Fora de Pauta

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Redação

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  1. http://www.cityofart.net/bshi

    http://www.cityofart.net/bship/interiors.html

    A MARINHA BRITANICA – FROTA DO MEDITERRANEO NO TEMPO DA RAINHA VITORIA -Coleção de fotos da vida a bordo dos navios da Frota Mediterranea em torno do ano 1900 – Fotos de otima qualidade, o Primeiro Lorde do Almirantado era Sir John Fisher, curiosidades : o bar bem abastecido do camarote do Almirante e a cabra do artilheiro.

    Os marinheiros podiam levar papagaios, gatos, cachorros, cabras como mascotes. A Marinha dava pela manhã uma dose de rum batizado conhecido como “”grogue”. A Marinha inglesa ao tempo do Almirante Nelson pegava bebados nos bares e os colocava a bordo sem maiores explicações, lá ficavam por anos. Meninos aprendizes eram alistados aos 8 anos de idade. A Marinha tinha navios e bases por todo o mundo, era a maior organização militar da época.

    Lord Fisher foi o grande estrategista, por volta de 1900 converteu a Marinha de carvão para oleo, aumentado em um terço sua capacidade só com essa conversão. Para ter oleo a Marinha comprou a concessão de petroleo na Persia, que pertencia a um inglês aventureiro, William DÁrcy, pagou quatro milhões de libras, uma fabula à epoca, uma diaria no Ritz de Londres custava uma libra. Com as jazidas persas a Marinha fundou a Anglo Persian Oil Co.Ltd. que hpje é a BP.

  2. Fascismo miúdo
    Escasseiam aqueles que podem exibir o humor e a ironia de Antonio Prata 

    Na Bahia, manifestantes interromperam a participação de Demétrio Magnoli em um debate e impediram outro que seria protagonizado por Luiz Felipe Pondé. A escalada de intolerância, ofensas ad hominem e de desqualificações da opinião alheia segue o seu curso.

    Escasseiam os que podem exibir o humor e a ironia de Antonio Prata. Em artigo publicado no caderno Cotidiano do jornal Folha de S.Paulo, na edição de domingo 3 de novembro, Prata assume a sua “conversão” ao reacionarismo que hoje, no “Brasil brasileiro”, empolga os que se julgam bem-nascidos e bem-pensantes. “Convertido”, Prata pede licença para desfilar a procissão de rancores que ronca nos Porsches e Ferraris em disparada pelas alamedas dos Jardins e adjacências, sem desprezar a colaboração dos remediados em carros de baixa octanagem.

    Com requintes de ironia, Prata se infiltra no pelotão dos brancos, ricos, remediados, heterossexuais, machistas, e alerta para a invasão dos bárbaros: negros privilegiados com cotas, vivandeiras do Bolsa Família, homossexuais e feministas. À mercê dessa chusma, nada resta aos bons, bonitos e virtuosos senão responder com os bordões do menosprezo e da revolta.

    Nesse ambiente, a intolerância atarraxa todas as máscaras e galopa a rédeas soltas. É ilusão encontrar personalidades por detrás das personas. Na passarela da intolerância, as personas imprimem suas faces inexpressivas nas personalidades congeladas. Não são personagens à procura de um autor, mas máscaras esvaziadas na busca desesperada por protagonismos e autorias.
    O desespero é devastador: a multidão de personas dissolve-se na mesmice do narcisismo anônimo. Cintilam e se apagam com a velocidade das aparições no Facebook ou no Instagram. É a massificação da diferença. Daí a agressiva repulsa ao outro, no mundo exatamente como eles, apenas do lado contrário.

    Foram exuberantes as manifestações de apoio e de repúdio à caricatura do conservadorismo desenhada por Antonio Prata. O traço de união entre as favoráveis e contrárias é a obstinada resistência ao humor e ironia, uma cabal demonstração dos estragos produzidos pelos trabalhos de massificação da chamada “indústria cultural”. A avaliação dos “bem-pensantes” a respeito de si mesmos não resiste a uma prova de interpretação de textos.

    Na visão de Elisabeth Roudinesco, o sujeito moderno, aquele “consciente de sua liberdade, mas atormentado pelo sexo, pela morte, pela proibição”, é substituído pela concepção “psicológica de um indivíduo depressivo que foge de seu inconsciente, preocupado em retirar de si a essência de todo o conflito”.

    Os trabalhos de destruição da subjetividade moderna são realizados por uma sociedade que precisa exaltar o sucesso econômico e abolir o conflito. Nesse ambiente competitivo, as vítimas das promessas irrealizadas de felicidade e segurança assestam seus ressentimentos contra os “inimigos” imaginários produtores do seu desencanto. É preciso caçar essa escumalha como ratazanas prenhes, diria Nelson Rodrigues, grande conservador crítico.

    Essa curiosa “psicologização” da existência, diz Roudinesco, avassalou a sociedade e contribuiu para o avanço da despolitização, filha dileta do que Michel Foucault e Gilles Deleuze chamaram de “pequeno fascismo da vida cotidiana”, praticado e celebrado pelo indivíduo ressentido, ao mesmo tempo protagonista e vítima de um processo social que ele não compreende. O pequeno fascismo desliza sorrateiro para a alma de cada indivíduo, sem ser percebido, ainda que continue a simular a defesa dos sacrossantos princípios dos direitos do homem, do humanismo e da democracia.

    No livro As Origens do Totalitarismo e da Democracia, Hannah Arendt definiu o ambiente hostil à cidadania e à liberdade dos modernos como o espaço do totalitarismo anárquico. “A política totalitária não substitui um corpo de leis por outro, não instaura um consensus iuris próprio, não cria, através de uma revolução, uma nova forma de legalidade… a peculiaridade do totalitarismo não é uma estrutura monolítica, senão a ausência de estrutura.”

    As lideranças do “pequeno fascismo cotidiano”, diz Domenico Losurdo, propugnam explicitamente por uma ditadura invisível, mais potente do que qualquer outra, justamente porque o indivíduo “psicológico” recusa os sinais exteriores de reconhecimento dos direitos alheios consubstanciado no consensus iuris.

    http://www.cartacapital.com.br/revista/774/fascismo-miudo-7922.html

     

     

  3. O Coliseu perde
    A tevê no Brasil daria inveja à Inquisição espanhola e ao Marquês de Sade. Por Nirlando Beirão 

    A tevê no Brasil daria inveja à Inquisição espanhola. Talvez até obrigasse o Marquês de Sade, imerso em maquinações malignas na reclusão de Charenton, a reconhecer sua incapacidade de competir, em pé de igualdade, com programas destinados a explorar a miséria humana e a vulnerabilidade alheia.

    Escrevi “no Brasil”, mas desconfio que o repertório de aberrações, humilhações e agressividade não seja atributo apenas nosso, esgueira-se por nichos de emissoras mesmo do mundo dito civilizado – embora não haja a menor dúvida de que a tevê brasileira se esmerou em aperfeiçoar a fórmula. Do histórico Geraldo made in USA ao rombudo Datena dos crepúsculos tropicais, a tevê procedeu a uma longa trajetória de especialização.

    É sobre isso que se debruça Silvia Viana, professora de sociologia da Fundação Getulio Vargas, em tese de doutorado na USP agora publicada como livro com título que não deixa dúvidas: Rituais de Sofrimento (Editora Boitempo, 190 páginas, 37 reais).

    Silvia foca, em especial, nos reality shows, com o sadismo explícito das eliminações pactuadas com a audiência, à moda do Coliseu romano. Para aliviar a mauvaise conscience dos BBBs e das Fazendas, acena-se com o argumento de que ali o sofrimento é voluntário, o preço a ser alegremente pago por mamutes e peladonas no investimento em uma carreira de subcelebridade.

    Para além desses picadeiros onde exibicionismo e voyeurismo se entrelaçam, espetáculos estridentes que fazem o apanágio de Pedro Bial e assemelhados, prosperam outros territórios de crueldade mitigada, que se dissimulam no humor tosco dos flagras e das “pegadinhas”. Aí, o Pânico, na Band, se supera, com o requinte de um deboche que não poupa sequer seus próprios protagonistas. Sabrina Sato que o diga.

    http://www.cartacapital.com.br/revista/774/o-coliseu-perde-6753.html

     

  4. http://www.farahpahlavi.org/f

    http://www.farahpahlavi.org/fp-pdv-oct2013.html

    OS 75 ANOS DE FARAH DIBA – A viuva do Xá Reza Phalavi, que mora em Washington, faz 75 anos. Farah Diba foi a terceira e ultima Imperatriz do Irã, a primeira foi Fawzia, irmão do Rei Farouk do Egito, a segunda foi Soraya e a 3ª foi a arquiteta Farah Diba, hoje um simbolo da enorme diaspora iraniana nos EUA, cerca de um milhão de iranianos, uma imigração altamente qualificada que saiu quando chegaram os aitolás.

    Com a reaproximação do regime iraniano com Washington a questão da diaspora será posta na mesa.

    O Governo de Teerã tem uma excelente rede internacional de TV, com transmissão em  cabo por todo EUA, com transmissão  em espanhol via internet e tambem por cabo (HISPAN TV) e a partir de Janeiro deverá te canal a cabo em português, eles já tem escritorio no Brasil. A programação é profissional como a AL JAZEERA, de alta qualidade técnica e bons jornalistas.

     

  5. Um fracasso em dez motivos – Vinicius Torres Freire

    “Comentaristas, quanto concordar ou não com a matéria de Vinicius Torres(FSP 10/11/2013)? Sds. a todos.”

     

    1. Onde foi parar? O governo Dilma Rousseff transferiu centenas de bilhões de reais para empresas. Fez isso de modo direto: baixou impostos e subsidiou empréstimos (por meio de bancos públicos, emprestou dinheiro a preço “abaixo do custo”). Fez isso de modo indireto: protegeu ainda mais empresas brasileiras da competição externa.

    2. A dinheirama não foi parar no investimento. Ou, pelo menos, não teve o dom de incrementá-lo. A intenção declarada do governo Dilma era incentivar empresas a investir mais em novas instalações produtivas, novos negócios. Não rolou. O investimento como proporção do PIB caiu do primeiro trimestre do governo Dilma (2011) até o segundo trimestre deste ano de 2013, quando houve recuperação miudinha.

    3. Onde foi parar tanto incentivo? Manutenção de margem de lucro de empresas, ameaçada pela concorrência estrangeira de produtos mais baratos, favorecida ainda pelo câmbio (dólar barato)? Foi repassado para preços de produtos? Bancou o custo do represamento de trabalhadores (evitar demissões), mantidos mesmo com capacidade ociosa na produção? Note-se que quase todas essas hipóteses são boazinhas.

    4. Por falar em câmbio, note-se de passagem que o “preço do dólar” de fato ainda esteve barato nos anos do governo Dilma, o que em tese prejudica empresas nacionais (nem todas), acossadas pela concorrência externa. Mas a taxa de câmbio efetiva real melhora desde a metade de 2011.

    5. A parte do dinheiro federal empregada em investimentos “em obras” ficou praticamente estagnada desde o início do governo Dilma (na conta que compara tais dinheiros com o tamanho da economia, do PIB). O governo até que tentou melhorar, mas deu de cara com a própria burocracia, com ministros incompetentes (nomeados porém por Dilma), com delongas derivadas dos escândalos do primeiro ano de governo (aquele da “faxina ética”) etc.

    6. Por que o governo fechou a porta na própria cara, em matéria de investimento? Por que não consegue gastar nem o que se propõe? Um motivo é a barafunda de instituições de licenciamento, controle e fiscalização, as quais não se falam, têm responsabilidades sobrepostas, normas confusas e outras maluquices, como leis draconianas, que no entanto não impedem corrupções.

    7. O que o governo Dilma fez a respeito desse manicômio legal-institucional? Nada, ou quase isso.

    8. Por que Dilma não fez nada, ou quase isso? Só perguntando aos botões da presidente, como ela mesma gosta de dizer.

    9. Hipóteses. Dilma não queria lidar com o Congresso, mandar-lhe leis, reformas, nada disso. Porque não gosta de lidar com o Congresso. Porque talvez achasse que, com alguns safanões e “vontade política” (dela), a coisa andasse. Porque não conhecia o tamanho do problema, apesar de estar no governo federal, lidando justamente com isso, desde 2003. Os botões da blusa de Dilma têm muito para explicar.

    10. Dilma, enfim, não fez reforma quase alguma. Achava que o país estava “pronto para crescer”, bastando colocar mais lenha para esquentar a caldeira e acelerar a Maria-fumaça (mais incentivo e gasto público). Mas o trem não andou. Apenas ficou mais quente, desperdiçando energia: mais inflação, mais deficit externo.

  6. Gentili devia explicar na

    Gentili devia explicar na cadeia por que ofereceu banana no Twitter a um negro

    Um ignorante que faz piadas para ignorantesUm ignorante que faz piadas para ignorantes

     

    Vou contar uma história ocorrida em Londres.

    Meses atrás, um jogador de futebol teve uma síncope cardíaca em pleno jogo, diante de um estádio lotado e de câmaras que transmitiam a partida para vários países.

    Foi uma comoção coletiva. Ele ficou minutos sem respirar, e saiu numa maca sem que se soubesse se estava morto. (Felizmente, conseguiram ressuscitá-lo: ele se retirou do futebol, mas está vivo.)

    No Twitter, mensagens angustiadas, desesperadas torciam pelo jogador.

    No meio da dor generalizada, alguém começou a postar mensagens racistas, insultuosas ao jogador e às pessoas que sofriam naqueles instantes por ele.

    Houve uma reação imediata dos internautas. O racista, em seu último tuíte, depois de falar em bananas e coisas do gênero, disse o seguinte: “Vivo num país em que a liberdade de expressão é sagrada.”

    Bem, para encurtar a história: em poucas horas alguém bateu em sua porta. Era a polícia. Ele foi levado para a prisão, onde passou alguns meses.

    Covardemente, apagara sua conta no Twitter, mas estava tudo registrado.

    Me lembrei desse episódio ao ver que Danilo Gentili, o analfabeto político com voz esganiçada que faz humor para preconceituosos rasteiros como ele, ofereceu bananas a um homem negro que o interpelara sobre seu uso de racismo nas “piadas”.

    Tão covardemente quanto o londrino valentão, Gentili apagou o tuíte racista. Mas o ofendido já tinha gravado a imagem.

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    Solidariedade a Gentili partiu dos mentecaptos de sempre, entre eles o cantor Roger, o Inútil, outro analfabeto político. Roger se gaba de um QI elevado, mas acredito tanto nisso quanto acredito na audiência “enorme” de Reinaldo Azevedo.

    Gentili é um entre tantos ‘comediantes’ que atiraram na lata de lixo o humor nacional com suas “piadas” endereçadas a negros, pobres, nordestinos, retirantes, homossexuais.

    Há outros: Tas, Rafinha Bastos – gente que adula os ricos, rasteja diante de quem tem dinheiro e é impiedosa com os desvalidos, as minorias.

    Eles chamam o que fazem de “politicamente incorreto”. Mas o que fazem é contribuir para o atraso social do país. São ignorantes que semeiam a ignorância.

    Em Londres, o racista deu suas explicações pelo que fez no Twitter no único lugar que cabe para esse tipo de coisa: na cadeia.

    É uma pena que Gentili não dê suas explicações no mesmo lugar.

    Uma imensa pena.

      http://www.diariodocentrodomundo.com.br/gentili-devia-explicar-na-cadeia-por-que-ofereceu-banana-no-twitter-a-um-negro/

     

  7. O Rei do Camarote na vida

    O Rei do Camarote na vida real

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    Na semana passada, a Veja São Paulo apresentou Alexander Augusto de Almeida, o Rei do Camarote. Pela reportagem, se soube que ele tem uma Ferrari e gasta até R$ 50 mil numa balada.

    Num vídeo complementar ao texto, postado no Youtube, Alexander Almeida diz quais seriam os 10 mandamentos do rei do camarote.

    É necessário vestir-se com roupa de gripe, ter um bom carro, comprar champanhe e se fazer acompanhar por celebridades etc etc, entre outras coisas que se resumem numa só: ter muito dinheiro para gastar.

    Mas, cinco dias depois da publicação da reportagem e da postagem no Youtube, os responsáveis pelos quase 4,5 milhões de acessos na internet continuavam sem saber direito de onde Alexander tira o dinheiro que sustenta seu reinado.

    O site Tijolaço revelou que Alexander é o que, na gíria do comércio, se chama de zangão.

    Ele tem uma empresa, a 3A Organização de Despachos, que trabalha para os bancos “ferrando” as pessoas que compram o carro e não conseguem pagar as prestações.

    A 3A de Alexander localiza o veículo e o encaminha para leilões.

    O banco recupera o que perdeu e Alexander ganha uma comissão. Quanto maior a inadimplência, melhor para Alexander.

    Algumas empresas oferecem serviço de consultoria para ajudar compradores de automóveis em dificuldade a não cair nas garras do zangão.

    Cobram em média R$ 1.500 para negociar o refinanciamento da dívida ou entrar com ação.

    Uma dessas empresas é a Acord Consultoria.

    No mercado há cinco anos, ela poderia ocupar qualquer um dos mais de 2 milhões de imóveis cadastrados na prefeitura de São Paulo, mas funciona em um prédio de três andares na rua Almirante Calheiros, 312, no Tatuapé, em São Paulo, que pertence – adivinha a quem? – a Alexander Augusto de Almeida.

    O êxito dos negócios da 3A de Alexander depende basicamente do fracasso da renegociação ou da ação judicial da Acord. Esta não perde nunca, pois recebe adiantado.

    O dono da Accord, Erick Arlindo, me disse que não sabia que Alexander era o dono do prédio que ocupa desde janeiro de 2012. “Eu aluguei na Evidence Imóveis, pago R$ 20 mil por mês, e não conhecia este senhor”, afirmou.

    Coincidências acontecem… Quer outra? A 3A Organização de Despachos é quase vizinha da Accord. Alexander trabalha em outro prédio que pertence a ele, na rua Apucarana, 1.155, também no Tatuapé.

    Ao contrário de Alexander, seu senhorio, Erick, é um homem reservado, que não quer exposição. Ele ocultou a sede da empresa no Google Street View.

    A existência da Accord passaria despercebida não fosse um descuido.

    O empresário que a Veja São Paulo viu gastando R$ 50 mil numa balada devia R$ 55 mil de IPTU do prédio onde está a sede da Accord.

    Blogueiros encontraram uma publicação no Diário Oficial do Município de São Paulo, de novembro do ano passado, em que a prefeitura cobra o débito.

    Na sexta-feira, não havia mais registro da dívida.

    Mas, em relação ao imóvel onde está a 3A Organização de Despachos, a situação continua complicada.

    O prédio tem pelo menos 1.000 metros quadrados de área construída, ocupa três andares, e é usado exclusivamente para atividade comercial.

    O IPTU anual ali seria de, no mínimo, R$ 30.000,00 por ano, levando-se em consideração o tamanho e o uso comercial.

    Mas, no cadastro do IPTU, o prédio aparece com área construída de 100 metros (um décimo) e uso residencial. O IPTU anual é R$ 2.790,00.

    Se o cadastro na prefeitura estivesse atualizado, ele pagaria pelo menos dez vezes mais.

    É uma fraude tributária, mais um descuido revelado que vai para a conta do Rei do Camarote.

    Eu entrei em contato com dois de seus advogados e com a 3A, mas ele não quis falar. O rei vai ao programa Pânico no domingo. Houve boatos de que ele fosse uma invenção dos comediantes. Poderia ser também uma tentativa de “limpar” sua imagem (como alguém vai limpar a imagem indo ao Pânico é um mistério).

    Seu advogado me garantiu que não, seu cliente era aquilo mesmo — “um cara legal”. O grande problema é que a história de Alexander é mais cheia de buracos do que um queijo emmental.

     http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-rei-do-camarote-na-vida-real/

  8. Rio é monitorado por 700 mil

    Rio é monitorado por 700 mil câmeras de vigilância privadas

    Com média de uma câmera a cada nove habitantes, capital fluminense se aproxima de São PauloNúmeros não incluem as cerca de mil câmeras nas ruas mantidas por prefeitura e governo do estadoLimites entre segurança e privacidade geram polêmica

    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/rio-monitorado-por-700-mil-cameras-de-vigilancia-privadas-10736563#ixzz2kItR7WsZ 
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  9. Como morrem os médicos?

    Por que os médicos não utilizam, no seu próprio final da vida, os procedimentos dolorosos que receitam a seus pacientes?

    Escritores octogenários que entrevistei coincidiram em dizer que o duro na vida não é envelhecer, mas enterrar os amigos, aguentar a saudade deles que fica. Você começa a encarar a morte de perto. Suponho que a isso se chame amadurecer. E dói.

    Dizem as estatísticas que a média de idade das pessoas subiu, mas a realidade ao lado da gente desmente a estatística. Cada vez que uma pessoa querida se vai, fico pensando na forma como nós encaramos a morte e como a medicina tradicional nos trata no final de nossas vidas. Será que não existe uma maneira menos sofrida?

    Pesquisando sobre o tema, encontrei, em um dos meus sites de jornalismo independente favoritos, o Alternet, um artigo do mês passado muito esclarecedor, que traduzi, adaptei e publico para vocês, sobre como os médicos norte-americanos planejam a própria morte. E a imensa maioria opta por não fazer os tratamentos invasivos que eles mesmos indicam a seus pacientes, preferindo cuidados paliativos.

    Os cuidados paliativos são um conceito em ascensão no mundo mas que engatinha no Brasil por desinteresse da classe médica. É chamado de hospice ou “casas para os que morrem”: centros voltados para a melhoria da qualidade de vida de pacientes diagnosticados com doenças incuráveis. Para que possam passar seus derradeiros momentos no mundo tranquilos, assistidos, da maneira menos dolorosa possível, cercado pelos familiares, em vez de tentando procedimentos invasivos –e inócuos– até o fim.

    (Há um bom artigo científico sobre o movimento hospice, inclusive no Brasil, aqui.)

    Esta reportagem aborda também o lucro que o prolongamento da vida com o uso de aparelhos dá à indústria da assistência médica, à custa do sofrimento do paciente e dos familiares. Leiam. Espero que seja útil para alguns de vocês.

    ***

    O segredo dos médicos para morrer direito

    –Por que médicos fazem escolhas diferentes que a maioria de nós no final da vida?

    Por Melinda Welsh, Sacramento News & Review

    O dr. Ken Murray escreveu um artigo para a revista online Zócalo Public Squarepensando que, com sorte, atrairia algumas dúzias de leitores e um comentário ou dois. Em vez disso, o médico recebeu uma avalanche de respostas. Na verdade, o que ele escreveu o colocou no meio de um debate sobre a vida, a morte e médicos.

    O que ele revelou de tão avassalador?

    Revelou que a imensa maioria dos médicos faz escolhas para o fim da vida dramaticamente diferentes do resto de nós. Dito de uma forma simples, a maioria dos médicos escolhe conforto e calma em vez de intervenções ou tratamentos agressivos Visto de outra maneira, médicos rotineiramente ordenam procedimentos aos pacientes no fim da vida que eles não escolheriam para si mesmos.

    O que os médicos fazem e o resto de nós não?

    De acordo com Murray, os médicos veem as limitações da medicina moderna de perto e sabem que as tentativas de prolongar uma vida podem frequentemente levar a uma morte prolongada, sofrida.

    O livro de 2011 de Murray, How Doctors Die (Como Médicos Morrem), foi traduzido em vários idiomas e recebeu resenhas do The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post. Milhares de pessoas comentaram nas páginas de leitores dos jornais e blogs que as reproduziram. Leitores falaram sobre “familiares à beira da morte sendo atacados por drogas tóxicas”, disse Murray, ofertas de “procedimentos dolorosos por nenhuma razão”. Entre as respostas estavam centenas de histórias de médicos e cuidadores profissionais que confirmavam a tese de Murray.

    “Muitas das histórias eram desoladoras”, disse.

    Dados que provam isso não são difíceis de encontrar. Murray cita o Johns Hopkins Precursors Study, uma das maiores pesquisas sobre envelhecer no mundo, que contém estatísticas de saúde em um grupo de aproximadamente 750 médicos que eram membros da Johns Hopkins University School of Medicine em Baltimore entre 1948 e 1964. Através dos anos, o estudo ajudou a pesquisa médica a relacionar, por exemplo, colesterol alto com ataques cardíacos. Mas 15 anos atrás –com seus participantes em seus 60, 70 e 80 anos– os pesquisadores começaram a perguntar sobre escolhas terminais.

    Dr. Joseph Gallo, diretor do Precursors Study, estava feliz de explicar como os dados mostram continuamente que médicos –por uma ampla maioria– fazem diferentes escolhas quando confrontados com diagnósticos desesperadores. Médicos que escolhem menos procedimentos também tendem a facilitar as chamadas “diretivas antecipadas de vontade”, uma importante parte da papelada que permite aos pacientes escolher um procurador e determinar antecipadamente que intervenções querem ou não em caso de acontecer um declínio em sua saúde. No Brasil isso ainda não é regulamentado (leia sobre o movimento pela regulamentação da Ordem de Não Reanimar aqui.)

    Em um cenário onde o grupo de estudo foi questionado sobre o que desejaria no caso de uma doença cerebral irreversível que os deixasse incapazes de reconhecer pessoas ou falar, “a maioria das pessoas quer tudo”, disse Gallo, enquanto 90% dos médicos disseram não à ventilação mecânica (aparelhos de respiração artificial) e à hemodiálise. Cerca de 80% dos médicos disseram também não a uma cirurgia de grande porte ou a um tubo de alimentação, disse.

    “Isto sugere que quanto mais familiar você é com intervenções, menos você quer”, Gallo disse, direto ao ponto.

    Murray crê que a culpa pela ruptura se deve a três fatores: má comunicação do médico com o paciente, expectativas irreais dos pacientes e suas famílias e um sistema de saúde que encoraja tratamento excessivo. (Nota: um quarto de todos os gastos com saúde ocorre no último ano de vida das pessoas.)

    ‘Não me entube’

    Quando se considera o grande número de mortes que o Dr. James Gregor testemunhou em décadas como especialista em cuidados paliativos e em casas de repouso de Sacramento, é comovente vê-lo tomado pela emoção ao contar a história de Ella.

    Idosa diagnosticada com uma doença terminal, Ella (não é seu verdadeiro nome) tinha fortes convicções sobre não ter nenhuma intervenção médica quando estivesse próxima da morte. Ela preencheu a papelada com este efeito e oficializou tudo, com seu marido servindo como procurador no caso de se tornar incapaz de tomar suas próprias decisões. Logo veio o inevitável ponto em que Ella, presa numa cama de hospital e perto de morrer, começou a ter dificuldades de respirar. Um dos muitos médicos dela disse para seu marido: “Ela está se debatendo muito. O senhor não quer que a coloque num respirador?” Pensando que o médico sabia melhor, o marido consentiu e ela foi colocada no respirador artificial.

    Aquele momento de escolha virou sete longos dias de arrependimento.

    Apesar de seus desejos, Ella permaneceu semi-viva na unidade de terapia intensiva com “tubos em toda parte” e uma máquina respirando por ela durante uma semana. De acordo com McGregor, o marido então teve que tomar a responsabilidade por retirar a ajuda. “Ele estava devastado”, disse McGregor. “Ele sentiu que tinha traído sua mulher durante a última semana de vida dela… Você podia ver aquela dor.”

    McGregor, um especialista em hospices (que permitem a doentes terminais conforto em vez de tratamentos agressivos) e medicina paliativa (com foco em aliviar e prevenir sofrimento), disse que a experiência de Ella é mais comum do que se pensa.

    “Vi pacientes morrerem na UTI aos poucos e a família não podia nem chegar perto.”

    Além disso, apesar de a maioria das pessoas desejarem morrer em casa perto dos seres amados, 70% morrem no hospital ou na clínica após um longo embate contra um câncer avançado, falência cardíaca, doença incurável ou incapacidades múltiplas da velhice.

    Quando perguntados sobre a diferença e por que médicos não tendem a colocar a si mesmos em respiradores em UTIs no fim de suas vidas como aconteceu com Ella, McGregor foi sombrio.

    “Frequentemente a questão não é bem colocada”, disse McGregor, como: “Nós temos duas opções aqui: nós podemos tentar de tudo ou nós podemos administrar agressivamente seus sintomas e mantê-lo confortável. O que seria qualidade de vida para você?”

    Médicos, ele disse, tendem a escolher a opção 2, porque viram o que viram, e “sabem que uma intervenção pode gerar um efeito cascata.”

    Dr. Kevin Ryan, médico aposentado e escritor, coloca de uma forma diferente: “Médicos viram (morte e morrer) de todas as perspectivas, exceto acontecendo com eles.”

    “Quando você está perto do fogo, sabe como pode se queimar.”

    Medicina e hospitais existem para combater doença e morte, é assim que se pensa, então se o paciente morre, o médico falhou.

    McGregor lembra das aulas de habilidades clínicas que assistiu na faculdade de medicina com uma lista de passos que um médico deveria seguir, concluindo com as palavras: “Se o paciente morre, eu falhei”.

    “Espera-se de nós que façamos coisas, que consertemos coisas”, disse McGregor. “Médicos se sentem impotentes se não podem oferecer alguma coisa e é difícil para eles falar sobre opções que não sejam as agressivas ‘trazer sua saúde de volta’… Um médico pode sentir que falhou diante de um paciente ao dizer ‘Bem, você vai para um centro de cuidados paliativos’. ”

    Um informe publicado no ano passado no New England Journal of Medicine diz que 69% dos pacientes com câncer de pulmão e 81% dos pacientes com câncer colo-retal disseram não ter entendido de seus médicos que a quimioterapia não iria curar de todo seu câncer.

    Isto acontece por duas razões, diz McGregor.

    O paciente ou a família podem frequentemente vir com enormes expectativas não-realistas, algumas vezes reforçadas por crenças populares. Muitas veem a respiração artificial, por exemplo, como algo que salva vidas, mas na verdade ela raramente é eficaz. “Existe uma percepção equivocada que a medicina pode consertar tudo”, ele diz. “E há também um sentimento de ter direito a isso algumas vezes –’você deveria me dar tudo’.”

    Infelizmente, uma outra razão pelas quais médicos algumas vezes “fazem tudo” com pacientes terrivelmente enfermos é o medo de sofrer processos por má prática de médicina.

    “Acho que este é um fator”, disse McGregor. Os outros médicos entrevistados concordam. “Algumas vezes os médicos dizem ‘ok, nós lhe daremos tudo’, mesmo que saibamos que não irá ajudar, como um modo de não nos enredarmos numa ação legal de alguém da família que achou que deveria haver mais procedimentos”, disse.

    Para seu próprio desejo de fim da vida, se ele se encontra com uma doença terminal, seu desejo é morrer em casa sem intervenções e com a assistência de centros de cuidados paliativos.

    “Brinco que tenho ‘NMR’, ‘NTMR’ e ‘PMN’ tatuado no meu peito”, disse McGregor (não me ressuscite, não tente me ressuscitar e permita morte natural).

    “Simplesmente não me entube”, especifica.

    ‘De jeito nenhum farão isso comigo’

    Dr. Michael GuntherMaher, diretor médico do Sacramento and Roseville Kaiser conta a história de Sophie.

    Mulher negra de 88 anos, Sophie (não é seu nome real) deu entrada no Kaiser poucos meses atrás com um histórico de rápida perda de peso e uma infecção chamada sepse, disse GuntherMaher. “Fizemos alguns testes e vimos que ela estava anêmica. Escaneamos seu abdômen… e achamos uma massa. Estava claro que tinha câncer”, disse.

    Já no começo Sophie falou que queria que os médicos fizessem todo o possível para salvar sua vida, disse GuntherMaher. Com a família insistindo fortemente, o hospital imediatamente começou com intervenções e remédios. “E esta mulher morreu lentamente na UTI com um tubo na garganta”, disse. “Finalmente a família disse: ‘tire-a da máquina’. Foi um difícil e prolongado final de vida quando não havia não havia nenhuma chance razoável de que isso fosse funcionar.”

    GuntherMaher, que tinha sido consultado sobre o caso de Sophie como um especialista em cuidados paliativos, refletiu que a mulher perdeu a chance de retornar a Oakland para morrer suavemente, em seu ambiente, “ao redor de amigos e família que queriam visitá-la e dizer adeus… Aquela oportunidade foi completamente perdida”.

    “Tenho um monte de histórias como essa. O hospital está cheio delas.”

    GuntherMaher vê o caso de Sophie como um exemplo do que ele chama de caos que acompanha muitos cenários de final da vida.

    “Um monte de mudanças na vida acontecem nos últimos anos, e as famílias não estão preparadas para a doença”, ele diz. “A doença existe. As pessoas entram e saem de hospitais ou casas de repouso. Eles estão nestes lugares mesmo apesar de estarem acostumados a pensar ‘eu nunca quero estar assim’. Mas eles estão. E isto é caótico.”

    Foi um desejo de colocar ordem nesta turbulência do final da vida que colocou GuntherMaher na rota do seu posto atual no Kaiser.

    “Acho que a maioria das pessoas… o que têm é medo”, ele disse. “Estão com medo. Estão confrontados. Há coisas a terminar. Eles não podem aceitar que irão chegar ao fim deste jeito porque estão pouco preparados.”

    Esse estado mental, diz, frequentemente pavimenta o caminho para que suas famílias aceitem todos os procedimentos oferecidos, não importa que sejam agressivos.

    GuntherMaher acredita que os pacientes deveriam estar aptos a escolher por eles mesmos se vão ou não ser submetidos a tratamentos perto do fim da vida. “Sou a favor que as pessoas escolham”, ele diz, “desde que isto seja informado.”

    Questionado por que médicos morrem de maneira diferente, como na tese de Murray, GuntherMaher respondeu: “Médicos são diferentes”.

    “Como grupo, tendemos a estar no final do espectro onde se acham as pessoas inteligentes, capazes. Então, se você pega gente assim e as expõe a estas complexidades e dificuldades uma e outra vez, elas irão levar em conta e processar isto.

    Outro aspecto que nós (médicos) somos capazes de fazer é conciliar aspectos psicológicos, a falência biológica, com os mais difíceis temas humanos. O que é a vida? O que é a morte? Do que se trata? Nos confrontamos com isso quase todo dia, como ninguém mais em nossa sociedade, exceto talvez pastores.”

    GuntherMaher disse que os médicos com quem se relaciona estão no hospital diariamente e “a maioria deles, quando externa sua opinião sobre (intervenções no final da vida), diz basicamente: ‘de jeito nenhum que farão isso comigo’.”

    Não foi surpresa descobrir que as escolhas de GuntherMaher sobre seu próprio final de vida ecoam as dos outros doutores no estudo da Johns Hopkins. Em realidade, meses atrás, ele reuniu os três filhos de 20 e poucos anos para falar sobre seus desejos. “Colocamos minha filha e meu genro no FaceTime do Ipad”, disse. GuntherMaher deu suas instruções e mostrou aos filhos um formulário POLST (ordens médicas para tratamento de vida assistida, na sigla em inglês), declaração sobre que tipo de tratamento médico doentes seriamente enfermos querem para si mesmos.

    “Acho que isso nos deu uma boa oportunidade para ser uma família e falar sobre coisas significativas juntos, praticar o saber ouvir e falar profundamente uns com os outros”, disse. “Fazer considerações, por um momento, sobre este período da vida é precioso.”

    Entre outras coisas, GuntherMaher lhes falou: “Não quero ser ressuscitado se meu coração parar. Não quero ser colocado em ventilação mecânica. E quando meu momento chegar, quero morrer em minha casa.”

    ‘Medicina não pode consertar tudo’

    Dr. Jeffrey Yee está de frente a seus alunos –camisa cinza de botões, jaqueta e um pager de bolso– com todo o carisma amigável de um professor de ciências sociais. Mas ele é um médico que deixa por um tempo suas consultas particulares como clínico-geral para ensinar idosos e pacientes cronicamente doentes sobre as instruções e formulários POLST. O público de Yee no início de setembro consistia em 14 pacientes idosos –muitos deles pareciam lutar com doenças crônicas ou câncer.

    Yee, que testemunhou em 1997 a favor do POLST antes da aprovação no Estado, faz uma apresentação em PowerPoint para seus estudantes sobre as instruções e a importância de nomear um procurador para cuidados com a saúde. Ele e uma enfermeira inclusive encenam um pequeno esquete onde fazem o papel de dois irmãos com diferentes interpretações sobre o que o médico recomendou que deveria ser feito com uma mãe no caso de assistência à vida.

    “Tentamos fazer com que as pessoas considerem essa problemática, tenham conversas sobre isso”, Yee disse antes da aula. “Tentamos que as pessoas experimentem as tensões e os desafios que terão que enfrentar no futuro.”

    Yee não usa “final da vida” ou a palavra “morte” em seus seminários. Nem discute procedimentos específicos ou possíveis consequências. “Quando você reduz isto a uma conversa sobre ‘este procedimento dura tanto tempo’, isto realmente não proporciona um bom quadro”, ele diz. “Que número poderia representar ‘pequena chance de sucesso’?” Se você tem 95, você responderia esta questão de forma diferente do que se tem 30 e três filhos.

    Curiosamente, Yee –o mais novo dos médicos entrevistados– foi o único médico que não disse imediatamente que iria declinar de intervenções se ele mesmo se deparasse com uma doença terminal. “Depende da situação”, ele diz. “Não sei se eu poderia estabelecer isto tão especificamente agora”.

    Um outro programa que poderia resultar para reduzir o fosso entre médicos e o resto de nós nas escolhas de final da vida é chamado ROYL, sigla para “resto da sua vida” (em inglês).

    Dr. Philip Lisagor, cirurgião cardio-torácico aposentado e chefe médico do ROYL em Reno, Nevada, teve um estalo no final de sua carreira: “Me dei conta que ninguém estava falando com pacientes com doenças sérias sobre o que estava acontecendo”, disse.

    “Um jogo está sendo jogado aí”.

    Lisagor observa que o fator lucro não pode ser desprezado quando se discute por que este fosso existe, e por que tantos médicos frequentemente encorajam intervenções que eles mesmos não escolheriam. “A indústria da assistência médica faz muito dinheiro com os cuidados no fim da vida”, diz. De fato, cerca de 27% do orçamento anual de 327 bilhões de dólares do Medicare (seguro de saúde governamental nos EUA) são destinados a pacientes em seu último ano de vida.

    “Todo mundo no sistema lucra com mais procedimentos”, disse Lisagor, “incluindo médicos, hospitais, companhias farmacêuticas, centros de diagnósticos etc. É um problema enorme.”

    “Há uma mudança cultural acontecendo no país”, disse Murray, o médico do ensaio polêmico. “O tabu está acabando, as pessoas querem falar sobre isso… Demorará, mas acredito que está acontecendo.”

    Os médicos entrevistados para esta reportagem também concordaram que as coisas estão melhorando. “Sim”, disse McGregor. “As pessoas precisam entender que existe a possibilidade de ter uma morte confortável, de morrer cercado por seres queridos. As pessoas precisam entender que é uma opção real e viável.”

    “E necessitam entender que a medicina não pode consertar tudo.”

    http://socialistamorena.cartacapital.com.br/como-morrem-os-medicos/

    1. Ótimo post, Vânia. Ajuda a

      Ótimo post, Vânia. Ajuda a desmistificar esse maior tabu que é a morte. No caso específico, o direito que temos de escolher nosso final.

      Não quero repetir o sofrimento da minha mãe que passou seus últimos quarenta dias numa UTI. Quero morrer na minha casa, rodeado pelos meus familiares e com tratamento paliativo.

      Sofrimento é coisa de masoquista. Nossa sociedade precisa avançar nesse tema. 

      1. concordo, JB.Nem eu quero

        concordo, JB.

        Nem eu quero passar pelo que passou minha mãe. Quase dois anos de tratamento agressivo contra câncer, definhando dia após dia… uma tristeza. Penso sempre nisso, se eu tiver uma doença grave ou com pouca chance de cura, prefiro não me “tratar”, ou melhor, não me submeter a essas intervenções que só prolongam o sofrimento.

  10. Haddad sobre gestão Kassab:

    Haddad sobre gestão Kassab: uma “degradação”

    Prefeito de São Paulo (PT) diz que, em 2012, condição era a pior possível do ponto de vista ético, com “nichos instalados e empoderados”; ele defende o trabalho da Controladoria-Geral do Município, apensar dos riscos políticos que pode causar; a máfia do ISS já respingou em seu principal secretario, Antonio Donato; “Em vez de inabilidade política, deveria ser visto como resposta do Executivo a uma situação de descalabro”, afirma; Haddad prevê ainda que a fraude no IPTU pode ser pior do que a já revelada

    No comando de uma operação pente-fino contra casos de corrupção em ao menos cinco secretarias, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) deixa a habitual discrição de lado e classifica de “descalabro” a situação encontrada na sucessão de Gilberto Kassab (PSD).

    “Havia uma degradação. Nichos instalados e empoderados”, disse Haddad em entrevista à Folha.

    Segundo ele, graças à Controladoria-Geral do Município, criada em sua gestão, veio à tona a máfia do ISS, que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos, apesar dos riscos políticos que isso pode representar.

    Ele se refere ao seu principal secretário, Antonio Donato, que foi citado em quatro episódios no caso dos fiscais. Ele teria recebido dinheiro dos acusados em sua campanha, mas nega.

    “Quando você monta uma controladoria, ou ela é um órgão de controle ou não é. Não tem meio-termo. Porque, se 10% do que ouvi em 2012 sobre a prefeitura fosse verdade, já era o caso de montar uma controladoria”, disse.

    Leia outros trechos da entrevista (na íntegra aqui):

    CGU
    Lula comentou: “A gente reclama da CGU [Controladoria-Geral da União], mas ela faz um bem para o Brasil, né?”. A CGU às vezes interrompe um processo, suspende um edital… E a gente reclama, pois quer fazer obras. Mas um órgão de controle pode ser um freio na gestão ao mesmo tempo em que é imprescindível para chegar a seus problemas. Em vez de inabilidade política, deveria ser visto como resposta do Executivo a uma situação de descalabro.

    Impacto nas eleições de 2014
    Não acredito nisso.

    Situação em 2012
    Ouvi que a situação era a pior possível do ponto de vista ético. Havia uma degradação. Nichos instalados e empoderados. Havia uma percepção de degradação.

    Controladoria
    O [controlador-geral Mario] Spinelli não presta contas a mim. Não pede permissão para investigar este ou aquele procedimento. Não tem o dever de sequer me comunicar. Em segundo lugar, a controladoria não é um agente passivo, que reage a denúncias. Ela faz trabalho de inteligência. Não se trata de dizer quem começou ou continuou a investigação. É uma mudança de cultura e de mentalidade.

    Antonio Donato
    O Donato acompanhou, até como secretário de Governo, os procedimentos adotados nas investigações. Os fatos sobre a campanha de 2008 têm de ser investigados pelo Tribunal Regional Eleitoral, se o órgão julgar que deve.

    Comparação a Rudolph Giuliani, o prefeito-xerife de Nova York
    A ideia é que não haja um controlador, mas uma controladoria.

    Afirmação do chefe da máfia do ISS de que o prefeito sabia de tudo
    [Ri] Olha… Não é possível desconsiderar que [Ronilson] ocupou um cargo da maior importância durante muito tempo na gestão anterior.

    IPTU
    A fraude no IPTU pode ser pior que a do ISS. As áreas de ISS das construtoras e IPTU são as únicas da Secretaria de Finanças que não tinham sido informatizadas. Agora, estão sendo.

    http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/120341/Haddad-sobre-gest%C3%A3o-Kassab-uma-degrada%C3%A7%C3%A3o.htm

    1. Essa coragem do Haddad que

      Essa coragem do Haddad que não poupa só por ser aliado, lembra Lula no Maranhão com Sarney ao lado dizendo ao povo em quanto apontava para esse que foi essa elite que sempre deixou o povo na M*

  11. O que significa ser de
    O que significa ser de esquerda hoje na Europa?

    A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo Gerbaudo, pesquisador do Kings College, especialista nos novos movimentos sociais.

    Um dos resultados mais surpreendentes do estouro financeiro de 2008 e da crise econômica global que se seguiu a ele é que, na Europa, a esquerda não conseguiu capitalizar a imensa fratura social que se produziu. Apesar da aparição de movimentos como os Indignados na Espanha ou o Cinco Estrelas na Itália, e com a exceção do Syriza na Grécia, não ocorreu na Europa um avanço concreto da esquerda como alternativa de governo. Nas urnas predominou o voto castigo para quem estava no poder: mais da metade dos governos da União Europeia (UE) mudaram de sinal político. Além do desgaste do exercício do poder, esta resposta do eleitorado tem a ver com o fato de que a diferença entre direita e esquerda se reduziu, em muitos casos, a um neoliberalismo puro ou a um neoliberalismo com “face humana”.

    A Carta Maior conversou sobre esse tema com Paolo Gerbaudo, pesquisador do Kings College, especialista nos novos movimentos sociais de autor de “Twits and the street”, para analisar o que significa hoje ser de esquerda na Europa.

    CM: A esquerda não soube ou não pode aproveitar a atual crise para mudar a narrativa hegemônica neoliberal dominante desde a queda do Muro de Berlim. Há um problema de definição ideológica? O que significa, afinal, ser de esquerda hoje na Europa?

    PG: Temos dois tipos de esquerda que não guardam nenhuma relação entre si. Por um lado a esquerda movimentista com alguns partidos muito pequenos como o Refundazione na Itália e Die Linke na Alemanha. Por outro lado, há uma esquerda socialdemocrata convertida ao evangelho neoliberal que tem um discurso a favor das privatizações e do abandono da regulação da economia. Entre essa realpolitik socialdemocrata e uma esquerda radical de caráter doutrinário, não há nada.

    CM: Mas antes da queda do muro também havia uma divisão entre duas esquerdas, os socialdemocratas e os comunistas. A diferença é que, naquele momento, estas divisões tinham uma forte definição programática e ideológica. Com a queda do muro, parece que essas definições desapareceram.

    PG: Há uma confusão ideológica muito forte. Depois da crise de 2007-2008, se esperava um novo espaço para a esquerda para responder ao neoliberalismo, mas isso nunca se concretizou em um programa. Houve reações, a mais notável delas com o Syriza na Grécia, que conseguiu construir uma resposta radical capaz de legitimar-se em nível popular com uma política não só de questionamento da economia e das multinacionais, mas também do Estado e da estrutura política predominantes no atual marco neoliberal. Mas em geral houve uma incapacidade da esquerda de responder à nova estrutura de classes das sociedades pós-industriais europeias. Na Europa, cerca de 80% dos trabalhos estão no setor se serviços, muitos dos quais são de classe média. Pode-se dizer que a classe operária é hoje de aproximadamente 15%, mas as formas de organização da esquerda ainda refletem o sistema produtivo industrial.

    CM: Isso é do lado da própria esquerda. Mas em nível de sociedade parece haver uma mudança de época. Nos anos 60, 70 e mesmo nos 80 se discutia em termos ideológicos. Com a crise dos grandes relatos, este eixo perdeu muito peso. A sociedade mesma já não parece ter interesse nessas buscas programáticas alternativas.

    PG: Claramente há uma crise do espaço público e da definição do que é político. O mito sobre a política que as gerações dos 60 e 70 tinham perdeu muita força. Agora o político está muitas vezes na conexão com a experiência pessoal, com a identidade social construída antes da política. Por exemplo, a maneira que o sistema afeta a via dos trabalhadores precarizados, a insegurança ou a preocupação frente a um Estado que controla a vida das pessoas como estamos vendo agora no caso Snowden, algo que expõe também a crise de legitimidade do Estado. Estamos em um momento de transição entre o que havia antes da crise e o posterior.

    CM: Do ponto de vista ideológico, a queda dos grandes relatos deixou todo o cenário a um relato, o neoliberal. O estouro da bolha de 2008 foi um ponto da crise desse relato, mas na falta de alternativas ele segue funcionando por inércia ou default.

    PG: Vemos isso muito na Europa. Aqui na Inglaterra se impulsionam medidas como a privatização dos Correios rechaçada pela população, mas que é levada adiante porque tem uma aparência de racionalidade. E é certo que há certa inércia em como se segue levando adiante mais do mesmo. Mas é interessante que mesmo em um país tão à direita como o Reino Unido, vemos o regresso de um discurso socialista ao espaço público e à política eleitoral. O líder do trabalhismo, Ed Miliband, propôs um congelamento das tarifas das empresas energéticas. É uma proposta populista que não muda as regras do jogo, mas é sintoma da mudança de debate público. De fato, as pesquisas dizem que a maioria dos ingleses está a favor da nacionalização dos serviços.

    CM: O caso Miliband parece sintomático. Ele precisa mudar primeiro o eixo do debate público. E está conseguindo. Agora se fala da “crise do nível de vida” e não da racionalidade de uma medida. Isso parece preceder a apresentação de alternativas programáticas.

    PG: Ainda que se permaneça no marco neoliberal, ou seja, que as empresas sigam em mãos privadas, essa mudança tem sua validade. Mas a lógica é similar aquela adotada por Obama na área da saúde. A lei da saúde nos Estados Unidos é um monstro que torna obrigatória a inscrição no sistema privado ao invés de fazer uma saúde pública. Ou seja, fica na metade do caminho. O desafio é ir mais além e propor estruturas econômicas e direitos fundamentais para controlar a atividade social. Syriza, na Grécia, é o único partido que está avançando neste caminho entre o idealismo e o pragmatismo. Além disso, não se vê nada.

    A Itália é um desastre. O Partido Democrático, que é uma convergência entre os ex-comunistas e a esquerda católica, tem um discurso anticorrupção, antielitista, mas basicamente mantem um critério neoliberal promovendo uma eficiência maior do Estado e mais transparência. Na França, Hollande foi muito demagógico porque, além do imposto para os ricos, não propôs nenhuma mudança, não há um programa socialista. É como dizer que, com um pouco de redistribuição de renda, solucionamos todos os problemas. E não é assim, Sem política econômica e industrial, sem criar postos de trabalho, não se pode avançar.

    CM: Como se pode fazer isso na Europa? Porque falamos de países que podem pensar que não estão tão mal assim uma vez que estão entre os ricos do mundo.

    PG: Essa mudança precisa acontecer simultaneamente em nível nacional e europeu. Com Hollande e a alta de impostos para os ricos, ocorreu que os ricos foram para outro país, de modo que sim uma coordenação política com outros países é muito difícil. Há coisas que estão ocorrendo neste nível de coordenação como a Taxa Tobin para as transações financeiras. Há muito mais o que fazer também na luta contra os paraísos fiscais ou em termos do imposto corporativo. Neste sentido, os movimentos sociais têm feito muito para mudar o debate público. No Reino Unido, Tax Uncut, que luta contra a evasão fiscal das corporações, foi uma maneira de estabelecer regras básicas da vida pública. Os indignados e outros movimentos têm feito o mesmo. A questão é como passar do diagnóstico para a ação. Precisamos de uma política socialista das redes em uma sociedade europeia pós-industrial.

    CM: Tudo isso está gerando uma nova maneira de definir programaticamente a esquerda?

    PG: Trata-se de propor uma defesa dos bens comuns como os serviços públicos, o transporte, o direito à cidade e à moradia. Precisamos de um socialismo que possa responder a uma necessidade de segurança em uma sociedade insegura, garantindo uma renda básica universal. Mas como dizia o historiador Eric Hobsbawm, estamos falando de uma economia mista. Não queremos retornar a um estado todo poderoso, clientelista, corrupto, ineficiente. O setor público tem que estar controlado pela participação cidadã para que seja transparente. Isso é algo que começa a ser proposta em distintos lugares, seja em nível acadêmico ou em movimentos, como pelo 5 Estrelas da Itália com sua reivindicação da renda mínima, ou Partido X da Espanha que defende a participação pública como forma de controle.

    CM: Há algum sinal de que a sociedade europeia esteja acompanhando estas ideias? Em muitos casos ela parece ter se movido mais para a direita, culpando os imigrantes, por exemplo.

    PG: Há um risco muito claro para a democracia. Basta ver o que ocorre na Grécia com o movimento fascista Aurora Dourada. O problema é que não tem havido um consenso programático na esquerda que não construiu pontes com os movimentos sociais. Isso é o que precisa ser feito.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-que-significa-ser-de-esquerda-hoje-na-Europa-/4/29486

     

     

  12. Fantasias e Ilusões

    As experiências da ‘tática’ na Europa:

     

    Blackblocs, algumas fantasias, outras ilusões

    Blackblocs, algumas fantasias, outras ilusões

     

    Pode até que entre as suas motivações esteja a resposta à violência da polícia. Mas o fato de ser uma resposta não anula a possibilidade de que seja equivocada

     

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    Em favor da atuação dos “Blackbocs”, argumenta-se que o seu estilo de atuar é uma resposta à violência policial. Diz-se até que são uma resposta radical à anomia que a sociedade capitalista impõe como norma de comportamento. Fica de pé a questão de serem uma reposta à anomia, ou parte dela. Pode até que entre as suas motivações esteja a resposta à violência da polícia. Mas o fato de ser uma resposta não anula a possibilidade de que seja uma resposta equivocada.

    Há fantasias e ilusões a respeito da legitimidade do estilo blackbloc.

    Uma fantasia é a de que eles estão inventando a roda no Brasil. Ou melhor, copiando a roda, pois seu estilo romperia com a pasmaceira das manifestações tradicionais seguindo a “norma”de sociedades mais avançadas, como a alemã, origem atual do estilo.

    No Brasil o quebra-quebra já foi norma em manifestação. Por exemplo, nas grandes manifestações do final da década de 40, pós-Estado Novo, durante o governo Dutra. Eurico Gaspar Dutra, afinado com a direita que derrubou Getúlio em 45 (não foi a esquerda), não deu um único reajuste de salário mínimo durante todo o seu governo. Na época, o aumento de passagens em São Paulo motivou irrupções de quebra-quebra contra as companhias de transporte da cidade, duramente reprimidas.

    Houve depois quebra-quebras pelos mesmos motivos no Rio e em Niterói, além de outras cidades brasileiras. Mas o último grande quebra-quebra aconteceu em 1954, logo depois do suicídio de Vargas. A multidão enfurecida depredou sedes de partidos opositores, sedes da mídia reacionária e até de partidos de esquerda que eram de oposição, acaudilhados pelo pensamento liberal de direita. E isto aconteceu em várias cidades brasileiras.

    Depois as manifestações de rua se tornaram proibidas pela ditadura. E na redemocratização se tornaram mais específicas, sem isso de quebrar para todo o lado. Ganharam enorme amplitude com os fóruns sociais mundiais. Mas o tema do quebra-quebra deu a volta por baixo e retornou.

    A diferença agora é que há um grupo de jovens que se apresentam como uma vanguarda contestadora da ordem capitalista, e “protetora” das manifestações a que comparecem.

    Nào há tal proteção. Ao contrário, há exposição dos movimentos a que eles comparecem.

    Agem como parasitas, tomando carona em movimentos alheios. Não há uma “manifestação blackbloc”. Eles vão a outras. Procuram, na verdade, roubar a cena.
    E graças à exposição na mídia, em parte conseguem. Esvaziam o conteúdo político das manifestações a que comparecem. São os manifestantes perfeitos, para a violência policial e para a mídia conservadora: justificam tudo o que é preconceito contra manifestações de rua. A mesma mídia que agora os acalenta por porem em cheque os governos petistas, já pediu a sua cabeça e pedirá a seguir, se o governo trocar de mãos. Até mesmo os direitistas que se infiltraram ajudarão a baixar o cacete neles.

    Dão como exemplo e modelo os “Autonomen” da Alemanha. Este estilo de comportamento se proclama herdeiro do movimento  Italiano “Autonomia Operaria”, dos anos 70/80. Nada mais fantasmagórico. O que era um movimento “obreiro-anarquista” do radicalismo daqueles anos se transformou hoje num ajuntamento de turismo quebra-quebra concentrado em determinadas manifestações-chave, como as do 1º. de maio em Hamburgo e Berlim, ou as contra as reuniões do G-8, como em Rostock, em 2007.

    Há dois estilos predominantes nas manifestações dos “Autonomen”. Ou “Chaoten”, como uma ala se denomina.

    1) Seguem, como em Rostock, atrás da manifestação principal. Já no caminho, começam a depredar vitrinas de banco, de lojas, etc. Quanto a manifestação atinge o ponto de chegada – em geral uma praça onde há uma grande festa – eles se desgarram em direção a um ponto onde a polícia já está concentrada, e o pau começa. A galera na praça, entre barracas, cerveja, vinho, festa, acompanha à distância. Voam bombas incendiárias e lacrimogênias de parte a parte. As hostes investem umas contra as outras. Afinal as chamas de apagam. Na manhã seguinte – aqui é o país da Ordnung – não há mais vestígios: as vitrinas quebradas estão remendadas, as ruas estão limpas, os “Autonomen” estão voltando para suas casas, da Bulgária à Espanha.

    2) O estilo 1º. de maio. Antes, este estilo imitava o primeiro. Agora mudou. No 1º. de maio, em Berlim, há uma grande festa de esquerda no bairro de Kreuzberg, uma confraternização entre nativos e imigrantes, coisa que na Europa é importantíssima, e de esquerda. Depois, quando a festa já está terminando, os “Autonomen” se reúnem e saem em passeata, aos gritos de “anti-anti-anti-capitalista”. O roteiro é previamente combinado. Da última vez pude seguir de perto as conversas entre membros da polícia, em civil ou fardados, e mebros dos  “Autonomen”, em frente à linha de medição mútua. Tudo cochichado, mas era evidente que informações passavam de lado a lado. Do alto da linha do metrô, que é de superfície no bairro, deu para ver a concentração de milhares de policiais no caminho traçado.Pois exatamente para lá seguiu a horda – sem pensar em alternativa. Daí é só atirar a primeira pedra, e pronto, a fumaceira do gás lacrimogênio, dos carros incendiados, das agências de banco queimadas, junto com os estilhaços das vitrinas se espalha pelo bairro. Se você estiver no caminho, azar o seu.

    Fico pensando na loucura de tudo isto. É um estilo afeito ao narcisismo individualista que se espalha hoje feito praga. Não é mais necessário ter seu rosto na mídia, em seus quinze minutos, ou segundos, de fama. Basta ver os efeitos, e saber que a sua rede sabe que é você que está lá.

    Mesmo que seu rosto seja apenas uma incógnita.

    Sem dúvida, um fenômeno a ser estudado, não apenas reprimido.

    Mas não a ser imitado. Democracia é outra coisa.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Blackblocs-algumas-fantasias-outras-ilusoes/29467

  13. Vou continuar insistindo: como eliminar o “ver mais”?
    Olá Nassif, Quando posso, leio os posts e os comento na hora. Quando não posso, “favorito-os”, deixo acumular comentários – pois gosto de acompanhar também as discussões, e, posteriormente, salvo-os no Evernote para ler quando puder. Para poder salvar os comentários completos no Evernote, tenho de abrir, um a um, os ‘ver mais’, o que é “um saco”. Será que é possível, nas configurações, incluir uma opção para que os comentários com ‘ver mais’ apareçam completos? Grato.

  14. 75 anos após “Noite dos

    75 anos após “Noite dos Cristais”, antissemitismo cresce na Europa, diz pesquisa

     

    Para 76% dos judeus europeus, conteúdo ofensivo é mais disseminado na internet

     

    Um estudo da FRA (Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia) publicado nesta sexta-feira (08/11), véspera do aniversário da “Noite dos Cristais”, mostrou que 76% dos judeus europeus consideram que o antissemitismo cresceu no continente nos últimos cinco anos, especialmente na internet. Dos cerca de seis mil judeus entrevistados, 66% consideram o antissemitismo um problema.

     

    A pesquisa foi realizada em 2012 em oito países que abrigam 90% da população judaica da União Europeia: Bélgica, França, Alemanha, Hungria, Itália, Letônia, Suécia e o Reino Unido. Os judeus foram questionados sobre “suas opiniões e percepções acerca de tópicos antissemitas e o antissemitismo como um problema no cotidiano”. Também houve perguntas sobre suas experiências pessoas com discriminação por causa da religião e preocupações quanto à própria segurança e a de familiares.

    Agência Efe

    Homem judeu fotografa monumento em memória dos judeus na comemoração do aniversário da “Noite dos cristais”

    Uma judia britânica afirmou que “passou por mais comentários antissemitas” desde que criou uma conta no Facebook do que havia vivenciado durante toda a sua vida. “Isso é muito desanimador. A velocidade com que os comentários hostis e a desinformação podem ser transmitidos é assustadora e leva a um mal-estar profundo, que não pode se conectar com a realidade do dia a dia de ser judeu em uma sociedade diversificada”, afirmou, segundo a BBC.

    Um dos entrevistados, de nacionalidade francesa, denuncia “os fóruns de discussão na internet e os comentários no YouTube, [que] estão cheios de mensagens antissemitas e antissionistas”. A imprensa também foi uma “campeã” do antissemitismo na pesquisa: 59% dos entrevistados acham que a mídia apresenta conteúdo ofensivo em relação a judeus. 

     

    Há peculiaridades, entretanto, de uma região para outra: na França, por exemplo, 78% das pessoas que participaram do estudo consideram que o antissemitismo se manifesta em atos de vandalismo contra os edifícios, quando a média europeia é de 54%. Para 84% dos judeus húngaros, a ofensa está presente no discurso político: desde abril de 2010, o partido de extrema direita Jobbik, abertamente antissemita, possui 43 dos 386 deputados no Parlamento.

    O diretor da FRA, o dinamarquês Morten Kjaerum, afirmou que o antissemitismo é um exemplo inquietante da persistência de “alguns preconceitos através dos séculos”. “Não tem seu lugar na sociedade de hoje”, afirmou.

    Apesar de ter realizado a pesquisa em 2012, a FRA escolheu publicá-la agora para coincidir com a data de aniversário de 75 anos da “Noite dos Cristais”, episódio de violência contra os judeus durante o Terceiro Reich alemão, momento que ficou marcado como uma demonstração do antissemitismo nazista.

    Agência Efe

    Cemitério judeu em Leipzig, Alemanha. Antissemitismo está crescendo na Europa, segundo judeus do continente 

    Na madrugada de 9 para 10 de novembro de 1938, e durante todo o dia que se seguiu, propriedades de judeus foram saqueadas em todo o país, vitrines de lojas judias foram quebradas, sinagogas foram queimadas e 30 mil homens, presos e deportados. 90 pessoas foram mortas como decorrência da ação violenta do governo de Adolf Hitler.

    Celebrações

    Para lembrar o aniversário da “Noite dos Cristais”, a Alemanha organizou uma série de comemorações em diversas partes do país. O presidente do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Dieter Bauman, pediu que todos “participem sinceramente e com emoção” e declarou que esses aniversários conduzem frequentemente a um “recolhimento ritualizado”.

    O presidente alemão, Joachim Gauck, participou na tarde de hoje de uma cerimônia no Memorial da sinagoga queimada de Eberswalde, cidade perto de Berlim, em 9 de novembro de 1938. No domingo, o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, irá discursar em uma sinagoga no centro de Berlim.

    Dezenas de lojas na capital alemã vão colar neste fim de semana em suas vitrines um adesivo plástico que cria a impressão de que elas estão quebradas, para lembrar as lojas judaicas saqueadas pelos nazistas.

    A prefeitura pediu que os moradores limpem os cerca de cinco mil pequenos tijolos dourados, sobre os quais estão inscritos os nomes dos judeus e a data de sua deportação, e que estão inseridos nas calçadas de Berlim na frente de suas antigas casas.

    No domingo, em frente ao Portão de Brandemburgo, coração turístico de Berlim, haverá uma instalação multimídia, com jovens apresentando vídeos curtos contra o racismo e o antissemitismo. Testemunhas e sobreviventes da época estarão presentes.

    Esse não é o único momento importante da história alemã que ocorreu em 9 de novembro. Chamada de “dia do destino” a data é também o aniversário da queda do Muro de Berlim (1989), o 90º aniversário do Putsch de Munique (1923), uma tentativa frustrada de tomar o poder por parte de Hitler, e o 85º aniversário da primeira República Alemã, com a abdicação do Imperador Guilherme II em 1918. 

     

    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/32334/75+anos+apos+noite+dos+cristais+antissemitismo+cresce+na+europa+diz+pesquisa.shtml

     

     

     

  15.  
    PARQUES TEMÁTICOS SOBRE O

     

    PARQUES TEMÁTICOS SOBRE O TRABALHO

     

     

     

    Em Beirute, um estranho “mundo das crianças”

    A cidade reconstituída aqui tem como característica não possuir nenhuma instância política: na praça principal encontramos um teatro de colunas, o Burger King, o banco e a delegacia. A um intervalo regular, funcionários do parque aparecem no teatro cantando e dançando, para realizar uma parada à glória do KidzMondo

    por Mona Chollet

     

    Diferentemente da Disneylândia, ou do Parque Asterix na França, o KidzMondo, que abriu suas portas no início de junho em frente ao mar em Beirute, não pretende materializar um universo ficcional já conhecido por seus jovens clientes. Assim, para atraí-los, foi necessário criar uma “mitologia” que pudesse tocar sua imaginação, difundida em seu site na internet: num dia de verão, duas crianças partem para explorar uma gruta nos arredores de sua casa de verão no campo libanês. O intrépido Kozmo descobre ali uma misteriosa chave, que sua irmã Ëena se lembra de ter visto no livro que estava lendo, Tesouros míticos e mundos antigos. Graças a ela, eles poderão abrir uma porta gigante que se ergue no meio das ruínas por onde estavam passeando. Penetram então numa cidade antiga abandonada, “com uma certa magia no modo como a luz dança em torno deles, criando reflexos e se difratando em uma infinidade de cores de tirar o fôlego”. Tirando a poeira de uma inscrição gravada na pedra, Ëena lê: “Que apenas entrem aqui as crianças de coração puro”. A partir de então, os dois irmãos veem milhares de amigos do mundo inteiro convergir para essa cidade “de passado nobre”, desde muito tempo “esquecida pelos adultos”, para lhe dar nova vida.1

    Na realidade, o KidzMondo apresenta-se como um shopping center, um hangar de 10,3 mil metros quadrados de dois andares, com ar condicionado e luz artificial. Seus guichês de entrada imitam o check-in de um aeroporto. A fim de tranquilizar os pais, os visitantes “de coração puro” são munidos de um bracelete de radioidentificação (Radio-Frequency Identification, Rfid) que não conseguem tirar sozinhos. O parque também está equipado com 250 câmeras de vigilância. Assim que se atravessa o pórtico de segurança, descobre-se uma cidade reconstituída na escala das crianças, sendo 70% do modo “mais realista possível”, explica Mirna Souaid, responsável pelo marketing e pelos eventos.

    Primeira etapa da visita: uma passagem pelo Audi – o maior banco do Líbano, parceiro do projeto. Ali, as crianças podem escolher: depositar em sua conta um cheque de boas-vindas de 50 kidlars (a moeda local) ou sacá-lo. Elas também dispõem de um cartão de crédito em seu nome, tudo com o objetivo de ensinar a “responsabilidade financeira”. A fim de aumentar essa prosperidade, elas vão se divertir em seguida em uma das oitenta atividades propostas, das quais cerca de sessenta são patrocinadas. As crianças se tornarão, assim, sucessivamente, engarrafadoras da Pepsi, dentistas sob os auspícios da Colgate, funcionárias do Burger King, padeiras na rede Pain d’Or, confeiteiras da Dunkin’ Donuts, jornalistas da MTV (uma das principais redes de televisão libanesas) e da NRJ Liban, ou ainda cirurgiãs, pilotos de corrida, artistas, modelos, DJs… As atrações incluem até uma faculdade, concebida em parceria com a American University of Beirut. Ainda fechada durante nossa visita, ela emite um diploma que permite ser mais bem pago nas outras atividades.

    Pois em cada emprego as crianças recebem um salário que podem depois gastar em uma loja de cacarecos na entrada do parque. “Aqui, apenas os kidlars são aceitos”, comenta Mirna. “Às vezes, alguns querem pagar em dólares ou em libras libanesas, e então nós respondemos: ‘Não, se você quer este brinquedo, primeiro você precisa trabalhar’. É aí que nossa vocação educativa se torna evidente.” Porque este é o objetivo do KidzMondo: ensinar às crianças “que dinheiro não dá em árvore”.

    Dois meninos de uns 10 anos entram na loja. Esses comunistinhas planejam partilhar seus lucros para comprar uma bola de plástico fluorescente. Em que atividade eles receberam esses kidlars que contam febrilmente? “Brincamos de piloto!”, respondem superexcitados. O falso avião da Middle East Airlines, cuja ponta atravessa para fora do parque, dando à sua fachada uma imagem espetacular, é sem dúvida o maior sucesso do KidzMondo. “Vocês brincaram ou trabalharam?”, corrige Mirna, mergulhando os dois na perplexidade.

    A cidade reconstituída aqui tem como característica não possuir nenhuma instância política: na praça principal encontramos um teatro de colunas, o Burger King, o banco e a delegacia. A um intervalo regular, funcionários do parque aparecem no teatro cantando e dançando, para realizar uma parada à glória do KidzMondo. Alguns estão fantasiados como Kozmo, Ëena ou seus companheiros de quatro patas, a tartaruga Leeloo e o cachorro Dogzilla. Quando o número acaba, as crianças tiram fotos ao lado deles. Em frente, crianças de uniforme, com capacetes ou quepes na cabeça, saem da delegacia em fila indiana atrás do monitor que as faz marchar no passo: “One, two! One, two!”.

    Além do fundo musical, as sirenes da ambulância ou do caminhão de bombeiros – veículos elétricos que rodam permanentemente nas vias – aturdem os tímpanos. Por causa dos quiosques de doces, um cheiro de açúcar paira no ar, ao qual se acrescenta o da fumaça, quando os valentes soldados do fogo vão apagar um simulacro de incêndio. Falsas palmeiras, postes de luz, cabines telefônicas (vazias) e outdoors gigantes no estilo Times Square completam a ilusão de paisagem urbana. No andar superior, diante de um mini-hotel reconstituído em parceria com o Phoenicia, prestigioso estabelecimento à beira-mar, neste dia, empregadas domésticas filipinas, encostadas no terraço, esperavam que as crianças que supervisionavam terminassem de aprender a arrumar uma cama ou pôr a mesa.

    Por trás de tudo isso está Ali Kazma, um homem de negócios libanês que fez fortuna nas telecomunicações e copreside a Comoro Gulf Holding, um grupo que administra investimentos do Golfo no arquipélago de Comores. Ele revela que os US$ 25 milhões necessários para a realização do KidzMondo provêm 30% dos patrocinadores, 30% dos bancos e 40% de fundos próprios. Kazma tem como sócia Hind Berri, filha do presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, que dirige o movimento Amal, um partido xiita ao mesmo tempo aliado e rival do Hezbollah. Uma insistente reputação de corrupção, que vazamentos do WikiLeaks vieram a confirmar recentemente,2 o persegue.

    O KidzMondo ergue-se no meio de uma no man’s land: um local chamado “aterro do Normandy”, criado ao retirarem os cascalhos e os dejetos que se acumularam no mar diante do hotel Normandy – destruído depois – ao longo da guerra civil (1975-1990). “Esse processo de limpeza, longo e delicado, acaba de ser concluído. Daqui a trinta anos, esta será a zona mais cara do Líbano”, explica um agente imobiliário. “Ela vai acolher uma cidade nova, cujo traçado já foi feito. Enquanto isso, os lotes vivem uma especulação insana.” Por enquanto, os únicos prédios no horizonte, alinhados ao longo de uma ampla estrada, são um centro de arte ultramoderno, uma boate com um domo cor de rosa… e o KidzMondo.

    Beirute é apenas uma primeira etapa: um parque semelhante já está em construção nas Trump Towers de Istambul, e um terceiro deverá ser aberto em Abu Dhabi. Sem problema para se adaptar ao contexto local, este último terá entre as atividades o refinamento de petróleo. A longo prazo, Kazma diz visar também a Europa Oriental. Isso será suficiente para alcançar a concorrência? O conceito não é novidade: em 1999, um homem de negócios mexicano, Xavier López Ancona, inaugurava em um shopping center da Cidade do México um parque batizado de KidZania. Catorze outros foram abertos, essencialmente na Ásia (Tóquio, Jacarta, Seul, Bangcoc…). Os últimos foram abertos em agosto de 2013 no Cairo e em Bombaim; outro será inaugurado em 2014 em Manila. Lisboa é, por enquanto, a única filial na Europa. Algumas famílias ricas de Beirute, que buscam diversão no KidzMondo, já conhecem o KidZania de Dubai.

    A referência ao KidZania – cujo lema oficial é: “Prepare-se para um mundo melhor” – parece no entanto irritar nossos interlocutores. “Também existe o Minopolis na Áustria, o Wannado City na Flórida…”, relativiza Kazma. “Esse conceito não pertence a ninguém”, acrescenta Mirna. “Ele é universal: todas as crianças gostam de fingir que têm uma profissão como os adultos.” Um dos slogans do parque, de fato, proclama: “O único limite é a imaginação das crianças”.

    Aqui, no entanto, temos dificuldade em ver essa imaginação funcionando. Cada atividade é enquadrada, minutada. Sobre a porta, um adesivo indica sua duração (vinte minutos em média) e o número de participantes admitidos. Os monitores – alguns estampando a camiseta “United youth” (“Juventude unida”) – introduzem cinco ou seis candidatos e lhes dão instruções, guiando até mesmo seus gestos, às vezes. Os outros fazem fila do lado de fora, com mais ou menos ordem e paciência.

    Os pais são convidados a observar por trás de grandes vidros, mas não têm o direito de entrar, pois o reino das crianças proíbe. “Eu gostaria, no entanto, de ouvir o que eles estão dizendo para ela”, murmura uma mãe, contrariada. Sua filha de 9 anos, aspirante a dentista, escuta com os colegas o lenga-lenga do monitor, antes de sair com os braços tão carregados de amostras de dentifrício que os derruba no chão. As atividades propostas são sumárias, o cerimonial da passagem do uniforme parecendo ser o suficiente para deixar os pequenos felizes. De lá a ver nisso o simples pretexto para um discurso promocional…

    Para seduzir os professores, o KidzMondo, que aposta nas saídas escolares, se orgulha em ilustrar o conceito de edutainment – contração de education(educação) e entertainment (diversão). Mas, como foi notado por um jornalista britânico a respeito do KidZania, seria mais apropriado falar de advertainment: uma mistura de diversão e publicidade (advertising).3 Mirna não dissimula, inclusive, os objetivos promocionais do projeto: “Nós trabalhamos com empresas ‘triplo A’, muito conhecidas no Líbano, no Oriente Médio e no mundo. Elas aproveitaram a oportunidade, pois sabem que a lealdade para com uma marca [brand loyalty] se constrói muito cedo”.

    Ao cruzarmos com o responsável de um laboratório patrocinado pelas águas Nestlé, lhe perguntamos no que consiste seu trabalho. Ele nem bem abriu a boca e seu superior hierárquico, vindo de lugar nenhum, o interrompe para responder em seu lugar: “Aqui, ensinamos as crianças a medir o pH da água e a compará-lo com o de outra água, por exemplo, a Contrex. E, no final, elas partem com uma garrafinha de água Nestlé. Trata-se, então, de uma atividade científica”.

    Na verdade, perguntamos a Kazma qual era seu sonho quando criança. “Eu nunca tive vontade de ser médico ou engenheiro”, responde. “Sempre quis ser um homem de negócios.” 

    BOX:

    Um brasão a restaurar

    Algumas das marcas representadas no KidzMondo precisam mais urgentemente do que outras da “lealdade” garantida pelo parque. Assim são os supermercados Spinneys, parceiros de uma atividade lúdica na qual as crianças depositam em suas cestas frutas e legumes de plástico ou falsas latas de conserva que os colegas, no caixa, registram com cuidado. “No Spinneys, procuramos sempre melhorar as comunidades dentro das quais operamos”, escreve Ralph El Kahi, diretor de marketing do grupo no livreto do KidzMondo.

    No Líbano, onde emprega cerca de 1,7 mil pessoas, o Spinneys, propriedade do Abraaj, um fundo de investimentos com base em Dubai, estampou as manchetes “em março de 2012, quando se recusou a aplicar o primeiro aumento do salário mínimo em dezesseis anos”, conta Charbel Nahas, que era ministro do Trabalho na época. Depois de três meses de espera, uma centena de funcionários dirigiu uma petição à administração. Diante das pressões da direção, apenas dois mantiveram o cargo. O principal agitador, Samir Tawk, foi transferido de um dia para outro de Beirute para Saida; como ele recusou a transferência, foi demitido.1

    Ele e cerca de vinte outros decidiram então criar um sindicato. “As pressões aumentaram, e alguns foram demitidos. Mas uma juíza designada proibiu as demissões, o que aconteceu pela primeira vez”, continua Nahas. “Como muitos empregados devem seu cargo ao clientelismo, centenas deles foram forçados a assinar uma carta garantindo que dispensavam o Spinneys de aplicar o aumento. Também tiveram de participar de contramanifestações, ou enviar cartas de desfiliação ao sindicato, mesmo que nunca tivessem aderido a ele… Uma noite, um militante, Mkheiber Habchi, foi espancado no estacionamento.” O Spinneys acabou por atrair para si uma advertência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra.

    “Aconteceram manifestações de solidariedade diante das lojas da cadeia, o que é muito raro”, salienta a pesquisadora Marie-Noëlle Abi Yaghi, especialista em movimentos sociais do Institut Français du Proche-Orient (Ifpo). Mesmo os apoios externos à empresa receberam ameaças de seus empregadores. Segundo Nahas, “a batalha é ainda mais dura porque uma vitória dos funcionários do Spinneys abriria caminho para mudanças em todo o setor”.(M.C.)

    1 Cf. .

     

    Ilustração: Fábio Rex

    1 “What is KidzMondo?” [O que é o KidzMondo]. Disponível em: <http://www.kidzmondo.com>.

    2 “What’s wrong with Amal?” [O que há de errado com Amal], cabo n.#04BEIRUT4941, 1o set. 2011. Disponível em: <http://www.cablegatesearch.net>.

    3 Mike Deri Smith, “State of play” [Estado de brincar], 13 abr. 2011. Disponível em: <http://www.themorningnews.org>.

     

     

    http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1533

     

     

  16. Como é uma polícia

    Como é uma polícia antiprotesto de verdade?

    O pessoal fica discutindo como a polícia deveria agir…mas uma imagem vale mais que mil palavras.

    Veja no vídeo porque nossa polícia é uma porcaria….

    http://www.failwars.blog.br/videos/korean-total-war-preciso-estratgia-surreal-da-polcia-koreana/[video:http://www.failwars.blog.br/videos/korean-total-war-preciso-estratgia-surreal-da-polcia-koreana/]

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    PS. Não sei anexar o vídeo.

     

  17. Cotas Raciais nos Concursos: o exagero só atrapalha – William Do

    https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=328065397333071&id=181878138618465

     

    Cotas Raciais nos Concursos: o exagero só atrapalha

    William Douglas
    Juiz Federal, professor, autor

    No presente artigo comentarei sobre a proposta do Governo Federal de criar cotas para concursos federais. É sabido que devemos evitar a teofobia e a intenção de muitos de definir como deve ser o pensamento e opinião alheios. As ações afirmativas raciais são outro espaço onde os exageros podem atrapalhar o consenso e o progresso das lutas sociais, que são dever moral de nosso tempo. E sobre elas quero pontuar o exagero da vez e, por isso, um desserviço à causa. Sou defensor das cotas raciais há tempos, já por duas vezes as defendi em audiências públicas no Senado Federal. Escrevi inúmeras vezes artigos em defesa delas, e publiquei, como editor, livros em sua defesa. Invariavelmente ouço ou leio amigos e leitores magoados comigo por eu defender as cotas raciais. Me perdoem, defendo sim.
    Pois bem, exatamente por defendê-las venho aqui dizer que quem as conseguiu está perto de começar a destruí-las. Como sempre, pelo exagero. Pela mania humana de, podendo, ir além do que deve. Volto a citar: “A lei, ora a lei, o que é a lei se o Major quiser?” – O que é bom-senso, justiça, razoabilidade, autolimitação dos próprios atos quando o detentor temporário do poder pode ir além?
    A meu ver, o exagero só atrapalha. O equilíbrio salvaria a Humanidade.
    Vale anotar que insistirei nas cotas raciais pelo menos até que venham as cotas sociais com o devido financiamento e estrutura. Até lá, as cotas raciais ajudam a responder pela urgência de se consertar um país que ainda precisa de alforria. Ou seja, até que se implante um sistema melhor de modo eficiente, não podemos abrir mão dos outros instrumentos possíveis, mesmo que não sejam os ideais.
    E onde chegamos agora? Nas cotas raciais nos concursos. Eis o homem, outra vez, abusando. Abuso grave. Já que passaram as cotas nas universidades, porque não também nos concursos? E nas empresas? “Exageremos outra vez! Façamos o que podemos! Aproveitemos o poder para inverter a mão dos abusos!”
    Reparem: uma coisa é colorir de todas as nossas cores todos os lugares. Ver negros nos restaurantes finos, ver negras desfilando nas Fashion Weeks, isso será ótimo. Outra coisa é, no afã de acelerar este, de fato, vagarosíssimo processo, errar a mão e prestar um desserviço a todos, inclusive à própria causa.
    Não devemos ter cotas raciais nos concursos, como se propõe. Uma coisa é ter cotas nas escolas, nas universidades, nos estágios. Aí sim, pois estamos falando de preparação para a vida e para o mercado. Essas cotas devem ser mantidas, aperfeiçoadas e, com o passar do tempo, obtido seu bom efeito, suprimidas. Mas as cotas nos concursos pervertem o sistema do mérito. Para o direito e oportunidade de estudar, é razoável dar compensações diante de um país e sistema ainda discriminadores, mas não para se alcançar os cargos públicos.
    Nesse ponto, as críticas que os contrários às cotas fazem irão fazer sentido: aquilo de se dizer que “Fulano está aqui só por causa das cotas”. Isso pode ser tolerado em uma faculdade, de onde o cotista saia e mostre que, quando tem oportunidades, compete de igual para igual, acha seu espaço ao sol. Contudo, quando estamos diante de um concurso público, ou igualmente de seleção para empresas, influir no sistema de avaliação é uma perversão inadequada. Querer isso é ir além do razoável e, ao se insistir na tese, presta-se um desserviço ao país e à causa.
    Os motivos são bem claros: é lícito dar a quem quer estudar algum diferencial competitivo, compensador de uma ou outra circunstância. De modo diametralmente oposto, é abusivo repetir tais privilégios quando o assunto é o ingresso definitivo no mercado de trabalho. Simples assim. Cotas: para estudar, pode; para arrumar emprego, aprenda como todo mundo. Venha disputar sua vaga em condições de igualdade, e que passe o melhor preparado: branco, preto, pobre, rico, gay, hetero, bonito ou feio.
    Como disse um professor de Direito Constitucional que conheço, “daqui a pouco quem se sente ‘normal’, quem não for negro, índio, gay, cadeirante, obeso mórbido, filho de bombeiro ou PM morto em serviço estará em risco de extinção, sem poder disputar as vagas públicas e privadas, loteadas por toda sorte de regalias para quem se articulou nos Legislativos ou nos órgãos de ‘promoção da igualdade’ de quem quer que seja. Pior que tudo, cada vez menos se estimulará o estudo e o trabalho, o mérito e o esforço, porque a partir de agora para entrar nos cargos, ou nos empregos, bastará ter carteira de espoliado. Será o tempo em que quem não tiver nenhum argumento para ser prestigiado ingressará com ação judicial onde pedirá apoio, e algum juiz ou tribunal deverá, em um ‘salto triplo carpado hermenêutico’, provavelmente rasgando algum texto legal, proteger por fim a última classe a não ter algum favor legal que substitua o mérito. Será um país onde o estudo e o trabalho serão substituídos pelo, já anunciado antes, ‘princípio do coitadinho’.”
    As políticas afirmativas acolhidas pela Constituição são aquelas direcionadas ao fim da desigualdade, e não à sua perpetuação. Contudo, a forma como está se promovendo a igualdade é equívoca e tacanha, vez que não cria mecanismos para que a realidade social mude nem estímulo pessoal para o esforço. Existem muitas portas para se ingressar em programas sociais, cotas, gentilezas públicas, verbas a serem mal versadas, e poucas portas para que as pessoas saiam dos favores do governo, ou das situações onde os favores são justificáveis.
    Prefiro um país onde os espoliados sejam amparados e onde tenham oportunidade de estudar, de aprender, mas que na hora de se definir de quem é uma vaga, que ela seja do mais bem preparado. Será um país de sonho. Parafraseando o Pastor Martin Luther King Jr, um país onde todos possam estudar, mas em que, na hora de as pessoas conseguirem um emprego ou cargo público, “elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”. Para ingressar nos cargos, nem valerá ser negro, ou índio, ou bonito, ou feio, ou gay, ou hetero, ou do partido, ou muito amigo. Para ingressar nos cargos, competência. E isso fará com que todos estudem.

    1. Minha proposta

      creio que do jeito que o PL 6738/13 está redigido, ainda que tenha o mérito de tentar corrigir uma grande injustiça social, considero que ela irá trazer um grande prejuízo para o serviço público e aumentar ainda mais a discriminação racial. Porisso ofereço duas alterações e uma sugestão no texto que penso que poderão compatibilizar a política afirmativa com a meritocracia no serviço público que poderão ser aproveitadas por qualquer um que tenha um acesso a algum parlamentar para apresentar emendas ao projeto, cujo prazo está aberto para recepção em cinco sessões (http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=600255):  

      1 – Alterar o  caput do Art. 1o, limitando a reserva aos cargos de nível médio ou fundamental:  “Ficam reservadas aos negros vinte por cento das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos, de nível médio ou fundamental, no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei.” 

      Isto vai evitar uma colisão com outras políticas afirmativas que são as cotas raciais das universidades públicas e ProUni, que oferece oportunidade aos desfavorecidos de obterem um diploma de curso superior. Ao não limitar o incentivo para os cargos até o nível médio, vai significar que a política de cotas racias nas universidades públicas ou Prouni são insuficientes para propiciar ingresso dos desfavorecidos no serviço público pelas vias normais do concurso. Acho que o  ingresso por cotas em cargo público de nível superior, acabaria sendo apelidado de “Bolsa-afro-descendente” em associação ao “Bolsa-Família”.  

      2 – Suprimir o § 1º do Artigo 3º: “Os candidatos negros aprovados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não serão computados para efeito do preenchimento das vagas reservadas. “. 

      A justificativa é que com a manutenção deste dispositivo, vulgarmente,  vai existir o afro-descendente aprovado por mérito e afro-descendente aprovado por política afirmativa. Como o crachá não vai exibir a forma de ingresso, ambos acabarão discriminados no serviço negativamente. 

      3 – Para compatibilizar com a proposta 1, poderia ser incluído um dispositivo que, com anterioridade aos concursos de nível superior, se alguém já não foi beneficiado pelas oportunidades oferecidas (cotas nas federais, prouni, etc), restaria o patrocínio do governo para preparatórios, assim como o MRE faz para o concurso de diplomatas.  

      Como gaiatice, também poderiam propor cotas raciais negativas, se o objetivo é que a demografia do serviço público deve refletir a demografia nacional, que consistiria em limitar o ingresso de minorias no serviço público à sua representatividade nacional.

      Oriental que sou, representante de uma minoria inferior a 1% da população nacional, deveríamos enfrentar uma barreira, pois normalmente acabamos tendo representação superior a isto nas aprovações por concurso, isto sem falar nas universidades públicas, onde é comum ouvir nos cursinhos: “Se quer passar no vestibular, mate um japonês”… 🙂

       

  18. Já encomendaram o caixão?

    Já encomendaram o caixão? Aécio vai declarar apoio ao Eduardo?

    Conselheiros tucanos querem rever desonerações e reajuste do mínimo

    Do Valor Econômico, 11/11/13

    Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte

    Descrição: Leonardo Rodrigues/Valor - 03/05/2013 / Leonardo Rodrigues/Valor - 03/05/2013Mansueto: “Agenda é do desmonte da experiência nacional desenvolvimentista”

    Melhorar o ambiente de negócios, simplificar tributos, reverter políticas consideradas intervencionistas na economia e abrir mais o país à competição internacional.

    Esses são alguns dos pontos que vêm sendo defendidos por um grupo de economistas e acadêmicos com quem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem conversado e que o têm ajudado a formular seu futuro programa de governo.

    Seus interlocutores econômicos defendem ainda um novo plano de privatizações e uma revisão da política de desonerações.

    E alertam para o fato de que não se pode esperar, pelo menos não no curto prazo, uma queda na carga tributária nem o crescimento do PIB num ritmo mais acelerado num eventual governo tucano.

    O primeiro ano do próximo governo tende a ser marcado por dificuldades econômicas, dizem especialistas com quem Aécio vem se reunindo.

    O senador, que prepara sua candidatura para presidente da República, promete apresentar em dezembro um primeiro pacote de ideias gerais sobre temas que disse considerar mais relevantes e urgentes para o país.

    No mês passado, num evento em Nova York, ele fez uma prévia dessas ideias – que ganharam corpo com ajuda desse time de economistas.

    Do grupo que o auxilia no campo econômico, segundo pessoas próximas ao senador, fazem parte Armínio Fraga, Edmar Bacha e Gustavo Franco, assim como Elena Landau, todos ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso. Também participam contribuindo com análises e propostas, nomes de uma geração mais jovem, como Samuel Pessôa e Mansueto Almeida.

    Os dois últimos falaram ao Valor sobre seus pontos de vistas, alguns já postos em discussão com o senador. A reportagem também ouviu Landau, que tem coordenado grupos de trabalho sobre macro e microeconomia, setor elétrico, saneamento, entre outros, para o pré-candidato.

    Sobre o crescimento da economia, Almeida – que atua na Diretoria de Estudos Setoriais e Inovação, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) — diz que não estão no horizonte medidas que promovam uma aceleração do PIB logo no início de um eventual governo tucano. Depois de crescer 0,9% no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar o ano perto dos 2,5% e mais perto dos 2% no ano que vem.

    “A preocupação não é tanto garantir um crescimento do PIB mais acelerado em 2015 e em 2016 e sim em adotar medidas que garantam um melhor desempenho da economia depois disso”, disse Almeida.

    Ele fala em melhoria do ambiente de negócios, simplificação tributária, redução no número de impostos e de uma negociação de um plano fiscal de longo prazo com o Congresso.

    Uma posição que Almeida diz ser unânime entre os interlocutores de Aécio é uma reversão da política adotada, sobretudo, no governo Lula de ajuda a empresas privadas a se tornarem líderes em seus setores, as chamadas campeãs nacionais. “Ficar transferindo recursos para o BNDES e do BNDES para as campeãs nacionais, isso acabou”, disse Almeida.

    As desonerações também desagradam os “conselheiros” do tucano, segundo Almeida. “O grupo mais ligado ao Aécio pensa que é preciso que o governo olhe para a economia como um todo. A ideia que deve valer é a de não descriminar setores”.

    Montadoras e fabricantes de eletrodomésticos foram alguns dos setores beneficiados nos últimos anos por desonerações de IPI como forma de aquecer a economia.

    Descrição: Régis Filho/Valor - 28/02/2013 / Régis Filho/Valor - 28/02/2013Pessôa: “Tem que reduzir alíquotas de importação de forma generalizada”

    Segundo Almeida, uma ideia que tem sido mencionada nas conversas com Aécio é a de embutir na rotina de um governo tucano uma avaliação acurada de políticas e programas em curso para avaliar seus custos e os reais ganhos e se devem ou não ser mantidas.

    A avaliação que ele tem feito nas conversas com o senador é a de que a economia brasileira não terá nos próximos anos o impulso da economia da mundial, como se viu em boa parte do governo Lula. “Vamos ter que resolver como uma agenda de reformas.”

    Samuel Pessôa, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio, outro especialista com quem Aécio tem conversado, prevê que o primeiro ano do próximo governo, seja ele qual for, terá dificuldades semelhantes às de 1999 [início do segundo mandato de FHC] e de 2003 [início do primeiro mandato de Lula].

    Primeiro, por causa da inflação “muito alta e persistente”; segundo, pelo superávit primário apertado, talvez de pouco mais 1% do PIB que, prevê ele, a presidente Dilma Rousseff deixará para 2015.

    “Um pacote de ajuste em 2015 deve vir com qualquer que seja o governo. Aécio faria isso de uma maneira mais profunda”, diz.

    Pessôa argumenta que a prioridade deveria ser uma reforma tributária porque esta teria um efeito mais imediato no aquecimento da economia. Como Mansueto Almeida, ele fala em simplificação tributária. O que não significa redução da carga.

    “Desde a Constituição de 1988, a ideia da construção de um Estado de bem estar social vem sendo reforçada e cada eleição. E isso impõe algumas restrições para a gente porque grande parte da elevação tributária dos últimos 15 anos serviu para construir e fortalecer essa rede de bem estar”, diz o professor. Saúde, aposentadoria, seguro desemprego, auxílio doença, rede de escolas públicas fazem parte dessa estrutura custeada pela pesada carga tributária brasileira. “Não vejo espaço para reduzir essa carga no curto prazo.”

    Onde ele vê espaço para Aécio atuar é no desmonte do que chama de “experiência nacional desenvolvimentista” capitaneada, segundo diz, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

    Sob esse rótulo, Samuel Pessôa inclui iniciativas do governo Lula e Dilma como a de criar empresas campeãs nacionais, de ampliar a um ritmo muito acelerado as carteiras de crédito da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para pessoas físicas, de injetar mais de R$ 350 bilhões no balanço do BNDES, de apostar em uma série de desonerações tributárias, de tentar combater a inflação por meio de controle de preços da gasolina e de produtos com baixo IPI e de agir com mão pesada, como diz, no setor de energia elétrica.

    “O governo adotou essa agenda de aumentar muito o papel do Estado, de intervenção direta no espaço econômico”, diz, acrescentando que o resultado foi queda na taxa de investimento e na taxa de crescimento da economia. “Acho que o Aécio vai reverter esse quadro.”

    Associada a uma reforma tributária, Pessôa defende uma maior abertura da economia brasileira. “Tem que reduzir alíquotas de importação de forma generalizada”, diz. O setor industrial fará críticas, sofrerá revezes? Sim, diz. “Mas o país não é só indústria”, afirma. “Isso reduziria alguns setores da indústria, mas também permitiria um avanço naqueles setores industriais do país que são mais competitivos.”

    Um tema sobre o qual ainda não diz ter discutido com Aécio Neves é a fórmula que tem determinado o reajuste salário mínimo. “A minha opinião é que a manutenção da atual regra vai obrigar o governo a criar novos impostos ou a aumentar aqueles existentes.”

    Descrição: Silvia Costanti/Valor - 20/01/2009Elena: “A privatização fez bem ao Brasil com FHC e agora está sendo mal feita”

    Além de ouvir Mansueto Almeida e Samuel Pessôa, o Valor procurou Armínio Fraga e Edmar Bacha para comentar algumas das posições que têm defendido nas conversas com o senador Aécio Neves sobre economia. Ambos optaram por não falar.

    Elena Landau, que vem coordenando os grupos de trabalho e coletando orientações para o PSDB, é uma das defensoras da adoção de um programa mais bem estruturado de privatizações – bandeira do PSDB, mas que perdeu espaço no discurso do partido nas últimas eleições que disputou e perdeu para o PT de Lula e Dilma Rousseff.

    Diretora do BNDES entre 1994 e 1996, Landau é sócia do escritório de advocacia Sérgio Bermudes e preside o Instituto Teotônio Vilela do Rio.

    “A privatização fez bem ao Brasil no governo Fernando Henrique e agora está sendo mal feita”, diz. Não se trata de uma visão ideológica, de que só a iniciativa privada faz bem feito, diz. “Acho que o setor privado administra sem muitas das amarras do setor público. As privatizações precisam voltar a ser feitas de uma forma adequada, com um plano mais bem estruturado e de forma mais transparente.” Infraestrutura e logística – que hoje já são alvo de concessões no governo Dilma – são as áreas onde a Landau acredita que mais e melhor poderia ser feito.

    O senador mineiro tem evitado detalhar suas propostas com relação à condução da economia. Mas no início de outubro, em um longo discurso num evento em Nova York para empresários e investidores com negócios na América Latina, Aécio apresentou uma prévia das ideias que farão parte de suas propostas de governo.

    Falou da “uma agenda de privatizações, concessões e parcerias público-privadas sem vedações ideológicas” capazes de atrair investimentos privados e disse que “é possível implementar um programa de privatizações e concessões muito mais arrojado do que este que está em curso”.

    Aécio também defendeu reformas para “melhorar a estrutura de tributos, oxigenar o mercado de trabalho, destravar o investimento privado”. Segundo ele, “o país pode crescer muito mais do que cresce atualmente”.

    O pré-candidato não se aprofundou nas mudanças que propôs. Citou entre elas “a redução da intervenção do Estado na economia” e adoção de medidas “para deixar nossos custos de produção menos onerosos”.

    Aécio listou o “resgate os pilares da nossa economia, com estabilidade da moeda, responsabilidade fiscal e livre flutuação do câmbio” e defendeu simplificação da legislação e redução da carga de impostos.

    E prometeu que levará essa nova agenda “à consideração dos brasileiros no ano que vem.”

    Aécio aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, considerando o cenário mais provável, em que disputará o Planalto com Dilma e Eduardo Campos (PSB). Apesar de ter amplo apoio no PSDB para ser o candidato, o ex-governador de São Paulo José Serra continua tentando ser o indicado. Aécio formou-se em Economia na Universidade Federal de Minas Gerais; Serra fez doutorado em Economia na Universidade de Cornell, nos EUA.

  19. Europa pretende criar sua agência de espionagem
    Europa quer criar seu serviço de inteligência  

    Foto: Flickr.com/ocularinvasion

     

    A mídia européia, alegando o periódico grego Naftemporiki, continua citando a comissária europeia de Justiça, Viviane Reding, que concedeu uma entrevista a esta edição. O maior interesse se deve à declaração sobre a criação, no âmbito da União Europeia, de um serviço de inteligência análogo à CIA e à NSA, em contrapartida à espionagem eletrônica praticada em relação a políticos e cidadãos de vários Estados europeus. 

    Assim, o portal EUobserver faz a seguinte citação: “Precisamos de reforçar as posições da Europa nesse campo para alcançar equilíbrio com os parceiros norte-americanos“. Nesse caso, resumiu, será possível falar com os EUA “em pé de igualdade“.

    No parecer de Viviane Reding, será necessário criar, até 2020, um contrapeso à NSA.

    Vale frisar que, presentemente, os serviços secretos da UE estão cooperando intensamente, efetuando a troca de informações concernentes a ameaças terroristas e conflitos armados mediante o Centro de Análise de Inteligência da União Europeia (EU INTCEN), que constitui em elemento do Serviço de Relações Exteriores da União Europeia.

    Os especialistas no combate ao terrorismo têm colaborado nos marcos de um grupo de trabalho junto da UE. Além disso, à margem das estruturas comunitárias, os dirigentes dos serviços secretos europeus se reúnem no Clube de Berna, instituído em 1971 e considerado um fórum não oficial para a troca de informações entre estes serviços da UE, da Noruega e Suíça.

    As 13 missões estrangeiras, por exemplo, a Eulex, no Kosovo, ou a EUTM, no Mali, desempenham também o papel de fontes de informação. Os dados estão sendo fornecidos ainda por peritos de segurança regional, responsáveis pela análise de relatórios, preparados por missões diplomáticas da UE.

    Claro que tudo isso, frisa EUobserver, não pode ser equiparado à atividade desenvolvida por serviços de inteligência como, o M16 britânico ou o DGSE francês.

    Pela primeira vez, a ideia de criação foi lançada em 2004 pela Áustria e Bélgica após a explosão de um trem suburbano em Madrid, que ceifou a vida de 200 pessoas. Mas, na altura, a Grã-Bretanha, Alemanha e a França preferiram não atender ao apelo. Em julho de 2013, surgiu mais um projeto, mais detalhado e virado para o mesmo objetivo. O novo serviço de inteligência e segurança terá seus próprios drones, aviões e satélites de rastreio.

    Apesar de a iniciativa ter sido apoiada pela Alemanha, França, Espanha, Itália e Polônia, a maioria de peritos considera inviável tal projeto por motivos econômicos e pelo fato de haver divergências entre os parceiros. Uma atitude cética foi revelada pelo redator-chefe da revista russa Natsionalnhaya Oborona (Defesa Nacional), Igor Korotchenko:

    “Qualquer serviço de inteligência deve apoiar-se em uma rede de agentes e meios de interceção eletrônica. Tais funções serão cumpridas pelos serviços secretos nacionais. Ao que tudo indica, a nova entidade, se for criada, ocupar-se-á da solução de tarefas analíticas, fazendo previsões e não um trabalho operacional”.

    O cientista político alemão Michael Werz, do Centro de Progresso Americano (Center for American Progress), sustenta que, antes de proceder à recolha de dados, será preciso pensar em problemas mais substanciais:

    “A discussão é realmente vasta e cada parte pode debater o que quiser”, disse Werz em entrevista radiofônica. Mas a questão mais importante é essa: em que mundo nós queremos viver hoje, no início do século XXI?”.

    Para já, é difícil dizer se essa questão será colocada na cúpula da UE em dezembro, dedicada à política na área de defesa e segurança.

     

    Os fatos citados são de responsabilidade do autor

    Oleg Severguinhttp://portuguese.ruvr.ru/2013_11_05/Europa-quer-criar-seu-servico-de-inteligencia-8220/

     

  20. “A democratização dos meios de comunicação é necessária”

     

    Entrevista concedida à revista TRIBUNA DO ADVOGADO da OAB/RJ

    ‘É preciso honestidade quanto às posições ideológicas dos donos dos meios de comunicação’

     

    Clóvis de Barros Filho

    Dono de poder retórico que costuma conjugar com tiradas de humor, o bacharel em Direito, jornalista e doutor em Ciências da Comunicação Clóvis de Barros Filho tem apontado, em conferências pelo país e nas aulas de Ética na Universidade de São Paulo, a necessidade de regulação e controle social da mídia para evitar abusos. Para ele, “a omissão de notícias sobre a ação abusiva do Estado” nos protestos das ruas e “a tentativa de abafar os escândalos de corrupção dos partidos que a imprensa apoia”, mesmo quando a população os repudia, mostram a crise que o jornalismo está enfrentando. Recentemente, o vídeo com a participação do professor no Programa do Jô alcançou mais de 300 mil compartilhamentos nas redes sociais.

    MARCELO MOUTINHO E PATRÍCIA NOLASCO  Em texto recente no Espaço Ética, sobre as manifestações das ruas, o senhor disse que, pelos olhos da internet, os anos de censura e repressão pós 1964 ainda não terminaram para o jornalismo impresso e televisivo, que continuaria sensível aos “interesses da direita neoliberal” que o sustentam. A chamada mídia tradicional não trata a notícia com objetividade?
    Clóvis de Barros Filho – Nenhuma mídia trata  a notícia com objetividade, isso se estende para as mídias de direita, esquerda, centrista ou qualquer outra que exista. No meu livro Ética na Comunicação, publicado em 1995 e editado pela Summus, mostrei que não existe objetividade na comunicação. Todo relato sobre o mundo, independentemente do seu porta-voz, será parcial e tendencioso. A objetividade pressupõe uma capacidade divina de onisciência que nenhum ser humano, especialmente os jornalistas, possui. A minha crítica em relação à mídia tradicional está no fato de ela pregar a “imparcialidade” e de defender “os interesses do país” sem especificar que o país em questão é o da elite. A omissão de notícias referentes ao uso abusivo da força pelo Estado nos protestos e a tentativa de abafar os escândalos de corrupção dos partidos que a imprensa apoia, mesmo perante manifestações públicas de repúdio por parte da população, mostram como o atual jornalismo está enfrentando uma séria crise.
    Com as diversas fontes de informação e transmissão via internet, os cidadãos têm como avaliar a credibilidade do que leem? Nas últimas manifestações, multiplicou-se pelas redes sociais a notícia de que uma mulher havia morrido nos confrontos no centro do Rio, o que se mostrou fato inexistente. Como propor a discussão ética na disseminação de notícias por fontes não profissionais?
    Clóvis de Barros Filho – Divulgar fatos inexistentes não é privilégio da mídia alternativa. Quem se lembra do caso da Escola Base, no qual o jornalismo da Rede Globo acusou os donos de uma escola infantil de abuso sexual de menores, sabe que erros deste tipo são comuns. A disseminação de notícias é uma faca de dois gumes. Ajuda na discussão democrática sobre os problemas sociais, mas pode ser utilizada para prejudicar certos grupos sociais – isso é visível em épocas de eleição. Só podemos resolver esse problema com um trabalho de educação do leitor para o uso consciente das mídias.
     Que premissas éticas devem, no seu entender, nortear o trabalho da mídia em geral?Clóvis de Barros Filho – É preciso ser honesto quanto às posições ideológicas dos donos dos meios de comunicação e de seus jornalistas. Deixar claros os interesses políticos de quem escreve as matérias ajuda o leitor a ter cautela. Nas recentes manifestações, a chamada mídia alternativa tentou fazer um contraponto à cobertura jornalística das grandes redes. Até que ponto o componente ideológico influencia na cobertura, tanto da mídia tradicional, quanto da mídia alternativa? Clóvis de Barros Filho – O componente ideológico nos meios de comunicação sempre existiu. Seja com os iluministas no Século 17, que publicaram o primeiro jornal impresso, seja com a mídia neoliberal que temos hoje. O problema aqui é de outra natureza. Estamos falando de honestidade, de deixar claro o ponto de vista de quem comunica. O Mídia Ninja, por exemplo, deixa clara sua posição de esquerda engajada nos movimentos sociais. Eles noticiaram fatos importantíssimos que aconteciam nas ruas e que a imprensa dominante decidiu omitir por questões econômicas e políticas. O problema é que quando um jornalista ou meio de comunicação importante se pronuncia sobre um assunto, costuma enquadrar a notícia como “objetiva”, “verídica” ou “legítima”. Porém, quando uma outra mídia se contrapõe é vista como tendenciosa, o que é errado.
    A  democratização dos meios de comunicação é uma discussão cada vez mais presente. O senhor crê na necessidade de algum tipo de controle social da mídia, como defendem alguns? Clóvis de Barros Filho – A democratização dos meios de comunicação é necessária. Primeiro porque o espectro pelo qual circula a radiodifusão é um bem público, escasso e finito, que como qualquer concessão pública deve ser regulado pelo Estado. Segundo, porque há um monopólio de famílias que controlam a mídia e que herdamos da ditadura militar. Precisamos de um controle social dos meios de comunicação para evitar abusos. Apesar de ser uma medida legítima, pois protegeria a honra e dignidade de qualquer cidadão atingido injustamente pela mídia, as empresas de comunicação tentam associar esse controle à censura, deturpando seu sentido. Os países democráticos da União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá fazem esse controle rígido com sucesso. Por que o Brasil não poderia dar aos seus cidadãos esses mesmos direitos de proteção?   

     

  21. Os escravos da Barbie

    Jornadas de 13 horas, salários miseráveis e habitações superlotadas. Essas foram as condições encontradas em fábricas subcontratadas da Mattel na China

    boneca barbie fábrica exploração

    Empregados trabalham até 13 horas por día por um salário indigno e dormem em casas superlotadas (Reprodução)

    De abril a setembro, registra-se o pico da produção das empresas chinesas que fabricam brinquedos que estarão ao pé da árvore de Natal, em dezembro. Uma prenda clássica desta ocasião é a mais famosa das bonecas, Barbie, criada pela empresa californiana Mattel, também à frente dos artigos Fisher Price.

    Para ver as condições de trabalho em que se elaboram estes produtos, a ONG China Labor Watch (CLW) infiltrou os seus investigadores entre os trabalhadores de seis fábricas durante o período de maior labor, constatando numerosas violações.

    Nas conclusões do relatório, publicado pela ONG francesa Povos Solidários-Action Aid France, surge que os empregados trabalham até 13 horas por dia por um salário indigno e dormem em casas superlotadas. Outras irregularidades constatadas: os trabalhadores não recebem formação, nem equipamentos de proteção adequados.

    “Os fornecedores da Mattel privaram os trabalhadores de milhões de euros ao evitar o pagamento das horas suplementares e das cotizações sociais obrigatórias, além de descontar através de fraudes as horas trabalhadas” apontam as ONGs.

    A poupança levada a cabo pela Mattel ao evitar o pagamento de horas extra e cotizações sociais através destas empresas subcontratadas é fica entre oito milhões e 11 milhões de euros, segundo a CLW.

    “As auditorias encomendadas pela empresa, desde há mais de 10 anos, puseram em relevo as violações do direito ao trabalho. Sem dúvida, a Mattel tomou poucas medidas corretivas importantes e com o tempo a transparência destas auditorias degradou-se”, acrescentam as organizações.

    Artigo de Espanol.rfi / Tradução de António José André para Esquerda.net / via Revista Fórum

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/escravos-barbie.html

  22. A história da primeira-dama de Nova York

    Escritora e engajada politicamente, ela foi vítima de preconceito por causa da cor da pele e de sua sexualidade. Conheça a história de Chirlane McCray, a nova primeira-dama de Nova York

    Chirlane McCray nova york

    Chirlane McCray e Bill de Blasio, recém eleito prefeito de Nova York (AFP)

    A nova primeira-dama de Nova York, Chirlane McCray, tem uma vida que chama mais a atenção do que seu marido, Bill de Blasio, recém eleito prefeito da cidade (o primeiro democrata em vinte anos). Esta mulher negra nasceu na cidade de Springfield e lá ela viveu até 10 anos de idade quando seu pai, um funcionário do militar, decidiu se mudar para Longmeadow, um lugar onde Chirlane McCray descobriu que o mundo não era tão justo quanto ela acreditava e levou-a a tornar-se poeta, escritora e a figura política que é hoje.

    Na época da mudança, os vizinhos “receberam” a família pedindo-lhes para deixar o bairro. Eles foram a segunda família de negros na área e ela a primeira estudante negra na escola. Seus colegas de classe “brincavam” com ela por causa da cor da pele, então a hoje primeira-dama de Nova Iorque calmamente se refugiou nos poemas que escreveu como uma válvula de escape para sua raiva reprimida. Esta foi a sua primeira abordagem ao racismo e intimidação, o que chamam agora de “bullying”. McCray não sentiu-se triste, mas a raiva a levou a escrever e expressar até no seu jornal da escola o seu descontentamento.

    Assim que se formou ela foi para Nova York, a metrópole onde, finalmente, seus escritos foram ecoados. Em 1979, no auge da libertação da mulher escreveu um ensaio intitulado “Eu sou lésbica”. A carta tinha a intenção de desmistificar o ditado “negro não é gay”. McCray foi a primeira negra que ousou falar abertamente sobre sua sexualidade. “Em 1970, eu me identificava como lésbica e escrevi sobre isso. Em 1991, eu conheci o amor da minha vida e me casei com ele “, confessou em 2012.

    Em 1991, ela passou a trabalhar com o prefeito David Dinkins em Nova York, onde conheceu Bill de Blasio, de ascendência alemã e italiana. Ela escreveu seus discursos, enquanto ele atuava como vice-prefeito. Em meio às vicissitudes políticas se apaixonou e se casou três anos depois. Hoje eles têm dois filhos, Clara e Dante, que se tornaram alvo de críticas por seus cabelos afro e pelas tranças.

    Na campanha de seu marido para prefeito de Nova York, foi ela quem editou as falas e entrevistou candidatos para cada posição. Hoje McCray já entrou para a história como a primeira mulher bissexual que ocupa o cargo de primeira-dama no país. “Eu realmente nunca namorei nenhum homem. Então eu pensei: Uau, o que é isso? Agora eu me sinto atraída por homens. Eu fui atraída por Bill. Ele era a pessoa perfeita para mim. Como duas pessoas muito diferentes, mas temos muito em comum. Somos um casal não convencional “.

    Correio Nagô
    Edição: Pragmatismo Politico

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/a-historia-da-primeira-dama-de-nova-york.html

  23. IPTU Progressivo e indignação localizada

    LN, 

     

    há dias temos acompanhado a “indignação” de velha mídia contra o IPTU progressivo, bandeira antiga do PT de outrora. 

    Notei que alguns órgãos da nossa “grande” imprensa fizeram uma cobertura muito negativa, para além da militância conhecida. 

    Questionei-me a esse respeito. 

     

    Ocorreu-me então o óbvio: Abril, Folha e Globo têm suas sedes justamente nas áreas onde o IPTU sofrerá maiores aumentos… De carona, o Estadão, com sede no Bairro do Limão, entrou na onda. 

    O grupo Bandeirantes de rádio e TV se superou. Alguns de seus “âncoras” da AM e FM discursaram em alto e bom som que os vereadores que votaram a favor da lei do IPTU progressivo o fizeram CONTRA a população de São Paulo. 

    Se a mistura de ética jornalística com interesses corporativos suscita tantos debates, creio que pouca vezes tivemos um exemplo tão concreto de como ele se processa. 

     

    Segue meu palpite a esse respeito.  Peço desculpas pela qualidade do mapa que montei. Não tenho tempo e nem habilidade digital para o que eu queria realmente demonstrar. Mas acho que o recado está dado. 

     

    Grande abraço e obrigado mais uma vez. 

     

    o palpiteiro. 

     

    http://opalpiteiro.blogspot.com.br/2013/11/indignacao-legitima-ou-localizada.html

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