Depois de três anos de investigações, ninguém foi preso no cartel dos trens em São Paulo

 
Jornal GGN – O esquema de cartel em contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do governo do Estado de São Paulo, vem sendo investigado há três anos, mas até o momento não houve nenhuma prisão.
 
Em torno de 30 pessoas, entre lobistas, empresários e ex-funcionários das estatais, foram denunciados pelo Ministério Público paulista. No entanto, as ações que apuram a participação de políticos no cartel não levaram à nenhuma acusação formal. 
 
De acordo com o jornal o Estado de São Paulo, a Justiça deverá começar as ouvir as primeiras testemunhas em janeiro. Foram marcadas audiências em três das 12 ações penais que tramitam na justiça criminal paulista. 

 

 
Em uma das audiências, serão ouvidas testemunhas de acusação do Ministério Público de São Paulo, que arrolou o ex-presidente do Metrô e futuro secretário de Transportes de prefeito eleito João Doria (PSDB), Sergio Avelleda. 
 
Como comparação, em quase três anos a Operação Lava Jato conseguiu 120 condenações de investigados em primeira instância. Para Marcelo Menoni, promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão a Formação de Cartel e Lavagem de Dinheiro (Gedec), a falta de uma vara especializada em crimes financeiros e a estratégia dos advogados são responsáveis pelo demora. 
 
No caso da Lava Jato, há uma força-tarefa de procuradores e policiais e um juiz especializado. Em São Paulo, somente um promotor investiga todos os casos dos cartel dos trens. 
 
O caso veio à tona através da Siemens, multinacional que assinou um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no qual denunciava o esquema, que ocorria desde 1995, passando pelas gestões de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. 
 
A empresa alemã combinava com outras companhias o resultado de licitações de contratos para reformar vagões e outros equipamentos ferroviários. A investigação apontou que executivos e funcionários públicos receberam propina para que o esquema funcionasse, e é estimado desvios da ordem de R$ 557 milhões.
 
Para o promotor, é “quase impossível” a ausência de apoio político ao cartel. “Analisando os documentos dessas licitações, fica claro que há uma combinação e acho pouco provável que quem trabalha diretamente com isso não perceba”, diz Mendroni, que crê que ainda existem carteis atuando dentro do governo do Estado de São Paulo. 
 
Ao contrário do que ocorre na Lava Jato, a justiça de São Paulo demora de seis meses a um ano para aceitar as denúncias. Além disso, os pedidos de prisão preventiva solicitados pelo promotor não foram aceitos. Já a operação centrada em Curitiba tem utilizado largamente as prisões preventivas, temporárias e conduções coercitivas contra seus acusados. 
 
O Grupo de Atuação Especial de Combate a Delitos Econômicos (Gedec) do Ministério Público de SP fez oito denúncias por cartel e fraudes em licitações contra executivos de empresas nacionais e internacionais. 
 
Também foram apontadas suspeitas em outras licitações além das citadas pela Siemens, como na Parceira Público-Privada (PPP) da Linha 8 da CPTM.Uma das investigações principais, que investiga o envolvimento de  de ex-diretores e ex-presidente da CPTM, está sob responsabilidade da Procuradoria da República em São Paulo.
 
Redação

4 Comentários

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  1. Claro

    Regra pétrea brasileira nos dias atuais, mais fortes até do que as constitucionais: “Pessoas de destaque no PSDB (não chamo de tucanos em homenagem aos pássaros) são inimputáveis, até mesmo ininvestigáveis.”

    1. claro….

      Alstom, CAF, Siemens, Bombardier… Como no caso da Petrobrás, as mesmas empresas atoladas nos mesmos casos de corrupção, que foram prontamente liberadas para não aparecer nem em investigações, nem em reportagens pelo Mundo. Qual seria o interesse de tamanho favor feito pelo nosso Poder Judiciário e pelo Juiz Sérgio Moro? Destruir economias, reputações e empresas só se forem nacionais? O que está por trás disto? Mas onde estão todos a exigir que o Poder Judiciário aja de forma igualitária em todos casos de corrupção. Aí está muita da hipocrisia nacional também. Rigor e justiça as partes exigem quando o atingido é o outro. As empreiteiras, em especial a Odebretch está atolada nos casos de corrupção  do Trensalão Tucano de SP. O Metrô de SP é uma vergonha e o Judiciário se cala. Basta ver o rama sendo construído da Linha Leste até o Aeroporto Internacional em Guarulhos. Um gigantesco “Elefante Branco”, torres de 30 metros de concreto e aço para fazer a ligação de pouco mais de 4 Kms entre o metrô e o terminal aeroportuário, quando uma simples linha férrea no nível da rodovia que liga os mesmos pontos, daria o mesmo resultado. Mas como seria posssível uma justificativa de bilhões de reais em aço e ferro? (Se acusarem apenas alguns tentando livrar a outros, e todos não forem chamados à Justiça e suas responsabilidades este país não irá parar em pé).  

  2. Nem um PowerPoint, nem um

    Nem um PowerPoint, nem um passáro suspeito, nem uma condução coercitiva? Estes caras são “safos” e está justiça como sempre cega, surda e nunca muda.

  3. Imaginemos uma quadrilha em

    Imaginemos uma quadrilha em que os participantes possuem diferentes colorações políticas. No entanto, há um partido que, por diversas razões, algumas até aqui desconhecidas, é tratado como se fosse inexistente aos olhos da lei. Sendo assim, aqueles que são condenados por não pertencerem ao partido fantasma, têm o direito, permitido por lei expressa, de insurgirem-se contra a arbitrária condenação. Sabe-se que os pertencentes ao partido fantasma são os que mais lucram com as propinas e facilidades adquiridas por intermédio de corrupção, aliás, isso é de uma obviedade incontestável. O tal pau no francisco desaparece quando este está presente, determinando uma quantidade de erros judiciais incomensuráveis. 

    A atitude correta, caso houvesse minimamente o Poder Judiciário no Brasil, seria começar do zero. Passar a borracha, apagando tudo o que foi pelo para condenar alguns e deixar outros com sorriso de orelha a orelha e caçoando daqueles que tomaram o cacete no lugar deles. Os integrantes do partido fantasma rolam no chão de tanto rir e, entre uma gargalhada e outra, dizem: Como são idiotas! Nós aqui curtindo a boa vida e os trouxas na cadeia!

    Evidente que isso precisa acabar imediatamente e, volto a repetir, a lei concede prerrogativas aos condenados para que possam reverter esse caos propiciado pela Lava Jato Moro, Janot, STF e Cia. Ltda. e o estranho Poder Judiciário de São Paulo. 

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