sociedade tradicional, como viram ocorrer na América do Norte e na Europa.

    Aqui faço um parênteses. Continuo considerando Bashar Al-Assad um tirano, digno da forca, mas os que contra ele combatem são muito piores.

    Após a deflagração da guerra civil síria as monarquias do golfo e os seus aliados da OTAN, com EUA e Turquia à frente, enviaram não apenas os homens, como dinheiro, armas e profissionais para os treinamentos. Campos foram erguidos na Jordânia e na Turquia para o adestramento.

    Desde 2012 são inúmeros os casos de limpeza étnica (religiosa) praticados pelos adversários da ditadura síria. Cristãos, drusos e alauítas foram sistematicamente expulsos ou exterminados em todas as áreas que passaram a controlar. A exceção de alguns poucos jornalistas e organizações que denunciaram o genocídio os membros da nova coalização, comandada pelo Hussein Obama, nem mesmo comentavam as atrocidades.

    Mesmo antes da debandada do covarde exército de Bagdá os armamentos utilizados pelo estado islâmico era OTAN, não se via AK-47 empunhados pelos treinados pelo U S Army. Os que são informados pela grande mídia tomaram conhecimento da barbárie apenas após o levante no Iraque, e a consequente desestabilização do protetorado Yankee. O que eles começaram a fazer lá ja praticavam na Síria com o beneplácito ocidental, mas tudo bem… as vítimas eram aliadas dos russos.

    A jihad nos últimos quatrocentos anos era mais um tópico de interesse acadêmico ou teológico do que uma realidade. Poucas vezes utilizada, embora latente. A sua recente instrumentalização pelos sunitas teve no início o incentivo ocidental e jamais foi seriamente combatida como movimento. As críticas retóricas eram cuidadosamente elaboradas para não ferirem os donos do petróleo e suas idiossincrasias.

    Um dos costados do estado islâmico possui DNA anglo-saxão. Com ancestrais gerados em Langley.

     

  10. Esse negócio de decapitar os outros nunca deu certo

    Questão de tempo começarem a cortar a cabeça uns dos outros. As divergências entre os líderes serão resolvidas na base da decapitação. Quem negocia com quem decapita os outros? Não existe a menor possibilidade. Naturalmente, é um tipo de atuação fadada ao fracasso. Quem decapita tende a ser morto pelos próprios antigos aliados, inclusive decapitado como forma de libertação. A tendência é superar isso. O ato é tão repugnante que ele não suscita confianças. Nem mesmo dos aliados. Na primeira oportunidade, eles se livram do decapitador, até para preservarem a própria cabeça.

  11. Os três jornalistas em nenhum momento mostraram medo

    Muita dignidade de todos os três. Pode ser que algo tenha sido dado a eles antes de gravarem as imagens. Alguma substância tranquilizadora. Pode ser que por isso eles se submetam aquilo com tanta serenidade, mesmo sabendo que vão ser decapitados a sangue frio. Pode ser uma alta dose de morfina, para não sentir dor ou pavor, por aí. Negócio sério. É uma coisa muito grave. Os caras filmam a decapitação, friamente praticada com uma faca não muito grande, e ameaçam os países. Violação grotesca dos direitos humanos, exibida para todo o mundo. Negócio altamente violento, audacioso, aviltante. E inócuo. Ninguém vai se intimidar com isso. Ao contrário, incentiva a retaliação e a impopularidade do grupo, o mais odiado do mundo hoje.

  12. IS: uma variante fundamentalista fora de controle?
    IS: uma variante fundamentalista fora de controle ou um elemento da estratégia do Ocidente no Oriente Médio?ImprimirE-mailEscrito por Achille Lollo, de Roma para o Correio da Cidadania   Quarta, 10 de Setembro de 2014O vídeo com a brutal degolação dos jornalistas estadunidenses James Foley e Steven Sotloff, realizada friamente pelo carrasco do IS, “John”, permitiu às “excelências” da Casa Branca voltarem ao cenário do Oriente Médio para impedir que possíveis modificações políticas e territoriais possam afetar o papel geoestratégico de Israel, da Arábia Saudita e da Turquia. Países que representam a base de sustentação da geopolítica dos Estados Unidos e dos interesses das transnacionais no Oriente Médio.

    Foi nesse âmbito que o presidente dos EUA, Barack Obama, no primeiro dia da reunião dos chefes de Estado dos países da OTAN, realizada na cidade britânica de Newport, promoveu a formação de uma aliança internacional que, na realidade, se parece mais uma “cruzada do Ocidente” contra o mundo islâmico, personificado “ad hoc” pelo IS (Estado Islâmico), que antes era o Califado do Iraque e do Levante chamado ISIL. Em Newport, Obama salientou que “finalmente a OTAN irá definir as novas missões estratégicas nas frentes da Ucrânia, da Síria e do Iraque, onde a segurança do Ocidente foi ameaçada”. Para depois admitir: “o ISIL é uma perigosa ameaça para todos e na OTAN estamos devidamente convencidos de que chegou a hora de enfraquecer e destruir o ISIL”.

    Uma cruzada que permitirá aos governos dos países da OTAN legitimar a participação das respectivas forças aéreas nas missões de reconhecimento, de bombardeio a tapete, bem como nos ataques ao sol com drones, em diferentes regiões do Iraque e da Síria a partir das bases militares da Turquia, da Jordânia, da Arábia Saudita e do Kuwait. De fato, o Secretário do Departamento de Estado dos EUA, John Kerry, foi explícito em afirmar: “devemos formar uma coalizão mais ampla possível sem, porém, intervir com unidades de infantaria, atacando o IS com a força aérea, tendo por objetivo impedir que ampliem suas posições. Por isso, devemos também reforçar as forças armadas iraquianas e, também, os curdos que estão dispostos em combater o IS”.

    Guerra sem prisioneiros?

    A resposta a esse quesito a encontramos nas frases proferidas em Newport, primeiro pelo presidente Obama e depois pelo Secretário do Departamento de Estado, John Kerry. De fato, o presidente preferiu recorrer aos chavões eleitorais (“devemos criar uma aliança para enfraquecer e destruir o ISIS”), enquanto Kerry, talvez mais realista, falou sobretudo em limitar o poder do IS (“impedir que eles ampliem suas posições”).

    Para muitos analistas, a posição de John Kerry faz supor que por debaixo do tapete existe um plano “B” que, em troca da paz, prevê uma redefinição territorial no Iraque e na Síria, onde o IS poderá existir em um território de quase 90.000 quilômetros quadrados e com uma população sunita de quase oito milhões de pessoas, distribuídas na região iraquiana de Al Anbar e nas regiões sírias de Day As Zawr, Al Hasakah e parte de Ar Raqqah. Regiões com muitas reservas de gás e de petróleo e por onde transitam os oleodutos e gasodutos dos dois países para a Turquia.

    Esta conjectura política tem como base a análise etimológica das afirmações de Obama, que se refere apenas ao ISIL, a antiga sigla do movimento jihadista de Abu Bakr Al Baghdadi, cujo objetivo era a criação de um Califado sem uma definição territorial específica. Por sua parte, John Kerry usa o termo IS, isto é, Estado Islâmico, que o seu fundador, Abu Bakr Al Baghdadi, proclamou após a conquista da região central do Iraque, Al Anbar, quase nos limiares das cidades de Mossul e de Kirkut, já em território curdo.

    Seguindo essa lógica, o IS poderia ser interpretado como o novo Estado Islâmico dos sunitas iraquianos e sírios. Um Estado que os estrategistas do Pentágono, bem como os fieis e ricos aliados do Golfo (Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Bahrein), sempre acharam necessário para reduzir a hegemonia do Irã, minimizar a força dos xiitas no Iraque e no Oriente Médio e, consequentemente, contribuir na derrota do regime alauíta de Bashar al-Assad na Síria.

    Porém, no passado, isto é, durante os oito anos da ocupação estadunidense do Iraque, o projeto de criar um estado sunita foi rejeitado por duas vezes pelos chefes da então APC (Autoridade Provisória da Coligação), Paul Bremen e depois David Petraeus, que de forma decisiva desaconselharam a criação de um Estado sunita em função dos acordos que haviam feito com as lideranças da maioria xiita, desde sempre contrárias em dividir o poder com os sunitas e tampouco dar-lhes mais autonomia política ou permitir o surgimento do próprio Estado sunita.

    Aliás, o general George Casey, comandante das forças multinacionais no Iraque, em agosto de 2006, alertava o presidente Bush que, caso o governo estadunidense tivesse implementado a formação de um Estado sunita no Iraque, a maioria xiita – que representa 62% da população, 18 milhões de pessoas – teria realizado uma insurreição geral em Bagdá e no sul do país, com a explosão de uma sangrenta guerra civil. Por isso tudo, a Casa Branca optou pela solução mais segura, que lhe permitisse sair do Iraque em 2011, após oito anos de sangrenta ocupação.

    Entretanto, o elemento mais controverso disso tudo é a maneira como o presidente do EUA, Barack Obama, pretende “destruir o ISIL”, usando, apenas, os bombardeios a tapete e os ataques dirigidos pelos drones, que na realidade são, apenas, uma componente estratégica no planejamento de uma operação de guerra de alto nível. De fato, a história mais recente dos ataques do exército sionista contra as posições do Hamas em Gaza demonstra, sem sombra de dúvidas, que o potencial bélico das brigadas do Hamas será aniquilado somente quando os batalhões das tropas especiais israelenses, apoiados pela força aérea, puderem varrer, devidamente, todas as casas, todos os túneis, todos os bairros, todas as fazendolas – enfim, quando todo o território de Gaza for “peneirado” pelos soldados israelenses. Uma operação que, na realidade, não é simples e que implica o risco de sofrer muitas baixas por causa do que os militares chamam “Efeito Stalingrado”.

    Um risco que os generais do exército sionista não quiseram correr mais após a morte de dois oficiais e de 46 soldados. De fato, entrar nos arredores de Gaza City significa perder a imagem da invencibilidade que, em termos políticos e diplomáticos, permite ao governo sionista de Benjamin Netanyahu atacar Gaza e os palestinos quando e como quer.

    O mesmo aconteceu na Síria, onde a cidade de Homs, apesar dos intensos bombardeios aéreos, foi libertada pelos soldados do exército regular sírio somente após dois anos de duros combates urbanos.

    Portanto, se os bombardeios dos F-16 estadunidenses e britânicos permitiram aos combatentes curdos (peshmergas) retomar a barragem e a cidade de Mossul, também resultou evidente que os combatentes do IS conseguiram se recompactar para além da localidade de Tal Kayf, consolidando assim a nova fronteira do IS, anunciada em julho por Abu Bakr Al Baghdadi.

    Nessa cruzada, a mídia ocidental tem um papel fundamental, do momento que caberá à CNN, Fox, BBC, Reuters, AFP, RAI etc. manipularem as informações para tranquilizar os ouvintes europeus e estadunidenses. De fato, é nessa lógica que jornais, revistas e TVs começaram a enfatizar o uso massivo do potencial bélico dos países da OTAN, juntamente da reorganização dos peshmergas curdos em molde de exército regular e o fornecimento de mais armas para o exército do Iraque.

    O verdadeiro problema disso tudo é saber em que medida e até quando as operações militares continuarão. Será uma guerra relâmpago ou se instalará um conflito de posição?

    Um questionamento que muitos gostariam de fazer a Barack Obama, no momento em que os 96 “raids” realizados pelos caças-bombardeiros dos EUA, no mês de agosto, bloquearam o avanço triunfal das brigadas do IS em direção à capital Bagdá, porém, não impediram consolidação da presença militar do IS no interior da região iraquiana de Al Anbar. Uma região onde as tribos de beduínos sunitas (os nômades e os fellahin, agricultores) são quase cinco milhões de pessoas que, agora, apoiam os combatentes do IS, também em virtude da renda mensal que o IS ofereceu aos chefes tribais.

    Por isso, as manobras diplomáticas e as batalhas campais que se realizarão nos meses de outubro e novembro serão decisivas para averiguar como a opinião pública dos países ocidentais e do mundo árabe reagirá diante dos efeitos militares dessa “guerra sem prisioneiros”, desejada e imposta pelos Estados Unidos e os países da OTAN.

    Quem apoia os IS?

    Oficialmente, nenhum governo do Oriente Médio apoia o IS e, também, nenhum emir, príncipe ou ricaço árabe defende publicamente a criação de um Califado no Iraque e na Síria. Porém, o ex-primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, logo após o ataque do IS contra as cidades de Kirkut e de Mossul – de onde foram roubados 462 milhões de dólares e 80 kg de lingotes de ouro da local agência do Banco Central Iraquiano –, acusou a Arábia Saudita, o Kuwait, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein de terem apoiado financeiramente os homens de Abu Bakr Al Baghdadi, enquanto o Catar e a Turquia, além do suporte financeiro, deram ao então ISI, depois ISIL e agora IS, também o suporte logístico e militar. Por exemplo, as milhares de caminhonetes Toyota e Mercedes, que o IS utilizou para avançar contra as cidades de Mossul e Kirkut no mês de julho, foram importadas através da intermediação de empresas da Turquia, com o beneplácito do serviço de inteligência turco, o MIT.

    A mesma fonte denunciou que o IS, através de empresas fantasma do Catar, da Turquia e israelenses, vende o barril de petróleo a US$ 33,00, enquanto no mercado é cotado a 105 dólares. O mesmo acontece com o gás que é bombeado na Síria e que chega à Turquia através dos gasodutos que passam pelos territórios ocupados pelo IS.

    A este propósito, os partidos turcos da oposição, na semana passada, denunciaram o governo de Erdogan por ter negociado com o IS a compra do petróleo iraquiano roubado por um valor de 800 milhões de dólares, equivalente a 4% do consumo nacional.

    Além disso, desde fevereiro a Turquia compra o gás que na Síria é extraído pela Conoco em Deir Ezzor e que, como o petróleo, deveria ser embargado nos terminais petrolíferos do porto turco de Ceiban. Antes desse período, a Turquia comprava o gás sírio, pagando 60.000 dólares por semana ao representante da Frente Al Nusra, que havia ocupado os campos petrolíferos de Deir Ezzor. Depois os combatentes do ISIL expulsaram os antigos aliados e começaram a negociar com os emissários do governo turco.

    Aliás, a partir de 22 de maio, também os autonomistas do Curdistão começaram a vender para uma “desconhecida companhia europeia” uma parte do petróleo que conseguem desviar do triângulo petrolífero de Baiji, na região de Kirkut. Com a cumplicidade da empresa turca Betas, que gerencia os “pipelines”, cerca de um milhão de toneladas de petróleo chegam diariamente ao porto turco de Ceiban, onde os navios-tanques da companhia de navegação Palmali Shipping & Agency JSC, cujo proprietário é o turco Mubariz Gurbanoglu, vão vender o “ouro negro” no mercado livre europeu de Roterdã.

    Segundo cálculos aproximados, o IS e os autonomistas curdos estariam ganhando, cada um, um milhão de dólares por dia, graças à intermediação da Aramco. De fato, a transnacional estadunidense-saudita encobre as operações de venda do IS e dos curdos, dando a entender aos mercados que, na realidade, não se trata de petróleo roubado do Iraque, mas, sim, do aumento de suas cotas de produção na Arábia Saudita. Uma mentira legitimada pelo próprio governo saudita, que camuflou essa operação anunciando, em 15 de junho, que a produção de petróleo saudita aumentará de 10 para 15 milhões de barris por dia!

    No dia 18 de junho, durante a reunião, em Moscou, dos países produtores e exportadores de gás e petróleos, a Síria denunciou que a transnacional Exxon-Mobil (de propriedade da família Rockfeller e associada ao emir do Catar) vende no mercado “livre” o petróleo e o gás roubado na Síria pela Frente Al Nusra, enquanto o Irã acusou a Aramco (EUA/Arábia Saudita) de vender o petróleo iraquiano desviado pelo IS e os autonomistas curdos. Mesmo assim, não houve nenhuma medida coercitiva contra as referidas transnacionais e contra os bancos e as companhias de navegação que participam nesse negócio. Por qual motivo?

    A resposta vem do “documento reservado” (revelado por Wikileaks) e firmado em 2009 por Hillary Clinton, então Secretário do Departamento de Estado, em que a Arábia Saudita era denunciada “por ser uma importante base de sustentação financeira para a Al-Qaeda, os Talibans (do Afeganistão)… Além disso, os doadores individuais da Arábia Saudita representam a fonte mais importante de financiamento para os grupos terroristas sunitas no mundo”. De fato, o príncipe saudita Bandar bin Sultan, também chefe dos serviços secretos da Arábia Saudita e responsável pela segurança pessoal do rei, Abdallah bin Abdul Aziz Al-Saud, é quem define a maior parte dos financiamentos do Estado saudita para os grupos sunitas, além de ter o pleno conhecimento sobre as operações financeiras realizadas pelos doadores sauditas em favor do IS e de outras formações sunitas.

    Outro importante financiador do “terrorismo sunita” é o Kuwait, que segundo a Brooking Institutions foi quem financiou na Síria a formação das primeiras brigadas salafitas “Jahbat al-Asala wa al-Tanmiya”, “Ahrar al-Sham” e “Jabhat al-Nusra”, em 2011. Mas o fluxo de “petrodólares” do Kuwait continuou também quando os salafitas se juntaram aos jihadistas da Frente Al Nusra, para depois integrar as fileiras do ISIL, quando Abu Bakr Al Baghdadi rompeu com Al Qaeda, mandando assassinar Abu Mohammad al-Ansari, líder da Frente Al Nusra. Enfim, quando Abu Bakr Al Baghdadi assumiu a liderança dos grupos jihadistas da Síria e do Iraque, o emir do Kuwait, Sabah IV Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, renovou a linha de financiamentos em favor do ISIL, não obstante alguns conselheiros terem-no lembrando de que as violências desumanas dos homens do ISIL contra os presos civis desqualificavam o Islã.

    Por último, temos o Catar, que possui a terceira reserva mundial de gás e é liderado pelo emir Tamim bin Hamad Al Than, que no ano passado realizou um golpe de Estado contra o próprio pai, para disputar a liderança dos sunitas no Oriente Médio.

    Por isso, após ter rompido com a Arábia Saudita, começou investindo cinco milhões de dólares na criação do partido da Irmandade Muçulmana, do partido salafita e dos grupos jihadistas na Líbia. Depois, para contrastar os sauditas, entre 2011 e 2013, depositou três milhões de dólares na conta corrente de Abu Mohammad al-Ansari, para organizar e armar a Frente Al Nusra, principal grupo armado oposto ao Exército Livre Sírio, criado com o dinheiro da Arábia Saudita e monitorado pela CIA.

    Diante desse cenário, resulta evidente que a guerra civil na Síria, a evolução do IS e a legitimação dos curdos são um jogo de cartas marcadas, do momento que os principais produtores e exportadores de petróleo e de gás do Golfo (Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar) são também os principais financiadores dos grupos terroristas e, ao mesmo tempo, os principais aliados dos Estados Unidos, da Grã Bretanha e de Israel no Oriente Médio. Sem esquecer que são também os fieis parceiros das transnacionais petrolíferas, que exercem uma grande influência na mídia ocidental e nos respectivos governos, inclusive a Casa Branca.

    Um contexto geopolítico no qual a opinião pública mundial, mais uma vez, está sendo influenciada e manipulada em favor de quem está articulando “o jogo de cartas no Oriente Médio”.

    Vejam, por exemplo, o “incorruptível” Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, conhecido mundialmente por ter emitido um mandato de captura contra Kadafi e seus filhos, logo após o ataque aéreo franco-britânico por “crimes contra a humanidade”. Pois esse Procurador do TPI, mesmo solicitado a intervir, engavetou a revelação do jornal britânico The Telegraf, que em 14 de abril de 2014, ao citar fontes dos serviços de inteligência ocidentais, acusava o serviço secreto da Turquia (MIT) de ter provocado, juntamente aos homens da Frente Al-Nusra e do ISIL (naquele tempo aliados), a explosão dos barris com gás sarin e, assim, forçar a intervenção armada dos EUA e dos países membros da OTAN contra a Síria. Esse “ensaio” provocou, em 21 de agosto de 2013, a morte de 1.729 moradores da cidade síria de Ghouta na região de Rif Dimash, que a mídia ocidental e árabe fizeram recair, injustamente, sobre o exército de Bashar Al Assad. Além disso, Luis Moreno-Ocampo nunca se pronunciou contra o primeiro-ministro da Turquia, Erdogan, por ter cometido o crime de receptação do petróleo roubado do Iraque e associação com os terroristas do IS.

    Nesse contexto, o elemento mais contraditório e até ridículo se deu na reunião em Newport dos chefes de Estado da OTAN, na qual o presidente Obama pediu também a Turquia para integrar a “Cruzada do Ocidente” e destruir o IS, mesmo sabendo que o primeiro-ministro turco Erdogan é o líder de um país governado por um partido islâmico que apoia totalmente a IS, a ponto de permitir que empresas e bancos turcos intermediem a compra de armas, explosivos e suprimentos, enquanto os foguetes e os projéteis para as armas pesadas (canhões e tanques) são diretamente transacionados pelos próprios serviços secretos!

    Conclusões

    1) O IS é parte integrante da geoestratégia do imperialismo estadunidense, que, por ser demasiado insegura e vacilante em termos políticos, na prática oscila entre as diferentes posições tentando, sempre, compor a solução que mais garanta os interesses dos EUA. Em muitos casos, essa prática se transformou em tragédia, tal como aconteceu na Somália, na Líbia, no Sudão, na Síria e agora no Iraque.

    2) O atual líder do IS, Abu Bakr Al Baghdadi, em 2005, depois de integrar o grupo armado jihadista “Jama’at al-Tawhid wal-Jihad”, criado em 2004 em Bagdá, foi acusado de atividade terrorista pela inteligência militar estadunidense e encarcerado na prisão especial de Camp Bucca, em Umm Qasr. Porém, segundo o ex-ministro iraquiano, Nouri al Malik, em 2009, a pedido de oficiais da CIA, ele foi solto. Um ano depois, em 16 de maio, Abu Bakr Al Baghdadi reivindicou em Bagdá os primeiros atentados do ISI (Estado Islâmico do Iraque) contra os xiitas. Em 2011, chefiava os “bomb-men” que se sacrificavam realizando sanguinários atentados suicidas em Mossul, desta vez reivindicados pelo ISIL. Foi desse momento que Abu Bakr Al Baghdadi começou a divulgar sua aliança com Al Qaeda e a ideia de recriar o antigo califado islâmico, que nos anos 600 e 700 estendia suas fronteiras do Líbano até o sul do Iraque.

    Depois disso, a maior parte dos homens do ISIL, cerca 1.000 combatentes, se transferiu para a Síria e integraram a Frente Al Nusra. Em 2013, Abu Bakr Al Baghdadi rompeu com Al Qaeda e mandou assassinar o líder da Frente Al Nusra. Assim, começou o planejamento da invasão do Iraque.

    Segundo o analista Hisham al-Hashimi, a CIA acredita que o número de combatentes do IS não chega a 15 mil homens. Porém, dos 12.000 voluntários islâmicos estrangeiros que nos últimos anos foram combater na Síria, agora mais de 60% estariam nas fileiras do IS, tendo participado nos ataques às cidades de Mossul e Kirkut.

     

    3) Segundo o jornal britânico” The Economist”, 80% dos voluntários estrangeiros jihadistas (europeus, chechenos, argelinos, líbios, egípcios, bósnios, filipinos etc.), que entre 2011 e 2013 estavam lutando na Síria nas fileiras da Frente Al Nusra, ingressaram no ISIL quando Bakr Al Baghdadi lançou o manifesto de atacar o Iraque. Agora, a partir de 2013, o ISIL e depois o IS alistou mais de 3.000 neo-islâmicos ocidentais vindos de países europeus.

    Além desse contingente, várias fontes ligadas aos serviços de inteligência admitem que na Síria estejam combatendo 4.000 sauditas e cerca de 1.500 dos Emirados Unidos, em sua maioria paramilitares utilizados pelos serviços secretos de seus países e para lá deslocados. Mais da metade desses, agora, estaria concentrada na região iraquiana de Al Anbar para reprimir eventuais reações das células do Partido Baath Árabe, que, em 2013, fez um acordo tático com o ISIL, apesar de não ser um partido islâmico e não aceitar as leis da Sharia.

    4) O IS (Estado Islâmico) é considerado pela CIA o grupo terrorista mais rico do mundo, inclusive mais que a própria Al-Qaeda quando Osama bin Laden era ainda vivo. Por outro lado, em suas limitadas aparições públicas e documentos políticos, Abu Bakr Al Baghdadi nunca se refere a Israel, nunca denuncia a guerra de agressão do sionismo contra Gaza e contra o povo palestino. Esse fato reforça as informações segundo as quais agentes da CIA e do Mossad sionista foram os principais assessores de Abu Bakr Al Baghdadi, depois de sua libertação das prisões de Camp Bucca. Isso faz lembrar o príncipe saudita Bandar bin Sultan, que cospe veneno contra o Irã, Bashar al Assad e os xiitas, mas nada diz contra os sionistas de Israel e os Estados Unidos.

    5) Hoje, o IS reivindica a liderança universal do jihadismo sunita. Por isso, a mídia ocidental começou a apresentar o IS como uma variante do fundamentalista sunita fora de controle por causa do uso gratuito da violência contra os inimigos e as populações. Porém, foi através dessas representações sanguinárias que o IS ganhou espaço na mídia, tornando-se o provável mandatário de um Estado sunita no Iraque e na Síria. Por isso, o IS e o próprio Abu Bakr Al Baghdadi podem ser considerados um complemento indireto da estratégia dos EUA, visto que sua atuação permite:

    a) reduzir a influência da Rússia na região; b) enfraquecer o governo xiita iraquiano e, consequentemente, desestimular a intervenção do governo do Irã; c) criar as perspectivas para uma futura divisão étnica do Iraque, com um Estado curdo no norte (regiões do Curdistão), um Estado sunita no centro (região central de Al Anbar) e um estado xiita no sul. Para que isso aconteça, é necessário qualificar os curdos do ponto de vista militar e fazer sangrar o novo governo iraquiano liderado pelo xiita Maiden al-Abadi. Com uma sangrenta guerra civil em curso, que mexe muito com a divisão das receitas petrolíferas, tudo isso tende a se materializar.

    6) Quem realmente pode quebrar esse plano é novamente o exército regular da Síria de Bashar al Assad. De fato, se as batalhas em curso em Aleppo e em Raqqa forem vencidas pelos homens de Damasco, a Síria poderá voltar a exercer o controle da fronteira com a Turquia e a Jordânia. Nesse caso, o IS ficaria isolado na região iraquiana de Al Anbar, sem nenhuma possibilidade de receber da Turquia o fluxo de armas e dos demais suprimentos. Nesse caso, a “guerra sem prisioneiros” varrerá ainda mais vidas humanas nas areias do deserto iraquiano.

     

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