Folha faz citação deturpada de livro sobre Dilma, por Ricardo Amaral

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Folha faz citação deturpada de livro sobre Dilma

Ref. ao post: Especulações sobre a natureza centralizadora de Dilma

Por Ricardo Amaral

É falso afirmar que uma divergência política com a jovem Dilma Rousseff tenha levado o capitão Carlos Lamarca “a um nervosismo extremo, incluindo choro ‘e pelo menos um tiro de ameaça'”, conforme publicado em matéria da Folha de S. Paulo neste fim de semana. (Autoconfiante e centralizadora, petista se isolou até de Lula). Trata-se de uma distorção do que escrevi na página 64 do livro A vida quer é coragem (Ed. Primeira Pessoa, 2011), sobre o “racha” da VAR-Palmares, da qual Dilma e Lamarca faziam parte, no congresso da organização em setembro de 1969. A divergência era entre Lamarca e os dirigentes Roberto Espinosa, Carlos Alberto Soares de Freitas e Carlos Araújo, com os quais Dilma se identificava. O clima de tensão e nervosismo no congresso envolvia todos os participantes, encerrados por 26 dias numa casa em Teresópolis, e não apenas Lamarca, embora ele tivesse razões pessoais para estar “uma pilha”, conforme escrevi. O episódio do choro de Lamarca deu-se numa conversa com o militante Apolo Heringer Lisboa, numa noite de ronda, quando o capitão falava dos filhos que estavam em Cuba. Dilma sequer presenciou a cena. O tiro ocorreu na reunião em que Lamarca anunciou que seu grupo abandonava a organização – reunião da qual Dilma não participou, por não ser dirigente. Informações mais detalhadas sobre este episódio estão nos excelentes livros Iara – reportagem biográfica, de Judith Lieblich Patarra, e Combate nas Trevas, de Jacob Gorender, que utilizei como fontes. Atribuir à jovem Dilma a tensão de Lamarca é uma fantasia histórica. Atribuir a mim ou a meu livro as ilações da reportagem é uma falsidade jornalística.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

17 Comentários

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  1. Acabei de comentar em outro

    Acabei de comentar em outro post:

    Em véspera de eleições é preciso se ter muito cuidado com as conhecidas “barrigas” dos jornalões.

    1. Como lutar?

      Como lutar contra essa CAMBADA  de caluniadores, chantagistas, aí incluindo essa nefasta mídia e a turma PODRE da PF? Essa semana será terrível!  Que trabalhem sério! Vagabundos que são contra o país e contra o povo brasileiro! Não merecem todos juntos o chão que pisa nossa Presidenta. Enquanto eles vivem na lama do SERVIÇO  SUJO, ela trabalha! E trabalha sério!  Trabalha duro, se desgasta e muito, pois convive em seu meio,com pessoas do mesmo nível dessa medíocre mídia de nosso país!  Brasileiros pequenos, pois ao publicar inverdades com a finalidade de atingir pessoas sérias, descem ao mais baixo nível do ser humano! Conduta deplorável!  Mídia vergonhosa e ESTÚPIDA!!!!  

  2. mais uma desmoralização que
    a

    mais uma desmoralização que

    a folha vai ter de engolir,

    com essa ótima explicação

    do autor do livro cujo trecho os

    autores da falaciosa reportagem

    falsificaram como acharam melhor

    para atender aos interesses políticos

    do patrão e dos seus consorciados

    sintetizados numa só palavra: o mercado,

    que tudo quer abocanhar,

    que tudo domina,

    que tudo hegemoneíza,

    que detona tudo

    que for do interesse mais abrangente da população..

  3.  
    Como dizem os mais antigos,

     

    Como dizem os mais antigos, na folha de São Paulo, tome cuidado, pois até a data pode ser falsa.

     

    Orlando

  4. Pra tirar Dilma do

    Pra tirar Dilma do Planalto… eu não duvido que a fôia “descubra” até que ela foi o pivô da separação de Yara Yavelberg e Lamarca (quando ele foi para o sertão baiano e ela ficou em Salvador em 1971 por imperativos que a luta dos dois obrigava na época); tá valendo tudo… “ataque terrorista em hotel usado por Zé Dirceu no 13º andar”… por qual motivo fuçar a vida passada (até a infância) da Búlgara Escarlate não pode ser usado como expediente?

  5. Mais uma da Folha, falseando,

    Mais uma da Folha, falseando, ok. Já virou moda. A Folha mente sempre, sabemos. Mas esta mentira aqui tem uma compulsão que não é só da Folha. Está ficando cansativa, por exagerada, a análise do ‘estilo do governo” com base numa suposta idiossincradia da presidenta. Isso já ficou tão ridículo que um conhecido articulista reproduzido sempre neste blog chamou  o governo de Dilma, em mais de um artigo, de “governo mal humorado”. E o articulista, aliás, é conhecido por ter um mal-humor que resiste a várias caixas de Alka Seltzer e Sal de Frutas. 

  6. A Folha mentiu?

    Isso não é novidade. A Folha subverteu permanentemente a lógica do jornalismo. Segundo o jornalista Charles Anderson Dana, notícia não é quando o cão morde um homem, e sim quando o homem morde o cão. Esse é o valor da notícia, a diferença de um fato noticiado dos demais fatos cotidianos.

    A Folha inverteu isso, ao noticiar o tempo todo o cão mordendo o homem como se fosse o contrário…

  7. Notícia seria se a Folha ou

    Notícia seria se a Folha ou suas congêneres escrevessem a verdade. Não esqueçamos dos velho ditados que passam de geração em geração:

    “O uso do cachimbo faz a boca torta”. 

    “Cesteiro que faz um cesto faz um cento”. 

  8. Nem precisava desmentir.
    Era

    Nem precisava desmentir.

    Era óbvio que alguém experiente e engajado como Lamarca não ia chorar por conta de divergência de ideias de uma militante, ainda mais de pouca influência. Simplesmente não era factível.

  9. Pois é, Ricardo,

    A narrativa da Folha é propositalmente ridícula (porque visa ridicularizar a figura da presidenta), e é desonesto o modo como citaram seu livro, como suposta fonte.

  10. Era lógico que era uma estoria. Mal contada.

    “Atribuir à jovem Dilma a tensão de Lamarca é uma fantasia histórica.”

    Qualquer um que leu a reportagem e tem um pouco de senso crítico desconfiaria – essa folha esta me tirando pra bobo.

    Nesse ritmo, logo, logo a Folha alcança a Veja.

    Não me canso de contar e nunca vou me esquecer  o dia em que comentei com meu irmão, um empresário que só pensa naquilo – money…, sobre uma reportagem.

    – Onde vc leu isso? Só falta dizer que foi na Veja. Comentou ele com um sorriso irônico, me tirando pra bobo.

    Engoli seco. 

    Isto foi uns oito anos atrás. Desde aquele dia não chego perto nem para ler a capa.

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