Corte do Leve Leite na gestão Doria pode afetar saúde de crianças e adolescentes

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Gestão Doria garante que corte no Leve Leite não vai afetar saúde de crianças, mas nutricionista discorda

da Rede Brasil Atual

Corte do Leve Leite na gestão Doria pode afetar saúde de crianças e adolescentes

Nutricionista alerta que consumo de leite garante nutrientes essenciais para o desenvolvimento dessa população entre 7 e 14 anos

por Rodrigo Gomes, da RBA 

São Paulo – O corte no programa Leve Leite, que distribui dois quilos de leite em pó para crianças e adolescentes até 14 anos na rede municipal de educação, proposto pela gestão do prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), pode afetar o desenvolvimento e a saúde futura das crianças de 7 a 14 anos, que serão excluídas do programa. “O consumo de leite é muito importante também entre os sete e os 14 anos para o desenvolvimento e a consolidação da matriz óssea, que garante a dureza e o crescimento sadio dos ossos, reduzindo o risco de desenvolvimento de osteoporose no futuro”, explicou a nutricionista Ana Paula Del’Arco, indicada à reportagem pelo Conselho Regional de Nutrição da 3ª Região.

A gestão Doria decidiu cortar em 53% o atendimento do programa, que passará a atender 223 mil crianças nas unidades educacionais e outras 208 mil que serão localizadas por meio de cadastros sociais, como o Bolsa Família. Até o ano passado, eram atendidas 916 mil crianças e adolescentes até 14 anos, que tivessem frequência de pelo menos 90% das aulas. A partir de março, o limite de idade será de 6 anos e 11 meses, para famílias com renda de até R$ 2.811. Além disso, a quantidade de leite em pó será reduzida, entre os estudantes, de dois quilos para um quilo por mês.

Segundo a nutricionista, doutoranda em pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o consumo de leite até os seis anos de idade é fundamental, pois é o período em que a criança está desenvolvendo o corpo, os ossos e os sistemas orgânicos como um todo. A falta de qualquer nutriente nessa fase pode causar danos graves.

No entanto, entre os sete e os 14 anos, ainda que em menor ritmo, o corpo segue crescendo e se desenvolvendo. Até a puberdade, durante a adolescência, o corpo da criança requer o aporte adequado de nutrientes, sobretudo o cálcio, pois os ossos continuam crescendo. “O leite não é só cálcio. É também uma fonte importante de proteínas, vitaminas, gorduras. Para crianças e adolescentes de baixa renda a retirada do leite pode ter impacto significativo na saúde, porque podem não ter condições de consumir outros alimentos necessários para suprir todos os nutrientes”, afirmou Ana Paula.

“Decisão técnica”

Ao explicar a medida, o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, defendeu que não há estudos que comprovem a necessidade do leite para além da primeira infância. “Do ponto de vista da saúde, da nutrição, os especialistas entenderam que o programa faz sentido para crianças pequenas e que estão em situação vulnerável. É fato que a prefeitura e a secretaria têm problemas orçamentários, mas a decisão foi técnica”, disse Schneider, em entrevista ao site G1.

A Secretaria Municipal da Educação, no entanto, se negou a divulgar qualquer documento técnico relativo à decisão, embora afirme que ele exista, argumentando que não é um material de interesse público e que as informações prestadas pelo secretário são suficientes para explicar a medida.

A nutricionista alertou também que, na falta do leite, as crianças e adolescentes tenderão a consumir outras bebidas, com maior quantidade de açúcar, como sucos adoçados e refrigerantes. E isso pode contribuir para um cenário de obesidade infantil. “O leite tem açúcar (a lactose), mas como também tem gordura e proteínas, a absorção desses componentes é adequada para o corpo, sem picos de glicemia (açúcar no sangue). Consumindo muito açúcar e poucos nutrientes, temos o risco de crianças obesas, predispostas ao diabetes e subnutridas ao mesmo tempo”, afirmou.

Ana Paula ressaltou ainda que, embora muitos vegetais contenham quantidades significativas de cálcio, o organismo humano tem mais dificuldade em absorvê-lo. “O cálcio presente no leite está em uma forma mais adequada para ser absorvido pelo organismo. No caso dos vegetais, existem outras substâncias que dificultam a absorção”, explicou.

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação negou que a medida possa prejudicar a saúde das crianças e que elas recebem alimentação em todas as fases da educação infantil e fundamental.

“Os alunos que estudam na Rede Municipal de Ensino recebem cinco refeições diárias nos Centros de Educação Infantil (CEIs/creches – faixa etária de 0 a 3 anos); duas nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs/pré-escola – faixa etária de pré-escola – 4 e 5) e duas nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs, a partir dos 6 anos).

O cardápio preparado cobre, no mínimo, 70% das necessidades nutricionais diárias, conforme estabelece o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Isso foi levado em conta por técnicos da Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE), órgão responsável pela merenda escolar na Secretaria Municipal de Educação, quando se optou por readequar a entrega do produto oferecido no programa Leve Leite aos alunos.

Como se não bastasse, além de o leite continuar sendo entregue aos alunos matriculados na rede, também chegará às famílias mais pobres, cujos filhos ainda não estão matriculados na escola. Portanto, não penaliza quem estuda nas escolas da rede e ainda beneficia crianças que estão fora da escola. Para receber o leite, essas famílias precisam ter renda familiar de até três salários mínimos e estar inscritas no Cadastro Único da prefeitura.

Para este novo desenho a Secretaria Municipal de Educação (SME) estabeleceu um diálogo com vários setores da sociedade. Foram ouvidos, dentre outras, entidades como o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo (Comusan-SP), Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), o Sindicato dos Nutricionistas, a Fundação Abrinq, o Instituto Alana, além do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). As secretarias municipais de Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) contribuíram com a SME na sua elaboração.”

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. O mais grave nesta história é
    O mais grave nesta história é que o burgomestre de São Paulo deixa milhares de crianças com fome para sustentar o luxo de alguns publicitários.

    A elite paulista perdeu a cabeça como a aristocracia francesa antes de 1789. Ano que vem vamos decapita-la nas urnas.

  2. Um playboy desses tirando

    Um playboy desses tirando leite das crianças. O que se poderia dizer do sujeito que é pupilo do Alckmin, governo notório por ter abrigado a máfia das merendas? Mas isso é normal hoje. O “bom” hoje é ser canalha, é ser abjeto. Quem gosta dessas coisas como dar leite para crianças pobres se alimentarem é esquerdista, é comunista. Pobre tem mais é que se lascar. Essas crianças não tiveram mérito, então que sofram. “Vivemos em um mundo que premia os seus destruidores. É um mundo ao contrário. É um mundo de merda” – Eduardo Galeano. 

    1. Sabe o pior ? É que quem

      Sabe o pior ? É que quem criou esse programa foi nada menos que Paulo Maluf. Isso é uma prova clara de que a direita brasileira está cada vez mais perversa e egoista,antes eles tentavam ao menos disfarçar, não sei onde isso vai parar. 

      1. sabe o….

        Bruno, para você ver que trabalho e competência não se substitui com conversa fiada. Incompetentes e parasitas dependem até hoje, mesmo depois de 3 a 5 décadas, das realizações da competência de Paulo Maluf: Elevado Costa e Silva que não conseguem demolir e o povo clama por um parque suspenso. Mobilidade, cultura e lazer numa só obra. Marginais que se tornaram Terra de Ninguém em extorsões da Indústria de Multas, Rodovias que interligam todo estado e hoje Palco de Assaltos Programados a cada 30 Km em pedágios extorsivos. Um território seu e da sua liberdade onde você se tornou apenas consumidor se puder pagar. Sistema Cantareira. Ampliação e Interligação. O maior sistema da água potável de maior qualidade no Mundo. Coisas que 30 anos de privatarias levaram à maior tragédia hidrica da história de SP em 2015. 70% do Sistema de Metrô, orgulho nacional. Um dos 3 melhores na época de Paulo Maluf. Hoje? Bem, hoje um sistema controlado por jagunços contratados pelo governo do estado de SP. Qualidade Padrão Picolé de Chuchu. E a corrupção? Esta, estamos vendo nestes 30 anos como aqueles que se diziam tão “honestos” estão sendo revelados pela Policia e Poder Judiciário. Nada como um dia após o outro.  

  3. O poder da pecuária e da Nestlé

    Quando duas bobagens se juntam a grama sofre mais do que sob o peso de elefantes!

    Esses mesmos nutrientes estão presentes em diversos outros alimentos plenamente capazes de substituir o leite.

    O leite de vaca é bom para bezerros, não para humanos, que são incapazes de digeri-lo plenamente, causando alergias e diversos problemas colaterais.

    A suíça enriqueceu primeiramente a partir das tecnologias de preservação do leite, como a desidratação e a embalagem a vácuo. Com isso pode multiplicar suas produção no mundo inteiro e até fazer uma campanha difamatória sobre a amamentação natural, da qual teve que se arrepender publicamente.

    Dória está errado em cortar custos da alimentação das crianças, novamente. Que corte os custos dos regabofes da prefeitura.

    Como sempre, são muito valentes para atacar apenas mulheres e crianças. 

    A nutricionista está errada ao achar que o leite de vaca é insubstituível. Não é, e há diversos leite vegetais que podem ser usados em combinação com outros alimentos, a custos inferiores como quer o prefeito machão com as criancinhas.

  4. corte….

    Como disse nosso “legalísssimo” Presidente da República: época de sacrificios, todos teremos que cortar na carne. Já perceberam a carne de quem está sangrando? O velho Brasil a forçar sua parasitária politica. Diminuiram as mamatas? Apadrinhados e profissões que legislam sobre seus próprios salários estão a multiplicar greves? A pergunta é precisamos desta gente para que? Se nós patrões de todo o Estado brasileiro não nos beneficiamos e não estamos felizes com tal Estado, para que manter tal situação? Logo ali ao lado: MP de SP tentando esconder seus supersalários. O Estado não produz dinheiro. Gasta o que arrecada. Se gasta mais em privilégios e mamatas, fantasiados em salários, faltará na verda do leite. Mas como disse Dória: para que este marmanjo do seu filho precisa tomar leite? Este dinheiro pode ser gasto de forma proveitosa nas despesas de mais de 500.000 reais que cada Vereador custa por mês para a cidade de São Paulo. O sangue de alguns tem muito mais valor que o sangue dos outros, não é mesmo golpistas?

  5. Entendo a necessidade do Leite

    mas, distribuir leite para crianças acima de 10 anos?? tem adolescente de 16 anos recebendo leve leite, o que é um absurdo, sem contar que até quem ganha 2800 recebe o programa, não seria exagero esta faixa de renda??

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