Cunha pressiona Senado e diz que Câmara já não reconhece governo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em clara pressão pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que a Casa dificilmente votará projetos enquanto o Senado não decide se aceita ou não a denúncia pela saída de Dilma. A leitura da denúncia aprovada pela Câmara será realizada hoje (19), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
 
“Não acredito que nenhuma matéria relevante na Câmara será apreciada sem que esse processo seja definido no Senado. Porque a Câmara, na medida em que autorizou a instauração do processo que culmina com o afastamento [da presidenta], se o Senado aceitar, significa que a Câmara não reconhece mais o governo. Consequentemente, é muito difícil votar qualquer matéria do próprio governo. Da minha parte, a pauta está lá e cumprirei, mas não acredito que prospere nada de relevante antes do Senado apreciar”, disse Cunha.
 
Uma vez que o Senado aceita a denúncia, de acordo com a Constituição, a presidente é afastada do cargo por até 180 dias, ou seja, seis meses, período em que o vice-presidente Michel Temer assumiria. 
 
Na Câmara, estão paralisadas três medidas provisórias que serão lidas nesta terça e trancam a pauta dos deputados. “Mas a representação do governo na Casa deixou de existir porque deixou de existir, para a Câmara, o governo. Então, passou a ser uma situação difícil e a celeridade do Senado é muito importante”, disse Eduardo Cunha, pressionando.
 
O processo entregue ao Senado é formado por 34 volumes, com 12.040 páginas. Além da leitura, também nesta terça, Renan irá se reunir com os líderes partidários do Senado. “Vamos conversar com eles sobre prazos e sobre a proporcionalidade para compor a comissão especial, que terá 21 membros”, adiantou, nesta segunda.
 
De acordo com o peemedebista presidente do Senado, a Casa vai trabalhar com “neutralidade e imparcialidade”, garantindo o direito ao contraditório e à defesa. Renan mostrou não se sentir pressionado por Cunha. “Nós temos pessoas pedindo para agilizar o processo, mas não podemos agilizar o processo, de forma que pareça atropelo, nem delongar, de forma que pareça procrastinação”, afirmou em clara referência ao presidente da Câmara.
 
De acordo com Renan, desse modo, com “isenção e neutralidade”, serão garantidos o processo legal, o prazo de defesa e o contraditório.
 
Renan afirmou que os líderes indicarão os nomes para a comissão conforme a proporcionalidade das bancadas e que espera que os senadores entrem em acordo sobre quem assumirá a presidência e a relatoria do colegiado. De qualquer modo, esses nomes devem ser eleitos pela comissão.
 
“Ainda não cogitamos nomes – essa tarefa não é do presidente, é dos líderes partidários, que poderão conversar entre si de modo a criar condições políticas para eleger o presidente e o relator. Há um detalhe já observado na Câmara dos Deputados, de que o relator, diferentemente do que acontece nas comissões, precisará ser eleito, a exemplo do presidente, na comissão especial”, disse.
 
Acompanhe aqui o percurso do impeachment no Senado.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. E agora Cunha emperra o

    E agora Cunha emperra o governo por seis meses sem se imcomodar com as consequências para a população. O que vocês estão esperando para prender esse sujeito? Isso seria impossível nos EUA.

  2. Crime organizado

    Cunha, como sociopata que é, não admite a derrota e mandou recado claro:

    1. Constituição não é obstáculo, estuprei e estuprarei a lei tantas vezes quantas forem necessárias pra chegar onde eu quero, sem culpa, sem trauma, sem medo de ser feliz.

    2. Promessa é dívida. Já comprei deputados, juízes, ministros do TCU e do STF. Preciso entregar o Golpe já.

    3. Renan, eu sei o que fizemos juntos nos verões passados, com Collor e PC Farias.

     

     

  3. Idem

    O governo legítimo e os movimentos sociais não reconhecem legitimidade nenhuma à dupla Temer/Cunha.

    Ainda, serão, no máximo (se houver), 180 dias de glória para os golpistas, insuficiente para que alguém sério acredite neles.

  4. Bye bye, Brasil!

    As classes dominantes, as elites, pretendem recuperar o que sempre lhes pertenceu: o poder. Desejam ardentemente restaurar a velha ordem. Recuperar seus tradicionais privilégios de ricos. Acabar com os programas sociais, poupar suas proles do indesejável convívio com filhos de meeiros, colonos, capatazes ou capitães-do-mato de seus feudos. A troïka golpista sintetiza perfeitamente o espírito da direita: “ao diabo, as urnas e os eleitores; eu quero é o meu ! E o povo que é o povo, DANE-SE!!!!”

  5. num horizonte sombrio

    neste horizonte sombrio que temos hoje…………

    o que me alegra é ver que, quem provocou o caos, ficou lá no fim da fila…………

    pela ordem temos Dilma, depois Temer, depois Cunha, quem sabe Marina……………

    Aecio o caótico foi para o final da fila.

    bobalhão, provocou a bagunça, e nunca vai sentar na cadeira.

  6. NÃO DEVEMOS DEIXA-LOS VOTAR

    NÃO DEVEMOS DEIXA-LOS VOTAR MAIS NADA!!! INVASÃO DO CONGRESSO!!! DESOBEDIENCIA CIVIL!!! ESSE JUDICIARIO NÃO MAIS NOS REPRESENTA!!! O BRASIL SÓ TOMA JEITO QUANDO O SANGUE DESSE TIPO DE DEPUTADO JORRAR!!!

  7. STF: VOCES NÃO MAIS NOS

    STF: VOCES NÃO MAIS NOS REPRESENTAM!!! O PAÍS SÓ TOMA JEITO QUANDO O SANGUE DESSE TIPO DE DEPUTADO JORRAR!!!! DESOBEDIENCIA CIVIL JÁ!!!!

  8. realidade

    Qualquer que seja os resultados e decisões tomadas daqui pra frente, temos que ter uma certeza:
    BOICOTE , aos patrocinadores do PIG, uma marca por mês; este: SEARA

  9. O Cunha sabe que não deve respeito a ninguém – Talvez à globo

    O cunha faz bem. Se ele não respeita a constituição, nem a presidência e nem o supremo, porque iria respeitar o senado? Sabe que é intocável e tem o apoio dos golpistas.

    1. genial o vídeo do humorista,

      genial o vídeo do humorista, citando lacan…

      quem deputa,

      deputa%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

      sintetico e  brilhante final, xingando a mãe deles….

      lacan:

      quem deputa,

      deputa…

      mac unha e dentes de tubarão  é…

      só faltou o desfecho da ópera bufa dos dez milhões

      do pato s kafkaniano da fiesp…

      cujo distanciamento de brasília só podia ser brechtiano….

  10. Prezados, começo a defender a

    Prezados, começo a defender a tese de que devemos iniciar uma campanha nacional pela renúncia de todos: deputados federais, senadores, deputados estaduais, governadores, prefeitos, vereadores, todos, enfim.

    Já que querem brincar com a democracia existente, cassando uma presidenta honesta, ainda mais como obra de uma quadrilha e seus afins, é hora de exigirmos a renúncia coletiva de todos eles. Um abaixo-assinado com 60 milhões de assinaturas seria apresentado a TODOS eles exigindo que eles renunciem coletivamente. Em seguida, haveria eleições gerais para um período de dois anos, apenas. Paralelamente, uma constituinte exclusiva, para que seja feita uma reforma política profunda, acabando com os privilégios dos políticos, eliminando o financiamento privado e criando maior transparência e controle popular sobre os atos dos políticos eleitos.

    Seria importante também reformar o papel do judiciário – que deve estar submetido a algum tipo de controle da sociedade e sem os privilégios atuais – e do Ministério Público também.

    Após os dois anos para a promulgação da Nova Carta Constitucional nos aspectos políticos, preservados os direitos e garantias constitucionais da atual constituição – a constituinte não teria poder para mexer nas cláusulas pétreas ligadas aos avanços sociais e às garantias e direitos individuais e trabalhistas -, haveria nova eleição geral para os cargos do legislativo e do executivo nas três esferas.

    Já que querem fazer a palhaçada de mudar a presidenta honesta por um bando de ladrões, e tratam isso como coisa normal e necessária (pra eles – Globo, Fiesp, deputados ladrões e outros canalhas) devemos radicalizar e convocar TODA a sociedade em torno dessa bandeira de mudança geral.

    Tenho a impressão de que haverá grande adesão a uma causa assim, suprapartidária, que prevê a moralização real na política – sem o financiamento privado e sem os privilégios atuais dos políticos profissionais, com a formação de novo quadro partidário, etc.

    Acho que seria até mesmo a melhor forma de fazer com que esses canalhas retrocedam no golpe, pois perceberão que ou eles aceitam a derrota eleitoral de 2014 e respeitem o governo eleito, ou vão ter que perder tudo. Aos ladrões, a cadeia, sem impunidade. Aos que não estiverem envolvidos nas falcatruas, seja de que partido for, a possibilidade de uma nova era na vida política brasileira.

    Ah, e junto com essa proposta: pelo fim definitivo do monopólio da mídia e pela democratização dos meios de comunicação como condição essencial para que a democracia no Brasil possa existir e se aprimorar

  11. ELEIÇÕES GERAIS

    Faço minhas as palavras de Euler Conrado: “Prezados, começo a defender a tese de que devemos iniciar uma campanha nacional pela renúncia de todos: deputados federais, senadores, deputados estaduais, governadores, prefeitos, vereadores, todos, enfim.” (…) De fato, creio que o clima de hostilidade política que foi gerado no País, faz-me crer que a única solução passa por eleições gerais, de vereadores à pesidente da República. Porque o que temos aí, definitivamente, não dá para construir o Brasil que queremos.

    Temos raposas tomando conta do galinheiro, e com anuencia dos poderes judiciário e legislativo.

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