Enviado por Odonir Oliveira
Da Agência Câmara
Requerente da reunião, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) considera que todo o processo cultural e de aprendizagem está associado ao livro, à leitura e à Literatura. Para a deputada, esses são fatores que influenciam na formação de identidade e na produção de conhecimento.
“A leitura pode ser considerada um sentido diferenciado, uma outra forma de olhar, conhecer e de se posicionar diante do mundo. Quem, tristemente, não tem acesso a ela como direito básico ou não ultrapassa a condição do analfabetismo funcional, certamente tem seus direitos democráticos e de cidadania negados”.
Metodologia tradicional x contemporânea
O professor Arnaldo Niskier, integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL) ,defende que esse panorama só mudará quando houver esforços conjuntos para que se trabalhe uma política nacional de educação, e quando a Literatura passar a ser valorizada pelo Enem.
Para ele, o Ensino Médio não estimula o jovem estudante a pensar e necessita passar por uma revolução, começando por mudanças na cultura de leitura e na estrutura de ensino da disciplina.
“A metodologia do ensino tradicional da Literatura como disciplina no Ensino Médio ainda se foca na periodização literária, no acúmulo de teorias”, avalia. Na opinião do acadêmico, textos contemporâneos, mais próximos da realidade dos alunos, romperiam o bloqueio inicial criado ao apresentar a Literatura ao estudante.
“Fazendo um caminho contrário, partindo do texto mais contemporâneo, o professor poderia vir a conquistar o aluno e após certa maturidade de leitura, o estudante teria bagagem para ler uma obra clássica, compreender, apreciar ou renegar, mas já com argumentos sólidos para isso”, acrescenta.
A Comissão de Educação pretende fazer outras reuniões com instituições acadêmicas e governamentais para discutir o Enem e os desdobramentos dele nos métodos de ensino, para realizar um trabalho mais próximo ao Ministério da Educação.
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44% dos brasileiros tem dificuldade de compreensão de texto
Quando esse país vai entender que crianças e jovens tem dificuldade de compreensão de texto porque não foram alfabetizados adequadamente? Não adianta nada mudar currículo de literatura. Eles não sabem ler! Eles não dominam a construção da escrita e por consequência da leitura!
O Brasil é um dos poucos países, senão o único, que adota a metodologia construtivista nos anos iniciais da escolarização. Ela foi abolida dos Estados Unidos, Suiça e proibida na França. E nós continuamos nessa lenga lenga que não leva a nada.
Falou o defensor do método fônico
Que representa o maior retrocesso, a volta à aprendizagem desvinculada de sentido. Arre!
Conversa longa
Demandando leituras, estudos e aprofundamentos.
A alfabetização é conversa para especialistas… quando não, há que se questionar, argumentar e não ser categórico apenas.
São anos e anos de práticas pedagógicas em salas de aulas e fora delas também.
Ler cartilhescamente “Vovó viu a uva” não resolve a questão colocada.
Ensinar literatura é praticar literatura ( desde quando se é bebêzinho, ouvindo-se histórias… )
Sugiro ler AS PALAVRAS, de Sartre, por exemplo. Ou a AULA, de Roland Barthes. Ainda ESTRATÉGIAS DE LEITURA, de Isabel Solé…
Alfabetização não se dá apenas aos 6, 7 anos, continuamos a ser alfabetizados sempre. E, na escola, é responsabilidade DE TODOS OS PROFESSORES DE TODAS AS ÁREAS.
Eu, no momento, estou em pleno processo de alfabetização. Ainda. E gostando. Demais.
Seria + importante estimular a leitura do q “ensinar” literatura
Leitura inclusive de autores literários, claro, mas nao só. E adequados aos interesses e possibilidades dos alunos. Se uma criança/ um jovem desenvolve o gosto pela leitura, até mesmo por leitura de segunda linha, desenvolverá o vocabulário e a sintaxe necessários para mais tarde ler outras coisas, bem como fluência de leitura.
O que li de besteirol no ginásio nao está no gibi: Agatha Cristie, Charlie Chan, Perry Mason, Arsene Lupin, e, pior de tudo, literatura “para moças” (isso é realmente veneno…). Mas era uma leitora compulsiva, retirava mais de 180 livros por ano da biblioteca da escola, fora os que eu comprava e ganhava. Isso me deu capacidade para ler mais tarde outras coisas.
Hoje em dia existe ótima literatura infanto-juvenil, variada e de qualidade (antes havia, mas só Lobato… o resto era uma merda). Lygia Bojunga, por ex., é alta literatura, embora voltada para crianças e jovens. E é mais fácil conquistar pessoas que nao têm o hábito de ler com algo mais leve e interessante para elas.
Para crianças, os professores deveriam sobretudo contar muitas histórias, associar o prazer de ouvi-las a livros. O resto até se faz sozinho quando há um bom começo.