Depois da Bahia, mosquitos transgênicos contra dengue chegam a São Paulo

Jornal GGN – A empresa de biotecnologia Oxitec, do Reino Unido, vai começar a operar em caráter oficial uma fábrica em Campinas para o desenvolvimento de mosquitos geneticamente modificados para combater a dengue. A aprovação para a atividade, que também tem caráter comercial, foi concedida pela Comissão Técnica Nacional do Brasil de Biossegurança (CTNBio) no último mês de abril.

O início das atividades acontece cerca de dois anos depois da chegada da empresa à cidade do interior de São Paulo, onde já havia um escritório com CNPJ desde o final de 2012, de acordo com reportagem da Agência Pública. A abertura da fábrica acontece na próxima semana, segundo informa a revista NewScientist. A empresa já realizou testes com mosquitos transgênicos em Juazeiro, na Bahia.

A ideia é liberar milhões de exemplares machos do mosquito transgênico no meio ambiente para que eles acasalem com as fêmeas. O resultado desse cruzamento, segundo a empresa, são espécimes do mosquito que morrem antes de atingir a fase adulta. Isso, em tese, ajudaria a conter o número de portadores de mosquitos da dengue Aedes aegypti.

A dengue é uma doença que afeta mais de 50 milhões de pessoas todos os anos, sendo o número atual 30 vezes maior que as ocorrências dos últimos 50 anos. Como não há vacinas ou medicamentos preventivos, o único método é a aplicação de inseticidas em áreas de maior incidência do mosquito transmissor.

Eficácia e segurança questionadas

Apesar da liberação comercial pela CTNBio e tendência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar as pesquisas em outros distritos da Bahia, a prática não é consenso entre pesquisadores. Margareth Capurro, da Universidade de São Paulo (USP), deve lançar este mês um relatório com os resultados de seu estudo da versão experimental feita em Jacobina, na Bahia, no ano passado.

A pesquisadora adianta que, apesar dos dados mostrarem a queda do número de ovos do mosquito em escala de 92%, não houve queda da incidência da doença. Ela afirma que são necessários estudos epidemiológicos completos para saber se, de fato, os mosquitos transgênicos estão funcionando como esperado.

Já para a Oxitec, há provas consistentes do controle do mosquito da dengue em ambientes urbanos. Mas especialistas afirmam que a aprovação da CTNBio sem estudos epidemiológicos completos pode representar um “precedente perigoso”, segundo reportagem da NewScientist.

A opinião é do engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, e do economista Antonio Inácio Andrioli, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Em artigo, ambos defendem que a liberação comercial dos mosquitos geneticamente modificados deveria acontecer após a tecnologia ser totalmente avaliada.

Nos Estados Unidos também já há uma tendência de uso da mesma prática no estado da Flórida, onde há muitos casos de dengue. Mas especialistas também alertam para o fator econômico. Em longo prazo, a tecnologia pode parar no alto custo, já que, a tecnologia depende de machos estéreis (que, por definição, não podem transmitir o traço geneticamente modificado). Segundo Thomas Unnasch, da Universidade do Sul da Flórida, seria necessário liberar um grande número de mosquitos a cada ano, a um custo de milhões de dólares.

Redação

4 Comentários

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  1. Se esse interior da Bahia…

    se chama a cidade de Juazeiro, aqui tem essa pesquisa e tem o laboratório também. Só podem estarem a falar da cidade onde moro. Pois bem, o relato que tenho a falar, sobre os mosquitos é que a cidade esta em um estado de calamidade pública de proliferação de muriçocas. Só para vocês terem uma idéia, tem bar oferecendo mesas já com mosquiteiros, longos por conta da infestação na cidade. Nunca ninguém diz por quê de tanta muriçoca. Como vocês estão dizendo na reportagem que é preciso a liberação de milhões de pernilongas macho, só pode ser isso que anda acotecendo aqui na cidade.

  2. Clareza e didatismo do Jornal GGN, ao contrário da CartaCapital

    Jornal GGN:

    “A ideia é liberar milhões de exemplares machos do mosquito transgênico no meio ambiente para que eles acasalem com as fêmeas. O resultado desse cruzamento, segundo a empresa, são espécimes do mosquito que morrem antes de atingir a fase adulta.”

    Carta Capital 809, 23.07.2014 (Samantha Maia): 

    “A técnica utilizada envolve a colocação de um gene no mosquito macho que o incapacita de produzir descendentes em condições de chegar à fase adulta.”

  3. Provavelmente o mosquito de

    Provavelmente o mosquito de sp, é comunista. Ora, é o que´o alckimin vai dizer e a impresna repercurtir, ou, vice-versa? Tanto faz, são a mesma coisa.

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