Ética, Heiddeger e Woody Allen

Sugerido por Marco St.

Da Revista Bula

Woody Allen e Heidegger: Morte aos monstros!

Flávio Paranhos

Quando o saudoso (e brilhante) professor Jordino Marques me propôs como tema de mestrado ‘ética em Heidegger’, eu ainda não sabia que teria de tirar leite de pedra. Não só Heidegger nunca escreveu um “tratado de ética”, como, pra piorar, era acusado de ter sua obra contaminada pelo nazismo. Isso mesmo, ele não era (é) acusado de ter sido nazista, já que isso era um fato, ele FOI nazista. Essa não era, pois, a questão. O que não significa dizer que ele ativamente contribuiu com as atrocidades. Significa dizer que acreditou no projeto de reconstrução da Alemanha proposto pelo Partido Nacional Socialista durante algum tempo. Significa que foi reitor da Universidade de Freiburg antes da guerra começar, cargo que não ocupou por muito tempo. Não significa, porém, que foi ele quem demitiu Husserl, seu mestre de ascendência judia. Quem fez isso foi o reitor que o antecedeu.

Há nazismo na obra de Heidegger? Não. Nem, propriamente, uma ética. O chamado primeiro Heidegger, o Heidegger de ‘Ser e Tempo’, de onde a maioria de seus “intérpretes” arranca uma ética fornece, inclusive, farto material em contrário. Por exemplo, o conceito de ‘Das Man’, o impessoal. O ser, como ser-com, se empobrece quando dissolvido no impessoal. “Todo mundo é o outro e ninguém é ele mesmo”. Uma vida inautêntica. Há duas maravilhosas ilustrações dessa tese, os filmes, “A Onda”, dirigido por Dennis Gansel, e “Zelig”, do judeu ateu Woody Allen (momento propaganda: discuti esses filmes em minha coluna de cinema na revista “Filosofia Ciência & Vida” e os inclui em meu livro “Cinema & Filosofia”, Kindle Edition).

Mas ressuscitaram o assunto. Por quê? Porque serão lançados em março, na Alemanha, os “Cadernos Negros”, contendo, aparentemente, algum material para soprar a brasa da suspeita que nunca se apaga. Os franceses, claro, estão dando muito mais bola pra isso do que quaisquer outros. A ponto de competir com a boçalidade da quenelle de Dieudonné e com o infundado desespero dos pais quanto à “teoria de gênero” supostamente ensinada nas escolas francesas.

Me pergunto por que não implicam com o “anti-cristianismo” descarado de Nietzsche, que não precisa de nenhum caderno negro, basta ler qualquer coisa sua (“Cristianismo, álcool, os dois grandes meios de corrupção… Na verdade não deveria haver hesitação de escolha ante o islamismo e o cristianismo, tanto quanto entre um árabe e um judeu.” — “O Anticristo”)

O caso de Woody Allen é diferente. Ousaria dizer, até mesmo o oposto. Heidegger foi nazista por um tempo (e nunca se desculpou por isso, algo pelo quê nunca foi perdoado), mas sua obra não é nazista. Woody é acusado de ter molestado sexualmente sua filha Dylan (agora Malone) quando esta tinha apenas 7 anos. Seria, portanto, um psicopata, um monstro, um insensível, etc. Sua obra tem tudo isso. Inclusive caras mais velhos que se envolvem com uma gatinha bem mais nova (embora não tão nova quanto 7 anos).

Dylan/Malone ressuscitou o assunto por duas vezes agora. Numa matéria da seriíssima publicação “Vanity Fair”, por meio da qual Mia, sua mãe adotiva (Woody é seu pai adotivo), confessa que“nunca terminou pra valer com Frank Sinatra” e que Ronan, o único “filho biológico” deles pode ser que seja de Sinatra. E no último sábado, numa carta aberta publicada no blog do colunista de assuntos acerca da ética (?), Nicholos Kristof.

Dylan começa perguntando que filme de Woody é nosso preferido, para, em seguida, fazer seu relato: Um dia, na casa de campo de Mia Farrow em Conneticut, Woody a chamou para uma espécie de sótão, onde pediu que deitasse de bruços e brincasse com o trenzinho do irmão, enquanto a tocava. Ela tinha 7 anos, contou para a mãe, que gravou um vídeo de seu testemunho na época. No final de sua carta aberta, ela cospe na cara dos atores que participaram dos filmes do pai recentemente, assim como de Diane Keaton.

Eu não acredito em Dylan. Por quê?

1 — Porque eu não quero acreditar. É importante revelar de cara uma obviedade. Não sou isento. Ninguém é. Quem acha que é está mentindo para si mesmo. Woody Allen é o filósofo mais brilhante que já existiu. É um gênio. Se me dissessem que Beethoven era pedófilo, ou Kafka, Einstein, etc, eu teria enorme dificuldade em aceitar. Nunca é demais lembrar, portanto, meu aforismo preferido, o que mando marcar com ferro quente no lombo de meus alunos na PUC: “O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo.” (Francis Bacon, Aforismo XLVI do “Novum Organum”)

2 — Por causa do artigo de Robert B. Weide, autor do recente “Woody Allen: A Documentary” (por sinal, fraquinho, apesar de bem intencionado). Weide elenca algumas peças que não se encaixam no quebra-cabeça:

A — O vídeo feito por Mia com o testemunho de Dylan foi editado ao longo de alguns dias. A babá viu. Essa mesma babá pediu demissão por discordar do modus operandi de Mia e refutar a tese de que Dylan ficou sem monitoramento de babás no dia da alegada ocorrência.

B — A junta médica da Universidade de Yale não encontrou na menina sinais de ter sido molestada.

C — O fato alegado teria ocorrido quando o casal já tinha se separado (Mia já tinha descoberto o caso com Soon Yi há algum tempo) e Woody estava fazendo uma visita às crianças na casa da mãe. Os dois já estavam brigando na Justiça. Weide e eu achamos altamente improvável que Woody fosse estúpido para ter um timing tão mal escolhido.

D — Os defensores de Mia costumam colocá-la num pedestal de santidade e coitadidade. Entretanto ela própria não teve uma vida “moralmente exemplar”. Teve um caso com Andre Previn quando este ainda era casado com Dory Previn, que caiu em grave depressão, e chegou a escrever uma música intitulada “Beware of Young Girls” (Mia tinha 24 anos quando lhe tomou o marido, de 40). E em outubro passado não hesitou em jogar merda no ventilador ao dizer pra “Vanity Fair” que era possível que Ronan fosse filho de Sinatra, e não de Woody. Barbara, a viúva de Blue Eyes, ainda viva, foi em quem a merda caiu em cheio. Weide e eu ponderamos: ou é uma brincadeira de muitíssimo mau gosto, ou ela é bem danadinha.

E — A carta de Dylan parece ter sido motivada pela homenagem que Woody recebeu dos Golden Globe Awards pela carreira (a qual, claro, ele não foi receber). Sem falar nas indicações ao Oscar para “Blue Jasmine”, o ‘Bonde chamado desejo’ de Woody. Aparentemente, mãe e filha ficaram profundamente irritadas com o fato de todo mundo ter “perdoado” o crápula a ponto de continuar a lhe conferir prêmios. Acontece que Robert Weide é quem foi o responsável pela montagem dessa homenagem, e pediu permissão de Mia para incluir imagens dela. E ela deu. Como é? Peraí, não foi ela quem tuitou coisas do tipo: “Uma mulher relatou publicamente ter sido molestada por Woody Allen. O prêmio do Golden Globe demonstra desprezo por ela e todas as vítimas de abuso”. Hein? Uma pessoa que dá permissão para uso de sua imagem sabendo do que se tratava e depois diz isso é uma pessoa profundamente perturbada.

F — Quanto a premiar um pedófilo, Weide lembra que Mia, amiga de Roman Polanski, nada disse quando este ganhou o Oscar por “O Pianista”, em 2002. O caso de Polanski é bem diferente, dirão. E é mesmo. Até porque ele admitiu que de fato teve relação sexual com uma menina de 13 anos. E esta não era sua filha adotiva. Mas, se for pra generalizar como ela fez em seu Twitter, Polanski encaixa na categoria de “pedófilos que recebem prêmios por seus filmes”.

Minha tese é que Mia Farrow é uma pessoa profundamente perturbada (bioquímica e neuropatologicamente mesmo) e machucada, que não hesita em trazer os outros para dentro de sua espiral egocentrada. Dory Previn, Barbara Sinatra, Ronan, Dylan, Soon-Yi, Woody são todos moscas presas em sua teia psicótica. Posso estar errado? Posso. Mas acho que não.

Flávio Paranhos , filósofo e médico.

Redação

33 Comentários

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  1. Muito bem posto. Tenho ma

    Muito bem posto. Tenho ma impressão dessa historia. Espero, até porque sempre fui fã dos filmes e até das peças de teatro de Allen, que tudo isso não passe de uma descompensação de Farrow.  E quem sofre sobremaneira nessa historia são esses filhos, que mesmo adultos, devem ter sequelas terriveis.

  2. Woody Allen

    Tomar o marido alheio não é crime, é uma safadeza, mas crime não é. Trair o marido muito menos. O cara ficou com a filha adotiva de 18 anos, com certeza houve um processo de sedução típico dos pedófilos. O homem já vivia de olho nas filhas. Amo os filhos de Woody Allen, vou continuar amando, mas não aprovo o seu suposto comportamento.

     Sefor provada a culpa, espero que ele pague por isso.

    1. Entao…

      Ficar com a filha adotiva e’ crime, sim. Alguem pode ate achar algum atenuante, mas e’ crime e ponto.

      Mas nao foi isso que aconteceu. Ela nao era filha adotiva DELE. Apenas DELA. E eles nao viviam juntos. De acordo com a propria Mia, ele tinha quase nenhum contato com a menina que depois virou sua mulher (ate hoje).

      O problema e’ que isso torna crivel a outra alegacao, que ele abusou da filha pequena. Mas se vc considera separadamente, nao faz sentido – o artigo acima e’ bem claro sobre isso.

  3. Ainda mais

    Pode-se ir um pouco mais longe, ate’.

    Woody Alen e Mia Farrow nunca foram casados. Nem moraram juntos. Tem tres filhos, dois adotivos e esse que agora pode ser de Sinatra, e eles SEMPRE viveram com Farrow, mesmo enquanto Allen e Farrow mantinham uma relacao supostamente estavel (nao tanto assim, ja que ela aparentemente ainda se relacionava com Sinatra e ele, no final, casou com a filha dela, de outro casamento).

    O que Allen admitidamente fez e’ algo dificil de aceitar de todo jeito. Voce tem uma namorada de varios anos, com quem tem 3 filhos, e se apaixona e casa com a filha dela de 19? Admitidamente, qualquer um teria dificuldade de dizer que isso e’ algo normal, tranquilo.

    Todo mundo imagina o cara “cozinhando” a filhinha desde pequena e depois sendo pego pela propria esposa/mae. Mas a propria Farrow ja admitiu que Allen pouco conhecia a filha maior dela. Que tinha o proprio pai adotivo como referencia paterna. Foi apenas quando ela ja era maior (legalmente adulta) e’ que Farrow comecou a incentivar os contatos entre eles. E aconteceu o que aconteceu; se vc for romantico, foi um improvavel amor vencendo barreiras; se nao, foi um coroa incapaz de se segurar ao conhecer um “mulher nova, bonita e carinhosa”. Nao muda a historia, mas vale dizer que eles continuam casados ate hoje, ela com 40 e ele com 70.

    Mas Farrow aproveitou-se do imaginario coletivo e tachou a pecha de “pedofilo” em Allen, que nao se aplica no caso acima. Sem-vergonha, tarado, imoral, traidor, se vc quiser. Mas pedofilo, nao, ela nao era crianca.

    Para completar o assassinato de reputacao, entao, precisa encontrar uma crianca de verdade.

    Dai ouvimos a seguinte historia: Woody Allen, depois de ser pego com a menina de 19 anos e passando por uma briga de custodia horrivel com Farrow, vai visitar seus filhos numa casa lotada de criancas e babas e conclui que a coisa mais inteligente que ele pode fazer para aproveitar uns cinco minutos de folga e’ abusar da filha pequena. Coisa que nao se alega que ele tenha feito antes ou com outras criancas, alias.

    E a baba nega, os exames medicos nao mostram nada, a policia nao encontra qualquer evidencia de crime, o filme da menina falando do assunto e’ cortado diversas vezes…

    Mas, porque a menina hoje continua afirmando isso? Nao sei, mas um dos seus irmaos nao so esta defendendo o pai, como tambem acusando a mae de fazer uma constante lavagem cerebral em casa. Ela tinha 7 anos. Quem se lembra exatamente do que aconteceu quando tinha essa idade? Ela certamente sofreu um trauma significativo, mas quem a avaliou na epoca, nao encontrou a causa num abuso sexual.

     

     

     

     

     

     

  4. Tudo que sei, sei via os outros.

    Tudo que vejo tem a ver com uma expectativa de visão que foi treinada a partir da visão… do outro.

    Em verdade, a gente é (como se fosse) um outro, vagando por aí, neste mundo cheio de dúvidas.

    Nem o que a gente “testemunha” pode ser visto como verdade verdadeira, donde que em casos de crimes é preciso que haja inúmeras perícias, confrontações, inquéritos.

    No fundo do fundão, todos somos culpados de tudo, ou ninguém é culpado de nada, pois há os que flagrados em atos como esses de pedofilia ficam pasmos quando é dito a eles que o que estão fazendo é maldade: pois a pulsão deles parece empurrá-los a fazer isto que os impregna, os empolga, os deleita – mas a sociedade tem razão em condenar tais atos, porque se trata de  praticar o mal contra uma pessoa incapaz de avaliar/concordar/discordar.

    Em diferentes ocasiões na vida, vi 2 homens comprovadamente pedófilos. Um o era, enquanto ganhava prêmios de produtividade no trabalho, fazia palestras, tinha aquele ar de gente de bem, ar que todos fomos “treinados” a reconhecer como sendo de gente boa (e, por causa desse treinamento, vez ou outra quebramos a cara). Um doente com pedigree. Do outro sujeito eu soube de suas práticas, mas é possível que tenha  parado com aquilo. O certo é que ele também enganaria meio mundo se não fosse surpreendido no ato, pois casou em igreja, teve filhos, trabalhou, etc. 

    E aquele médico, Eugênio Chipkevitch? Escrevia livros, fazia palestras, era reconhecido como bom profissional por outros médicos; cuidava de adolescentes e depois se descobriu que dopava e abusava de alguns deles. O que veio a ser descoberto de forma absolutamente casual, ao que os jornais contaram, na época.  

    O que parece bastante comprovado hoje em dia  é que a criança hostilizada por essa gente não se reconstrói mais nunca. Com treinamento, cuidados psicológicos, amor e muita sorte às vezes consegue tocar a vida adiante, mas a marca fica, indelével. Além do mais, há a possibilidade de a criança hostilizada vir também a praticar a pedofilia, quando se torna adulta. 

    Pior: pedofilia parece ser prática exclusiva de uns animais ditos  humanos. Ouço dizer que não há, na natureza, nenhum outro ser vivo que a pratique. 

     

  5. Minha esposa foi abusada

    Minha esposa foi abusada sexualmente pelo médico Roger Abdelmassih.

    Quando surgiu a denúncia, os argumentos com que agora tentam inocentar o Allen, eram os mesmos!  Mesmíssimos.  Delírio, vingança, ressentimento, etc, etc…

    Os médicos sempre souberam e omitiram, esconderam, silenciaram.  Foi barra provar.  Os argumentos, um a um foram destruidos e prevaleceu a verdade.

    Eu acredito na Dylan.  O resto é conversa pra boi dormir.

    1. Tá aí a prova que faltava no

      Tá aí a prova que faltava no quebra-cabeça: se a esposa de Wilson de Sampa foi abusada pelo médico Roger Abdelmassih, logo, Dylan Farow também foi abusada por Woody Allen. Faz todo sentido para mim.

        1. Otário é quem cai nesta de

          Otário é quem cai nesta de pessoas que querem vitimizar toda a humanidade pelas suas tragédias e sofrimentos. Acho inaceitável que as experiências individuais sejam usadas para universalizar conclusões sobre determinados assuntos que exigem mais seriedade. Se não queria ser exposto a uma observação racional do fato, não expusesse o caso de sua exposa aqui no blog, a fim de dar credibilidade a uma denúncia que é muito mais complexa que o caso do médico safado. Outrossim, não fui, em nehum momento, desrespeitoso, com o caso dele e de sua exposa, apenas não posso deixar que a minha consciência se renda a um apelo emocional para decretar a culpa de uma pessoa em outro caso totalmente diferente.

          1. Racional?

            Nao acho que seu comentario foi “racional”. Foi agressivo e desrespeitoso, sim e, independentemente de poder ter algum sentido logico, a escolha de palavras deixa claro que foi uma reacao emocional. E, como foi bem colocado, foi insensivel.

            E’ facil entender porque alguem que passou por uma experiencia traumatica veja os paralelos e conclua baseado em sua experiencia. E nao e’ desrespeitando a dor dessa pessoa de forma agressiva que a situacao vai se resolver.

            Isto posto, realmente existe o risco de culpar-se a vitima, quase sempre que crimes sexuais sao discutidos. Mas ha uma diferenca significativa no caso Allen x Farrow com os do medico brasileiro: Mia Farrow e’ poderosa suficientemente para ser ouvida e o foi desde o principio.

            Nao houve uma tentativa a priori de desacreditar o caso ou julgar que nao era verdade. (A menos que voce ache que Allen exercer o direito de defesa seja uma tal tentativa) Tanto que Allen nao pode ver a filha por anos. E houve uma intensa investigacao desde o primeiro dia. Allen foi condenado a priori, e continua assim ate’ hoje, mesmo apos a investigacao nao tendo obtido nenhuma evidencia sequer e ele nunca ter sido acusado formalmente.

            Talvez ele seja culpado, mas o fato e’ que isto nao ficou provado ate’ hoje.

             

  6. Será que a Dylan criou esta

    Será que a Dylan criou esta história ou será que é verdade. É normal adultos desconsiderarem as histórias das crianças, dizem que são criativas, inventam situações. E se, quando adultas resolvem contar o que aconteceu, depois de muito tempo caladas, com traumas que carregam para a vida toda, que atrapalham suas tentativas de relacionamento, surge todo mundo pra dizer que há algum motivo por trás, porque não contou antes, porque escondeu, porque só agora?  Quanto ao depoimento do filho, nada me espanta, porque há pais que as crianças contam que foram tocadas por irmãos, que não gostaram daquilo e esses simplesmente repetem a atitude dos irmãos, fazendo-as se sentirem constrangidas e piores ainda. Só quem passou por isso consegue entender que ela possa estar dizendo a verdade.

     

    Como diz o Wilson de Sampa : “Eu acredito na Dylan.  O resto é conversa pra boi dormir.” (2)

  7. Belo artigo

     

    Marco St,

    Não fosse Flávio Paranhos, filósofo, médico e professor em universidade e pelo texto com conhecimento suficiente para o permitir afirmação semelhante, eu estaria propenso a dizer com alto grau de convicção que ele exagerou ao dizer que “Woody Allen é o filósofo mais brilhante que já existiu”.

    O que me deixou mais encafifado foi gostar de Woody Allen e de vir vindo assistindo a filmes dele há mais de quarenta anos e nunca ter percebido tanta filosofia assim nos filmes dele. Por sinal, assisti “Bananas” na Argentina em viagem de uma semana a passeio em Buenos Aires que eu fiz em 1973.

    De todo modo o texto do Flávio Paranhos em um assunto tão complicado e de repercussão recente pareceu-me excelente e até me motivou a ler todo o texto, ainda que eu antes tivesse optado em desconfiar do que dissera a Dylan, mas não por a mão no fogo por Woody Allen.

    E acrescento que li este texto de Flávio Paranhos logo após ver o texto compilado do artigo “Sobre rabos de cometa… ou os limites da crítica musical na hegemonia de uma memória de esquerda no Brasil”, de Luisa Quarti Lamarão e que apresentado por JNS constitui no post “Tinhorão: o silêncio e o ressentimento do patrulheiro patrulhado” de terça-feira, 04/02/2014 às 15:31, aqui no blog de Luis Nassif. O endereço do post “Tinhorão: o silêncio e o ressentimento do patrulheiro patrulhado” é:

    uma comparação interessante  https://jornalggn.com.br/noticia/tinhorao-o-silencio-e-o-ressentimento-do-patrulheiro-patrulhado

    Enquanto o post “Tinhorão: o silêncio e o ressentimento do patrulheiro patrulhado” foi cansativo e eu me obriguei a o ler, pois esperava encontrar algo sobre Tinhorão, de quem gosto, mas apenas via acusação genérica a uma esquerda que não era especificada, este texto de Flávio Paranhos foi excelente trazendo um sem fim de informações e me induzido a saber sobre um assunto que até então eu preferira desconsiderar.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 04/02/2014

  8. Fico abismada com a facili// c/ q alguns ignoram o relato da moç

    Allen é um grande artista, mas daí a supor que tudo é maquinaçao da Mia Farrow por admiraçao a ele é dose. E o caso real dele ter ficado com a jovem que nao era só filha adotiva da Mia, era dele tb? E o garoto, filho dele, que tb teria sido abusado por ele? E essa moça, que relata o que sofreu? Tudo maquinaçao da Mia? Impressionante! 

    Quanto ao que disso tudo está presente na obra de Allen, nao me esqueço do meu mal-estar com “The match point”, em que Allen faz o bandido do filme tao sedutor que acaba nos fazendo torcer por ele. Fiquei com raiva de mim quando percebi isso. 

    1. Seria bom se inteirar sobre o assunto antes de comentar

      Se vc leu o artigo acima – aparentemente nao – deve ter lido q a junta medica q foi chamada para averiguar o caso, qdo este foi denunciado à policia, NAO encontrou sinais de abuso (tanto vaginal qto anal) na menina. O caso todo foi arquivado pela policia por falta de provas.

      Woody Allen NAO se casou com a propria filha adotiva, Soon-Yi era filha adotiva de Mia Farrow e Andre Previn e Woody comecou o relacionamento com ela qdo ela tinha 19 ou 21 anos (a idade é incerta por falta de uma certidao de nascimento).

      Woody and Soon-Yi adotaram 2 meninas, criancas normais q vivem com eles normalmente.

      Recomendo a leitura do artigo para mais informacoes: http://www.thedailybeast.com/articles/2014/01/27/the-woody-allen-allegations-not-so-fast.html (artigo este mencionado no texto acima)

      1. Abuso nao é só penetraçao.

        Repito: impressionante o descaso com o sofrimento dessa menina, agora moça. Cultivar o astro é mais importante, sem dúvida. 

        Se ele nao se casou c/ a filha adotiva, “só” com a filha adotiva da esposa, um pouco menos grave, mas nao muito, né? 

        Quanto às outras adoçoes, elas nao têm nada a ver com esse assunto, e você nao pode garantir que essas crianças tb nao sejam abusadas… 

        1. Tá aí uma discípula

          Tá aí uma discípula promissora do “menino negro e pobre da periferia que mudou o Brasil”, o nosso herói Joaquim Barbosa. Na falta de bases empíricas, você poderia indicar a exportação da teoria do domínio do fato para os Estados Unidos. O sofrimento da menina que, é muito provável, foi projetado na cabeça infantil dela com apenas 7 anos por uma mãe perturbada e demolida emocionalmente, não pode ser tomado como indício de qualquer crime praticado por Allen. Este tipo de sofrimento só pode acabar com tratamento sério, e muitas vezes pode não acabar. Novamente, senhorita, leia, informe-se melhor para formar um juízo mais saudável e racional sobre este assunto, não se comporte como a massa de desinformado que, quanto mais desinformado, mais indignado e raivoso contra o Allen.

          1. Q fantástico. A sua hipótese é séria, a dos outros nao

            Nem eu nem você sabemos o que aconteceu, só podemos fazer hipóteses a respeito. “Bases empíricas” simplesmente nao há. Você prefere desprezar o que a própria moça diz, e prefere desqualificá-la, e à Mia para manter seu herói. O sofrimento da moça é “provavelmante projetado”, e quem está usando a teoria do domínio de fato sou eu? Ora, ora. 

            E vem arrotar “informaçao” para cima de mim? Vade retro… 

        2. Nao muito lucida

          Mia Farrow nunca foi esposa de Woody Allen. Eles nunca moraram juntos. E Farrow ja disse em depoimento e em livro que Allen nao tinha contato com a menina que depois casou.

          Alem disso, nao tem nenhuma relacao sentir atracao por uma mulher de 19 anos e estuprar uma menina de 7.

          Sobre abuso nao ser so’ penetracao, tens razao. Entretanto a acusacao e’ exatamente essa. Leia o texto da Dylan, que nao deixa duvidas disso.

        3. Sofrimento

          Voce esta tendo insistir na tese do Davi contra Golias. Mas Mia Farrow nao e’ nenhum Davi. Sao dois Golias lutando. E Mia esta ganhando.

          Mas se vc esta realmente preocupada com o sofrimento da menina, ainda mais motivo tem para querer saber o que aconteceu sem pre-julgamentos. Se todas as evidencias apontam para um trauma causado pelo abuso psicologico da mae, como vc acha que Dylan pode ser ajudada pela condenacao do pai?

    2. Querida, sei que você se

      Querida, sei que você se informa direito antes de opinar aqui, mas, desta vez, vi que não é o caso. Além de estar indicado no post e no comentário do colega acima, volto a indicar para você a leitura do artigo de Robert Weide sobre o assunto, disponível aqui: http://www.thedailybeast.com/articles/2014/01/27/the-woody-allen-allegations-not-so-fast.html. Leia e tire conclusões mais amadurecidas. Artigo esclarecedor.

        1. Bom, ele já foi inocentado

          Bom, ele já foi inocentado pela justiça, que é quem tem a palavra final nestas coisas. Tem a presunção da inocência. E tem mais uma acusação, de uma parte que ja acusou e foi refutada pela justiça. Se formos condenar todo mundo com palavra contra palavra, todo mundo vai parar na cadeia. Infelizmente, se ocorreu e não há como provar, sorry… Mas na grande maioria dos casos, quando não há como provar, não aconteceu. A justiça é falha em casos isolados, não na maioria dos casos. Isto a sociedade concorda, ou não daria a primazia à justiça pra decidir este tipo de coisa. Linchava e pronto. E olhe que foi um caso observado com lupa, não um caso obscuro no interior do cafundó do Brasil, com juizes amigos contando com a falta de pressão da opinião pública. Sugiro que assista “A caça”. De Thomas Vinterberg. 

           

          1. Nao exatamente

            Ele nao foi inocentado pela justica, porque ele NUNCA foi formalmente acusado. Quem investigou o assunto por anos, ‘a epoca do fato, nao acho evidencia que justificasse a denuncia.

    3. Voz da vitima

      Anarquista, ja esta mais que comentado aqui: a menina com que Allen ficou e depois casou NAO ERA FILHA ADOTIVA DELE. Se fosse, ele estaria na cadeia. E ela tinha 19 anos, nao era crianca. E eles nao tinham contato quando ela era crianca.

      Basta olhar para uma menina de 7 anos e outra de 19 para ver porque um ser relativamente normal pode vir a sentir atracao pela de 19 e nao pela de 7. Definitivamente nao e’ a mesma coisa. Voce tem todo o direito de achar isso um tremendo mau gosto ou ate uma imoralidade, coisa de velho safado, mas nao tem nada a ver com abusar de uma crianca de 7 anos. 

      Quanto ao filho dele abusado, fico na espera de voce trazer os links, nao tenho esta informacao.

      No fim, temos a “voz da vitima”. Ela e’ uma vitima, sim, a questao e’ saber vitima de que. A moca esta falando agora, mas na epoca dos fatos, ela foi analisada clinicamente e nao houve nenhuma evidencia de estupro (o que ela descreve agora e’ estupro). Foi analisada mentalmente e o psiquiatra concluiu pela improbabilidade de abuso sexual, mas sim pela existencia de extrema influencia da mae. O irmao dela diz que isso nao existiu. A baba diz que nao existiu. A policia nao encontrou qualquer evidencia. O depoimento dela, filmado pela mae, ocorreu ao longo de dois ou tres dias e possui varios cortes.

      Enfim, ou a gente acha que Allen comprou policia, medicos, psiquiatras, peritos, babas e um filho, ou a gente, no minimo, espera por alguma evidencia mais crivel do que aconteceu.

      Quanto a declaracao da moca, eu sinto uma pena danada. Eu sinceramente me emocionei ao ver a dor que ela esta passando e teve que conviver a vida toda. Ela talvez nao tenha sofrido abuso sexual, mas passou a vida como se tivesse. Eu nao tenho duvida que ela acredita em cada palavra do que diz ou de que ela realmente tenha sofrido as consequencias que comenta.

      O problema e’ saber quem realmente causou este trauma. As evidencias ate agora nao apontam na direcao do pai dela.

       

       

       

  9. Penso e sinto do mesmo jeito

    Penso e sinto do mesmo jeito que Flávio Paranhos. Mia Farrow me parece um ser realmente doentio. Lamento pelas crianças que pariu e que adotou.  

  10. Filosofo?

    Woody Allen filosofo? Do lado de Heidegger e Nietzsche.

    Qual é a sua meu?

    Há duvidas quanto a sua pedolatria, quanto a ser filosofo dependerá só do seu fã clube.

    Tiéte aqui não.

    1. Concordo plenamente com você

      Concordo plenamente com você Matuto. Não questiono a qualidade da obra, mas não entendo essa sacralização de Woody Allen. É fato que grandes costumam ser pessoas extremamente problemáticas em suas vidas pessoais. As biografias de Caravagio, Bethoven ou Remingway corroboram o que afirmo. WA parece ser uma pessoa suficientemente atormentada e capaz de um ato como esse. Ser reconhecido como um grande diretor de cinema não é uma carta branca para a prática de crimes.

  11. Filigranas filosóficas ou a arte do embuste!

    O autor do texto, Flávio Paranhos, diz que acredita por que diz que quer acreditar:

    “1 — Porque eu não quero acreditar [em Dylan]. É importante revelar de cara uma obviedade. Não sou isento. Ninguém é. Quem acha que é está mentindo para si mesmo. Woody Allen é o filósofo mais brilhante que já existiu. É um gênio. Se me dissessem que Beethoven era pedófilo, ou Kafka, Einstein, etc, eu teria enorme dificuldade em aceitar. Nunca é demais lembrar, portanto, meu aforismo preferido, o que mando marcar com ferro quente no lombo de meus alunos na PUC: ‘O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo.’ (Francis Bacon, Aforismo XLVI do ‘Novum Organum’)”.

    A partir daí arrola os porquês dele, com uma acentuada, até, dose de ironia!

    Parece que “o filósofo mais brilhante que já existiu”, ou seja, o “gênio”, é o deus dele. E ponto!

    Mais uma “catigoria” de cristão, evangélico, crente e quejandos!

    E o pior é que o assunto é muito sério!

  12. Bom texto

    O texto é bom. E faz uma certa provocação. Primeiro, frise-se que Woody Allen não deve nada à Justiça, logo o que se fala está no campo da especulação. Isto dito, pode-se especular se Allen molestou a menina – mas acreditar nisso com base no teor de sua obra? Allen expõe as próprias fraquezas com uma coragem que poucas pessoas conseguem ter. O sujeito ser mulherengo, gostar de mulheres jovens, e mesmo ter uma moral, digamos, elástica a ponto de não ver problema em casar com a ex-enteada, não autoriza a concluir que ele seja um pedófilo. A não ser na cabeça de quem já tem preconceito moral contra a sexualidade escancarada do Allen. E aí a provocação do autor, que ao anunciar-se como fã e não isento aponta para o verdadeiro alvo de seu texto.

  13. Joaquim Barbosa é o primeiro advogado de acusação no STF

     

    J.Roberto Militão (quarta-feira, 26/03/2014 às 23:58),

    Primeiro obrigado por ter respondido cordialmente às criticas que eu fizera um tanto enviesadas em meu comentário enviado quarta-feira, 26/03/2014 às 21:40 para junto do comentário de IV AVATAR enviado quarta-feira, 26/03/2014 às 05:41, aqui neste post “Ao criticar Barbosa, Noblat exprimiu uma indignação geral contra a falta de compostura”.

    O meu detalhismo muitas vezes me incomoda, pois rouba-me o tempo, mas tem sido-me útil também com frequência. Em decorrência de sua referência a comentário seu em post de Andre Araujo, eu pude encontrar um bem detalhado comentário que eu enviei domingo, 30/09/2012 às 23:30, para Andre Araujo junto ao post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro” de sábado, 29/09/2012 às 14:59 e oriundo de um comentário de Andre Araujo junto ao post “Barbosa prepara penas duras para Dirceu e Delúbio”.

    Você deixou o link para o post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro”, mas permitindo ver apenas seu comentário. Deixo então o endereço para todo o post “O erro de entender o STF como técnico e politicamente neutro” na primeira página onde o meu comentário é o primeiro da lista:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-erro-de-entender-o-stf-como-tecnico-e-politicamente-neutro

    Recentemente precisei de fazer referência a minha percepção do que o julgamento da Ação Penal 470 no STF representaria para a justiça brasileira. Aqule meu comentário para Andre Araujo esclarece bem a minha percepção. E em meu entendimento há nele links muito importantes. Menciono apenas o link para a declaração do voto do ministro Enrique Ricardo Lewandowski proferido na sessão de quinta-feira, 20/09/2012, no julgamento da Ação Penal 470 no STF e que se encontra no seguinte endereço:

    http://www.youtube.com/watch?v=m6uyOzTG2T8

    Temos opiniões distintas. Não vejo muita possibilidade de prosperar uma redução dessas divergências. Não falo por você, mas bem por mim. Aqui vale mencionar o post “Ética, Heiddeger e Woody Allen” de terça-feira, 04/02/2014 às 14:18, aqui no blog de Luis Nassif e originado de sugestão de Marco St. para o texto “Woody Allen e Heidegger: Morte aos monstros!”, saído na Revista Bula e de autoria do médico e filósofo Flávio Paranhos. No texto, Flavio Paranhos transcreve o Aforismo XLVI do “Novum Organum” de Francis Bacon e eu o transcrevo também a seguir:

    “O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo.”

    E deixo também a seguir o link para o post “Ética, Heiddeger e Woody Allen”:

    https://jornalggn.com.br/noticia/etica-heiddeger-e-woody-allen

    Ao ver o voto do ministro Enrique Ricardo Lewandowski,  eu percebo que desde a última semana de setembro de 2012, eu tenho a mesma opinião formada sobre a Ação Penal 470 no STF. Desde aquela época já se pode encontrar a crítica que eu fiz a você, a Luis Nassif, a Ricardo Noblat, a IV Avatar do Rio Meia Ponte e também mencionei Reprimido Censurado não em razão do comentário dele um pouco acima e enviado quarta-feira, 26/03/2014 às 00:26. Ficou faltando eu ter relacionado Motta Araujo ou Andre Araujo. Quando vi hoje o meu lapso, eu pensei em brincar dizendo que eu não mencionara Motta Araujo ou Andre Araujo, porque a minha intenção era nomear somente gente de esquerda. Havia o Ricardo Noblat que é de esquerda, ainda que se possa dizer que a esquerda dele é a esquerda que não tem a lealdade. Não a lealdade da submissão, mas a lealdade da altivez. Lealdade que existe quando se comunga de idéias e convicções semelhantes.

    Não dei exemplo em meu comentário de quarta-feira, 26/03/2014 às 21:40, para IV AVATAR quando me referir às suas relações sem nexo, mas pensava em referência sua a Milton Santos e que transcrevo a seguir:

    “Eu tenho um grande medo de que aqui se reproduza essa… essa história americana do crescimento separado (por raças)… Me dá a impressão que muitas coisas mostram que estamos indo nessa direção… E isso me assusta muito!!!”

    Não vejo na crítica de Milton Santos uma crítica à questão de cotas.

    Também vejo falta de relação no parágrafo com citação de Immanuel Kant e que transcrevo a seguir:

    “Em verdadeira vingança pessoal, inconsciente, por ter sido escolhido e exposto ao mundo como um exemplar da ´raça negra´ violando profundamente, a sua dignidade humana. Neste sentido, sempre válida e irrefutável a lição de I. KANT, consagrando a máxima da igualdade humana:  “Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre também como um fim e nunca unicamente como um meio”.

    Também não vi razão em se utilizar dos ensinamentos de Luther King para criticar as cotas como você faz no comentário que você me endereçou na parte que transcrevo a seguir:

    “Dizia LUTHER KING, em sua ´Carta da Prisão´ de Birminghan (1963) com base na doutrina cristã de Santo Tomas de Aquino e Santos Agostinho, que “Uma lei injusta é uma lei humana sem raízes na lei natural e eterna. Toda lei que eleva a personalidade humana é justa. Toda lei que impõe a segregação racial é injusta porque a segregação deforma a alma e prejudica a personalidade.””.

    E lembro aqui os principais efeitos colaterais decorrentes de cotas raciais se é que você está chamando cotas raciais como segregação de direitos raciais. Nas suas palavras:

    “Os principais são: 1) o aprofundamento dos sentimentos de pertencimentos raciais em brancos e pretos (aliás, um objetivo reconhecido pelos defensores de políticas públicas raciais); 2) o outro ainda mais grave é a violação da dignidade humana do beneficiário; 3) que o racismo seja explícito e não sutil que é outra pretensão dos que têm interesse nos conflitos raciais”.

    Primeiro é bom lembrar que só existe a raça humana. O que se trata é de cota por cor da pele ou por etnia se se adotar algo parecido. Aliás, poderia ser adotada cotas para mulheres na política. E depois não vejo razão para ver como algo perverso no atual estágio da humanidade o aprofundamento dos sentimentos de pertencimentos. Sou a favor de que não exista país, mas não vejo como perverso aprofundar o sentimento de pertencimento a um país. O exagero que leva à secessão ou a segregação deve ser combatido, mas o aprofundamento do sentimento de pertencimento eu não vejo como exagero.

    A questão da violação da dignidade eu penso que será sempre um problema, mas que cabe ao estado deixar sempre presente a justificativa das cotas. Serve como exemplo a criação de cotas para mulheres na política. Já se sabe que mesmo sendo maioria populacional nas eleições majoritárias as mulheres ficam mais em minorias do que nas eleições proporcionais. As eleições proporcionais são uma forma de proteção das minorias. E é isto, mesmo sendo maioria em número, mas sendo minorias em poder econômico as mulheres estão sub-representadas no espectro político. Se não existir as cotas talvez serão necessários dezenas de anos para que haja mais mulheres na representação política. É para cortar caminho que se criam as cotas. É para cortar caminho que se cria o bolsa família. É para cortar caminho que se cria o salário mínimo. Mesmo que fira a dignidade da pessoa saber que ele recebe aquele salário mínimo porque existe a lei do salário mínimo.

    E não considero ruim que o racismo seja explícito e não sutil. Até porque o racismo explícito é apenado.

    E volto a insistir depois do golpe de 64, Joaquim Expedito Barbosa Gomes é o primeiro ministro com formação de advogado de acusação. Para o PT que aumentou a pena de corrupção, para o PT que não conseguiu aumentar a pena para o caixa dois, Joaquim Expedito Barbosa Gomes tem sido extremamente leal. Foi o fato de todos analisarem Joaquim Expedito Barbosa Gomes apenas pela cor que foi o motivo de meu comentário a IV AVATAR

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 27/03/2014

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