Comunidade vistoriada por Dilma no Rio cobra saneamento básico

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Por Isabela Vieira

Vizinhos da Base Área de Santa Cruz, onde a presidenta Dilma Rousseff esteve neste sábado (13) orientando para o combate do mosquito Aedes aegypiti, moradores cobraram o desentupimento de valões e saneamento básico. A visita da presidenta à comunidade Caminho do Zeppelin, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, fez parte do Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Mosquito Aedes Aegypti. O inseto é transmissor da dengue, da chikungunya e da zika, doença que pode estar associada com a microcefalia.

A zona oeste, onde fica Santa Cruz, área escolhida pela Dilma para a campanha, é uma das regiões com maior infestação do Aedes na cidade do Rio. Hoje, a presidenta esteve no local com o governador Luiz Fernando Pezão, e o prefeito, Eduardo Paes.

Segundo os moradores, os valões nas ruas Prado Júnior e Novecentos e Noventa e Nove não canalizam a água para tratamento. Misturada ao esgoto e ao lixo, fica parada, transformando as valas, rodeadas de mato, em local perfeito a proliferação de insetos. As duas valetas foram abandonadas depois das obras, disseram. Ontem (12), às vésperas da visita da presidenta, as valas receberam uma limpeza superficial, mascarando a persistência do problema, afirmaram.

“Tem dias que a gente vê uma nuvem de mosquito passar aqui nesse valão”, destacou a moradora Célia Gomes, de 58 anos. Morando há anos na comunidade, ela acredita que as obras de canalização, em vez de diminuir o número de insetos, acabaram aumentando a quantidade. “Antes, a água era corrente. Jogue uma pedra que você a nuvem.”

Preocupados com casos de dengue e de Zika, a comunidade quer que a prefeitura e o governo do estado façam as intervenções necessárias. “De que adianta nos pedirem para combater o mosquito dentro de casa, nos entregarem papel (informativo) se, quando a gente sai, é picada na rua, se o esgoto está na nossa porta?” questionou Sirlea Lopes, de 63 anos.

Os moradores contam que por causa da infestação de mosquitos, não é possível viver sem repelente ou inseticidas em casa. “A gente acaba gastando um dinheirão”, reclamou Célia.

Na casa de Lucimara Delfino, de 43 anos, durante uma rápida passada, a presidenta ouviu pedidos por melhorias. Segundo a moradora, que toma o cuidado de tirar a água de suas bromélias cotidianamente, sem uma solução para o saneamento, é difícil acabar com as doenças. “Tem muita água parada aqui, na vala, então…”, reclamou a moradora à presidenta, que cutucou o prefeito Eduardo Paes para que resolva as queixas dos moradores do Zeppelin.

Em entrevista à imprensa no local, a presidenta Dilma disse que faz investimentos em esgotamento sanitário, mas não detalhou números. “Nós, incluindo eu, o governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes, nos últimos tempos, fizemos mais saneamento, entendido como esgoto tratado e abastecimento de água, do que na história desse país aqui”, declarou.

A comunidade próxima a Base Aérea recebeu obras de asfaltamento e saneamento há menos de dois anos, mas que precisam de manutenção constante. Antes, por causa das chuvas, as casas chegavam a ser alagadas, o lixo e o esgoto voltavam para dentro das residências. A situação ainda não mudou próximo ao Valão da Prado Júnior, que não foi finalizado. Lá, a cena se repete em dias de temporal.

A prefeitura informou que voltará à localidade na segunda-feira (15) para verificar os problemas.

Saneamento básico

De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a falta de saneamento básico está diretamente relacionada a proliferação de doenças. Para combater o mosquito que transmite a zika, a recomendação da entidade é de mais investimentos nesta área.

“Que as ações de controle vetorial no ambiente seja uma atribuição dos órgãos de saneamento e de controle ambiental municipais, estaduais e nacional e não só do SUS [Sistema Único de Saúde]”, orienta, em documento recente sobre fragilidades no combate à Zika.

A organização condena ainda a pulverização de inseticidas e a adição de larvicida em água potável.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Pior

    “O inseto é transmissor da dengue, da chikungunya e da zika, doença que pode estar associada com a microcefalia.”

    Muito pior. O inseto é transmissor de KUNHA doença originária do Rio de Janeiro, com foco principal em Brasilia e que além de microcefalia causa contas na Suiça, chantagens, retrocesso político, homofobia e que tais. O primeiro sintoma dos infectados é o desenvolvimento de “cara de pau” caracteristico e o desprezo pela lei e pelo conjunto da sociedade.

    Felizmente a doença tem cura: pode ser extinta a cada dois anos por meio de eleições. Os outros métodos de combate mostraram-se ineficientes e inoperantes.

     

     

     

  2. Esta pedra já havia sido cantada a tempos.

    Desde que começou a “colonização” de Jacarepaguá e arredores era evidente a necessidade, agora, entender por que deixaram virar este mar de merda eu bem que gostaria.

    Acessem o face de Mario Moscatelli, há muito mais:

    A NATUREZA NÃO PERDOA, NUNCA, ELA NÃO SE PROTEGE, SE VINGA, SEMPRE.
    Todos os rios da baixada de Jacarepaguá, aqueles que deveriam ter sido tratados, ao menos quatro deles segundo a matriz olímpica – Anil, Pavuna, Pavuninha e das Pedras, pela prefeitura do Rio de Janeiro, simplesmente continuam como estavam há seis anos atrás. Em menos de sete meses, pouca coisa estrutural poderá ser feita, a não ser a maquiagem de sempre no defunto ambiental ribeirinho.
    O que havia sido acertado, ficou perdido no documento de responsabilidades ambientais olímpicas assinado pelas autoridades e que como papel, aceita qualquer coisa que se escreva, visto que pouca gente se propôs à cobrar das tais autoridades o seu cumprimento.
    Em resumo o esgoto jorra de todos os rios e canais para as lagoas que ambientalmente impactadas geram as condições ideiais para a reprodução de cianobactérias (cor verde abacate) que se proliferam na lagoa de Jacarepaguá, escoando via lagoa do Camorim para a lagoa da Tijuca, completamente assoreada e dessa para a praia da Barra dependendo da intensidade da variação de maré.
    O vídeo mostra o caminho inverso percorrido pelas cianobactérias, bactérias, vírus, protozoários e cia que escoam das lagoas para a praia da Barra: Lagoa da Tijuca, os rios de esgoto, lagoa do Camorim e Jacarepaguá.
    Não é por outro motivo que o trecho da praia do quebra-mar ao Pêpê é indicado como não balneável durante o ano inteiro pelos órgãos ambientais. Simples! Mas parece que parcela da população não se incomoda mais com a degradação. Que bom, para eles!
    Destaco que dependendo da espécie de cianobactéria, a mesma pode causar uma série de problemas de saúde não apenas para os pobres animais já completamente condenados à contaminação mas também aos seres autodenominados “humanos” que podem por exemplo ter de hepatites à câncer de fígado.
    “Coisa boba”.

    1. Verba para a Olimpíadas

      Muito dinheiro o Governo Federal liberou para as Olimpíadas. Além de todas as obras, com certeza, sobrou muito para obras de saneamento da baixada de Jacarepaguá…  Com a palavra o prefeito… 

  3. diga me com quem andas..

    Não é só por isso que o lugar foi escolhido. Tb é um reduto dominado pela milicia que apoia e é apoiada pelo pezão/cabral/paes/picciani. mais uma vez Dilma escolhe as piores companhias possiveis.

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