Delegado muda de sexo e vai assumir Delegacia da Mulher em Goiânia

Sugerido por Gunter Zibell – SP

Do Diário da Manhã

Thiago virou Laura e vai assumir Delegacia da Mulher
 
Delegado de Polícia faz cirurgia de mudança de sexo, altera nome civil e assumirá cargo tradicionalmente ocupado por mulheres. Ele já foi casado e tem dois filhos
 
A delegada de polícia Laura de Castro Teixeira assumirá em fevereiro a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam-Goiânia) em prosseguimento ao processo de relocação de delegados da Polícia Civil. Entretanto, até o ano passado sua lotação era na Delegacia de Trindade, depois de passar por Senador Canedo e ela se chamava Thiago de Castro Teixeira.
 
O delegado Thiago foi submetido a uma cirurgia para mudança de sexo e com autorização da Justiça mudou seu nome e registro civil para Laura, assumindo outro completo referencial e se habilitando a novas experiências como mulher. A Delegacia da Mulher sempre foi tradicionalmente território ocupado por delegadas mulheres, em um dos mais respeitados episódios de “reserva de mercado” para mulheres e sem contestação.
 
Tratado com muito melindre nos corredores da Polícia Civil o assunto ainda é desconhecido da maioria dos integrantes da corporação. Um agente da Polícia Civil que já trabalhou com o delegado Thiago pede para ser mantido no anonimato e revela surpresa absoluta com a mudança radical que o ex-colega imprimiu em sua vida.

 
“É uma situação de difícil assimilação, porque sempre o vimos como uma pessoa normal e sem condições de dar uma guinada tão profunda em sua vida, assim, ao ponto de mudar de sexo, adotar um nome feminino, se vestir como mulher e alterar sua personalidade de forma profunda como será apresentado agora”, comenta.
 
Esse mesmo policial lembra que o delegado Thiago aparentava absoluta normalidade e sua apresentação era como se fosse um homem a toda prova. “Em nada ele lembraria ter tendências para mudar de sexo ou demonstrava alguma tendência para a homosexualidade”, comenta outro colega da Polícia Civil.
 
Nos últimos anos o delegado Castro Teixeira deixou crescer uma vasta cabeleira que ele amarrava na nuca um penteado conhecido como “rabo de cavalo”. Entretanto, nas suas aparições públicas como diligências, operações policiais e entrevistas ele sempre se portava com trejeitos naturalmente masculinos, inclusive de terno e camisas masculinas.
 
Radicalização
 
A mudança de Thiago para Laura despertou variadas manifestações nas pessoas que tiveram acesso à informação nos corredores da Polícia Civil pela forma radical de como se deu a mudança. Thiago foi casado com uma mulher e dessa união o casal teve dois filhos. Os poucos colegas da Polícia Civil que sabem da mudança de sexo do delegado que virou delegada evitam comentar o assunto.
 
Quem conviveu com ele em outras ocasiões e soube da mudança agora oscila entre o estupefato e o incrédulo. Alguns se lembram do delegado Thiago usando uma vasta barba com pouco zelo, o que denotaria uma invulgar “virilidade”. Um escrivão que teve contato com Thiago quando ele foi coordenador do Grupo Especial de repressão a Narcóticos, de Porangatu (Genarc) se refere a ele como um homem que tinha todas as características de masculinidade e que dificilmente poderia supor que ele teria algum indicativo de se tornar mulher.
 
“O delegado era implacável em ações que exigiam demonstração de ‘macheza’ e sua conduta era de um homem que exalava testosterona, não de um indivíduo que pudesse mudar de sexo e vir a se tornar uma figura feminina”, comenta esse escrivão.
 
Outra delegada que conviveu com Thiago citou sua coragem e disposição para operações policiais raramente vistas em outros homens. “Para encarar bandidos com o destemor que ele apresentava um homem com tendências para a feminilidade dificilmente não deixaria transparecer essa queda. Fatalmente seria traído por algum trejeito e isso nunca aconteceu com o doutor Thiago, aliás, agora doutora Laura”, frisa.
 
A reportagem tentou ouvir a delegada Laura de Castro Teixeira. Através da assessoria de imprensa da Polícia Civil ela informou que não comentará sua vida pessoal e só aparecerá em público quando estiver em condições de reassumir suas funções. Por hora a delegada ainda está de licença médica, se recuperando da cirurgia para mudança de sexo.
 
 
 
Redação

12 Comentários

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  1. Não vai deixar de ser o

    Não vai deixar de ser o policial de antes da cirurgia. Para o arrepio de certos Felicianos, Malafaias e Bolsonaros da vida.

  2. O problema são os policiais corruptos

    Delegada Laura Castro Teixeira mudou de sexo, em Goiânia, Goiás (Foto: Wildes Barbosa/O Popular)Delegada Laura de Castro Teixeira se recupera de cirurgia (Foto: Wildes Barbosa/O Popular)

    “(…) Para os colegas, Laura foi corajosa. “A gente vê o ato dela como pessoal, duro de ser feito, mas que entendemos como de coragem. Para a gente, problema são policiais corruptos, omissos. O caso da Laura não é nenhum problema”, ressaltou Adorni.

    Ele destaca que os trabalhos da delegada sempre foram valorizados dentro da corporação e que isso não deve mudar. “A partir de agora, a delegada Laura continuará com o mesmo caráter de prestação de serviço. O conceito que tinha dele da sua vida funcional continua do mesmo jeito, para nós não muda nada”, pontua(…)” G1

     

  3. Fênix

    – Seria bom mantê-la no mesmo setor, inicialmente, para desfazer qualquer preconceito em relação a sua mudança de gênero. Porém, se a delegacia especial da mulher atende também o público LGBT, ela poderia, de fato, colaborar com a sua experiencia para essas pessoas que forem alvo de violência.

    A página de Laura no Facebook mostra a imagem de uma Fênix – a ave da mitologia grega que renasce das cinzas – e é ilustrada com uma foto da delegada com os cabelos escovados, vestindo camiseta preta com identificação da Polícia Civil. No dia 30 de outubro foi postada a primeira foto da delegada na conta da rede social. Entre os comentários, amigos e familiares elogiam Laura, dizem como ela mudou e que está bonita. Em outra publicação, Laura responde a uma colega da Secretaria de Segurança Pública de Goiás que voltará ao trabalho em fevereiro.

    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/delegado-da-policia-civil-de-go-tira-licenca-como-thiago-volta-laura-11384114#ixzz2rJWgIQ7B 
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  4. Essa matéria é apenas um

    Essa matéria é apenas um dentre tantos exemplos de como a transexualidade é confundida com homossexualidade.

    A transexualidade tem a ver com identidade de gênero, isto é, como eu me identifico, como eu me sinto (homem, mulher, travesti). Gênero é construção social, que nada tem a ver com o genital.

    A homossexualidade tem a ver com o objeto do meu desejo, por quem eu me atraio (homem, mulher, travesti).

    Assim, um homem ou mulher trans* (alguém que tenha “se transformado” em homem ou mulher – na verdade o processo transgenitalizador adequa o apecto físico ao psicológico, não “transforma” ninguém) pode ser hétero, homo, bissexual, T-Lover, etc. porque o gênero da pessoa por quem se atrai nada tem a ver com o gênero com o qual se identifica.

    Além disso, tratar a homossexualidade como anormalidade é a tônica da imprensa, que sequer tem o trabalho de procurar entender, de procurar quem entenda da questão para não falar cretinices e disseminar preconceitos.

    Ademais, as tais características “viris” apontadas nada têm a ver com o gênero da pessoa. Força para enfrentar as especificidades da profissão, a postura para lidar com as adversidades têm a ver com o cargo e devem ser requisitos de qualquer pessoa que venha a ocupá-lo. Não há características tipicamente, essencialmente masculinas ou femininas, há construção, associação arbitrária.

    É preciso que ao se divulgar tais matérias venha junto explicações que dissipem os inúmeros preconceitos arraigados!

    1. Tem razão.

      Confunde-se muito não-heteronormatividade cisgênero com homossexualidade.

      E a crença na diferença de papéis de gênero, mais ensinados que ‘naturais’, também é outro abacaxi a desmontar.

       

  5. Raio X da migração de hormônios: os holandeses e o gay cerebral

    BBC BRASIL, 22 jan 2014

     

    Livro polêmico afirma que homossexualidade pode ser definida na gravidez

    Mulher grávida | Crédito: PA

    Neurologista diz que fumar na gravidez pode aumentar chances de filho se tornar homossexual

    Um livro recém-lançado por um neurologista sugere que o estresse na gravidez elevaria as chances de uma criança nascer gay.

    Segundo o holandês Dick Frans Swaab, autor de We are our Brains (Spiegel & Grau, 448 páginas) (“Nós somos os nossos cérebros”, em tradução livre), a homossexualidade estaria ligada a uma mudança na composição hormonal e na formação do cérebro.

    Nesse sentido, o neurologista acredita que fumar ou ingerir drogas na gravidez pode influenciar na formação da sexualidade do feto.

    “Mulheres grávidas que sofram de estresse tem maior chance de darem a luz a bebês homossexuais, porque os níveis elevados do hormônio de estresse cortisol afeta a produção de hormônios sexuais fetais”, escreve Swaab.

    A abordagem de Swaab, professor emérito de neurobiologia da Universidade de Amsterdã, parte do pressuposto de que a sexualidade é determinada no útero e não pode ser alterada, contrariando uma visão partilhada por outros especialistas de que a orientação sexual é uma escolha individual.

    “Embora seja frequente ouvirmos que o desenvolvimento após o nascimento também afete a orientação sexual, não há absolutamente nenhuma prova científica disso”, vaticina Swaab.

    Para exemplificar sua tese, Swaab cita o caso de uma droga prescrita a 2 milhões de mulheres para evitar abortos nas décadas de 40 e 50 que, segundo ele, aumentou as chances de bissexualidade e homossexualidade nos recém-nascidos.

    “A exposição à nicotina e à anfetamina durante a gravidez eleva as chances de a mãe gerar uma filha lésbica”, afirma o holandês.

    O neurocientista também acredita que as chances de que um bebê se torne homossexual são maiores quando a mãe já gerou filhos homens antes.

    “Isso se deve à resposta imunológica da mãe às substâncias masculinas produzidas por bebês do sexo masculino no útero. Essa reação se torna cada vez mais forte durante cada gravidez”, acrescenta Swaab.

    Controvérsia

    Cérebro do bebê | Crédito: BBC

    Filhos de pais gays não teriam necessariamente maior propensão à homossexualidade

    Há mais de cinco décadas pesquisando a anatomia e a fisiologia do cérebro, o holandês, que coleciona diversos prêmios em seu currículo, é um crítico voraz do chamado “livre-arbítrio” humano e muitas de suas teses têm causado polêmica.

    O neurologista acredita que o cérebro é pré-programado durante a gravidez, influenciando as decisões de um indivíduo durante toda a sua vida, desde suas experiências emocionais às suas preferências religiosas.

    A sua primeira investida no campo da orientação sexual ocorreu na década de 80 e, desde então, Swaab vem provocando reações acaloradas de grupos de defesa dos direitos gays, que afirmam que suas descobertas enquadram a homossexualidade como um “problema médico”.

    O neurologista holandês, entretanto, discorda das críticas e afirma que sua tese desconstrói o argumento de entidades ultra-conservadoras que acreditam na chamada “cura gay”.

    Além disso, como afirma que a homossexualidade é definida durante a gravidez, Swaab descarta a hipótese de que filhos de pais homossexuais tenham maior chance de se tornarem gays.

    “Crianças que cresçam em famílias de pais gays ou lésbicas não têm mais chances de ser homossexuais. Não há qualquer evidência de que a homossexualidade seja um escolha de vida”, afirma.

    A tese de Swaab, entretanto, não é inédita. No 21º Encontro da Sociedade Europeia de Neurologia, realizado em 2011, o professor Jerome Goldstein, do Centro de Investigação Clínica de São Francisco, nos Estados Unidos, apresentou dados baseados em tomografias computadorizadas que mostraram a diferença dos cérebros entre homossexuais e heterossexuais.

    Livro de Dick Swaab | Crédito: Divulgação

    Novo livro de Dick Swaab afirma que sexualidade é determinada no útero

    Segundo Goldstein, “a orientação sexual não é uma opção, ela é essencialmente neurobiológica ao nascimento”.

    Cérebro

    Mas essa não é a única polêmica do livro de Swaab. Na obra, o neurologista também afirma que o comportamento “irritante” dos adolescentes seria uma evolução natural para evitar o incesto e que partos difíceis seriam, na prática, resultantes da predisposição, nos recém-nascidos, a transtornos mentais como esquizofrenia, autismo ou anorexia.

     

    Além disso, o holandês também defende outras teses, como a de que pessoas inteligentes costumam ser ateias, de que crianças bilíngues tem menos chance de desenvolver Alzheimer ou de que uma desilusão amorosa tem a mesma reação no cérebro do que a abstinência de um viciado.

  6. Putz, seria interessante

    Putz, seria interessante imaginar um confronto entre essa delegada(o) e Madame Satã. Quem seria mais macho(a)?

    Definitivamente a polícia já não é mais a mesma (sem juízo de valor). Outro dia fui a DP reclamar contra um vizinho sociopata e fui atendido por uma inspetora loira e muito gata. Ela andava com um trabucão na cintura, o que me deixava meio perturbado, não necessariamente no mal sentido.

    Sempre achava os filmes policiais americanos com suas policiais gostosas uma forçação de barra pela audiência. Tive que mudar meus conceitos  

  7. Texto que respinga

    Texto que respinga preconceito a cada frase. Confunde transexualidade com homossexualidade. Atribui coragem, destemor, capacidade de decisão ao sexo masculino, como se não tivéssemos inúmeros exemplos cotidianos e históricos de que as mulheres são tão corajosas e decididas quanto os homens. Trata os transexuais e os homossexuais como “anormais”.

    1. Você tem razão

      Mas, enfim, é o que temos no Brasil.

      Já é difícil acharmos mídia que trate no feminino transgêneros com identidade de gênero feminina.

      Mais um sinal de que devem começar o quanto antes ações públicas de conscientização sobre orientação sexual e identidade de gênero.

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