Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados.

Luis Nassif

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  1. Roubo na copa ?

    Ingleses são presos após roubarem taxista no centro de Belo Horizonte

    Estrangeiros levaram R$ 84 do motorista de táxi, mas foram presos

     

    Thaís Mota, do R7

    Os jovens roubaram um taxista em BH Record Minas

    Dois turistas ingleses foram presos na madrugada desta quarta-feira (25) após roubarem um taxista no centro de Belo Horizonte.   

    De acordo com a PM (Polícia Militar), Charles Iainconyngsby Hillilg e William John Heard, ambos de 19 anos, teriam entrado no táxi na rua Rio Grande do Norte e seguiram até a avenida Paraná.   

    Leia mais notícias no R7 MG

    A corrida custou R$ 15,90 e os turistas perguntaram ao taxista se ele tinha troco para R$ 100. Entretanto, quando o motorista pegou R$ 84 e entregou aos estrangeiros, eles saíram correndo do veículo e não entregaram a nota de R$ 100.  

    O taxista acionou a PM e a dupla foi presa ainda nas proximidades e encaminhada à Central de Flagrantes da Polícia Civil.  

    http://noticias.r7.com/minas-gerais/ingleses-sao-presos-apos-roubarem-taxista-no-centro-de-belo-horizonte-25062014

  2. SÓ PROVOCAÇÃO

    Acho que qualquer pesso possa ser candidato a presidente da república mas desde que tenha toda a sua história e de sua família contada em livro/mídia.

    Pelo menos pai, mãe, esposas, filhos, fortuna.

    Como podemos eleger quem não conhecemos.

    Deveria valer desde vereador, prefeito, governador até presidente da república.

  3. Não vai ter Copa em 2018, no Brasil

    Copiei do Conversa Afiada

    Copa: Dilma vai entregar
    a taça na final

    Gisele Bundchen e o jogador espanhol Puyol conduzirão o troféu do campo até a tribuna de honra

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    Do Globo:
     

    Dilma vai entregar a taça ao campeão do mundo

    Final da Copa será no Maracanã, no dia 13 de julho

    RIO – O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse nesta sexta-feira, no Maracanã, que os presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e do Brasil, Dilma Rousseff, farão a entrega do troféu da Copa do Mundo ao capitão da equipe campeã, no próximo dia 13 de julho, no estádio. O dirigente francês informou ainda que a modelo brasileira Gisele Bundchen e o jogador espanhol Puyol conduzirão o troféu do campo até a tribuna de honra, onde farão a entrega a Blatter e Dilma.

    – Gisele Bundchen e Puyol conduzirão a taça até as autoridades – esclareceu Valcke.

    O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que a presença de Dilma na final jamais esteve ameaçada por causa das vaias recebidas na partida de abertura, no último dia 12 de junho, no Itaquerão, quando o Brasil venceu a Croácia por 3 a 1.

    (…)

  4. Acredite a matéria abaixo é

    Acredite a matéria abaixo é do Globo.

    Copa: Brasil bem na foto na visão dos estrangeiros

    Pessimismo que predominava na imprensa mundial é substituído pelo brilho da festa

    RIO – Quando faltava um mês para o início da Copa do Mundo, a revista alemã “Der Spiegel” publicou uma edição que trazia na capa uma Brazuca pegando fogo e cruzando o céu da Baía de Guanabara. Era um alerta explícito sobre os riscos que rondavam o Mundial. Dali em diante, muitas outras publicações — nacionais e internacionais — adotaram a mesma linha pessimista, apontando falhas em estádios, aeroportos e esquemas de segurança.

    Agora, duas semanas após o início da competição, o tom mudou. Do pequeno “El Nuevo Día”, jornal que circula na província venezuelana de Falcón, ao gigante “The New York Times”, todos parecem convencidos do sucesso da Copa no Brasil. As matérias sobre problemas deram espaço à cobertura de uma verdadeira festa, exibindo provas de que o país do futebol está realmente sendo capaz de sediar o maior evento esportivo do mundo.

    Nas 12 cidades-sede, o clima é de comemoração. Tanto os jornalistas quanto os turistas que nelas estão dão depoimentos nesse sentido, nos textos que seguem abaixo.

    A convite do GLOBO, cientistas políticos e sociólogos analisaram o momento. Felipe Borba, professor da Universidade do Rio (UniRio) e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj), confirma a sensação de que os medos e as dificuldades alardeados ficaram para trás.

    — Não tivemos caos nos aeroportos, os estádios ficaram prontos, os turistas vieram e estão demonstrando satisfação com os serviços. Sequer as manifestações se repetiram — destaca ele. — Os problemas que existem, como falta de comida nos estádios e filas, são culpa da Fifa, que administra esses lugares e é responsável por esses serviços.

    Borba ressalta que “é claro” que a mobilidade urbana poderia ser melhor, que o vaivém dos estádios “nem sempre é ideal”, mas não sente que isso tenha comprometido a organização da Copa do Mundo.

    Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, diz que o que o país presencia, agora, é a sensação de que o pessimismo em torno do evento foi “exagerado”:

    — Ele não se realizou, e essa percepção gerou alívio, sentimento que resulta nesse clima mais relaxado e festivo que se vê agora.

    Para Couto, já circula até mesmo um “sentimento de gratificação pelo que foi feito”:

    — Sempre há problemas em eventos dessa magnitude, mas parece que a Copa terá um saldo positivo para o país.

    BELO HORIZONTE

    ‘É uma gente amável, hospitaleira e alegre’

    Jornalistas e torcedores estrangeiros estão satisfeitos com Belo Horizonte. Apresentador da CN23, em Buenos Aires, Pablo Alonso se diz admirado com a receptividade do brasileiro.

    — É uma gente muito amável, hospitaleira e alegre — afirmou Alonso, que só não aprovou os preços cobrados no Mineirão. — Paguei R$ 600 pelo ingresso. Lá , a cerveja custa R$ 10 e o refrigerante, R$ 8. A festa da Fifa é para quem tem dinheiro.

    Os torcedores belgas Marc e Stephan Peerans ficaram três dias na capital mineira.

    — Antes de vir pra cá, recebemos vários alertas para tomar cuidado com assaltos e violência. Mas até agora está tudo maravilhoso. As pessoas são muito atenciosas e educadas — disse Marc.

    Já para Álvaro Ceciliano, da Costa Rica, o maior destaque da cidade foi a organização:

    — Consegui me locomover sem problema.

    BRASÍLIA

    ‘O ambiente é maravilhoso, o país para na hora dos jogos’

    A capital cujo traçado não privilegia pedestres ganhou um “calçadão” na Copa. Na rota do estádio Mané Garrincha, um shopping center e a praça de alimentação da Torre de TV, atração turística da cidade, viraram ponto de encontro antes e depois dos jogos.

    Foi assim anteontem, quando a seleção brasileira goleou a de Camarões. O estudante de engenharia colombiano Mario Rojas recorreu à “arquibancada” dentro do shopping para ver o jogo:

    — O ambiente daqui é maravilhoso, porque o país inteiro para na hora dos jogos.

    O shopping tornou-se destino até de quem não planejou fazer uma parada técnica lá antes de ir para o Mané Garrincha. Um grupo de paulistas aceitou carona de um brasiliense que ia para o shopping.

    — Hospitalidade nota mil dos brasilienses. Se não fosse ele, estaríamos agora debaixo do sol na porta do estádio — afirmou a paulista Maria Inês Moane.

    CURITIBA

    ‘Mundial do Brasil está melhor do que a última Eurocopa’

    Há alguns dias, o jornalista venezuelano Oscar Gonzales enviou ao pequeno “El Nuevo Día” uma reportagem em que se mostrava surpreso com a organização da Copa do Brasil.

    — Só se falava em violência, em atrasos nas obras, em problemas e protestos. O que vi em São Paulo, Porto Alegre e aqui em Curitiba é uma festa muito alegre e bem organizada.

    Vestido de toureiro, o espanhol Pablo Hernandes curte o campeonato ao lado dos amigos Juan Hochorán e Miguel Ibañez, e os três afirmam que o Mundial está “melhor do que a última Eurocopa”, realizada em 2012 por Polônia e Ucrânia.

    — Não há estádios inacabados, ruas de terra em volta dos estádios, como na Polônia. Está muito diferente do que ouvíamos na Espanha —– diz Hernandes.

    — Fui à Copa de 2006, na Alemanha. É claro que o transporte lá é melhor. Mas a organização do Mundial está excelente. Há um cuidado muito grande com o torcedor — completou Ibañez.

    SALVADOR E CUIABÁ

    ‘Extraordinárias, as pessoas ajudam muito os visitantes’

    O Brasil não deve nada aos outros países que serviram como sede da competição. É o que afirma Simon Hart, que acompanha os jogos em Salvador para o jornal inglês “The Independent”.

    — Aqui, a experiência tem sido bastante agradável. Tudo me parece organizado, funcionando bem. E a Fonte Nova é linda.

    O jornalista colombiano Jorge Ceballos, que escreve de Cuiabá para um site esportivo de Cartagena, concorda:

    — Está tudo absolutamente perfeito. A organização é maravilhosa, as pessoas são extraordinárias e ajudam muito os visitantes.

    Mais crítico, o fotógrafo Watara Sekita, do jornal “Asahi Shimbun”, de Tóquio, disse que a organização na Copa do Japão e Coreia foi melhor.

    — Furtaram a câmera de um colega meu no ônibus da imprensa, em Natal.

    MANAUS

    ‘A organização aqui foi muito boa. As pessoas são cordiais’

    Antes de chegar à capital amazonense para cobrir os quatro jogos que ocorreriam na cidade, a jornalista alemã Ulrike Weinrich, da agência de notícias Sports-Information Dienst, estava em Paris, enviando notícias sobre o elegante Aberto de Tênis de Roland Garros, na França. Em 2002, ela foi à Copa da Coreia do Sul e Japão. Diz-se experiente em eventos da Fifa. Agora, sem pestanejar muito, afirma:

    — A organização aqui foi muito boa. Aqui no Brasil, as pessoas são cordiais. Não há muitos que falem inglês. Muito menos alemão, mas os brasileiros são cordiais. Tentam ajudar e realmente conseguem, porque põem o coração em tudo que fazem.

    Vinda de uma nação em que o futebol também é tido como paixão nacional, Ulrike se impressionou com a forma como o esporte é encarado por aqui.

    — No Brasil, futebol é uma religião — resume a jornalista.

    SÃO PAULO

    ‘Nas manifestações, tem outros aproveitando a situação’

    Jornalistas estrangeiros que estão no Brasil elogiam a simpatia do povo e a beleza natural do país, mas reclamam da sensação de insegurança, de preços altos e da “esperteza” de alguns brasileiros.

    — Acho que não tem muita segurança, e há muita burocracia e preços altos — diz Reza Balapoor, da TV Irã, que passou por São Paulo, Rio, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador.

    O português Miguel Henriques, do SAPO Desporto, não se preocupou com os protestos:

    — Vejo que nas manifestações tem muita gente com razão, mas outros aproveitando a situação.

    Mas reclamou de problemas com o carro:

    — A locadora me cobrou indevidamente um valor na fatura final, que não constava do contrato. Em Salvador, cheguei ao meu carro e tinha uma pessoa lá dentro, sentada no banco do passageiro. Não roubou nada, talvez porque eu tenha chegado a tempo.

    http://oglobo.globo.com/brasil/copa-brasil-bem-na-foto-na-visao-dos-estrangeiros-13022467?topico=A-Copa-no-Brasil

     

  5. Distribuição de renda?  Só

    Distribuição de renda?  Só imbecil pra acreditar.Porque distribuir renda signficaria tirar do rico e dar ao pobre..

          Mas não foi o que aconteceu,O rico continua rico,ou atá mais, e a classe média banca os pobres.

                    Um artigo que gostaria de ter escrito,

      ANDRÉ SINGER

    Distribuição de renda

    Uma controvérsia voltou à tona nas últimas semanas. Afinal, o ciclo lulista distribuiu ou concentrou renda? De acordo com reportagem publicada nesta quinta (26) pelo “Valor” (bit.ly/vecdes), a fatia apropriada no Brasil pelo 1% mais rico da população não caiu entre 2000 e 2010. Tal faixa abocanhava cerca de 17% da renda nacional no início do século 21, e continuava a fazê-lo uma década depois. Estaria provado, então, que não houve redistribuição no período petista?

    O primeiro impulso é responder que sim, mas a questão é mais complicada. A depender do lugar em que se decida fazer o corte estatístico, aparecem aspectos contraditórios da realidade. A reportagem, assinada por Denise Neumann, mostra que se tomarmos a renda dos 10% mais ricos, veremos que caiu de 51% para 48% do total no período considerado.

    Mais ainda. A proporção subtraída do que se convenciona chamar de classe média tradicional parece ter ido parar no bolso dos pobres. A jornalista indica que os 60% pior aquinhoados tiveram os seus rendimentos elevados, indo de 18% para 22%. Desse ângulo, houve ou não distribuição de renda? O impulso é responder que sim.

    Uma hipótese plausível é que tenham ocorrido as duas coisas ao mesmo tempo: enquanto a imensa massa dos pobres via a própria renda crescer, ainda que de maneira moderada e a partir de um ponto inicial muito baixo, a classe média perdia algo, produzindo-se, assim, um efeito distributivo, ainda que seja visível a desproporção: 10% detêm 48% da renda; 60% ficam com 22%.

    Por outro lado, os mais ricos dentro da classe média (o 1%) não perderam nada. Pode-se supor até que no interior do segmento rico houve concentração, ou seja, os megarricos ficando ainda mais poderosos.

    Um exemplo interessante, embora posterior ao período até aqui observado: apenas em 2013 o número de bilionários brasileiros aumentou em 50%, passando de 43 para 65, de acordo com a revista “Forbes”. Ou seja, o patrimônio estaria se concentrando na ponta da ponta da ponta.

    É possível, assim, que a mesma tendência detectada por Thomas Piketty em escala mundial tenha se dado por aqui, embora simultaneamente houvesse ocorrido um movimento distributivo do meio para baixo. Em resumo, teria havido uma melhora nas pontas, com uma piora relativa no setor intermediário. Note-se que enquanto de um lado cresceu o número de bilionários, de outro a renda dos 10% mais pobres aumentou 106% entre 2003 e 2012 (Marcelo Neri, “Valor”, 26/6, bit.ly/mneri2606). Trata-se apenas de uma hipótese, mas admita-se que o raciocínio é compatível com a ira da classe média tradicional em relação ao lulismo.

  6. Estou colocando aqui o 10º,

    Estou colocando aqui o 10º, disse 10º, programa de informação das obras do PAC que o blog insistiu em afirmar que  havia poucas informação sobre elas.

    São inúmeras obras de infraestrutura que vem desde o governo Lula. É um erro pensar que o Brasil avançou pouco em infaestrutura .

    Aliás, não é a primeira vez que divulgo aqui no blog vídeos informativos das Obras do PAC e o blog não elevou à Post.

    Os vídeos são semestrais e este foi disponibilizado, ontem dia 27/06.

    Para mais informações sobre o PAC 2, ver: http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/div

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=aOoe2IKGxnE#t=31%5D

  7. Lei obriga escolas a exibirem

    Lei obriga escolas a exibirem filmes nacionais mensalmente

     

     

     

    Ivan Richard – Repórter da Agência Brasil Edição: Valéria Aguiar

     

    As escolas de todo o país são obrigadas a exibir filmes de produção nacional, no mínimo, duas horas por mês. A medida foi publicada hoje (27) no Diário Oficial da União.

    Assinada pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro da Educação, José Henrique Paim a lei modifica o texto das diretrizes básicas da educação do país, para incluir a exibição dos filmes nacionais como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica das escolas.

    A Lei 9.394, que estabele as diretrizes e bases da educação do país, já prevê, entre outros pontos que a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular, assim como o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais. A lei ainda estabelece como obrigatório, o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

     

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2014-06/lei-obriga-escolas-exibirem-filmes-nacionais-mensalmente

  8. Gaúchos e mineirosAlgumas,

    Gaúchos e mineiros

    Algumas, dentre inúmeras, expressões comuns a gaúchos e mineiros

      24 JUN 2014 – 17:19 BRT

    EL País

     

    Estive recentemente em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, região de vinhos e simpatia, onde acontece uma importante feira literária. Lá encontrei Dilan Camargo, poeta, letrista de música, dramaturgo, cronista, conferencista, autor de histórias infantis e juvenis, mas principalmente amigo generoso, que gosta de conversar e compartilhar as pequenas coisas da vida, que realmente são as que importam. Como agora somos parentes (minha namorada, a escritora e artista plástica Helena Terra vem a ser sua prima), Dilan resolveu me presentear com um livro sobre o jeito gaúcho de falar, “Bá, tchê!”, de Luis Augusto Fischer, escritor e ensaísta que admiro. É pra você aprender a nossa língua e depois poder reivindicar a nacionalidade, ele disse, jocosamente. E como tenho me dedicado, de corpo e alma, a me tornar um cidadão do Rio Grande do Sul, mergulhei no instigante dicionário.

    Qual não foi minha surpresa ao descobrir, que, sem esforço, talvez domine cerca de quarenta por cento do vocabulário e das expressões gauchescas – sem o sotaque, claro, porque, perdida a dicção mineira, tornei-me um melancólico de fala neutra. E domino, não porque sou alguém com um talento especial para reconhecer e aprender rapidamente as variedades regionais da língua portuguesa-brasileira, mas porque percebi, maravilhado, que muitas palavras e locuções que julgava mineiríssimas, na verdade fazem parte do imaginário comum a gaúchos e mineiros.

    O livro de Fischer traz mais de 800 verbetes divididos em oito seções: Alimentação, Formas de cortesia e insulto, Geografia e clima, Tipos humanos, Futebol e esportes, Cultura e costumes, Manhas de linguagem e Modos de corpo e alma. Em cada uma dessas subdivisões, reencontro as vozes do povo da minha Zona da Mata, leste de Minas Gerais, como por exemplo o uso do verbo “beliscar”, com o sentido de comer algo antes da refeição, ou “batida”, com o sentido de vitamina (fruta mais leite passada no liquidificador). Nesse mesmo campo, o da Alimentação, me deparo, entre outras, com “bolinho de chuva”, “boquinha” (comer um pouco de algo), “cupim” (parte da carne bovina conhecida em outros lugares com fraldinha), “janta” (no lugar de jantar), “jiboiar” (descansar, após comer bastante), “maria-mole” (o doce), “mexido” (mistura das sobras do almoço), “trago” (cachaça), etc.

    Para não me estender muito, passo a enumerar algumas, dentre inúmeras, expressões comuns a gaúchos e mineiros: acabar com a raça, apertar os ossos, borra-bosta, botar o pau na mesa, botar os cachorros, firme?, fora de sacanagem, chuva de molhar bobo, boa gente, bobo alegre, boca mole, boca grande, manteiga derretida, pau de viratripa, freguês de caderno, banho de gato, dar pra trás, deixar plantado, esperar sentado, ficar mordido, arrastar asa, cobertor de orelha…

    Mas o que mais me impressiona são as palavras que significam coisas específicas em Minas Gerais, e que no entorno do estado são designadas por outros termos, e que no Rio Grande do Sul têm a mesma acepção, como, por exemplo, bafo (em relação à temperatura), biboca, caixa-prego, friagem, lagartear, zona (de prostituição), alemoa, barbado, bisca (em relação a pessoas), cria, despachado, esganado, estropiado, estropício, fiapo, invocado, jaburu, saliente, bater figurinha (o jogo), chapéu (lençol, no futebol), coréia (bagunça), esconder (jogo), palitinho (jogo), tostão (contusão muscular), bico (chupeta), chinelo de dedo, mosquear, moquiço, pousar, pular carnaval, baita, de a pé, de em pé, à reviria, abichornado, apurado, arregar, dormir com as galinhas, revertério…

    Helena Terra tem uma boa teoria. A tese dela é a de que, como nos séculos XVIII e XIX havia um intenso trânsito de mineiros para o Rio Grande do Sul, por conta do gado trazido para o corte na região de Pelotas ou para exportação para o Uruguai e Argentina, estabeleceu-se também uma mútua influência de vocabulário e expressões entre as duas partes do país, separadas por tão largas distâncias. Eu concordo com ela. Mas acrescento um dado de puro cabotinismo. Há em Farroupilha, cidade da serra gaúcha, próxima a Caxias do Sul e Bento Gonçalves, uma rua chamada Luiz Ruffato. Não é, obviamente uma homenagem a mim, mas uma mera coincidência. Mas, quem sabe, essa deferência já antecipava minha ida definitiva para o Sul…

     

  9. Morte da Rede Minas

    Ola Nassif, gostaria que você aboradasse no blog os problemas sofridos pela Rede Minas, TV Estatal e educativa do governo de MG. A emissora corre o risco de encerrar suas atividades ou pelo cancelar a produção local. Neste momento de concentração da mídia na Rede Globo penso eu ser de importância fundamental manter e o poder das emissras estatais e não comprometidas com o “padrão globo” do PIG. A Rede Minas tem importância no cenário cultural da cidade e do estado de MG e tem na sua programação grandes sucessos que á vários anos cativam os telespectadores mineiros como o Alto Falante e  programa de entrevistas de Roberta Zampetti. Tenho acompanhado o Blog do Nassif e acho que por suas posturas independentes e democráticas o site não pode se furtar a abordar este problema, sob meu ponto de vista muito grave.

    Agradeço a atenção e passo alguns links para quem quiser se informar melhor sobre o assunto:

    http://www.cafecomnoticias.com/2013/07/salvearedeminas-campanha-quer-garantir.html#.U67DqRaI0Yg

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed758_emissora_corre_o_risco_de_demissoes_e_suspensao_de_programas

    https://www.facebook.com/media/set/?set=a.182150645290685.1073741829.181999001972516&type=1

    https://www.facebook.com/events/535147273201130/

    Pelo que sei algumas das ameaças reveladas nestes links já se concretizaram e vários funcionários já foram demitidos.

    1. Rede Brasil

      Prezado Fernando Lopes,

      Sempre que posso assisto a TV Brasil, que, aos sábados tem uma programação muito especial para mim, e me sinto privilegiada por conhecer muitas peculiaridades deste Brasil, entre elas, as apresentadas pela Rede Minas.

      A grande mídia, em busca da protagonização (domínio) de sua programação de péssima qualidade, vai açambarcando alguns canais, impedindo, assim o acesso às informações de cultura geral e de costumes regionais.

  10. Julio César …obrigado…novamente

    ´´publicado no fora de pauta ggn..

    Goleiro da seleção brasileira, Júlio César (emocionado, chorando)….

    Faz quatro anos…só a minha família sabe o quanto eu sofro…o quanto eu sofri até hoje…como eu queria dar tal alegria a torcida brasileira… espero, daqui a três batalhas….dar nova entrevista ..com a mesma felicidade de agora…

    O repórter a seguir, certamente sem pensar diz… como forma de consolação…- você foi um monstro …tudo está correndo bem ..você está nos dando imensa alegria…

    Um ato de contrição…uma missão a cumprir…algo condicional???

    De forma alguma. Se pensarmos um minuto, melhor, um segundo, melhor, sem pensarmos…que coisa brutal…que reação automática…

    Que falta de sensibilidade, que falta de emoção, que falta de calor humano….

    Não há mais nada a provar, Júlio César…nunca deveria ter havido….

    Nunca faltou vontade…nunca faltou esforço…nunca faltou determinação ou boa vontade…

    Talvez isto seja reflexo destes novos tempos em que o reconhecimento por algo dado de coração não mais é saudado por um “muito obrigado”…

    …Hoje… vejo que esta forma simples e humana de reconhecer ou apenas referendar a boa ação ou apenas a civilidade, foi substituído pelo condicional…  “obrigado, por enquanto”…

    Julio César…

    Muito obrigado….

    Não precisas provar nada… com a tua declaração comprovaste algo que, acho…todos sabiam…mas que agora, vejo claro, a pessoa …o principal interessado não sabia….

    Repito… muito obrigado…

    Por sentir, por sofrer, por ser honesto com suas emoções e com seus projetos de vida, ou pelo fato simples e sublime, de ter sido honesto e humano, de ter sido um homem simples, um brasileiro em toda acepção da palavra…

    Um abraço….e obrigado…novamente….

  11. Um dia inesquecível

    Será que agora a juventude entendeu o que a grande mídia tentou fazer com eles, especialmente os jovens que nunca haviam acompanhado uma Copa do Mundo, sequer pela TV?

    Será que, depois de viverem as mais fortes emoções ao acompanharem uma partida de futebol, entenderam a importância de uma Copa em seu país de origem?

    Será que verão de modo diferente a campanha de mais de dois anos feita pela mídia com o objetivo de impedir que tivessem essas experiências aqui, no Brasil, acompanhando, ao invés, uma Copa realizada em outro país (a Inglaterra, de preferência)?

    Será que gostariam de não ter vivido a ansiedade, o medo, a angústia e a alegria do dia de hoje, que serão contadas e recontadas no futuro aos filhos e netos, os quais provavelmente nunca terão essa experiência única em suas vidas?

    Será que esses jovens continuarão a cair em contos do vigário primários da grande mídia? Apoiarão o #NãovaiterOlimpíadas?

    Depois do Pan-Americano, da Copa das Confederações e desta Copa do Mundo, já considerada a melhor de todos os tempos, será que eles entenderam a importância social, econômica e cultural de um país sediar eventos importantes do esporte?

    Será que leram as matérias altamente elogiosas da imprensa estrangeira sobre o povo brasileiro (e não há recurso mais importante num país do que seu povo)?

    Será que aprenderam a ler nas entrelinhas das manipulações da grande mídia e agora se tornarão mais espertos, evitando deixar em seu passado mais algumas centenas de posts, e-mails, comentários, tuítes e falas dos quais irão se arrepender, pensando “Meu Deus, mas como eu fui bobo…”?

    Vem mais por aí. Há tempo para que aprendam. Mas que aprendam a tempo de não se proibirem experiências marcantes que outros povos já viveram e que o nosso povo, ao contrário do que defende a grande mídia, também merece viver.

  12. Antropólogo Antonio Risério e o capachismo cultural e ideológico

    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2696371-EI6608,00-Uma+entrevista+um.html

    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2056760-EI6608,00-Uma+entrevista+parte+II.html

     Entrevista do Antropólogo Antonio Risério

     autor de: “A utopia brasileira e os movimentos negros”

     
    Eu vou ali pegar um avião, visitar essa bela cidade, a convite dessa baita instituição, e já volto. Deixo-os com uma entrevista que dá muito, muito o que pensar. É uma conversa de José Castelo com o historiador e antropólogo Antonio Risério, a propósito de seu próximo livro, intitulado A utopia brasileira e os movimentos negros. A entrevista foi publicada originalmente no Valor Econômico. Nela, Risério fala do que considera sua “solidão” no debate racial brasileiro de hoje, dividido entre, por um lado, os que negam a existência do racismo e simplesmente se recusam a reconhecer a relevância do tema e, por outro lado, os que, segundo Risério, tentam importar ao Brasil categorias raciais norte-americanas, bicolores. Aí vai a íntegra da entrevista, enviada por cortesia de meu amigo Armando Almeida.

    P: Em seu novo livro, você defende a idéia de que, ao tratar da cultura brasileira, não podemos nos iludir com fantasias fáceis, novos truques ideológicos e maniqueísmos simplificadores. Você se empenha, ainda, em não fugir da questão chave posta pela idéia de uma democracia racial e cultural. Contra quais idéias dominantes você escreveu este novo livro? Em que direção vai esse caminho original que você vem nos oferecer?

    R: Estou nadando, clara e decididamente, contra a maré “bem-pensante”, hoje, no Brasil. De uns tempos para cá, enquanto negromestiços norte-americanos passaram a reivindicar sua “identidade birracial”, aproximando-se assim do modelo brasileiro, o que está acontecendo aqui é um movimento inverso: negromestiços tentando enfiar a rica e múltipla realidade racial brasileira na camisa-de-força do padrão dicotômico norte-americano, que é essencialmente racista e foi criado pelos senhores brancos do sul dos EUA. Os EUA são o único país do mundo onde a existência de mestiços de branco e preto não é socialmente reconhecida – basta uma gota de “sangue negro” para fazer do indivíduo um “negro” (jamais um “branco”, é claro). É isto o que está sendo transposto para cá, por nossos acadêmicos racialistas e agrupamentos ativistas neonegros. Trata-se de tentar transformar o Brasil num campo racial nitidamente polarizado, com base no que aconteceu na vida norte-americana, como se a experiência histórica de um povo pudesse ser simplesmente substituída pela experiência histórica de outro. Daí que o racialismo político-acadêmico de professores e militantes tenha baixado o decreto ideológico de que inexistem mestiços em nosso país. De que nossos morenos e mulatos não passam de uma perversa ilusão de ótica. É certo que a mestiçagem brasileira recebeu, no século passado, uma interpretação senhorial, mistificadora. Mas a solução não é abolir o problema, mesmo porque continuamos mestiços. Temos de saber encarar os fatos. Mestiçagem não é sinônimo de igualdade, nem de harmonia. Não exclui o conflito, o racismo. E a melhor prova disso é o próprio Brasil. É claro que nunca vivemos numa democracia racial. Mas realizamos conquistas que nos autorizam a acreditar que podemos avançar nessa direção. Que podemos realizar o mito, fazendo com que ele se encarne na história.

    P: O multiculturalismo é, ao mesmo tempo, uma idéia muito rica e uma idéia contaminada de mal-entendidos e confusões. De qualquer modo, ela parece estar no centro dos principais debates culturais de hoje. O multiculturalismo é uma característica crucial da cultura brasileira. Mas, você mostra, nenhuma das culturas que aqui chegou conseguiu conservar sua “pureza”, nesse sentido somos o país das impurezas. Que dificuldades, mas também que vantagens essas contaminações nos oferecem?

    R: Minha visão é algo diferente. De um modo geral, podemos dizer que existem países multiculturais e países sincréticos. O Brasil é um país essencialmente sincrético. Não temos aqui nada de parecido com o bilingüismo paraguaio, com as divisões que detonaram a antiga Iugoslávia, com os cingaleses e tâmeis que fragmentam o Sri Lanka, com o que acontece na Nigéria e na Indonésia. Não temos conjuntos culturais fechados, ensimesmados. Aqui, apesar das crueldades da escravidão, as coisas se mesclaram em profundidade. Daí que eu costume dizer que, culturalmente, mesmos os brancos brasileiros são mais africanos do que os negros norte-americanos. Mas há, ainda, uma outra distinção. Uma coisa é a realidade multicultural de um país, outra é a ideologia multiculturalista. O multiculturalismo se opõe às interpenetrações culturais, defendendo o desenvolvimento separado de cada “comunidade” étnica, de modo que esta possa permanecer sempre idêntica a si mesma, numa espécie qualquer de autismo antropológico. Ora, nem o Brasil é multicultural, nem há lugar aqui para o multiculturalismo, a não ser que, como dizia Adam Smith, neguemos a evidência dos sentidos em nome da coerência de nossas ficções mentais. Hoje, de resto, a experiência sincrética brasileira se tornou referência para o mundo globalizado, com todos os seus encontros e atritos interétnicos.

    P: Você estuda, em particular, a presença da cultura negra no cinema brasileiro e na música popular brasileira. E faz, sempre, um contraponto com o que se passa na cultura norte-americana. Por que?

    R: Sublinho o assassinato espiritual do africano nos EUA. Lá – sob a pressão cruel e poderosa do poder puritano branco – as culturas africanas foram destroçadas, varridas do mapa. É por isso que não há orixás nos EUA (eles só começaram a voltar no século 20, com migrações antilhanas). Os pretos abraçaram a Bíblia. Criaram uma variante do cristianismo puritano. E como elementos, práticas e sistemas simbólicos de origem nitidamente africana inexistem na sociedade norte-americana, também inexistem na criação estética desta mesma sociedade. Dessa perspectiva, a cultura norte-americana pode ser resumida em poucas palavras: nunca ninguém fez nenhum “despacho” na cabana de Pai Tomás. O que vemos no Brasil é justamente o contrário disso. Faço o contraponto para mostrar as enormes diferenças que existem entre as experiências históricas e sociais do povo brasileiro e as do povo norte-americano, com a sua rígida separação entre um mundo cultural branco e um mundo cultural negro, coisas que são fundamentais, mas que nossos atuais racialistas político-acadêmicos não levam em consideração. Se o que aconteceu nos EUA tivesse acontecido também no Brasil, em Cuba e no Haiti, não teríamos hoje sequer vestígios de deuses africanos em toda a massa continental das Américas. Teria sido melhor assim? Não creio.

    P: Você se esforça para mostrar que essa influência negra não deve ser tratada só como um elemento de formação, como um aspecto importante do passado, mas também como algo presente, e ainda, como algo que diz respeito ao futuro de nossa cultura. Que exemplos você poderia oferecer da vitalidade da tradição negra? Onde e por quem ela é anulada, e onde consegue não só sobreviver, mas se fortalecer?

    R: O ponto principal é que signos culturais de origem africana fazem parte de nosso presente social e cultural. Impregnam e imantam a nossa ambiência. Por isso mesmo, não comparecem, na criação estética brasileira, como dados arqueológicos ou como relíquias salvas de um naufrágio. Pelo contrário: aparecem como produtos concretos da vivência pessoal de nossos criadores (muitos deles, negromestiços) ou, pelo menos, como coisas que existem objetivamente à sua volta. Veja a criação plástica de Rubem Valentim, que é uma espécie de Mondrian dos terreiros, a um só tempo ancestral e construtivista. Veja a obra de alguns criadores do cinema novo, a produção poético-musical de Caetano Veloso, a literatura brasileira, onde Iansã pode irromper até mesmo nas Galáxias de Haroldo de Campos. O fato é que temos a presença ancestral da África na arte brasileira de invenção. Quanto à segunda pergunta, vejo um quadro complicado. Se o candomblé se fortaleceu em meio às elites, está se enfraquecendo em âmbito popular. As massas negromestiças brasileiras estão abandonando os terreiros e aderindo às igrejas neopentecostais, que se utilizam, diabolicamente, de crenças populares e de práticas das religiões negras, como a técnica do transe. Não quero fazer profecias, mas acho que estamos caminhando para a formação de um neocandomblé, não só em São Paulo, mas também na Bahia. Um neocandomblé que se configura a partir da presença, nos terreiros, de pessoas das mais diversas cores, classes e formações culturais.

    P: Apesar do prestígio do futebol brasileiro, o futebol continua a ser um tema recalcado em nossa cultura. Você não se esquiva dele e mostra como, apesar de ser um esporte da elite inglesa, ele logo sofreu entre nós uma sábia apropriação popular. Mostra, ainda, como a expansão do futebol afetou o crescimento do rádio e da imprensa brasileira, como ele se tornou produto de exportação e como fomentou uma indústria. Mas como, apesar disso tudo, nunca perdeu a liberdade e a criatividade. Em que medida a recriação ou reinvenção do futebol pelo povo brasileiro ainda é desprezada e por que? Que fatores levaram, entre nós, a uma valorização estética do futebol, a ponto de ele se tornar um “futebol-arte”? Você chega a dizer que o futebol brasileiro é “filho do barroco” – o que isso significa exatamente?

    R: Não acredito que haja desprezo, hoje, por essa proeza popular de recriação ou reinvenção de um esporte inglês. Dos tempos de Mario Filho e Nelson Rodrigues para cá, cresceu e muito, por sinal, a legião dos que examinam, estudam e buscam entender a escola brasileira de futebol. E não vejo como situá-la fora da matriz barroca que está na base mesma de nossa formação e vem marcando há séculos, de uma ponta a outra, tanto em plano “erudito” quanto no “popular”, a criação cultural brasileira, da arquitetura ao desfile das escolas de samba. Visões do barroco como arte do excesso, como criação lúdica e sensual, como artesanato feito para enfeitiçar os sentidos definem perfeitamente o futebol brasileiro, da folha seca de Didi ao lance desconcertante de Ronaldinho Gaúcho, ou da bicicleta de Leônidas às pedaladas de Robinho, passando pelo deus Pelé. É o gosto pela curva, pelo floreio, pelo efeito, pela voluta, pela estetização extrema de cada jogada, pela surpresa. O povo brasileiro reinventou o futebol com a inteligência corporal específica de sua formação etnocultural. Na base, o samba e a capoeira. O ritmo e a malandragem. Não é por acaso que usamos uma mesma palavra – e de origem africana: ginga – para falar de sinuosos movimentos corporais de sambistas, capoeiristas e jogadores. E esta recriação se deu em horizonte barroco. É por isso que, acompanhando alguns estudiosos, chego a falar, sinteticamente, de uma escola barroco-mestiça de futebol.

    P: Que marcas a escravidão, e também o movimento abolicionista que a enfrentou, deixam, ainda hoje, na cultura negra brasileira? Em que medida esses não são apenas eventos do passado, mas marcas que ainda hoje se disseminam, com força, na vida brasileira? Como se comportam, hoje, nossos movimentos negros em relação a esse passado que se perpetua no presente?

    R: Raramente nos lembramos de que durante séculos, no Brasil, ninguém foi contra a escravidão em si. Os tupinambás praticavam a escravidão, assim como os portugueses e os africanos. Quando um determinado grupo negro se rebelava contra a sua situação, travava uma luta específica: queria se libertar do seu cativeiro, mas não hesitaria em escravizar outros grupos. Havia escravos em Palmares. E os negros malês, que se sublevaram em 1835, pretendiam escravizar os mulatos. Ou seja: do século 16 ao século 19, fomos todos escravistas. Foi com o movimento abolicionista que, pela primeira vez em nossa história, a escravidão como sistema foi colocada em questão. E, também pela primeira vez, formou-se uma ampla aliança de classes e cores, em função do combate ao sistema. Negros – livres e escravos – participaram ativamente do processo. Nesse sentido, o 13 de Maio (ainda hoje, apesar de tudo, a nossa maior revolução social) foi, também, uma vitória negromestiça. E penso que nossos atuais movimentos negros não deveriam estigmatizar a data, desprezando a longa e dura luta vitoriosa de seus antepassados. O problema é que as nossas elites impediram a realização completa do projeto abolicionista, que visava à integração final do negro na sociedade brasileira. Não promoveram as reformas moral, educacional e agrária que eram reivindicadas pelas lideranças abolicionistas. Nabuco dizia que acabar com a escravidão não bastava: era preciso liquidar todos os vestígios do regime. E isto não foi feito. É por isso que a maioria dos negromestiços vive ainda no subsolo da sociedade brasileira. E que ainda estamos lutando para completar a obra apenas iniciada pela Abolição. O que não acredito, ao contrário dos movimentos negros, é que a luta tenha de se dar, necessariamente, por linhas étnicas rígidas. Pela adoção do modelo racial norte-americano. Temos de pensar o Brasil por nossa própria conta e risco – ou os equívocos continuarão se sucedendo vertiginosamente. É mais difícil, mas, certamente, menos enganoso e falsificador.

    P: Você trata da existência de uma “nova história oficial brasileira”, que se distingue da velha história oficial, que era tramada na perspectiva dos colonizadores. Você chega a dizer que ela é “uma espécie de contra-história brasileira”. Como ela se define? Em que medida ela construiu novos dogmatismos e novos clichês? Que aspectos e contradições de nossa história essa “contra-história”, formulada nos anos 70, tratou, ela também, de dissimular e esquecer? Em que medida ela apenas substituiu mitos antigos por mitos novos?

    R: Existe a velha história oficial do Brasil, que se institucionalizou a partir da obra de Varnhagen e da criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. E existe a nova história oficial do Brasil, que nasceu na década de 1970, invertendo os sinais algébricos da “velha”, e se institucionalizou mais recentemente, gravando-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Falo de “contra-história” porque ela pouco mais é do que uma inversão de sua antecessora. Se a “velha história” celebrava a colonização lusitana, a “nova história” celebra irrestritamente negros e índios, condenando o colonizador português ao fogo do inferno. De uma parte, ela é a história do índio eco-feliz e do negro gloriosamente empenhado na luta por sua liberdade. De outra, é a história do colonizador branco como um animal invariavelmente estuprador e assassino. De um maniqueísmo absoluto, reduz a história do Brasil, que é altamente complexa, a um filme de bandido e mocinho, idealizando os dominados e caricaturando os dominadores. Daí que passe bem ao largo de coisas como o caráter essencialmente agressivo e belicoso da cultura tupinambá ou do fato de que os nagôs vieram parar aqui porque foram vendidos aos brasileiros pelos reis do Daomé. Enfim, é uma história de povos-anjos e povos-demônios, que converte os nossos antepassados em fantasias a-históricas. E, assim, não faz mais do que substituir mitos antigos por mitos novos – ou mentiras surradas por mentiras recentes. Se quisermos de fato nos conhecer, temos de superar esse primarismo “rousseauniano”, feito sob medida para debutantes mentais.

    P: Contrariando a idéia dominante, você faz em seu livro uma aproximação estreita entre o Brasil e Cuba. O fio de ligação principal é a santería, a religião dos orixás, e, em particular, a figura de Exu. A maior parte dos brasileiros tende a ver Cuba como um país atrasado, parado no tempo, e imobilizado sob o peso de um regime de exceção. Que elos secretos, ainda assim, seriam esses que nos unem a Cuba?

    R: O traço de união entre o Brasil e Cuba é a África. Em termos históricos, genéticos e culturais. Costumo dizer que Cuba foi uma Bahia tardia e, ao mesmo tempo, mais avançada. Mais tardia porque o apogeu da economia açucareira cubana aconteceu no século 19, quando os canaviais baianos se encaminhavam para a decadência final. Mais avançada porque o que se implantou lá foi um parque açucareiro moderno, efeito e causa da chamada “revolução agrícola” cubana. Nessa época, as populações negras do Brasil e de Cuba experimentaram uma mudança notável. Os bantos estavam desde o início em ambos os lugares. Mas a revolução agrícola em Cuba e o estabelecimento de nexos comerciais diretos entre o Brasil e o golfo do Benim, na África, trazem para os nossos países levas e mais levas de iorubanos – chamados “nagôs” no Brasil e “lucumís”, em Cuba. E os iorubanos vão marcar profundamente e para sempre as duas regiões, irmanando-as. Isto é muito claro no campo da produção cultural. Uma antropologia das formas estéticas no Novo Mundo mostra com clareza a presença africana, sobretudo banto e nagô (ou lucumí), nas criações brasileiras e cubanas. Antes que “hacienda” de Fidel Castro, Cuba é, mais profundamente, terra de Iemanjá e Xangô. Como a Bahia.

    P: Como você se sente e se vê no cenário cultural brasileiro de hoje? Quais são seus principais interlocutores e quais são os principais obstáculos que enfrenta? Quais são, a propósito, seus novos projetos de livros?

    R: No campo específico da discussão das relações sócio-raciais no Brasil, hoje, minha sensação é de isolamento. De uma certa solidão política e intelectual. Por um lado, o que temos é a velha conversa de que não existe racismo no Brasil. Por outro, o que predomina é o racialismo político-acadêmico, a militância neonegra, lendo o Brasil com lentes norte-americanas. Ou seja: por um lado, o clichê insustentável; por outro, a alienação universitária e o capachismo ideológico. Nesse último caso, não se trata de combater “idéias fora do lugar”, mas de lembrar que as concepções raciais norte-americanas não são conceitos, categorias universais, mas noções “nativas”, indestacáveis da experiência histórica dos EUA, que procuram injetá-las em nosso meio através de suas instituições e financiamentos de pesquisas. Além disso, o poder se comporta com excessiva reverência diante do discurso racialista. E é ignorante, como Lula pedindo perdão no Senegal. Quem tem de pedir perdão aos povos africanos, pela escravidão, são as elites africanas, que participaram ativa e lucrativamente do tráfico de escravos. Como se não bastasse, há uma certa covardia dos intelectuais, que temem contrariar os movimentos negros e serem classificados como racistas. O clima, enfim, é de inibição do debate. Fico, então, com as exceções. Com a paixão da troca clara e honesta de idéias. E, portanto, com poucos interlocutores, a exemplo de Peter Fry, Eduardo Giannetti, João Santana e Caetano Veloso. Quanto a novos livros, não sei. Tenho escrito muito sobre a cidade no Brasil. Mas, no momento, quero que venha à luz este novo, “A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros”.

    Notícia postada em:  Nov de 2007

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    ainda em função do lançamento de A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros.

    Como você se sente e se vê no cenário cultural brasileiro de hoje? Quais são seus principais interlocutores e quais são os principais obstáculos que enfrenta? Quais são, a propósito, seus novos projetos de livros?
    No campo específico da discussão das relações sócio-raciais no Brasil, hoje, minha sensação é de isolamento. De uma certa solidão política e intelectual. Por um lado, o que temos é a velha conversa de que não existe racismo no Brasil. Por outro, o que predomina é o racialismo político-acadêmico, a militância neonegra, lendo o Brasil com lentes norte-americanas. Ou seja: por um lado, o clichê insustentável; por outro, a alienação universitária e o capachismo ideológico. Nesse último caso, não se trata de combater “idéias fora do lugar”, mas de lembrar que as concepções raciais norte-americanas não são conceitos, categorias universais, mas noções “nativas”, indestacáveis da experiência histórica dos EUA, que procuram injetá-las em nosso meio através de suas instituições e financiamentos de pesquisas.
    Além disso, o poder se comporta com excessiva reverência diante do discurso racialista. E é ignorante, como Lula pedindo perdão no Senegal. Quem tem de pedir perdão aos povos africanos, pela escravidão, são as elites africanas, que participaram ativa e lucrativamente do tráfico de escravos. Como se não bastasse, há uma certa covardia dos intelectuais, que temem contrariar os movimentos negros e serem classificados como racistas. O clima, enfim, é de inibição do debate. Fico, então, com as exceções. Com a paixão da troca clara e honesta de idéias. E, portanto, com poucos interlocutores, a exemplo de Peter Fry, Eduardo Giannetti, João Santana e Caetano Veloso. Quanto a novos livros, não sei. Tenho escrito muito sobre a cidade no Brasil. Mas, no momento, quero que venha à luz este novo, “A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros”.

    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2056760-EI6608,00-Uma+entrevista+parte+II.html

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    No livro o senhor condena o movimento negro universitário brasileiro que adota o modelo de raças importado dos Estados Unidos. Por obra do acaso, na semana passada esbarrei com o seu livro “Avant-Garde na Bahia” em um sebo. E comecei a lê-lo simultaneamente com o seu novo livro. Nos dois livros fica bastante claro que o senhor tem uma visão muito crítica da intelectualidade brasileira (sempre colonizada e deslumbrada com modelos estrangeiros). Pergunto: fazendo uma comparação entre aquele período do livro que conta a história do reitor Edgard Santos e agora, o Brasil é hoje um país mais “colonizado”?
    Não sei, é difícil responder, mas talvez sim. No mundo universitário, certamente. Mas temos de fazer uma distinção. Uma coisa é a assimilação de conceitos e teses universais, outra coisa é a mera cópia de idéias e modelos. O primeiro processo é necessário, enriquecedor. O segundo é que nos conduz aos mais diversos graus e tipos de alienação. Ao capachismo cultural e ideológico. E a verdade é que, com Gilberto Freyre, Sérgio Buarque, Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes alcançamos um patamar de reflexão brasileira que hoje parece perdido, especialmente com os subjetivismos reacionários, alheios ao movimento real da vida e do mundo, que encontramos em certos meios “pós-modernos”.

    Depois da leitura do seu livro, fiquei com a impressão de que o pensamento politicamente correto incomoda o senhor. É verdade?

    Não, não incomoda. Me divirto com suas cretinices e construções estapafúrdias. Com suas contradições hilárias, como no caso de negromestiços condenando o uso de palavras como bozó e macumba, sem saber que são vocábulos de origem africana, palavras bantas. Tenho amigos homossexuais que se definem tranquilamente como veados, mas aí vêm os comissários do politicamente correto combater isso. Alguns pretos dizem que a palavra preto, quando empregada para designar uma pessoa preta, é pejorativa. No entanto, esses mesmos pretos se tratam como “blacks”. Quer dizer, em português não pode, mas em inglês pode? É um besteirol sem limites. E como é mesmo que agora vocês aí em Minas Gerais vão chamar o Aleijadinho, que, aliás, era um descendente de escravos que tinha escravos?
    O que não devemos admitir é que esses imbecis do “politicamente correto” (“political correctness” é a expressão original, que eles copiaram) queiram mutilar a língua portuguesa mestiça do Brasil, em nome de um modismo tão passageiro quanto supérfluo.

    Tem recebido muitos ataques depois que publicou o livro? Como o movimento negro recebeu a sua obra?
     

    Não, nenhum ataque. Público, ao menos. Até agora, só elogios, mesmo que com algumas restrições críticas. A começar pelo Eduardo Gianetti, que escreveu a apresentação do livro. Mas também com artigos de Demétrio Magnoli, Idelber Avelar, Antonio Paim. E não faço a menor idéia de como os movimentos negros estão recebendo o livro. Mas tenho a mais absoluta certeza de que ele será ou já está sendo detestado pelos ideólogos acadêmicos do racialismo neonegro. Afinal, me choco de frente com eles, denunciando suas falácias, maniqueísmos, fantasias e mistificações.

    Gilberto Freyre é um autor que o senhor cita em vários momentos na sua obra. Gostaria que o senhor contasse o que pensa da recepção da obra de Freyre dentro do movimento negro. O que está vivo e o que está morto na obra dele?
     

    Freyre é um autor fundamental para a compreensão do Brasil. E é claro que não é preciso concordar “in totum” com suas idéias. Acho que o pessoal do movimento negro, em boa parte, cultiva uma recusa sem conhecimento do que Freyre fez. Não lê seus livros. Foi ensinado a vê-lo como um inimigo e ponto final. É uma pena. Como dizia Leonardo da Vinci, nada se pode amar ou odiar, se primeiro não temos conhecimento do que se trata. E é bom não esquecer de que foi Freyre quem, com Casa-Grande & Senzala, detonou o chamado “racismo científico” que dominou por décadas o pensamento brasileiro, de Euclides da Cunha a Paulo Prado e outros. E isso no momento mesmo em que o nazismo ia tomando conta da Europa.
    O que Freyre nos ensina é que, para entender o Brasil, não podemos ficar só no alpendre. É preciso conhecer o canavial. Conhecer a casa-grande e a senzala, os atos técnicos e as criações simbólicas das elites e das populações excluídas das favelas e dos bairros periféricos. E isso abertamente, fazendo o possível e o impossível para superar preconceitos. Se sua visão da mestiçagem era senhorial, não devemos, ao combatê-la, fazer de conta que a mestiçagem não existe. Nem baixar um decreto ideológico histórica e sociologicamente absurdo, eliminando o mestiço e afirmando que no Brasil só existem negros e brancos. Porque isto é uma falsificação grosseira da realidade em que vivemos.

    Por fim: em um país com a pior distribuição de renda do planeta, onde a elite não parece disposta a ceder sequer um milímetro, sua proposta de abolição da herança não lhe parece uma proposta muito utópica?
     

    A idéia não é minha. Faz parte do ideário que se produziu ao longo da história do pensamento socialista. Você pode chamá-la de utópica, sim, mas no sentido em que podemos falar de “utopias realistas”, com Pierre Bourdieu e Russell Jacoby. Acredito, como Roberto Mangabeira de What Should the Left Propose? (livro, aliás, que acabei de traduzir), que a esquerda tem de ir além do neoliberalismo e da social-democracia. Tem de construir, em seus lineamentos gerais, um novo projeto de civilização. Com teses definidas contra o modelo norte-americano de globalização, com políticas próprias para o mercado, com propostas de novas formas de trabalho, contrato e propriedade.
    A abolição gradativa do instituto da herança é uma proposição que deve ser vista nesse contexto maior. E isso tudo não vai acontecer de uma hora para outra. O que não podemos é abrir mão do projeto de transformação social, política e cultural do país. Desenhando, para isso, um horizonte de mudanças de longo prazo.

     

    Antonio Risério é poeta e antropólogo.

     

    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2696371-EI6608,00-Uma+entrevista+um.html

     

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