Delator da Odebrecht pede investigação sobre prova apresentada contra Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Não é apenas a defesa de Lula que pediu uma perícia em documentos apresentados pela Odebrecht como provas em uma ação penal na qual o ex-presidente é acusado de receber vantagens indevidas da empreiteira. Um dos delatores da empresa, Paulo Melo, também pediu uma investigação sobre um documento que supostamente leva sua assinatura, mas ele nega a autoria.

“Designado em 2010 pela Odebrecht para avaliação de imóveis para uma nova sede do Instituto Lula, o engenheiro Paulo Ricardo Baqueiro de Melo solicitou à Justiça realização de exame grafotécnico para negar a paternidade de um documento fornecido pela empreiteira à Operação Lava Jato como sendo de sua autoria”, informou a Folha desta quinta (21).

“Com o requerimento apresentado nesta terça-feira (19), o ex-diretor superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) pretende provar que não é o signatário de uma anotação indicando uma conta no exterior de onde teria saído o dinheiro para a compra de um terreno na Vila Clementina”, acrescentou.

Segundo a reportagem, em um banco de dados da Odebrecht obtido no exterior surgiu um arquivo denominado “Paulo Melo x MO (Marcelo Odebrecht)”, com a data de 21 de setembro de 2010. “No arquivo, escrito à mão, há um bilhete com dados de uma empresa offshore e de uma conta no exterior. Sob as informações, a assinatura P Melo.”

O delator nega que essa seja sua assinatura. Mas, de acordo com a reportagem, se ficar atestado que o vínculo do engenheiro com o bilhete, ele pode perder benefícios do acordo de delação.

Isso porque Melo afirmou às autoridades que teria acompanhado Lula na visitia de avaliação de um imóvel comprado pela Odebrecht para o Instituto, mas negou que tenha cometido crime de lavagem de dinheiro. Ele reconheceu apenas que o imóvel seria escriturado por um valor R$ 3 milhões abaixo do o que foi pago, o que configura crime de sonegação.

O advogado André Damiani afirmou ao jornal que, dentro do departamento de propina da Odebrecht “nunca houve delegação para autorização de pagamentos”, logo, Melo não tinha poder para autorizar a remessa do dinheiro. “Esse exame grafoscópico vai comprovar o relato ofertado por ele no âmbito de sua colaboração”, disse o defensor.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. A ORCRIM vaza por todos os lados

    Prezados,

    É salutar que a brava e perseverante equipe de advogados que fazem a defesa técnica do ex-Presidente Lula esteja atenta a todos esses lances.

    Nesta fase de transição, após a saída de Rodrigo Janot e antes da consolidação do grupo ‘de confiança’ da nova PGR, Raquel Dodge, muito fogo amigo, muita sujeira escondida sob tapetes e muito assassinato de reputação de integrantes de facções rivais dentro do MPF pode vazar.

    Além da defesa de Lula e de outros acusados-perseguidos pela ORCRIM lavajateira, os blogs e portais independentes devem ficar atentos e cultivar fontes entre integrantes do MPF cuja perda de prestígio, poder e influência estejam na iminência de acontecer e também entre os que agora são alçados ao topo da pirâmide corporativa, interessados estes últimos em expor os podres daqueles que consideram desafetos e que, até a saída de Janot, estavam sobre a carne seca.

    Do ponto de vista jornalístico e da defesa da democracia é fundamental que os blogs e portais progressistas explorem ao máximo essas brigas entre facções, de modo a descontruir e desmontar completamente a ORCRIM lavajateira. É preciso arrancar os dentes e as garras do ‘monstro’ (para relembrar Sepúlveda Pertence), para que um futuro governo legítimo e democrático enquadre o MP naquilo que estabelce a CF/1988. Mais ainda: é preciso colocar na Carta Magna limites claros à atuação dessa instituição, hoje repleta de poder, mas sem nenhum controle por parte da sociedade civil e por parte dos poeders democráticos (legislativo e ecxecutivo).

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