Conhecendo os senadores por trás do impeachment: PSB-PR-PTB

Parlamentares que investigam Dilma respondem por crime de peculato, corrupção passiva e ocultação de bens
 
Jornal GGN – Eles votaram ‘sim’ para a admissão do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no Senado e compõem hoje a comissão especial que irá gerar o relatório final que será votado no plenário da Casa para dizer se a executiva afastada é ou não é culpada pelo crime de responsabilidade fiscal. Mas o histórico de boa parte desses senadores coloca em dúvida a sobriedade de seus julgamentos. 
 
Nos últimos dias o GGN publicou dois artigos (aqui e aqui) trazendo uma ficha simples dos parlamentares do PMDB, PSDB e DEM, que são titulares da comissão do impeachment. Nesta terceira edição, um levantamento dos senadores do PSB, PR e PTB, que também compõe a comissão, com destaque para Zezé Perella, parlamentar que teve suas contas referentes às eleições de 2006 reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral, além de outros escândalos, e Fernando Bezerra Coelho, investigado na Operação Lava Jato. 
 
Romário (PSB-RJ)
 
O atacante considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos (terceiro maior artilheiro da história da Seleção Brasileira) filiou-se ao PSB em 2009 para, no ano seguinte, concorrer à eleição para deputado federal. Ganhou o pleito assumindo mandato de 2011 a 2014, nesse último ano concorreu e ganhou a eleição para o Senado. 
 
Romário não tem, absolutamente, nenhuma ocorrência na justiça ou histórico que possa manchar sua carreira política. O que ele possui na verdade é uma ação por danos morais e direito de resposta contra a Veja. Em julho do ano passado, a revista publicou uma reportagem trazendo um extrato bancário falso apontando que o ex-jogador tinha cerca de R$ 7,5 milhões em uma conta no banco suíço BSI. O senador rapidamente respondeu a Veja com um documento obtido do próprio BSI comprovando que nunca movimentou esse montante em qualquer uma das agências daquele banco. A revista pediu desculpas publicamente, mas Romário decidiu dar prosseguimento ao processo. Na ação o ex-jogador pede R$ 75 milhões de indenização. 
 
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
 
Iniciou a vida política como deputado estadual em Pernambuco pelo PDS, em 1982. Foi deputado federal por dois mandatos pela legenda do PMDB (1987), participando da Constituinte, sendo reeleito para o cargo em 1990. Em 1992 renunciou para concorrer a prefeitura da cidade natal, Petrolina, mandato que exerceu três vezes (1992, 2000 e 2004), nas duas últimas administrações pelo PPS. 
 
Em 2010 o senador renunciou o restante do mandato na prefeitura de Petrolina para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidir o Complexo Portuário do Porto de Suape no primeiro governo de Eduardo Campos. Bezerra Coelho também exerceu outros cargos na administração pública como secretário da Casa Civil de Pernambuco durante o governo de Miguel Arraes entre 1985 e 1986, e secretário da Agricultura do estado em 1998. O parlamentar já fez parte da equipe de Dilma Rousseff como Ministro da Integração Nacional em 2011. Ele deixou o cargo em outubro de 2013 para disputar uma vaga no Senado pelo seu partido atual, o PSB, que já estava rompendo com o governo.
 
Bezerra Coelho possui algumas ocorrências na Justiça e Tribunais de Contas. Pelos sistemas online é possível verificar a existência de nove inquéritos, seis deles no Supremo Tribunal Federal (4005/2015; 3958/2015; 4139/2015; 3710/2013; 3707/2013; 3090/2011). No mais recente deles o parlamentar é alvo de investigação na Operação Lava Jato que apura o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras. Por essa razão a Polícia Federal já cumpriu um mandato de busca e apreensão em dezembro do ano passado no seu escritório. Em outro processo o parlamentar é investigado por suspeita de suposto cometimento de peculato, corrupção passiva, ativa e crime contra a Lei de Licitações. O inquérito foi aberto em fevereiro de 2015 pelo STF e esta nas mãos do ministro Luiz Fux. O autor do processo é o procurador geral da República Rodrigo Janot. 
 
Os outros inquéritos abertos no STF investigam suposto cometimento de crime de responsabilidade quando prefeito de Petrolina, crimes praticados por funcionários públicos contra a administração, violação da Lei de Licitações, peculato, formação de quadrilha e uso de moeda falsa. Os Ministérios Público Estadual e Federal também movem ações contra o parlamentar. Um deles de suposto dano ao erário público a partir da aquisição duplicada de um mesmo imóvel e outro por enriquecimento ilícito. 
 
Wellington Fagundes (PR-MT)
 
O senador teve seu primeiro cargo na administração pública na Secretaria Municipal de Planejamento de Rondonópolis, município do Mato Grosso do Sul, na gestão de Hermínio J. Barreto, em 1987. Em 1990 foi eleito deputado federal, reeleito para o mesmo cargo em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010. Foram, portanto, seis mandatos consecutivos. Em 2014 conseguiu eleger-se senador e hoje atua como líder do PR no Senado. 
 
Atualmente o parlamentar responde a três inquéritos. Dois no Supremo (2340/2006; 3496/2012) que seguem sob segredo de justiça, mas que versam sobre suposto cometimento de crime de corrupção ativa, passiva, peculato e ocultação de bens. Outro processo, uma ação movida pelo Ministério Público Federal no TRF-1, seção judiciária do Estado do Mato Grosso, que investiga possível ato de improbidade administrativa porque teria utilizado placas de obras públicas para promoção pessoal. 
 
Zezé Perrella (PTB-MG)
 
Perrella assumiu seu primeiro cargo político em 1999 como deputado federal pelo PFL (atual DEM). Em 2006 foi eleito deputado estadual em Minas Gerais. No ano seguinte (2007) filiou-se ao PDT. Em 2010 se alinhou como primeiro suplente da candidatura de Itamar Franco ao Senado, logo após o falecimento do ex-presidente, em 11 de julho de 2011, tomou posse a uma cadeira na Casa. Em março deste ano trocou de legenda filiando-se ao PTB. 
 
Antes de partir para a política Zezé Perrella foi presidente do Cruzeiro por três mandatos, de 1995 a 2002. Em 2003 quem assumiu o posto foi seu irmão Alvimar de Oliveira Costa. Porém o parlamentar reassumiu o cargo, depois de eleito em 2008. 
 
Em 2006 o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais reprovou as contas do parlamentar referente às eleições de 2006.  Em 2011, já senador, Perrella enfrentou, junto com seu irmão Alvimar, seu primeiro escândalo a partir de uma investigação aberta por suspeita de lavagem de dinheiro, em 2003, na venda do zagueiro Luisão. O jogador foi negociado, primeiramente para o Central Español (uruguaio) por US$ 2,5 milhões e logo em seguida para o Benfica (português) por US$ 1,5 milhão. A suspeita é que parte do valor da venda com o clube do Uruguai não foi devidamente declarado no Brasil. Em 2014 a Procuradoria Geral da República solicitou a quebra de sigilo bancário de Perrella e seu irmão, mas os advogados deles conseguiram reverter o pedido do Ministério Público e o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizou apenas parte da quebra do sigilo fiscal e bancário dos investigados. 
 
O senador tem ainda contra ele uma ação do Ministério Público Estadual aberta no Tribunal de Justiça de Minhas Gerais onde é alvo de ação de improbidade administrativa. Nesse inquérito (Ação civil pública nº 0054594-64.2014.8.13.0024) também são investigados o deputado estadual de Minas Gerais Gustavo Perrella (seu filho), o irmão do parlamentar, Geraldo de Oliveira Costa e o sobrinho, André Almeida Costa, além de ex-diretores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamg). O Ministério Público acusa a empresa do senador Limeira Participações Ltda de fechar contratos de parceria com a Epamg sem licitação. 
 
O Perrella também já foi condenado pelo TRF-1 em uma ação de improbidade administrativa que suspendeu por três anos seu direito de concorrer a cargos públicos. O motivo da sentença foi ocupação ilegal de apartamentos funcionais pertencentes à Câmara dos Deputados, quando Perrela foi deputado federal. Atualmente o senador recorre da decisão em segunda instância (TRF-1 – Apelação nº 0039269-27.2004.4.01.3400). 
 
Em novembro de 2013 o nome do senador foi exposto nacionalmente após o caso Helicoca, quando a Policia Federal do Espírito Santo aprendeu em flagrante um helicóptero com 450 kg de pasta base de cocaína. A aeronave estava em nome da Limeira Agropecuária, empresa da família do senador. O advogado dos Perrella alegou que o piloto utilizou o helicóptero sem autorização da família, a informação foi suficiente para inocentar pai e filho. 
 
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Redação

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