Como superar o Centrão herdado da Constituinte?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Diogo Costa

DEBILIDADE INSTITUCIONAL DO PT E CORRELAÇÃO DE FORÇAS – Fazendo uma pesquisa rápida na internet descubro que o PRI (Partido Revolucionário Institucional) do México tem, sozinho, 42% dos parlamentares na Câmara dos Deputados e 40% dos senadores. 

Não vou entrar no mérito da orientação política do PRI, não é disto que se trata. Chamo atenção é para os números, que refletem a correlação de forças existente no parlamento mexicano. Passemos agora ao caso do Brasil. 

O Partido dos Trabalhadores tem apenas 17% dos deputados federais e apenas 16% dos senadores. Não parece óbvio que o PT não consegue avançar em vários temas em função de sua debilidade institucional? 

É a tal de correlação de forças que muitos teimam em escamotear, principalmente os militantes do nano esquerdismo. 


Não parece também óbvio que sem um governo de coalizão é impossível governar o Brasil? Pode-se e se deve discutir a qualidade desta coalizão, negá-la, ou fazer de conta que ela não é necessária, definitivamente, é de uma estultice sem tamanho! 

Quem dera se o PT, aqui no Brasil, tivesse a mesma força institucional que tem o PRI lá no México. Ou a mesma correlação de forças que tem o Partido Justicialista (Peronista) na Argentina, o MAS na Bolívia, o PSUV na Venezuela ou o Alianza Pais (Movimiento Alianza PAIS – Patria Altiva i Soberana) no Equador. 

Ou, quem sabe, a mesma estabilidade política que tem os governantes do Reino Unido, da Alemanha ou da França. 

Enfim, não temos nada disto no Brasil. O que temos é um sem número de encostos políticos que atravancam o desenvolvimento do país e que o PT tem que carregar nas costas como um imenso e pesado fardo. 

É o famoso Centrão, que existe desde a Constituinte e que se articula diuturnamente para chantagear os governantes de plantão e para vender caro, muito caro, todo e qualquer avanço social que se pretenda implementar. 

E notem também que a esquerda, somada, não tem sequer 1/3 dos parlamentares no Congresso Nacional…

Quem não compreender estes aspectos da política brasileira, cheia de contradições, e insistir em comparar a conjuntura e a correlação de forças que temos aqui, com a conjuntura e a correlação de forças existentes em outros países, lamento, mas está totalmente dissociado da realidade. 

E sem conhecer a realidade como ela é fica difícil empreender qualquer mudança com relação a esta mesma realidade.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

70 Comentários

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  1. Essa é uma boa an´laise

    Essa é uma boa an´laise partindo-se da premissa de estar jogando o jogo com as regras atuais. Alguns alucinados, somente assim para classificá-los, acham que o PT está “traindo” os seus ideais em nome da governabilidade. Ou ainda, que o partido está muito lento nas tais reformas. Quem pensa assim, como bem firsou o Diogo, está longe da realidade.

     

  2. Mas eh por isso mesmo que eu

    Mas eh por isso mesmo que eu ficorepetindo:  derrubem a Base Aliada de Trairas, derrubem a Base Aliada de Trairas, derrubem a Base Aliada de Trairas, derrubem a Base Aliada de Trairas…

    O povo brasileiro tem que se esclarecer um pouco mais.  O oportunismo da direita eh tamanho que ate post de decisao de juiz ultimamente virau fla-flu:  nao da nem pra desenvolver assunto nenhum.

  3. Qdo o PT(diga-se Lula)  abriu

    Qdo o PT(diga-se Lula)  abriu mão do projeto de construir a agenda socialista e topou entrar no jogo de gestão do capitalismo brasileiro (que chamavamos de capitalismo selvagem), adotando viés social, sem q a banca e os poderosos sejam afetados, adotou impreterivelmente o compromisso com o Centrão. As opções do PT produziram resultados para o bem e para o mal. O centrão controla a política brasileira? É certo. Mas o PT só descobriu isto agora? O que fez o PT para desmontar a hegemonia política – e até cultural – do Centrão? 

    1. “O centrão controla a

      “O centrão controla a política brasileira? É certo. Mas o PT só descobriu isto agora? O que fez o PT para desmontar a hegemonia política – e até cultural – do Centrão?”:

      Porque voce esta comentando sem ler o item?

  4. Por que?

    Diogo, concordo com sua análise, mas eu gostaria de aprofundar um pouco mais, para entender os motivos dessa falta de representação parlamentar do PT.

    Será que é devido à atuação da imprensa? Ora, o partido do Chávez (independente de concordar ou não com suas políticas) já era majoritário na Venezuela, apesar da intensa campanha midiática da oposição, mesmo antes do fechamento de um dos principais canais de TV oposicionista.

    O mesmo acontece na Argentina, embora a situação por lá seja bem diferente – o justicialismo tem uma longa história no poder, muito maior do que o PT. O caso do PRI no México também é diferente, com o domínio que o partido tem sobre a política e o poder econômico desde o início do século passado.

    O que então explica que mesmo com uma taxa de aprovação de 80% do presidente em 2010, o PT não conseguiu mais do que 17% dos votos no congresso? Será que não nos diz algo sobre o conservadorismo e antipetismo da população em geral, que se identifica com o Lula mas não com o resto do PT?

    É uma pergunta que faço, e algo que sempre me intrigou.

    1. No sentido estritamente

      No sentido estritamente cientifico, Lula era e eh “anomalia”.  Infelizmente, nao eh contagioso -quem nos dera!

    2. Fragmentações de um sistema político e eleitoral falido

      Caro Nicolas, existem vários fatores, mas um deles é pouco comentado e talvez seja o mais importante. A saber:

       

      A partir de 1980 houve o fim do bipartidarismo forçado da ditadura militar. No início desta década tínhamos os seguintes partidos – PDS, PMDB, PTB, PDT e PT. Guarde bem o número desta época, apenas 05 partidos políticos.

       

      Em 1985, em função da campanha das Diretas (que fracassou) e da disputa entre Paulo Maluf e Tancredo Neves pela presidência (eleição indireta), houve um racha no PDS e se criou ali o então PFL. Chegamos ao final do ano de 1990 com o registro de 12 partidos políticos no Brasil. 

       

      Em 1995 o número de partidos aumentou para 17. Até o final do ano de 2000, novo aumento, desta vez para 24 agremiações. No final do ano de 2010 (uma década depois), o número de partidos foi para 27. E atualmente temos o registro oficial de absurdos 32 partidos políticos do país!

       

      E não para por aí… Existem vários outros pedidos de registro para partidos políticos. Os mais conhecidos são os pedidos da Rede, de Marina Silva, o pedido da Arena (cuja maior liderança é uma moça aqui de Caxias do Sul), o Partido Militar, etc, etc e etc.

       

      É esta fragmentação que impede que o PT e outros partidos programáticos aumentem as suas bancadas. Como resolver isto? Através de uma ampla reforma política que implemente o financiamento público exclusivo e o voto em lista.

       

      Lembre que Dilma propôs uma Assembleia Constituinte específica para tratar do tema da reforma política, em junho do ano passado, e foi instantaneamente boicotada e sabotada pelo parlamento conservador!

       

      Enfim, é mais ou menos isto. O sistema político eleitoral do Brasil atual torna o país praticamente ingovernável sem as malfadadas alianças, e a situação, infelizmente, tende a piorar. Como fazer política num país que aumentou de 05 para 32 o número de partidos (e vai ainda aumentar mais…) em apenas trinta e poucos anos? Este é o drama atual.

       

      E quem se beneficia desta situação esdrúxula é justamente o tal do Centrão, que bem ou mal sempre existiu no Brasil e que sempre atuou para barrar ou para retardar ao máximo as transformações sociais que a cidadania reclama há décadas.

       

      Para frear a força do PT (como já estão fazendo), não tenha dúvidas, se preciso for, deixarão criar 50 ou mais partidos políticos no Brasil. É assim que pretendem voltar ao poder e, posteriormente, implementar o pérfido sistema de voto distrital.

      1. Boa análise. Por que será que

        Boa análise. Por que será que as chamadas “legendas de aluguel” tornaram-se uma espécie de praga na política brasileira? ESte é um projeto deliberado, maquiavelicamente (no pior sentido) tramado pela direita para inviabilizar o crescimento eleitoral do PT? Ou será consequência de um modo de fazer política regido pelo “toma lá dá cá” típico da política do país e que continuou a ser praticado pelo PT? Será que muitos criminosos de colarinho branco vislumbraram na criação de partidos um excelente negócio e enveredaram por esta seara obtendo óbvios benefícios? Como superar isto? Com o financiamento público, responde Diogo Costa. Ótimo! E como fazer esta reforma política – que deveria ser ainda mais ampla? Mas se o Centrão é contra a reforma, como ficamos? Insisto: para a esquerda avançar precisamos de uma espécie de “revolução” cultural no país. Onde está sendfom gestado este projeto de revolução cultural?

        1. O Barroso falou…

          Pincei essa frase do voto do ministro Barroso, o voto tão comemorado contra a tese da formação de quadrilha na AP 470.

           

          “A condenação maior que recairá sobre alguns dos réus não é prevista no Código Penal: a de não haverem sequer tentado mudar o modo como se faz política no Brasil. Por não terem procurado viver o que pregavam. Por haverem se transformado nas pessoas contra quem nos advertiam.”

           

      2.  A bagunça e a decadência

         A bagunça e a decadência política brasileira começa com a derrota da Emenda Dante de Oliveira.

        Sem a migração arenista para o PMDB na constituinte, o centrão não existiria ou seria bem menor, o jornalista e biógrafo Fernando Morais diz que não conseguiu se eleger para a Assembléia Constituinte por causa da crescente influência conservadora no PMDB (em parceria até com um certo José Serra na época).

        O PSDB que surgiu como contrário ao centrão no PMDB, em pouco tempo era outro partido. Serra e FHC não conseguiram ver o partido apoiando Collor, mas conseguiram aliança com o PFL em vez do PT e PDT.

        O melhor momento político-partidário brasileiro foi entre 1945-1964, apesar da estabilidade no reinado de Dom Pedro II era uma política excludente.

        O voto Distrital tem um efeito contrário de concentrar poderes, nos EUA muitos preferem se filiar aos Democratas e Republicanos em vez de criar novos partidos. Um parlamento com 2 ou 3 partidos é tão ruim quanto o que tem 20.

      3. O então ministro da Justiça

        O então ministro da Justiça Petrônio Portela tinha em mente uma reforma política (existia também o interesse de adotar o sistema misto alemão a partir das eleições de 1986). A intenção era que Arena e MDB virassem 3 partidos cada um, a morte de Petrônio em 79 colocou fim no projeto, o interesse de Golbery era enfraquecer a oposição:

        A ditadura temia Brizola retornando do exílio e criando um partido junto com os autênticos do MDB (Chico Pinto, Alencar Furtado, Marcos Freire, etc) que seria muito forte.

        Golbery incentivou a formação dos moderados da Arena e MDB, o PP que contava com Tancredo Neves e Magalhães Pinto. Tancredo percebeu a cilada e pulou fora (o projeto PP foi arquivado), mas a ditadura conseguiu tirar o PTB de Brizola.

        Fala-se até que o PT foi incentivado por Golbery para enfraquecer Brizola e os Comunistas, o tempo mostrou que a experiencia petista foi bem sucedida e única na política brasileira vindo de baixo para cima. 

      4. Caro Diogo
        “É esta

        Caro Diogo

        “É esta fragmentação que impede que o PT e outros partidos programáticos aumentem as suas bancadas. Como resolver isto? Através de uma ampla reforma política que implemente o financiamento público exclusivo e o voto em lista.”

        É justamente para isso que serve essa fragmentação de partidos empresariais, pois com eles nunca se conseguirá fazer essa “ampla reforma política”. E o PT, e demais partidos progressistas, ficarão reféns, e nunca conseguirão fazer reforma mais profundas, pois esse partidos, nunca deixarão.  

        E o que é pior, apesar de certos avanços sociais, o PT não está sabendo capitalizar isso para o partido.

        Saudações

         

    3. Parece pra mim um fenômeno

      Parece pra mim um fenômeno maior da política brasileira, e não apenas uma anomalia do PT. O FHC foi eleito em primeiro turno duas vezes, mas seu partido não chegou a eleger 20% dos deputados federais nem em 1994 nem em 1998.
      E o mesmo ocorre nos estados, governadores populares elegem bancadas pequenas para as assembleias e precisam governar com coalizões heterogêneas de aliados. Em alguns estados o principal partido na assembleia nem é o do governador eleito. Em SP, por exemplo o PT elegeu 24 deputados estaduais, contra os 22 do PSDB do Alckmin. E 22 ou 24, de qualquer forma seriam números insuficientes para governar o estado sem alianças amplas.

      O nível de fragmentação partidária no Brasil é caso de estudo para a ciência política, é a maior do mundo e cresce a cada eleição.

      1. Prefeituras, idem

        Tudo começa nos municípios. Talvez se conseguíssemos unificar as eleições a situação poderia mudar um pouco, pra melhor.

        1. O poder econômico exerce

          O poder econômico exerce forte influência nas eleições para deputados e senadores e consegue eleger a maioria dos parlamentares com a compra de votos em todas as regiões do país. Sem considerar o caixa 2, basta analisar quais foram os parlamentares que receberam doações de empresas para suas campanhas e terão as respostas para muitas decisões do congresso.   

  5. A pergunta é ótima

    Diogo,

    A pergunta me incomoda há uns vinte anos, pelo menos…

    O duro é encontrar a resposta que não seja a da que você denominou nano esquerda brasileira: A pura e simples condenação da coligação.

    Sabemos que para avançar teríamos que, no mínimo, depender menos desta “base” de governo. Para mim, leia-se PMDB sobretudo. Os dias de carnaval nos mostraram isto. Na quarta feira de cinzas, Merval e Sardenberg, na CBN, exultavam com as declarações de Eduardo Cunha.

    Mas, voltando à vaca fria, a pressão para a coligação das eleições majoritárias, tem um péssimo efeito nas eleições para a câmara e o senado. Ou não?

    Longe de ter uma resposta à sua pergunta, lanço de fato outras perguntas (não afirmações). Valeria a pena o PT encarar uma campanha forte para o fortalecimento das suas bancadas, mesmo que isto signifique o enfraquecimento da coligação para as eleições majoritárias?    

    1. É uma ideia

      É uma ideia interessante.reduzir as coligações para eleger mais deputados. Pelas minhas contas, na eleição de 2010 o PT elegeu 88 deputados federais. Se não tivesse feito nenhuma coligação, teria eleitor 108. 20 deputados, portanto, foi o preço das coligações.

       

      Agora, 108 ainda são apenas 21% da câmara. Muito pouco para abandonar o centrão na hora de governar. Uma estratégia de mais longo prazo é necessária para aumentar os votos no PT e demais partidos de esquerda/centro-esquerda.

      1. É o que venho dizendo nesses últimos 4 anos…

        Em 2010 o PT teve só 10 candidatos a governador (as ausências mais sentidas foram Minas e Rio de Janeiro).

        Se tivesse tido o dobro de candidatos a governdador (20) sem muitas coligações o PT poderia ter chegado de 120 a 130 deputados federais, somando os demais partidos de esquerda seriam mais de 200 deputados e 1/3 do PMDB tem proximidade com a esquerda (o custo das alianças para chegar a maioria parlamentar de 257 seria muito menor).

        Pra piorar, em 2010 o “Lulismo” ajudou a eleger senadores que estão mais ligados as bandeiras da oposição nestes estados (Espírito Santo, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Distrito Federal).

        Antes da eleição de 2010, o PT chegou ao seu mais alto índice de apoio no eleitorado (34%).

    2. Caro Gilberto
      Esgotou as

      Caro Gilberto

      Esgotou as cordas com que o centrão podia avançar junto com o PT, daqui para frente, será essa briga, o PMDB sente que se avançar mais, começa a perder o poder que tem, e as mudanças se aprofundam, o que não interessa a eles.

      Mesmo o PMDB não é homogênico, tem várias tendencias, mas a mais forte, é a de direita.  

      Estamos numa encruzilhada, avançar mais, assim como desejam os petistas dinossauricos, significa ficar cada vez mais longe do PMDB, esta eleição, com todos os rebolados, o PMDB fica com o PT, mas na próxima, não mais.

      Saudações 

      1. Se as pesquisas continuarem favoráveis

        Com a Dilma mantendo sua posição, a pressão do PMDB será puramente retórica.

        O próprio Eduardo Cunha já recuou das suas declarações carnavalescas.

        abs.

        1. Caro Gilberto
          Faz parte da

          Caro Gilberto

          Faz parte da gangorra eleitoral.

          O PMDB já está servindo de freio.

          Se o PT quiser e precisa avançar mais, terá que recuperar e voltar ás suas bases, os movimentos sociais.

          Saudações

  6. o análise OBVIA que se retira

    o análise OBVIA que se retira destes argumentos é que o PT está mais interessado em se manter no poder do que em aumentar sua representatividade no país. Ao jogar o jogo da governabilidade sua pauta é empurrada para o Centrão, e todos os votos que receberá no futuro para o legislativo serão votos de pessoas interessadas na pauta do Centrão e não na construção de um socialismo crítico, coisa que se faz atraindo simpatizantes com trabalho de base e não com comício eleitoral.

    veja bem, se trata de uma escolha. O PT opta por qual estratégia para aumentar sua representação parlamentar? A máquina Estatal e as alianças espúrias, ou meter a mão na massa junto à população e deixando claro que se trata de um projeto que vá mais além da conquista eleitoral (que justificará as conquistas seguintes, que será justificadas para ganhar as seguintes, ad nauseam)?

    1. E o dramático – ou seria

      E o dramático – ou seria trágico? – é que em diversos lugares – exemplos disso na Bahia são muitos – ex-adversários do PT, gente de direita e oportunista – agora tornou-se donos do partido em algumas cidades, desalojando as lideranças naturais do PT. O que temos visto por aqui é a migração de politicos de direita para o PT. O atual vice-governador Otto Alencar, p. ex., q já foi estrela maior do PFL e do DEM (inclusive governador) estava aposentado no Tribunal de Contas, de onde foi sacado pelo governador e agora é candidato ao senado na chapa petista. OK, continuamos vivendo tempos de governos de coalizão sob hegemonia do Centrão. Como desmontar isto? O único modo parece ser ampliar a força legislativa da esquerda. Isto depende de transformações culturais e educacionais profundas do país, o que requer investimento político e cultural de longo prazo numa agenda obstinada por mudanças de valores ao lado das mudanças econômicas. Continua necessário construir a unidade das forças de esquerda e democráticas, criando um bloco capaz de emparedar, a ,longo prazo, os oportunistas e aliados dos mais poderosos q ainda mandam no país.

       

  7. Curioso… lá pelos idos de

    Curioso… lá pelos idos de 78/79 quando o PT era só um Movimento Pró PT, o discurso do PCB, PC do B e outros menos votados, contrários à criação do partido e a continuidade da esquerda no PMDB,  era ipsis literis a mesma: a tal correlação de forças…além, da nossa  qualificação de, na melhor das hipóteses,  nanoesquerdistas (na época xiita, nem se falava em nanotecnologia). Mas havia tb quem nos qualificasse de agentes da CIA, veja só…

    Fossemos seguir essa argumentação, jamais existiria PT, se bem que hoje, apenas  uma parte dele ainda busca alterar essa correlação de forças e não se submeter a ela… é contra as coligações danosas aos avanços,  que à essa altura do campeonato já deviam estar superadas, caso os  movimentos sociais  estivessem  mobilizados para isso e não para se manter sob a égide delas. Ou seja, também são nanoesquerdistas, por esse raciocínio, ainda que petistas de carteirinha. Digamos que quase uns psolistas…

    Resta a tristeza de ver quase tudo aquilo pelo que combatemos, sob a ditadura que faz aniversário de 50 anos, permanecer  inalterado, sob democracia… ver que sequer fomos capazes de nos livrar do sistema político-partidário criado por Golbery, ver que os sindicatos – quase todos – permanecem guindados aos interesses dos poderosos… ver que os direitos humanos são geridos por seus inimigos… que os bancos conduzem a política economica…  principalmente, que o oligopólio da comunicação não foi nem arrado e que a palavra socialismo virou palavrão.

    Somos todos “progressistas” e olhe lá…

    Levamos 20 e tantos anos para alcançar o poder e fomos largando tantas coisas pelo caminho… quantas mais largaremos e por quantos anos para deixar de ter uma maioria pralamentar?

    O Centrão é isso, é feito classe média, se vira pra onde for conveniente, quando for conveniente.

    Quer se livrar do Centrão?  É só voltar a ser aquele PT e olhar para onde deve ser olhado…

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  8. É fácil criticar o PT e silenciar sobre os próprios fracassos…

    O NANO ESQUERDISMO DEVERIA ASSUMIR AS SUAS PRÓPRIAS DEBILIDADES – O PT não tem absolutamente nenhuma culpa pelo fato da ‘esquerda revolucionária’ (PSOL, PSTU, PCO e PCB) não ter condições de fazer sequer 01% dos votos numa eleição presidencial. 

    O PT não tem como se aliar com a ‘esquerda revolucionária’ no Congresso Nacional, afinal de contas, a ‘esquerda revolucionária’, somada, tem 03 deputados federais e 01 senador. 

    O PT não tem culpa pelo fato da ‘esquerda revolucionária’, que diz que está presente e muito próxima dos movimentos sociais, sindicais e estudantis, não conseguir sair do seu atávico distanciamento das massas. 

    O PT não tem culpa pelo fato de precisar do voto de 257 deputados federais para aprovar um projeto de lei qualquer, e do voto de 308 deputados para aprovar uma Emenda Constitucional. 

    O PT não tem culpa de ter que se defrontar com a realidade concreta e objetiva dos fatos, presente no cenário político nacional, ao invés de praticar os devaneios de certa esquerda que se pretende revolucionária, mas que está a centenas de léguas de distância das massas populares do Brasil. 

    O PT não tem culpa de ter apenas 87 deputados federais (17% da Câmara) e 13 senadores (16% do senado). 

    E a ‘esquerda revolucionária’, não responde pelos seus próprios fracassos? 

    Ou o PT é também o culpado pelo retumbante, rotundo e redondo fracasso político do PSOL, do PSTU, do PCO e do PCB? 

    O PT é o culpado pelo fato desses partidos, somados, terem feito menos votos na eleição presidencial de 2010 do que fez o então candidato Roberto Freire, no distante ano de 1989? 

    O que vejo é muito mimimi, partidos que vivem isolados em seus guetos de sectarismo, onde não movem uma vírgula sequer na vida cotidiana do povo brasileiro.

    E ainda dizem ter razão! E ainda se pretendem enquanto agremiações revolucionárias! E, como sempre, a culpa pelo fracasso do esquerdismo, na visão exótica do próprio esquerdismo, é do PT…

    1. O que vc chama de mimimi não

      O que vc chama de mimimi não vem apenas dos partidos citados, mas de vários petistas que moveram e tentam mover muitas palhas na vida cotidiana dos brasileiros nos últimos 30 anos… mas parece que a CNB resolveu que apenas ela é PT…

      1. .

        Não tenho e nunca tive absolutamente nada a ver com a CNB (Construindo Um Novo Brasil), que comanda o PT desde 1995. Muito antes pelo contrário. Já ouviu falar na Mensagem ao Partido e na DS?

        1. Óbvio que ouvi , não sou

          Óbvio que ouvi , não sou neófita de PT…e vc já ouviu falar da Articulação de Esquerda?

          O fato é que a CNB é quem comanda as ações, o tal centralismo democrático em torno de suas posições.

          Mas, vamos deixar a direita falar mal da esquerda em público, não é? Eu me recuso, seja ela qual for… questão de princípios…

           

           

  9. Boa analise.

    A critica da extrema esquerda e os intelectuais de “esquerda” não levam isso em consideração. Quando o fazem é para diminuir a posição corajosa do PT e Lula. Devemos lembrar que todos os governos progressistas que o Brasil tiveram que conviver com um parlamento que era oposição. Sendo necessário a formação de coalizão. 

    O pT não foi o primeiro, supreendente é ter conseguido estar no poder por tanto tempo sem um golpe. Vargas teve que assumir posição autoritárias para permanecer no poder por 15 anos. O pt caminha para 14 anos e possivelmente mais 4 anos. Se o Golpe não acontecer.

    O Pt não consegue fazer a maioria no parlamento devido a coalizão e a pressão das forças conservadoras. Essa analise tem que ser feita.

  10. Meu caro Diogo…

    …a representação de 1/6 do Congresso não é por falta de votos ao PT? Quem sabe você deseja que se implante no Brasil um sistema “democrático” como o grego? Hum… o quê me diz? 

    Não confunda o voto pragmático para presidente com o ideológico (ou semi, ou nem lá nem cá…) para parlamentares. 60% dos eleitores do Lula ou da Dima nada têm a ver com o socialismo. Aceite isto.

  11. Constituinte

    A constituinte que dispomos foi montada exatamente por um grupo oportunista de direita, quando viu que o seu castelo militar desmoronar. A figura do Sr. Ulisses Guimarães foi só simbólica e usada pela direitona (ou Centrão) para perpetuar-se no poder, tanto é que não ganhou a eleição indireta para presidente e sim o Tancredo Neves (avô do Aecim do pó) que representava os interesses mias retrógrados do país  e tinham um compromisso de não punição das torturas praticadas pelos nossos governantes militares.

    O CENTRÃO CORRUPTO NASCEU DA CONSTITUINTE! Ela foi preparada para que tivessemos um enorme número de partidos, a maioria deles oportunitas, com pequena base eleitoral, muitas vezes locais, mas que impediam os partidos mais populares de agrariam a maioria dos votos da população.

    FOI FEITO PARA SER ASSIM E SEM MUDAR CONSTITUINTE, EM PARTE DOS SER ARTIGOS, NÃO CONSEGUIREMOS MUDAR NADA!

  12. Certamente o PT não tem culpa

    Certamente o PT não tem culpa nenhuma de chegar ao poder e continuar, por dez anos, sendo refém do Centrão.

    É óbvio que o PT não tem culpa nenhuma de ter apenas 17% da Câmara Federal. A culpa é do povo que não entende exatamente o que pretende / o q significa o projeto de transformação do PT.

    É mais do que óbvio ser mais interessante para o PT aliar-se a Sarney e quejandos do que fortalecer um projeto de esquerda para o país.

    Volto ao famoso filme Entreatos de João Moreira Salles. O fotografo Walter Carvalho flagra no avião da primeira campanha vitoriosa de Lula uma conversa deste com Delúbio e outros. Lula diz com todas as letras que o PT tem um projeto socialista para o país mas que precisa de pelo menos 30 anos para obter a hegemonia política deste projeto e que ele, Lula, não está disposto a esperar 30 anos.  O tempo dele é agora! Ele tem que ser presidente agora, apesar do projeto do PT.

    O PT não tem culpa nenhuma de abrir mão deste processo/projeto e tornar Lula o artífice / gestor do capitalismo à brasileira, com o apoio do Centrão para o bem e para o mal.

    Os partidinhos de esquerda que sobraram na política brasileira certamente devem ser humilhado e ridicularizados pelo PT. Se a “esquerda” petista tem tão poucos votos que dirá esta esquerda infantil que anda gritando por aí … fazer a esquerda sair do gueto não interessa ao PT, é óbvio.

    No passado, quando dizia-se a favor do socialismo, o PT taxava a esquerda próxima do partidão como “reformista”. Eles, os petistas é q eram os revolucionários. Ainda existem revolucionários do PT?

    Quem sabe, é óbvio, deve existir …

     

    1. Porque o nano esquerdismo é hoje menor do que o PT de 1982?

       

      IMPOSSÍVEL ALIAR-SE COM O QUE NÃO EXISTE – Essa estória que o esquerdismo inconsequente inventa, de dizer que o PT não se aliou com a ‘esquerda’ no Congresso, e que preferiu se aliar com a direita, é uma piada! 

      A ‘esquerda’ (PSOL, PCB, PSTU e PCO) tem em conjunto 03 deputados federais! Essa mesma ‘esquerda’ teve em conjunto a gigantesca soma de 01% dos votos na última eleição presidencial… 

      Onde está a imensa base social da ‘esquerda revolucionária’? Como o PT pode se aliar no Congresso Nacional com algo que simplesmente não existe? 

      O PSTU existe há 20 anos e não consegue eleger sequer um deputado federal! O PCB existe há 91 anos, o PCO há 18 anos e o PSOL há 08 anos, o máximo que conseguem, junto com o já referido PSTU, é eleger em conjunto 03 deputados federais! 

      O PT (que tem 87 deputados federais) precisa de 257 votos na Câmara para aprovar um projetinho qualquer. E precisa de 308 parlamentares para aprovar uma Emenda Constitucional. 

      Como o PT vai se aliar com a ‘esquerda revolucionária’ no parlamento se ela, a ‘esquerda revolucionária’, não existe no parlamento?

      1. Salvo engano foi Apolônio de

        Salvo engano foi Apolônio de Carvalho quem disse que a esquerda só se une na prisão.

        Ora, se isto é verdade quando a esquerda está na oposição, imagine agora que uma parte dela chegou ao poder.

        Tenho notado que a esquerda no poder despreza – desprezo que poderia ser chamado, inclusive, de arrogante – aquela esquerda tida como radical, inexpressiva, etc. Não falo em norme desta esquerda radical, não milito em partidos há mais de 30 anos, penso, porém que este desprezo dá-se em virtude de algo que está além da fragilidade eleitoral e política da esquerda radical. O desprezo funciona, talvez como contraparte da opção preferencial pela poderosa direita (que é a posição ideológica do Centrão). Como tentar construir um projeto de esquerda no país se as forças políticas q contam realmente são de direita, ou de centro direita? Muito melhor, é óbvio, aliar-se com as for’cas q contam e rejeitar a construção de um projeto de esquerda. Talvez esta equação venha a ser explodida no futuro, mas agora é o q vemos no horizonte.

    2. Josias

      O PT aderiu ao pragmatismo se aliando ao centrão ao mesmo tempo que deixava de incentivar a formação de novos movimentos de base.

      Se acomodou e foi engolido pelo centrão.

      1. Pois é Assis! E estamos vendo

        Pois é Assis! E estamos vendo como faltam novas lideranças políticas de esquerda no país e no próprio PT. Não é que o Rui Falcão defebnde a candidatura de Lula em 2018! Alem de sufocar um projeto de esquerda, parece que o PT sufoca também o surgimento de novas lideranças, vide o que fizeram com Tarso Genro.

        1. Aí é que eu não entendo muito bem o Diogo

          Parece – me que Diogo é da linha de Tarso Genro e não percebe o isolamento que o petismo governista fez com esse respeitado nome.

          Aliás o RGS tem grandes nomes do PT, ou tinha. Por onde anda Olívio Dutra?

          E olhe que Tarso foi escalado para presidente do partido em plena época do mensalão.

    3. Sem mudanças das regras

      Caro Josias, sem as mudanças das regras do jogo (Reforma Politica e consequentemente eleitoral) o PT e nenhum outro partido que almeje mudanças no país, conseguirà tornar-se hegemônico! A direta unida, esta sim,  caso elejam os Governadores do estados principais e a presidencia da republica,  montará um CENTRÃO HEGEMÔNICO imbatível, O dinheiro e a corrupção sempre estarão unidos, pois haverá uma enorme bôca para todos!

      1. É isso, Julião! Mas como

        É isso, Julião! Mas como realizar as reformas que vc se refere neste quadro de hegemonia do Centrão? Pelo jeito, sem a força das ruas e dos votos na centro-esquerda estaremos a cada dia mais distantes disto.

  13. O que e como fazer?

     

    IMPRONUNCIÁVEL E MALDITA PALAVRA – Dez entre dez militantes de esquerda tem verdadeiro horror à palavra ‘governabilidade’. Este vocábulo tornou-se maldito e até mesmo um sinônimo de conformismo para certos setores da esquerda.

    É possível governar um país como o Brasil sem levar em conta a tal de ‘governabilidade’? Evidente que é! Fernando Collor de Mello que o diga… A questão não é essa, mas sim que um governo de esquerda não deve e não pode ficar refém da lógica parlamentar. 

    É preciso governar em estreita sintonia com os movimentos sociais, sindicais e estudantis, justamente para que seja possível sair da lógica perversa de um parlamento viciado, e para que se possa pressionar por mudanças legislativas estruturais.

    Isso é o óbvio e creio que quanto a isto não restam dúvidas algumas.

    Mas voltemos (mesmo que a contragosto) ao tema inicial, do termo tido e havido como impronunciável e maldito. Para tanto, vale relembrar algumas passagens da história recente.

    Antes, todavia, lembremo-nos de que em 1989 tivemos uma eleição ‘solteira’, o parlamento somente foi renovado nas eleições de 1990. Feito o registro, sigamos em frente.

    -Em 1990, o PRN de Collor elegeu 40 deputados federais e 02 senadores;
    -Em 1994, o PSDB de FHC elegeu 62 deputados federais e 06 senadores;
    -Em 1998, o PSDB elegeu 99 deputados federais e 04 senadores;
    -Em 2002, o PT elegeu 91 deputados federais e 10 senadores;
    -Em 2006, o PT elegeu 83 deputados federais e 02 senadores;
    -Em 2010, o PT elegeu 88 deputados federais e 11 senadores.

    Sabemos todos que o Congresso Nacional é composto por 513 deputados federais e por 81 senadores. E também sabemos que para se aprovar um projeto de lei qualquer são necessários os votos de 50% dos parlamentares (257 deputados federais e 41 senadores). 

    E, novamente, sabemos que para se aprovar uma Emenda Constitucional são necessários os votos de 60% dos parlamentares (308 deputados federais e 49 senadores).

    Este é o quadro fático das representações parlamentares dos partidos que comandaram o país de 1989 para cá. É equivocado afirmar que todo e qualquer presidente brasileiro vive em estado permanente de chantagens e de pressões parlamentares?

    O caso do Partido dos Trabalhadores é ainda pior. Ao contrário do PSDB, que sempre contou com o apoio explícito da mídia venal, o PT enfrenta a camisa de força parlamentar e oposições ferrenhas extra parlamentares, em diferentes setores, e, notadamente, na mesma mídia venal, saudosa de FHC.

    Como sair dessa camisa de força do Congresso Nacional? Como não ficar refém do viciado parlamento? Como soltar as amarras do poder econômico, que comanda seus títeres congressuais através do financiamento privado das campanhas? Esse é o debate principal. 

    E aí vem o dilema de sempre…

    Dilma Rousseff fez a proposta mais progressista e mais ousada dos últimos tempos, ao enviar ao parlamento a proposta de Constituinte Exclusiva para a reforma política (posteriormente virou plebiscito). O que aconteceu? 

    A proposta foi cruel e instantaneamente bombardeada, sabotada e sufocada pelo parlamento, pela ‘grande mídia’ e até mesmo por alguns ‘blogs progressistas’! Lamentavelmente não se viu a voz das ruas cobrarem com veemência a reforma política.

    A solução para sair do paralisante impasse parlamentar e para furar o poder econômico passa pelo aumento da participação popular na elaboração do orçamento público e das políticas públicas. 

    É preciso aumentar e consolidar a feitura das Conferências Nacionais (sobre todos os temas possíveis). E porque não implantar um Orçamento Participativo em nível nacional? 

    Por fim, é preciso sim da força das ruas, mas sem romantizar os acontecimentos atuais. As juninas ‘Marchas sobre Roma’, pelo menos até agora, não fazem parte da pauta e dos interesses da classe trabalhadora. Não vamos nos iludir! 

    Os movimentos sindicais, sociais e estudantis precisam se reinventar, precisam de novas pautas e de novas lutas, precisam retornar às ruas com demandas que sensibilizem a população. 

    Não foi o PT que se afastou dos movimentos sociais, mas os próprios movimentos sociais que perderam protagonismo político. E precisam retomar esse protagonismo o quanto antes! 

    Neste momento, para não haver dispersões, seria deveras importante encontrar alguns pontos de acordo, para unificar as lutas da esquerda. Penso que a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o tema da reforma política seriam dois pontos de possível unidade das esquerdas. 

    Talvez resida aí o caminho para que a esquerda retome o protagonismo e a direção dos movimentos sociais e das ruas do país. 

    Ou vamos nesta direção ou seguiremos amaldiçoando a tal de ‘governabilidade’ e a camisa de força parlamentar, sem construir os instrumentos que possibilitem a superação destes históricos impasses.

    1. Sugestão

      Uma pequena sugestão para minimizar este quadro tão desfavorável: Lula saindo como candidato a Deputado Federal, poderia ajudar a aumentar significativamente a composição do PT na câmara. Ou não?

       

  14. Meu caro
     
    O PT não quer

    Meu caro

     

    O PT não quer hegemonia e as alianças espúrias servem muito ao PT. Sem o PMDB e os aliados em quem o PT irá colocar a culpa????????????????

    O PMDB já percebeu que esta servindo de bode expiatório e a conta cada vez fica mais cara. Em Minas Gerais temos claramente um exemplo desta relação. Tem irmão de deputado do PMDB que é sócio de filho de deputado do PT e chafurdam nas benesses do estado.

     

  15. Brasil precisa de tantos partidos políticos?

    O mundo atual admite duas teses principais: A opção liberal (hoje neoliberal) com estado mínimo e capitalismo selvagem e global; ou a opção nacional, com estado ativo e indutor da economia. A opção nacional pode ser bem á esquerda e progressista, ou nacionalista de direita. A denominação de “esquerda” me parece que vem da França do século 19, com a bancada progressista no lado esquerdo. A esquerda internacional trazia o legado de Marx junto com ela, o exemplo da União Soviética como o líder global, etc., isso gerou uma idéia de esquerda internacional (internacional socialista), da qual muitos partidos ditos progressistas faziam parte. A queda do muro de Berlim deixou muitos comunistas (esquerdistas internacionais) meio perdidos (tipo Roberto Freire)

    A linha da China apontou mais para o Comunismo, num marxismo mais camponês. Houveram então partidos de esquerda com linha “maoísta”. A revolução cubana, depois de curtos anos de flerte com a união soviética, trouxe uma esquerda socialista com o mapa da América Latina na sua frente. A união de esquerdas na América atual segue algo nesse sentido, com sentimento nacionalista trazido por Simon Bolívar dois séculos atrás.

    Do ponto de vista local, o trabalhismo do Getúlio trouxe outra perspectiva, com base numa equação do tipo: CAPITAL + TRABALHO = RIQUEZA. Naturalmente, a turma da esquerda local (nacional) optou pelo “trabalhismo”, tornando o atual PDT (e antes, durante um tempo, o PTB) uma expressão de esquerda nacional. Num exercício parecido, sindicatos de trabalhadores propiciam a fundação do PT, que, além de juntar diversas expressões de esquerda, apresentam-se como uma alternativa de esquerda tupiniquim, de raiz nacional (brasileira mesmo) com base na força laboral do seu povo.

    Obviamente, na equação anterior, a direita defende então o capital e o capitalismo. A direita internacional apóia a dominação monetária do mundo e, a direita local, que existe apenas dentro de cada país, com base nas agrupações empresariais e patronais, do agronegócio e/ou da indústria.

    Face ao tremendo poder de Washington para destruir as tentativas nacionalistas no poder, nasce assim a “esquerda possível” que vivemos hoje e que precisa de mais coisas do que um mero discurso para se sustentar. Precisa mesmo de consciência popular e apoio efetivo ao governo, para que ele possa agir como uma esquerda real, sem tanto medo do poder econômico global e da mídia, que cria e destrói governos com muitíssima facilidade, muitas vezes por causa da nossa ingenuidade.

    Dentro dessa esquerda possível que hoje vivemos, desde o governo Lula, algumas tendências progressistas tem se somado, outras, por dor de cotovelo, ingenuidade ou apenas por confusão ideológica, tornam-se esquerdas raivosas, aquelas que “a direita gosta”, e que não resistiriam longos tempos no poder.

    Ao se olhar o panorama político em forma vertical (digamos assim) pode-se ver que gente dita de direita, inclusive, apóia o Governo em questões de estratégia nacional. Por outro lado, pessoas ditas de esquerda, olhando apenas no sentido horizontal (esquerda e direita), em certos momentos torcem contra a nação Brasileira, ao adotar discursos globalizantes ditos progressistas. A rigor, na época mais forte da guerra fria, até o comunismo e o capitalismo tinham algo em comum: a união global seja esta pelo capital ou pelos trabalhadores.

    Brasil desenha hoje duas grandes tendências: o PT, que representa e aglutina os grupos progressistas e de interesse nacional (PCdoB e outros) e os anti-PT, que querem acabar apenas com o PT, mas sem alternativa clara aparente de poder. Detrás do anti-petismo temos três grupos relativamente independentes: a) O neoliberalismo, baseado nos EUA e representado politicamente pelo PSDB, assim como pelos diversos grupos de poder, privados e públicos, sem voto; b) As esquerdas ingênuas e manipuladas pelos primeiros, alimentadas pela inveja de políticos medíocres que queriam ter sido o Lula; e c) a direita nacional (ex-PFL e hoje DEMOS, além de novas subdivisões), que é a antiga turma conservadora, apenas brasileira, que quer manter privilégios coloniais dentro do Brasil e o atraso social, mas sem o Green Card, que é patrimônio dos tucanos.

    Deixando de fora o que todo o mundo diz querer e apoiar (educação, saúde, segurança, etc.) são, então, quatro forças políticas que poderíamos resumir dentro de um país em desenvolvimento:

    A esquerda nacional (PT e aliados);A direita nacional (DEMOS, PSD, evangélicos, e outros). Grupos de direita nacional parecem hoje apoiar ao PSB (é o caso dos Jereissati);Neoliberais (PSDB) e outros puxa sacos do “patrocínio” internacional, incluindo aqui os Verdes, cujo patrocínio é mais europeu que dos EUA.Esquerda de minorias e reivindicações, manipuladas de dentro ou de fora, normalmente com inveja do PT.

     

  16. Reforçando algumas ideias

    SOBRE O PARTIDO DOS TRABALHADORES, A ESQUERDA E AS MASSAS – Volta e meia surgem vozes do senso comum a dizer que o PT se “divorciou” dos movimentos sociais, estudantis, dos sindicatos, das ruas e das massas, etc. É mesmo? Vejamos.

    -O PSTU existe há vinte anos, disputou três eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,08% dos votos.
    -O PCO existe há dezoito anos, disputou três eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,01% dos votos.
    -O PSOL existe há oito anos, disputou duas eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,87% dos votos.
    -O PCB existe há noventa e um anos, depois da briga com o oportunista, renegado e quinta-coluna Roberto Freire (PPS), nos anos 90, disputou uma única eleição presidencial, em 2010. Fez 0,04% dos votos.

    O PSTU, o PCO e o PCB até hoje não conseguiram eleger um mísero deputado federal sequer. O PSOL hoje conta com a “imensa” bancada de três deputados federais… É o PT que se “divorciou” das ruas ou são os outros partidos de esquerda aqui citados que infelizmente só convencem as paredes de seus próprios quartos? 

    Quem está dissociado das massas populares é o PT? Não foi por acaso o PT que fez 16% dos votos no primeiro turno da disputa em 1989? E 24% em 1994, e 32% em 1998, bem como conseguiu fazer 46% em 2002, 48% em 2006 e 47% em 2010? E uns e outros ainda tem coragem de dizer que o Partido dos Trabalhadores “se afastou das massas”!Quem sabe vamos lutar para eleger o Zé Maria do PSTU, em 2014, e cobrar dele que faça todas as reformas que a esquerda defende desde sempre! Não seria uma beleza? Lembro apenas que o PSTU não tem um único parlamentar no Congresso Nacional, talvez consiga fazer as reformas com uma varinha mágica de condão! 

    O PT (que alguns pensam equivocadamente ter a força do PSUV), infelizmente não tem sequer 1/6 dos parlamentares no Congresso Nacional! Como não ter um governo de coalizão dentro deste cenário?

    Esse é o dilema! 

    Quando o PSOL, o PSTU, o PCO e o PCB elegerem uns 20 ou 25 deputados federais cada um, aí a correlação de forças no parlamento começará a mudar… Aliás:

    -Porque cargas d’água o PSTU, que existe há 20 anos, não consegue eleger um único deputado federal? 
    -Porque cargas d’água o PCO, que existe há 18 anos, não consegue eleger um único deputado federal? 
    -Porque cargas d’água o PCB, que existe há 91 anos, não consegue eleger um único deputado federal? 
    -Porque cargas d’água o PSOL, que existe há 08 anos, não consegue eleger mais do que a “imensa” bancada de 03 deputados federais?
    -Porque estes partidos de esquerda não conseguem se aproximar das massas?

    Lamentavelmente, urge constatar que tirando o PT, que é um partido de massas, os outros partidos de esquerda no Brasil infelizmente não falam às massas, não alcançam as massas e não tem base social real. Somados, são menores do que o PT era em 1982, há incríveis 31 anos já passados!

    Sabendo que o PT tem apenas 1/6 do parlamento, forçosamente isso quer dizer que os outros 5/6 do parlamento estariam, em tese, em disputa para os outros partidos de esquerda. No entanto, esses partidos não conseguem aumentar a sua base social e, somados, elegem apenas 03 deputados federais. Isso é um sintoma incontestável de que a tática e o discurso desses partidos culmina, ao fim e ao cabo, em sectarismo e principismo, logo, não dialogam com a vida real do povo brasileiro. 

    Na prática, vislumbra-se o quão equivocada é a tática atual do PSOL, do PSTU, do PCO e do PCB. Essa tática de bater violentamente no PT, para tentar ficar com nacos de suas bases, é contraproducente e infantil. Primeiro, porque com essa tática não disputam os já famosos 5/6 dos votos que os brasileiros não conferem ao PT para o parlamento. Segundo, porque obviamente essa tática apenas fraciona (ou tenta fracionar) os já parcos 1/6 de votos parlamentares que o PT tem.

    O problema das esquerdas em Pindorama, infelizmente, segue sendo o sectarismo pueril. O PSOL chama o PT de traidor. O PSTU chama o PSOL de pelego. O PCO chama o PSTU de renegado. E o PCB diz que todos esses são burgueses e que somente ele é que representa a vanguarda do proletariado! Enquanto isso, o PT segue sendo o único partido de esquerda de massas no Brasil e os outros continuam brigando entre si, sem base social real e cada vez mais principistas, dogmáticos e sectários!

    Enquanto ficarem só na crítica e elegerem, em conjunto, a “imensa” bancada de três deputados federais, pouca coisa vai avançar! Esses partidos não são a ‘vanguarda’ da classe operária no Brasil? Porque em 2010, somados, fizeram somente 01% dos votos na eleição presidencial? 

    Enfim, lamento ter que repetir isso pela milésima vez. Muitos certamente não irão gostar. Paciência… O Partido dos Trabalhadores é o único partido de massas no Brasil atual, gostem ou não os seus habituais detratores!

    Entendem agora o porquê da luta inglória do PT contra as forças que sempre dominaram este país? Onde está a esquerda que “não se divorciou” das massas para ajudar o PT a fazer as transformações sociais? A verdade nua e crua é que temos partidos de esquerda que não alcançam a grande massa da população brasileira, eles é que precisam encontrar e convencer a massa, não o PT!

    Quanto ao PT, segue a sua luta desigual, onde tem apenas 1/6 dos parlamentares no Congresso Nacional. Onde é a cabeça de um governo de coalizão, eivado de contradições, justamente porque a esquerda que se pretende revolucionária elege, em conjunto, a “imensa” bancada de três deputados federais…

    Finalmente, constata-se que entre o sonho e a realidade vai um longo caminho a ser percorrido. Espero que os protestos do mês de junho de 2013 se traduzam em algo de concreto para 2014, no que tange ao parlamento nacional.

    As ruas são importantíssimas, mas, para desespero de alguns, ainda continuam sendo necessários os votos de 50% dos deputados e senadores para se aprovar um simples projeto de lei. E 60% de votos no Congresso Nacional para se aprovar Emendas Constitucionais.

    1. “Para quem ainda não

      “Para quem ainda não percebeu, acabou o tempo em que um “mau acordo” parecia melhor do que uma “boa luta”. Já há tempos, uma boa luta não é apenas melhor, é a única alternativa. Não foi esta a conclusão do PED. Tampouco parece ter sido este o tom da resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT, dia 18 de novembro de 2013. A defensiva eterna não é capaz de derrotar uma ofensiva e não há tática vitoriosa nos marcos de uma estratégia superada: espero que seja esta a tônica dos debates no V Congresso do Partido, em dezembro de 2013.”  (Valter Pomar – Articulação de Esquerda – PT)

      Não foi…

       

      http://www.pagina13.org.br/2013/11/antes-tarde-do-que-tarde-demais/

  17. A estratégia Lulista de

    A estratégia Lulista de alianças amplas como em 2010, atualmente não conta com muitos respaldos no PT. Rui Falcão não estimula para não desagradar os “aliados”, mas também não desestimula os movimentos regionais. 

    Essa insatisfação estava crescendo no PT e ganhou força com as manifestações de Junho, que desnudaram os defeitos da grande coalizão. 

    O próprio Lula esperto como ele parece ter percebido, impor alianças de cima pra baixo pode dar vitória a Eduardo Campos (Campos iniciou seu projeto presidêncial depois que Lula colocou Haddad e Padilha no jogo político).

    Ao contrário do que é dito, 2014 está muito favorável ao PT: 

    – O partido vem com candidaturas competitivas aos governos dos estados mais importantes e que elegem mais deputados;

    – O PT tem sim que procurar lançar candidaduras majoritárias em quase todos os estados, com condições de eleger 1/3 dos governadores e senadores além da própria Dilma;

    – Tem que ser evitado coligações nas proporcionais do PT onde tenha políticos conservadores;

    – O PMDB está esperneando e acusando o PT de hegemonismo para não perder a boquinha, numa eleição de dois turnos é fácil PT e PMDB fazerem as pazes (nos estados onde o PT ir mal, basta apoiar governadores do PMDB no 2º turno);

  18. Essa é a força deste blog

    Os comentaristas

    Excelente Post de Diogo que possibilitou o debate profundo e de alto nível.

    Parabéns aos comentaristas, parabéns Nassif.

  19. É um orgulho termos Diogo Costa neste blog

    Li o post e os comentários do Diogo e constatei que não restou nada a acrescentar.

    Parabéns, Diogo, com comentários simples e diretos pulveriza todas as (pseudo)-críticas anti-petistas.

    Quero destacar apenas uma frase espetacular, que reproduzirei aproximadamente.

    Não foi o PT que se afastou dos movimentos populares (Isso é repetido exaustivamente pelos insensatos), os movimentos populares é que perderam espaço por conta de mil fatores atuais que merecem ser analisados e discutidos detalhadamente. 

    No meu ramo de atuação profissional, muitas ideias pipocam aqui e ali. mas tem mais de 3 décadas que não se observa uma proposta ousada, realmente inovadora.. vamos meditar, o Diogo levanta uma questão realmente profunda.

  20. 5º. Congresso do PT

    O MOMENTO ATUAL E SEUS DESAFIOS
    79. O 5º. Congresso do PT realizar-se-á em uma conjuntura política excepcional, marcada pelo renascimento de manifestações sociais, como as ocorridas em junho deste ano. A nova situação criada no país a partir dessas mobilizações e as soluções concretas que formos capazes de apresentar e realizar terão influência sobre a estratégia mais geral do Partido e do Governo e, de forma especial, sobre as eleições de 2014.

    80. A experiência acumulada nos últimos onze anos mostra que a superação de crises políticas semelhantes sempre passou pela mobilização da sociedade, especialmente dos amplos segmentos que historicamente nos têm acompanhado e daqueles que, mais recentemente, foram beneficiados pelas transformações econômicas, sociais e políticas lideradas pelos Governos Lula e Dilma. O passado ensina também que a mobilização de nossas
    bases sociais e políticas ajuda a recompor a sustentação institucional do Governo, inibe aventureiros, inclusive aqueles que se ocultam em uma fraseologia anti-capitalista e frustra as tentações golpistas que uma crise possa despertar.

    81. Parte da sociedade, inclusive aquela beneficiária das transformações dos últimos anos, está insatisfeita com o ritmo – que considera lento – das mudanças e não vê alternativas para suas demandas nos políticos e nas instituições atuais.

    82. A violência e o vandalismo, que têm marcado algumas mobilizações, provocam ao mesmo tempo um sentimento de insegurança em parte da sociedade. Criam imagem de desgoverno e de ruptura do tecido social. Animam os aventureiros e os que defendem soluções autoritárias.

  21. 5º. Congresso do PT

    13. O PT não tem sido capaz de construir uma narrativa de sua experiência governamental, tarefa de enorme importância política.

    17. Resumindo: não é fácil para um Governo, sobretudo de esquerda:
    (1) estabelecer equilíbrio entre ação e reflexão e entre o urgente e o importante;
    (2) resolver as dificuldades institucionais e burocráticas que se antepõe à ação governamental e
    (3) entender e dar conta das novas reivindicações que surgem na sociedade.
    18. Mas não é fácil para o Partido, tampouco, realizar a complexa tarefa de apoiar seu Governo e, ao mesmo tempo, empurrá-lo para além dos limites que lhes impõem a conjuntura ou instituições, muitas vezes arcaicas.

    26. Esses e muitos outros exemplos mostram a necessidade do Partido construir a narrativa de seu Governo. Sem ela, ficamos na defensiva, ao sabor das versões que os monopólios de comunicação constroem cotidianamente.

    30. As medidas de reforma do Estado não foram capazes de remover os obstáculos burocráticos que criam empecilhos para o avanço mais rápida dos grandes projetos de infra-estrutura, vitais para dar nova qualidade a nosso desenvolvimento.

    31. Partido e Governo não souberam, afinal, desenvolver instrumentos de comunicação social que pudessem contra-arrestar a permanente ofensiva conservadora dos grandes proprietários de jornais, rádios e televisões.

    55. *O fortalecimento e aprofundamento da democracia, exige um ritmo mais acelerado da reforma do Estado e das instituições políticas e do combate à corrupção. Sem essas mudanças – que incidirão sobre a organização dos partidos, as eleições e a participação social – será impossível superar a crise dos mecanismos de representação, que se arrasta por anos e que ganhou particular importância nos últimos meses. O país tem de enfrentar uma mudança constitucional, a ser obtida por meio de variados mecanismos de consulta ao povo, como o plebiscito. Somente a renovação de nossas instituições democráticas dará aos Governos e à sociedade a estabilidade necessária para o desenvolvimento econômico e social e para o pleno exercício da liberdade.

  22. Material humano de

    Material humano de Qualidade

    Na verdade o que tem faltado é uma mentalidade compromissada com o sucesso do país, e não com os proprios interesses. O país tem sido contaminado com a mentalidade de buscar o enriquecimento individual a qualquer custo, e por este pensamento passa por cima do melhor sistema de governo que possa existir.

    Marx achou que o proplema era o sistema, e não era. Existiram países socialistas no qual a miséria e a exploração das massas se tornou tão ou mais selvagem do que no capitalismo, para se ter uma idéia do que uma liderança contaminada pelo egoísmo pode fazer.

    São petistas que se unem para votar aumento próprio de super salários em 26 mil Reais, totalmente fora da realidade nacional, e nisto eles se unem voluntariamente ao centrão, ao DEM, ao psdb e o que mais tiver de pior no país. Ou vão dizer que foi o centrão que obrigou o PT a aprovar o próprio aumento de salário? Uma coroa de louros aos poucos parlamentares petistas que se abstiveram de sujar as mãos com isto.

    O PT da década de 80 iria corar se lessem isto.

    A esquerda vira direita quando começa a contar dinheiro ou quando chega ao poder, poucos são os que se preservam desta doença.

     

     

  23. A surpresa que vem da Índia

    Boaventura: a surpresa que vem da Índia

    Por Boaventura de Sousa Santos

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    Novo partido, que enfrenta sistema político e poder econômico, avança, reage a chantagens, mobiliza quem estava paralisado. Experiência pode ser reproduzida?

    Por Boaventura de Sousa Santos

    Escrevo esta crónica da Índia, onde tenho estado nas últimas três semanas. Na década passada, a Índia foi avassalada pelo mesmo modelo de desenvolvimento neoliberal que a direita europeia e seus agentes locais estão a impor no Sul da Europa. As situações são dificilmente comparáveis mas têm três características comuns: concentração da riqueza, degradação das políticas sociais (saúde e educação), corrupção política sistêmica, alastrando-se para todos os principais partidos envolvidos na governação e sectores da administração pública. A frustração dos cidadãos perante a venalidade da classe política levou um velho ativista neo-gandhiano, Anna Hazare, a organizar em 2011 um movimento de luta contra a corrupção que ganhou grande popularidade e transformou as greves de fome do seu líder num acontecimento nacional e até internacional. Em 2013, um vasto grupo de adeptos decidiu transformar o movimento em partido, a que chamaram o partido do homem comum (Aam Aadmi Party, AAP).

    O partido surgiu sem grandes bases programáticas, para além da luta contra a corrupção, mas com uma forte mensagem ética: reduzir os salários dos políticos eleitos, proibir a renovação de mandatos, assentar o trabalho militante em voluntários e não em funcionários, lutar contra as parcerias público-privadas em nome do interesse público, erradicar a praga dos consultores, através dos quais interesses privados se transformam em públicos, promover a democracia participativa como modo de neutralizar a corrupção dos dirigentes políticos. Dada esta base ética, o partido recusou-se a ser classificado como de esquerda ou de direita, dando voz ao sentimento popular de que, uma vez no poder, os dois grandes partidos de governo pouco se distinguem.

    Em dezembro passado, o partido concorreu às eleições municipais de Nova Déli e, para surpresa dos próprios militantes, foi o segundo partido mais votado e o único capaz de formar governo. O governo foi uma lufada de ar fresco, e em fevereiro o AAP era o centro de todas as conversas. Consistente com o seu magro programa, o partido propôs duas leis, uma contra a corrupção e outra instituindo o orçamento participativo no governo da cidade, e exigiu a redução do preço da energia eléctrica, considerado um caso paradigmático de corrupção política. Como era um governo minoritário, dependia dos aliados na assembleia municipal. Quando o apoio lhe foi negado, demitiu-se em vez de fazer cedências. Esteve 49 dias no poder e a sua coerência fez com que visse aumentar o número de adeptos depois da demissão.

    Perplexo, perguntei a um colega e amigo, que durante 42 anos fora militante do Partido Comunista da Índia e durante 20 anos membro do comitê central, o que o levara a aderir ao AAP: “fomos vítimas do veneno com que liquidamos os nossos melhores, favorecendo uma burocracia cujo objetivo era manter-se no poder a qualquer preço. É tempo de começar de novo e como militante-voluntário de base”. Outro colega e amigo, socialista e votante fiel do Partido do Congresso (o centro-esquerda indiano): “aderi quando vi o AAP enfrentar Mukesh Ambani, o homem mais rico da Ásia, cujo poder de fixar as tarifas de eletricidade é tão grande quanto o de nomear e demitir ministros, incluindo os do meu partido”.

    Suspeito que tarde ou cedo vai surgir em Portugal o partido do homem e da mulher comuns. Já tem nome e muitos adeptos. Chamar-se-á Partido do 25 de Abril. Quarenta anos depois da Revolução, será a resposta política aos que, aproveitando um momento de debilidade, destruíram em três anos o que construímos durante quarenta anos. O 25 de Abril é o nome do português e da portuguesa comum cuja dignidade não está à venda no mercado dos mercenários, onde todos os dias se vende o país. Será um partido de tipo novo que estará presente na política portuguesa, quer se constitua ou não. Se se constituir, terá o voto de muitas e muitos; se não se constituir, terá igualmente o voto de muitas e muitos, na forma de voto em branco. Por uma ou por outra via, o Partido do 25 de Abril não esperará pelo próximo livro de Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel da Economia, onde ele explicará como o FMI destruiu o Sul da Europa com a conivência da UE.

    1. Boaventura de Sousa Santos pareceu-me descrente da democracia

       

      Josias Pires (domingo, 09/03/2014 às 16:50),

      O sociólogo português parece-me neste artigo “A surpresa que vem da Índia” que você transcreveu neste comentário aqui para o post “Como superar o Centrão herdado da Constituinte?” de domingo, 09/03/2014 às 12:08, como totalmente descrente da democracia e com um entendimento da democracia que dificilmente poderá resultar em algo funcional em um sistema capitalista.

      Ao profissionalismo da política, um imperativo a partir do momento em que a política deixou de ser uma exclusividade da elite, que tinha disponibilidade de tempo e de dinheiro, ele propõe uma política amadora. Uma proposta assim significa entregar a política para as elites.

      Não digo que uma proposta assim seria pior para o país, mas certamente será pior para a democracia. Trata-se de tese que as elites sempre defenderam. E conta com o apoio à direita e à esquerda de todos aqueles que são descrentes da democracia. E é uma leva que sempre aumenta em períodos de crise do sistema capitalista em que as soluções adotadas parecem que mais vão em direção contrária aos anseios mais populares.

      Em opinião de leigo, uma das razões para as soluções propostas para enfrentar as crises serem na maioria das vezes soluções contrárias aos anseios populares reside no fato que as grandes crises são crises de superprodução ainda que a superprodução possa estar associada a outras causas como por exemplo os superfinanciamentos. Assim sendo, para se enfrentar uma crise de superprodução dentro do sistema capitalista é preciso reduzir a superprodução e ao mesmo tempo aumentar a margem de lucro. A solução proposta então representa aumento de desemprego e redução de salários.

      Com a disposição ao voluntarismo, o Partido do Homem Comum da Índia, talvez, possa contribuir para o aumento da margem de lucro da nossa elite empresarial que assim poderá pagar menos impostos. Se uma medida assim conseguir aumentar os investimentos e com isso mais crescimento e mais geração de emprego, a classe trabalhadora não deve de antemão descartá-la como nociva. O problema é que no longo prazo enfrentando um grupo de amadores, os profissionais pagos pela elite saberão como tirar proveito não só dos amadores como da própria classe trabalhadora.

      Vale recordar que a discussão sobre a democracia está muito presente atualmente. Em um post recente aqui no blog de Luis Nassif, o comentarista Alexandre Weber – Santos – SP fez indicação de artigo da revista The Economist ao mesmo tempo que transcreveu todo o artigo, cujo título é “What’s gone wrong with Democracy?”. O endereço do artigo na revista The Economist é:

      http://www.economist.com/news/essays/21596796-democracy-was-most-successful-political-idea-20th-century-why-has-it-run-trouble-and-what-can-be-do?fsrc=scn/gp/tl/img/feb27

      O comentário de Alexandre Weber – Santos – SP, em uma resposta que ele endereçou a mim junto ao post “O Brasil e as dores do crescimento”, de quinta-feira, 27/02/2014 às 06:00, aqui no blog de Luis Nassif e da lavra dele, foi enviado quinta-feira, 27/02/2014 às 22:33, junto ao meu comentário de também quinta-feira, 27/02/2014 às 18:44. O post “O Brasil e as dores do crescimento” pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-brasil-e-as-dores-do-crescimento

      Vale ressaltar que a transcrição que Alexandre Weber – Santos – SP fez do artigo da revista The Economist ficou um tanto fora do lugar e servia mais como uma chamada de atenção para mim, em razão de debates que travamos sobre vários assuntos inclusive a respeito da democracia junto ao post “O xadrez da economia para 2014” de sexta-feira, 14/02/2014 às 06:00, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria também de Luis Nassif. O endereço do post “O xadrez da economia para 2014” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-xadrez-da-economia-para-2014

      Recentemente junto ao post “As semelhanças entre 1964 e 2014” de terça-feira, 04/03/2014 às 10:04 aqui no blog de Luis Nassif, eu tive oportunidade de alertar para Alessandre de Argolo um equívoco que se comete no entendimento da democracia ao se afirmar que, sem se conhecer o bem comum, pode-se dizer que, funcionando sob o auspícios da legalidade, o bem comum não está sendo atingindo. O bem comum pode até ser que ele não esteja sendo atingido, mas é pressuposto da democracia que o resultado alcançado seja a favor do bem comum. O endereço do post “As semelhanças entre 1964 e 2014” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/as-semelhancas-entre-1964-e-2014

      E hoje há dois posts aqui no blog de Luis Nassif que traz como proposta a discussão direta da democracia. Um é o post “A democracia é negócio próprio” de domingo, 09/03/2014 às 19:42, de autoria de Rogério Faria. O post “A democracia é negócio próprio” pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-democracia-e-negocio-proprio

      O segundo post é “A consolidação da democracia como um processo civilizatório” de domingo, 09/03/2014 às 19:44 e de autoria de Ion de Andrade. O post “A consolidação da democracia como um processo civilizatório” pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-consolidacao-da-democracia-como-um-processo-civilizatorio

      Faço a indicação destes posts porque considero como muito importante a discussão sobre a democracia. E é preciso saber com certeza o que cada um que diz defender a democracia entende a respeito dela. Será que as pessoas que se dizem democratas são democratas em relação as formas de democracia possíveis ou são democratas em relação à democracia que pensam que existe ou que desejariam que existe.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 10/03/2014

  24. Devagar com o andor que o santo é de barro

     

    Diogo Costa,

    Concordo com você.

    Questiono, entretanto, duas idéias neste post “Como superar o Centrão herdado da Constituinte?”. O primeiro questionamento diz respeito a afirmação sua no final do seguinte parágrafo:

    “Não parece também óbvio que sem um governo de coalizão é impossível governar o Brasil? Pode-se e se deve discutir a qualidade desta coalizão, negá-la, ou fazer de conta que ela não é necessária, definitivamente, é de uma estultice sem tamanho!”.

    Às vezes quando eu estou discutindo com um conhecido eu posso até me referir a esta idéia como estulta, mas não diria assim se a idéia fosse da pessoa com quem eu discuto. E não é para ser educado, ou visto de outro modo por ser covarde e não querer falar na frente da pessoa a mensagem que a estultice transmite. A razão para eu evitar dizer isso é que pode ser que a pessoa de quem eu falo e não com quem eu falo não tenha um conhecimento suficiente do assunto. É mais por isso que eu penso que não se deve referir à idéia de que o PT possa governar sem aliança como sendo uma idéia estulta.

    Aliás, há ainda a outra possibilidade tão bem expressa por Anarquista Lúcida no comentário dela de domingo, 09/03/2014 às 14:53. Bem expressa e em negrito que não precisaria ser aqui repetida, mas é o que eu faço. Disse lá Anarquista Lúcida:

    “O nanoesquerdismo tem pensamento mágico, crê q querer é poder”.

    E a direita faz a crítica porque a crítica, desde que não fira a lei, é livre.

    E o segundo questionamento diz respeito ao que você diz nos dois seguintes parágrafos e que aparecem em sequência. Diz você lá:

    “Enfim, não temos nada disto no Brasil. O que temos é um sem número de encostos políticos que atravancam o desenvolvimento do país e que o PT tem que carregar nas costas como um imenso e pesado fardo.

    É o famoso Centrão, que existe desde a Constituinte e que se articula diuturnamente para chantagear os governantes de plantão e para vender caro, muito caro, todo e qualquer avanço social que se pretenda implementar”.

    Não só eu não considero que os deputados da base aliada sejam encostos políticos que atravancam o desenvolvimento do país, como eu avalio que se o PT fosse maioria, o partido pouco conseguiria fazer a mais do que fez. A administração pública não é esta máquina toda poderosa capaz de tornar realidade o ditado que Anarquista Lúcida transformou em crítica ao nanoesqueridismo. Querer não é poder na atividade política mesmo que você disponha de uma base coesa e majoritária.

    Seja por exemplo a dívida pública de curto prazo que é fruto do grande esforço que o Brasil fez para acabar com a inflação de uma vez, em época de eleição com o fito de eleger um candidato que não fora sequer presidente de um grêmio recreativo na juventude. E dívida pública de curto prazo que cresceu ainda mais diante da necessidade de assegurar a aprovação da emenda da reeleição e depois de garantir a própria reeleição. E menciono também como exemplo a dificuladade que seria fazer o país acabar com o livre fluxo de moeda, o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação, sabendo que estes mecanismos asseguram a inflação baixa que é o maior desiderato da população.

    Seja também a questão de educação. Como dar à população uma educação de qualidade se para isso é necessário dar educação em tempo integral e só 20 anos depois é que se poderá ter uma base de país com pelo menos o nível médio de tal modo que os filhos destes pais quando estão em casa estejam em nível não muito diferente dos filhos de outros pais com melhores níveis de escolaridade.

    Na verdade foi muito fruto das circunstâncias o PT, mesmo em minoria, ter feito um governo que trouxe tamanho ganho social para a população.

    E não discordo somente porque acho que o PT não poderia fazer muito mais se fosse maioria homogênea. Também considero que chamar o trabalho dos políticos chamados de Centrão como não sendo uma chantagem uma idéia que mais denota uma falta de compreensão do modelo democrático. Não considero que o Centrão esteja chantageando o PT. O Centrão é um grupo de interesses que representa interesses não muito em concordância com os interesses que o PT representa. Só que esta defesa dos interesses que o Centrão representa é feita de modo semelhante em qualquer modelo de democracia que exista em qualquer lugar do mundo democrático. Esta prática quando feita dentro da lei chama-se fisiologismo. Quanto mais fisiologismo existir mais há democracia, se a democracia for tomada como sinônimo de igualdade e de liberdade realizada dentro da lei. Se há chantagem não há democracia, uma vez que a chantagem é fora da lei.

    É claro que quanto mais há uma maioria homogênea, menos fisiológica se torna esta democracia. Só que uma democracia assim pode até favorecer uma maior igualdade, e sob o aspecto da igualdade se possa dizer que haja mais democracia, se a força majoritária homogênea destinar todo o seu esforço em conseguir uma maior igualdade. Só que esta força majoritária homogênea cria uma imposição autoritária sobre as demais forças e no sentido de liberdade se poderá dizer que haverá menos democracia.

    E há um problema em relação à busca da igualdade no regime democrático no sistema capitalista. A busca da igualdade reduz o crescimento econômico. Há a vantagem de, no longo prazo, embora se cresça a ritmo menor, tenha-se mais espaço para crescimento e nas crises as recessões parecem que seriam mais suaves. O menor crescimento ainda que feito em bases de maior igualdade pode criar mais antagonismo da população em relação ao governante.

    Então se o PT tivesse sido uma maioria homogênea, talvez tivéssemos tido um pouco mais de igualdade e um pouco menos de crescimento. Além disso deve-se perceber que à uma maioria homogênea se opõe um minoria homogênea. E tão logo esta minoria conseguisse se tornar maioria haveria uma tendência à maior desigualdade que muitas vezes destrói o que se conseguiu de melhoria na distribuição de renda. Grande parte do que Franklin Delano Roosevelt, Harry S Truman e mesmo Dwight David “Ike” Eisenhower (Que apesar de republicano tinha uma mentalidade de militar menos propensa a defesa da desigualdade), John Fitzgerald Kennedy e Lyndon Baines Johnson conseguiram fazer de melhoria na distribuição de renda dos Estados Unidos foi posto por terra com os governos de Ronald Reagan, de George Herbert Walker Bush, o pai, e de George Walker Bush, o filho.

    Então se o PT fosse maioria talvez tivesse feito pouca coisa a mais com o risco maior de sofrer reversão.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 09/03/2014

    1. Caro Mário

      mas é esse dilema que o Diogo levanta!

      O dilema é exatamente esse: Para mudar esse quadro precisamos reforma política, mas com esse quadro (centrão bem estabelecido e mídia jogando contra) a presidente não consegue nem passar um plebiscito…

       

      Sim, precisamos de reforma política, mas estamos numa sinuca de bico. temos de contornar fazendo uma (ou várias) tabela (e creio que é isso que Dilma costura com toda calma) na mesa de jogo para conseguir essa meta.

  25. – Governos são muito maiores

    – Governos são muito maiores que suas bases congressuais em qualquer parte do mundo, fora as situações excepcionais. O PRI serve como exemplo e mostra a falácia, a inversão lógica, a exceção como regra.

    – A bem da verdade, presidentes latino-americanos possuem poderes extraordinários em virtude da centralização de matérias administrativas graves e concentração absurda de recursos econômicos, materiais, humanos e financeiros. É apenas evidente ignorância reduzir todas as ações de um governo a sua força congressual.

    – Não é certo que governos controlem melhor as ações do Estado com amplo domínio sobre o parlamento e – se assim o for – de modo algum significa que dependem deste imenso poder unicamente.

      – Apenas isso seria suficiente para desmontar a tese. Prosseguindo, o que não se comenta é sobre a perspectiva de longo prazo, a habilidade política, a qualidade do discurso, tenacidade, proposta, projeto, ação, inteligência e COMPETÊNCIA.

    – Os políticos não só podem como devem atuar para MUDAR as circunstâncias postas, o complexo de leis, as práticas, cultura política. É difícil? Não, é dificílimo. Mas é aí que se separam os peritos eleitorais dos políticos talentosos. Não é agir com temeridade e rompantes revolucionários, mas agir com prudência e capacidade com governos de nível superior de qualidade. Não há desse tipo em nenhum partido na atualidade.

    – A política é muito maior que sua dimensão partidária. Deixa-se de falar no todo para considerar a parte. Parte-se do equívoco conceitual que um partido é melhor que o outro e não se discute a real dificuldade de solucionar problemas fortemente intrincados e complexos. O nível das discussões resulta paupérrimo.

    – O cidadão já disse lá embaixo, convém dizer mais uma: quem se submeteu ao atual quadro foram os pricipais nomes do PT. Deixou-se de lado o fortalecimento lento e gradual do discurso para alcançarem de imediato o poder. E depois que o tomaram, não sabiam o que fazer. Foram doze anos apenas melhores que os do FHC, mediocres ao final.

    – Jucelino também não tinha maioria no Congresso, tinha os milicos fungando em seu cangote, o FMI e um tal de Lacerda. Fez o que fez em cinco anos. Se na nossa própria história há exemplo de competência, por que acham que se fala de algo fantástico?

     

    1. Não desenterre os mortos, pois o cadáver pode ser feio

       

      Chico Pedro (domingo, 09/03/2014 às 20:58),

      Tenho muita resistência aos comentários retóricos. Talvez até como uma auto defesa por não me ver com capacidade para a retórica. Normalmente quando eu leio um comentário bem retórico, eu gosto de procurar um trecho onde há uma mensagem que é aplicável em qualquer lugar do mundo. É o que há de mais comum nestes comentários com estas características. E para minha infelicidade, na maioria das vezes, a negação dos comentários retóricos se fundamenta na retórica.

      Um comentarista que usa e abusa da retórica é o Luis Nassif. Quando tenho tempo eu não deixo de criticar a retórica dele. É muito difícil, em minhas críticas ao Luis Nassif, eu não ser retórico. E reconheço que, na retórica, ele é bem superior a mim. De todo modo, sempre que posso uso o argumento de perguntar em que país do mundo e em que momento a análise, a qual ele quer dar bastante especificidade, não pode ser aplicada. Em suma eu pergunto em que a análise dele é específica como ele quer nos fazer crer.

      Às vezes eu nem peço para o Luis Nassif mostrar a especificidade da crítica dele. É quando ele fala de administrador competente ou incompetente. Para afirmações de Luis Nassif avaliando a competência de um administrador público, eu normalmente peço a ele que distribua para os comuns dos mortais como nós somos na maioria, o mecanismo que ele tem dentro de alguma caixa preta que o permite avaliar objetivamente o administrador público. Infelizmente ele nunca nos apresentou esse mecanismo.

      Como sempre, achei seu comentário aqui para este post “Como superar o Centrão herdado da Constituinte?” de domingo, 09/03/2014 às 12:08, aqui no blog de Luis Nassif e originado de comentário de Diogo Costa bastante retórico. É bem verdade que você trouxe algumas especificidades para o texto, como dizer que o PRI é uma exceção a regra, dizer que o presidencialismo da América Latina é diferente do presidencialismo do resto do mundo e mencionar o Juscelino Kubitschek de Oliveira como exemplo máximo de competência pátria. No caso da sua avaliação de Juscelino Kubitschek de Oliveira, provavelmente você contou com a caixinha preta que eu imaginava que só o Luis Nassif possuísse.

      De todo modo, sabendo que não se pode contar com uma reaparição de Juscelino Kubitschek, pois não me parece que ele seja nenhum descendente de Áttila, o Huno, da região de Székely, fico a imaginar em que você reconhece que no séc. XXI caberia depositar todas as suas esperanças para que a sua seguinte frase tivesse algum caráter de especificidade:

      “Mas é aí que se separam os peritos eleitorais dos políticos talentosos”.

      Então é isto, sem se restringir ao Brasil, quem é que no século XXI pode ser considerado um político talentoso? É claro se antes de responder você fizer uso da caixinha preta, por favor informe esta particularidade na sua resposta.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 09/03/2014

    2. “A bem da verdade,

      “A bem da verdade, presidentes latino-americanos possuem poderes extraordinários em virtude da centralização de matérias administrativas graves e concentração absurda de recursos econômicos, materiais, humanos e financeiros. É apenas evidente ignorância reduzir todas as ações de um governo a sua força congressual.”

      Não é verdade Chico Pedro, pois se assim o fosse o governo Lula não deixaria de arrecadar mais de R$ 40 bilhões com a extinção da CPMF em 2007 e que tanta falta faz a saúde brasileira. Com o crescimento do PIB, hoje são mais de R$ 400 bilhões que deixaram de ser arrecadados para a Saúde e observe quais foram os parlamentares que votaram a favor da extinção da CPMF, nenhum do PT! Portanto, esse poder extraordinário de presidentes latino- americanos que você menciona acima, não se aplica no caso brasileiro.  

    3. #SQN

      O PSD de Juscelino e o PTB de João Goulart, que era seu vice, somados, faziam folgada maioria no Congresso Nacional, além de deixarem a  UDN no chinelo. Situação absolutamente diferente da que temos hoje, em relação ao PT. A aliança PSD/PTB era imbatível nas décadas de 40, 50 e 60. O golpe militar de 64 só teve êxito porque o PSD, naquela altura, deixou de apoiar o então Presidente João Goulart.

  26. Excelente texto, sobretudo
    Excelente texto, sobretudo para alertar certos desavisados de como é que funciona a “real politik” no Brasil, porque os cínicos sabem perfeitamente como funciona, mas gostam de dar uma de golpistas engraçadinhos pra não perder a embalagem.Na verdade esse “centrão” (do qual o PMDB sempre o maior expoente) é um “direitão” (já que aqui no Brasil ninguém gosta de assumir que é de direita, talvez porque embora sejamos herdeiros da elite da casa grande e extremamente conservadores e reacionários como essa elite, nosso tropicalismo devesse ser avesso ao direitismo tosco…).Seja como for, nosso presidencialismo de coalizão é uma realidade, como bem reconhece o artigo, e o único partido de esquerda (de massas) que conseguiu chegar ao governo tampouco conseguiu se livrar dele, ao contrário, teve que pactuar com esses neo-coronéis para ter “licença” para governar, e ainda precariamente…Muitos espertalhões vivem de dissimular a ideia de que vivemos uma “ditadura petista” e que o PT seria uma espécie de PRI (o partido que não si do governo no México) à brasileira. O pior é que muitos incautos, por ignorância pura, caem nessa esparrela.Por isso as palavras de Diogo Costa fazem todo sentido: “… E sem conhecer a realidade como ela é fica difícil empreender qualquer mudança com relação a esta mesma realidade”.  E essa mudança pode e deve começar com uma radical reforma política e eleitoral que os grupos mais conservadores (de direita) por motivos óbvios, querem adiar ad eternum, para o “dia de são nunca do meio dia pra tarde”, como diziam os antigos. 

  27. outra questào é a

    outra questào é a parlamentar, mas acho que ctoninuar no paqrlamento e ontinuar com a participaçào militante de antes sào duas hipóteses que nào se exluem..

  28. Para mudar a política rasa

    Para mudar a política rasa que grassa no país, fruto da ainda forte oligarquia do campo presente no Congresso (pelo menos 40% de sua composição) e das costumazes práticas de viver as custas das benesses e privatarias corporativas do Estado (outros pelo menos 25% dos congressistas), o PT optou por não bater de frente com esta corja que suga boa parte dos recursos orçamentários federais e/ou que repete as velhas políticas de favorecimento às elites regionais, e admite que a mudança virá em longo prazo, pela manutenção da “odem democrática”, pelo não enfrentamento radical, pela lógica de compor com o inimigo para miná-lo por dentro, pela tática de comer pela borda.

    Por isto a crítica feroz de (pseudos) progressistas de que o PT esqueceu de ser o que se propos a ser, de que se acomodou no poder somente pelo poder, de que se tornou refém dos velhos caciques, quando, na verdade, teve a sabedoria de entender que qualquer passo em falso seria o gatilho para golpes (vide mensalão).

    O PT (enquanto esquerda legítima) está completando “apenas” 12 anos no poder e está dando passos lentos, mas importantes, para mudar a lógica na política com importantes programas, projetos e marcos regulatórios em diferentes áreas e, aos poucos, e sem rupturas drásticas na tradicional prática de fisiologismo, favorecimento e chantagem político partidária, vai consolidar uma nova forma de se fazer política no país.

     

  29. Cheguei tarde…

         Ola,

         Cheguei tarde na discussão.

         O problema está em não eleger mais de 20% de deputados e senadores. Como São Paulo não temn esse poder, não dá para por culpa no ódio das elites.

         Há uma despolitização da população, que se preocupa muito mais com a eleição de governador do que de deputado. Se for estadual então… e há uma falta de envolvimento de alguns deputados petistas com o dia a dia do seu quintal e se esforçando em questões nacionais.

         Isso é um problema grave, pois demonstra uma falta de estratégia do partido para a formação de novos nomes e a sua colocação na política. Ele tem a caneta e poderia vincular determinadas obras a ingerência e ao empenho destes novos nomes, mesmo que não tenham ainda mandato político. Mas isso não acontece. Continua aceitando e alimentando o poder dos coroneis – ou cabos e majores – que cuidam de seus quintais, fazendo o bem ou o mal.

        Por isso que o problema não está no PMDB, está no PT. São doze anos de mandato presidencial e indo para mais quatro. São doze anos de reclamação, mas quantas novas lideranças petista você conhece?

     

  30. A governabilidade viria das

    A governabilidade viria das ruas, como demonstraram as jornadas de junho. O PT escolheu outro caminho, o do parasitismo, do fisiologismo, da burocratização, de Palocci, Delúbio e afins.

    1. O pensamento imprestável dos parasitas fantasiados

      Com um pensamento imprestável como este, típico dos parasitas fantasiados que afastaram as massas das ruas, não me admira que este bando de pangarés não consiga angariar o apoio, nem ontem nem hoje, da classe trabalhadora.

  31. Os pontos levantados por

    Os pontos levantados por Diogo são meridianamente claros. O PT com 1/6 do congresso; a esquerda reformista com 1/3 dá no que dá. Quanto à “esquerda revolucionária”, também concordo, não tem muito a acrescentar.

    Agora, outra coisa que me chama atenção é que, ainda assim, tem uns malucos histéricos temendo a cubanização, o chavismo no Brasil….

    O que eu não estou muito convencido, no entanto, é da hipótese de que o crescimento da esquerda se deve à fragmentação de partidos.

    O que eu vejo é um aumento da competição eleitoral. A concorrência no “mercado politico” é cada vez maior. Wanderley Guilherme dos Santos demonstra isso. O que me parece é que a “alquimia” eleitoral acaba turvando a representação. Financiamento de campanha por empresas e coalizao eleitoral, para mim, são os principais problemas, não a quantidae de partidos.

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