Fora de Pauta

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Luis Nassif

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  1. Peça “O Dia Que Sam Morreu” recebe prêmio no Festival de Avignon

     

    O Dia Que Sam Morreu recebe prêmio no festival de Avignon

    Peça do Armazém Companhia de Teatro experimenta com estrutura onde narrativa tem vários começos. (Foto de Divulgação)24.07.2014 O Dia que Sam Morreu, da Armazém Cia de Teatro, recebeu esta semana o prêmio Coup de Coeur 2014 da Classe da Imprensa do Festival de Avignon, na França. O Armazém foi uma das 400 companhias selecionadas entre os espetáculos presentes na mostra francesa.   O Armazém Companhia de Teatro foi formado em 1987, em Londrina (PR), em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80. O diretor Paulo de Moraes e o grupo buscam na encenação a necessidade de selar um jogo com o espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado, sobretudo, pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.  Segundo Paulo de Moraes, o espetáculo apresenta uma visão mais madura, mais afirmativa e mais contemporânea do Brasil. “Acho que esse prêmio abre a possibilidade de uma visão sobre o Brasil que não se limita a uma caricatura. Ou seja, o teatro que a gente trouxe para Avignon é um teatro contemporâneo que reflete sobre o momento que esse país vive, o momento que o mundo vive, e sem cair na caricatura do samba, da mulata e do futebol,” diz o diretor. Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia completa agora 25 anos de sua formação. Sempre criando seus espetáculos a partir de pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia é a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem.  Apesar da criação de espetáculos tão díspares e complementares como “A Ratoeira é o Gato” (1993), “Alice Através do Espelho” (1999), “Toda Nudez Será Castigada” (2005) e “Antes da Coisa Toda Começar” (2010), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. A Armazém Companhia de Teatro recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, o Primeiro Prêmio da Fringe, do Festival de Edimburgo, de 2013, concedido pelo maior jornal escocês The Scotsman. Esse prêmio, recebido pelo espetáculo Marca D´Água, é dado àqueles que apresentam “inovação e marcante nova dramaturgia”. O Dia que Sam Morreu fala como as escolhas éticas podem traçar o destino de seis personagens. Eles se cruzam no corredor de um hospital. A estrutura da peça propõe uma série de começos e os diferentes personagens ganham espessura dramática a cada história recontada. Os personagens parecem se perguntar: como se manter decente num mundo onde tudo pode ser relativizado, ou, quando a vida pode mudar radicalmente num piscar de olhos? O grupo viajou para o Festival de Avignon com aporte financeiro do Ministério da Cultura.   Ana SaggeseAssessoria da ComunicaçãoMinistério da CulturaFONTE:http://www.cultura.gov.br/banner1/-/asset_publisher/aUWWWRn1yo9g/content/o-dia-que-sam-morreu-recebe-premio-no-festival-de-avignon/10883?redirect=http%3A%2F%2Fwww.cultura.gov.br%2Fbanner1%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_aUWWWRn1yo9g%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-1%26p_p_col_count%3D1 _______________________________ 

     

    A peça do Armazém Companhia de Teatro, “O DIA EM QUE SAM MORREU”, escrita por Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes, com direção de Paulo de Moraes, recebeu no dia 21 de julho, o prêmio “Coup de Coeur”, em Avignon, França. Foram escolhidos 3 espetáculos que mais bateram forte no coração do Clube de la Presse de Avignon, e o espetáculo do Armazém, que representa o Brasil, está entre eles. Viva o teatro brasileiro!

    Veja a resenha abaixo:

     

     

    AVI CITY NEWS – Avignon – 20 de julho de 2014

     

    O DIA EM QUE SAM MORREU

     

    Um teatro brasileiro de vanguarda, perturbador, mas um reflexo fiel de nosso mundo imperfeito.

     

    RESUMO

     

    “O dia em que Sam morreu” coloca em jogo escolhas éticas traçando o destino de seis personagens que cruzam pelos corredores de um hospital invadido por um jovem armado. São personagens que, por suas funções, exercem poder sobre nós: médicos, juiz e artistas.

     

     

    AVALIAÇÃO

     

    A companhia Armazém, proveniente do Rio de Janeiro, nos oferece um representação do teatro contemporâneo brasileiro, com uma encenação fulgurante, cuidadosa e inovadora, de um texto que denuncia em ruptura total, tanto a situação, quanto as grandes ideias da humanidade. Com encadeamento de cenas que se sucedem e se repetem diferentemente a cada vez, com atores extremamente caracterizados e perfeitos em suas neuroses, em sua baixeza, Paulo de Moraes, o encenador, lança luz sobre o mal-estar de um país mergulhado em uma crise social e econômica. A violência, a corrupção e a manipulação descritas e representadas com uma agressividade e uma veracidade espantosas e congelantes, são os sintomas reveladores de uma sociedade instável e desorientada, à beira do abismo, que se desintegra e bascula no absurdo, muito longe da ética. O rock, tocado por excelentes intérpretes que acompanham esporadicamente o espetáculo, acentuam a ideia de violência, a ideia de revolta, porém dão lugar a uma certa visão poética desse povo de origem latina que adora viver a vida com intensidade. Uma imersão vaguardista sedutora!

     

     

    Fonte:

    http://www.citylocalnews.com/avignon/2014/07/20/le-jour-ou-sam-est-mort

     

     

     

  2. despreparo, bebedeira e venalidade

    O sistema ucraniano de mísseis Buk confundiu o avião da Malaysia Airlines com caças inimigos

    A UCRÂNIA ATIROU ACIDENTALMENTE CONTRA O AVIÃO DA MALÁSIA DURANTE EXERCÍCIOS MILITARES

    Consortium News | Robert Parry | 20/07/2014

    O viés da mídia dos EUA sobre a Ucrânia tem sido óbvio: ser aliada do regime de Kiev e atacar os rebeldes russos étnicos e a Rússia do presidente Putin e, agora, com a corrida para culpar Putin pela queda do voo da Malaysia Airlines, o jornalismo de má qualidade cresceu de forma, verdadeiramente, perigosa, diz Robert Parry.

    “Este momento exige o máximo de profissionalismo jornalístico e, especialmente, ceticismo em relação à propaganda tendenciosa.”

    O QUE OS SATÉLITES ESPIÕES DOS ESTADOS UNIDOS CAPTARAM NA UCRÂNIA?

    A mais recente histeria de guerra da mídia dos EUA – enganjada na corrida para fixar a culpa pela queda do jato de passageiros da Malaysia Airlines no Presidente da Rússia, Vladimir Putin – não possui a mesma intensidade observada na ausência de ceticismo profissional que tem marcado os tumultos semelhantes ocorridos no Iraque, na Síria e em outros lugares, envolvendo questões fundamentais que estão sem respostas.

    A questão do ‘cão de guarda’ naõ latir sobre a catástrofe na Ucrânia, gira em torno do que a exibição de imagens de satélite de vigilância dos EUA poderia fazer. É difícil acreditar que, com a atenção que a inteligência dos EUA tem concentrado na Ucrânia oriental, desde o semestre passado, a alegada movimentação de transporte de grandes caminhões dotados de vários sistemas de mísseis antiaéreos Buk, da Rússia para a Ucrânia e, em seguida, de volta para a Rússia, não tenha sido detectado em algum lugar.

    Existem limitações para os satélites espiões norte-americanos, mas os mísseis Buk possuem cerca de 16 metros de comprimento e são montados em caminhões ou tanques. O voo da Malásia Airlines também caiu durante a tarde, não à noite, ou seja, a bateria de mísseis não estava escondida pela escuridão.

    Então, porque essa questão sobre o que revelam as imagens do ‘spy-in-the-sky’ dos EUA e a razaão de não ter sido pressionada pela grande mídia dos EUA? Como é possível o Washington Post publicar histórias de primeira página, como aquela, no domingo, com o título definitivo “U.S. official: Russia gave systems“, sem exigir dos americanos os detalhes sobre o que as imagens de satélite poderíam divulgar?

    Em vez disso, Michael Birnbaum e Karen DeYoung, a partir de Kiev, escreveram: “Os Estados Unidos confirmou que a Rússia forneceu lançadores de mísseis sofisticados para os separatistas no leste da Ucrânia e que foram feitas tentativas para movê-los para o outro lado da fronteira com a Rússia, após a queda de um avião da Malásia, afirmou  uma autoridade dos EUA, no sábado”.

    “Nós acreditamos que eles estavam tentando retornar para a Rússia, pelo menos, três sistemas de lançamento de mísseis Buk”, disse o oficial. “A Inteligência dos EUA começou a encontrar indicações, há pouco mais de uma semana, que os lançadores russos haviam sido movidos para a Ucrânia”, disse o oficial, cuja identidade não foi divulgada para que o oficial pudesse discutir estes assuntos de inteligência.

    Mas, ao confrontar a imprecisão do curioso texto oficial – “nós acreditamos” com “começando a encontar indicações” – devemos acreditar – e talvez seja mais relevante – que os jornalistas do Washington Post realmente acreditam nisso: que o governo dos EUA, dotado dos serviços de inteligência de primeiro mundo, não detectou três desajeitados caminhões transportando grandes mísseis de médio alcance.

    Tenho informações, reveladas por uma fonte de informações precisas sobre assuntos semelhantes no passado, que as agências de inteligência dos EUA não forneceram os detalhes das imagens de satélite da bateria de mísseis que, provavelmente, lançou o míssil fatídico, porque ela estava sob o controle das tropas do governo de Kiev, que aparecem nas imagens vestidas com o que parecem ser uniformes ucranianos.

    A fonte disse que os analistas da CIA ainda não descartaram a possibilidade de que sejam tropas rebeldes ucranianas orientais, vestindo uniformes semelhantes, mas a avaliação inicial era de que as tropas eram formadas por soldados ucranianos. Houve também a sugestão de que os envolvidos eram soldados indisciplinados e estavam, possivelmente, embriagados, já que as imagens mostraram o que pareciam ser garrafas de cerveja espalhadas por todo o local, disse a fonte.

    Em vez de pressionar para esclarecer esses detalhes, a grande imprensa americana, simplesmente, passou a exibir a propaganda do Departamento de Estado dos EUA, informando que o ataque partiu do governo ucraniano, exagerando, inclusive, o fato de que o sistema Buk “é de fabricação russa”, um fato percebido por ser infinitamente repetido.

    No entanto, a menção a “fabricação russa”, usada a ponto de sugerir que os russos devem estar envolvidos na queda da aeronave, é enganosa, sendo melhor e mais claramente concebida para influenciar americanos mal informados. Todos os meios de comunicação, certamente, sabem, que os militares ucranianos também operam sistemas de fabricação russo, incluindo baterias antiaéreas Buk e, desta forma, a origem da fabricação não tem nenhum valor probatório.

    AS ACUSAÇÕES UCRANIANAS

    Grande parte do resto das acusações conhecidas contra a Rússia partiram do regime ucraniano, que surgiu a partir da do golpe inconstitucional aplicado contra o presidente eleito Viktor Yanukovych, em 22 de fevereiro. A sua derrubada ocorreu, após meses de protestos em massa, através do golpe liderado por milícias neonazistas que invadiram prédios do governo e forçaram a fuga dos funcionários de Yanukovych.

    Reconhecendo o papel fundamental desempenhado pelos neonazistas, que são descendentes ideológicos das antigas  milícias ucranianas, que colaboraram com a SS nazista, na Segunda Guerra Mundial, o novo regime distribuiu o controle de vários ministérios aos nacionalistas de extrema-direita, incluindo o escritório da Segurança Nacional que está sob o comando do veterano ativista neonazista Andriy Parubiy. [Ukraine, Through the US Looking Glass]

    Foi esse mesmo Parubiy que os jornalistas procuraram para dar mais informações para condenar os rebeldes do leste da Ucrânia e os russos sobre a catástrofe da Malaysia Airlines. Parubiy acusou os rebeldes das imediações do local do acidente de destruir as provas e conduzir um cover-up, outro tema que ressoou através do MSM.

    Sem se preocupar em informar os leitores sobre a fundamentação neonazista, Parubiy foi citado como uma testemunha confiável que declarou: “Vai ser difícil conduzir uma investigação completa quando alguns objetos sendo levados, mas vamos fazer o nosso melhor”.

    Em contraste com as garantias dadas por Parubiy, o regime de Kiev, na verdade, possui um terrível histórico de não dizer a verdade ou perseguir as investigações sérias de crimes contra os direitos humanos. Ainda assim, deixou em aberto as questões sobre a identidade dos atiradores, que em 20 de fevereiro, dispararam sobre a polícia e os manifestantes no Maidan, desencadeando a escalada de violência que levou à destituição de Yanukovych. Além disso, o regime de Kiev não conseguiu apurar os fatos sobre o incêndio que causou a morte de dezenas de russos étnicos no Edifício Sindical em Odessa, em 2 de maio. [Burning Ukraine’s Protesters Alive]

    O regime de Kiev também enganou o New York Times (e, aparentemente, o Departamento de Estado dos EUA), quando disseminou fotos que, supostamente, mostravam militares russos dentro da Rússia e, mais tarde, dentro Ucrânia. Mais tarde, após o Departamento de Estado ter aprovado a “evidência”, o Times levou ao seu jornal esta história, em 21 de abril, mas descobriu-se que uma das fotos mais importantes, clicada na Rússia, foi tomada na Ucrânia, destruindo a premissa básica da farsa jornalística. [NYT Retracts Ukraine Photo Scoop]

    Mais uma vez, estamos aquí, divulgando reivindicações não verificadas, que são feitas pelo regime de Kiev, sobre algo tão sensível como a Rússia ter fornecido mísseis antiaéreos sofisticados, capazes de abater aviões civis que voam em elevada altitude, para rebeldes despreparados do leste da Ucrânia.

    Essa acusação é tão grave que poderia impulsionar o mundo para uma segunda Guerra Fria e, possivelmente, se houver mais erros de cálculo, para um confronto nuclear. Este momento exige o máximo de profissionalismo jornalístico e, especialmente, ceticismo em relação à propaganda tendenciosa.

    No entanto, o que os americanos viram, mais uma vez, é que as principais agências de notícias dos Estados Unidos, lideradas pelo Washington Post e o New York Times, publicaram os mais inflamados artigos, baseados, em grande parte, em informações não confiáveis de funcionários ​​ucranianos e no Departamento de Estado dos EUA, que foi o principal instigador da crise na Ucrânia.

    No passado recente, este tipo de jornalismo americano desleixado levou a massacres em massa no Iraque – e tem contribuído para potencializar as eventuais guerras dos EUA contra a Síria e o Irã, mas, agora, os riscos são muito maiores. Tão divertido quanto desprezar uma variedade de “vilões designados”, como Saddam Hussein, Bashar al-Assad, Ali Khamenei e, agora, Vladimir Putin, este tipo de imprudência está inclinando o mundo em direção a um momento muito perigoso, concebivelmente, em relação ao seu passado.

    “Embora o establishment tenha tentado ridicularizar quaisquer questionamentos da narrativa oficial – que os rebeldes ucranianos foram responsáveis ​​pelo incidente – classificando-o com a cansada e pejorativa ‘Teoria da Conspiração’, o repórter investigativo Robert Parry dificilmente pode ser descartado como um jornalista manipulado, dado o seu papel fundamental na cobertura do escândalo Irã-Contras para a Associated Press e a Newsweek, na década de 80.

    Na verdade, pelo seu trabalho de investigação sobre assuntos de inteligência, Parry foi agraciado com o Prêmio George Polk, sugerindo que as informações fornecidas pela sua fonte são dignas de atenção” – PAUL JOSEPH WATSON

    LINK: http://consortiumnews.com/2014/07/20/what-did-us-spy-satellites-see-in-ukraine/

    1. RT

      Nesse contexto queria saudar a RT que tem sido um paladino do  honrado jornalismo, e que tem seus jornalistas sob ataque constante na Ucrania.

  3. Aeroportécio Tucano

    O PALÁCIO DE VERSALHES EM CLÁUDIO – MG

    Eduardo Guimarães | 21/07/2014

    O escritório de advocacia Opice Blum – um dos mais renomados do país nas questões sobre direito digital, que Aécio contratou como pessoa física e mantém os honorários em segredo – poderá questionar a jornalista Malu Delgado e a revista Piauí, que, em junho, na edição 93, publicaram matéria sob o título “O publico e o privado – o dilema que acompanha Aécio Neves”.

    ‘CONHECER AS MANHAS E AS MANHÃS’

    [video:http://youtu.be/Mp6XzRhGrQ8%5D

    A matéria tem passagens “interessantes”, para dizer o mínimo. Pode-se dizer que o texto “desnuda” Aécio Neves. Alguns trechos, aliás, expõem aspectos da vida privada do candidato do PSDB a presidente da República que, comentados por outros menos influentes, que a revista em questão, fizeram o senador tucano processá-los.

    A matéria da Piauí mostra, por exemplo, o que parece ser a verdadeira razão para Aécio, enquanto governador de Minas, mandar construir um aeroporto em uma propriedade rural que pode até não estar em seu nome, mas que ele chama de “Meu Palácio de Versalhes”.

    Confira, abaixo, o quarto parágrafo daquela matéria.

    “(…) Sentado sempre de frente para a cabine de comando – hábito do qual não abdica –, Aécio fez o sinal da cruz assim que o avião decolou. Perguntei se tinha medo de voar. Deu de ombros e respondeu que certas coisas são inevitáveis, “então melhor nem pensar no assunto”. Minutos depois o senador descrevia, efusivo, a ampla coalizão que montava em seu estado. Brincava ao mesmo tempo com os parlamentares, chamando-os por apelidos ou diminutivos. Fez piadinhas inaudíveis ao pé do ouvido de Júlio Delgado, do PSB. Pegou o tablet de um assessor para acompanhar as últimas notícias e passou os olhos em alguns relatórios. Relaxado, pôs-se a falar do lugar de que mais gosta, a fazenda na cidade de Cláudio, no interior de Minas. “São 50 alqueires e alguns pezinhos de café para não ficar feio e também curar a cachaça”, ele disse. [Aécio] Chamou seu refúgio de “meu Palácio de Versalhes”, numa alusão ao château nos arredores de Paris que funcionou como centro do poder do Antigo Regime francês. “Um dia você vai conhecer o meu palácio”, prometeu. Nos quase quatro meses em que o acompanhei em viagens e eventos, ele evitou abrir as portas de seu castelo, sem nunca ter dito “não” claramente. A fortaleza mineira, na descrição de um amigo da família, é “uma fazenda tipicamente colonial, sem pompa, com uma capelinha na entrada e campinho de futebol(…)”

    Ironicamente, ao chamar seu “refúgio” de “Palácio de Versalhes” Aécio se compara, de forma absolutamente apropriada, a Luís XIV, que ficou conhecido como “Rei-Sol”. Esse monarca, que impulsionou o Absolutismo no Ocidente começando a exercê-lo no seu Reino de França (1643 a 1715), foi quem construiu o Palácio dos Inválidos e o luxuoso Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde faleceu em 1715. Como um Luís XIV dos trópicos, Aécio mandou construir um aeroporto em “seu palácio”, parecendo levar a sério a célebre frase do monarca francês: “L’État c’est moi”.

    foto 2

    Em outro trecho da matéria, a autora mostra que essa história de Aécio, de dizer que a fazenda em que mandou construir o Aeroporto é de um parente, e não sua, não passa de balela. Ele a frequenta intensamente e, desse modo, um aeroporto, por lá, veio a calhar. E o que é melhor: com o contribuinte mineiro, que curte tanto o tucano, pagando a conta. No trecho em questão, a jornalista Malu Delgado reproduz relato que ouviu no voo do avião particular de Aécio, entre o famoso aeroporto em sua fazenda e o aeroporto da Pampulha, em BH.

    “[O deputado baiano Antonio] Imbassahy (PSDB) interrompeu a conversa [da jornalista com Aécio] para mostrar ‘um vídeo fantástico’ no YouTube. ‘Já viu?’, perguntou, empurrando o tablet em minha direção. Aécio e as irmãs Andrea e Angela aparecem ao lado de outros parentes numa varanda do château. Participam todos de uma cantoria animada. A música éTocando em Frente, de Renato Teixeira e Almir Sater, aquela que diz “ando devagar porque já tive pressa”. A gravação foi feita em 2006, mas havia sido postada na rede apenas três dias antes da nossa viagem. “Muito bom, muito bom”, repetia o deputado baiano. ‘Ele é o campeão número 1 nesta arte, a sacanagem de agradar’, emendou, apontando para Aécio (…)”

    Mais um trecho da matéria, mais um dado altamente “esclarecedor” sobre alguém que pretende governar o Brasil. Nele, a jornalista Malu Delgado relata escândalo envolvendo Aécio Neves ao qual a Folha de São Paulo, que agora tenta posar de isenta, não deu a menor bola: o caso dos 4,3 bilhões de reais.

    “(…) A promotora de Justiça Josely Ramos Pontes, que investigava a aplicação de recursos na Saúde durante o governo Aécio, em determinado momento descobriu que mais de 50% dos investimentos na área provinham de ações desenvolvidas pela Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais. Achou exagerado. No orçamento, o governo informava que havia transferido dinheiro à entidade para aplicá-lo em ações de saneamento. Uma auditoria mostrou, no entanto, que nos documentos contábeis da Copasa não apareciam tais recursos. Foi a partir dessa constatação que a promotora resolveu mover a ação de improbidade contra Aécio. Em janeiro deste ano, o procurador-geral de Justiça de Minas, Carlos André Bittencourt, entendeu que a promotora não poderia processar um governador e arquivou o caso, sem entrar no mérito. Josely recorreu em abril. ‘A toda sentença cabe uma apelação. A ação de improbidade ainda existe’, ela me disse por telefone. Não se trata, de acordo com a promotora, de uma ação para questionar o percentual de recursos aplicados na Saúde (que deve ser de 12% da receita estadual, segundo a Emenda 29). Há suspeita de desvio?, indaguei. 1O que eu posso afirmar é que o estado não colocou esse dinheiro na Saúde. Os recursos aparecem na prestação de contas do estado, mas não foram gastos. A impressão que eu tenho é que esse dinheiro não existe, é uma invenção’, foi a resposta (…)”

    O mesmo aconteceu em São Paulo, com José Serra. Um procurador do MP acusou o ex-governador de envolvimento com a máfia do cartel dos trens por ter testemunhas de que ele orientou as empresas igualmente envolvidas a formarem aquele cartel, mas o processo foi engavetado porque só o procurador-geral do Estado, escolhido a dedo por Geraldo Alckmin, pode processar um ex-governador. O procurador-geral paulista não entrou no mérito da questão, como o colega mineiro. Apenas arquivou porque o autor da denúncia não tinha prerrogativa de investigar caso como aquele.

    Por fim, para não antecipar a reportagem toda – que o leitor poderá conferir, na íntegra, em seguida –, só mais um trecho realmente importante, porque expõe o perfil daquele que o Brasil corre risco – por sorte, menor do que parece – de eleger presidente da República:

    “(…) Misto de playboy carioca e menino do interior mineiro seria uma boa definição para Aécio, segundo quem o conhece bem. Quando seu pai, Aécio Ferreira da Cunha, foi fazer um curso na Escola Superior de Guerra, na década de 70, levou toda a família para o Rio. ‘Aecinho’ completou 10 anos de idade na capital fluminense. Era surfista, gostava de moto. Nas férias em Minas, cavalgava. Frequentava badalações em resorts no Nordeste, agitos em Búzios e Angra dos Reis, mas também viajava para a fazenda em Cláudio, fazia cavalgadas até cidades vizinhas. Sempre gostou de jogar peladas de rua. Continuou prezando todos esses hábitos depois de ingressar na política. ‘Se você precisasse achar o Aécio num final de semana, era melhor desistir. Ele não atendia celular de jeito nenhum. Agora ele me deu um número e até liga pra gente, a qualquer hora e a qualquer dia’, me disse um deputado (…)”

    Como se vê, a história de Aécio Neves com a fazenda em que mandou construir aeroporto para o intenso vai-e-vem que faz no local, é longa. Confira abaixo, pois, a altamente esclarecedora matéria da Piauí, que não pode ser acusada de “petista”. Hospedada no portal do Estadão, a revista deriva da poderosa mídia tucana.

    O AEROCLAUDICANTE

    [video:http://youtu.be/ogE25bun3WI%5D

    Internauta desconfiado: “Investiguem o viaduto que liga a porta da casa da fazenda do Aecio lá em Cláudio”

  4. O escândalo na Prefeitura do Rio…

    http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/homem-forte-de-paes-opera-esquema-de-corrupcao-na-prefeitura

    Homem forte de Paes opera esquema de corrupção no Rio

    VEJA teve acesso a gravações que mostram um esquema de desvios na prefeitura do Rio de Janeiro comandado pelo deputado Rodrigo Bethlem (PMDB), ex-secretário de Governo da administração Eduardo Paes

    Thiago Prado, do Rio de JaneiroO prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) em 2013

    O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) em 2013 (Armando Paiva/Futura Press)

    O medo de ser alvo de denúncias paira há tempos na mente do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), um dos homens fortes do governo Eduardo Paes desde 2009. “Tô de saco cheio de ficar sempre lendo jornal sem saber se vai sair uma denúncia. Estamos na era do escândalo”, chegou a dizer assustado, nem imaginando que chegaria o dia em que as suas falcatruas viriam a público com riqueza de detalhes. VEJA teve acesso a áudios e vídeos que escancaram um esquema de corrupção funcionando dentro da prefeitura do Rio de Janeiro a partir da atuação do parlamentar. Dinheiro da área social da gestão Paes foi desviado segundo confissão de ninguém menos que o próprio Bethlem, em uma conversa sobre o fim de seu casamento de 16 anos. O Ministério Público do Rio já foi avisado sobre a existência das provas contra o peemedebista.

    As gravações são contundentes e não deixam dúvidas sobre o balcão de negócios instalado pelo deputado. Bethlem – que se licenciou da Câmara dos Deputados em 2009 e passou pelas pastas de Ordem Pública, Assistência Social e, por fim, a secretaria de Governo – fala claramente que recebia uma espécie de mesada a partir de convênios da prefeitura. O diálogo de cerca de duas horas ocorreu em agosto de 2011 com a sua então esposa, a ex-deputada federal Vanessa Felippe Bethlem. Na ocasião, o deputado ainda tocava a área social do município e se preparava para ser um dos coordenadores da campanha de reeleição de Paes. A pauta do casal envolvia especulações sobre o futuro político de Bethlem e o pagamento de uma pensão para o sustento da casa e dos seus dois filhos. Na conversa, depois de relatar que tipo de despesas estaria disposto a bancar, Bethlem afirma que sua principal fonte de renda era um convênio da prefeitura chamado Cadastro Único. “Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês”, afirma na gravação com a maior naturalidade do mundo, explicando que do contrato retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês. Nomeado como secretário de Paes, Bethlem optou pelo salário maior de deputado – ou seja, só deveria ter direito a um rendimento bruto de 26.723,13 reais, equivalente a cerca de 18.000 reais mensais líquidos.

    O convênio em questão foi fechado com uma ONG chamada Casa Espírita Tesloo. Mais conhecido pela sigla Cad Único, foi assinado em 2011 por 9,6 milhões de reais e tinha o objetivo de atualizar o cadastro feito pela prefeitura para 408.000 famílias receberem benefícios dos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família. Mas a ONG tem um histórico muito maior de contratos com a prefeitura – o que leva a crer que o assalto aos cofres públicos é ainda mais escandaloso. Desde 2009, a Tesloo faturou cerca de 72,8 milhões de reais do governo Paes para administrar abrigos e centros de acolhimento de dependentes químicos. Só de aditivos no período, foram 18, no total de 22,6 milhões de reais. Nos áudios, Bethlem explica para Vanessa que está com dificuldades de receber a mesada porque a ONG não estava prestando contas corretamente. Na ocasião, o Tribunal de Contas do Município encrencara com o convênio e travara os repasses da prefeitura: “O cara não prestou contas direito, o cara é um idiota, um imbecil. Não pude pagar, não recebi”, reclama irritado para Vanessa (ouça o áudio abaixo).  

    “O cara” citado por Bethlem é o dono da Tesloo, o major reformado Sérgio Pereira de Magalhães Junior. O oficial criou a ONG em 2002 para atuar na área social junto com a mãe, o irmão e a esposa. A instituição começou a abocanhar contratos com o município do Rio desde a gestão Cesar Maia, mas foi com Paes e Bethlem que o faturamento da Tesloo explodiu. Além das generosas relações políticas, Magalhães Junior tem no currículo um passado truculento enquanto esteve na ativa na Polícia Militar. Há registro de 42 autos de resistência de sua autoria – ou seja, foi esta quantidade de bandidos que o major matou em confrontos. A Polícia Civil do Rio também investiga o envolvimento do dono da Tesloo com milícias na Zona Oeste.

    Não é a primeira vez que o deputado Rodrigo Bethlem vê seu nome ligado a personagens de atividades nebulosas. Filho da atriz Maria Zilda Bethlem, foi subsecretário de Governo de Rosinha Garotinho em 2006. Lá nomeou como seu assessor especial o bombeiro Cristiano Girão, perigoso miliciano da Zona Oeste do Rio de Janeiro, preso desde 2009. A relação de Bethlem com grupos de extermínio também foi alvo da CPI das Milícias da Asssembleia Legislativa do Rio em 2008. O deputado foi arrolado como testemunha de defesa de um homicídio de que eram acusados os irmãos Jerônimo e Natalino Guimarães, ex-vereador e ex-deputado estadual líderes da Liga da Justiça, o mais perigoso grupo paramilitar do Rio.

    O Tribunal de Contas do Município chegou a pedir em 2012 para a prefeitura não renovar mais qualquer convênio com a Tesloo por indícios de fraudes nos contratos, mas até este ano a ONG continuava a ter contratos ativos no governo Paes. O TCM encontrou de tudo nos contratos analisados: desde ausência de notas fiscais para determinados pagamentos até o superfaturamento na compra de alimentos.

    Durante a conversa gravada, a existência de outra mesada para complementar a renda acaba vindo à tona, desta vez relacionada a um contrato de fornecimento de lanches nas ONGs que prestam serviço na área social. Neste caso, o rendimento é menor – cerca de 15.000 reais, conta o deputado. “Até quando? “, pergunta Vanessa. “Até quando existir convênio”, responde Bethlem sem titubear. Fica acertado pelo casal, depois de alguns bate-bocas, o pagamento de cerca de 45.000 reais por mês para Vanessa. Bethlem explica na gravação que entregará um pouco menos da metade dos seus rendimentos porque precisará de dinheiro para reestruturar a sua vida. A ex-mulher aceita a oferta no fim das contas.   

    O pagamento da pensão era feito sempre em dinheiro vivo e entregue na casa de Vanessa pelo motorista de Bethlem. Um vídeo mostra o exato momento da entrega de uma remessa de 20.000 reais para Vanessa. A ex-mulher reclama que não aguenta mais ser paga desta forma. “Não vou mais receber dinheiro por fora e me ferrar com o imposto de renda”, esbraveja para o motorista. “Já estou recebendo dinheiro por fora do Rodrigo há mais de um ano”, completa. 

    O divórcio implodiu o casal, mas os filhos e a política jamais irão separá-los por completo. Em 1994, aos 22 anos, Vanessa elegeu-se a deputada federal mais jovem do Congresso Nacional pelo PSDB. Filha do vereador carioca Jorge Felippe, presidente da Câmara Municipal e cacique do PMDB fluminense, casou-se com Bethlem e com ele teve dois filhos. Um deles, Jorge Felippe Neto, será candidato a deputado estadual este ano, o que revoltou a mãe, que também pretendia voltar para a política e se candidatar a federal pelo PSL, roubando votos em redutos do ex-marido. A ideia de colocar o jovem de 22 anos na política foi da dupla Jorge Felippe e Bethlem, que mantêm excelentes relações mesmo com o divórcio .

    Atualmente, Bethlem e o secretário da Casa Civil, o também deputado federal licenciado Pedro Paulo Teixeira, são os quadros mais importantes da prefeitura comandada por Eduardo Paes. A ponto de estarem divididas entre os dois as apostas sobre quem irá sucedê-lo no município – Leonardo Picciani, filho de Jorge Picciani, corre por fora. Diante das gravações das suas conversas com a sua ex-mulher, não resta dúvida que as pretensões de Bethlem estão sepultadas por ora.

    As gravações que revelam o esquema de corrupção na prefeitura do Rio 

    Bethlem
    – Minha principal fonte de receita hoje na prefeitura, que é um convênio do Cad único… O cara simplesmente não prestou contas…

    Vanessa
    – Por que você está falando baixo? Não tem ninguém aqui.

    Bethlem
    – Porque eu simplesmente tô (sic) paranoico.

    Vanessa
    Paranoico por quê?

    Bethlem
    Telefone. Você sabe que os caras entram no telefone e vira um autofalante

    Vanessa
    – E você tem motivo para ficar paranoico?

    Bethlem
    – Como todo mundo. Você acha que alguém vai te denunciar no MP, por quê?

    Vanessa
    – Por quê?

    Bethlem
    – Porque eu sou alvo, Vanessa.

    Bethlem
    – (…) Este mês infelizmente furou porque o cara não prestou contas e eu efetivamente não vou colocar meu rabo na janela (…) Por isso eu tô (sic) f* desse jeito… É a minha principal receita. (…)

    Vanessa – Qual o nome do negócio?

    Bethlem – É um convênio que eu tenho, o Cadastro Único.

    Vanessa – O que é que tem isso?

    Bethlem – É a minha principal fonte de renda hoje. O cara não prestou contas direito, o cara é um idiota, um imbecil. Não pude pagar o cara este mês, não recebi. (…) É uma receita que eu tenho certa até fevereiro, até março. Porque é um convênio de sete meses. (…)

    Vanessa – E quanto dá isso?

    Bethlem – Eu tenho de receita em torno de 100 mil reais por mês.

    Vanessa – Quanto dá o CAD Único por mês?

    Bethlem – Em torno de uns 65, 70.000. Depende do que ele receber, entendeu? (…)

    Bethlem – Fora isso, tem o lanche e o meu salário.

    Vanessa – Lanche? Que lanche?

    Bethlem – O lanche que é servido… pelo cara que vende lanche para todos nas ONGs… é meu amigo.

    Vanessa – Quanto é de lanche?

    Bethlem – Em torno de 15.000 reais. O cara tá vendendo metade do que deveria vender

    Vanessa – Até quando?

    Bethlem – Até quando existir convênio. (…)

    Vanessa – E salário?

    Bethlem – Cerca de 18.000 líquido.

    (…)

     

  5. You don’t Nomi
    Sua passagem

    You don’t Nomi

    Sua passagem nesse planeta foi mais rápida que um meteoro. O artista alemão Klaus Nomi, virtuoso cantor “alienígena” da cena new wave de Nova York, foi uma das primeiras celebridades a morrer de AIDS em 1983. Epílogo perfeito para a gigantesca ópera tragicômica que foi a sua curta vida.

    Nascido em 1944, na Alemanha, filho de uma mãe viúva de guerra, ele foi desde sua infância apaixonado por cantoras de ópera, que imitava enquanto as ouvia no rádio. Seu primeiro contato com a música pop foi um álbum de Elvis Presley comprado escondido de sua mãe.

    Klaus foi um dos artistas mais singulares dos anos 80. Ser esguio com forma alienígena, visual retrô-futurista inspirado em ficção científica da década de 1920 – rosto pintado de branco em estilo Kabuki, lábios pretos, roupas extravagantes e penteado inspirado pelo cubismo. Seu estilo e suas performances vocais congelavam o público.

    Seu sonho de se tornar um cantor o fez mudar do sul da Alemanha para a capital Berlim. Para manter seus estudos, Klaus conseguiu um trabalho de recepcionista na Deustsche Opera, onde podia acompanhar os concertos e até mesmo arriscar algumas performances para os outros funcionários. Porém, Berlim ainda não era suficiente. Em 1972, Klaus se muda para Nova York – a cidade dos desajustados, a selva urbana que acolhia os párias influenciados por Warhol e outros artistas que procuravam a Big Apple para se reinventarem.

    Bem, nem tudo era como ele realmente imaginava. Klaus teve que fazer todos os tipos de serviços que um imigrante se sujeita. “Eu varria chão e lavava louças. É a mesma história de sempre. E eu fiz isto por muito tempo até que um dia eu tive essa ideia e lentamente meu caminho se tornou claro”, diz Klaus. Essa ideia a que Klaus se refere é sua primeira performance apresentada num cabaré vaudeville punk-rock, onde combinava a música clássica de sua infância com sintetizadores e um visual que parecia saído de uma HQ de ficção científica dos anos 60. O turning point da sua carreira aconteceu após um encontro fortuito num nightclub com David Bowie, que o contratou como backing vocal para uma apresentação no Saturday Night Live em 1979. A partir daí, sua história nunca mais seria a mesma.

    Quando o artista finalmente assinou com a gravadora RCA, que investiu pesadamente nesta “nova arte”, a “família Nomi” explodiu. O primeiro álbum esgotou em oito dias. Jean-Pierre Bommel, diretor da gravadora RCA França, diz que Nomi atraiu a todos com sua synth-opera pop.

    “Os adolescentes gostavam de seu lado totalmente pop e os fãs de música clássica admiravam a sua interpretação de árias. Sob pressão de seu empresário, Ron Johnsen, o cantor é orientado a substituir seus companheiros por músicos profissionais. O conceito original havia desaparecido. Mas isso não impediu o sucesso de sua turnê mundial que começou em 1980. Sua música permaneceu realmente excêntrica como evidenciado no seu segundo álbum, Simple Man, que combina a ópera barroca de Purcell, com o tema do Mágico de Oz e seus próprios sucessos. Quando ele retornou da turnê europeia para Nova York, em dezembro de 1982, Klaus estava exausto, emagrecido, tomando toneladas de antibióticos e injeções para manter sua voz. Sua condição rapidamente se deteriorou sem que os médicos fossem capazes de diagnosticar a doença da qual ele padecia. Seu corpo ficou todo coberto por lesões. Poucos amigos iam visitá-lo por medo de contágio. Em 6 de agosto de 1983, aos 39 anos, Klaus Nomi morreu de Aids como cerca de outros 600 tóxico-dependentes ou homossexuais em Nova York”, escreveu o correspondente em Nova York do jornal francês Libération.

    Depois de todo o encantamento, o que era na época chamado de câncer gay soou o fim da festa, mas não eclipsou o mito de Klaus Nomi – O Fantasma da Ópera, que ainda continua a assombrar o mundo do pop.

    SERVIÇO:
    Performance You Don’t Nomi – Ato 01

    Nova Babilônia
    Rua Augusta, 781 – Cerqueira César

    Dias 02, 09, 16, 23, 30 de Agosto e 06, 13, 20, 27 de Setembro das 22h às 06h
    Ingressos: R$ 30,00. Não aceita reservas. Área para fumantes. Aceita Cartões
    Crédito e Débito.

    http://www.brasilpost.com.br/klaus-kuhn/you-dont-nomi_b_5610538.html

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=c6-t1FFrpyM%5D

  6. O SANTANDER pediu desculpas, mas a pergunta permanece

    Uma pergunta ao Santander: O banco periga quebrar se Dilma se reeleger? Fonte: blog os amigos do presidente Lula

      

    É no mínimo estranho o banco Santander estar tão preocupado assim com o resultado das urnas, a ponto de incluir no extrato mensagens contra a presidenta Dilma Rousseff.

    Claro que tem candidatos como Aécio Neves (PSDB) que é considerado um verdadeiro pai para os banqueiros, porque está disposto a fazer tudo o que eles mandam: gerar desemprego, arrochar salários e aposentarias, cortar programas sociais, sucatear educação e saúde pública, transferir patrimônio público para os banqueiros privados, promover tarifaços na conta de luz do cidadão para pagar mais dividendos da Cemig na Bolsa de Valores. Tudo isso para tirar dinheiro do povo e engordar mais ainda os lucros dos bancos. Por isso Aécio é idolatrado pelo mercado financeiro, e por isso Eduardo Campos tem seguido os passos de Aécio para ser aceito no clube dos 1% mais ricos e receber doações de campanha generosas.

    Dilma joga mais duro com os bancos, acabou com a farra das tarifas bancárias sem controle, tabelando o que pode e o que não pode ser cobrado e para o correntista ter controle e ter como comparar com outros bancos. Dilma também colocou o Banco do Brasil e a CEF para competir agressivamente, ampliando sua fatia no mercado, e baixou os juros na ponta, forçando os bancos privados a baixarem também. E implantou a portabilidade de contas salário e de financiamento para o cliente poder trocar de banco.

    Mas Dilma governa há quase 4 anos, além do tempo que foi ministra de Lula, e o resultado de todos os bancos sérios tem sido sólidos e lucrativos no Brasil, mesmo com bancos no estrangeiro, inclusive espanhóis, enfrentando dificuldades. Então fica a pergunta: O Santander está mal das pernas, com problemas? E, se está, se agravarão caso Dilma ganhar?

    Acho que o banco deu um tiro no pé. Não é só a questão, já bastante grave, de um banco fazer proselitismo político em seu extrato e, talvez, alimentar um cenário econômico especulativo contra a economia popular. É pior porque fica parecendo desespero e deixa a própria clientela que tem dinheiro aplicado com a pulga atrás da orelha. Os clientes, mesmo os coxinhas que não gostam de Dilma, devem estar se perguntando se devem se preocupar com a solidez das aplicações no Banco.

    Acho que o Santander deveria esclarecer melhor qual é sua real situação de risco, diante de cenários eleitorais que ele considera adversos para si e para seus negócios.

  7. O SANTANDER pediu desculpas, mas a pergunta permanece

    Uma pergunta ao Santander: O banco periga quebrar se Dilma se reeleger? Fonte: blog os amigos do presidente Lula

      

    É no mínimo estranho o banco Santander estar tão preocupado assim com o resultado das urnas, a ponto de incluir no extrato mensagens contra a presidenta Dilma Rousseff.

    Claro que tem candidatos como Aécio Neves (PSDB) que é considerado um verdadeiro pai para os banqueiros, porque está disposto a fazer tudo o que eles mandam: gerar desemprego, arrochar salários e aposentarias, cortar programas sociais, sucatear educação e saúde pública, transferir patrimônio público para os banqueiros privados, promover tarifaços na conta de luz do cidadão para pagar mais dividendos da Cemig na Bolsa de Valores. Tudo isso para tirar dinheiro do povo e engordar mais ainda os lucros dos bancos. Por isso Aécio é idolatrado pelo mercado financeiro, e por isso Eduardo Campos tem seguido os passos de Aécio para ser aceito no clube dos 1% mais ricos e receber doações de campanha generosas.

    Dilma joga mais duro com os bancos, acabou com a farra das tarifas bancárias sem controle, tabelando o que pode e o que não pode ser cobrado e para o correntista ter controle e ter como comparar com outros bancos. Dilma também colocou o Banco do Brasil e a CEF para competir agressivamente, ampliando sua fatia no mercado, e baixou os juros na ponta, forçando os bancos privados a baixarem também. E implantou a portabilidade de contas salário e de financiamento para o cliente poder trocar de banco.

    Mas Dilma governa há quase 4 anos, além do tempo que foi ministra de Lula, e o resultado de todos os bancos sérios tem sido sólidos e lucrativos no Brasil, mesmo com bancos no estrangeiro, inclusive espanhóis, enfrentando dificuldades. Então fica a pergunta: O Santander está mal das pernas, com problemas? E, se está, se agravarão caso Dilma ganhar?

    Acho que o banco deu um tiro no pé. Não é só a questão, já bastante grave, de um banco fazer proselitismo político em seu extrato e, talvez, alimentar um cenário econômico especulativo contra a economia popular. É pior porque fica parecendo desespero e deixa a própria clientela que tem dinheiro aplicado com a pulga atrás da orelha. Os clientes, mesmo os coxinhas que não gostam de Dilma, devem estar se perguntando se devem se preocupar com a solidez das aplicações no Banco.

    Acho que o Santander deveria esclarecer melhor qual é sua real situação de risco, diante de cenários eleitorais que ele considera adversos para si e para seus negócios.

  8. Matheus Nachtergaele escreve carta para Ariano Suassuna

    “Carta para Ariano,

    Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém,  homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo. 

    Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.

    O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.

    Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro. 

    Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro. 

    Teu,
    Matheus Nachtergaele”

  9. Matheus Nachtergaele escreve carta para Ariano Suassuna

    “Carta para Ariano,

    Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém,  homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo. 

    Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.

    O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.

    Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro. 

    Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro. 

    Teu,
    Matheus Nachtergaele” http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2014/07/23/internas_viver,517808/matheus-nachtergaele-escreve-carta-para-ariano-suassuna.shtml

  10. Guaranis protestam contra

    Guaranis protestam contra ameaça de despejo e criticam ‘omissão’ de ministro

     Indígenas da capital paulista também reivindicam demarcação urgente de terras reconhecidas pela Funai, nas zonas sul e norte da cidade  por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 25/07/2014 20:52, última modificação 26/07/2014 00:11

     

     

     

     

    São Paulo – Lideranças indígenas do povo Guarani da capital paulista criticaram hoje (25) a “omissão” do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela não assinatura de portarias declaratórias de demarcação de terras indígenas. Davi Guarani, da aldeia Tekoa Pyau da Terra Indígena Jaraguá, na zona norte de São Paulo, lembrou que o governo da presidenta Dilma Rousseff tem números baixos na questão da homologação de demarcação de terras. “O ministro tem sido omisso. Isso leva ao desespero centenas de indígenas que vivem aqui. Parece que ele está testando nossa força. Neste ano, nenhuma portaria declaratória foi assinada”, criticou.

    O coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa, Marcos Tupã, morador da Terra Indígena Tenondé Porã, em Parelheiros, zona sul de São Paulo, afirmou que a documentação para demarcação de uma área de 15 mil hectares na região está pronta há dois anos e, até agora, a portaria não foi assinada pelo ministro. “Hoje, vivemos com 1.500 pessoas em 54 hectares. Não é possível o povo Guarani se manter nessas condições, mas o ministro não assinou. Ninguém fala nada e nosso povo está sofrendo”, explicou.

    As declarações foram dadas durante um protesto realizado por 150 indígenas Guarani, em frente ao Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF-3), na avenida Paulista. Eles tomaram a avenida numa caminhada desde o Museu de Arte de São Paulo (Masp) até o TRF-3, cantando, em língua materna: “Vamos caminhar/Sem desviar do caminho/Vamos buscar força espiritual/Para fortalecer a nossa luta.”

    Esta é a quarta manifestação de guaranis reivindicando as demarcações desde agosto do ano passado. Eles já ocuparam o Museu Anchieta, no Pátio do Colégio, centro da capital, e bloquearam a rodovia Anhanguera, em 2013.

    No ato, estava em pauta outra preocupação que os tem perturbado: a reintegração de posse de uma área de 2,5 hectares ao lado da Terra Indígena Jaraguá, que, com 1,7 hectare, é a menor do país e está ocupada há 17 anos.

    Os indígenas reivindicam que o desembargador André Nekatschalow mantenha a suspensão da reintegração de posse, que estava marcada para dia 27, mas foi suspensa no dia 21 deste mês. O local foi reconhecido pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como área de ocupação tradicional e o processo deve ser enviado ao Ministério da Justiça em 10 dias. O desembargador volta de férias no próximo mês e vai retomar a análise do pedido de reintegração de posse.

    A área que é objeto do questionamento judicial foi ocupada porque a terreno ocupado inicialmente, de 1,7 hectare, não comporta o aumento da população e as necessidades essenciais da cultura Guarani, como cultivo de alimentos, colheita de ervas, pesca e extração de madeira para construção das moradias. Mesmo o total de 4 hectares das duas áreas somadas já não é suficiente para a população de 700 pessoas, das quais 400 são crianças de 0 a 12 anos.

    O cacique da aldeia Tekoa Pyau, Vítor Fernandes Guarani, ressalta que se a portaria for assinada pelo ministro estaria resolvida boa parte da questão, pois isso anularia o processo da reintegração de posse. “A reintegração nos assusta, pois não teremos a menor condição de colocar todos na terra de 1,7 hectare. O povo aumentou muito e já hoje não temos condições dignas de plantar, morar e garantir nossa sobrevivência”, explicou.

    Os indígenas protocolaram uma carta endereçada ao desembargador com desenhos das crianças da aldeia. “O desenho das nossas crianças expressa o apego pela aldeia do Tekoa Pyau e o nosso vínculo indissolúvel com a nossa terra tradicional. Não temos outro lugar pra ir”, diz um trecho do documento.

    As áreas reivindicadas para demarcação e consequente ampliação são contíguas aos territórios indígenas do Jaraguá, na zona norte, e Tenondé Porã, na zona sul. As duas já foram reconhecidas pela Funai como de ocupação tradicional dos povos indígenas.

    Elas passaram por estudos de natureza etno-histórica, antropológica, ambiental, cartográfica e fundiária. Com a demarcação, a Terra Indígena Jaraguá passaria de 1,7 hectare para 532 hectares. E a Tenondé Porã passaria de 54 para 15 mil.

    Terra Indígena Jaraguá

    A documentação da Tenondé Porã foi concluída em 2012 e já está no Ministério da Justiça, aguardando a assinatura de Portaria Declaratória pelo ministro Cardozo. Já o processo da terra Jaraguá foi concluído em 29 de abril deste ano e será encaminhado ao MJ em dez dias, como informou a assessoria de comunicação da Funai.

    Terra Indígena Tenonde

    Território indígena

    A liderança indígena Sônia Aramari rechaça argumentos sobre a ancestralidade da terra reivindicada pelos guaranis. Os indígenas estão no local desde os anos 60. “Dizem que não somos povo tradicional destas terras. Se você for ver bem, toda São Paulo é terra tradicional. O povo indígena não chegou depois. Nem por acaso”, disse, lembrando que, no passado, as áreas eram ocupadas por indígenas que foram expulsos por grupos ligados a atividades de mineração.

    As demarcações colocariam as terras indígenas em sobreposição às áreas dos parques estaduais do Pico do Jaraguá, na zona norte, e Serra do Mar, na zona sul. “Isso não é um problema porque já existe legislação que possibilita o desenvolvimento de planos de manejo compartilhado das áreas”, destacou Marcos Tupã.

    O povo Guarani ressalta que, hoje, sem a demarcação, não pode entrar nas áreas de preservação para buscar madeira, frutos ou ervas. “Corremos o risco de ser presos. A legislação de preservação é muito restritiva e não compreende o manejo como parte natural da convivência com a natureza. Sem a atuação dos indígenas, não haveria mata preservada. As áreas de melhor conservação são aquelas onde os indígenas estão, onde existe manejo”, contou Sônia.

    Ao mesmo tempo, a cultura Guarani não compreende a “domesticação” das espécies, explica Davi Guarani. “As ervas, as árvores, não podem ser domesticadas. Nhanderu, Deus na cultura Guarani, as colocou lá. Tem o lugar certo para cada uma. Não é a gente que decide onde elas vão nascer”, ressaltou. Por isso, os índios têm a necessidade de viver em áreas onde a mata seja pujante e preservada.

    A água de fonte natural também é fundamental para os guaranis. “Nhanderu deixou terra e água para Guarani. Não faz sentido pagar água, ter ela do governo, com cloro”, explicou Sônia. A água do ribeirão dos Lavras, que passa próximo das aldeias atuais, está poluída com esgoto residencial das construções feitas depois da chegada deles.

    As casas são feitas de madeira e têm chão de terra. O ideal seria a construção com madeira, terra e sapê, planta de folhas largas usadas para o teto das moradias. Isso não é possível. Muitas casas são feitas de pedaços de madeira de vários tamanhos, pois os índios não podem retirar madeira da área de preservação. Outras foram construídas com o apoio da Organização Não Governamental Um Teto para Meu País e são mais estruturadas.

    No local demarcado, existe uma unidade de saúde indígena e uma escola estadual. Na área que pode ser reintegrada, há também um Centro de Educação e Cultura Indígena (Ceci) da prefeitura de São Paulo, onde as crianças têm educação primária em língua materna e português. Os guaranis pediram um posicionamento do Executivo municipal sobre a questão da reintegração de posse, mas não tiveram retorno.

    Por esses motivos, os indígenas retomaram, há 15 dias, uma área na região do bairro Sol Nascente, no lado oposto do Pico do Jaraguá, em relação as aldeias existentes hoje, para começar uma nova aldeia. A área já havia sido ocupada em 2005, mas foi reintegrada. Depois, foi ocupada por sem teto, que construíram casas de alvenaria e desmataram parte do local. O grupo também foi despejado.

    Somente dez famílias permanecem no terreno e estruturam as novas moradias. Elas retiram o entulho das casas dos “juruá”, que é como se referem aos brancos. A criação da nova aldeia não é um processo simples de ocupação do território. Existem vários rituais realizados, que devem ser iniciados pelo cacique Ari Guarani, fundador da aldeia, em 2005. As famílias que quiserem viver no local precisam da aprovação dele.

    Um dos principais processos é a construção do Opy, a casa de reza, onde são realizados batismos, reuniões, funerais e repassados ensinamentos e conselhos do Pajé da tribo. “Toda a aldeia precisa de um Opy. Se não tem, o povo fica fraco”, enfatiza Sônia.

    A área da aldeia Sol Nascente tem 72 hectares, mata densa, lagoa e uma nascente de águas limpas. Também está incluída no território de 532 hectares que aguarda demarcação. “As crianças precisam de espaço maior, senão ficam estressadas, agoniadas. Ali vão se relacionar com a natureza. Vou poder repassar meus conhecimentos. Isso é fundamental para a preservação da nossa cultura”, argumentou o cacique Ari.

    De acordo com o cacique, a nova área tem terras boas para plantio e os indígenas pretendem ter hortas de ervas e de comestíveis, como milho guarani, batata doce e mandioca, além de distribuir sementes de árvores frutíferas e as utilizadas para artesanato.

    Assim, o povo Guarani espera retomar, em certa medida, a sua essência cultural, que é sufocada pela situação atual. “Não faz sentido para guarani ganhar dinheiro. Queremos e sabemos como viver na terra e da terra. Só se caça na época certa. E nunca uma fêmea. E é só pra comer, nunca para vender. As árvores também. Elas têm tempo certo para cortar e para distribuir sementes. Tudo no mundo está interligado”, conclui Sônia.

    http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/07/guaranis-protestam-contra-possivel-despejo-e-criticam-omissao-do-ministro-da-justica-2433.html

  11.  
    Millôr, o grande matchmaker

     

    Millôr, o grande matchmaker da relação de humor Brasil-Portugal

     

    e (Vídeo)

     

     

    25/07/2014 – 00:59

     

    Humorista furibundo, pistoleiro da frase curta e paradoxal: Millôr Fernandes é o homenageado nesta edição da FLIP. Eis o que quase nenhum brasileiro sabe e poucos portugueses lembram: durante quase uma década, em plena ditadura, Millôr teve uma página de humor semanal no jornal português Diário Popular.

     

    Vídeo:

    http://www.publico.pt/n1663293

     

     

    Ler Millôr Fernandes hoje, em Portugal, é assunto sério. Esqueçam a Internet e o seu contrabando cultural – ela é inútil neste caso. A leitura de Millôr tem de ser presencial, como no tempo em que tudo era ao vivo. Ela implica fecharmo-nos numa sala com um bando de desconhecidos solitários num silêncio civilizado; mas antes disso é preciso deixar todo o mundo para trás e todos os pertences num cacifo, e depois disso é preciso esperar que um funcionário da Biblioteca Nacional erga uma barricada na nossa mesa com pesados volumes de jornais antigos. É um trabalho duro, engarrafar o riso diante de uma página de Millôr, mas lembre-se: todas as outras pessoas na sala de leitura estão a divertir-se menos do que você.

    Que o acesso a Millôr Fernandes seja exigente, como matéria preciosa deve ser, não surpreende. Que permaneça quase secreto não é punível por lei, mas devia ser. Até porque continua jovem, Millôr:

    “Biquíni é essa coisa que começa de repente e acaba subitamente.”
    “Inúmeros artistas contemporâneos não são artistas e, olhando bem, nem são contemporâneos.”
    “Se é gostoso faz logo, amanhã pode ser ilegal.”
    “Uma coisa, pelo menos, é positiva: a violência no mundo inteiro aumentou consideravelmente nosso conhecimento de Geografia.”

    Eis o que quase nenhum brasileiro sabe e muito poucos portugueses lembram: durante quase uma década, num arco que vai de Setembro de 1964 a Abril de 1974, Millôr Fernandes, humorista carioca e furibundo, foi o grande matchmaker da relação Brasil-Portugal. Sempre às quartas-feiras, e sempre na página 17, o homenageado desta edição da FLIP publicou uma página semanal de textos e desenhos humorísticos no vespertino português de maior audiência naquele período, o Diário Popular (o slogan do jornal, impresso em letras vermelhas e capitais acima do nome, era: “O jornal de maior expansão no mundo português”), num total de quase 500 números. Chamava-se O Pif-Paf, como um conhecido jogo de cartas de origem brasileira, mas também podia ser a interjeição de um mágico profissional no momento em que faz o seu truque ou a onomatopeia de um tiro (em polaco pif-paf é o mesmo que bang-bang). O Pif-Paf de Millôr Fernandes era tudo isso: um jogo com o leitor, um passe de mágica com a língua portuguesa, uma prova de pontaria nas suas críticas à civilização humana. Millôr escrevia e desenhava, não necessariamente por essa ordem, e fazia o leitor rir e pensar, não necessariamente por essa ordem.

    O Pif-Paf começou por ser uma secção na revista brasileira O Cruzeiro, produzida por Millôr, sob o pseudónimo de Emmanuel Vão Gôgo, juntamente com o ilustrador Péricles Maranhão, entre 1945 e 1963 (a partir de 1955, Millôr assumiu sozinho a produção). Portugueses de uma certa geração conheceram O Pif-Paf ainda nesse período: José Alberto Braga, que mais tarde viria a trabalhar n’O Pasquim – um semanário humorístico, de oposição à ditadura militar brasileira – a convite de Millôr, lembra-se de receber O Cruzeiro em Braga, enviada pelo seu tio do Brasil. “Identifiquei-me logo com Millôr e o seu humor reflexivo – não é o humor só pelo humor”, diz, via Skype, em directo do seu apartamento em Botafogo com vista para o Pão-de-Açúcar.

    Ferreira Fernandes, 40 anos de jornalismo, autor de uma crónica diária no Diário de Notícias, vivia então em Luanda, Angola, onde a sua mãe comprava duas revistas brasileiras, Manchete e O Cruzeiro. “Foram o meu curso superior de jornalismo, que tirei até aos oito anos. Mas foi mesmo. Em reportagens, em colunistas e em humor também. O que o Millôr escrevia na Cruzeiro era um português novíssimo para a escrita jornalística. Era irónico, imaginativo, saltava do carcan [“opressão”, em francês] do nosso jornalismo.”

    Millôr é demitido pela direcção da O Cruzeiro num editorial de primeira página em Outubro de 1963, após 25 anos na revista (“Sinto-me um navio abandonando os ratos”, comentou na altura), e em Maio de 1964 lança O Pif-Paf, uma publicação satírica e pioneira na imprensa alternativa brasileira que dura apenas três meses e oito números apesar da sua popularidade, uma existência abreviada pela censura da ditadura militar, que manda fechar a revista. O primeiro número de O Pif-Paf no Diário Popular é publicado apenas um mês depois, a 30 de Setembro de 1964 – anunciado na primeira página do jornal:

    “Não deixe de ler hoje
    na 17ª página
    a famosa secção humorística
    PIF-PAF
    (Cada exemplar é um número
    e cada número é exemplar)
    De Millôr Fernandes
    (Um escritor sem estilo)”

    E a língua sambava
    As circunstâncias da ida de Millôr Fernandes para o Diário Popular carecem hoje de comprovação porque a maior parte das pessoas que as poderiam esclarecer desapareceram ou simplesmente porque a memória é selectiva. Francisco Pinto Balsemão, fundador do semanário Expresso e da estação de televisão SIC, que era secretário de redacção no Diário Popular – jornal que, aliás, pertencia à sua família – já não se lembra de como O Pif-Paf começou a ser publicado ali (“Não foi através de mim. Podia estar agora aqui a tirar louros, mas não é verdade”). Mas não esquece o seu primeiro Carnaval no Rio, nos anos 1960, na companhia de Millôr: “Acabámos na quarta-feira de Cinzas a tomar banho em casa da Florinda Bulcão, uma actriz que estava completamente na moda naquela altura, muito gira. O Millôr era assim, bastante acelerado. Mas muito simpático.”

    Numa entrevista à revista Cadernos de Literatura Brasileira em Julho de 2003, Millôr Fernandes contou que o convite do Diário Popular o salvou – é verdade que entre 1964 e 1967 praticamente só escreveu teatro, entre peças originais, traduções e adaptações, no Brasil. “Eu tenho a maior simpatia por Portugal. Até porque eles me salvaram a vida. Depois de 1964, quando saí d’O Cruzeiro, fiquei na miséria, devendo dinheiro, ainda que eticamente me sentisse aliviado. Um dia, chego aqui, e vocês não vão acreditar, tinha uma cartinha embaixo da porta. Abri, era de Portugal, do Diário Popular. Estavam me oferecendo fazer uma colaboração e ganhar o equivalente a mil dólares por mês. O Diário era o jornal mais lido do país, vendia 180 mil por dia. Pedi 5.000, acabei fechando por 3.000 dólares. Aí eu peguei a prancheta, fiquei até de madrugada, mandei três desenhos para lá. Uma semana depois, chegam aqui 2.000 dólares; na semana seguinte, mais 2.000 dólares e, na outra, mais 2.000. Mandaram 6.000 dólares. Salvaram a minha vida naquele momento.”

    Baptista-Bastos (BB), 81 anos, 60 de jornalismo, clama ter sido ele quem sugeriu o nome de Millôr depois de um dos administradores do Diário Popular constatar que faltava humor nas páginas do jornal. BB conhecera Millôr em Março de 1964, numa viagem ao Rio, na companhia do humorista e actor português Raúl Solnado, que também viria a tornar-se amigo do brasileiro. “O Millôr ganhava por página 12 contos, 12 mil escudos. Era uma coisa fabulosa”, diz BB. “Por exemplo, os redactores qualificados – eu pertencia a esse grupo – ganhavam cinco contos por mês.”

    Uma ironia, que carece de explicação: censurado pela ditadura brasileira, Millôr destila o seu humor subversivo, marialva e negro com regularidade semanal, durante dez anos, no jornal português de maior circulação, e em plena ditadura salazarista. O humorista brasileiro gostava de contar um episódio apócrifo, que parece um daqueles paradoxos genuinamente pif-pafianos: O ditador português, Salazar, terá uma vez comentado a página de Millôr no Diário Popular com um dos seus assessores, dizendo: “Este tem piada, pena que escreva tão mal o português”.

    Baptista-Bastos diz que Millôr mandava versões alternativas, para o caso de a censura portuguesa aplicar cortes na sua página. Ferreira Fernandes nota que nesse período Millôr já acumulara uma vasta experiência em jornais. “Ele entra para os jornais muito cedo, nos anos 40. Nos anos 60 já é um macaco velho, sabe o que está a fazer. Ele não fala da guerra colonial portuguesa. Falará de outros imperialismos, em particular o americano, e isso não incomodaria o Estado Novo, que era bastante anti-americano também.” De resto, Millôr é também anti-comunista, como o regime salazarista.
    É possível que a ditadura portuguesa tenha achado que não era nada com ela, quando Millôr escrevia parábolas sobre soberanos que desconhecem ser o homem mais feio do mundo por falta de espelho.

    Não era esse lado corrosivo, aplicado à realidade portuguesa, que Ferreira Fernandes buscava no Pif-Paf. “O que me interessava não era a ideologia, mas a manipulação da língua que ele fazia. Entra aí uma inveja absoluta do tipo que vive de escrever e inventar português com a liberdade que ele o fazia”, diz. “Não me lembro se eu gargalhava com ele. Lia uma frase e pensava: ‘Tomara eu’. Provavelmente era o que eu dizia excessivamente.”

    João Pereira Coutinho, 37 anos, colunista no Correio da Manhã e na Folha de São Paulo que elege Millôr como uma influência (“Eu não escreveria se não fosse o Millôr Fernandes”), sintetiza assim: “Ele torna a língua portuguesa de tal forma maleável que ela parece que está a sambar.” Já agora, um recado dele para os que defendem que Millôr podia ter sido mais famoso, se não estivesse limitado pela língua: “Quando os brasileiros lamentam ‘que pena termos sido colonizados por Portugal’ quando pensam em termos de grandeza, lembro-me sempre de uma frase que Seixas da Costa [antigo embaixador de Portugal no Brasil] dizia: ‘Vocês gostavam de ter sido colonizados por quem, holandeses? Imaginem a Garota de Ipanema cantada em holandês.’ É a mesma coisa para o Millôr Fernandes. Ele seria grande em qualquer língua, mas não consigo imaginá-lo em holandês.”

    “Quando as pessoas dizem ‘fulano tal é genial…’ Não, às vezes a palavra ‘genial’ tem mesmo de ser posta nessas pessoas”, diz Vasco Rosa, 56 anos, editor freelancer, falando de Millôr. O seu génio, explica, está numa imensa erudição – dos clássicos gregos a Shakespeare – e mundividência, sem perder a brasileirice: a capacidade para destilar tudo isso com invejável informalidade. Ferreira Fernandes confirma: “O Pif-Paf quebrava completamente com o engravatado português minimamente culto que escrevia.”

    Mais tarde, na década de 1980, Ferreira Fernandes viria a trabalhar no Diário Popular e a frequentar os arquivos do jornal para revisitar O Pif-Paf. “É um número absolutamente grande de frases que são demasiadamente boas. Tenho a certeza de que o plagiei muito. Não podia dizer de todas as vezes, ‘esta frase é de…’, se não ainda me chamavam a atenção. São plágios confessados. A única vez que me encontrei com esse herói – um dos meus heróis de escrita – foi no Hotel Tivoli [em Lisboa] e entrevistei-o. Ele ia pagar o almoço, quando eu disse: ‘Não, nem pensar. Se você soubesse as vezes que o tenho roubado… Tenho mesmo de lhe pagar o almoço’.”

    Um crime do 25 de Abril
    O último número de O Pif-Paf no Diário Popular é publicado a 24 de Abril de 1974 – véspera da revolução que derrubou o regime ditatorial em Portugal. Quem sabe o que aconteceu? Resta a especulação. “Pode ter sido uma questão contabilística”, sugere Ferreira Fernandes. “Ele ganharia aquilo que merecia ganhar? Não. Mas provavelmente pensou-se que era muito e deixou-se cair.” E também porque, numa altura em que as redacções dos jornais se tornam ultra-politizadas e são dominadas pela esquerda, a geopolítica milloriana não seria propriamente prezada. “Ele é anti-americano, como é anti-comunista, goza com a União Soviética e com a China”, resume Ferreira Fernandes. “Pronto, chego à conclusão: há crimes do 25 de Abril. Temos aí um”, diz, rindo-se.

    Millôr Fernandes, que não raras vezes teve de explicar que não era de direita, deixou descendência numa nova geração da direita portuguesa, como João Pereira Coutinho. “Millôr Fernandes é um anarquista céptico. Ele tinha uma consciência de que a espécie humana não era grande coisa. Como tinha essa noção, olhava para o poder político e para o exercício de autoridade como um verdadeiro anarquista”, explica. “Não estou a dizer que o Millôr Fernandes era de direita ou de esquerda. Acho que ele não era uma coisa nem outra. Ele estava acima disso. Mas a direita normalmente tem uma visão menos optimista sobre a natureza humana. Há uma direita que tem grande desconfiança sobre o poder, que quer dar menos poder possível porque sabe que o poder absoluto corrompe; não tem grande esperança nas capacidades do ser humano para fazer coisas extraordinárias – o que não significa que às vezes elas não aconteçam. É uma direita um pouco mais melancólica, de expectativas reduzidas…”, continua, no que é praticamente uma auto-descrição. “Essa direita olha para o Millôr Fernandes como um camarada”, diz, usando deliberadamente um termo da esquerda, antítese que Millôr talvez prezasse.

    Em 2004 João Pereira Coutinho organizou a única antologia portuguesa dedicada à produção do Pif-Paf no Diário Popular. É uma espécie de best of em 190 páginas que integrou uma colecção de livros vendidos com o semanário Independente, entretanto extinto. O livro nunca esteve nas livrarias e hoje só é possível comprá-lo em segunda mão. Vasco Rosa, que concebeu a colecção, fotocopiou dez anos de Pif-Paf na biblioteca e convidou Coutinho para organizar um livro sobre Millôr, acusa o mercado editorial português de “autismo”. Surpreende-o que nenhuma casa editorial em Portugal tenha publicado o Pif-Paf em livro, antes ou depois de 2004. Até porque “existe uma geração de editores contemporâneos desse período em que o Millôr publicou no Diário Popular”, diz. De resto, só dois outros livros de Millôr foram publicados em Portugal e não estão mais disponíveis: a peça de teatro Computa, Computador, Computa (Editorial Futura, 1973) e Confúcio Disse (Pergaminho, 1993). As edições brasileiras estão ausentes das livrarias.

    O editor português Manuel Alberto Valente lembra que o interesse dos editores portugueses em relação à literatura brasileira tem tido as suas flutuações. “Nos anos 1950-60 aqueles que eram na altura os grandes autores brasileiros – Érico Veríssimo, Jorge Amado, Lins do Rego – eram bastante conhecidos e lidos em Portugal. Depois, durante um longo período, o Brasil como que desapareceu da edição portuguesa. Depois do 25 de Abril e até ao início da década de 80 praticamente não se publicou ficção em Portugal. Publicava-se ensaio político. A ficção tinha sido abandonada como se fosse um vício burguês. E só mais recentemente é que os editores começaram a olhar de novo para o Brasil. Mas, logicamente, vão à procura das novidades, dos nomes novos. É natural que nesse vórtice haja uma geração que tenha ficado perdida – e o Millôr, eventualmente, faz parte desse grupo.”

    Millôr Fernandes tem chegado nos últimos anos através da Dinalivro, a maior empresa de importação de edições brasileiras em Portugal, mas esses livros só costumam estar disponíveis nas livrarias do mesmo grupo empresarial, três em Lisboa e duas no Porto. “Millôr Fernandes não é muito conhecido cá – nada que se compare a um Ferreira Gullar, a uma Moacyr Scliar”, diz Paula Lourenço, coordenadora de lojas do grupo. “Mas sempre que temos o Millôr Definitivo – A Bíblia do Caos em loja, ele desaparece. E encomendamos sempre 30 a 50 exemplares.” Isto apesar de ser um livro volumoso, com mais de 500 páginas, que custa 43 euros no mercado português, mais 15% do que no Brasil.

    “Nós ignoramos muito o Brasil, que nos devolve com uma ignorância completa”, diz Ferreira Fernandes. “Esse é um drama nosso.”

    Pena que Millôr não esteja mais aí para nos fazer rir disso.

     

    http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/millor-o-grande-matchmaker-da-relacao-de-humor-brasilportugal-1663293

  12. Criador de ‘Dilma Bolada’ diz que tirou perfil do ar por causa d

    Criador de ‘Dilma Bolada’ diz que tirou perfil do ar por causa da eleição – G1

    O autor do principal personagem satírico da presidente Dilma Rousseff na internet, Jeferson Monteiro, justificou que retirou do ar os perfis da “Dima Bolada” do Facebook e do Twitter em razão da campanha eleitoral. Ele vai decidir se continuará ou não a manter os perfis nas redes sociais durante o período eleitoral e depois das eleições.

    Monteiro disse que precisa “pensar um pouco sobre os tempos difíceis que estão por vir”.

    “Entramos no período eleitoral e esse ano não vai ser mole. Há alguns dias foi liberada a campanha e é muito ruim saber que você pode fazer a diferença mas ver que está quase sozinho no meio de uma tormenta que é a internet, e que tem tudo para piorar”, disse em post em seu perfil no Facebook.

    Ele considerou “imoral” a forma como os adversários de Dilma estão “se portando” nas redes. “A internet é um território livre em que há pessoas bem e mal intencionadas. E acho que todos devem ter conhecimento de que veremos a intensificação da guerra da desinformação que já corre solta pela web.”

    Monteiro disse também que, com a proximidade da eleição, o ambiente ficará ainda mais “hostil” e que precisa avaliar como vai atuar durante a campanha.

    O criador do perfil destacou que “admira” e “respeita” Dilma e que, independentemente da decisão que tomar, terá a “sensação de dever cumprido”.

    “Reitero que eu irei decidir o que deve ser feito. E já adianto que caso a Dilma Bolada não volte, estarei traquilo e com sensação de dever cumprido. Mas caso volte, continuará sendo o que sempre foi, ainda mais forte e mais presente e o choro vai ser livre!”, brincou.

  13. Consultorias e Eleições

    Campanha de Dilma aciona consultoria por ‘oportunismo político’ – Rede Brasil Atual

    São Paulo – O comitê de campanha da presidenta Dilma Rousseff entrou hoje (25) com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a empresa Empiricus Consultoria & Negócios – que faz análise de mercado e orienta investidores – e também contra o Google e o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, por veiculação de propaganda eleitoral indevida, paga, na internet.

    “A empresa Empiricus tem se utilizado de posts patrocinados junto ao Google para divulgar conteúdo propagandístico favorável a Aécio e desfavorável a Dilma, o que é juridicamente reprovável”, disse o coordenador do PT, Flávio Caetano.

    “Desde o início do período eleitoral, a Empiricus vem vinculando suas publicidades a cenários que se referem ao pleito presidencial de 2014”, dizem os advogados da campanha petista na ação. “Ocorre que o conteúdo de sua propaganda ultrapassa qualquer limite da liberdade de informação e atenta frontalmente aos ditames da legislação eleitoral, chegando a incitar, em seu anúncio pago, um certo ‘terrorismo’ no mercado financeiro, em caso de vitória da candidata”.

    Citando o Marco Civil da Internet, já em vigor, os advogados ressaltam respeitar “toda iniciativa de livre expressão”, mas afirmam que há um “flagrante extravasamento” de direitos no caso.

    A petição petista elenca situações concretas. “O sítio eletrônico do jornal O Estado de Minas noticiou matéria sobre as eleições em que o candidato Aécio Neves negava financiamento de aeroporto em terreno da família. Após a notícia, aparece a propaganda ‘Como Proteger seu Patrimônio da Dilma’, com um link da primeira representada (Empiricus Consultoria & Negócios)”, explica. “No importante sítio eletrônico do jornal Correio Braziliense, o feito vem a se repetir, nas mesmas condições”, acrescenta.

    A representação diz que em anúncio de link patrocinado, por meio de publicidade contratada da Google, há a mensagem “Saiba Como Proteger Seu Patrimônio em Caso de Reeleição da Dilma, Já”. “O link direciona o internauta a uma página desenvolvida pela primeira representada (Empiricus) especificamente para tirar proveito da situação eleitoral, com texto intitulado ‘Como a corrida presidencial pode influenciar seus investimentos?’, que insinua a possibilidade de instabilidades futuras no país, no caso de uma reeleição da presidenta Dilma Rousseff”.

    Afirma também que a empresa de consultoria demonstra “claro partidarismo e ilegítimo oportunismo político”, ao criar anúncios associados às eleições, como os dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense.

    Segundo os advogados, em contexto impossível de ser dissociado da disputa na eleição, é clara a conotação eleitoral de propaganda paga na internet, cujo conteúdo “é claramente difamatório e injurioso à candidata (Dilma)”.

    A petição registra o tratamento oposto dado à candidatura do oposicionista Aécio Neves. Enquanto é veiculada a mensagem negativa à presidenta Dilma Rousseff, em outro anúncio na mesma página a mensagem é positiva ao tucano: “E se o Aécio Neves Ganhar? Que ações devem subir se o Aécio Ganhar a Eleição? Descubra Aqui, já”.

    Afirmando não haver como fugir do conceito de propaganda eleitoral paga na internet, a campanha de Dilma Rousseff pede a proibição de novas veiculações na internet de links patrocinados pela Empiricus Consultoria & Negócios

  14. BELO EXEMPLO

    Pegava livros no lixo: ex-catador de Brasília conta como virou médico

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    Bruna Souza Cruz
    Do UOL, em São Paulo

    25/07/201411p5 > Atualizada 25/07/201416p7Compartilhe61524,1 mil Imprimir Comunicar erro

    Arquivo pessoal

    Cícero Batista venceu a pobreza e se formou em medicina

    Cícero Batista venceu a pobreza e se formou em medicina

    O dia seis de junho de 2014 é uma data muito importante para Cícero Pereira Batista, 33. É data da sua formatura, quando ele fez o “Juramento de Hipócrates” e jurou fidelidade à medicina. O diploma na tão sonhada carreira foi um investimento de quase oito anos da vida do ex-catador.

    Natural de Taguatinga, cidade satélite a 22,8 km de Brasília, Cícero nasceu em família pobre e precisou de muita perseverança para alcançar a formação em uma das carreiras mais concorridas nos vestibulares. Ele só começou a fazer a graduação aos 26 anos.

    “Minha família era muito pobre. Já passei fome e pegava comida e livros do lixo. Para ganhar algum dinheiro eu vigiava carro, vendia latinha. Foi tudo muito difícil pra mim, mas chegar até aqui é uma sensação incrível de alívio. Eu conseguir superar todas as minhas dificuldades. A sensação é de que posso tudo! A educação mudou minha vida, me tirou da miséria extrema”, conta Cícero.

     

    Arquivo pessoalNão há desculpa para não seguir os sonhos. É preciso focar naquilo que se quer. Não é uma questão de inteligência e sim de persistência. A educação mudou a minha vida e pode mudar a de qualquer pessoaCícero Pereira Batista, 33, ex-catador que virou médico 

     

    O histórico familiar de Cícero é complicado: órfão de pai desde os três anos e com mãe alcoólatra, o médico tinha dez irmãos. Dois dos irmãos foram assassinados.

    Quando tinha 5 anos, o menino pegava o que podia ser útil no lixo. Inclusive livros, apesar de não saber ler. Com o tempo, conta o ex-catador, eles foram servindo de inspiração. Ficava mais feliz quando encontrava títulos de biologia, ciências. Certa vez encontrou alguns volumes da Enciclopédia Barsa e “descobriu Pedro Álvares Cabral, a literatura, a geografia”.

    Cícero é o único da família que concluiu o ensino médio e a graduação. Para ele, a educação era a única saída: “Diante da minha situação social eu não tinha escolha. Era estudar ou estudar para conseguir sair da miséria extrema”. Ele terminou o ensino fundamental na escola pública em 1997 — na época as séries iam do 1º ao 8º ano. Entre 1998 e 2001, fez o ensino médio integrado com curso técnico em enfermagem.

    Ajuda dos professores e colegas

    “Quando eu fazia o ensino médio técnico eu morava em Taguatinga e estudava na Ceilândia. Não tinha dinheiro para o transporte e nem para a comida. Andava uns 20 km, 30 km a pé. Muitas vezes eu desmaiava de fome na sala de aula”, explica.

    Ao perceber as dificuldades do rapaz, professores e colegas começaram a organizar doações para Cícero de dinheiro, vale-transporte e mesmo comida. “Eu era orgulhoso e nem sempre queria aceitar, mas, devido à situação, não tinha jeito. Eu tinha muita vergonha, mas nunca deixei de estudar”, conta.

    Na época da faculdade, Cícero também recebeu abrigo de um amigo quando passou em medicina numa instituição particular em 2006 em Araguari (MG), a 391 km de Brasília. “Frequentava as aulas durante a semana em Minas e aos finais de semana vinha para Brasília para trabalhar. Era bem corrido”, diz. Ele conseguiu segurar as contas por um ano e meio. “Eu ganhava cerca de RS 1.300 e pagava RS 1.400 [de mensalidade]. Até cheguei a pedir o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] por seis meses, mas no fim as contas foram apertando ainda mais e parei”.

     

    Arquivo pessoalA educação mudou minha vida, me tirou da miséria extremaCícero Pereira Batista, 33, ex-catador que se formou em medicina 

     

    Ao voltar para Brasília decidiu fazer Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para conseguir uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos). Estudou por conta própria, fez a prova no final de 2007 e conseguiu uma bolsa integral em uma universidade particular de Paracatu (MG), a 237,7 km de Brasília. Foram mais seis meses — e Cicero voltou a Brasília mais uma vez.

    No ano seguinte, fez o Enem mais uma vez. Ele queria estudar mais perto de casa por causa do trabalho — ele era técnico de enfermagem concursado — e da família. Com sua nova nota do Enem, ele conseguiu uma vaga com bolsa integral na Faciplac (Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central), na unidade localizada na cidade satélite Gama, 34,6 km de Brasília.

    “Tive que começar tudo zero novamente. Tive vontade de desistir na época. Poxa, já tinha feito um total de dois anos do curso de medicina, mas não consegui reaproveitar nenhuma matéria. Mas no fim deu certo”, conta o médico que enfrentou os anos da faculdade também com a ajuda dos livros do projeto Açougue Cultural, uma iniciativa que empresta livros gratuitamente nas paradas de ônibus de Brasília.

    Atualmente, Cícero é diretor clínico de um hospital municipal e trabalha em outros dois. O momento para ele agora é o de “capitalizar” [ganhar dinheiro] para melhorar de vida e ajudar a família. Cursar um doutorado fora do Brasil também está entre seus planos.

    “Não há desculpa para não seguir os sonhos. É preciso focar naquilo que se quer. Não é uma questão de inteligência e sim de persistência. A educação mudou a minha vida e pode mudar a de qualquer pessoa”, conclui.

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    Conheça histórias de sucesso na educação48 fotos

    38 / 48Aos 12 anos, os gêmeos Bryan e Brendon Diniz Borck ganharam medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que teve 19 milhões de estudantes. Os alunos do Colégio Militar de Porto Alegre lutam por uma classificação para a Olimpíada Internacional de Matemática Leia mais Nede Losina/UOL

     

     

  15. PROJETO: OS JOVENS EMBAIXADORES DA PAZ
    Rio de Janeiro, 26 de julho de 2014 PROJETO: OS JOVENS EMBAIXADORES DA PAZ Caros amigos (as) é muito triste o que está ocorrendo no Oriente Médio com a guerra entre Israel e a Palestina. Pesando nisso, gostaria de sugerir um projeto: OS JOVENS EMBAIXADORES DA PAZ, no qual os professores brasileiros convocariam seus alunos, para escrever uma cartinha com pedido de PAZ NO MUNDO, para depois ser envidada, para as embaixadas dos dois países, quem sabe assim, com a união e a diplomacia das crianças brasileiras, esse apelo, tenha sucesso nesse quesito. O mundo precisa de muito mais amor e paz, e todo mundo, tem que fazer a sua parte, para que esse objetivo seja conquistado. Observação: as escolas poderiam pedir também, que as crianças façam desenhos, que fale da paz, e depois colocar em destaque, para que a cultura da paz, seja sempre valorizada desde cedo. Graças a Deus no  Brasil o povo israelense e palestino vivem na maior harmonia, um bom exemplo para todo o mundo.  Atenciosamente:
    Cláudio José, um amigo do povo e da paz.  

  16. Astrônomo Ronaldo Rogério Mourão morre aos 79 anos

    Astrônomo Ronaldo Rogério Mourão morre aos 79 anos

    O Povo Online

    http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/brasil/2014/07/26/noticiasbrasil,3288366/astronomo-ronaldo-rogegio-mourao-morre-aos-79-anos.shtml

    Autor de quase cem livros, Ronaldo Mourão era conhecido como uma das maiores autoridades em astronomia do Brasil

     

     

    O Astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, de 79 anos, morreu na noite da última sexta-feira, 25. Ele estava internado no Hospital Quinta D’or, no Rio de Janeiro, desde o último sábado, 19, com Pneumonia dupla. O astrônomo que já sofria do mal de Parkinson, também sofreu um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico a cerca de duas semanas.

    Histórico do Cientista

    Ronaldo Rogério de Freitas Mourão era conhecido como uma das maiores autoridades em astronomia do Brasil. Ele foi o fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e pesquisador e sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IGHB).

     Suas maiores contribuições astronômicas foram realizadas no campo das estrelas duplas, asteroides, cometas e estudos das técnicas de astrometria fotográfica. O cientista tem quase cem livros publicados, além de mais de mil ensaios publicados em livros, revistas e jornais.

     Ronaldo Mourão entrou para a Universidade o Estado da Guanabara (atual UERJ), em 1956 e quatro anos depois recebeu o título de Bacharel e Licenciado em Física pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras. Durante o curso foi nomeado Auxiliar de Astrônomo do Observatório Nacional. No ano da conclusão, lançou seu primeiro livro Astronomia Popular, edição especial da revista Ciência Popular.

     Em 2001 lançou “O livro de ouro do universo”. A obra, que é mais uma especialidade da sua área, revela o ceticismo do astrônomo em relação às previsões dos astros. Em uma entrevista, o cientista falou que os astros nunca mentem. Apenas não dizem nada. Essa afirmação surpreendeu muita gente.

     Ronaldo Mourão deixa quatro filhos e dois netos. O corpo será enterrado às 15h no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Rio de Janeiro.

     

     

  17. EUA evacuam embaixada da Líbia após escalada de violência em Trí

    EUA evacuam embaixada da Líbia após escalada de violência em Trípoli

    Reuters Brasil

    http://br.reuters.com/article/topNews/idBRKBN0FV0HG20140726

    TRÍPOLI (Reuters) – Os Estados Unidos desocuparam sua embaixada na Líbia neste sábado, transportando o sua equipe diplomática sob pesada proteção militar até a fronteira com a Tunísia, devido à escalada de conflitos entre milícias rivais em Trípoli, afirmou o Departamento de Estado norte-americano. 

    A segurança na capital líbia tem piorado nas últimas duas semanas de confrontos entre brigadas de ex-guerrilheiros rebeldes, que trocaram tiros de foguetes, canhões e artilharia no sul de Trípoli, próximo à região da embaixada. 

    “A segurança tem que vir primeiro. Infelizmente, tivemos que tomar essa medida pois o lugar onde fica a nossa embaixada é muito próximo de onde acontecem intensos confrontos violentos entre facções líbias”, disse a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos Marie Harf em um comunicado. 

    Caças F-16 e aeronaves Osprey providenciaram a segurança da equipe na viagem de cinco horas para a Tunísia, e não houve nenhum incidente. 

    A Organização das Nações Unidas (ONU) já retirou seus funcionários do país norte-africano, e a Turquia suspendeu as operações de sua embaixada por causa da violência em Trípoli. 

    A Turquia removeu cerca de 700 funcionários do país, afirmou o Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, a jornalistas na casa do embaixador norte-americano em Paris, antes de uma reunião com diplomatas do Catar e da Turquia no Oriente Médio. 

    A porta-voz do Departamento de Estado disse que o corpo diplomático deve retornar a Trípoli quando a cidade for considerada segura. Até lá, as operações serão conduzidas de algum outro lugar na região, e de Washington. 

    Os confrontos pelo controle do aeroporto internacional de Trípoli são os últimos de uma série de combates entre grupos de ex-guerrilheiros que já lutaram lado a lado contra o ex-líder do país Muammar Gaddafi, mas que agora disputam o controle de regiões do país.

  18. Anatomia possível de um

    Anatomia possível de um processo sigiloso

    http://capitalismoemdesencanto.wordpress.com/2014/07/23/anatomia-possivel-de-um-processo-sigiloso/

    Publicado em 23 de julho de 2014 por A escandalosa ordem de prisão temporária para 26 militantes.

    A escandalosa ordem de prisão temporária para 26 militantes.

    Quando, no dia 12/07, 26 militantes foram buscados em suas casas para serem conduzidos à prisão, muita atenção se prestou à ausência de provas apresentadas e, em especial, gerou escândalo a justificativa apresentada pelo juiz Flávio Itabaiana e defendida pelo delegado Alessandro Thiers e pelo promotor Luís Otávio Figueira Lopes de que as prisões se destinavam a evitar protestos violentos no dia da final da Copa do Mundo, isto é, punição antecipada a crimes ainda não cometidos e a respeito dos quais nenhuma evidência de planejamento foi sequer apontada. Entretanto, outro aspecto da decisão inicial destas prisões e que permanece nas decisões subsequentes, especialmente na expedição de 23 mandados de prisão preventiva, não foi talvez devidamente avaliado: o das próprias prisões serem defendidas como instrumento para a investigação do caso em si. Sinal de uma lógica perniciosa de condução do caso, em que o processo judicial se confunde com a investigação policial de forma a produzir-se a si mesmo.

    Um processo tautológico

    A respeito da Lei Seca: "Para Itabaiana, o problema é que muitos juízes são benevolentes com os réus: - Eles se autodenominam garantistas, porque defendem os direitos individuais. Eu também sou garantista, da lei. E os direitos individuais não podem se sobrepor ao direito maior da coletividade."

    A respeito da Lei Seca: “Para Itabaiana, o problema é que muitos juízes são benevolentes com os réus:
    – Eles se autodenominam garantistas, porque defendem os direitos individuais. Eu também sou garantista, da lei. E os direitos individuais não podem se sobrepor ao direito maior da coletividade.”

    Uma série de elementos contidos na condução do processo, em especial nas ordens de prisão temporária e preventiva, revela como os próprios procedimentos judiciários se convertem em instrumentos de constrangimento do direito de defesa e de produção de provas mediante ameaça judicial.

    Em primeiro lugar, o processo corre em sigilo, mesmo após a prisão de duas dezenas de pessoas. Com isto se permite, ao restringir a somente poucos membros do poder judiciário o acesso ao indiciamento dos suspeitos, que a ausência provisória de evidências seja potencialmente coberta pela eventual produção de provas posteriores. Retira-se, assim, a necessidade de a Polícia Civil e do MPRJ de apresentarem provas suficientes para o próprio indiciamento, e abre-se o caminho para a punição antecipada aos acusados, vistos como ameaças, atacados e afastados de suas atividades rotineiras sem, ao menos provisoriamente, a necessidade de provar a ilicitude destas. Do mesmo modo, o sigilo impede diretamente o livre exercício do direito de ampla defesa. Não há direito de defesa sem acesso às acusações, evidências e implicações individuais e coletivas do processo.

    Ao mesmo tempo a punição preventiva é utilizada diretamente como instrumento de produção de evidências. Além dos mandados de busca e apreensão, que podem ou não gerar evidências das acusações (e que, pelo que foi apresentado pela Polícia Civil, falharam em larga medida neste intento, salvo evidências de que os acusados eram de fato militantes políticos) a punição preventiva serve de instrumento de coação para produzir depoimentos. Com prisão em massa, cria-se assimo clima de insegurança a respeito do que cada um pode ou não relatar, já que não se sabe o que poderia, com ou sem base para tanto, incriminar outros, o que por sua vez favorece a produção dessas próprias incriminações. O caráter intimidatório da operação em larga escala é, dessa maneira, instrumento para a produção de provas inseparáveis desta própria intimidação. O procedimento segue nas pistas de outros processos persecutórios da História, como os expurgos stalinistas e o macartismo americano, nos quais delações produzidas mediante coação foram instrumento fundamental de limpeza política.

    Do mesmo modo, a própria prisão preventiva se converte em instrumento de auto-justificação automática dos seus elementos de exceção. É usada como argumento para a não-abertura do processo, uma vez que, com os réus cientes do processo, poderiam obstruir as investigações se soubessem o seu conteúdo. Assim, uma vez que se tornaram cientes do processo pelo pedido de antecipação de suas prisões, os acusados devem permanecer presos para que não possam impedir as investigações que deveriam justificar este aprisionamento em primeiro lugar. Cria-se, desse modo, um bizarro expediente para se ultrapassar as garantias de liberdade individual e molda-se um instrumento para o aprisionamento preventivo de qualquer pessoa tida como ameaça potencial. Prende-se não em virtude de evidências, mas na expectativa destas, e se pode manter a prisão pela continuidade das investigações. O que impediria, portanto, que o prolongamento das investigações se tornasse instrumento deliberado de manter presos acusados não-julgados? Configura-se, desta maneira, uma metodologia, talvez modelo para futuras operações, de inverter, para casos de especial interesse, a presunção de inocência e autorizar o encarceramento a título provisório por tempo indeterminado de elementos que o Estado deseje a neutralização.

    Do mesmo modo, o aprisionamento preventivo se converte também em impedimento para o direito de ampla defesa. Presos, os acusados têm limitada a sua capacidade de articulação, de procurar e avaliar suas possibilidades de defesa jurídica e de busca de apoios, inclusive materiais. Uma eventual fuga de um indiciado se converte em evidência de culpa, senão legal, pelo menos para a opinião pública mobilizada pela mídia empresarial. Mídia conta com estranhos privilégios, com acesso ao processo (“furos”) é negado à própria defesa dos indiciados. Assim, impede-se que as defesas se guiem com claro entendimento das acusações, transformadas em alegações suspeitas, boatos. Do mesmo modo, os acusadores, delegados e promotores, além do próprio juiz do caso, conta com livre-acesso a estes canais de comunicação com opinião pública, dando entrevistas e declarações oficiais para defender seus pontos de vista. Os perseguidos, por sua vez, não contam acesso direto algum à comunicação de massa, estando ou presos ou na clandestinidade.

    Portanto, como apropriado a processos de exceção, o processo ao qual estão submetidos mais de duas dezenas de militantes políticos no Rio de Janeiro tem por base sanções judiciais que se convertem em instrumento de justificação e condução da própria investigação da qual deveriam ser resultado. A inversão da lógica de processo é ao mesmo tempo a construção de uma lógica circular de indiciamento: se tratam de suspeitos por serem alvos de uma suspeita. Este caráter de flagrante manipulação da lógica investigativa não se restringe, entretanto, às sanções judiciais antecipadas aplicadas. Elas remetem, na verdade, ao processo como um todo, desde sua origem investigativa.

    A tese infalível: Formação de quadrilha

    A investigação, segundo a parte do inquérito mostrada na Globonews (e posteriormente vazada no Facebook), situa com clareza a origem do caso nas manifestações populares que passaram a ocorrer a partir de junho de 2013 e também o relaciona à violência abusiva das forças de segurança na repressão a estas manifestações. Trata-se, portanto, desde o ponto de partida, de uma questão de natureza política, situada no contexto de um ascenso das manifestações reivindicatórias e da resposta estatal a este ascensomarcada pela brutalidade policial. O objeto das investigações são grupos que atuariam segundo uma tática de ação política, a tática black bloc. Esta se caracterizaria pelo uso de armaduras e armas improvisadas para resistência à violência policial e pela depredação de símbolos do capitalismo.

    Segundo a mesma denúncia do MPRJ, anteriormente à emergência dos grupos partidários desta tática, não haveria ilicitude em curso nas manifestações, pelo menos por parte dos manifestantes. Isto é afirmado, com a caracterização de que as manifestações seriam originalmente pacíficas, muito embora as práticas que caracterizariam a tática, isto é a existência de resistência física à ação policial e a provocação de danos ao patrimônio público ou privado, estarem presentes desde o início destas manifestações e, portanto, segundo o próprio inquérito, antes da emergência dos black blocs. Desse modo, fica patente que se considera a própria tática como elemento que configura tais atos como crimes (ou, pelo menos, de crimes que merecem investigação e punição judiciária), não se partindo, portanto, de uma diferença material entre práticas, mas de uma diferença especificamente política.

    De todo modo, mesmo se for aceita a versão dos fatos apresentada pelo MPRJ de que a presença de atos violentos por parte dos manifestantes só ocorreria a partir do surgimento do black bloc, ter-se-ia que aceitar que o “pretexto” de sua formação, a proteção dos manifestantes contra a violência policial, é um pretexto real, o que faria do black bloc uma consequência da repressão estatal.

    De uma forma ou de outra, pode-se caracterizar este inquérito como outra modalidade de ação repressiva do Estado para com as manifestações sociais surgidas a partir de junho do ano passado. A eleição dos partidários da tática black bloc como alvos da investigação se dá da seguinte forma: ou como mera alternância de método de repressão (agora judicial e não mais somente por meio de cassetetes, gás e balas de borracha) em resposta a uma transformação de modo de ação de parte dos manifestantes; ou como escolha de um método particularmente voltado contra um grupo que se tem especial interesse em combater. De toda maneira, não é somente o modo de ação que é visado, mas fundamentalmente a proposição deste modo como estratégia de reivindicação social, assim como o grupo ou os grupos que realizam esta proposição.

    A investigação policial e a acusação judicial visam, assim, mapear parte da militância de esquerda do RJ e caracterizá-la, por sua militância, como ameaça à ordem pública. O que se busca não é a identificação meticulosa de delitos passados ou o desmonte de operações em curso, mas a descrição de um tipo de atuação em que se mostre um grau de periculosidade potencial. Mais do que somente realizar atos de resistência violenta, os grupos tomados como alvos seriam incitadores de tais atos. O seu perigo, portanto, não é somente nem prioritariamente sua capacidade imediata de ação, mas a capacidade de atrair simpatizantes e de, assim, dar um caráter violento aos protestos em uma medida muito além do tamanho diminuto de seus membros diretos. Em suma, são caracterizados como grupos subversivos. Segue-se daí o formato de relatório de polícia política que o inquérito assume. Este caráter se deixa ver em especial na presunção que embasa a decisão de prender os ativistas na véspera do final da Copa. Do seu caráter de grupo subversivo se deduz sua disposição para novos atos, sem que isto precise ser demonstrado factualmente.

    Neste viés conspiracionista, em que a ação política se explica pela manipulação de agentes clandestinos sobre uma massa de suscetíveis inocentes úteis, o black bloc é tratado ao mesmo tempo como tática e como grupo, isto é, como um grupo que corporifica um modo de ação e, no limite, corporifica a própria resistência direta dos manifestantes à repressão estatal. Isto explica a extraordinária peça de ficção histórica de que as manifestações só se tornaram violentas a partir da entrada em cena do black bloc, ou, mais especificamente, da entidade que corporificaria o próprio black bloc, a Frente Independente Popular (FIP). Uma vez encontrada uma entidade a qual pode ser atribuída a iniciativa de qualquer ação considerada violenta, ela passa a explicar até mesmo o que aconteceu antes do seu aparecimento.

    Desse modo, a investigação não tem como objetivo central ou método a responsabilização individual por atos determinados, mas comprovar a conexão de uma série de atos e de seus potenciais autores numa mesma rede que deve ser identificada e combatida como um todo, através da responsabilização das suas supostas figuras-chave. Assim, não somente se conseguiria a paralização e punição de infratores isolados, mas se atingiria o cerne do próprio fenômeno black bloc, eliminando seu núcleo dirigente. Fica, portanto, evidente o caráter político dessa intervenção, com a Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro tomando como sua competência o combate a ameaças não-pacíficas ao status quo, ainda que para tanto precise passar por cima de seguranças individuais e da consistência factual. O viés conspiracionista ajuda a justificar, também, a estratégia de criminalização coletiva de uma gama heterogênea de grupos políticos como partes de uma mesma articulação secreta de esforços destinados a provocar o caos. “Associação para cometer crimes” é não somente a acusação central do inquérito, é ela que estrutura a denúncia como tal, sem a qual o caráter coletivo da investigação não se justifica, assim como não se justifica a caracterização de ameaça dada aos indivíduos investigados. Esta não é buscada caso a caso, mas a partir da própria hipótese de uma única quadrilha articulada, para a qual toda conexão pode ser “agregada” como prova, sem necessidade de comprovar esta unidade.

    O enquadramento de dezenas de manifestantes sob a mesma acusação de participação num esforço coligado permite que qualquer potencial evidência de delito ou de associação se converta em argumento a favor da existência da conspiração procurada. Isso permite que indivíduos possam ser caracterizados como participantes de crimes sem necessidade de comprovação imediata, desde que se possa atribuir-lhes uma vaga função na articulação dos delitos factuais. A participação em reuniões pode ser caracterizada como evidência de uma função de planejamento de atos violentos, consumados ou não, simplesmente pelo reforço da tese de que havia um tal planejamento ou articulação. A realização de uma reunião na casa de um dos acusados chega a ser elencada como “apoio logístico”!

    A acusação de formação de quadrilha, portanto, se monta como uma tese infalsificável, ou seja, não estabelece os parâmetros pelos quais deveria ser sustentada por prova suficiente para se confirmar ou se negar. Até mesmo a ausência de evidência tangível pode ser admitida como evidência do caráter sigiloso ou “pulverizado” da articulação criminosa. Em suma, o inquérito parte e busca se sustentar daquilo que deveria primeiro provar, isto é, a própria existência de uma articulação concreta e consciente para desempenhar o papel que é atribuído aos acusados, o de serem um grupo único de planejadores, incitadores e realizadores de ataques violentos premeditados contra patrimônio e forças de segurança. Sem prova substancial e abrangente deste fato, suficiente, portanto, para caracterizá-lo como tal, o inquérito inteiro não tem razão de ser outra que a perseguição política de militantes e grupos políticos cuja atuação desagrada ao poder público.

    A acusação do MPRJ recorre fundamentalmente à criação da FIP para a caracterização de que todos os acusados compõem um único grupo criminoso, apesar de o inquérito mesmo listá-los como pertencentes a diferentes movimentos. Entretanto, uma vez que a própria existência pública da FIP contraria a suposição de um grupo secreto de ação clandestina, a hipótese da promotoria, apresentada como fato e sem esclarecimento algum de procedência, é a de que a FIP seria organizada em dois níveis, um público e um secreto. Neste segundo, espécie de verso da FIP pública, o conhecimento e a participação seriam restritos a “líderes” dos grupos reunidos e nele seriam acordados e planejados o emprego e a incitação de atos violentos como estratégia de obtenção dos objetivos políticos que a organização como um todo se proporia. A tese do Ministério Público, portanto, é de que existiria um comitê secreto que forma velada dirigiria uma organização pública e promoveria desta maneira a violência nos atos. Portanto, não se trata somente de um viés conspiracionista no inquérito, mas de uma verdadeira teoria da conspiração, que elege um punhado de líderes (dos quais grande parte sequer é apontada de que seria líder – caso da própria Sininho, acusada de ser a líder da quadrilha mesmo sem ser parte de nenhum dos coletivos apontados na própria investigação). Esta tese dirige a conclusão: quaisquer reuniões entre quaisquer militantes participantes da referida FIP podem ser incluídas como evidência de que há organização paralela secreta. Não é necessário apontar regularidade destas reuniões, provas documentais de seus encontros e deliberações, evidência de organização da FIP pública a partir das supostas reuniões ou evidência de direção das organizações que seria satélites da FIP a partir do hipotético comitê secreto. A acusação, portanto, se converte em espécime pobre de ficção policialesca a respeito de como se estruturam organizações de militância, na qual a suposição inicial se “prova” pelo acúmulo de elementos contidos na própria suposição.

    Na verdade, mesmo atividades que em nada confirmam o padrão afirmado são usados como evidência: As suspostas incitações da militante Sininho a atos como queima de ônibus são arrolados como provas de que há incitação planejada por parte do conluio acusado. Uma prova assentada simplesmente na suposição de que Sininho é parte do grupo, ou seja, argumento inteiramente circular. Em nenhum momento tal fraqueza de argumentação fica mais evidente que na seguinte passagem do inquérito:

    “Note-se que, dada a estrutura pulverizada da organização, não é possível estabelecer, por muitas vezes, o liame entre integrantes de diversos subgrupos – que podem sequer se conhecer. A existência, todavia, de um comando centralizado e a convergência de desígnios existente entre os integrantes das diversas estruturas orgânicas permite o reconhecimento da associação entre todos, ainda que de forma compartimentalizada, passando-se, a seguir, a especificar a conduta dos denunciados e a estrutura dos grupos.”

    Justamente aquilo que deveria ser provado, a existência de um comando centralizado, é posto como escape para a ausência de evidências a respeito de sua própria existência concreta como comando. A carência de provas, exposta na confirmação de não se ter estabelecido a ligação entre os sub-grupos, é neutralizada como prova contrária da inexistência de comando e acaba se tornando uma espécie de prova positiva, evidência do caráter secreto do tal comando. O argumento torna-se ainda mais assustador com a junção de uma segunda prova: “convergência de desígnio”. Isto é, se alguém na Palestina queimar um ônibus, isto poderia, para a polícia civil e MP do Rio de Janeiro, ser evidência da FIP secreta. O grau de rigor lógico e de consistência comprobatória do inquérito faz a astrologia parecer uma ciência exata e rigorosa.

    Deste modo, fica patente que o único elemento justificador do inquérito como tal é o próprio desígnio de enquadrar uma coleção diversificada de militantes como uma quadrilha armada, sem que para tanto seja de fato necessário apresentar evidências da existência de quadrilha e muito menos de seu armamento. As únicas evidências citadas (mas não expostas) são uma escuta telefônica em uma pessoa e um depoimento de uma testemunha. Para o Ministério Público, com aceitação do juiz Flávio Itabaiana, isto parece ser prova suficiente não somente para processar 23 militantes, mas também para mandar prendê-los sucessivas vezes. Tal ímpeto não se justifica e nem mesmo se explica pelas alegações do inquérito, mas somente pela construção dos acusados como ameaça pública, judas simbólicos que, uma vez malhados, exorcizam o fantasma das manifestações perigosas para a ordem pública. Polícia Civil, MPRJ e justiça estadual assumem, portanto, papel de polícia política, executando operação de perseguição, intimidação e punição exemplar e preventiva aos grupos políticos que elege como ameaças prioritárias. Constitui-se, assim, horizonte tenebroso para as liberdades democráticas no Estado do Rio de Janeiro, com a produção de um paradigma de atuação política dos órgãos de investigação e punição que nada impede de se estender a outros grupos políticos.

    Para uma campanha de defesa das liberdades democráticas e contra a perseguição aos nossos companheiros:

    Tendo em vista o caráter político e persecutório do inquérito voltado aos militantes presos ou foragidos, é imprescindível que todas as forças democráticas se organizem, se mobilizem e se articulem para combater este processo. Algumas das bandeiras desta luta terão de ser:

    Liberdade imediata para todos os presos políticos: Não há democracia com punição anterior a julgamento sem esclarecimento das acusações e das circunstâncias pertinentes. A libertação é condição necessária, embora não suficiente do direito de ampla defesa.

    Garantia da ampla defesa: É fundamental que a sociedade civil organizada mobilize-se para assegurar as condições para a ampla defesa dos acusados: publicidade das acusações e da investigação, acompanhamento e denúncia das arbitrariedades presentes e futuras do processo, interpretação independente e análise sócio-política do caráter político do processo e dos atos atribuídos aos acusados, dar voz aos acusados.

    Anistia para todos os presos políticos: Dado o caráter político das acusações, com evidência de objetivo de desarticular grupos de clara dedicação político-militante, e dos atos atribuídos aos acusados, dado, portanto, o caráter coletivo e social da questão e da sua conexão com o momento histórico disparado em junho de 2013, e do seu imbricamento com a repressão policial cujos abusos escandalosos foram fartamente documentados no último ano, é impossível a responsabilização individual e coletiva sem configurar ato de perseguição política. A anistia é, assim, garantia dos direitos de livre manifestação, de livre associação e de expressão, cujos exercícios estariam tolhidos pela tutela jurídico-policial consagrada a partir de uma condenação dos acusados ou da continuidade prolongada do processo.

  19. As imagens do que realmente

    As imagens do que realmente aconteceu na saída de Igor, Camila e Sininho da Penitenciária em Bangu. A agressão dos jornalistas aos amigos e companheiros dos ativistas. A falta de respeito aos direitos das pessoas sobre suas próprias imagens. E, depois, a mentira, a distorção dos fatos, mais uma vez a criminalização do movimento social.

    https://www.youtube.com/watch?v=cH9M9yNsxMU&feature=share&app=desktop

  20. Refinaria Abreu e Lima

    A Refinaria Abreu e Lima foi, no aspecto financeiro, o pior empreendimento de uma estatal no Brasil, talvez em todo o mundo. Seu custo final será da ordem de US$19 bilhões, US$ 15 bilhões acima do que Graça Foster considerou o máximo aceitável. US$15 bilhões torrados em má administração e roubo, cada fator contribuindo com fração não esclarecida do rombo. Graça Foster disse que a refinaria é exemplo a ser evitado, não repetido.

    Uma das explicações dos responsáveis pelo rombo é que a refinaria é de última geração. Falácia! Desde que a refinaria foi concebida, o craqueamento do óleo por puro aquecimento é tecnologia superada e substituída pelo craqueamento por catálise, usando nanotecnologia. O catalizador que tem sido usado são as zeólitas, material nanoporoso que é abundante como minério. Nesse caso, o aquecimeto do óleo é mínimo, o que resulta em economia de produção e produtos de refino muito melhores. Gazolina e diesel que rendem mais energia e liberam menos poluentes. A tecnologia começou a ser desenvolvida nos anos 80 e estava madura no início do século XXI. Em 2005, antes de se pensar na refinaria, no mundo já eram refinados 18 milhões de barris de óleo por dia usando catálise por zeólitas. A Nova Zelândia, rica em gás e pobre em petróleo, já produzia quase todo o seu combustível líquido a partir do gás, usando nanotecnologia.

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