Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados.

Luis Nassif

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  1. 60 anos sem Frida Kahlo

                                              

    Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón1 (Coyoacán, 6 de julho de 1907 — Coyoacán, 13 de julho de 1954)

    Frida Kahlo: uma vida, por Marli Miranda Bastos e Maria Anita Carneiro Ribeiro

    Magdalena Carmem Frida Kahlo Calderón, nasceu em Coyoacán, México, no dia 6 de julho de 1907, em sua casa, chamada por ela de Casa Azul, hoje Museu Frida Kahlo. Nesta mesma casa, construída em 1904 por seus pais, aconteceram três fatos importantes: seu nascimento, seu casamento e sua morte. Veio a falecer em 13 de julho de 1954.

    Frida Kahlo é a terceira das quatro filhas do casal Wilhelm Kahlo, posteriormente Guillermo Kahlo e Matilde Calderón y González. Suas irmãs são: Matilde, Adriana, Cristina. Após o nascimento de Adriana, nasceu um menino que morreu poucos dias após seu nascimento, de pneumonia.

    Guillermo Kahlo, filho de Jakob Kahlo que era joalheiro e comerciante de artigos fotográficos,nasceu em Baden-Baden, judeu, fotógrafo profissional, emigrou para o México, aos 19 anos. Foi considerado o “primeiro fotógrafo oficial do patrimônio cultural do México”.  Ele é descrito como um homem culto e em seu estúdio fotográfico havia uma pequena biblioteca, selecionada com muita atenção. Cultivava o hábito de sentar-se ao piano e tocar Beethoven e Johann Strauss.

    Ele não cultivava uma relação íntima com as filhas; só era atento à sua preferida, Frida. Quando ela teve idade suficiente, seu pai a fez participar de seu interesse na arqueologia e na arte do México. Ele a ensinou também a usar a máquina fotográfica, a revelar, retocar e colorir fotografias, experiências estas, que viriam a ser muito úteis, para a sua carreira de pintora.

    Matilde Calderón y González, nascida em Oaxaca, era cristã e dona de casa. Parecia manter uma relação enérgica com as filhas, transmitiu-lhe a fé religiosa, que era muito significativa para ela. Kahlo descreve sua mãe como sendo muito bondosa, ativa e inteligente, mas também calculista, cruel e fanaticamente religiosa.

    Aos 6 anos de idade Frida viu seu corpo de menina ser invadido por uma doença, poliomielite, que deixando sequelas, a fez vítima de uma perna fina e um pé atrofiado. Seu pai durante nove meses dedicou-lhe muito amor e empenho para que ela se curasse. Seguindo a orientação médica colocou-a para praticar esportes. Ela praticou vários tipos de esportes, a maioria deles considerada masculinos (futebol, boxe, luta), tornou-se campeã em natação e também andava de bicicleta, como forma de exercício.

    Aos 13 anos, fazia parte da juventude comunista. A Revolução Mexicana procurou implantar mudanças fundamentais na estrutura social do país. Sua identificação com a Revolução Mexicana (1910-1920) foi tão forte que ela dizia ter nascido em 1910. Assim como ela, o México estava num momento de reconstrução de sua identidade. 

    Frida Kahlo estava em plena adolescência, se vestia com roupas masculinas, apoiava-se numa bengala, usava botas para esconder a perna fina e o pé atrofiado. Neste período trabalhou como aprendiz da arte de retocar gravuras e fotografias. 

    Num dia de setembro, aos 18 anos, sua vida teve uma mudança radical. Quando voltava da escola, acompanhada do namorado, foi vítima de um acidente ocorrido numa colisão entre um bonde elétrico e o ônibus em que seguia da escola para casa, no qual ficou gravemente ferida, deixando-a internada durante um mês, mais três meses seguidos na cama em casa e ainda várias internações no decorrer de sua vida. Neste acidente, sua coluna vertebral se rompeu em três lugares na região lombar, fraturou a clavícula e a terceira e quarta costelas. Teve um ferro atravessado na altura do abdome e sua pélvis, que foi quebrada em três lugares, entrou pelo lado esquerdo e saiu pela vagina. Este ferro foi tirado à força.

    De volta para casa ficou em convalescença durante meses, perdeu o contato com o namorado e alguns dos colegas de juventude. Foi nesta época que Kahlo começou a pintar.

    Produz então seu primeiro auto-retrato – Auto retrato com vestido de veludo (1926)

                             

    A retomada dos estudos também ficou prejudicada. Decide então procurar Diego Rivera para avaliar seu trabalho e foi com sua aprovação que ela se dedicou à pintura.

    Durante os quase trinta anos vividos após o acidente, Kahlo teve uma vida coroada por êxitos e dor tanto física, quanto psíquica, uma carreira artística brilhante, casou com o homem que ela escolheu, participou ativamente na política de seu país. Foi professora de pintura. Conquistou vários homens e mulheres, fez belas amizades que duraram toda a sua vida. Tirou seu sustento de seu trabalho. Sua obra foi reconhecida internacionalmente, tanto sua pintura, quanto sua escrita. Firmou seu nome como a grande artista mexicana do século XIX, como dizem os vários biógrafos que escreveram sobre sua vida e obra – uma pintora de direito próprio.

    Texto completo aqui 

    Leia mais em: 

    Wikipédia

    60 anos após sua morte, Frida Kahlo se renova como mito

    O affair entre Trotsky e Frida Kahlo

    Exposição Frida Kahlo – suas fotografias … e seu diário

    O vermelho de Frida Kahlo, por Hudson Eygo

    El Baño de Frida Kahlo, por Graciela Iturbide e Mario Bellatin

    O diário de Frida Kahlo: um autorretrato íntimo 

    Diego & Frida, por J.M.G. Le Clézio

    Frida Kahlo para além da pintora, por Marli Bastos

    Frida Kahlo e Diego Rivera – a arte em fusão, por Jota A. Botelho

    Frida Kahlo: pinto a minha realidade, por Christina Burrus 

    Frida Kahlo: suas fotos

    Os manuscritos apaixonados de Frida Kahlo para Diego Rivera 

    [Re]leituras de Frida Kahlo: por uma ética estética da diversidade machucada, por Edla Eggert 

    O segredo de Frida Kahlo, por Francisco Haghenbeck

    Os vestidos de Frida, por Christine Ferreira Azzi

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=UtGkx4k0mxU%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=45Z0keLaGhQ%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=RfLTQWUseM4%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=GJK3XPax2Fg%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=G8IPH0i7fqU%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=8ZZC5XBO_WQ%5D

    Trilha sonora do filme Frida

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=4UFkAA1J70Q%5D

    Filme Frida

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=pFNILQasQ5o%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=-WcTMnc8gJg%5D

             

                                                 

                                               

            

                                                       

  2. Uma das coisas mais chatas,

    Uma das coisas mais chatas, infame, nesta Copa foi a imposisão da FIFA de alterar a tradição dos uniformes das seleções: ridículo o Brasil jogar a semi com o uniforme Ovo Frito contra o Esporte Recife da Alemanha. O uniforme da Alemanha é camisa branca e calção preto. Hoje foi a mesma coisa, Holanda de Azul (!?!?) contra o ovo frito. A farda tradicional dos guerreiros da canarinho é camisa amarela e calção azul, como o uniforme da Holanda é camisa laranja e calção branco. Esteticamente hoje seria bem melhor coloridamente ver o duelo de 74.

    Espero que na final de amanhã, tanto Alemanha e Argentina entrem com seus uniformes tradicionais, Argentina, camisa do Paisandu e calção preto, e a Alemanha com a tradicional camisa branca e calção preto.

    Dois calções pretos vai confundir? pode confundir a mende do ladrões da FIFA…

     

  3. Cadê aquele povo que defende

    Cadê aquele povo que defende presos políticos?

    http://oglobo.globo.com/rio/presa-em-porto-alegre-sininho-negociou-por-telefone-compra-de-fogos-de-artificio-13233468?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo

    Não estou defendendo de forma nenhuma os blacs bloc, isso não faz parte do que eu acredito, é contra a minha natureza, mas eu acho quem defendeu o Japinha black bloc de SP tem a obrigação de defender a Sininho. Ou não?

     

  4. Sobre cigarras e formigas

    A coisa começou a desandar quando ganhamos a copa de 94 jogando um futebol horroroso. Aí começou essa história de jogar pelo resultado. Que futebol bonito não ganha jogo. Que empate é um bom resultado…

    Quem acabou com o futebol brasileiro não foram os técnicos retranqueiros, os volantes grosseiros ou os centro-avantes caneludos, mas “bom cabeceadores”. Não foi “o nosso atraso”, a nossa “incapacidade de enxergar e planejar”. Não foram os empresários, nem a lei Pelé.

    Nosso futebol não morreu agora, não foi um ataque do coração, um infarto fulminante. Ele foi morrendo devagarinho. Veio murchando de 82 pra cá, copa por copa. E que ninguém se engane com 94, nem com 98, nem com 2002.

    A culpa não é do Felipão, do Fred, do Zuñiga ou da CBF. Do Ronaldo, da Globo ou do Galvão. Dos clubes transformados em feudos, da corrupção, do governo ou da corrupção no governo.

    A culpa é dessa imensa maioria que acha que, tanto no futebol, quanto na vida, o que interessa é ganhar a qualquer preço. Custe o que custar.

    Fomos nós e os nossos valores que foderam com tudo.

    Porque afinal, no fundo, não se trata de futebol. O futebol em si, é só um bando de carinhas correndo atrás de uma bola. O que importa é o simbolismo. Alguém acha que Argentina vs Inglaterra na copa de 86, 4 anos após a guerra das Malvinas era apenas futebol? E França vs Alemanha em 58? Ou Alemanha Oriental vs Alemanha Ocidental em 74?

    O que se vê ali no gramado é o nosso retrato. Por isso nos identificamos. E não há nada mais parecido com o que o Brasil se tornou do que essa seleção. Meio insípidos, meio falsos, meio hipócritas, meio indiferentes, meio vazios. Meio sem graça. Bobos. Mas ricos.

    Amanhã vai ser um dia desagradável. Mais uma vez vamos nos defrontar com os malditos símbolos. De um lado a Alemanha e o símbolo de um povo que faz tudo certo. Que não erra, que não perde o foco. Um povo que para, pensa, avalia, planeja e executa. Trabalha e treina em busca da perfeição. Sempre. Se não consegue uma vez, continua até conseguir. A Alemanha simboliza tudo o que gostaríamos de ser. Ordem e progresso. Nas últimas 72 horas li uma enxurrada de informações que não deixam dúvidas. Os alemães são um povo do cacete.

    Do outro lado, temos a Argentina. Quando nos referimos ao grupo, à seleção no atacado – ou seja quando não falamos da genialidade de um ou outro jogador – é sempre para falar da “catimba argentina”. Catimbeiros. Ou seja, folgados. Ou seja, malandros. Desonestos. Dão sempre a impressão de ganhar meio sem mérito, um pouco na sorte, um pouco na pressão, na malandragem, no improviso. De certa forma, simbolizam um povo que faz tudo errado. Como nós.

    Nas últimas 72 horas li inúmeros exemplos que confrontam a nossa incompetência à eficiência alemã. No futebol e na vida. Escolas, hospitais, estradas, impostos, políticos, tudo. A gente não dá uma dentro. Eles não dão uma fora.

    Amanhã teremos que escolher um lado. E pelo que estou vendo, a imensa maioria dos brasileiros escolheu o lado da seleção que simboliza o povo que faz tudo certo. Que é tudo o que a gente gostaria de ser. E que tem muito a nos ensinar.

    Lamento informar. Mas nós não temos nada a aprender com os alemães. Nada do que funciona lá funcionaria aqui. Nada. Por um motivo simples. A Alemanha é um país de formigas, nós somos um país de cigarras.

    Se há alguma lição a ser aprendida amanhã, essa lição virá da seleção que simboliza o povo que faz tudo errado. Mas que tem essa irritante mania de gostar de si mesmo.

    De minha parte, já escolhi um lado. Apesar de muito simpatizar com as formigas, argentinos também são cigarras. Como nós. Como eu.

    Avante, hermanos!

     

  5. Governadores que ficaram mais pobres

    Para disputar um segundo mandato, a ocorrer neste ano, candidatos tiveram de apresentar nova declaração de bens. A Folha notou nas declarações de alguns que eles ficaram mais pobres. Nenhum governador do PSDB empobreceu.

    Do PT foram 3;

    do PMDB, 2;

    do PSB, 2;

    do PSD, 1.

    No resumo da reportagem mostrado em

    http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/confucio-e-um-dos-governadores-que-empobreceram-durante-o-mandato-diz-folha,72969.shtml

    a lista dos empobrecidos é esta:

    Veja abaixo a lista completa de governadores que “empobreceram”:

    Rondônia: Confúcio Moura (PMDB) – de R$ 8,5 milhões para R$ 6,5 milhões

    Santa Catarina: Raimundo Colombo (PSD) – de R$ 1,8 milhão para R$ 1,4 milhão

    Distrito Federal: Agnelo Queiroz (PT) – de R$ 1,1 milhão para R$ 906 mil

    Rio Grande do Sul: Tarso Genro (PT) – de R$ 2,9 milhões para R$ 2,7 milhões

    Roraima: Chico Rodrigues (PSB) – de R$ 1,9 milhão para R$ 1,7 milhão

    Acre: Tião Viana (PT) – de R$ 551 mil para R$ 476 mil

    Rio de Janeiro: Luiz Fernando Pezão (PMDB): de R$ 271 mil para R$ 252 mil

    Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB): de 564 mil para R$ 555 mil

    Leia mais, no link

     

  6. Candidato cearense? Aécio fez ouvido de mercador

     

    Notícias sobre a politica no Ceará, Tasso Jereissati candidato ao Senado

    (No O POVO online de hoje, o que se encontra entre aspas)

    “Tasso afirma que tenta voltar ao Senado, dando palanque a Aécio Neves no Ceará, para opor resistência à perspectiva de hegemonia petista. Era dos mais destacados opositores a Lula. Ajudou a produzir-lhe uma derrota que o petista ainda remói: a derrubada, em 2007, da emenda que prorrogava a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)”.

    Na realidade o que o ex-senador Tasso queria era se candidatar a Vice na chapa do Aécio. O jornal O POVO, de Fortaleza, fez várias matérias onde o ex-senador se apresentava como uma alternativa à Vice na chapa do Aécio. Mas eu acho que o Aécio nem soube disso. É que o prestígio do ex-senador está tão baixo que é impossível enxergá-lo. E aí foi escolhido o Aloysio Ferreira Nunes, aquele que mandou um blogueiro sujo tomar naquele lugar (virou moda).

    Também, com um candidato cujo o único feito no senado foi o de ter contribuindo para acabar com a CPMF em 2007, o que o Sr. Tasso Jereissati acrescentaria à candidatura do Aécio? Nada, absolutamente nada.

    Para quem não se lembra, a CPMF era chamada também de imposto do cheque ou dos ricos. Com sua extinção,  uma montanha de dinheiro foi subtraída da saúde, a mesma saúde que o PSDB diz que está uma porcaria, mas contribuiu de forma decisiva para que chegássemos a esta situação. A CPMF servia também para combater a sonegação fiscal dos milionários que enviam suas fortunas excedentes para os paraísos fiscais existentes no mundo, onde não se paga nada de impostos e é mantido segredo absoluto sobre qualquer tipo de transação escabrosa.

    É preciso dizer mais alguma coisa?

     

     

     

     

  7. Humor e política sempre

    Humor e política sempre caminharam de mãos dadas no Brasil
     

    Tem gente que acha que humor não combina com política. Os sisudos de plantão deram mais uma bola fora: um dos objetivos do humor é fazer análises e críticas à sociedade e aos costumes de seu tempo. Logo, humor e política têm uma identificação mais do que natural.

    A mídia impressa, por exemplo,  tem espaço cativo há décadas para o humor irreverente – cartuns e tirinhas estampam as edições diárias de quase todos os jornais de grande circulação no país. Assim, é no mínimo estranho que veículos da imprensa tradicional questionem e julguem o Muda Mais justamente porque utilizamos o humor como linguagem – né, O Globo (link is external)?

    O Muda Mais adora o humor – porque somos de bem com a vida, temos um país cada vez melhor e muitas razões para comemorar. O humor é um dos caminhos que utilizamos para construir, junto com a militância, debates informativos e divertidos. Estamos sempre abertos ao diálogo, às comparações e à análise. Temos muito o que mostrar – inclusive o riso largo de quem teve sua vida revolucionada pelos 12 anos de povo no poder. 

    Repetimos aqui o que respondemos ao Globo: a gente se baseia em uma linguagem jovem, engajada, respeitosa e bem-humorada. E uma de nossas principais diretrizes é a disputa no campo político entre dois projetos de país, sem agressões pessoais ou infundadas a ninguém.

    E dizemos mais: vamos continuar a utilizar a ironia e a irreverência para promover o debate político, de uma forma limpa e honesta. Jamais publicamos ou publicaremos qualquer post – com ou sem humor – que se baseie em ataques pessoais, desrespeitosos, boatos ou mentiras.

    E para mostrar que não estamos inventando a roda ao casar humor e política, recuperamos a história do humor político (ou da política bem humorada?) desde o império brasileiro. O primeiro registro do uso de humor para fazer críticas políticas é a Revista  Illustrada, fundada em 1876 pelo italiano Angelo Agostini. Nas páginas da revista, foram discutidas grandes questões nacionais, como a violência contra o negro e o regime republicano e liberal.  

    No início do Século XX, surge a revista O Malho, que renovou a arte da charge e da ilustração em nossa imprensa. A publicação tinha viés político e a cultura e a crítica de costumes sempre estiveram ali presentes. Recebeu contribuições de Olavo Bilac, Arthur Azevedo, e Álvaro Moreyra, além dos desenhos de Nássara.

     

    Nas décadas de 1930 e 1940, o Brasil se divertia com o gaúcho Aparício Torelly, autointitulado Barão de Itararé, e seu jornal “A Manha”, que trazia as Máximas e Mínimas do Barão de Itararé, que até hoje são citadas.

    Na década de 1960, com a Ditadura Militar, Stanislaw Ponte Preta (codinome de Sérgio Porto), trazia pérolas da vida real, como as notícias da proibição do consumo de vodca numa cidade “para combater o comunismo”, ou que o Dops estava atrás de Sófocles para prendê-lo, pois sua obra era subversiva. E criou o Febeapá, o Festival de Besteiras que Assola o País.


    Chegamos à década de 1970, década do Pasquim. Uma publicação que falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, e foi se tornando mais politizado conforme ia aumentando a repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do AI-5. Fundado por Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral (o pai), contou com a colaboração de Henfil, Ziraldo e Millôr Fernandes. A entrevista com a atriz Leila Diniz (link is external) é tema de aulas nas faculdades de jornalismo até hoje.

    O Pasquim trazia as tirinhas da Graúna, personagem de Henfil que falava sobre problemas políticos no Nordeste do Brasil, e seus personagens eram a Graúna, o Bode Orelana e o nordestino Zeferino. Com sátiras e ironias, Henfil criticavao governo brasileiro. A Graúna era quem tinha bom senso no grupo. Seu desenho era feito de forma simples e ligeira: ela parecia um ponto de exclamação, do qual saíam duas perninhas e os grandes olhos.

    Na segunda metade dos anos 1980, o escárnio encontrou lugar nas páginas de O Planeta Diário e da Casseta Popular, que se fundiram numa só publicação. Seus criadores – Hubert, Reinaldo, Bussunda e Marcelo Madureira – viraram roteiristas de vários programas de humor na TV Globo.

    Atualmente, o Brasil se delicia com o trabalho de vários cartunistas e humoristas de vários tipos. Os gêmeos Paulo e Chico Caruso. Passaram pelos principais jornais e revistas do país. Atualmente, Paulo trabalha para a revista Época; Chico, para o jornal carioca O Globo.

     

    Na internet, pipocam humoristas de todos os tipos. O Porta dos Fundos (link is external) é um grupo de humor que fez sucesso internacional com vídeos que seguem batendo recordes de audiência no youtube. Suas críticas mordazes à política e aos costumes são famosas por trazer um novo tom ao humor, afastando-se do lugar comum, do preconceito e do jogo baixo.

    Claro que nem sempre o humor é utilizado de forma respeitosa e responsável. Já alertamos aqui para os diversos boatos e mentiras que se espalham na internet travestidos de humor. Isso sem contar no tanto de preconceito e discriminação que se disfarça de “brincadeira”. Esse tipo de humor fazemos questão de expor e desqualificar, divulgando a verdade.

    São estranhos os dias em que vivemos. Há quem não entenda ironias ou sarcasmos. E há quem não entenda que existe humor politizado, engajado e livre de ataques pessoais. Para esses, a gente recomenda: leiam mais o Muda Mais, e vamos ao debate!

    http://www.mudamais.com/daqui-pra-melhor/humor-e-politica-sempre-caminharam-de-maos-dadas-no-brasil

  8. Quem politiza o que

    Veja entrega o jogo e mostra quem é que politiza o futebol –

     

     

    Não tem a mínima importância o conteúdo da patética matéria de capa da edição da revista Veja que chegou às bancas em 12 de julho de 2014. Além de tal matéria não ser reportagem nem editorial, não se sustenta em nada além de torcida pura e simples dos donos da revista. Qual seja, torcida para que a oposição a Dilma Rousseff lucre eleitoralmente com as derrotas fragorosas da Seleção brasileira.

    Não que isso não possa ocorrer; não se pode prever reações de massas em comoção, e as duas derrotas sucessivas da equipe do técnico Felipão provocaram, no mínimo, comoção no país inteiro.

    Mas pode-se afirmar o que é racional e inquestionável: governante nenhum pode ser cobrado por uma derrota no futebol ou em qualquer outro esporte – presidentes da República, por exemplo, não nomeiam nem os técnicos nem quem os nomeia, e tampouco convocam ou treinam jogadores.

    Chega a ser uma sandice ter que explicar isso. Nunca se responsabilizou um presidente da República pelos resultados da Seleção brasileira. Ganhando ou vencendo, nunca responsabilizaram Fernando Collor, nunca responsabilizaram Itamar Franco, nunca responsabilizaram Fernando Henrique Cardoso e, por incrível que pareça, nem mesmo responsabilizaram Lula.

    Dilma, como qualquer presidente de qualquer país, apareceu em uma foto torcendo pela Seleção. Não há nada de demagógico nisso. Um presidente da República representa todos os brasileiros. Se ela não aparecesse torcendo pela Seleção em um evento desse porte em seu próprio país no mínimo seria acusada do oposto, de torcer contra. Nesse caso, a capa de Veja diria algo mais ou menos assim: “Será que ela torceu contra?”

    Neste ano, além de Dilma, muitos outros presidentes apareceram em fotos torcendo por suas seleções. E não foram “ditadorezinhos bolivarianos”, foram chefes de grandes nações.

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por exemplo, deixou-se fotografar assistindo o jogo da seleção norte-americana a bordo do Air Force One.

     

    A premiê alemã, Angela Merkel, posou incontáveis vezes com a seleção vitoriosa de seu país e tem aparecido frequentemente torcendo.

     

    Meu Deus!, o dodói da Veja, Fernando Henrique Cardoso, não diferiu de Dilma, de Merkel, de Obama.

     

     

    Agora, Veja foi tirar da foto de Dilma torcendo pela Seleção a tese de que ela, por isso, estaria politizando o futebol. É ridículo, é injusto e, pior, é um desrespeito com a sociedade, pois Veja é quem está usando politicamente o futebol, não Dilma. Porém, Veja acusa a presidente de fazer o que quem está fazendo é a revista, descaradamente.

    O que importa não é o conteúdo da matéria de capa da Veja desta semana, que ninguém vai ler exceto os psicóticos que compram aquela porcaria para se masturbarem politicamente com as próprias convicções. O que importa é a capa, a manchete. É por meio delas que a mídia brasileira joga sujo, através de ideias burras e prontas como essa, a de Dilma ser responsável pelo desempenho da Seleção

    Neste momento, nada mais resta além de torcer para que prevaleça o bom senso dos brasileiros. Se a torcida de Veja vingasse, este país passaria vergonha que não passou na organização da Copa e nem no desempenho da Seleção, pois uma foi ótima e o outro não é vergonha, já que “ganhar ou perder faz parte do jogo”. Se Veja triunfasse, posaríamos como um povo infantil, estúpido e injusto.

     

  9. Mudar o futebol brasileiro.

    Mudar o futebol brasileiro. Mas como?

    Trocar o treinador ou rifar jogadores promissores não vai resolver nada, a história mostra. É preciso ter calma para pensar caminhos que levem a uma mudança real, contra opositores como CBF e Globo

    Depois da tragédia das semifinais, os brasileiros acordaram com vontade de mudar o futebol do país. Tem quem queira mandar o técnico embora, fechar a CBF, banir os jogadores da seleção, quem parafraseie Muricy e ache que o que falta é trabalho, meu filho. E tem quem junte tudo isso numa revolta meio na linha “contra tudo isso aí”. Tudo isso é positivo, mas essa energia toda precisa ser direcionada para estratégias concretas.

    A sensação não é fato isolado no futebol brasileiro, guardadas, é claro, as devidas e históricas proporções do evento em pauta. Mas todos os grandes clubes já tiveram elencos e treinadores escorraçados após derrotas em clássicos, às vezes com violência. A invasão do CT do Corinthians no início do ano é um exemplo recente e eloquente: o time ganhou tudo de 2011 até o primeiro semestre de 2013. Bastou a eliminação do Paulistão no começo de 2014 – vencido no ano anterior, inclusive – para motivar a agressão de parte da torcida aos jogadores, causando uma debandada no elenco e apressando uma renovação que poderia ser feita com calma.

    Recordar essas histórias nesse momento é um pedido exatamente disso: calma. Os apelos por mudanças no futebol brasileiro decorrentes do atropelo sofrido frente à Alemanha são necessários e muito bem vindos. Mas também é preciso cautela. Não adianta dizer, como vi por aí, que esses jogadores nunca mais devem vestir a camisa da seleção. Tem que pensar em como construir o caminho para termos um futebol melhor. É necessário ter tranquilidade para diagnosticar problemas com clareza, traçar um plano que ataque estes pontos e nos faça andar na direção que desejamos – aliás, é preciso saber que direção é essa.

    E que fazer?

    Menos para palpitar e mais para exemplificar desafios, comecemos fora de campo. É razoável que qualquer mudança profunda passe por uma alteração na entidade que comanda o futebol brasileiro, desde a Série D até a seleção. A CBF precisa mudar, mas não é uma questão apenas de trocar o Marin pelo Del Nero, o Andres Sanches, o Ronaldo, como já foi aventado, ou seja lá quem for. É preciso pensar que modelo de gestão é o mais adequado, que tipo de campeonato queremos, como valorizar o jogo jogado em nossos campos.

    E é preciso também lembrar que a CBF não é como é por acaso. Tem uma história de interesses inconfessáveis por trás de tudo aquilo. E um deles nem precisa do confessionário para todo mundo conhecer: a Rede Globo. Mexer no futebol brasileiro é também comprar briga com a Vênus Platinada.

    Uma discussão desse porte precisa incluir todos os envolvidos no setor, de jogadores semiprofissionais a estrelas, de técnicos a cartolas, passando por torcedores. E precisa de estruturas e movimentos que mantenham essa discussão, para construir um plano de verdade. Temos sementes disso em movimentos como o Bom Senso FC (leiam aqui carta do zagueiro Paulo André, uma das lideranças do movimento). Que sejam aproveitadas e aprofundadas, incluindo os demais atores.

    Em campo, também não adianta trocar o Felipão pelo Tite, como não adiantou trocar o Mano pelo Felipão, ou o Dunga pelo Mano. Os problemas táticos da seleção passam sem dúvida pelo treinador de turno, mas refletem, arriscando aqui um pitaco diagnóstico, a cultura futebolística que se formou no país. Seja por medo de demissão – já que são o primeiro bode expiatório de toda derrota – ou por sei lá que cargas d’água, os técnicos brasileiros acostumaram-se a usar esquemas pra lá de defensivos. Como vamos recuperar o futebol-arte na seleção se nossos treinadores e jogadores não o praticam em seu cotidiano?

    E cabe uma outra pergunta: temos jogadores para sustentar um espetáculo do nível que já demos ao mundo, em 58, 70 ou 82? Já vi gente dizendo que os jogadores de ontem não deveriam nunca mais vestir a camisa da seleção – o que pode vir a se confirmar para muitos deles. Mas temos quem mesmo para colocar no lugar deles? Precisamos pensar em nossos clubes formadores, que parecem enfrentar problemas estruturais.

    O meio de campo da seleção brasileira, por exemplo, não foi aquele vazio por acaso. Para além dos erros de Felipão, nossos clubes deixaram de formar meias armadores: não temos nenhum jogador no setor que chegue perto da qualidade e da polivalência de um Toni Kroos, por exemplo, quando já tivemos Sócrates e Falcão no mesmo time. Mudar algo assim não é coisa simples, envolve os clubes de vários níveis, seus cartolas, seus técnicos de base.

    Enfim, circulando de volta ao início do argumento, como faz a bola entre os pés dos alemães, a mudança é necessária e urgente, mas não será feita do dia para a noite e precisará de muita persistência. Não será algo mágico, mas construído tijolo a tijolo, “desde el pie”, como disse o Eduardo Galeano. Explosões, reais ou metafóricas, têm maior poder de destruir do que de construir. Será certamente preciso dinamitar certas estruturas, práticas e mentalidades, mas tão importante quanto a disposição em fazê-lo é o discernimento de quais são esses alvos e do que queremos construir no lugar deles.

    http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/07/mudar-o-futebol-brasileiro-mas-como-7678.html

     

  10. Israel, Palestina e a

    Israel, Palestina e a estratégia do BDS

     

     

    O chamamento inicial do movimento do BDS por um grupo de intelectuais palestinos exigia que Israel cumprisse com os requisitos do Direito Internacional.

     

     

    Noam Chomsky

     

     Arquivo

     

    O sofrimento ocasionado pelas ações de Israel nos Territórios Ocupados causou séria preocupação, pelo menos entre alguns israelenses. Um dos mais francos tem sido, durante muitos anos, Gideon Levy, colunista do Haaretz, que escreve que “seria preciso condenar e castigar Israel por tornar a vida insuportável na ocupação, [e]pelo fato de que um país que afirma figurar entre as nações mais ilustradas continua abusando de todo um povo, noite e dia”.

    Sem dúvida, ele tem razão, e teria de acrescentar ainda: seria preciso também condenar e castigar os Estados Unidos por proporcionar decisivo apoio militar, econômico, diplomático e ideológico a esses crimes. À medida que continua fazendo isso, há poucas razões para esperar que Israel suavize suas brutais medidas políticas.

    Um distinto especialista acadêmico israelense, Zeev Sternhell, escreve, ao analisar a maré nacionalista reacionária de seu país, que “a ocupação continuará, a terra será confiscada de seus proprietários para ampliar os assentamentos, o Vale do Jordão será limpo dos árabes, a Jerusalém árabe acabará estrangulada pelos bairros judeus, e qualquer ato de roubo e insensatez que for útil para a expansão judia na cidade será bem recebido pela Corte Suprema de Justiça. Está aberto o caminho para a África do Sul e ele não será bloqueado até que o mundo ocidental apresente a Israel uma escolha inequívoca: ou põe fim à anexação e acaba com os assentamentos e o estado dos colonos ou o país se converterá em um pária”.

    Uma questão crucial está em saber se os Estados Unidos deixarão de socavar o consenso internacional, que está a favor de um acordo entre os dois estados, seguindo a fronteira internacionalmente reconhecida (a Linha Verde, estabelecida nos acordos de cessar fogo de 1949), dando garantias da “soberania, integridade territorial e independência política de todos os estados da zona e a seu direito de viver em paz dentro das fronteiras seguras e reconhecidas”. Assim está redigida a resolução submetida ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em janeiro de 1976 por Egito, Síria e Jordânia, apoiada pelos estados árabes… e vetada pelos EUA.

    Esta não foi a primeira vez que Washington bloqueou um acordo diplomático pacífico. O mérito é de Henry Kissinger, que apoiou a decisão de Israel de 1971 de rechaçar o acordo oferecido pelo presidente egípcio Anuar El Sadat, optando assim pela expansão em detrimento da segurança, caminho que, desde então, foi seguido por Israel com apoio norte-americano. Em várias ocasiões, a postura de Washington se torna quase cômica, como em fevereiro de 2011, quando a administração Obama vetou uma resolução das Nações Unidas que apoiava a política oficial norte-americana: oposição à expansão dos assentamentos de Israel — o que, em que pesem alguns murmúrios de desaprovação, ainda continua (também com apoio norte-americano).

    A questão não é a expansão do grande programa de assentamentos e infraestrutura (que inclui o muro de separação), mas sim a sua própria existência: tudo isso é ilegal, tal como determinou o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional. E é como é reconhecido praticamente pelo mundo inteiro, com exceção de Israel e dos Estados Unidos, desde a presidência de Ronald Reagan, que rebaixou o “ilegal” de categoria para convertê-lo em “obstáculo da paz”.

    Uma forma de castigar Israel por seus crimes atrozes foi aquela iniciada pelo grupo israelense pela paz Gush Shalom, em 1997: o boicote dos produtos dos assentamentos. Essas iniciativas se excederam consideravelmente desde então. Em junho, a Igreja Presbiteriana decidiu se desvincular de três multinacionais com sede nos EUA implicadas na ocupação. O êxito de maior alcance é a diretiva da polícia da União Europeia que proíbe financiar, cooperar, premiar pesquisas ou qualquer relação similar com qualquer entidade israelense que mantenha “laços diretos ou indiretos” com territórios ocupados, onde todos os assentamentos são ilegais, conforme reitera a declaração da EU. A Grã Bretanha já havia dado instruções pormenorizadas ao comércio para “distinguir entre bens que procedem de produtores palestinos e bens que têm sua origem em assentamentos ilegais israelenses”.
     
    Há quatro anos, a Human Rights Watch pediu a Israel que ajustasse “suas obrigações legais internacionais” de eliminar os assentamentos e por fim a suas “práticas abertamente discriminatórias” nos territórios ocupados. A HRW também pediu aos EUA para que suspendessem o financiamento de Israel “em uma medida equivalente aos custos do gasto de Israel em apoio aos assentamentos”, e verificassem que as isenções fiscais das contribuições a Israel “sejam congruentes com as obrigações norte-americanas de garantir o respeito ao Direito Internacional, incluindo a proibição de discriminar”.

    Houve muitas outras grandes iniciativas de boicote e corte de investimento nas últimas décadas, ocasionalmente – mas não o bastante – tratando do assunto crucial do apoio norte-americano aos crimes israelenses. No entanto, formou-se um movimento pelo BDS (que apela ao “Boicote, Desinvestimento e Sanções”) que cita frequentemente o modelo da África do Sul. Para sermos mais precisos, a abreviatura deveria ser “BD”, dado que as sanções, ou as sanções por parte dos estados, ainda não despontaram no horizonte, o que é uma das muitas diferenças significativas com a África do Sul.

    O chamamento inicial do movimento do BDS por parte de um grupo de intelectuais palestinos em 2005 exigia que Israel cumprisse com os requisitos do Direito internacional “(1) Pondo fim à sua ocupação e colonização de todas as terras árabes ocupadas em junho de 1967 e desmantelando o Muro; (2) Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em sua plena igualdade; e (3) Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados a voltar a seus lugares e propriedades, tal como estipula a Resolução 194 das Nações Unidas”.

    Essa chamada recebeu, e bem merecidamente, considerável atenção. Mas se o que nos preocupa é o destino das vítimas, o BD e outras táticas meditam e tratam cuidadosamente em termos de suas prováveis conseqüências. A busca do objetivo (1) da lista anterior tem sentido: tem um objetivo claro e facilmente compreendido pelo público do Ocidente, razão pela qual as muitas iniciativas guiadas por (1) tiveram bastante êxito – não só para “castigar” Israel, mas também para estimular outras formas de oposição à ocupação e ao apoio norte-americano à mesma.

    No entanto, este não é o caso do (3). Se existe um apoio quase universal ao (1), praticamente não há apoio significativo ao (3) para além do mesmo movimento do BDS. Tampouco o (3) é ditado pelo Direito internacional. O texto da Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas é condicional e, em qualquer caso, trata-se de uma recomendação, sem a força legal das resoluções do Conselho de Segurança, que são violadas regularmente por Israel. A insistência no (3) é uma garantia virtual de fracasso.

    A única esperança tênue para conseguir o (3) para além de uma cifra simbólica é que as mudanças a longo prazo conduzam a uma erosão das fronteiras imperiais impostas por França e Grã Bretanha após a I Guerra Mundial, o que, assim como acontece em fronteiras semelhantes, carece de legitimidade. Isso poderia levar a uma “solução sem Estado” – em minha opinião, a melhor e, no mundo real, não menos plausível do que a “solução de um só Estado”, que é discutida normalmente, mas de forma errada como alternativa ao consenso internacional.

    A defesa do (2) é mais ambígua. Existe a “proibição da discriminação” no Direito internacional, como observa a HRW. Mas perseguir o (2) abre em seguida a porta à reação convencional de “não atirar pedras sobre o próprio telhado”: por exemplo, se boicotarmos a Universidade de Tel Aviv porque Israel viola os direitos humanos em seu país, então por que não boicotar Harvard por conta de violações muito maiores perpetradas pelos EUA? Como é previsível, as iniciativas que se centram no (2) pressupõem um fracasso quase uniforme, e continuarão sendo assim até que os esforços educativos cheguem a um ponto tal, que deixem pronto o terreno para que a opinião pública o entenda, assim como ocorreu no caso da África do Sul.
     
    As iniciativas falidas prejudicam as vítimas de duas formas: distraem a atenção sobre suas questões, levando-a a questões irrelevantes (o antissemitismo em Harvard, a liberdade acadêmica etc.) e desperdiçando as oportunidades atuais de fazer algo significativo.

    A preocupação pelas vítimas recomenda que, ao valorizar as táticas, deveríamos ser escrupulosos na hora de reconhecer o que fracassou e por quê. E esse não foi sempre o caso (Michael Neumann discute um dos muitos exemplos desse fracasso no número de inverno de 2014 do Journal of Palestine Studies). A mesma preocupação é a que recomenda que devamos ser escrupulosos quanto aos fatos.
     
    Tomemos o exemplo da África do Sul, constantemente citada neste contexto. Trata-se de algo muito duvidoso. Há uma razão pela qual foram utilizadas táticas de BDS contra a África do Sul, ao passo que a atual campanha contra Israel fica restrita a BD: no primeiro caso, o ativismo havia criado uma oposição internacional tão opressora ao apartheid, que os estados e as Nações Unidas impuseram sanções desde decênios antes dos anos 80, quando começaram a utilizar amplamente táticas de BD nos EUA. Naquele momento, o Congresso já estava legislando sanções e se omitindo quanto aos vetos de Reagan neste o assunto.

    Anos antes – até 1960 –, investidores globais haviam abandonado a África do Sul a tal ponto, que suas reservas minguaram para a metade: embora se tenha alcançado certa recuperação, os sinais já estavam claros. Em contrapartida, o investimento norte-americano segue fluindo em direção a Israel. Quando Warren Buffett adquiriu uma empresa de fabricação de ferramentas por 2 bilhões de dólares, descreveu Israel como o país mais promissor para os investimentos, com exceção dos mesmos Estados Unidos.

    Se existe, por fim, uma oposição crescente dentro dos EUA aos crimes israelenses, não se pode comparar, nem remotamente, com o caso sul-africano. Não se fez o trabalho educativo necessário. Os porta-vozes do movimento BDS podem acreditar que chegaram ao seu “momento sul-africano”, mas isso está longe de ser verdade. E se queremos que a tática seja eficaz, ela deve se basear em uma avaliação realista das circunstâncias atuais.

    Boa parte disso resulta da invocação do apartheid. No seio de Israel, a discriminação contra os não judeus é severa; as leis sobre a terra são apenas o exemplo mais extremo. Mas não se trata de um apartheid ao estilo sul-africano. Nos territórios ocupados, a situação é muito pior do que era na África do Sul, onde os nacionalistas brancos precisavam da população negra: eram mão de obra do país e, por mais grotescos que os bantustões fossem, o governo nacionalista dedicava recursos para mantê-los e buscar reconhecimento internacional para eles. Em um contraste total, Israel quer se desfazer do fardo palestino. O caminho a seguir não leva à África do Sul, como comumente se afirma, mas sim a algo muito pior.

    O lugar para onde esse caminho leva aparece aos poucos diante de nossos olhos. Como nos observou Sternhell, Israel continuará com suas políticas atuais. Manterá um impiedoso assédio a Gaza, separando-a da Cisjordânia, tal como fizeram os EUA e Israel desde que adotaram os Acordos de Oslo em 1993. Embora Oslo tenha declarado que a Palestina era “uma única entidade territorial”, no jargão oficial israelense, Cisjordânia e Gaza se converteram em “duas zonas separadas e diferentes”. Como de costume, há pretextos de segurança, que rapidamente caem por terra quando analisados.

    Na Cisjordânia, Israel continuará ficando com aquilo que considerar valioso – água, terra, recursos –, dispersando a limitada população palestina, enquanto integra essas aquisições na Grande Israel. Nisso se inclui a “Jerusalém” enormemente estendida, que Israel anexou violando os ditames do Conselho de Segurança – tudo o que há no lado israelense do muro ilegal de separação; os corredores a leste que criam cantões palestinos inviáveis; o Vale do Jordão, onde de modo sistemático se expulsam os palestinos e se estabelecem assentamentos; e os enormes projetos de infraestrutura que ligam todas essas aquisições a Israel propriamente dito.

    O caminho a seguir não leva à África do Sul, mas a um aumento da proporção de judeus na Grande Israel que se está erigindo. Esta é a alternativa realista a um acordo sobre os estados. Não há razão para esperar que Israel aceite um Estado palestino que não quer.

    John Kerry foi amargamente infeliz quanto repetiu a lamentação – muito corrente em Israel – de que, a menos que os israelenses aceitem algum tipo de solução de dois estados, este país se converterá em um estado de apartheid, que governará um território com uma maioria palestina oprimida e enfrentando o pavoroso “problema demográfico”: muitos não-judeus em um Estado judeu. A crítica adequada é que essa crença comum é uma miragem. Enquanto os EUA continuam apoiando as políticas expansionistas de Israel, não há razão para esperar que estas sejam interrompidas. É preciso idealizar táticas que estejam em consonância com isso.

    No entanto, há uma comparação com a África do Sul que é realista… e significativa. Em 1958, o ministro de Relações Exteriores sul-africano informou o embaixador norte-americano de que não importava muito o fato de a África do Sul se converter em um estado pária. As Nações Unidas podem condenar asperamente a África do Sul, ele declarou, mas, tal como disse o embaixador, “o que importava mais do que todos os demais votos juntos era o dos EUA, por conta de sua posição dominante de liderança no mundo ocidental”. Durante quarenta anos, desde que optou pela expansão em detrimento da segurança, Israel fez, em essência, a mesma estimativa.

    Para a África do Sul, o cálculo resultou em bastante êxito durante um logo tempo. Em 1970, emitindo seu primeiro veto de uma resolução do Conselho de Segurança, os EUA se somaram à Grã Bretanha para bloquear as ações contra o regime racista da Rodésia do Sul, um fato que se repetiu em 1973. Finalmente, Washington se converteu em campeão do veto por ampla margem nas Nações Unidas, primordialmente me defesa dos crimes israelenses. Mas, já na década dos anos 1980, a estratégia da África do Sul foi perdendo eficácia. Em 1987, até Israel – talvez o único país que então violava o embargo de armas contra a África do Sul – concordou em “reduzir seus laços para evitar por em risco as relações com o Congresso dos Estados Unidos”, segundo informou o diretor geral do ministério de Relações Exteriores israelense. A preocupação estava no fato de o Congresso poder punir Israel por sua violação da recente legislação norte-americana. Em privado, os funcionários israelenses asseguravam a seus amigos sul-africanos que as novas sanções seriam “pura fachada”. Poucos anos mais tarde, os últimos apoiadores da África do Sul se somaram ao consenso mundial e o regime do apartheid caiu por terra.

    Na África do Sul, chegou-se a um compromisso que acabou sendo satisfatório para as elites do país e para os interesses dos negócios norte-americanos: colocou-se fim ao apartheid, mas continuou o regime socioeconômico. De fato, viam-se algumas caras negras em limusine, mas os privilégios e os benefícios não se veriam muito afetados. Na Palestina, não há um compromisso similar à vista.

    Outro fator decisivo na África do Sul foi Cuba. Tal como Piero Gleijeses demonstrou em seu magistral trabalho de pesquisa, o internacionalismo cubano, que não tem hoje qualquer parâmetro de comparação, desempenhou um destacado papel na conclusão do apartheid e na libertação da África negra em geral. Há uma razão suficiente para que Nelson Mandela visitasse Havana pouco depois de sua saída da prisão e declarasse: “Que outro país pode ter um histórico de maior abnegação senão Cuba em suas relações com a África?”

    Ele tinha muita razão. As forças cubanas expulsaram os agressores sul-africanos de Angola; foram um fator-chave para liberar a Namíbia de suas garras brutais e deixaram muito claro ao regime do apartheid que seu sonho de impor seu domínio sobre a África do Sul e sobre a região estava se convertendo em um pesadelo. Nas palavras de Mandela, as forças cubanas “destruíram o mito da invencibilidade do opressor branco”, que, segundo ele disse, “construiu o momento de inflexão para a libertação do nosso continente – e do meu povo – do açoite do apartheid”.

    O “poder brando” cubano não foi menos eficaz, aí incluídos os 70 mil colaboradores altamente capacitados e as bolsas a milhares de africanos para estudar em Cuba. Um contraste radical com Washington, que não só foi o último em continuar protegendo a África do Sul, mas depois continuou apoiando as forças terroristas assassinas de Jonas Savimbi, “um monstro cujo apetite de poder ocasionou sofrimentos horripilantes a seu povo”, nas palavras de Marrack Goulding, embaixador britânico em Angola, um ditame relegado pela CIA.

    Os palestinos não podem esperar um salvador semelhante. Razão a mais para que quem estiver sinceramente dedicado à causa palestina evite fábulas e miragens e pense com cuidado na tática que vão escolher e o caminho que vão seguir.
     
     
    (*) Noam Chomsky é  professor emérito de linguística e filosofia  no MIT, em Cambridge.
     
    Tradução: Daniella Cambaúva

     

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Israel-Palestina-e-a-estrategia-do-BDS/6/31363

     

     

  11.  Eduardo Galeano: “Quem deu a
     

    Eduardo Galeano: “Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?”

     

     

     

     

     

    O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças

    Por Eduardo Galeano

    Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

    eduardo galeano gaza israel

    Eduardo Galeano: “Este artigo é dedicado a meus amigos judeus assassinados pelas ditaduras latinoamericanas que Israel assessorou”

    Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

    São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

     

    Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

    Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

    Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

    Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

    O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

    E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

    A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

    Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

    Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

     

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/eduardo-galeano-israel-gaza-direito-de-negar-todos-os-direitos.html

  12. http://www.brasil247.com/pt/2

    http://www.brasil247.com/pt/247/rs247/146533/Pai-de-Sininho-diz-que-pa%C3%ADs-vive-estado-de-exce%C3%A7%C3%A3o.htm

    Pai de Sininho diz que “país vive estado de exceção”

    :

    O pai da ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, Antonio Sanzi saiu em defesa da filha neste sábado, 12, em Porto Alegre, e acusou o estado brasileiro de estar perseguindo politicamente centenas de manifestantes; Sanzi criticou a cobertura imprensa a cobertura do caso; “Interessa à mídia desse país, e não só à Globo, a criminalização de qualquer possibilidade de negação do estado de desigualdade e exceção que nós vivemos”, disparou; Sininho e outros 18 ativistas foram detidos neste sábado, por suspeita de envolvimento em atos violentos durante protestos nos últimos meses no Rio

     

     

    12 de Julho de 2014 às 18:00

     

    Rio Grande do Sul  247 – Pai da ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, Antonio Sanzi saiu em defesa da filha na manhã deste sábado, 12, em Porto Alegre, e acusou o estado brasileiro de estar perseguindo politicamente centenas de manifestantes. Sininho, que nasceu na Capital gaúcha, foi presa por policiais civis cariocas, cumprindo mandado de prisão temporária. Outras 18 pessoas foram presas, em outros estados do País, durante a ação.

    Segundo o Correio do Povo, Antonio Sanzi teceu críticas à presidente Dilma Rousseff e ao governador Tarso Genro por estarem realizando o oposto do que lutaram durante a Ditadura. O pai de Sininho frisou, ainda, que a filha nunca se mascarou e que toda a mobilização política ocorreu em reuniões abertas, de forma pública.

    O pai de Sininho criticou também a imprensa. “Os 19 presos aparecem, colocam armas, máscaras, fazem uma espécie de museu dos horrores e concomitantemente informam a prisão de supostos membros de traficantes de quadrilhas de São Paulo para dar a impressão de que tudo é a mesma coisa. Interessa à mídia desse país, e não só à Globo, a criminalização de qualquer possibilidade de negação do estado de desigualdade e exceção que nós vivemos” disparou. 

    Confira a entrevista de Antonio Sanzi ao Correio. 

    Como o senhor ficou sabendo da prisão?

    Amigos meus me ligaram às 6h dizendo que ela havia sido presa e encaminhada para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), e nós estivemos lá. O mandado de prisão é temporário e por conta de um inquérito em uma delegacia de crimes de informática. Os detalhes nós não sabemos porque ele corre no Rio de Janeiro onde será ouvida na delegacia especializada e depois ficará à disposição da Justiça por cinco dias. Hoje provavelmente o advogado dela entrará com habeas corpus porque a prisão é absolutamente ilegal, ilegítima e desnecessária. Porque a justificativa da prisão é, em tese, para facilitar as investigações. Ora, ela nunca se recusou a prestar depoimento, portanto as prisões são somente para intimidar os que estão sendo presos.

    O senhor portanto entende que está colocado um estado de exceção?

    Nós estamos vivendo no País um estado de exceção que não é nem policial, mas um estado judicial de exceção. As medidas que estão sendo adotadas em função da Copa são absolutamente criminosas. O governo federal e os governos estaduais estão subordinados indecentemente à Fifa que, pelas últimas informações envolvendo venda de ingressos, não é exatamente a organização mais séria do mundo. A Fifa neste momento dirige o Brasil. Vivemos em um estado de exceção. Se estivéssemos ainda no regime militar daria para entender a lógica dos milicos, mas nós estamos, em tese, vivendo em um estado democrático de direito e por um governo dirigido por uma ex-presa política que lutou exatamente contra esse tipo de barbaridade que agora se aplica no País.

    Além do ativismo, o que o senhor sabe sobre os atos de sua filha?

    Ela jamais se escondeu, jamais se omitiu, ela é uma militante pública como eu e como a mãe dela. Como qualquer outro militante do movimento. Jamais sequer se mascarou, digamos assim, simbolicamente, porque muita gente usa máscara mais no sentido simbólico, beirando uma certa estética. Ela é uma militante pública! As reuniões que ela participou foram todas públicas! O que estão querendo fazer é criar um factóide no sentido de desmoralizar o movimento do ano passado. Porque não é só ela. Ela é a laranja de amostra. Mas nesse momento centenas de jovens militantes pelo país afora estão sendo criminosamente criminalizados. Isso acontece no Rio Grande do Sul, em Minas, em todo o País. É uma orquestração nacional de tentativa de desmoralização da militância legítima que os jovens resolveram retomar. Eu não sei o que eu vou fazer na segunda-feira. Vou para o escritório, vou ligar para as pessoas que são minhas amigas e que são desse governo e perguntar: ‘É para isto que nós fomos presos, nos matamos e fomos processados?’. E não é porque seja minha filha.

    O senhor entende que a mídia teve participação nisto?

    Mas é óbvio… Os 19 presos aparecem, colocam armas, máscaras, fazem uma espécie de museu dos horrores e concomitantemente informam a prisão de supostos membros de traficantes de quadrilhas de São Paulo para dar a impressão de que tudo é a mesma coisa. Interessa à mídia desse país, e não só à Globo, a criminalização de qualquer possibilidade de negação do estado de desigualdade e exceção que nós vivemos.

    A sua filha tinha intenção de participar dos protestos marcados para este final de semana no Rio de Janeiro?

    Não, ela estava em Porto Alegre e ficaria aqui até o fim da Copa. E depois tínhamos programado de ela visitar os parentes, primos que ela não via há muitos anos. É um absurdo! Essa gente perdeu completamente o juízo! Porque pagarão politicamente por isso. Essas coisas a gente pode eventualmente esquecer nesse momento mas, daqui meio ano, um ano ou dois, voltam.

  13. Quer ver o Hubble ou a ISS passando no céu mesmo sem telescópio?

    Quer ver o Telescópio Espacial Hubble (HST) passando por sobre suas cabeças hoje à noite? Ou outros satélites, inclusive a Estação Espacial Internacional (ISS), a olho nu, sem ter um telescópio?

    Hoje (13) dia da final da copa, por exemplo, no Norte do Brasil, depois do jogo Argentina x Alemanha será muito fácil ver o Hubble. Em Rio Branco e Porto Velho, como o céu estará límpido a observação será facílima. Em Porto Velho o dia será dos satélites artificiais. Pois o céu estará límpido. Três deles, de uma lista do site Heavens-above, estariam muito visíveis e parecerão estrelas em movimento no céu. Um deles, na prática, já reentrou na Terra então não pode mais ser visto. São objetos muito brilhantes (tecnicamente de grande magnitude), semelhantes às mais brillhantes estrelas e planetas. Eles passarão no céu nos seguintes horários:

     

     de 18:39 a 18:46 o Titan 4b R/B

    Titan IV rocket.jpg

     

    e de 18:53 a 19:02 o Hubble.

    HST-SM4.jpeg

    Nas outras cidades do Norte parece que o céu estará encoberto e para prever o que ocorrerá em termos de nuvens no céu da sua cidade olhe no endereço http://previsaonumerica.cptec.inpe.br/~rpnum/meteogramas/meteo_regionais.shtml#MG. Aí se tem a previsão para as cidades de Minas, mas é só trocar o estado e o município lá em cima – ou um município próximo, para se ter uma ideia se haverá nuvens ou não. No último gráfico lá em baixo se estiver tudo limpinho não haverá nuvens, se estiver azul, verde ou laranja haverá nuvens baixas, médias ou altas.

    Para saber em qualquer lugar do mundo em que horário os satélites estarão passando por sobre a sua cabeça e quais estarão visíveis basta acessar o site http://www.heavens-above.com. No site do lado direito acima em “location”: você deve selecionar a localização da sua cidade no mapa; nomeie esta localização no pé da pagina com o nome da sua cidade (onde está escrito “Name”) e clique em “Update”. Neste momento você será dirigido a uma página que mostra um globinho com a posição atual da ISS. Nesta página vá em “Satellites” e clique em “Daily predictions for brighter satellites”. Você vai parar em uma página cujo endereço é algo como o que se segue:

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-8.7628&lng=-63.8828&loc=Porto+Velho+RO&alt=87&tz=UCT4

    Para Porto Velho

    ou

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-9.9985&lng=-67.8159&loc=Rio+Branco+AC&alt=134&tz=UCT4

    Para Rio Branco

    Copie e guarde esse endereço que você conseguiu na barra de endereços do seu navegador, pois nunca mais irá precisar fazer os passos anteriores. É só copiar e colar esse endereço no navegador que irá direto para a página dos satélites e restos mais visíveis sobre a sua cidade nos dias vindouros. De fato estes endereços acima pode ser guardado pelo pessoal de Porto Velho e de Rio Branco para usar futuramente.

    Estando nessa página, você verá uma lista dos satélites mais visíveis. Quanto à magnitude, quanto menor o número, mais brilhante é o objeto naquele dia. Magnitude de 3,0 são como de estrelinhas pequenininhas: são visíveis mas difíceis. Melhores são de magnitudes com números menores do que 2,0 sendo que 1,5 ou menos dão visualizações muito bonitas. Seguindo os passos adiante você verá o satélite passando pelo céu lentamente. Levam de cinco a dez minutos para cruzar todo o céu. Vá mudando o dia e clicando em “Update” para saber nos dias seguintes quando haverá um de uma maior magnitude e que combine com um dia de céu límpido.

    Clicando no nome do satélite abre se um mapinha celeste, como os seguintes, que mostra onde o satélite iniciará seu caminho e onde terminará. Aí você vai ter que aprender a orientar um mapa celeste. Memorize (de preferência) ou imprima o trajeto, pegue um relógio e vá observar. Saiba de antemão onde são precisamente na sua localidade os pontos cardeais (Norte (N), Sul (S), Leste (E) e Oeste (W) e também, especialmente por causa deste mapa, os intermediários Nordeste (NE), Noroeste (NW), Sudoeste (SW), e Sudeste (SE)). Perceba que um mapa celeste é feito, como este, para ser segurado por sobre sua cabeça olhando para cima; por esse motivo os pontos cardeais parecem invertidos.

     

    Mapa celeste Mostrando o Telescópio Hubble sobre Rio Branco dia 13/07/2014 início as 18h e 51 min.

    Mapa celeste Mostrando o Telescópio Hubble sobre Porto Velho dia 13/07/2014 início as 18h e 53 min.

     

    Mas deve-se ter algum cuidado com este site. O satélite CZ-2B R/B, que é listado para aparecer cruzando o céu, por exemplo, era uma parte de um foguete chinês que já caiu mas continua figurando na lista do site heavens-above. Então vai acontecer de você olhar para o céu na hora exata e nada passar… mas só para alguns satélites , pedaços e restos de foguetes. A maioria continua lá em cima. Aí tem que dar uma pesquisada para saber se ainda está lá orbitando; ou ir olhar os HST Hubble, ISS, que se sabe que ainda orbitam; ou ir olhar tudo e se não passar, por já ter reentrado, paciência.

    Aqui vão uns endereços de algumas localidades já prontinhas, mas não deixe de procurar a sua.

    Para Jau – SP (serve para quase todo o Estado de São Paulo – aproximadamente).

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-22.3068&lng=-48.5733&loc=Jau&alt=598&tz=EBST

     

    Para Curvelo – MG (serve para quase todo o Estado de Minas Gerais – aproximadamente).

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-18.7424&lng=-44.437&loc=Curvelo&alt=642&tz=EBST

     

    Para Pitanga – Paraná (serve para quase todo o Estado do Paraná – aproximadamente).

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-24.7642&lng=-51.7539&loc=Pitanga+-+PR&alt=938&tz=EBST

     

    Para Manaus e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-3.1925&lng=-60.0156&loc=Manaus+AM&alt=19&tz=UCT4

     

    Para Rio Branco AC e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-9.9985&lng=-67.8159&loc=Rio+Branco+AC&alt=134&tz=UCT4

     

     

     

    Para Porto Velho – RO e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-8.7628&lng=-63.8828&loc=Porto+Velho+RO&alt=87&tz=UCT4

     

    Para Boas Vista – RR e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=2.8252&lng=-60.6638&loc=Boa+Vista+RR&alt=83&tz=UCT4

     

    Para Macapá – AP e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=0.0358&lng=-51.0617&loc=Macap%C3%A1+AP&alt=14&tz=UCT3

     

    Para Belém – PA e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-1.4472&lng=-48.4799&loc=Belem+PA&alt=20&tz=UCT3

     

    Para Palmas – TO e arredores

    http://www.heavens-above.com/AllSats.aspx?lat=-10.2365&lng=-48.3261&loc=Palmas+TO&alt=275&tz=UCT3

     

     

  14. Dilma torcendo pela Alemanha.

    Dilma Roussef e Angela Merkel

    http://extra.globo.com/esporte/copa-2014/copa-2014-dilma-rousseff-angela-merkel-tomam-susto-com-chance-de-gol-da-argentina-13243443.html%5B………………………………….]A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, tomaram um susto com uma chance de gol da Argentina no primeiro tempo da decisão da Copa do Mundo, no Maracanã.

    Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/copa-2014/copa-2014-dilma-rousseff-angela-merkel-tomam-susto-com-chance-de-gol-da-argentina-13243443.html#ixzz37ODSMDuL

  15. Ato falho do UOL na chamada

    Na chama para a vitória da seleção alemã, o UOL comete um ato falho, chamando, como deveria ser, a copa de COPA DAS COPAS, já dentro da matéria não o faz, tirei um printscreen para mostrar, é, realmente, essa foi a copa das copas:

  16. E a elite volta a dar seu show particular

    Cometer o erro uma vez, vamos lá, é um descuido, agora duas vezes, é pura idiotice mesmo, bem foi isso que fez nossa elite no Rio, não satisfeita com a festa de abertura, tinha que fechar com chave de “ouro” o encerramento, e cometeram a mesma imbecilidade, mostrando ao mundo que temos a elite mais imbecil do mundo, que se autoenvergonha sem pudor, ao menos são muito coerentes.

    http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/13/vaia-a-dilma-no-maracana-no-encerramento-da-copa.htm

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