É preciso ensinar índios a pescar, diz novo presidente da Funai

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Jornal GGN – Antonio Fernandes Toninho Costa, novo presidente da Fundação Nacional do Índio, afirmou que é necessário “ensinar os índios a pescar” e que as aldeias sejam “auto sustentáveis”. 
 
Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a indicação de Toninho Costa havia sido bem recebido a princípio, já que ele já trabalhou diretamente com indígenas em áreas de demarcação. “Talvez ele pudesse inverter as palavras, deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar. Ele é que está chegando agora, então seria bom ensinar (a ele) o rumo, abrir o espaço para um diálogo com os povos indígenas”, diz Gilberto Vieir, secretário-geral do Cimi.

 
Vieir também ressalta que o novo presidente chega em um momento complicado da fundação, com orçamento cada vez menor e com a aproximação do governo Temer com a bancada ruralista.
 
Leia mais abaixo: 
 
Da Rede Brasil Atual
 
 
Gestor nomeado pelo governo Temer, indica que entidade, criada para preservar a civilização indígena, deverá ter atuação nula na mediação de conflitos com o agronegócio

O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antonio Fernandes Toninho Costa, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, provocou sua primeira polêmica frente ao cargo ao declarar, ao jornal Valor, que é preciso que as aldeias “sejam auto sustentáveis” e é preciso “ensinar os índios a pescar”.

Ainda na entrevista, Toninho Costa disse que o momento da “Funai assistencialista” não cabe mais. A afirmação não foi bem aceita pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Talvez ele pudesse inverter as palavras, deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar. Ele é que está chegando agora, então seria bom ensinar (a ele) o rumo, abrir o espaço para um diálogo com os povos indígenas que são aqueles que sabem para onde querem ir”, afirmou o secretário-geral do Cimi, Gilberto Vieir, em entrevista à TVT.

O secretário-geral do Cimi disse que a indicação de Toninho Costa, no primeiro momento, agradou os movimentos sociais que atuam junto aos povos indígenas e lembrou que o novo presidente da Funai viveu muitos anos em áreas de demarcação, trabalhando diretamente com os indígenas e possui comprovada formação acadêmica na área.

Entretanto, Gilberto lembra que a Funai terá dificuldade mais para atuar nas questões de saúde, educação e nos conflitos de terra em áreas críticas, como no Mato Grosso do Sul, pois a fundação atua com poucos colaboradores e um orçamento cada vez mais enxuto, por causa da política de cortes na área social promovidas pelo governo Temer. “Ele pega a Funai em um momento extremamente conturbado, na parte financeira, nas próprias iniciativas que o governo Temer tem feito, com uma portaria limita a demarcação de terra. É esse o contexto do presidente da Funai, que tem o orçamento reduzido”, explica.

O Cimi também chamou a atenção para a presença de Michel Temer, na sexta feira passada (17), no ato de posse do novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), agora sob o comando do deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).

A aproximação de Temer com a bancada ruralista é sinal de que cada vez mais as demandas do agronegócio terão prioridade, em detrimento dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. “Ele (Temer) declara que quando olha para o futuro, ele olha os ruralistas, ou seja, então se você trabalha para os ruralistas, você vira as costas para os povos indígenas.”

Assista:

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Redação

8 Comentários

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  1. A Funai já teve Marcio Meira

    Um governo que já teve o antropólogo Marcio Meira, o mais longevo presidente da Funai (abril/2007 a abril/2012), agora isso. Seria de estranhar se fosse o contrário. 

  2. Hummm…

    Além de uma metáfora extremamente infeliz, pelo conhecimento milenar dos povos indígenas em matéria de pesca, a fala desse sujeito carrega uma dúvida: estarão os neoliberais planejando transformar os povos indígenas em “empreendedores”, ou pretendendo que esses povos vendam suas aldeias em bolsa de valores, para serem “auto-sustentáveis”? WTF?

    1. Ver TV a cores numa taba de Índio programada prá só dizer sim

      Conta-se que um Índio descansava à sombra de uma árvore. Um Branco apareceu e lhe sugeriu:

      – Em vez de descansar, você devia trabalhar, derrubar essa mata, semear, colher e ir vender o produto na cidade.

      O Índio perguntou ao Branco:

      – E depois disso, o que eu faço?

      – Ora, Índio, com o dinheiro obtido, você aumenta a área plantada, aumenta a produção e vai vender novamente na cidade, ganhando mais dinheiro ainda – respondeu-lhe o Branco.

      – E depois? – perguntou-lhe novamente o Índio.

      O Branco respondeu:

      – Depois, com mais dinheiro ainda, você aumenta ainda mais a área plantada e consequentemente a produção, vende na cidade. Quanto você tiver bastante dinheiro, então você descansa.

      O Índio pergunta-lhe:

      – E o que é que eu tô fazendo aqui?

  3. “Ensinar os índios a pescar”,

    “Ensinar os índios a pescar”, é muma metáfora horrível para dizer que os ídios devem ser capitalistas, num páis onde nem o capitalismo deu certo, alías, deu certo, como sempre, apenas para uma minoria privilegiada e o serviço público se tranformou em capitania de concurseiros da classe média medíocre e privilegiada.

     

    Eis o Brasil que o novo presidente da FUNAI que adaptar aos índios: um fracasso retumbante controlado por golpistas, oligarquias e empresários inescrupolosos.

    1. Disse tudo

      DIsse tudo: no Brasil, nem o capitalismo deu certo. Um país onde os jovens sonham em entrar para o serviço público ao invés de abrir sua própria empresa, não pode ser considerado um país onde existe apreço pelo capitalismo. Mas agora, esse devaneio de achar que o bom era o mundo pré-histórico dos índios na floresta é coisa de quem acredita que a vida dos índios era sentar debaixo de uma árvore e esperar que a fruta caia na mão. Índio sabe pescar sim. Mas não dá para viver só da pesca.

      Quem sabe os índios não acabam ensinando capitalismo para o povo brasileiro? A necessidade é a mãe da iniciativa.

  4. Vamos cometer mais um erro de português contra nossos Índios?

    Erro de Português

    (Oswald de Andrade)

    Quando o Português chegou
    Debaixo duma bruta chuva
    Vestiu o Índio
    Que pena!
    Fosse uma manhã de sol
    O Índio tinha despido
    O Português

  5. Um feixe de alfafa transgênica para o novo Presidente da Funai

    “Quando a última árvore for cortada, quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles verão que não se come dinheiro”. – Greenpeace

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