Ex-ministro se gaba de ter iniciado movimento para derrubar Dilma

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ministro aposentado do Superior Tribunal Militar Flávio Flores Bierrenbach disse que não sabe onde o impeachment de Dilma Rousseff vai dar, mas sabe que a onda que iniciou o movimento pela derrubada da presidente reeleita em 2014 nasceu num tradicional almoço entre advogados, em São Paulo, no ano passado, quando ele fez um duro discurso pedindo a renúncia da petista.

“Esse pronunciamento gerou algo irresistível no Brasil. Não sabemos o que vai acontecer, sabemos que aconteceu por nossa causa. Sabemos que hoje temos no exercício da Presidência da República um presidente colega nosso — interino, é verdade, mas com a mesma legitimidade de votos, os mesmo 54 milhões de votos”, afirmou Bierrenbach, segundo o Conjur.

Alguns advogados presentes no almoço em comemoração ao 11 de Agosto, Dia do Advogado, discordaram de Bierrenbach e mandaram um sonoro “Fora Temer”.

Por Felipe Luchete

No Conjur

Almoço de ex-alunos da USP une saudosismo, trovas e elogios a Temer

Várias gerações de franciscanos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo encontraram-se nesta quinta-feira na tradicional comemoração de 11 de Agosto, Dia do Advogado, em almoço promovido pela associação de ex-alunos da instituição. Um ano depois de sediar manifesto pela renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT), o evento rendeu elogios contidos ao presidente interino Michel Temer (PMDB) — também bacharel pela USP — e comentários sobre o período dele como estudante.

O ministro aposentado Flávio Flores Bierrenbach, ex-integrante do Superior Tribunal Militar, afirmou que foi de seu discurso do ano passado que teve início um movimento concreto em apoio ao processo de impeachment de Dilma. Ele disse ter sido porta-voz de um grupo preocupado com “o flagelo ético” do país, que inspirou o pedido protocolado na Câmara dos Deputados pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior e pela advogada Janaina Paschoal.

“Esse pronunciamento gerou algo irresistível no Brasil. Não sabemos o que vai acontecer, sabemos que aconteceu por nossa causa. Sabemos que hoje temos no exercício da Presidência da República um presidente colega nosso — interino, é verdade, mas com a mesma legitimidade de votos, os mesmo 54 milhões de votos [registrados pela chapa PT-PMDB nas eleições de 2014]”, afirmou Bierrenbach.

Um pequeno grupo de participantes do evento respondeu com gritos de “Fora, Temer”. O ministro aposentado disse que em nenhum momento quis chegar a uma posição unânime no Largo de São Francisco, “onde sempre se cultivou a divergência, onde a síntese dos opostos transformou problemas em soluções”. Para Bierrenbach, o importante é que franciscanos nunca se calem em momentos dramáticos.

O ex-deputado federal Almino Álvares Afonso, ministro do Trabalho no governo João Goulart (1963), também defendeu o direito de divergência em questões políticas, exceto sobre ideias contrárias ao regime democrático. “Só quem não sabe o que é ditadura pode pedir a volta dos militares ao poder”, afirmou. Ele também declarou que a Petrobras está “arrebentada” e que precisa de apoio da comunidade jurídica para garantir “o amanhã deste país”.

O constitucionalista José Afonso da Silva, antigo professor da USP, disse à imprensa não ver fundamentação jurídica no pedido de impeachment, apesar de se declarar contrário ao governo Dilma. Para ele, o Supremo Tribunal Federal errou ao fixar o rito do processo, pois a corte não poderia ser tratada como órgão de consulta, para estabelecer diretrizes para outros órgãos. “Quem deve fazer isso é o legislador”, afirmou.

O presidente da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito, José Carlos Madia de Souza, disse à revista Consultor Jurídico que o espaço de debate é livre entre seus integrantes, mas avalia que a comemoração do 11 de Agosto deveria se concentrar em manifestações sobre amizade entre os participantes, lema da entidade, e não em análises sobre o cenário político.

Temer, que já participou de edições antigas do encontro, enviou mensagem com “votos de cumprimento a todos os participantes de nosso tradicional evento que marca a história da data de início dos cursos jurídicos do Brasil” — em São Paulo e Olinda (PE), em 1827. Bicudo e Janaina Paschoal também não compareceram, enquanto Reale Júnior abraçou antigos colegas.

Memórias
O almoço foi promovido no Circolo Italiano, no edifício Itália, no centro da capital paulista. Nas rodas de conversa, o ministro aposentado Massami Uyeda, do Superior Tribunal de Justiça, comentou que Michel Temer confidenciou a ele que seria presidente da República ainda na década de 1960, quando atuou no centro acadêmico 11 de Agosto.

Já o advogado Francisco Parra Jr., presidente do Lions Clube Tucuruvi, aponta que faltava carisma a Temer quando se candidatou a presidente do centro acadêmico e perdeu a disputa, na mesma época. Ele era colega de turma do jovem Michel e integrou a chapa derrotada.

“Chamada” e trovas
Além das conversas políticas, o evento contou com uma chamada de todas as turmas da Faculdade de Direito da USP desde 1953 até 2015. Nem todas tiveram representantes.

Os participantes ainda entoaram, em coro, as tradicionais trocas acadêmicas do Largo de São Francisco, como a que celebra a data com uma tentativa de “pendurar” a conta na data: “Garçom tira a conta da mesa/ E põe um sorriso no rosto/ Seria muita avareza/ Cobrar no 11 de Agosto”. Não há, porém, registro de “calote” no almoço desta quarta (no valor de R$ 130 para não associados).

O presidente da Associação dos Antigos Alunos, José Carlos Madia de Souza, afirmou que, para o próximo ano, planeja promover o evento dentro da Faculdade de Direito da USP, com apoio do diretor José Rogério Cruz e Tucci. Durante o encontro desta quarta, ele declarou ainda que a entidade apoiará todos os candidatos às eleições de 2016 formados nas Arcadas.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

29 Comentários

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  1. O ódio move. A direita

    O ódio move. A direita inspirou o ódio de maneira artificial nas pessoas para mobiliza-las, mas o ódio que está nascendo e vai aumentar entre os que foram roubados por esta direita escrota é espontâneo. Espera-se que surjam líderes que deixem o “republicanismo paz e amor” de lado e usem a força deste ódio como combustível para aquilo que deve ser feito. Não se pode admitir que os golpistas de 2016 fiquem impunes da mesma maneira que ficaram os golpistas de 1964.

  2.  
    O movimento Fora Temer

     

    O movimento Fora Temer guarda incrível semelhança com 1964, quando setores da sociedade queriam impedir o vice-presidente de assumir o cargo para o qual foi eleito e suas prerrogativas constitucionais – suceder o presidente eleito em caso de afastamento deste.

    Até a solução parlamentarista foi ventilada.

    Que ironia! Os que defendiam a legalidade em 1964 queriam que o vice-presidente assumisse com plenos poderes presidenciais, são hoje os que querem derrubar o vice-presidente contra a disposição expressa da Constituição.

    Isso mostra que na história aos acontecimentos políticos ocorrem em primeiro lugar como tragédia, e depois como uma grande e sonora farsa.

     

     

    1. EPA!

      Sra. (ou Sr.) Li de Brusque,

      parece que não soube ou esqueceu-se da chapa JAN-JAN!

      JAN-JAN, que significa Jânio-Jango, foi uma manobra do Sr. Jânio Quadros para induzir eleitores de Jango – sim, naquele tempo os candidatos a vice-presidente eram votados! – votarem também nele, Jânio Quadros. E, pior, deu certo! Infelizmente, ao cabo, deu muito errado.

      Este simples fato histórico derruba sua teoria…

      Quem não conhece a história…

      Lamento.  

  3. Ex-ministro se gaba de ter iniciado movimento para derrubar Dilm

    Acorda Flávio Flores Bierrenbach, não deixe que a senilidade e a necessidade de aparecer embotem seu raciocínio. Deverias se envergonhar disso e não propalá-lo. Não faça parte dos golpistas. Isso é uma vergonha. Lamentável figura.

  4. “…um presidente colega nosso “

    Ou a Teoria do sapo. Não engoliram os sapos Lula e Dilma, os sapos não foram deglutidos, ficaram entalados, para serem expelidos na hora certa. Expeliram. Destruíram o Brasil, mas expeliram. Deram um sonoro pé na bunda do PT, menos para o bondoso e ingênuo incrível prefeito de São Paulo, que vive numa realidade paralela. 

  5. Juízes, os reis do reacionarismo

    Seria como o Sol não nascer se o Bierrenbach não fosse um reacionário. Nada nem ninguém é mais reacionário do que Juízes, com as excessões que confirmam a regra.

    Eclesíades na veia, Vaidade das Vaidades, pavões ou inseguros em busca de um reconhecimento indevido.

    Assim caminha a humanidade.

  6. Governo ilegitimo,
    ninguem

    Governo ilegitimo,

    ninguem votou no temer ou na curriola que o acompanha, quem é esse senhor, desconhecido, que quer falar por 54 milhões de pessoas?? Digo por mim, NÂO VOTEI NO TEMER, o traira< VOTEI NA DILMA, entendeu senhor ou precisa desenhar????

  7. Será ele da Lista do

    Será ele da Lista do Cunha?

    Por que isso AJUDA MUITO O CUNHA DENTRO CAMERA DOS DEPUTADOS…

    É Brasil…

    Traidores temos as pencas…

    Por isso, somos a República Federativa das Bananas

  8. Mais um vira-casaca

    Nos anos setenta, quando o Flavio Bierrenbach foi candidato a deputado estadual pelo então MDB, ele era considerado subversivo por vários setores da direita. Meu pai, que apoiava o regime militar e votava na então ARENA, tinha certeza de que o Bierrenbach era comunista. E hoje, o antigo opositor à ditadura acabou-se nesse Irajá melancólico. 

  9. Se Fosse Um Profissional, Estaria A Discutir Direito
    Bom dia
    … Mas, como se trata de um reles golpista, e dos falastrões, se vangloria de agir contra as instituições e contra a própria pátria. Triste, para mim e para quem ama seu país…

  10. “Colega nosso”, ou seja,

    “Colega nosso”, ou seja, ladrão igual a vocês.

    Lamentavelmente o Brasil foi tomado de assalto por uma quadrilha de ladrões com o apoio do judiciário e midia empresarial e a caminho da falência. Para esta mídia, só restou a alternativa do golpe para ser salva pelos que apoiou no golpe.

    Historicamente o judiciário brasileiro jamais tentou combater a corrupção. Sempre se preocupou em ferrar os bagrinho, pretos, pobres, prostitutas, ladrões de galinha ou até, bandidos que ousassem sair da linha traçada pelos bandidos superiores.

    Isto ficou cristalino nos últimos anos quando nada fizeram para punir corruptos no caso BANESTADO, esconderam a zelotes e o suiçalão, esconderam o CARF, a Mossack Fonseca e as delações contra os “colegas”.

    Contra os que não eram colegas, cadeia, assassinato de reputação e golpe. Vejam que os cinco ladrões delatores estão todos soltos, ricos e felizes, enquanto aqueles que não delataram como o Moro ou MPF queriam mofam na cadeia. Ainda ameaçam não aceitar a delação da Odebrecht porque não está conforme eles querem.

    Será que aceitarão a delação do Marcos Valério sovre o mensalão do PSDB? Duvido.

    A história continua, agora destruíram aqueles que ousaram dar um pouco de voz aos escluídos. A reação foi cadeia nesses bolivarianos.

    Colocaram no poder “colegas deles” e assim que prenderem ou inabilitarem o Lula, garanto que a lava rato não dura uma semana.

  11. Tenha vergonha seu velho

    Tenha vergonha seu velho indecente e ordinário

    É impressionante a quantidade de velhos canalhas neste país. Se fossem jovens imaturos poderia haver até haver uma atenuante mas a maiorira dos golpistas  tem mais de 70 anos. A maturidade que deveria trazer sabedoria nos trouxe esses filhos da puta muito bem aposentados para destruir o país onde eles viveram e roubaram por muito tempo. E se a morte vem para os jovens que não se esqueça crápulas como Temer, Hélio Bicudo, FHC, Serra, Gilmar Mendes, Teori, Facchin, Carmén Lucia, Sarney, Cristovam Buarque. 

    E vida longa a Lula e a Chico Buarque.

    PS. Falando em pessoas ordinárias e sem caráter:De onde o Toffoli tirou dinheiro para fazer o empreedimento milionário Tayayá Aquaparque Hotel na beira da represa de Xavantes entre São Paulo e Paraná. Estive na cidade e me disseram que o dono é o ministro. Quem tiver interessado em conhecer o luxo desse resort entre na em 

    http://tayaya.com.br/o-resort/.&nbsp;

    HOTEL_TAYAYA_AEREA02-P_667x429

    1. É isso que temos para hoje.

      Interessante observar como se fala tanto sobre o que o PT deveria ter feito e o que não fez. De como deveria ter enfrentado a Direita e a concentração das comunicações e a agiotagem legalizada praticada pelos banqueiros. Daí vem um exemplar fóssil como esse e nos oferece uma visão do que é o tecido social sobre o qual se pretende construir um país. E vemos que um partido de base popular só conseguiu ter permissão para se candidatar e eleger-se porque fez uma declaração pública de “respeeito a contratos” e, só por isso foi tolerado durante algum tempo. Como é possível definir políticas com o compromisso de manter contratos sociais e privilégios que, em essência, são os instrumentos de manutenção da iniquidade social vergonhosa? Manter, por exemplo, o “contrato”, ou o arcabouço legal que sustenta a fraudulenta “Divida Pública” que, segundo a Professora Maria Lucia Fattorelli, não é nem DÍVIDA e, muito menos, é PÚBLICA? Se, por si só, só essa aberração contábil fraudulenta é capaz de inviabilizar qualquer pretensão de gerenciar o caixa e os compromissos do Estado? Na verdade, considerando o tecido social canceroso predominante na nossa alta sociedade, o pouco que o país avançou e agora vai regredir, foi muito! Porque é impossível construir qualquer projeto de nação com essa forma de pensamento dominante em quem deveria ser a elite do país. Nenhum partido, nem Deus seria capaz de consertar a doença intelectual dominante na nossa podre sociedade por meio democráticos. Para extirpar esse cancer com essa dimensão só revolução armada, onde essas imundícies seriam fisicamente eliminadas em tantos paredões quantos fossem necessários. É essa a representação da elitre franciscana? São todos Temer e Cunhas?

  12. A primeira coisa que Papai

    A primeira coisa que Papai falaria ao olhar esse sujeito:”O senhor prescisa se aciar,tomar um banho, o senhor está imundo”.

  13. Flavio Bierrenbach sempre

    Flavio Bierrenbach sempre teve perfil de esquerda, é neto de Flores da Cunha, governador historico do Rio Grande do Sul e um dos ícones da Revolução de 1930, depois rompendo com Vargas por causa do golpe do Estado Novo.

  14. E ainda se jacta disso!

    E ainda se jacta disso! Deprimente, para os da minha geração, que éramos jovens nos setenta, ver o colapso moral de pessoas como Flávio Bierrenbach, Alberto Goldman, Roberto Freire e tantos outros.

  15. Ele Não Sabe Onde Vai Dar O Golpe
    Boa tarde.
    Diria a ele que aqueles a quem ele acusou de ladrão hoje são Ministros… Tem gente até como “Ministro das Retaliações Exteriores” (Sic!). Estourar uma boiada é relativamente fácil. Dirigi-la é o que é difícil. Tristes trópicos, tristes tróficos.

  16. Não foi ele que pediu exceção

    Não foi ele que pediu exceção da verdade contra o Serra?

    Agora está tudo bem, os da turma dele estão na Presidência. É questão de classe.

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