Dilma discutirá novas eleições com senadores, partidos e movimentos sociais

Jornal GGN – Na próxima semana, a presidente afastada Dilma Rousseff deve fazer reunião com lideranças partidárias e entidades para debater a proposta de um plebiscito e a antecipação das eleições para presidente da República em 2016. Na terça (14), Dilma se encontrou com senadores que votaram contra o impeachment e também com movimentos sociais.

Em entrevista coletiva para agências internacionais, a presidente afastada foi clara em relação à questão das novas eleições. “Se tiver de ter novas eleições, eu serei a favor. Só tem uma coisa. Eu acredito que não haverá democracia se o meu mandato não for restabelecido. Para ter qualquer processo (eleitoral), tem de haver o restabelecimento do meu mandato”, afirmou.

Do lado dos movimentos, a proposta ainda não é consenso. Para Raimundo Bomfim, coordenador da CMP e da Frente Brasil Popular, há um grupo de senadores indecisos, que Dilma poder convencer a votar contra o impeachment se apresentar a proposta de plebiscito. Já o analista político Antônio Augusto de Queiroz, do  Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), crê que convocar novas eleições seria uma batalha política difícil, principalmente porque “o PMDB dificilmente votaria a favor, já que o pressuposto seria de que o vice (Michel Temer) seja substituído”.

Da Rede Brasil Atual

Dilma vai discutir eleições na terça com partidos, senadores e movimentos
 
Presidenta voltará a se reunir com lideranças progressistas e partidárias que são contra o impeachment para debater proposta de plebiscito e nova eleição

A presidenta Dilma Rousseff deve se reunir na terça-feira (21), no Palácio da Alvorada, com diversas entidades e lideranças progressistas para dar encaminhamento ao debate sobre a antecipação de eleições para presidente da República (e vice) em 2016. O encontro deve ser no mesmo formato do realizado ontem (14), quando estiveram presentes os senadores Armando Monteiro (PTB-PE), Jorge Viana (PT-AC), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lídice da Mata (PSB-BA), que representaram o conjunto chamado “grupo dos 22”, formado pelos senadores que votaram contra o impeachment.

Participaram da reunião ontem PT, PCdoB, PDT, Central de Movimentos Populares (CMP), as centrais sindicais CUT e CTB, MST (sem-terra), MTST (sem-teto) e UNE (estudantes), além dos ministros afastados Ricardo Berzoini e Jaques Wagner. Movimentos e partidos terão uma semana para debater internamente a proposta de plebiscito e novas eleições, até a reunião de terça-feira.

Ontem, Dilma foi, pela primeira vez, absolutamente clara quanto à questão, em entrevista coletiva a agências internacionais. “Se tiver de ter novas eleições, eu serei a favor. Só tem uma coisa. Eu acredito que não haverá democracia se o meu mandato não for restabelecido. Para ter qualquer processo (eleitoral), tem de haver o restabelecimento do meu mandato. Aí se pode consultar a população e ver o que se faz”, disse.

No PT, as posições, pelo menos publicamente, têm sido de defender o mandato de Dilma acima de qualquer proposta. “A população que saiu às ruas em defesa da democracia, saiu em defesa da Constituição. A normalidade democrática é o retorno da Dilma para o cumprimento de seu mandato. Qualquer alternativa diferente dessa significa um rearranjo fora do arcabouço do que a Constituição prevê”, afirma o deputado Paulo Pimenta (RS).

Segundo Pimenta, nova eleição “pode ser até decorrência do agravamento de uma crise institucional, mas fazer um movimento com o objetivo de reduzir o mandato, na minha opinião, é de difícil compreensão. Não deve ser um objetivo. A população defende a democracia para que Dilma retorne e para que o golpista (Temer) seja afastado.”

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) tem pensamento semelhante. “Primeiramente, Dilma tem que voltar, para depois se decidir o que fazer junto com o povo brasileiro. Mas o que fazer, ainda não está decidido.”

Para Teixeira, a esquerda não está dividida, e sim debatendo. “Nada vai dividir a esquerda neste momento. Por isso, está todo mundo cerimonioso e cuidadoso, na posição que vai adotar.”

Do lado dos movimentos sociais, o debate segue. A Frente Brasil Popular tem reunião, anteriormente agendada, marcada para o dia 20, para discutir a questão. A Frente Povo sem Medo não chegou a um consenso.

“Há um grupo de senadores indecisos que votaram sim, mas não declaram voto incisivo contra ou a favor o impeachment. Se Dilma apresentar uma proposta de plebiscito, esses senadores poderiam votar contra o impeachment”, diz Raimundo Bonfim, coordenador da CMP e da Frente Brasil Popular.

No movimento social, há posições contrárias a novas eleições, segundo as quais aceitar essa alternativa seria legitimar o golpe. O PCdoB admite a possibilidade. O PDT seria a favor do plebiscito, mas estaria defendendo incluir uma pergunta sobre a possibilidade de se instituir uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer a reforma política.

Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), uma eventual proposta de eleições por plebiscito não é fácil de se tornar viável. Para isso, após o plebiscito que a aprovasse o pleito, o Congresso teria de fazer e aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC) convocando as eleições. A segunda possibilidade seria o Congresso aprovar uma PEC e, depois, realizar-se um referendo para que a população endosse a convocação de eleição. “Mas tem que fazer uma PEC de qualquer jeito. O plebiscito não a substitui. Não há hipótese de prescindir de uma PEC”, diz Toninho.

Mas, na opinião do analista, será uma batalha política difícil, mesmo que o plebiscito seja autorizado, para o Congresso aprovar uma PEC convocando eleições. Entre outros fatores, porque “o PMDB dificilmente votaria a favor, já que o pressuposto seria de que o vice (Michel Temer) seja substituído”.

 

Redação

13 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Só aceito da Dilma abrir mão

    Só aceito da Dilma abrir mão de dois anos do seu mandato, se houver eleições gerais para 1/3 do senado, câmara e presidente da república. Acompanhada de uma reforma politica ampla geral e irrestrita.

    Qualquer arranjo diferente desse é golpe, mesmo a Dilma voltando ao comando da nação.

     

    1. Somos dois então

      Novas eleições pra mandar a mesma máfia para o Congresso é tiro no pé. E sem reformas gerais (política, judiciário) é tiro de bazuca na própria cabeça.

  2. antecipação de eleições.
    Novamente: De jeito maneira. Nada de antecipar eleições. Só topo uma Constituinte exclusiva com integrantes que ficassem impedidos de disputar as primeiras eleições após sua promulgação, sem a participação de integrantes do atual Congresso (salvo se renunciassem o atual mandato) e com seus efeitos a serem praticados a partir de 01/01/2019.

  3. Saída ou beco constitucional? por Wanderley G. dos Santos

    SAÍDA OU BECO CONSTITUCIONAL? – Wanderley Guilherme dos Santos

    13 de junho de 2016Segunda Opinião

    À impossibilidade de Dilma Rousseff retomar relações com uma Câmara cuja demencial maioria só faltou chama-la de rameira, porque de ladra o foi, juntou-se o desastre de Michel Temer e seus larápios confederados, de Roraima ao Rio Grande Sul, sob a coordenação de um escroque do Rio de Janeiro. O precário ajuntamento de Michel Temer não obterá apoio ativo da sociedade, só repulsa; Dilma Rousseff, se reinstalada, sequer cumprimentará as 367 vossas excelências sem compostura da Câmara dos Deputados, que continuarão a sabotar seu governo. O nó produzido pela ambição e irresponsabilidade da coalizão do mal, PMDB&PSDB, não é solúvel nos artigos constitucionais vigentes. Salvo engano, a crise de usurpação só terá fim quando inventarem uma interpretação jeitosa que, embora nua, cubra a ilegalidade do acordo. Quem conseguirá e como o fará são interrogações que ultrapassam minha imaginação. Só estou seguro de que não há solução constitucionalmente imaculada para tamanho desarranjo político.

    Desconheço a extensão da ferida aberta no envelope protetor de nossa democracia e da overdose de insegurança inoculada na população. Certo é que, contestando futura vitória eleitoral do mais humilde prefeito, há de surgir um Aécio qualquer reivindicando seu impedimento, com a cumplicidade de conivente maioria de vereadores, do judiciário local, e a colaboração do pasquim da cidade. O acerto de agora não apressará a cicatrização da ferida. Só a continuidade das eleições apagará a suspeita de que o compromisso democrático é um logro.

    A ideia em circulação de que Dilma Rousseff convoque plebiscito tem endereço errado. Artigo 49 da Constituição: “é da competência exclusiva do Congresso Nacional, inciso XV: autorizar referendo e convocar plebiscito”. A esta altura, beira a ingenuidade imaginar esta Câmara e este Senado revogando o que aprovaram ontem.  Espreita as duas Casas a confirmação de que os legisladores não desmoralizaram a presidenta, mas o próprio mandato. E quanto tempo do governo reinstalado tomará o debate entre os a favor e os contra a convocação? Sim, embora pouco provável, não é impossível que movimentos de rua alterem a disposição do Congresso. Mas é ainda obscura a alternativa a ser proposta, além do rumor: convocar ou não nova eleição presidencial? Se milagrosamente vitoriosa a tese da convocação, o governo trabalharia pela tese de novas eleições, mas, não sendo ”já”, quando seriam? Não antes de 2017, certamente. Está aí o Tribunal Superior Eleitoral, presidido por Gilmar Mendes, para procrastinar a eleição, enquanto se esgoelam as campanhas de três candidaturas, no mínimo, além da de Mariana Silva. Sendo tolo o governo gastar capital na convocação de novas eleições para perdê-las, ninguém reclame quando administrar a coisa pública, que é bom, ficar para as horas vagas.

    Estão abusando da disposição democrática da população. Longe de exercer advocacia do diabo, pergunto se realmente acreditam que este caminho domará a exasperação direitista, satisfará os inconformados e normalizará a rotina da administração pública. Tenho dúvidas.

  4. Concordo com Requião, que diz

    Concordo com Requião, que diz não ser legal o povo ir às ruas com Volta Querida, porque a questão requer muita ousadia, e luta de parte da Presidente para enfrentar os golpistas.

    Sabemos, como poucos, o que sucederá se o impeachment passara no Senado. O próprio Meirelles já disse que espera que issso aconteça e o povo não vai gostar de suas medidas antipáticas, porém necessárias. Ou seja, o que se fez até hoje é um aperitivo.

    Mas, se Dilma ganhar, meu Deus! Não dá pra enxergar o reboliço. Acho difícil dar certo a volta dela, a não ser que o STF garanta a sua governabilidade, porque só a Justiça agindo.

  5. Cao Nassif
    Nada disso

    Cao Nassif

    Nada disso Dilma.

    Eleições, em 2018.

    Volte, ocupe a grande mídia, denuncie, deputados e senadores golpistas, que não querem um Brasil para todos.

    Encaminhe as propostas dos movimentos sociais, pois estes são seus apoios e  nas TVs, fale abertamente, o nome de cada deputado, de cada senador contrário, golpista ou não, de forma a nunca mais serem eleitos.

    Desfaça cada ato do golpista Temer.

    Corte cada centavo da grande mídia. Nenhum anuncio via grande mídia.

    Entre outras coisas.

    Saudações

     

  6. A ideia é boa

    O alvo de Dilma ao propor esse plebiscito não é conseguir que ele se realize, ela evidentemente sabe que só o Legislativo pode convocá-lo. O alvo são os senadores joões-bobos, que bambeiam entre apoiar o golpe e devolver o mandato à presidente eleita. Claro que os joões-bobos também sabem disso, mas a proposta do plebiscito torna eleitoralmente palatável a ideia de votar contra o golpe.

    Pensemos assim: o que pode fazer Dilma para conseguir os votos que lhe faltam no senado? Pouca coisa, não é? Pois uma dessas poucas coisas é lançar uma ideia que agrada o eleitorado dos senadores. Portanto, a ideia é boa…

  7. A pergunta que me faço.

    Começo por estabelecer o foco na seguinte questão: qual é a saída para a crise institucional que o Brasil vive hoje?

    Temer não vai conseguir ‘agradar’ todos com os quais tem algum ‘débito’. Isto já está provado. Perguntinha neste contexto: será que existe bolão no Congresso para ver quantos ministros vão cair ou qual vai ser próximo? Cena lastimável e quase inacreditável. É um governo golpista, construído com foco no egoísmo pessoal de alguns para se livrar de investigações. Não tem e não terá consistência para fazer nada.

    Eu nem falei da crise econômica na pergunta inicial porque acredito que se tornou secundária, diante do impasse no funcionamento institucional que vivemos. Executqivo, Legislativo e Judiciário, passam hoje grave momento de indefinições que tornam qualquer possível solução da questão econômica secundária. Não secundária porque importe menos, mas porque não se configura ambiente propício para qualquer tentativa de entrar nesta seara. O Congresso está, ao menos a maioria dele, tão ensimesmada e querendo resolver seus problemas pessoais e particulares que qualquer coisa vira motivo de barganha.

    Outra pergunta que tenho me feito: qual a melhor e qual a solução possível. 

    Ainda não sei se eleições antecipadas se configuram como a melhor solução. Com o atual e majoritamente desqualificado Congresso que temos não parece a melhor solução. Aqui seria a Reforma Política. Precisamos acabar com a relacao perniciosa  que se estabeleceu entre o Estado e a iniciativa privada desde os governos militares. E que se mantém até hoje. Para saber mais pesquise na internet as seguintes palavras: A Ditadura dos Empreiteiros. É uma tese, fartamente documentada sobre a relação das empreiteiras com o governo militar. Mais um documentário pode esclarecer as relações do Estado com a iniciativa privada é o Muito Além do Cidadão Kane sobre as relações da Globo com o Estado. Além do exposto precisaria acabar a relação de que vitória nas eleições é sinônimo de grande investimento publicitário. Isto me parece mais difícil. Mas gera uma desigualdade que é bem contrária à ideia de democracia.

    Se Dilma vier a público e disser que convocará plebicito e possível eleição, estarei ao lado dela. Mas ainda não estou convencido de que será o melhor caminho, mas talvez seja o caminho possível. Por enquanto posso mudar de opinião.

  8. Mafia Parlamentar
    O problema do país é esse congresso vendido que está dominado por esse Centrão do Cunha e que foi cúmplice do golpe do impeachment. Sem eleições para o Congresso qualquer presidente ficará nas mãos dessa máfia parlamentar

  9. Quem não te conhece que te compre

    Assim que fosse reconduzida ao posto ela esqueceria as novas eleições.

    Depois do estelionato leitoral de 2014 qualquer um que ainda confie na palavra de Dilma pode colocar um adesivo de idiota na testa.

    Se Dilma tivesse um mínimo de honestidade intelectual e tivesse um mínimo de sentimento republicano, deveria ter renunciado quando se viu impossibilitada de governar e ter cobrado a mesma atitude de seu vice. Deveria ter feito esta proposta publicamente logo após ter malogrado sua estratégia de colocar o vice como seu negociador político.

    Mas o problema é que nesse grupo PT-PMDB todos, absolutamente todos, os caciques tem culpa no cartório, e vão tentar se segurar com o poder na mão enquanto puderem.

     

    1. Discordo, Dilma é honesta e

      Discordo, Dilma é honesta e tem ética. Estelionato eleitoral mesmo quem fez foi Aécio, com seu discurso cínico contra a corrupção. A cada dia que passa, surgem novas revelações contra ele. Já viu as últimas? Segundo Machado, financiou cerca de 50 deputados, para viabilizar sua eleição à presidência da Câmara, 

  10. A conclusão de que “o PMDB

    A conclusão de que “o PMDB dificilmente votaria a favor, já que o pressuposto seria de que o vice (Michel Temer) seja substituído” não faz sentido. Se senadores mudarem seu voto por conta do plebiscito e o impeachment não passar, Dilma reassume. Nesse caso, o PMDB não estará mais na presidência, portanto quem será substituído será Dilma e não Temer. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador