Delegada diz que estupro está provado e ordena prisão de seis suspeitos

Jornal GGN – A delegada que assumiu as investigações do estupro coletivo da adolescente no Rio de Janeiro concedeu na tarde dessa segunda-feira (30) uma entrevista coletiva e disse que não tem dúvida de que o crime aconteceu. “A minha convicção é de que houve estupro. Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão desse estupro, quantas pessoas praticaram esse crime”, disse.

Ela pediu a prisão temporária de seis suspeitos. Para a delegada, o fato de a perícia do IML não ser conclusiva, pelo tempo decorrido entre a prática do crime e a realização do exame, não vai atrapalhar as investigações. “Nos crimes sexuais, o exame de corpo de delito é importante, mas não é determinante. Às vezes há lesão, mas foi consentida pela vítima. E pode acontecer de ter havido estupro mesmo não tendo havido lesão” explicou.

“Como ela estava desacordada, não vai haver lesão porque ela não ofereceu resistência. Por isso o laudo não é determinante”, concluiu.

Da Folha de S. Paulo

‘Estupro está provado’, diz delegada sobre caso no Rio; suspeitos são presos

Em entrevista coletiva na tarde desta segunda (30), a delegada Cristiana Bento, que assumiu neste domingo (29) as investigações do caso do estupro da adolescente de 16 anos, afirmou não ter dúvida de que o crime aconteceu.

“A minha convicção a é de que houve estupro. Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão desse estupro, quantas pessoas praticaram esse crime”, disse a delegada.

Titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Cristiana alegou que o processo está em segredo de Justiça, motivo por que não daria acesso às declarações prestadas pela vítima e pelos suspeitos.

Ela afirmou ter pedido a prisão temporária de seis suspeitos de envolvimento no crime “para que possamos investigar com mais calma” e afirmou que já havia indícios suficientes para justificar o pedido. “O vídeo prova o abuso sexual. Além do depoimento da vítima.”

Além da delegada, participaram da entrevista o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, e Adriane Rego, diretora do Instituto Médico-Legal (IML), órgão responsável pelo exame físico da garota cinco dias após o crime.

Segundo os policiais, a perícia técnica do IML ficou prejudicada por conta do tempo decorrido entre o crime e o exame. “Não foram colhidos indícios de violência, o que não quer dizer que ela não aconteceu”, disse o chefe da Polícia Civil.

A diretora do IML afirmou que os peritos procuraram material biológico dos estupradores no corpo da vítima e não encontraram. Diversos fatores, segundo ela, interferem nessa questão, desde o uso de preservativos até o tempo decorrido para o exame.

“O prazo de cinco dias dificulta muita coisa. Quanto mais próximo da violência for o exame, mais fácil é a gente detectar qualquer vestígio. O corpo tem reações que são muito fugazes, desaparecem rapidamente. Então, quanto mais próximo da lesão for o exame, maiores as chances de produzir provas técnicas”, disse Adriane Rego.

“Os vestígios se perderam em razão dos vários dias que se passaram. Mas a polícia não pode afirmar que não houve lesão só porque o laudo não constatou”, afirmou.

A delegada Cristiana relativizou a importância do laudo. “Nos crimes sexuais, o exame de corpo de delito é importante, mas não é determinante. Às vezes há lesão, mas foi consentida pela vítima. E pode acontecer de ter havido estupro mesmo não tendo havido lesão.”

A policial aventou uma outra possibilidade para a falta de vestígios no corpo da adolescente: “Como ela estava desacordada, não vai haver lesão porque ela não ofereceu resistência. Por isso o laudo não é determinante.”

CAÇA AOS TRAFICANTES

Segundo a delegada, um dos seis suspeitos que estão sendo procurados pelo crime já foi encontrado e está sendo encaminhado à delegacia. Raí de Souza se entregou à polícia na tarde desta segunda-feira (30).

A Polícia Civil prendeu também na segunda outro suspeito, o jogador de futebol Lucas Perdomo, 20. Ele foi detido na porta de um restaurante na rua Santa Luzia, no centro do Rio, em torno de 15h30 desta segunda (30).

Os outros quatro estão foragidos e alguns deles não estavam nos endereços que comunicaram à polícia em seus depoimentos.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que os policiais vão prender “qualquer pessoa que tenha envolvimento com o tráfico naquela comunidade, esteja lá ou em outras”.

“Independentemente da investigação pelo envolvimento com o tráfico, há o interesse de que sejam investigadas e ouvidas nessa investigação comandada pela doutora Cristiana.”

CRONOLOGIA DO CASO

21.mai.2016 – A adolescente foi estuprada na madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir ao baile funk. Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.

22.mai.2016 – Acorda cercada por homens armados, mesmo dia em que volta para casa

24.mai.2016 – A vítima fica sabendo que um vídeo com ela circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico

25.mai.2016 – A família da menina é avisada por um vizinho sobre o vídeo

26.mai.2016 – A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML

27.mai.2016 – A menina presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; neste mesmo dia, a polícia localiza a casa em que o crime aconteceu

28.mai.2016 – A advogada da vítima, Eloísa Samy, pediu à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers, títular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DCRI). Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com “machismo e a misoginia”

29.mai.2016 – Pressionada, a Polícia Civil do Rio tirou do delegado Alessandro Thiers o comando das investigações. O caso passou para a delegada Cristina Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).

O Chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que o laudo do vídeo sobre o crime deverá contrariar o “senso comum” e que não havia registro de sangue nas imagens. Também neste domingo, a polícia informou que a vítima entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.

A advogada da adolescente, Eloísa Samy, anunciou nas redes sociais que deixou o caso. A Defensoria Pública do Rio passou a representar a vítima. Na TV, a adolescente disse que está com medo e tem recebido ameaças de morte na internet

Redação

9 Comentários

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  1. Acho que estão fazendo uma

    Acho que estão fazendo uma grande confusão.

    Não há dúvidas de que houve um crime no momento captado pelo vídeo, bem como outro com sua divulgação. Com a nova legislação, os atos que o vídeo mostram podem ser considerados estupro, embora não haja – no vídeo – penetração.

    A grande questão é se ela foi estuprada antes do vídeo, e aí pela definição mais popular desse termo – penetrada sem consentimento. Outra questão é se foi violentada por uma , duas, cinco, trinta ou trinta e três pessoas.

  2. CAUTELA VERSUS DIVERSIONISMO

    Na minha humilde opinião, está correta a decisão de determinar a prisão preventiva dos suspeitos, visto que o referido procedimento legal é recomendável nas circunstâncias evidenciadas, e não significa nenhum prejulgamento dos acusados, mas sim medida acautelatória destinada a evitar os riscos concretos de destruição de provas, de coação de testemunhas e até mesmo para impedir o justiçamento dos envolvidos.

    Por outro lado, é importante destacar que, apesar da inegável relevância do caso de denúncia de estupro coletivo e de crime cibernético relacionado, fato é que o bafafá da mídia e o oportunismo político deslavado em torno do caso tem servido para o escuso e deplorável objetivo de desviar a atenção do público daquilo que deve ser o assunto principal da atualidade, que é o golpe de estado travestido de impixe.

    Para se contrapor à manobra diversionista favorável aos golpistas, vale destacar a excelente entrevista com o Professor Marcelo da Costa Pinto Neves, publicada por Marco Weissheimer no site Sul21, e reproduzida hoje aqui no Jornal GGN, na qual são confirmadas algumas teses que tenho defendido há tempos, e têm sido corroboradas por um grande time de especialistas em direito constitucional, no que tange à inexistência de crime de responsabilidade e à resultante falácia do processo de impixe, bem como à real possibilidade concreta de que, diante das evidências firmemente demonstradas, venha o STF a ser ao final compelido, mesmo que a contragosto, a cumprir com o seu dever de proteger a constituição violada e assim declarar a nulidade do golpe.

  3. Evidente que a lesão não é
    Evidente que a lesão não é prova de estupro assim como a sua ausencia não afasta a hipótese do crime automaticamente. O vídeo ao contrario pode comprovar o abuso. A presenca de lesão local serve como informação subsidiária. Resíduos orgânicos podem identificar o participante na relação pelo DNA mas tambem não prova o crime. Não é simples não ja que tudo gira em torno do consentimento.

  4. Por que essa celeuma?

    Não sei se foi 30 ou se foi 1. Não importa. Houve abuso sexual por que a menina estava desacordada. Inconsciente. Alem disso, ela é menor de idade. Qual é a duvida?? Por que essa celeuma? Desde quando é legitimo abusar de uma pessoa desacordada, dopada e menor de idade?? deus do ceu … 

  5. Publicar fotos de suspeitos
    Publicar fotos de suspeitos de crimes também é crime, além de pratica antiga de jornais em desuso ja faz um tempo. Não contribui.

  6. as fotos são para quê?

    Ah.. entendi. 

    Facilitar a identificação para posterior linchamento pela população como está propagandeando o governador interino. 

    Pô GGN, tira estas fotos do site. Que ridículo!!!!!

     

  7. Eles estão foragidos?

    Tudo bem copiar e colar a reportagem da Falha aí. 6 não vão deixar de ser o meu blog favorito por conta disso.

    Mas estampar a “cara” dos suspeitos como a Falha fez…

    Eles estão foragidos?

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