Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O espaço para os temas livres e variados.

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    1. O Fofo X A Medusa

           Emmanuel ( podia até ser a Emmanuelle ) tem que levar a bagaça, frente a Medusa loira, pelo menos teremos um “de mercado” ( Rothschild ) em uma posição de destaque, e um fofo, simpatico – se ainda fosse a princesinha Le Pen, eu ficaria em duvida, afinal ela parece a ” marienne “, seria uma Jeanne d’arc ” modernosa”, já a “Medusa” me lembra a Catarina de Médicis, e sem um Luis para segura-la.

             Portanto entre a baguete e o brioche, vou de baguete.

    2. A coabitação dá sinais que voltara!

      O ano em que um LePen foi eleito Presidente na França?

      Da Wikipedia

      A coabitação pode criar um sistema eficaz de pesos e contrapesos ou um período de obstrução amargo e tenso
       

       

  1. A primeira coisa que um grupo
    A primeira coisa que um grupo faz quando quer tomar o poder é fraturar a sociedade. Uma nação unida é indomável, fraturada, basta manejar um dos lados e fazê-lo odiar o outro, pronto! Tem-se a “faca e o queijo” nas mãos para toda a sorte de perversões, indignidades, violências, porque a resistência do lado atingido virá totalmente enfraquecida, devido ao apoio absoluto, firme, resoluto, fanático, da outra parte da sociedade, a parte enferma, manipulada, domesticada, adestrada.
    .
    Por isso,a segunda coisa que faz o grupo que quer tomar o poder, é criar um “MITO SATÂNICO” que bata com os preconceitos e medos da parcela social cooptada, para que estes tenham um “objeto de nojo e ódio”, claro, esse objeto é escolhido a dedo, de acordo com os interesses a serem conquistados, atingidos.
    Quem no Brasil mais adequado, perfeito mesmo, do que Lula, para ser esse “MITO SATÂNICO”, a representação do MAL, da corrupção, do ser que “merece” todo o desprezo, todo nojo, toda a repulsa da sociedade?
    .
    As pessoas que embarcam nessa onda social maligna, asfixiante, paroxística, não percebem o quanto se desconstroem, se desumanizam, se transformam parcialmente num “outro ser”, uma experiência triste, esquizofrênica, paranóica, por um motivo DEVASTADOR: o ser cria em si ILHAS DE EXCEÇÃO que negam tudo o que ele era antes da doença….
    .
    Passa a ser “dois seres em um” – o primeiro, seu estado normal, segue adiante, é cordato, inteligente, cognitivo, gentil, civilizado, justo, democrático, até bondoso…. O segundo, só tem vida onde “cabe a doença e suas manifestações” – é capaz de xingar alguém aos berros na rua, tomado de ódio, por pertencer ao lado do “MITO SATÂNICO”, ou mesmo por não odiá-lo, vê-lo como um ser humano que merece respeito – qualquer detalhe basta para sermos vistos como “algo odioso também”….. – é uma coisa louca, insana!
    .
    Alguns sequer mudam muito seu jeito, são tímidos nas manifestações externas, mas está ali o vírus do preconceito, do nojo, do fanatismo, não se importam se qualquer um do “lado do mal” seja espancado, xingado, preso sem motivos, perseguido, essas pessoas criam em si a “LEGITIMAÇÃO DA EXCEÇÃO” – quando passo a acreditar que “algumas pessoas não merecem os direitos universais de todos os humanos, devido à sua malignidade inata” – o pior dos sentimentos que podemos abrigar em nós, certamente o mais injusto, perverso, demolidor de todos os princípios basilares de vida decente, vida ética!
    .
    É esse o país que vivemos, é essa a nossa sociedade hoje, fraturada, enferma, perdida, amoral, indiferente…..

    (eduardo ramos)

  2. A liberdade em tempos sombrios

    A liberdade em tempos sombrios

    Sábado, 18 de março de 2017

    Por Márcio Sotero Felipe
    (No Justificando)

    Em um artigo publicado em 1944, A república do silêncio, Sartre escreveu que os franceses nunca foram tão livres quanto no tempo da ocupação alemã. Um chocante e brilhante paradoxo que só a grande Filosofia, como exercício de pensar fora do 
    senso comum, é capaz de produzir. Por que os franceses eram livres se todos os direitos haviam sido aniquilados pelos alemães e não havia qualquer liberdade de expressão? Como se podia ser livre sob a cerrada opressão do invasor que fiscalizava os gestos mais triviais do cotidiano? Porque, dizia Sartre, cada gesto era um compromisso. A resistência significava uma escolha e, pois, um exercício de liberdade. Significava não renunciar à construção de sua própria existência quando os invasores queriam moldá-la, reduzindo-a a objeto passivo e sem forma.

    Em linguagem retórica e poética Rosa de Luxemburgo disse algo
    semelhante: quem não se movimenta não percebe as correntes que o aprisionam.

    Sartre era existencialista: a existência precede a essência. Isto significa que não há algo anterior à existência que impeça um ser humano de tomar livremente as decisões que construirão o seu futuro. Isto dá ao humano a plena imputabilidade pelos seus atos. O que ele faz da sua existência é culpa ou mérito exclusivamente seu. O que ela é hoje resulta de decisões que tomou no passado, e o que será resultará das decisões que toma no presente.

    A experiência francesa durante a ocupação alemã guarda certa similitude com o Brasil de hoje. Na França parte da sociedade (muito maior do que os franceses gostam de admitir) foi complacente ou colaborou com o invasor que massacrava seu povo e aniquilava os mais elementares direitos dos franceses. Hoje, parte da sociedade brasileira assiste inerte, é complacente, apoia ou apoiou usurpadores que vão reduzindo a pó o pouco de direitos e garantias de um povo já miserável.

    Na França colaborava-se por ser fascista ou filofascista. Por egoísmo social. Por ressentimento. Por ódio de classe. Para pequenas vinganças privadas, para atingir um inimigo pessoal. Colaborava-se por ausência de qualquer sentimento de solidariedade social. A colaboração com o invasor desvelava a mais baixa extração moral. Quanto a nós, tomo como paradigma uma cena do cotidiano que presenciei dia desses. Duas mulheres ao meu lado conversavam. Uma disse que seu filho de 13 anos era fã do Bolsonaro. A outra, algo espantada, faz uma crítica sutil, perguntando se ela não conversava com o filho sobre política. A resposta: “acho bonito que meu filho seja politizado nessa idade”.Com isto, quis dizer que não importava de que modo seu filho estava precocemente se politizando.

    Pode-se razoavelmente supor que ela, mulher, ignore que Bolsonaro disse que há mulheres que merecem ser estupradas? Que saudou, diante de todo país, em rede nacional de televisão, o mais célebre torturador da ditadura militar? Que declarou que prefere o filho morto se ele for homossexual? Como ignorar isso tudo é altamente improvável, porque seria supor que tal mulher vive em uma bolha impenetrável em plena era das redes sociais, podemos concluir, com Sartre, que escolheu o sórdido para si e para seu filho. O que resultará dessa escolha não poderá ser imputado a Deus, ao destino, aos fatos da natureza ou a qualquer fórmula vaga e estúpida do tipo “a vida é assim”, mas a ela mesma e a seus pares brancos de classe média que tem atitudes semelhantes.

    Do mesmo modo como a parcela colaboracionista da sociedade francesa escolheu a opressão do invasor estrangeiro, parcela da sociedade brasileira escolheu o retrocesso, o obscurantismo e a selvageria.

    Foi em massa às ruas em nome do combate à corrupção apoiando um processo político liderado por notórios corruptos.

    Regozija-se com o câncer e com o AVC do adversário politico, demonstrando completa ausência de qualquer traço de fraternidade e respeito ao próximo.

    Suas agruras e dificuldades econômicas e sociais transformam-se em ódio justamente contra os excluídos e em apoio às ricas oligarquias que controlam a vida política do país (das quais julgam-se espelhos), a fórmula clássica do fascismo.

    Permanece indiferente, omissa ou dá franco apoio ao aniquilamento de direitos, ao fim, na prática, da aposentadoria para milhões de brasileiros, à eliminação dos direitos trabalhistas, à entrega do patrimônio nacional a grandes empresas estrangeiras.

    Seu ódio transforma em esgoto as redes sociais.

    Não há como prever o que acontecerá a esta sociedade. Uma convulsão social poderá desalojar os usurpadores do poder, ou poderemos seguir para o cadafalso como povo. A História sempre é prenhe de surpresas. O que é certo, no entanto, tomando a frase de Sartre, é que somente poderão dizer no futuro que foram livres, no Brasil pós-golpe de 2016, os que agora estão se comprometendo e resistindo. É uma trágica liberdade de tempos sombrios, mas se nos foi dado viver neste tempo, que vivamos com a dignidade que somente os seres livres podem ostentar.

    Hoje são livres os que resistem.

    Márcio Sotelo Felippe é pós-graduado em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Procurador do Estado, exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado de 1995 a 2000. Membro da Comissão da Verdade da OAB Federal

  3.  
    ENTREVISTAMichel TemerO
     

    ENTREVISTA
    Michel Temer
    O presidente é o convidado do jornalista Roberto D’Avila no programa que vai ao ar nesta quarta (22). Entre outros assuntos, Temer vai falar sobre a operação Carne Fraca, que constatou práticas ilegais na fabricação de alimentos vendidos por alguns dos principais frigoríficos do Brasil.

    GloboNews, 23p0

     

  4. Dia Mundial Da ÁguaNa data, o

    Dia Mundial Da Água
    Na data, o Nat Geo Wild exibe cinco horas de programação sobre alguns dos principais rios do mundo, como o Kinabatagan, em Bórneu, e o Congo, na África. O especial termina com “A Vida Secreta dos Predadores”, sobre combates entre animais debaixo d’água.

    Nat Geo Wild, a partir das 18h05

  5. Golpe

    Deu na Folha: “Preço da carne bovina deve cair no Brasil por causa do aumento da oferta”

     Resultado de imagem para paneleiros...ei voce mesmo

    Não só a bovina, mas a suína e a de frango. Eles mostram isso com se fosse uma coisa positiva, entretanto não disseram que vai cair também o PIB, a taxa de emprego e a arrecadação da União, dos estados e dos municípios. 

    O governo golpista, com apoio da mídia, do MPF, do STF, da Lava Jato e da Polícia Federal já matou a engenharia brasileira, como bem assinalou o Clube de Engenharia (3). A Globo faz lobby contra as empresas nacionais(6). Destruíram a indústria naval (4). E estão entregando a Petrobrás aos gringos.  E agora, através da operação “Carne Fraca”, já barraram nossas exportações de carne para a China, União Europeia,  etc.

    Tudo em nome do combate à corrupção. Que combate é esse que está levando o Brasil à destruição? Que combate é esse que não chega ao PSDB? O governo de FHC, na Petrobrás, apesar de inúmeras denúncias, nunca foi investigado na Lava Jato. Nenhum tucano foi preso até agora e nem será!

    A gestão do tucano Pedro Parente, reincidente em negócios escusos na venda de ativo, apresenta-se com um verdadeiro bota-fora de bens públicos e a Lava Jato finge que não vê. Parente é réu em ação implementada por petroleiro quando foi ministro de FHC (1). Em novembro de 2016, Parente  é denunciado formalmente ao MPF na ação que questiona a venda de ativos da Petrobrás sem licitação (2). E mesmo assim, continua a liquidação.

    Para aqueles que acreditam que eles vão chegar aos tucanos, o mensalão tucano, apesar de anterior ao do PT, está prescrevendo sem julgamento (5).

    Lamentavelmente todo poder constituído do país está comprometido com o golpe. Só o povo, nas ruas, pode dar um basta a esses golpistas!

    Amanhã, quarta, 22, as Centrais sindicais vão fazer o balanço do movimento do último dia 15, quando colocamos hum milhão de pessoas nas ruas do Brasil. Vamos às ruas responder a eles: E dizer que a carne é fraca, mas o povo tem o poder! 

    Fonte: 1 – http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2016/06/presidentes-da-petrobras-e-do-bndes-sao-reus-em-acao-por-rombo-bilionario-9872.html

    2 – http://fnpetroleiros.org.br/?p=12171

    3 – http://www.tijolaco.com.br/blog/engenheiros-decretam-morte-da-engenharia-brasileira/

    4 – http://clickpolitica.com.br/brasil/lava-jato-de-moro-desmonta-a-industria-naval-e-provoca-50-mil-demissoes/

    5 – http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/01/depois-de-16-anos-stf-se-prepara-para-julgar-primeira-parte-do-mensalao-tucano-6787.html

    6 – http://www.brasil247.com/pt/247/economia/162204/Globo-faz-lobby-por-empreiteiras-de-fora.htm

     

     

    Rio de Janeiro, 21 de março de 2017.

     Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, integra a coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), sendo autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro”

     

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

     

      (Esse relato  pode ser reproduzido livremente)

     

     Fonte:  https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella

     

      http://emanuelcancella.blogspot.com.

     

     

  6. Bomba! Bomba!

    Advogado que discutiu com Moro deixa defesa de Lula

    http://noticias.r7.com/brasil/advogado-que-discutiu-com-moro-deixa-defesa-de-lula-21032017

     

    Juarez Cirino dos Santos ficou famoso por embate acalorado com o juiz da Lava Jato

      

    Defensor de Lula renunciou ao caso na Operação Lava JatoPaulo Whitaker/04.03.2016/Reuters

    O advogado Juarez Cirino dos Santos, que defendia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas acusações no âmbito da Operação Lava Jato, renunciou ao caso na última sexta-feira (17). A informação é do jornalista Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo, nesta terça-feira (21).

    Além de Juarez Cirino, também deixaram o caso os advogados June Cirino dos Santos e Jair Cirino do Santos. Os motivos para a renúncia ao caso do petista não foram revelados na decisão.

    Porém, os agora ex-defensores chamam Lula de “ilustre e digno constituinte, para quem os signatários manifestam a maior admiração por sua atuação como sindicalista, criador e dirigente do Partido dos Trabalhadores e Presidente da República”.

    Em dezembro do ano passado, o advogado Juarez Cirino travou um intenso embate com o juiz federal Sérgio Moro. Na ocasião, o magistrado ordenou a Cirino: “o senhor respeite o juízo”. 

    Pós-doutor em Política Criminal e Filosofia do Direito pela Universidade Saarland, na Alemanha, e professor de Direito Penal da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Cirino fazia parte de uma equipe de defensores de Lula, que inclui Cristiano Zanin e José Roberto Batochio. 

  7. Bomba! Bomba!

    Advogado que discutiu com Moro deixa defesa de Lula

    http://noticias.r7.com/brasil/advogado-que-discutiu-com-moro-deixa-defesa-de-lula-21032017

     

    Juarez Cirino dos Santos ficou famoso por embate acalorado com o juiz da Lava Jato

      

    Defensor de Lula renunciou ao caso na Operação Lava JatoPaulo Whitaker/04.03.2016/Reuters

    O advogado Juarez Cirino dos Santos, que defendia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas acusações no âmbito da Operação Lava Jato, renunciou ao caso na última sexta-feira (17). A informação é do jornalista Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo, nesta terça-feira (21).

    Além de Juarez Cirino, também deixaram o caso os advogados June Cirino dos Santos e Jair Cirino do Santos. Os motivos para a renúncia ao caso do petista não foram revelados na decisão.

    Porém, os agora ex-defensores chamam Lula de “ilustre e digno constituinte, para quem os signatários manifestam a maior admiração por sua atuação como sindicalista, criador e dirigente do Partido dos Trabalhadores e Presidente da República”.

    Em dezembro do ano passado, o advogado Juarez Cirino travou um intenso embate com o juiz federal Sérgio Moro. Na ocasião, o magistrado ordenou a Cirino: “o senhor respeite o juízo”. 

    Pós-doutor em Política Criminal e Filosofia do Direito pela Universidade Saarland, na Alemanha, e professor de Direito Penal da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Cirino fazia parte de uma equipe de defensores de Lula, que inclui Cristiano Zanin e José Roberto Batochio. 

  8. Rodrigo Janot acusou Gilmar

    Rodrigo Janot acusou Gilmar Mendes de “decrepitude moral”.

    Em seguida, atacou aqueles que, “no afago dos poderosos de plantão, perdem o referencial de decência e de retidão”, sacrificando “seus compromissos éticos no altar da vaidade desmedida e da ambição sem freios”.

  9. Rodrigo Janot bateu duro em

    Rodrigo Janot bateu duro em Gilmar Mendes.

    Chamou de “disenteria verbal” a sua denúncia de que a PGR vazou para a imprensa os nomes dos delatados pela Odebrecht.

    Ele disse também:

    “Só posso atribuir tal ideia a mentes ociosas e dadas a devaneios”.

     

     

  10. A crise da carne e o subdesenvolvimento brasileiro

    LN, 

     

    Segue um palpite a partir de um olhar geográfico da “crise da Carne”

    Gande abraço. 

     

    Sergio de Moraes Paulo 

     

    Passada a histeria inicial do escândalo da carne estragada, a realidade gradativamente se impõe à superficialidade das redes sociais e pessoas que emitem opiniões a partir de frases de efeito. Tem sido assim no Brasil desde os tempos do Orkut e a atual discussão sobre as relações entre corrupção e a oferta de carnes impróprias para o consumo não seria diferente.

    Em primeiro lugar houve a histeria da Polícia Federal, instituição que nos últimos anos tem se especializado na condução de pessoas cercadas de agentes portando fuzis e metralhadoras. Robert McNamara, ex-secretário de Estado dos EUA já havia nos alertado sobre a questão da proporcionalidade do uso da força. Impressiona que tanta gente que idolatra os EUA sequer imagina os princípios que sustentam a democracia e os direitos individuais naquele país. Aqui são guiados por séries de TV e filmes de ação. Mas não imaginam como é a encrenca que o uso desmedido da força provoca naquele país.

    Em segundo lugar a mídia. Inicialmente fez o de sempre: manchetes sensacionalistas (desculpas ao jornal de mesmo nome, pois inventando notícias é muito mais sério que grande parte da chamada “mídia grande”, ou seja, rádios, TVs e jornais, bem como seus diversos outros canais).
    Curiosamente, o despejo de milhões em publicidade dos grandes frigoríficos em anúncios de rádio e TV parece ter sensibilizado muitos empreendedores das notícias. Sim, pois não é preciso dizer que o interesse social do jornalismo tem sido substituído pelo comércio de linhas editoriais menos agressivas e simpáticas aos que pagam mais e mais agressivas e intolerantes com aqueles que não podem ou que optaram por não pagar. Novamente vem à memória os EUA, desta vez em relação ao jornalismo. Mesmo com todas as suas limitações de imparcialidade e de espaço para o pluralismo está a anos-luz de empresas de notícias que mantém contratos com analistas, jornalistas e palpiteiros panfletários, militantes e, não raro, simplesmente ignorantes.

    Mas o terceiro e principal ponto que destaco aqui envolve as consequências econômicas do caso em questão.

    Quem acompanha um pouco do setor de exportações de produtos agropecuários – ou do chamado agronegócio- sabe que o jogo no comércio internacional é pesado. Na Organização Mundial do Comércio (OMC) os países que mais defendem a abertura comercial de manufaturados e serviços são justamente aqueles que mais têm seus mercados protegidos com taxas, regras sanitárias, subsídios e outros meios. Neste contexto, se o Brasil saltou de inexpressivo exportador mundial de carnes na década de 1980 para o maior fornecedor de proteína animal do mundo é porque conseguiu, ao longo de mais de 30 anos, adequar-se a tal ponto que furou muitas das barreiras criadas pelos outros países, notadamente EUA, os da União Europeia e Japão.

    Criar boi no Brasil é muito mais fácil e barato que nos EUA. Aqui há espaço mais do que suficiente. Mesmo que zerássemos o desmatamento na Amazônia e no Cerrado para novas áreas de criação, o país poderia aumentar ainda mais sua produção sem derrubar uma única árvore, apenas aproveitando as áreas já degradadas.

    Quer outro dado? Aqui não neva. Temos bois que morrem no calor sufocante dos caminhões que os transportam em longas viagens pela Amazônia, Centro-Oeste e no Sudeste. A morte desses bois gera perdas e eleva os preços dos produtos. Ainda assim é mais barato criar boi aqui e exportar carnes porque nossa mão de obra é mais barata que a dos EUA e dos Europeus (basta comparar os salários mínimos em dólar ou euros). Os bois daqui comem menos ração e não precisam ficar protegidos do frio intenso da América do Norte e Europa, com sistemas de produção que consomem ração, energia para aquecimento e salários de trabalhadores que são mais respeitados e caros do que os daqui. Coloque tudo no papel e saiba porque o quilo da carne na Itália é tão caro. (oi Henrique Levy, essa informação devo a você…)

    Se a carne brasileira é tão barata, como os países europeus e os EUA fizeram para barrar nossas exportações?? Simples, criaram regras cada vez mais rigorosas e uma fiscalização muito atuante. Tanto nos EUA quanto na Europa há um número considerável de pessoas que trabalham direta e indiretamente no setor de carnes. Juntando todos os envolvidos é gente suficiente para pressionar seus parlamentares e governos para dificultar as importações de países como o Brasil.

    Há alguns anos sofremos acusações de casos de febre aftosa no Centro-Oeste. A União Europeia não vacilou. Suspendeu as importações até que o Brasil provasse que os casos eram pontuais e não envolviam as exportações. Meia-dúzia de bois doentes foi o suficiente para a União Europeia suspender as importações de 17 estados brasileiros por alguns meses. Depois disso, o que aconteceu? Os exportadores desovaram suas mercadorias no mercado interno, algo muito fácil de fazer num país com 210 minhões de pessoas… Não ganharam, mas a maioria minimizou as perdas. O governo agiu rápido e em poucos meses as exportações foram retomadas para a União Europeia.

    Mas pera aí!…E as pressões para barrar as importações de carnes nos EUA e na Europa? Simples: também há pressões de grandes redes de vendas como Wall Mart e Carrefour entre outras. Além disso, os governos dos EUA e da Europa sabem que encarecimento do preço da carne impacta a inflação. As pressões contra as importações acabam cedendo às pressões por sua continuidade. Isso também aconteceu com o frango. Em 2006 chegaram a cogitar até o adiamento da Copa na Alemanha, em razão da propagação da gripe aviária. Passada a histeria tudo se normalizou e o Brasil só aumentou o seu mercado para exportações. De carnes bovinas, suínas e de aves.

    Por tudo isso, é razoável apostar que algo parecido ocorra nos próximos meses ou no máximo em poucos anos. Os maiores exportadores conseguirão provar que as carnes exportadas atendem a rígidos controles de qualidade. E a mídia daqui fingirá que não sabe do óbvio: a carne podre era vendida aqui no mercado interno. Seria interessante saber o que se passa na cabeça da Fátima Bernardes. Tomara que não fique sabendo disso. Talvez sofresse muito.

    Porém, o ponto que ainda não foi levantado: seria mesmo a vocação do Brasil ser o grande fornecedor de alimentos para o mundo? O negócio é bilionário e países como EUA, Canadá e Austrália faturam muito com o setor. Desprezar isso é jogar dinheiro fora. Gera desemprego que atinge milhões de pessoas. Além disso, os países importadores estão no limite de sua produção. Não custa lembrar que um único quilo de carne bovina exige algo em torno de 20.000.000 litros de água, se computarmos todo o processo de criação, abate, processamento e transporte das carnes. Não vedemos apenas carnes. exportamos água junto. Os países compradores sabem disso por que vivem esta realidade. Por aqui não computamos a água como commoditie para negociar preços em favor dos exportadores menos ricos, como Brasil, Argentina e Uruguai, entre outros. Sequer aprendemos a discutir a questão ambiental a partir de nossos interesses ambientais, sociais, econômicos e nacionais.

    Não custa lembrar que nos tempos em que a Alemanha discute o início de uma Quarta Revolução Industrial o Brasil aprovou uma emenda constitucional para reduzir os recursos com Educação, Ciência e Tecnologia. Programas como Ciência sem Fronteiras foram cortados. Universidades e institutos de pesquisa estão à míngua. E acabamos de aprovar uma reforma do ensino que se preocupa mais em formar técnicos de baixa qualificação para empresas de serviços ou fábricas de baixa tecnologia.

    A opção pelo atraso.

    A atual crise tem tudo para passar e há possibilidades do Brasil até ganhar mais no futuro. Basta a União Europeia e a China reconhecerem que nossas carnes têm qualidade e preços respeitáveis. Para eles.

    O que dificilmente passará é este pensamento subdesenvolvido que ainda vê o Brasil como mero exportador de matérias-primas. Uma elite política e econômica que não se preocupa com seu povo. E claro, a histeria nossa de cada dia. Sexta-feira foi a carne, hoje o terrorismo, amanhã a falta d’água e, no semestre que vem, “a retomada do crescimento” de base subdesenvolvida.

    Tem sido assim.

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