Corrupção no Paraná é muito maior que divulgado, afirma Zeca Dirceu

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Segundo o jornal Gazeta do Povo, por meio de acordo de delação
premiada, Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, que foi
preso pela Operação “Quadro Negro”, que investiga desvios de cerca
de R$ 20 milhões da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, falou
sobre o esquema de desvios em obras de escolas estaduais e acusou Ademar
Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Estado, e o governador
Beto Richa de participarem do esquema. Os recursos desviados teriam
abastecido campanhas políticas do PSDB no Paraná. O nome de Valdir
Rossoni, braço direito de Richa, aparece no esquema. Uma das empresas
investigadas atuava no mesmo endereço de seu escritório político, no
Edifício Palladium.

As irregularidades nas construções e reformas de escolas do Paraná
não foram praticadas apenas por uma, mas por cinco construtoras que
operaram no padrão Quadro Negro e financiaram campanhas do PSDB no
Estado. Destas, duas foram citadas na delação de Lopes Souza: Talento
M.I e Machado Valente.

“O (Maurício) Fanini (ex-diretor da Superintendência de Educação)
comentou comigo que um esquema semelhante ao meu acontecia também com a
Talento, M.I. e a Machado Valente, em relação às quais também teria
havido medições antecipadas e repasses de recursos destinados à
campanha do governador Beto Richa do PSDB”, disse o delator.

Uma das construtoras citadas, a Machado Valente, construía o Centro
Estadual de Educação Profissional (Ceep) de Campo Largo. A obra foi
orçada em R$ 7 milhões e deveria ter sido concluída no início de
2015. Porém, por causa de uma série de irregularidades e atrasos, o
Tribunal de Contas (TC) determinou a paralisação e a impugnação de
R$ 2,8 milhões, que deverão ser devolvidos pela construtora aos cofres
públicos. Já a M.I Construtora fazia dois colégios em Guarapuava: o
Pedro Carli e o Leni Marlene Jacob. O tribunal também encontrou
distorções e determinou a devolução de R$ 1,6 milhão.

Outras três construtoras, que não foram mencionadas na delação de
Lopes Souza, também foram condenadas pelo TC. São elas: Atro
Construção Civil, Brioschi Engenharia e TS Construção Civil que
terão que devolver, juntas, quase R$ 700 mil.

Para o deputado federal Zeca Dirceu do Partido dos Trabalhadores (PT),
que tem a educação pública como uma das áreas prioritárias em seu
mandato, “eu vejo esse esquema de desvios como algo muito grave, pois
provocou a destruição da educação pública e agrediu professores
roubando o fundo da previdência”, disse.

Esse esquema de desvio das obras da educação não é o primeiro
escândalo envolvendo Beto Richa. Na página do Jornal Nacional, no site
da Globo, uma notícia informou que o governador já havida sido citado
por delatores da Odebrecht. Segundo um deles, Valter Lana, Richa havia
recebido R$ 3 milhões nas três últimas campanhas. O nome dele
aparecia vinculado a dois apelidos, Brigão e Piloto, em planilhas da
Odebrecht.

“Os pagamentos foram encaixados, planejados e executados dentro do
sistema Drousys, estruturados pelo setor de Operações Estruturadas da
Odebrecht. A gente adotou o codinome Piloto para esses pagamentos, como
uma menção ao doutor Beto Richa. Os pagamentos foram executados nas
datas de 9 de setembro de 2014, R$ 500 mil – 18 de setembro de 2014, R$
1 milhão – e 25 de setembro de 2014, R$ 1 milhão”, disse o delator.

O governador foi investigado, ainda, pela Procuradoria Geral da
República (PGR), suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica. À época, segundo a RPC, o pedido de abertura da
investigação contra o governador, feito ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ), apontava que sua campanha à reeleição havia recebido
dinheiro captado em um esquema de corrupção na Receita Estadual. Um
auditor fiscal, que integrava o esquema no fisco paranaense, afirmou em
delação premiada que ele e seus colegas arrecadaram cerca de R$ 2
milhões, via caixa dois, em 2014. O escândalo de corrupção envolveu,
inclusive, a esposa do governador.

Como se não bastasse tudo isso, ainda houve o massacre aos professores
da rede estadual de ensino do Paraná em 2015. Segundo o site Carta
Capital, cerca de 20 mil professores protestavam contra mudanças na
previdência em frente à Assembleia Legislativa e apanharam da
polícia. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e oito em estado grave.
“Aquele foi um dia amargo, de dor e desrespeito ao setor da educação
e, principalmente, aos professores, que são nossos heróis. Tenho
certeza que aquele massacre jamais será esquecido pelos profissionais,
pela sociedade e por mim. O que o governo do Estado tem feito é
vergonhoso”, finalizou Zeca Dirceu.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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