Espetáculo que trata do esgotamento e utopia estreia em SP

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Fotos: Augusto Paiva

Jornal GGN – Neste mês, a Cia. do Miolo estreia para o público a nova temporada de seu espetáculo “Luzeiros”. O teatro de rua será apresentado no dia 5 de dezembro, na Praça do Patriarca e, em seguida, seguirá temporada por diversos lugares de São Paulo, como Vão do Masp, Pátio do Colégio e Largo São Bento. No novo trabalho, a trupe constrói uma narrativa onde tratam do conflito entre o esgotamento e a utopia.

Luzeiros, surge a partir do questionamento: O que fazer quando a dureza da realidade nos impede de vislumbrar um horizonte? Foi assim, que a Cia. se debruçou sobre memórias coletivas de resistência e luta, buscando entender, por meio de suas próprias experiências, o esgotamento e a utopia. A narrativa se dá em uma cidade devastada pela guerra, onde sobrou apenas uma mulher e uma menina. Elas, com suas raízes fincadas nos escombros e ânsias de navegar, abrem o espetáculo com a pergunta: era mesmo uma cidade?

“Esse Luzeiros atravessa a nossa experiência de vida, nossa história; é um tanto a consequência de como se formaram nossos sonhos, nossas éticas e afetos; toca também nossos embates atuais mais profundos; um mergulho no fazer teatral das ruas. A imagem de milhares de pessoas que se arriscam na travessia temerosa do mar à procura de outras cidades e países, nos permitiu olhar além dos cemitérios e ruinas do atual estado de coisas, e avistar pela primeira vez o mar! A poética insiste: É preciso levantar como uma cidade que se levanta! Nalgum lugar as multidões se põem tomadas de valentia! A utopia talvez inútil é urgente! ”, disse a atriz Renata Lemes.

O processo de criação do espetáculo passou por lugares como o Depositário Judicial, no bairro da Penha. Nele, os atores puderam conferir os diversos objetos entulhados pelos escombros, que remetem a história da cidade e a memórias de pessoas que perderam seus pertences. Esse foi o local que o cenógrafo, Eliseu Weide, se inspirou para desenvolver seu trabalho. Por meio da metáfora de roupas-corpos-sepultados, o artista criou uma instalação que revela elementos do cotidiano (guarda-roupa, geladeira, bonecas), junto com as sobras de uma cidade (carros, torres, placas, antenas, etc.

“Foi necessário nos colocarmos nessa situação limite: não reconhecer a cidade, não reconhecer mais a realidade, a fim de encontrar possibilidades de enfrentar nosso próprio sentimento de impotência”, comentou o diretor da montagem, Iarlei Rangel.

A Companhia do Miolo, desde dos anos 2000, se aprofunda na pesquisa de linguagem corporal que dialoga com espaços urbanos. Entre os trabalhos voltados para o público adulto e infantil, a trupe já foi contemplada diversas vezes pela Lei de Fomento ao Teatro. Ano passado estreou o espetáculo Casa de Tolerância, em sua sede, no bairro da Penha, zona leste de São Paulo, onde antigamente funcionava um prostíbulo doméstico. Atualmente, a Cia está com o projeto Ocupações Teatrais: Esgotamento e Utopia, premiado na 27ª edição de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, que estreia “Luzeiros”.

Sinopse – Luzeiros

Uma menina e uma mulher sobreviventes de guerra percorrem uma cidade em ruínas na busca por sepultar os mortos. Neste trajeto se deparam com memórias de tempos e cidades que se esgotaram em meio à exploração, ganância, pobreza e atentados. Diante da destruição as duas sobreviventes lutam entre o permanecer e o navegar.

Ficha Técnica

Direção: Iarlei Rangel | Assistente de direção: Ranieri Guerra |Dramaturgia: Rudinei Borges |Direção Musical: Charles Raszl |Preparação Corporal: Juliana Pardo |Atrizes: Edi Cardoso e Renata Lemes |Cenografia e figurino: Eliseu Weide |Produção: Isabela Pimentel e Cia do Miolo |Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini |Assistente de produção: Rafael Procópio |Fotos: Augusto Paiva

Temporada

Dias 05, 06,07 de dezembro, na Praça do Patriarca, às 18h30 e às 20h30

Dia 08 de dezembro, no Vão do Masp, às 18h30 e às 20h30

Dias 09, 12 e 13 de dezembro, no Pátio do Colégio, às 18h30 e às 20h30.

Dias 14,15 e 16 de dezembro, no Largo São Bento, às 18h30 e às 20h30.

*Em caso de chuva não haverá espetáculo.

                                                                

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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