Condução coercitiva partiu por ódio ou vaidade de quem ordenou, diz Janine Ribeiro

Já vi comentário de membros

Já vi comentário de membros da direita, dizendo que a condução coercitiva e o aparato policial, pode não ter o resultado eperado.

Acreditam que passou um pouco demais, o que era para provocar medo e estagnação nas pessoas envolvidas, provocou revolta e comoção nos simpatizantes do Lula.

Acreditam que pode ter sido um tiro no pé.

É chato ser repetitivo, mas

É chato ser repetitivo, mas prefiro correr o risco de sê-lo do que me omitir. Assim, retomo ao ponto no qual sempre me amparo quando se trata de dissecar essa quadra horrorosa por qual passa nosso país, onde desde que parte do aparato repressivo  do Estado se conjurou com forças políticas e frentes ideológicas com a missão de derrubar um esquema de Poder, tudo passou a ser tolerável e permissível em nome da causa. Um vale tudo com verniz legal para esconder a sua essência autoritária, reformista-pretensiosa, anti-democrática, justiceira, moralista e cabotina. Frentes ideológicas formadas pela alta e média burguesia, esta composta  principalmente por altos funcionários públicos, profissionais liberais, e parte do segmento religioso. 

Se é impossível, porque complexo e abrangente, se delinear as motivações específicas de cada um deles, o inverso é com relação ao alvo comum: um amálgama que vai do concreto – governo e PT – a uma vaga e imprecisa  Esquerda. Mas no caso específico o que efetivamente interessa  é a participação e a importância dessa elite de agentes públicos nesse projeto de “salvação” do país. 

O aparato repressivo, um recorte dessa elite, aí entendidos os integrantes da cúpula das polícias(delegados), do Ministério Público e do Judiciário, representa hoje, respeitadas as proporções e os devidos contextos históricos, o que foram as forças armadas até a redemocratização do país. Se estas perderam o protagonismo e se resguardam nas suas lides profissionais, a quem apelar ou referenciar como guardiã dos “nossos” (deles) valores e interesses? Afinal, o que nos ensina a experiência histórica se não a tutela do Estado pelas elites devidamente escoltadas pela força das armas? 

Fácil hoje julgar e condenar um passado não tão remoto no qual esse modelo vicejou, mas que em seu tempo foi tido e havido como solução para combater  um inimigo, real ou imaginado: o comunismo. Apesar de sempre dada como uma instituição formada por egressos das classes populares, as forças armadas sempre se alinharam com os interesses da alta burguesia. Mesmo porque o grosso do seu oficialato era egresso das dita classe ou burguesia média. Até recentemente(década de 80), ser oficial das Armas, e até mesmo das polícias militares, era o sonho de muitos brasileiros. 

Ao sair de cena, alguém ou algo, deveria substituí-la como referência na ordem e supostos atributos morais e cívicos superiores. Mas quem? A orfandade começou a amainar a partir da promulgação da Carta de 1988, a mais civilista dentre todas as adotadas pelo país, na qual saem especialmente fortalecidos o Ministério Público e o Judiciário que, num crescendo, assumiram, ou foram obrigados a assumir, tanto no Real como no imaginário das elites carentes, esse papel de guardiãs da ordem e da moralidade. Ordem e moralidade, claro, referenciadas nos seus estritos interesses. 

O povo, o populacho, os de “baixo”, sempre estiveram à margem desse processo, Quando procuradores à frente de câmeras de TV se esbaldam na arrogância e na autossuficiência; quando juízes de primeira entrância tomam decisões açodadas e até mesmo irresponsáveis, o fazem por conta dessa Nova Ordem que não deixa de ser a de sempre.