Em jantar de Noblat, Temer ignora crise e Aécio admite caixa dois

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – No jantar de comemoração dos 50 anos de carreira do jornalista Ricardo Noblat, no restaurante Piantella, em Brasília, na noite desta terça (07), teve presidente da República dizendo que não se preocupa com a segunda lista de Janot, teve Aécio Neves (PSDB) defendendo a absolvição do caixa dois e que não se deve “misturar” em “um mesmo bolo” políticos acusados na Lava Jato, e a suspeita de que Chico Alencar (PSOL-RJ) diferenciou Aécio dos peemedebistas Renan Calheiros e Romero Jucá.
 
Temer ficou menos de trinta minutos no restaurante que reunia ministros, ex-ministros, deputados e senadores de vários partidos. Com jornalistas presentes no encontro que celebrava a carreira de Noblat, o presidente disse que não se preocupa com a chamada segunda lista de Janot, que deve chegar esta semana no Supremo Tribunal Federal (STF) com os pedidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de inquéritos dos políticos acusados nas delações da Odebrecht.
 
“Se eu for me preocupar com isso, não faço mais nada. Não estou preocupado. Cada Poder cuida de uma coisa”, disse Temer. Também questionado sobre o processo que pode encurtar o seu mandato, Michel Temer disse que espera que a ação seja julgada e ensaiou um “tanto faz” para a estratégia adotada por ele do desejo de separar as responsabilizações de Dilma Rousseff e dele na chapa em julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
Após dizer que Herman Benjamin, ministro corregedor do TSE, que está com a relatoria da ação da cassação, está “cumprindo o papel dele”, Temer mudou rapidamente de assunto, emendando que o seu objetivo pessoal “é levantar o país”.
 
“A economia está indo numa onda excepcional, crescendo substancialmente. Meu único objetivo é colocar o país nos trilhos”, afirmou, ignorando todos os cenários de preocupação que recaem sobre o seu governo e a cúpula, ameaçados pelas delações da Odebrecht nos avanços da Lava Jato nos ilícitos e esquemas de corrupção envolvendo o PMDB e o PSDB.
 
Já dentro do restaurante, mostrou que “ainda não sabe o que fazer” o que Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil licenciado por saúde. A referência é o título da coluna do próprio jornalista Noblat, que informa que Padilha quer voltar. Apesar de os boletins médicos indicarem que o desejo do peemedebista, na verdade, era não voltar e prolongar sua licença, no ápice das acusações contra ele, o seu afastamento está gerando mais repercussões negativas que a volta.
 
Por isso, Temer e Padilha analisam como fazer o ministro retomar os trabalhos. Publicamente, o presidente apenas afirmou que “Ele [Eliseu Padilha] está em convalescença, mas em uma ou duas semanas, estará de volta”.
 
“Ao que tudo indica, Padilha recuperará a saúde. Mas dificilmente recuperará as condições políticas para continuar no cargo. Ele pode não saber disso, mas Temer sabe, e sabem ministros e assessores que o cercam. Ocorre que Temer tem um problema que jamais conseguiu resolver. Apesar de sua longa trajetória de homem público, ele não enfrenta com naturalidade a tarefa de ter que se afastar de um amigo”, publicou o jornalista em sua coluna.
 
 
E diz mais. Tenta convencer que a saída de Padilha não foi uma medida do próprio Temer para paralisar as repercussões negativas em todo o governo e cúpula. O jornalista ainda exemplifica com o afastamento de Jucá, “coincidentemente” em pleno ápice também das acusações contra o senador.
 
“Atribui-se a Temer a demissão de Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento quando se tornou público seu comentário sobre a necessidade de se estancar “a sangria” provocada pela Lava Jato. Na verdade, Jucá saiu ao concluir que não poderia mais ficar.Foi premiado por Temer com a função de líder do governo no Congresso”, afirma. Por outro lado, Noblat assume: “É Jucá que segue mandando no Ministério do Planejamento”.
 
E foi quando Temer já saia de sua rápida presença no restaurante, para privilegiar a carreira do amigo Noblat, que Aécio Neves (PSDB) tentou amenizar o sentimento de quase todos os alvos da Lava Jato. Para o tucano, não se pode “misturar” em um “mesmo bolo” os primeiros acusados, no caso até o momento integrantes do PT, daquele demais que obtiveram caixa dois para financiar a campanha.
 
“Todo mundo vai ficar no mesmo bolo e abriremos espaço para um salvador da pátria? Não, é preciso salvar a política. (…) Um cara que ganhou dinheiro na Petrobras não pode ser considerado a mesma coisa que aquele que ganhou cem pratas para se eleger”, disse, continuando: “Visto de longe tem-se a impressão de que todos são iguais no universo da política e praticaram os mesmos atos”.
 
Com a concordância dos presentes, o senador se entusiasmou na lógica: “Vamos nos autoexterminar?”, questionou na quase auto confissão. “É preciso salvar a política. Não podemos deixar que tudo se misture”, completou.
 
Acompanhe algumas fotos da noite, divulgadas pela Folha de S. Paulo:
 
 
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. O jornalista e seus “amigos” politicos

    [Temer] “ainda não sabe o que fazer”. Temer e a camarilha toda so sabe fazer intrigas (o que eles chamam de articulação politica) e ganhar dinheiro (propina), governar a sério um Pais ? Eh querer demais de quem nunca se interessou por nada nem ninguém a não ser o proprio umbigo.

    O que que um Ministro do Supremo faz numa festa dessa ? Bom, mas isso aqui, ôôôô!

    E essa foto de Aécio de braços dados com o biônico? Reedição 40 anos depois desta outra aqui?

  2. “A economia está indo numa

    “A economia está indo numa onda excepcional, crescendo substancialmente. Meu único objetivo é colocar o país nos trilhos”

     

    Não seja modesto, caro Traíra. Não é uma onda. É um verdadeiro tsunami. Um tsunami de demissões… Um tsunami de falências…

  3. Chico Alencar

    Chico Alencar é um professor que já  foi do PT, migrou para o PSOL, deve ser amigo do Noblat, Aécio…. e quem sabe está se  endireitando de vez.

    É um direito dele nao gostar do Jucá nem do Renan e admirar o Aécio. Uma coisa meio inexplicável

     

    Jose Emilio Guedes Lages- Belo Horizontep

  4. Essas fotos ..essas

    Essas fotos ..essas fotos..

    Assim como aquela com Moro e Aécio  ..com Gilmar, Temer e Moreira no Jaburu

    ..juízes supremos e réus, homens da mídia JUNTOS, tão próximos, conspirando, confabulando

    ..GOLPISTAS que se apossaram do país SEM VOTO ..tudo tão as claras  ..que atrevimento  ..que descaramento  ..jesus cristo que sensação de impotência

    No máximo, como esperança,  a lembrança dum antes “todo poderoso” Kadafi, ou dum Saddan Hussein que quando confrontados com suas insignificancias, já todos CAGADOS e MIJADOS de medo, sequer sabiam como ou aonde se esconder

    quem sabe ..quem sabe um dia a sorte se volte contra estes USURPADORES da nossa tão jovem democracia

    https://www.youtube.com/watch?v=84PsKnaTlcg

     

  5. PQP….Se nós somos os blogs sujos, este aí é o quê então??

    Blog Imundo !!  

    Não tem outra  explicação.    Só o que se vê são ratos-gordos  saindo das latrinas  e do esgoto midiático que esta gente do PIG  patrocina !!

    Sugestão:  Vamos fazer o aniversário do Blog do Nassif num ” Churrascão no Piscinão de Ramos, ou mesmo deste lago rodeado pelos ratos  aí de Brasilia ”   só para  ver quem é que vai !!

     

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