Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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  1. Capricha no chorinho

    da Folha – 22/12/2014

     

    Capricha no chorinho

    por Gregorio Duvivier

     

    Uma lenda linguística afirma que os esquimós têm sei-lá-quantas palavras diferentes para a neve: têm uma palavra só para a neve-fofa, outra para a neve-caindo, outra para a neve-derretendo-na-qual-é-melhor-não-pisar-porque-talvez-você-morra. A conclusão óbvia: a língua traduz as necessidades do povo que a criou –e vice-versa.

    Não é a palavra saudade que mais me faz falta nas outras línguas que não o português. A palavra saudade é supervalorizada porque pode facilmente ser substituída por suas primas-irmãs.

    Na França, onde o crepe é artigo de turista, o recheio costuma ser escasso, seja ele qual for. No Brasil, bastariam três palavras, acrescidas de uma piscadela: “Capricha na nutella?”. Não tente pedir capricho na França –a língua não deixa.

    “Seja generoso com a Nutella” –digo para o crepeiro, que me olha de esguelha e me serve uma quantia ínfima, como quem diz: “Você está supondo que eu não seria generoso?”. Tento explicar melhor: “Faz esse crepe com o coração?”. Ele me olha perplexo, como se coração fosse um tipo de queijo que ele desconhece.

    Um amigo francês-implicante, que são dois termos sinônimos, teoriza o seguinte: o termo “capricho” só existe numa cultura em que as pessoas não têm o costume de caprichar. Em países civilizados, as pessoas capricham naturalmente, logo não há a necessidade do termo. Refuto sua tese com um gesto: abro o crepe e mostro-lhe a falta de capricho. Ele concorda.

    Em inglês, a mesma falta grita. “Caprichar” pode ser traduzido ora como “improve”, ora como “perfect”. Nenhum dos dois verbos carrega afeto ou generosidade –e não se aplicam à Nutella no crepe. Existe sempre, no entanto, a possibilidade de se pedir um “extra”, ou um “supersize”, essa invenção americana que consiste na comercialização do capricho –que imediatamente deixa de ser capricho. O capricho é gratuito, assim como o chorinho e a saideira. Ambos os três (falta uma palavra para “ambos os três”: trambos) são materializações da mesma coisa: o serviço com afeto.

    O português-brasileiro tem um dicionário inteiro para descrever desvios: trambique, mamata, propina, maracutaia. Como se não bastassem os termos existentes, criamos neologismos: mensalão, petrolão, propinoduto, gato-net.

    Mas nem tudo são trevas: temos também essa palavra linda que diz muito sobre a nossa mania de encher de carinho o que não precisaria ter carinho nenhum. A cultura da mamata é, também, a cultura do capricho.

  2.  
    É justo o médico torturador

     

    É justo o médico torturador ficar livre, e a mulher preta e pobre que fez aborto ser presa?

     

    Laura Capriglione

     

    “O teste deu positivo. Eu estava grávida. Dois meses. Foi desesperador. Eu não poderia criar um bebê, desempregada como estava, ainda estudando, morando longe da família. Moralmente, eu não concordava com o aborto. Foi uma decisão difícil. Uns amigos me avisaram que ali, na Clínica João Moura, que ficava na rua de mesmo nome, eu poderia fazer o aborto. Era uma clínica com fama de segura, frequentada por estudantes da USP. Eles me ajudaram a pagar o médico. Foi tudo rapidíssimo. Tomei um sossega-leão e perdi a consciência, enquanto o doutor Isaac Abramovitc fazia o serviço. Quando acordei, percebi que me haviam vestido com uma calcinha nova, estampada com um desenho infantil. Era de uma cegonha, voando enquanto carregava um bebê gordinho no bico. Desabei, com vontade de morrer. Aquilo foi puro sadismo.”

    O depoimento é da psicóloga M.D., 52 anos, que ainda hoje se emociona ao falar da passagem pela clínica do “doutor Isaac”, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Logo depois, M.D. descobriria que o médico tinha uma longa ficha corrida de maldades em seu currículo.

    Isaac Abramovitc, registrado no Conselho Regional de Medicina de São Paulo sob número 10.612, além de aborteiro tinha sido médico-legista do IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo. Durante a Ditadura Militar que governou o país entre 1964 e 1985, envolveu-se em casos de emissão de laudos necroscópicos fraudulentos, tortura e ocultação de cadáveres de opositores do regime. Tão útil foi à Ditadura, que recebeu em 1973 (auge da repressão política), a Medalha do Pacificador, concedida aos militares e civis que se distinguem por “relevantes serviços ao Exército”.

    No caso do “doutor Isaac”, os tais “relevantes serviços” consistiram basicamente em dar uma “fachada legal” para os assassinatos, torturas e crimes cometidos pelos órgãos de repressão. Cabia ao IML forjar laudos com nomes e/ou causas mortis falsificados. Em muitos casos, os corpos eram liberados sem nomes ou com nomes falsos para que, ninguém os reclamando, fossem enterrados como indigentes em valas comuns.

    Diga-se que, nesse mister, o “doutor Isaac” foi um dos mais prolíficos. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou os nomes de 22 vítimas em que coube ao médico “passar um pano” no trabalho sujo de torturadores e assassinos a serviço da repressão.

    Dissimulado, o “doutor Isaac” foi capaz de mentir até o impensável.

    Oriundo de família judaica moradora no bairro do Ipiranga, Abramovitc recebeu em janeiro de 1972 um corpo para autopsiar. Era do estudante de medicina na Universidade de São Paulo (USP) Gelson Reicher, único filho homem de Berel Reicher e Blima Reicher, judeus como ele, e seus vizinhos no Ipiranga. Refugiados do nazismo.

    Isaac Abramovitc conhecia Gelson desde que este era apenas um menino, unido que era à família dele pelos vínculos de imigrantes . Mas naquele janeiro, o corpo do jovem de apenas 22 anos, presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), que escrevia poesias e peças teatrais, chegou-lhe crivado de balas: três na cabeça, três no tronco, um em cada braço e cada perna.

    A encomenda feita pelos policiais que mataram Gelson era de que se dissesse que ele havia morrido depois de trocar tiros com uma viatura policial.

    Foi assim que o jornal “O Estado de S.Paulo”, em sua edição de 22 de janeiro de 1972, publicou a versão sobre a morte do rapaz: “O volks de placa CK 4848 corre pela avenida República do Líbano. Em um cruzamento, o motorista não respeita o sinal vermelho e quase atropela uma senhora que leva uma criança no colo. Pouco depois, o cabo Silas Bispo Feche, da PM, que participa de uma patrulha, manda o carro parar. Quando o volks para, saem do carro o motorista e seu acompanhante atirando contra o cabo e seus companheiros; os policiais também atiram. Depois de alguns minutos três pessoas estão mortas, uma outra ferida. Os mortos são o cabo da Polícia Militar e os ocupantes do volks, terroristas Alex de Paula Xavier Pereira e Gelson Reicher”.

    Isaac Abramovitc providenciou o laudo necroscópico pedido.

    Mas uma foto feita do corpo de Gelson Reicher, e encontrada nos arquivos do IML, mostrou muitas outras lesões —não descritas na autópsia.

    Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, vê-se: “(…) Na região orbitária direita, na pálpebra superior direita, e na região frontal direita a presença de edema traumático, aparentemente associado a uma extensa equimose [hematoma]. A formação desta lesão apresenta características da ação contundente de algum instrumento (…) Na linha da região zigomática [maçã do rosto], manchas escuras, com características genéricas de lesões, sem que se possa definir suas naturezas, e características do(s) instrumento(s) que as produziram, não se encontrando elas descritas no Laudo. O mesmo pode ser observado para a região deltoidea esquerda e região mamária direita.”

    Ou seja, Gelson Reicher foi submetido a uma sessão de violenta pancadaria e à tortura.

    Além do destaque para a ausência de registro das escoriações que comprovam a tortura, o relatório da CNV destacou que, depois de “ter seus quatro membros atingidos por projéteis de arma de fogo, [Gelson Reicher] não oferecia mais condições de resistência armada nem tampouco de fuga.”

    Logo, um médico-legista honesto descartaria a hipótese da “morte em troca de tiros com a polícia”.

    Mas não era esse o caso do “doutor Isaac”.

    Não só o “doutor Isaac” omitiu todas essas informações de seu laudo necroscópico, como ainda ocultou a identidade de Gelson, a quem, repita-se, conhecia desde menino. E o laudo saiu como sendo de um indivíduo de nome Emiliano Sessa, cujos restos mortais foram enterrados como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus (SP).

    O ex-administrador do Cemitério de Perus Antonio Pires Eustácio disse à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo que todos os indigentes eram enterrados na vala comum, como forma de dificultar o encontro dos corpos pelas suas famílias. Mas ainda havia um detalhe: todos os militantes de oposição ao regime, como foi o caso de Gelson Reicher, eram marcados com um “T” vermelho, indicando a palavra terrorista, no livro de registros. “T” de terrorista.

    O “doutor Isaac” e os 51 médicos citados no relatório da Comissão Nacional da Verdade (em um total de 377 autores de graves violações de direitos humanos) nunca tiveram de pagar pelos seus crimes.

    Em março de 2008, o “doutor Isaac” chegou a ser preso. Não pelas torturas, mas sob a acusação de comandar uma clínica clandestina de aborto em Pinheiros, aquela, que fazia a “brincadeira” das calcinhas com cegonha.

    Na ocasião, a polícia informava que já tinha investigado o médico formalmente pela prática de aborto por pelo menos dez vezes desde 1974. Familiares das vítimas políticas do “doutor Isaac” acharam que, talvez, fosse o começo do fim da impunidade.

    Mas ele nunca foi condenado.

    O médico nunca teve seu registro de médico (que ele conquistou em 15 de janeiro de 1964) cassado.

    Toda essa história de crimes sem castigo só foi aqui contada para tornar ainda mais evidente que, definitivamente, o horror da Justiça discriminatória habita entre nós.

    No domingo (21/12), uma excelente reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” mostrou como, no país que realiza em média 1 milhão de abortos por ano, 33 mulheres foram presas em 2014 pelo crime de interromper uma gestação indesejada.

    Como Cristina (nome fictício), que no dia 17 de junho deste ano, chegou ao Hospital Municipal do M’Boi Mirim, na zona sul da capital paulista, com fortes dores abdominais. Aos quatro meses de gestação e sem condições para procurar uma clínica de aborto, a moradora do bairro do Capão Redondo, na periferia paulistana, tomou dois comprimidos de um remédio para úlceras que tem como efeito colateral provocar fortes contrações uterinas. Cristina expulsou o feto, mas precisava de socorro médico urgente para a dor.

    Denunciada à polícia pela médica, que não respeitou o sigilo obrigatório, Cristina foi presa.

    Ficou algemada na cama do hospital por três dias. E responde a processo por crime de aborto, sujeito a penas que vão de um a três anos de detenção.

    Todas as jovens presas são negras, com pouca escolaridade e baixa renda, que recorreram ao aborto como último recurso em uma vida de privações e sofrimentos.

    Bem diferentes do “doutor Isaac” que, apesar de tantos crimes, morreu no conforto da impunidade em 2012.

     

    https://br.noticias.yahoo.com/blogs/laura-capriglione/e-justo-o-medico-torturador-e-dono-de-clinica-de-201709483.html#more-id

  3. NASSIF SERÁ QUE O LULA FARIA ISSO?

    GOVERNO QUER LEVANTAR ATÉ R$ 20 BI COM VENDA DE FATIA DA CAIXA

    :

     

    Estudos do governo apontam possibilidade de levantar algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões até 2016 com a abertura de capital do banco público; venda de fatia da instituição pelo governo federal seria entre 20% e 25%

     

    23 DE DEZEMBRO DE 2014 ÀS 08:09

     

    247 – O governo pretende levantar de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões até 2016 com a abertura de capital da Caixa Econômica Federal, apontam estudos. Os números foram divulgados nesta terça-feira 23 em reportagem do Valor Econômico.

    O valor seria captado com uma venda de uma fatia entre 20% e 25% do banco federal, segundo fontes. A ideia da abertura de capital da Caixa é da época em que Antônio Palocci era ministro da Fazenda, ficou em banho maria e ganhou força nos últimos meses.

    Ontem, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff confirmou que pretende colocar o plano em prática, mas admitiu que o processo é “demorado” (leia mais). Ainda não há data para o projeto.

    “Em tese, caso seja dado prioridade para o projeto, seria possível oferecer as ações ao mercado ainda em fins de 2015. Mas o Tesouro avalia a conveniência de fazer uma operação dessas proporções num momento em que o mercado acionário está deprimido. O natural, diante de um eventual cenário adverso, seria adiar a operação para 2016”, diz a reportagem do V

     

  4. Heróis e Heroínas anônimos…

    Li no Face, gostei e compartilho com vocês a história simples de pessoas simples que construíram a nação.

    Ontem nossa mãe Tereza Della Vecchia Gregorini despediu-se da gente, depois de alguns meses de luta contra várias enfermidades, principalmente as decorrentes dadiabetes. Era filha de Ângelo Della Vecchia e Angelina Buzelo Della Vecchia e nascida em Ermo, em 3 de dezembro de 1938. Tinha 76 anos. Casada há 57 anos com Zeferino Gregorini teve 8 filhos (Donato, Albertina, Lídia, Constante, Sabino, José, Gílio e Nair) e 16 netos (Bruno, Amanda, Milena, Dieison, Murilo, Riccieri, Renan, Felipe, João Paulo, Caroline, Leonardo, Fernanda, Matheus, Heloisa, Manuela e Maurício). 

    Nossa mãe sempre foi uma lutadora e trabalhava lado-a-lado na lavoura com nosso pai, além de cuidar das lidas da casa, de costurar para fora, bordar roupas, participar da igreja, onde tinha a predileção em participar de corais, com sua linda voz. Outra coisa que fez com maestria foi na educação dos filhos, sempre acompanhando tudo de perto para que nós, simples filhos de agricultores, pudéssemos superar as dificuldades e galgar voos um pouco mais altos. Uma coisa ela conseguiu com certeza com sua simplicidade e inteligência, que fôssemos pessoas melhores, que pudéssemos através da educação ter um entendimento melhor da vida. Só por isso já nos bastava para tê-la num altar. Mas ela foi muito mais que isso em nossas vidas, com certeza. 
    Hoje é nosso primeiro dia sem ela. Tá difícil sim. Ela era nossa referência de vida. Por outro lado entendemos que ela cumpriu com sua missão aqui na terra e foi para junto de Deus seguir os Seus desígnios. Portanto, hoje é seu primeiro dia de trabalho na Seara Celestial, para a qual lhe desejamos um bom início de vida nova.
    À todos que de uma forma ou outra participaram dessa nossa caminha junto dela, principalmente nesses momentos mais difíceis dos últimos tempos, o nosso agradecimento e nossa consideração. Aos Hospitais São Roque de Jacinto Machado, São Sebastião de Turvo e São José de Criciúma, o nosso muito obrigado pela forma como sempre a acolheram, principalmente os médicos, enfermeiros e funcionários. Um agradecimento especial ao cardiologista Dr. Roberto Salvaro, de Turvo, pela forma carinhosa que sempre tratou nossa mãe. E também ao Dr. Levi Grandi, Criciúma, que lutou até os últimos instantes para lhe devolver a saúde.
    Não podia deixar de agradecer à multidão que se fez presente aos atos funerários e na missa de corpo presente no dia de ontem (domingo) nas localidade de Água Branca (velório e missa) e Vista Alegre (cemitério), em Jacinto Machado e Ermo. Ontem tivemos a certeza do quanto ela amada por aquelas comunidades. 
    Muito Obrigado a Todos.

    Jornal Folha da Fumaça

     

  5. BELO EXEMPLO
    Menina de 6 anos cria ONG que já ajudou mais de 100 mil pessoas no Brasil  por Redação Hypeness 

    Já mostramos algumas vezes aqui no Hypeness crianças que estão transformando o mundo à sua volta, seja empreendendo negócios inovadores ou fazendo o bem pra sua comunidade ou em países necessitados. Essas ações têm nos mostrado que a nova geração desses pequenos está vindo para mudar, e muito, nosso mundo.

    Desde os 6 anos, Beatriz Martins, mostrou indignação e desconforto ao ver crianças de roupas rasgadas pedindo balinha no farol, e não se deu por satisfeita apenas com a resposta que seu pai deu, falando sobre desigualdade social. A partir daquele dia, ela começou a guardar todas as balinhas e doces que pôde – com ajuda de amigos e vizinhos e com o apoio do pai, no Natal de 2006 eles ajudaram 600 pessoas com todas as balinhas que juntaram ao longo daquele ano.

    E Bia (como carinhosamente é chamada), a partir deste pequeno gesto, continuou no outro ano, ajudando mais crianças em seis grandes ocasiões: de volta às aulas, Páscoa, Mês das Mães, Inverno, Dia das Crianças e Natal, realizando muitos e muitos sonhos. Automaticamente a iniciativa foi batizada de “Olhar de Bia“ e hoje, com 14 anos, Bia e sua ONG crescem juntas. Somente no último Natal, foram entregues quase 23 mil itens, entre alimentos, brinquedos, aparelhos eletrônicos, roupas e livros, e, segundo Bia, nos últimos sete anos, desde que começou juntando as balinhas para as crianças do farol, cerca de 100 mil pessoas já foram impactadas.

    Para ela, não adianta reclamar sobre os males do mundo – é preciso agir. Abaixo deixamos uma reportagem feita pela TV Gazeta, que mostra um pouco mais desse belo trabalho:

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    Você pode seguir o trabalho da jovem no Facebook ou no YouTube.

     

  6. 85 anos de Chet Baker

     

    85 anos de Chesney Henry “Chet” Baker, Jr. (Yale, Oklahoma, 23 de dezembro de 1929 – Amsterdã, 13 de maio de 1988)

    Nascido Chesney Henry Baker Jr. em 23 de dezembro de 1929, em Yale, Oklahoma, Chet Baker era filho de Vera Baker e Chesney Henry Baker.

    Baker nasceu e foi criado em uma família musical. Seu pai, Chesney Baker, Sr., era um guitarrista profissional, e sua mãe, Vera, era uma pianista talentosa que trabalhava em uma fábrica de perfumes. Baker começou sua carreira musical cantando em coro de igreja. Seu pai o apresentou a instrumentos de metal como um trombone, que foi substituído por um trompete quando o trombone revelou-se demasiado grande.

    “Quando eu tinha treze anos, papai chegou em casa com um trombone. Tentei tocá-lo durante umas duas semanas, sem muito sucesso. Eu era pequeno para minha idade e não conseguia alongar até o fim a vara do trombone. Além disso, o bocal era muito grande para os meus lábios. Depois de umas semanas, o trombone acabou desaparecendo, e em seu lugar surgiu um trompete, que era muito mais apropriado para o meu tamanho”.

    Desde o primeiro momento com seu instrumento o talento era visível. Dominou rapidamente o modo de soprar no trompete e desenvolvia sua habilidade mais rápido do que assimilava a teoria musical. Talvez este tenha sido o fator decisivo para que Chet Baker preferisse tocar de ouvido, um hábito que o acompanhou durante toda a sua carreira.

    Baker recebeu alguma educação musical em Glendale Junior High School, mas deixou a escola em 1946, para se juntar ao exército dos Estados Unidos. Ele foi enviado para Berlim, onde se juntou à banda Army 298. É nesse período que ouve jazz pela primeira vez, pela rádio do exército.

    Quando Baker retornou à vida civil começa a estudar teoria musical no El Camino College, na Califórnia. Logo ele estaria conduzindo seu próprio grupo. Ele gravou muito durante a década de 1950 – muitas vezes cantando com uma voz sedutora que complementou sua boa aparência – bem como tocando.

    Sem motivo aparente decide se realistar no exército e  volta a tocar na banda militar. Entediado, deserta e volta para Los Angeles

    Iniciou, com apenas 22 anos,  a sua carreira de sucesso com Charlie Parker quando este estava à procura de um trompetista para acompanhá-lo em sua turnê pelos Estados Unidos e Canadá. Baker tinha grande afeição por Charlie Parker, por sua gentileza, honestidade e pela maneira como protegia os músicos da banda, tentando mantê-los longe da heroína que tanto lhe corroía.

    Em 1952, quando Gerry Mulligan começou a formar seu famoso quarteto sem piano – chamado de pianoless jazz (a importância dessa inovação é grande pelo fato de ser o piano o instrumento que geralmente conduz a harmonia das canções), escolheu Baker, com quem já havia tocado em jam sessions, para dividir a frente do palco. Gerry Mulligan criou o estilo ‘west coast’, um estilo de jazz mais calmo, menos frenético cujas músicas caracterizavam-se por composições mais elaboradas. Sua versão de ‘My Funny Valentine’ com Mulligan é clássica.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Q-0mBZn5yRM%5D

    Amante do jazz, Baker não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do gênero. Rapidamente se tornou uma estrela.

    Quando Mulligan se afastou do conjunto por motivos diversos – seu envolvimento com drogas era o maior deles – Chet Baker tomou pra si a liderança e rearranjou o quarteto adicionando o pianista Russ Freeman, um de seus mais notórios parceiros durante toda a sua carreira.

    Chet conquistou um novo público ao lançar-se como cantor, à frente do próprio quarteto. Viajaram pelos EUA com grande sucesso, e nessa época Chet Baker começou a ganhar prêmios nas revistas especializadas. Após desentendimentos o quarteto se desfez e Baker seguiu para a Europa. Sozinho, permaneceu na Europa tocando com músicos de todos os níveis.

    Em 1950 foi preso pela primeira vez por porte de drogas e quando voltou aos EUA começou a consumir drogas pesadas por volta de 1956. Com isso, se envolveu em diversos problemas tendo sido internado no Hospital de Lexington e preso em Riker’s Island por porte ilegal de drogas. Sem uma autorização para tocar em lugares que servissem bebidas, resolveu voltar para a Europa. Vive e toca na Europa pelos próximos quatro anos, sediado na Itália, onde também é preso por drogas.

    Em 1954 Baker venceu o Downbeat Jazz Poll.

    Por causa de sua beleza, Hollywood se aproximou de Baker e ele fez sua estreia como ator no filme Hell’s Horizon, lançado no outono de 1955.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=V4R8xopeGCM%5D

    Em 1956 ele se casou com Halema, uma bela mulher paquistanesa que aparece em algumas das famosas fotografias de Baker tomadas por William Claxton. Eles tiveram um filho, Chesney Aftab Baker, em 1957 (“Aftab” é mais ou menos equivalente a “júnior” na pátria de Halema). Em 1959, Baker saiu para fazer um show e deixou Halema e Chesney Aftab com o escultor americano Peter Broome em Paris. Broome e Halema começaram um relacionamento e, posteriormente, o escultor adotou a criança.

    Em 1961, Baker conheceu uma atriz Inglesa, Carol, na Itália. Eles se casaram em 1964 e tiveram três filhos: Dean,  Paul e Melissa

    Ele foi um dos músicos mais importantes da sua geração e esteve sempre à frente do seu tempo. Além de tocar seu instrumento como poucos e com absoluta suavidade, Chet Baker também inovou ao colocar sua voz pequena, porém sempre bem colocada e muito afinada, inaugurando um estilo único, que influenciou vários artistas. Ele ajudou a estabelecer o que viria a ser identificado como “cool jazz”: uma música econômica, de poucas notas, mais tranquila e fria, oposta ao bebop incendiário de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bud Powell, cujos temas tinham ritmo veloz e fraseados cheios de notas.

    A vida pessoal de Baker muitas vezes ofuscou a profissional. Ele era extremamente talentoso, mas sua dependência de drogas arruinou sua reputação nos EUA, mas valeu-lhe grande de simpatia entre muitos europeus. Esta simpatia não foi compartilhada, no entanto, por parte das autoridades na Europa, e ele foi banido de vários países durante a década de 1960, só sendo permitido retornar no final de 1970.

    A maior crise, entre tantas, em sua vida foi um agressão física por traficantes no final dos anos 1960 que destruiu seus dentes. Em consequência da agressão sofrida, Chet teve que tirar todos os dentes da arcada superior, fato desastroso para um trompetista, que mudou toda a sonoridade das suas canções e até da sua voz quando cantava. Na fase em que teve mais problemas com drogas, vagou pela Europa e chegou a trabalhar como frentista em um posto de gasolina.

    O músico foi preso várias vezes em função do vício, sua vida, no geral, foi nômade e desorganizada. Sempre precisando de dinheiro, aceitou propostas duvidosas de gravadoras precárias, nas quais não ficava muito tempo. O resultado disso tudo foi uma discografia extensa e de alguns itens descartáveis.

    Existem diferenças de opinião sobre os altos e baixos na qualidade do seu trabalho , mas todos concordam que a década de 1950 – especialmente a parte inicial da década – fosse seu apogeu. A avaliação geral é que pouco do que ele gravou em 1960 foi particularmente bom; No entanto, enquanto alguns pensam que ele nunca se recuperou, muitos aficionados sustentam que ele realmente melhorou durante seus últimos 14 anos de vida, quando ele voltou após a perda de seus dentes.

    Em 13 de maio de 1988, Baker caiu de uma janela de quarto de hotel em Amsterdã. Até os dias de hoje as circunstâncias da sua morte são imprecisas, deixando dúvidas e várias versões foram sugeridas sobre o que realmente aconteceu. Suicídio, acidente, assassinato são algumas das hipóteses possíveis, pois ele despencou estranhamente do 2º andar do hotel, com apenas 58 anos de idade, mas com aparência de mais de 80 anos, principalmente em razão da sua dependência às drogas pesadas.

    A heroína foi encontrada  em sua corrente sanguínea, e tanto a heroína como a cocaína foram encontradas em seu quarto, que estava trancada por dentro. Seu corpo foi enviado de volta para a Califórnia e enterrado ao lado de seu pai. Ele foi socorrido por sua mãe Vera, a esposa Carol e quatro filhos.

    Em Oklahoma, funciona a Chet Baker Foundation, sem fins lucrativos, que preserva sua memória. Seu filho Paul Backer é o diretor executivo e responsável pelo acervo do artista, acompanhado de perto por vários conselheiros, que inclui a atriz Sharon Stone.

    Em 1985, Chet esteve no Brasil em duas apresentações no primeiro Free Jazz. Acompanhado por uma banda liderada pelo pianista Rique Pantoja, com quem já havia gravado dois discos, o show carioca, segundo alguns, foi decepcionante, mas em compensação, o paulista foi um arraso.

    Na sua cola, a organização contratou um médico que ministrava doses de metadona no combate a seu vício em heroína. Porém, Chet driblou a todos, conseguiu drogas e quase morreu de overdose em uma suíte do Hotel Maksoud Plaza.

    Homenagens:

    Ganhou o prêmio New Star para trompete no prestigiado Critics Poll Downbeat, em 1953.

    O filme All The Fine Young Cannibals (1960), é uma produção levemente inspirada na sua vida (o personagem chama-se Chad Bixby)

    Introduzido no Big Band e Jazz Hall of Fame em 1987.

    Em 1991, o cantor / compositor David Wilcox gravou a canção “Unsung Swan Song de Chet Baker” em seu álbum Home Again , especulando sobre o que poderia ter sido os últimos pensamentos de Baker, antes de cair para a morte. A canção foi coberta por kd lang como “My Old Addiction” em seu álbum de 1997.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=kEBncfBVmxQ%5D

    Em 1991, ele foi introduzido no Oklahoma Jazz Hall of Fame .

    Foi homenageado no documentário “Let’s Get Lost”, dirigido pelo fotógrafo americano Bruce Weber, feito com a colaboração do próprio Chet e que estreou alguns meses depois da sua morte, ocorrida no ano de 1988. Todo gravado em preto e branco, apresenta trechos de programas de TV e fotos do início da carreira, onde era comparado ao astro James Dean. A trilha sonora do documentário foi lançada também em CD.

    Em 2013, com o álbum I Thought about you, a pianista e cantora brasileira Eliane Elias presta  tributo  a Chet Baker, interpretando temas do repertório do saudoso trompetista. Vieram ao estúdio Randy Brecker, ao trompete, Oscar Castro Neves e Steve Cárdenas nas guitarras, Marc Johnson ao contrabaixo, Victor Lewis e Rafael Barata se revezando na bateria e mais o percussionista Marivaldo dos Santos.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=vz2c_X18suU%5D

    Fontes:

    Candelabro aceso para Chet Baker (1929 – 1988) 

    Chet Baker na Wikipédia 

    Chet Baker na Wikipédia , em inglês 

    Chet Baker no IMDb

    Chet Baker (1929-1988), por V.A. Bezerra  

    Chet Baker, a atuação que mudou a vida de João Gilberto, por Alfeu 

    Chet Baker: o gênio branco do jazz , por Fernando do Valle

    Chet Baker: o poeta do jazz, por Marcelo Lopes Vieira 

    Conheça as músicas essenciais de Chet Baker 

    O disco que João Donato não gravou com Chet Baker 

    Gigantes do jazz: Chet Baker 

    Livro revela as memórias de Chet Baker

    Sobre Chet Baker: uma divagação apaixonada, por Andreza Spinelli Balln           

    Toda vez que dizemos adeus, por Sergio 

    A tragédia do esfolado vivo, por Antonio Gonçalves Filho Discografia 1

    Discografia 2

    Livros:

    Funny Valentine – The Story Of Chet Baker, por Mathew Ruddick

    Memórias Perdidas

    No fundo de um sonho: a longa noite de Chet Beker, por James Gavin

    No rastro de Chet Baker : um caso de Evan Horne 

    Vídeos:

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=gfPeqWtvEYQ%5D

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  7. QUE JESUS TRAGA ALEGRIA E SAÚDE PARA TODOS

    Funcionários de hospital levam Papai Noel para CTI pediátrico

    A criançada com Noel e funcionários do Alberto TorresA criançada com Noel e funcionários do Alberto Torres Foto: Thiago Freitas / Agência O GloboRicardo RigelTamanho do texto A A A

    Sabe aquela fase do ano em que o acontecimento mais aguardado é receber o presente do Papai Noel? Pois é, Natal feliz costuma sinônimo de criança satisfeita. E foi pensando nisso que há seis anos um grupo de funcionários do Hospital Alberto Torres, no Colubandê, resolveu levar para dentro do CTI pediátrico a magia da festa do Bom Velhinho. O resultado deu tão certo que este ano a celebração vai se espalhar por toda a unidade.

    Morador do Alberto Torres há seis anos, o paciente Cauã Leandro, de 9, foi a principal fonte de inspiração para que a festa natalina se incorporasse ao calendário de comemorações do hospital.

    — Ele é uma criança muito especial, que nasceu com uma distrofia muscular idiopática, uma doença que causa a degeneração das células que envolvem os músculos. E como ele precisa de muitos cuidados, acabou virando o nosso hóspede — explica Charbel Khouri Duarte, diretor do hospital: — O Cauã é nosso filho. Depois que fizemos uma festa de aniversário para ele, seus dias aqui ficaram melhores. E aí começamos a fazer festas de Natal, Páscoa, Dia das Crianças…

     

    O pequeno Cauã, ao lado da coordenadora do CTI Pediátrico, Leila AlvesO pequeno Cauã, ao lado da coordenadora do CTI Pediátrico, Leila Alves Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo

     

    O ambiente humanizado e descontraído da ala infantil do Alberto Torres agrada tanto aos pequenos que, mesmo depois da alta, muitos reclamam de ter que deixar a unidade.

    — Recebemos um paciente que ficou quase um ano e meio internado. Ele chegou aqui com 90% do corpo queimados, sofreu muito. Mas, depois que começou a se recuperar, passou a curtir demais os dias de festa. Ele chorou muito quando teve alta — lembra Charbel: — O mais legal é que enfermeiros, médicos e funcionários do administrativo tratam as crianças como se fossem da família. E acabam sendo mesmo.

     

    Funcionários do Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, promovem festa de Natal para crianças internadasFuncionários do Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, promovem festa de Natal para crianças internadas Foto: Extra / Thiago Freitas

     

    A melhor hora do dia

    Para conservar a magia da festa natalina, a criançada chega a escrever cartinhas fazendo alguns pedidos ao Bom Velhinho. A responsável pela entrega das correspondências ao Papai Noel é a assistente administrativa Grasiella Luciano.

    — É tão gratificante ver o sorriso no rosto desses anjinhos que, quando passo do meu horário, não conto como hora extra e sim como hora útil. Não tem preço fazer o bem — comenta Grasiella.

    Daniele Alves de Macedo Cunha, de 3 anos, espera ansiosa pela visita do Noel. A menina está internada no Alberto Torres há um ano e meio, desde que sofreu um acidente de carro e acabou ficando tetraplégica.

     

    SG - São Gonçalo, RJ, 19/12/2014. Funcionários do Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, promovem festa de Natal para crianças internadas. Na imagem, a pequena Daniele Alves, de 3 anos. Foto: Thiago Freitas / Extra / Agência O Globo.SG – São Gonçalo, RJ, 19/12/2014. Funcionários do Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, promovem festa de Natal para crianças internadas. Na imagem, a pequena Daniele Alves, de 3 anos. Foto: Thiago Freitas / Extra / Agência O Globo. Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo

     

    — A Dani lembra do Papai Noel quase todos os dias. O que fazemos é alimentar essa fantasia — diz Leila Alves, coordenadora do CTI infantil: — Cada um traz um brinquedo e a criançada se diverte. É isso o que importa.

    O diretor do Alberto Torres ressalta que a unidade aceita doações de brinquedos para os pacientes da ala infantil.

    Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/funcionarios-de-hospital-levam-papai-noel-para-cti-pediatrico-14901544.html#ixzz3MkDqSFBK

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