Em defesa de mandatos coletivos: considerações sobre a cota de gênero

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Tenho recebido alguns questionamentos por força das minhas opções de votos aqui no DF. São amigas e amigos aos quais respeito muito e, por isso, merecem que eu os informe sobre o porquê das minhas posições.

Hoje, apesar da Lei das Eleições estabelecer uma cota de gênero de 70% das candidaturas para homens e 30% para mulheres, ou vice-versa, todos os partidos “esquecem” o vice-versa, sendo que os percentuais determinados na Lei não se atrelam a nenhum dos sexos, ou seja, se aplica a ambos.

Infelizmente os partidos continuam alcançando com, muita dificuldade, o percentual mínimo de participação das mulheres que, muitas vezes, ainda saem candidatas para cumprir a cota e não pela importância que representam na defesa do projeto do seu partido.

Mais da metade dos eleitores brasileiros são mulheres, mas é vexaminosa a representação feminina no Congresso Nacional, por exemplo, que dentre 513 vagas, apenas 45 mulheres ocupam essa função. Menos de 10%!

O Congresso tem apresentado progressos relevantes na legislação como a Lei Maria da Penha (2006), que representa um marco nessa luta e a ampliação dos direitos das empregadas domésticas. Mas a aplicabilidade dessas e de outras Leis que beneficiam e protegem os direitos das mulheres tem sido fracas, lentas ou inexistentes trazendo prejuízos às nossas vidas.

Posso me considerar uma ativista dos direitos humanos, pois tenho uma história de vida que faz com que me veja nessa condição, mas nossas organizações ainda carecem de muitos colaboradores, homens e mulheres predispostos a lutar contra o preconceito e todo o tipo de violência contra nós, mulheres.

Voto tanto em homens ou mulheres que estão dispostos a emplacar essa luta, até mesmo porque acho, hoje, que não me considero representada nesse aspecto pelas candidatas a Deputadas Federais aqui no DF, então voto na legenda do partido que tem o projeto que defendo e esse voto vai representar a minha posição de defesa a todas as minhas companheiras que se dispuseram a participar desse pleito.

Desejo boa sorte a todas as candidatas e aos candidatos do PT comprometidos com a luta e continuidade dos avanços da causa feminina no Congresso Nacional! E desejo que sejam mais criteriosos na escolha de suas equipes!

Elize Lima é Educadora

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Em defesa de mandatos coletivos

    É, Li, ainda teremos que conviver com nossas representações desiguais por algum tempo. Você bem lembra que as cotas valem para ambos os sexos e nenhum partido dispõe 70% para as mulheres. E nem a realidade demonstra que, apesar das cotas, se tem uma representação de 30 % de mulheres eleitas. Nossa história oficial é, eminentemente, masculina, O que acaba por refletir a opção da maioria das mulheres pelos candidatos homens. Vejo na Educação uma das áreas em que se possa desenvolver o protagonismo feminino a partir das aprendizagens vividas pelos estudantes. Uma reforma política possibilitaria, ainda, que essas contradições viessem à baila, permitindo, assim, que a sociedade discutisse e apresentasse propostas que aperfeiçoasse suas representações de gênero.

  2. Belo texto, Elize!!! (típico

    Belo texto, Elize!!! (típico de mulher politicamente engajada e participativa como você)

    Faz sentido esse seu posicionamento, já que conforme você colocou, a representação feminina no Congresso tem uma porcentagem tão insatisfatória (lamentável isso)!!!

    De fato, olhando por esse prisma o voto coletivo pode ser muito mais proveitoso

    Parabéns pelas palavras sempre tão bem colocadas!!!

    Um abraço!!!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador