Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lourdes Nassif

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21 Comentários

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  1. Os números dizem muita coisa.
    Os números dizem muita coisa. Demonstro abaixo, matematicamente, como a redução da maioridade penal aumenta a criminalidade.

    1 – A cada mil crimes cometidos no Brasil, 991 são cometidos por maiores de 18 anos, enquanto 9 crimes são cometidos por menores de 18 anos.

    2 – A cada mil brasileiros que entram no sistema de reabilitação prisional, 700 voltam a cometer um crime.

    3 – A cada mil jovens brasileiros que entram no sistema socioeducativo, 200 voltam a cometer um crime.

    4 – Considerando um universo de mil crimes no Brasil, o atual sistema de punição, com maioridade penal de 18 anos, garante que mais 695 crimes serão cometidos no futuro.

    5 – Reduzindo a maioridade penal e considerando o mesmo universo de mil crimes, o sistema de punição garantiria que a quantidade de crimes cometidos aumentaria de 695 para 700.

    Ou seja, a redução da maioridade penal aumenta a criminalidade. Não foi à toa que a maioria dos países que mudaram a lei – reduzindo a maioridade penal – voltaram atrás.

    A omissão do governo em relação à segurança pública nos levou a essa situação preocupante. Temos o Congresso mais conservador desde 1964, liderado pela bancada evangélica e a bancada da bala, que tomou as rédeas e propôs essa lei que representa um retrocesso ao país.

    Tudo indica que esta lei será aprovada e a situação da segurança pública, que já estava ruim, tende a piorar.

    1. Então, baseado na tua lógica

      Então, baseado na tua lógica torta, aumentemos a maioridade penal para 21 anos, daí serão cometidos menos crimes.

       

      1. Falácia feita de má-fé

        Então pela SUA lógica se reduzirmos a maioridade penal para 13 anos (em vez de 16) serão cometidos ainda menos crimes?

        Então pela mesma lógica se reduzirmos a maioridade penal para 10 anos serão cometidos ainda menos crimes?

        Então pela mesma lógica se reduzirmos a maioridade penal para 7 anos serão cometidos ainda menos crimes?

        Então pela mesma lógica se reduzirmos a maioridade penal para 4 anos serão cometidos ainda menos crimes?

        Então pela mesma lógica se reduzirmos a maioridade penal para 1 ano serão cometidos ainda menos crimes?

        Então pela mesma lógica se reduzirmos para o dia do nascimento serão cometidos ainda menos crimes?

        Que falácia ridícula!

        A Constituição estabeleceu o limite de 18 anos com base em estudos sócio-psicológicos e não em falácias grosseiras.

        Quem está querendo mudar a Constuição o faz argumentando que reduziria a criminalidade.

        A argumentação apresentada está solidamente fundamentada em dados concretos indicando que isso não é verdade.

        É uma argumentação contra a redução da maioridade penal e não a favor de sua elevação.

        O uso de má-fé demonstra falta de argumentos válidos.

        Quem quer mudar a Clei é que tem que provar os motivos para que isso seja feito. Mas parece que se trata de pura mistificação, já que fatos concretos e argumentos consistentes não são apresentados.

        1. Caro Ruy Acquaviva. A

          Caro Ruy Acquaviva. A Constituição diz que um casamento é a união entre um homem e uma mulher.

          O senhor também acha isso tão pétreo quanto a maioridade aos 18 anos?

    2. Correto.
      Ademais, há ainda a

      Correto.

      Ademais, há ainda a estigmação (pelo registro criminal) a fechar portas desde cedo aos menores infratores.

  2. Para Brasília, só com passaporte

    De tirar o fôlego, Eliane Brum em artigo que merece muito ser lido do início ao fim.

     

    Para Brasília, só com passaporte

    A proposta inconstitucional da redução da maioridade penal vai mostrar quem é mais corrupto: se o povo ou o Congresso

    http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/30/opinion/1427726614_598600.html  30 MAR 2015 – 12:28 BRT

    No filme Branco Sai, Preto Fica, em cartaz nos cinemas do Brasil, para alcançar Brasília é preciso passaporte. O elemento de ficção aponta a brutal realidade do apartheid entre cidades-satélites como Ceilândia, onde se passa a história, e o centro do poder, onde a vida de todos os outros é decidida. Aponta para um apartheid entre Brasília e o Brasil. Ao pensar no Congresso Nacional, é como a maioria dos brasileiros se sente: apartada. O Congresso mal iniciou o atual mandato e tem hoje uma das piores avaliações desde a redemocratização do Brasil: segundo o Datafolha, só 9% considera sua atuação ótima ou boa, 50% avalia como ruim ou péssima. É como se houvesse uma cisão entre os representantes do povo e o povo que o elegeu. É como se um não tivesse nada a ver com o outro, como se ninguém soubesse de quem foram os votos que colocaram aqueles caras na Câmara e no Senado, fazendo deles deputados e senadores, é como se no dia da eleição tivéssemos sido clonados por alienígenas que elegeram o Congresso que aí está. É como se a alma corrompida do Brasil estivesse toda lá. E, aqui, o que se chama de povo brasileiro não se reconhecesse nem na corrupção nem no oportunismo nem no cinismo.

    Há, porém, uma chance desse sentimento de cisão desaparecer, e o Brasil testemunhar pelo menos um grande momento de comunhão entre o Congresso e o povo. Alma corrompida com alma corrompida. Cinismo com cinismo. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pode decidir, nesta semana, pela admissibilidade da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/93. Ela reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Se isso acontecer, a proposta, que estava engavetada desde o início dos anos 90, terá vencido uma barreira importante e seguirá seu caminho na Câmara e no Senado. Diante do Congresso mais conservador desde a redemocratização, com o crescimento da “bancada da bala”, formada por parlamentares ligados às forças de repressão, há uma possibilidade considerável de que seja aprovada. E então o parlamento e o povo baterão com um só coração. Podre, mas uníssono.

    A redução da maioridade penal como medida para diminuir a impunidade e aumentar a segurança é uma fantasia fabricada para encobrir a verdadeira violência. Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), dos 21 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida. Mas são eles que estão sendo assassinados sistematicamente: o Brasil é o segundo país no mundo em número absoluto de homicídios de adolescentes, atrás apenas da Nigéria. Hoje, os homicídios já representam 36,5% das causas de morte por fatores externos de adolescentes no país, enquanto para a população total corresponde a 4,8%. Mais de 33 mil brasileiros de 12 a 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012. Se as condições atuais prevalecerem, afirma o Unicef, até 2019 outros 42 mil serão assassinados no Brasil.

    Quem está violando quem? Quem não está protegendo quem? Quem deve ser responsabilizado por não garantir o direito de viver à parte das crianças e dos adolescentes?

    Há uma verdade mais dura sobre nós: a da nossa alma corrompida

    Ainda assim, mais de 90% dos brasileiros, segundo pesquisa realizada em 2013 pela Confederação Nacional dos Transportes, aprovam que se coloque adolescentes em prisões que violam as leis e os direitos humanos mais básicos, no quarto sistema carcerário mais populoso do mundo, em flagrante colapso e incompetente na garantia de condições para que uma pessoa construa um outro destino que não o do crime. Se aprovada essa violação da Constituição, a segurança não vai aumentar: o que vai aumentar é a violência. E a capacidade da sociedade brasileira de produzir crime disfarçado de legalidade.

    Parte da sensação de que há um exército de crianças e adolescentes perversos, prontos para atacar “os cidadãos de bem”, costuma ser atribuída à enorme repercussão de crimes macabros com a participação de menores de idade. Aquilo que é exceção, ao ser amplificado como se fosse a regra, regra se torna. As estatísticas desmentem com clareza esse imaginário, mas o sentimento, reforçado por parte da mídia, seria mais forte do que a razão. Viraria então uma crença sobre a realidade, manipulada por todos aqueles que dela se beneficiam para justificar seus lucros, seus empregos e sua própria violência, esta sim amparada em números bem eloquentes.

    Essa é uma parte da verdade, mas não toda. É a parte da verdade benigna para a sociedade brasileira, que só apoiaria a redução da maioridade penal por ser iludida e manipulada pela mídia ou pelos deputados ou pela indústria da segurança. Manipulada por alguém, um outro esperto e diabólico, que a levaria a conclusões erradas para obter benefícios pessoais ou para corporações públicas e privadas. Seria um alento se essa fosse a melhor explicação, porque bastaria o esclarecimento e o tratamento correto dos fatos, para que a sociedade chegasse a uma análise coerente da realidade e à óbvia conclusão de que a redução da maioridade penal só serviria para produzir mais crime contra os mesmos de sempre.

    Os mesmos que clamam pela redução da maioridade penal convivem sem espanto com o genocídio da juventude negra e pobre das periferias

    Há, porém, uma verdade mais dura sobre nós. É a da nossa alma apodrecida por um tipo de corrupção muito mais brutal do que a revelada pela Operação Lava Jato, com consequências mais terríveis do que aquela apontada com tanta veemência nas ruas. A cada ano, uma parte da juventude brasileira, menor e maior de idade, é massacrada. E a mesma maioria que brada pela redução da maioridade penal não se indigna. Sequer se importa. No Brasil, sete jovens de 15 a 29 anos são mortos a cada duas horas, 82 por dia, 30 mil por ano. Esses mortos têm cor: 77% são negros. Enquanto o assassinato de jovens brancos diminui, o dos jovens negros aumenta, como mostra o Mapa da Violência de 2014.

    Há uma parcela crescente da juventude negra, pobre e moradora das periferias que morre antes de chegar à vida adulta. Num país em que a expectativa de vida alcançou os 74,9 anos, essa parcela morre com idade semelhante à de um escravo no século 19. E isso não causa espanto. Ninguém vai para as ruas denunciar esse genocídio, clamar para que ele acabe. São poucos os que se indignam e menos ainda os que tentam impedir esse massacre cotidiano.

    Como é que vivemos enquanto eles morrem? Como é que dormimos com os gritos de suas mães? Possivelmente porque naturalizamos a sua morte, o que significa compreender o incompreensível, que dentro de nós acreditamos que o assassinato anual de milhares de jovens negros e pobres é normal. E, se essa é a realidade, a de que somos ainda piores do que os senhores de escravos, o que essa verdade faz de nós?

    Acontece a cada dia. E a maioria das mortes nem merece uma menção na imprensa. Quando eu era repórter de polícia e ligava para as delegacias perguntando o que tinha acontecido nas madrugadas, sempre tinha acontecido, mas era visto como um desacontecido. “Não aconteceu nada”, era a invariável resposta dos policiais de plantão. Tinham morrido vários, mas eram da cota (sim, as cotas sempre existiram) dos que podem morrer. Estas seriam as mortes não investigadas, as mortes que não seriam notícia. Crime que merecia investigação e cobertura, já era bem entendido, era de branco e, de preferência, rico, ou pelo menos classe média. Dizia-se, no passado, que a melhor escola do jornalismo era a editoria de polícia. Era, de fato, a melhor escola para compreender em profundidade as engrenagens que movem a sociedade brasileira, porque já na primeira aula se aprendia que a morte de uns é notícia, a de outros é estatística.

    Assim como os senhores de escravos internalizaram que os negros eram coisas, ou, conforme o momento histórico, uma categoria inferior na hierarquia das gentes, mais de um século depois da abolição oficial da escravatura, a sociedade brasileira naturalizou que existe uma parte da juventude negra que pode ser morta ao redor dos 20 anos sem que ninguém se espante. Se de fato fôssemos pessoas decentes, não era isso o que deveríamos estar gritando em desespero nas ruas? Mas nos corrompemos, ou nunca conseguimos deixar a condição de corruptos de alma.

    Em vez disso, clama-se pela redução da maioridade penal, para colocar aqueles que a sociedade não protege cada vez mais cedo em prisões onde todos sabem o quanto é corriqueira a rotina de torturas e estupros, sem contar a superlotação que faz com que em muitas celas seja preciso alternar os que dormem com os que ficam acordados, porque não há espaço para todos ficarem deitados. Como se já não soubéssemos que as unidades que internam adolescentes infratores, contrariando a lei, são na prática prisões, infernos em miniatura, com todo o tipo de violações dos direitos mais básicos. Alguém, nos dias de hoje, pode alegar desconhecer que é assim? E então, como é possível conviver com isso?

    O debate na Comissão de Constituição e Justiça desceu a níveis de cloaca

    Em 24 de março, no debate sobre a redução da maioridade penal na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado “delegado” Éder Mauro (PSD-PA) afirmou, conforme cobertura do portal jurídico Jota no Twitter: “Não podemos aceitar que, assim como o Estado Islâmico, que mata sob a proteção da religião, os menores infratores, bandidos infratores, menores desse país, matam sob a proteção do ECA”. Como uma asneira desse porte não vira escândalo? Comparar a lei que ampara as crianças e os adolescentes com as (des)razões alegada pelo Estado Islâmico para decapitar e queimar pessoas é uma afronta à inteligência, mas a discussão na Câmara sobre um tema tão crucial desce a esse nível de cloaca. A sessão foi encerrada depois de um bate-boca em que foi preciso separar outros dois deputados. E, assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente, uma das leis mais admiradas e copiadas no mundo inteiro, mas que infelizmente até hoje não foi totalmente implementada, é colocada na mesma frase que o Estado Islâmico. Colegas me sugeriram que não deveria dar espaço a uma declaração e a um deputado desse calibre, mas ele está lá, eleito, bem pago e vociferando bobagens perigosas no parlamento do país. É preciso levar muito a sério a estupidez com poder, uma lição que já deveríamos ter aprendido.

    Os manifestantes de 15 de março, que protestaram contra a corrupção, tiraram selfies com uma das polícias que mais mata no mundo

    É verdade que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. É o que descobriu Alan de Souza Lima, de 15 anos, em fevereiro, na favela de Palmeirinha, em Honório Gurgel, subúrbio do Rio. Morreu com o celular na mão, e só por isso deixou de ser apenas estatística para virar narrativa, com nome e sobrenome e uma história nos jornais. Alan estava conversando com mais dois amigos e gravava um vídeo no celular. Acabou documentando a sua agonia, depois de ser baleado pela polícia. Como de hábito, a corporação alegou o famoso “confronto com a polícia”, o argumento padrão com que a PM costuma justificar sua assombrosa letalidade, uma das campeãs do mundo. E de imediato acusaram os três de estarem armados e de resistirem à prisão. Mas Alan morria e gravava. A gravação, que foi para a internet, mostrava que não resistiram. Chauan Jambre Cezário, de 19 anos, foi baleado no peito. Ele vende chá mate na praia e sobreviveu para dizer que nunca usou uma arma. A culpa dos garotos era a de viver numa favela, lugar onde a lei não escrita, mas vigente, autoriza a PM a matar. No vídeo há uma frase que deveria estar ecoando sem parar na nossa cabeça. Quando um dos policiais pergunta aos garotos por que estavam correndo, um deles responde:

    – A gente tava brincando, senhor.

    A frase deveria ficar ecoando na nossa cabeça até que tivéssemos o respeito próprio de nos levantarmos contra o genocídio cotidiano de parte da juventude do Brasil.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

    A gente tava brincando, senhor.

     A gente tava brincando, senhor. E então o senhor atirou. Feriu. Matou.

    Aqueles que foram para as ruas bradar contra a corrupção tiraram selfies com uma das polícias que mais mata no mundo. Só a Polícia Militar do Estado de São Paulo, governado há mais de 20 anos pelo PSDB, matou, em 2014, uma pessoa a cada dez horas. Se os manifestantes que tiraram selfies com a PM no protesto de 15 de março na Avenida Paulista admiram a corporação pela eficiência, precisamos compreender o que esses brasileiros entendem por corrupção, no sentido mais profundo do conceito.

    Numa pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), intitulada “Desigualdade Racial e Segurança Pública em São Paulo”, as pesquisadores Jacqueline Sinhoretto, Giane Silvestre e Maria Carolina Schlittler chegaram a conclusões estarrecedoras. Pelo menos 61% das vítimas mortas por policiais são negras. E mais da metade tem menos de 24 anos. Já 79% dos policiais que mataram são brancos. O fator racial é determinante: as ações policiais vitimam três vezes mais negros do que brancos. As mortes são naturalizadas: apenas 1,6% dos autores foram indiciados como responsáveis pelos crimes. É a Polícia Militar a responsável por 95% da letalidade policial no estado de São Paulo.

    Em fevereiro, a PM de Salvador executou 12 jovens no bairro de Cabula. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. Onze. Doze.

    O que o governador da Bahia disse, depois dos corpos tombados no chão pela polícia que comanda? A comparação jamais deve ser esquecida. Depois de parabenizar a PM, Rui Costa (PT-BA) comparou a posição do policial diante de suspeitos a de “um artilheiro em frente ao gol, que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol”. Rui Costa foi aplaudidíssimo.

    O futebol continua dizendo muito sobre o Brasil: botar uma bala no corpo de um negro é o mesmo que fazer gol, diz o governador baiano

    É isso. Enfiar uma bala no corpo de jovens negros e pobres das periferias é fazer como a Alemanha no icônico 7X1 contra o Brasil: “botar a bola dentro do gol”. E isso dito não nos tempos de Antônio Carlos Magalhães, o poderoso coronel da Bahia, mas pelo governador do Partido dos Trabalhadores, supostamente de esquerda. O futebol continua dizendo muito sobre o Brasil.

    É por isso que, no filme Branco Sai, Preto Fica, quem é negro e pobre precisa de passaporte para entrar em Brasília. O título do filme é a frase berrada pela polícia ao invadir um baile no “Quarentão”, na Ceilândia, na noite de 5 de março de 1986, onde jovens dançavam, depois de passar a semana ensaiando os passos. A PM entrou gritando: “Puta de um lado, Veado do outro. Branco sai, Preto fica”. Quase três décadas depois, Marquim do Tropa e Shockito são atores interpretando em grande parte o seu próprio papel. Marquim para sempre numa cadeira de rodas pelo tiro que levou, Shockito com uma perna mecânica depois de ter perdido a sua pisoteada por um cavalo da polícia. Resultado do Branco Sai, Preto Fica daquela noite. Sem passaporte para fora do massacre porque, na condição de pretos, eles ficaram.

    Branco Sai, Preto Fica tem sido descrito como uma mistura especialmente brilhante entre documentário e ficção científica, com nuances de humor. Ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Brasília de 2014 e chegou há pouco aos cinemas do país. Para mim, o filme de Adirley Queirós se iguala, na potência do que diz sobre o Brasil e na forma criativa como diz, às dimensões do já mítico Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues. São filmes que falam de Brasis diferentes, em momentos históricos diferentes, e, também por isso, falam do mesmo Brasil.

    É do futuro, do ano de 2073, que vem outro personagem, Dimas Cravalanças, cuja máquina do tempo é um contêiner. A Ceilândia do presente lembra, sem necessidade de nenhum esforço de produção, um cenário pós-apocalíptico. Cravalanças tem a missão de encontrar provas para uma ação contra o Estado pelo assassinato da população negra e pobre das periferias. A voz que o orienta do futuro alerta: “Sem provas, não há passado”.

    A Comissão da Verdade da Democracia vai investigar os crimes cometidos pelo Estado

    Só na ficção para responsabilizar o Estado pelo genocídio cotidiano da juventude pobre e negra? Quase sempre, sim. Mas algo se move na realidade, com pouco apoio da maioria da sociedade e escassa atenção da mídia. No fim de fevereiro, foi instalada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a Comissão da Verdade da Democracia “Mães de Maio”. Sua criação é uma enormidade na história do Brasil, um marco. Depois de apurar os crimes da ditadura, uma comissão para investigar os crimes praticados pelo Estado na democracia. Em busca de provas no passado recente para que tenhamos um futuro.

    “Mães de Maio”, que empresta o nome à comissão, é um grupo de mulheres que perderam seus filhos entre 12 e 20 de maio de 2006, quando uma onda de violência tomou São Paulo a partir de confrontos da polícia com o crime organizado. Foram 493 mortes neste período, pelo menos 291 delas ligadas ao que se convencionou chamar de “crimes de maio”. Pelo menos quatro pessoas continuam desaparecidas. Edson Rogério, 29 anos, filho de Debora Maria da Silva, líder do “Mães de Maio”, foi executado com cinco tiros. A suspeita é de que os autores do assassinato sejam policiais. Segundo Debora, seu filho gritava antes de ser morto: “Sou trabalhador!”. Seu assassinato segue impune. Edson morreu na mesma rua que, como gari, havia varrido pela manhã.

    Nem as centenas de assassinatos de maio de 2006, nem as mortes aqui relatadas ocorridas há pouco, exemplos do genocídio cotidiano, moveram sequer um milésimo da revolta provocada por crimes com a participação de menores em que foram assassinados brancos de classe média ou alta. Seria demais esperar que um assassinato fosse um assassinato, independentemente da cor e da classe social? Menos que isso é aceitar que a vida de uns vale mais do que a de outros, e que essa hierarquia é dada pela cor da pele e pela classe social. Se é assim que você compreende o valor de uma pessoa, diga o que você é diante do espelho. Não para o mundo inteiro, para você mesmo já basta.

    Sim, esse Congresso comandado por dois políticos investigados por corrupção é, ressalvando as exceções, que também existem, uma vergonha. Mas minha esperança é que, no que se refere à proposta inconstitucional da redução da maioridade penal, o Congresso seja melhor do que o povo brasileiro. Tenha grandeza histórica pelo menos uma vez e diga não a nossas almas tão corrompidas.

    Enquanto isso se desenrola em Brasília, vá ver Branco Sai, Preto Fica. Ao sair do cinema, você saberá que um jovem, quase certamente negro, morreu assassinado no Brasil enquanto você estava lá.

    Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Site: descontecimentos.com Email: [email protected] Twitter: @brumelianebrum

     

  3. Lava Jato ameaça paralisar

    Lava Jato ameaça paralisar 144 empreendimentos. Especialistas em São Paulo temem congestionamento nas Vara de recuperação judicial. Aumenta o desemprego no país. O mais respeitado professor de Direito Administrativo do país, Prof. Antônio Celso Bandeira de Mello, já advertia que os governos de Lula e Dilma deram pouca atenção a “aspectos jurídicos ao governar”.

    Efeito “dominô” já se faz sentir.

    E o que faz o Ministro da Justiça??? Nada. 

    Ao que parece, fica sentado em seu gabinete sem imaginar e pôr em ação qualquer plano emergencial de urgência (há alguns meses atrás já advertia esse aspecto).

    O Brasil não pode parar e as empresas envolvidas também não podem parar. Em nehnum outro pais do mundo haveria uma situação como a que vivenciamos agora no Brasil (vide os socorros aos bancos fraudadores nos EUA e Europa). Os fatos (malfeitos) estão consumados, não são de agora, e devem ser esclarecidos para correções mas não levar à política de “terra arrasada”. 

    Os interesses nacionais devem sobrepôr a outros interesses. A estabilidade econômica e social, mais o desenvolvimento, emprego e segurança do país impõem-se.

    Formaram-se comissões de estudos da crise jurídica???  É possível uma legislação emergencial??? Como agir legalmente??? Encampam-se as empresas??? anistia-se??? prorroga-se??? compõem-se??? os empregados devem ser protegios???… nada é imaginado pelo sr.ministro da justiça (em letras minúsculas).

    Quousque tandem abuter DILMA patientia nostra? – até quando abusarás Dilma de nossa paciência?

    Sem um Ministro de Justiça forte não há governo que se ordene, se complete e se sustente…

  4. A rádio CBN está de vento em

    A rádio CBN está de vento em poupa reproduzindo as últimas delações de Youseff contra Vaccari. O cara diz que ele mesmo entregou quatrocentos mil a uma cunhada do petista, e que outra pessoa entregou mais quatrocentos ao próprio Vaccari.

    A rádio reproduz as vozes de quem pergunta e de Youssef em suas respostas. Não ouvimos, no entanto, o desdobramento da dennúncia. Por exemplo: após responder que ele entregou tal quantia a uma pessoa, e mais outra a Vaccari, seria de esperar que outra pergunta fosse feita, como quais provas existem sobre esses repasses?

    Quero ver como agirão PGR e ministros do STF sobre essas delações, que na maioria dos casos não se sutentam.

  5. LIXO DAS 9

     

    Aguinaldo Silva explica queda de Babilônia e culpa personagens gays

    Por Lucas Medeiros | TVFoco

    A novela “Babilônia” de Gilberto Braga vem enfrentando a pior audiência da história de uma novela das nove.

    Aguinaldo comentou a atual novela das 9 (Foto: Reprodução)

    Aguinaldo comentou a atual novela das 9 (Foto: Reprodução)

    Autor da última novela das nove, “Império”, Aguinaldo Silva comentou sobre a queda brusca que a faixa nobre da Globo sofreu com a estreia de “Babilônia”, de Gilberto Braga, seu substituto. Ao programa “Diálogos”, na GloboNews, o autor explicou o motivo de ser contra o beijo gay nas suas novelas.

    “Eu assisto a novela com o aparelho que mede a audiência em tempo real. Sei que esse é um assunto que vai causar mal-estar, uma certa polêmica”, disse ele, que mostrou o romance entre os personagens de Zé Mayer e Klebber Toledo. Segundo o autor, a audiência chegava a desabar por causa deles.

    “Eu percebia que nos momentos em que esse assunto era tratado de modo mais sério a audiência caia. Ou seja, a maioria não quer ver isso”, conta Aguinaldo, que afirma ter bastante cuidado quando se refere a esse tipo de tema em suas produções, já que parte do público não tem interesse em acompanhar.

    "Império" exibiu beijo gay (Foto: Reprodução)

    “Império” exibiu beijo gay (Foto: Reprodução)

    “Não é na literatura, não é no teatro, não é nada disso. É na telenovela que está o Brasil. Esse Brasil que as pessoas desdenham, o Brasil das novelas, é o Brasil que as pessoas vão ver no futuro”, concluiu o novelista.

    “O que a novela almeja? É a audiência. É assim que ela se vende. Então, você tem que ter muito cuidado com os temas sobre os quais fala na novela”, afirmou ele, que revelou ter a ambição de ser “o Balzac das novelas”, numa referência ao escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850).

    O beijo em "Babilônia" foi criticado (Foto: Divulgação/Gshow)

    O beijo em “Babilônia” foi criticado (Foto: Divulgação/Gshow)

    “Gosto de escrever novela, quero fazer isso da melhor maneira possível e quero ser o Balzac das novelas”. Ele ainda contou que as novelas têm um papel muito importante para o país. “Quando as pessoas quiserem saber como era o Brasil desses últimos 50 anos, elas vão ver as telenovelas”, diz.

    * * *

    Líder evangélico, Silas Malafaia ordena que deputados parem de atacar a novela “Babilônia” da Globo

    Por Aaron Racanicchi | 01 ABR 2015

    http://otvfoco.com.br/audiencia/aguinaldo-silva-explica-queda-de-babilonia-culpa-personagens-gays/

    http://otvfoco.com.br/audiencia/lider-evangelico-silas-malafaia-ordena-que-deputados-parem-de-atacar-a-novela-babilonia-da-globo/

  6. CCJ aprova tramitação de PEC

    CCJ aprova tramitação de PEC que reduz a maioridade penal

    Foram 42 votos a favor e 17 contra a admissibilidade da PEC, ou seja, sua constitucionalidade, legalidade e técnica legislativa  PEC 171/93,

    PT, Psol, PPS, PSB e PCdoB votaram contra a proposta. Os partidos favoráveis à aprovação da admissibilidade foram PSDB, PSD, PR, DEM, PRB, PTC, PV, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB. Já os que liberaram suas bancadas porque havia deputados contra e a favor foram os seguintes: PMDB, PP, PTB, PSC, SD, Pros, PHS, PDT, e PEN.

    Fonte:Conselho Federal de Psicologia

  7. É até chato, mas hoje está ocorrendo com os

    Aposentados no POSTALIS pagando a conta:

    Esclarecimento sobre matéria do jornal O Estado de S. Paulo pelo POSTALIS

    A respeito de matéria publicada nesta segunda-feira (23), pelo jornal O Estado de S. Paulo, os Correios esclarecem que não procede a informação de que cada servidor dos Correios pagará 25,9% do salário para cobrir déficit do fundo de pensão. Tal índice não se aplica sobre o salário de todos os servidores da empresa, conforme diz equivocadamente o jornal, e sim sobre o valor dos benefícios dos participantes ativos do plano BD Saldado.

    Esclarecemos que o Postalis têm dois planos (BD Saldado e PostalPrev). A contribuição extraordinária é apenas para empregados do plano BD Saldado. Os empregados admitidos após 2005 estão no plano PostalPrev, atualmente equilibrado, com cerca de 115 mil participantes ativos, que não têm qualquer alteração em suas contribuições.

    Para a maior parte dos participantes do plano BD Saldado do Postalis o impacto será menor do que 6% do salário (86,94% dos empregados ativos, ou seja, 61.864 pessoas). O impacto médio para os 71.154 empregados ativos no plano será de 3,88%. Apenas três participantes terão impacto de 24,28% do salário.

    Pela lei de previdência complementar, os fundos de pensão são obrigados a promover essa medida. Os Correios, como patrocinadores do plano, contribuirão de forma paritária, conforme previsto na legislação.

    O déficit do plano BD saldado decorre de investimentos realizados até 2011. Parte desses investimentos foi realizada à revelia do Postalis, por administradores contratados, e o instituto tem ações em curso na Justiça visando à recuperação de todos os ativos que deram prejuízo — entre elas, contra a gestora Atlântica e o banco BNY Mellon —, com decisões favoráveis até o momento.

    Em 2013, os Correios indicaram um novo diretor para a área de investimentos do fundo e a diretoria da estatal tem realizado reuniões periódicas com a direção do Postalis, para acompanhar o plano de ação de solução de déficit.

    Segue quadro que mostra o percentual de desconto nos salários dos participantes do plano BD Saldado e as quantidades de empregados: 

    ———————————————————————————————————————————————————–

    Só que o POSTALIS não quantificou a quantidade dos aposentados e pensionistas que serão quem na realidade pagará a conta pois TODOS serão descontados pelo máximo, isto é:

    Déficit = R$ 5.597.717.974,28

     

    Mensalmente será descontado em seu contracheque do benefício o percentual de 25,98% sobre o valor de sua aposentadoria para fins de equacionamento do déficit. 

     

    ·                                                   Essa contribuição não guarda relação com a contribuição previdenciária (9%) que continuará a ocorrer normalmente.

    ·                                                   A nova contribuição extingue o desconto anterior de 3,94% sobre o BPS que vinha sendo cobrado.

    ·                                                   A patrocinadora contribuirá com o mesmo percentual (25,98%).

    ATÉ QUANDO SERÃO COBRADAS ESSAS CONTRIBUIÇÕES?

    Esse plano de equacionamento deve ser aplicado pelo prazo máximo de 15,5 anos (186 meses), até junho de 2030*. Esse tempo equivale à duration do passivo do plano, ou seja, ao prazo médio de obrigações do PBD. 

    *Nova redação do item 10 do Anexo da Resolução CGPC 18/2006, dada pela CNPC 15/2014.

     

    Penso não ter perspectiva de vida até 2030, se chegar ao 2020 já é lucro.

     

     

     

  8. http://g1.globo.com/economia/

    http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/04/producao-industrial-recua-09-em-fevereiro-diz-ibge.html

    “Na comparação com fevereiro do ano passado, a indústria caiu 9,1%, a 12ª baixa negativa seguida e a mais forte desde julho de 2009 (-10%). A retração foi influenciada pela queda de cerca de 30% na produção de veículos.

    “A questão do efeito-calendário é importante para entender, não a queda, mas a magnitude e o espalhamento desse resultado [queda de 9,1% na comparação anual] até porque a gente tem dois dias uteis a menos em 2015, quando comparado com o ano anterior. Isso acontece por causa do carnaval, que nesse ano ocorreu no mês de fevereiro, e no de 2014, em março”, explicou o gerente.

    No ano, a indústria acumula queda de 7,1% – a mais intensa desde fevereiro de 2009 – e, em 12 meses, de 4,5%.

    De janeiro para fevereiro, recuaram as produções de veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), produtos do fumo (-24%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,2%).

    Também registraram recuo os produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,4%), de metalurgia (-0,9%), de bebidas (-1,2%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-2,4%) e de produtos de minerais não-metálicos (-1,1%).

    Entre os setores que aumentaram sua produção estão perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (2,0%), indústrias extrativas (0,9%), produtos de metal (2,9%) e produtos têxteis (4,6%).”

     

     

  9. Bolsa Família e Preconceito

    Olá Nassif e leitores,

    Talves seja interessante a leitura postada no BR29 pela repórter da Agência Brasil Paula Laboissière.

    Segue o link e a reportagem:

    http://br29.com.br/ibge-derruba-a-tese-preconceituosa-de-que-pobres-fazem-filhos-para-conseguir-bolsa-familia/

    GFibge

    A tese defendida pelos eleitores conservadores de que o programa Bolsa Família estimularia o nascimento de filhos entre os mais pobres, em busca de recursos do governo, acaba de cair por terra. Levantamento realizado pelo IBGE revela que foi exatamente junto aos 20% mais pobres do país que se registrou a maior redução no número médio de nascimentos. Veja os números.

    Nos últimos dez anos, o número de filhos por família no Brasil caiu 10,7%. Entre os 20% mais pobres, a queda registrada no mesmo período foi 15,7%. A maior redução foi identificada entre os 20% mais pobres que vivem na Região Nordeste: 26,4%.

    Os números foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e têm como base as edições de 2003 a 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O levantamento mostra que, em 2003, a média de filhos por família no Brasil era 1,78. Em 2013, o número passou para 1,59. Entre os 20% mais pobres, as médias registradas foram 2,55 e 2,15, respectivamente. Entre os 20% mais pobres do Nordeste, os números passaram de 2,73 para 2,01.

    Para a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, os dados derrubam a tese de que a política proposta pelo Programa Bolsa Família estimula as famílias mais pobres do país a aumentar o número de filhos para receber mais benefícios.

    “Mesmo a redução no número de filhos por família sendo um fenômeno bastante consolidado no Brasil, as pessoas continuam falando que o número de filhos dos pobres é muito grande. De onde vem essa informação? Não vem de lugar nenhum porque não é informação, é puro preconceito”, disse.

    Entre as teses utilizadas pela pasta para explicar a queda estão os pré-requisitos do programa. “O Bolsa Família tem garantido que essas mulheres frequentem as unidades básicas de Saúde. Elas têm que ir ao médico fazer o pré-natal e as crianças têm que ir ao médico até os 6 anos pelo menos uma vez por semestre. A frequência de atendimento leva à melhoria do acesso à informação sobre controle de natalidade e métodos contraceptivos”.

    A demógrafa da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE Suzana Cavenaghi acredita que o melhor indicador para se trabalhar a questão da fecundidade no país deve ser o número de filhos por mulher e não por família, já que, nesse último caso, são identificados apenas os filhos que ainda vivem no mesmo domicílio que os pais e não os que já saíram de casa ou os que vivem em outros lares.

    Segundo ela, estudos com base no Censo de 2000 a 2010 e que levam em consideração o número de filhos por mulher confirmam o cenário de queda entre a população mais pobre. A hipótese mais provável, segundo ela, é que o acesso a métodos contraceptivos tenha aumentado nos últimos anos, além da alta do salário mínimo e das melhorias nas condições de vida.

     

    “Sabemos de casos de mulheres que, com o dinheiro que recebem do Bolsa Família, compram o anticoncepcional na farmácia, porque no posto elas só recebem uma única cartela”, disse. “É importante que esse tema seja estudado porque, apesar de a fecundidade ter diminuído entre os mais pobres, há o problema de acesso e distribuição de métodos contraceptivos nos municípios. É um problema de política pública que ainda precisa ser resolvido no Brasil”, concluiu.

  10. Hoje, 1º de abril, dia da

    Hoje, 1º de abril, dia da mentira e aniversário do golpe, ás 20 horas, no Canal CURTA – 56 na Net – será exibido o curta-metragem de 1978 “O Gato SEM ASAS”. Dez minutinhos que que tentam aflorar algumas de nossas verdades nacionais.

    “O tenso relacionamento entre um patrão e sua empregada doméstica. Sobrou para o gato!”.

    Flávio São Thiago, Maria Alves, Biza, Antônio Luiz Mendes, Miguel Rio Branco, Arthur Omar, Sérgio Rezende, Sandra Werneck,  Pedro dos Anjos e o gato Ceao.

    Tambem pode ser visto em:

    http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_gato_sem_asas

     

  11. Sugiro:10 historias de corrupção da ditadura militar:

    (link no portal do UOL – não consigo copiar e colar nem sequer o link ). Acesso livre.

  12. PROJETO: POUPA EDUCAÇÃO
    Rio de Janeiro, 1 de abril de 2015 PROJETO: O POUPA EDUCAÇÃO  Caros amigos (as) o governo fala que tem que corta 30% concordo, mas vou dar uma sugestão de um projeto: O POUPA EDUCAÇÃO, um fundo onde os funcionários seriam convidados, para entrar numa campanha, para economizar luz, água, telefone, viagens, material de escritório, etc. e o dinheiro seria investido nesse Fundo para a Educação, para as nossas crianças e jovens, que tanto precisam de uma boa educação. Esse seria um bom exemplo, para uma Pátria Educadora.  Atenciosamente:Cláudio José, um amigo do povo e da paz. 

  13. Homicídios, Promessas de Vingança, Medo e o Recorde da Violência

    http://www.vice.com/pt_br/read/homicidios-promessas-de-vinganca-medo-e-o-recorde-da-violncia-policial-em-sp-pos-whatsapp?utm_source=vicefbbr

    Homicídios, Promessas de Vingança, Medo e o Recorde da Violência Policial Em SP Pós Whatsapp

    abril 1, 2015

    Por Bruno Paes Manso

     

    São 22h05 de quinta-feira quando começam a chegar informes assustadores no WhatsApp de policiais militares de São Paulo:

    – “Mike (policial) baleado, sendo socorrido no HGIS (Hospital Geral Itapecerica da Serra)”.

    – “Mike do 25m (25º Batalhão Metropolitano) baleado na cabeça”.

    São as redes sociais dos PMs em funcionamento, que são formadas por steves (policiais homens) e foxes (policiais femininas) de baixas e altas patentes. O instrumento não é oficial, mas se tornou “oficioso”. É tolerado pelo comando, compartilhando até informações reservadas – as quais, antigamente, costumavam ficar restritas ao serviço de inteligência.

    Nessas redes, as mensagens também lamentam a morte dos colegas de farda e celebram quando quem tomba são os que eles chamam de “malas”, corruptela de “malaco”, gíria usada entre os policiais para se referir a criminosos. São publicadas fotos de suspeitos, mesmo sem indícios de culpa. Depois, não é incomum seus corpos aparecerem baleados no WhatsApp.

    A VICE recebeu por um período as mensagens do WhatsApp dos policiais. Policiamento é o assunto sobre o qual menos se fala. A conversa que interessa é a guerra travada em São Paulo a partir de uma visão equivocada, que divide o mundo entre mocinhos e bandidos. Essa guerra vem corroendo a credibilidade da PM e provocando mais violência em vez de combatê-la.

    Duas horas antes das primeiras trocas de mensagens pelo aplicativo, perto das 20 horas de quinta, o policial Anderson Silva Duarte, de 32 anos, estava curtindo a folga em um bar em Itapecerica da Serra quando quatro homens chegaram para assaltar o local.

    Anderson correu para o banheiro e saiu disparando, como se fosse um super-herói de filme americano. Baleou um dos assaltantes, mas acabou levando um tiro na cabeça de um dos comparsas da quadrilha e faleceu. O WhatsApp da polícia narrava as sequências praticamente em tempo real, conforme as viaturas locais chegavam à cena do crime e descreviam o ocorrido e o resultado da ocorrência.

    – Baleou “os malas”, mas eles se evadiram.

    – “O mala acabou de ser dispensado no PS Serra Maior por uma Space Fox prata. Área do 16”.

    Depois do assalto e dos tiros, a quadrilha conseguiu roubar um Space Fox e fugir. Eles deixaram o ladrão baleado no estacionamento do Pronto-Socorro para receber atendimento. Essa foi a informação passada na rede. A última foto já é do corpo do ladrão morto, cujo foco está na área do tiro na barriga.

    – O mala do QRU (mensagem) do Mike.

    – Mala bom é assim. Mala morto.

    A mensagem é seguida por três sinais de curtir.
     

    Foto distribuída pelo whatsapp da PM do suposto atirador do soldado Duarte. Redes informaram que ele havia sido deixado no PS. Instantes depois, aparecem fotos do corpo.

    A crença de que existe uma guerra em pleno andamento na realidade obscura de São Paulo fica cada vez mais clara nas redes sociais dos policiais. A única maneira de sair vitorioso em uma guerra é exterminando os inimigos. Seguindo essa lógica, criminosos cometem mais atentados contra policiais e policiais voltam a bater recordes de homicídios no Estado, alcançando números que não eram vistos desde os piores anos do Massacre do Carandiru.

    No ano passado, 926 pessoas foram mortas pela PM. No mesmo período, foram mortos 75 policiais. O total do ano passado fica bem acima do verificado nos dois anos em que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) atacaram policiais, como em 2006 (608 mortos) e em 2012 (715 mortes).

    Foto do WhatsApp da PM – Esse é o criminoso que atirou no sd Duarte segundo o dono do estabelecimento onde o policial foi morto, o bandido reside na Rua Safra da 3ª Cia do 37º.

    Em 2006 e 2012, depois dos ataques aos policiais, o que se viu foi o começo de uma caçada em bairros pobres de São Paulo. Entre 12 e 20 de maio de 2006, depois dos atentados contra os agentes da lei, 493 morreram no Estado nos chamados Crimes de Maio. A autoria não foi comprovada na quase totalidade dos casos por causa da péssima investigação e do corporativismo. Em 2012, as respostas aos ataques isolados a policiais foram execuções de grupos de jovens praticadas por atiradores de toucas ninjas, que os vizinhos acusavam se tratar de policiais. Mais uma vez, a população local acusava policiais de uniformes e à paisana, mas as investigações pouco caminharam.

    O recorde de 2014 mostra que a guerra segue em plena vigência. “Nos ataques de 2006 e 2012, a PM tinha a informação, mas não divulgava, e os policiais acabavam sendo mortos. Agora, com a divulgação, os PMs, que sabem que o Estado não faz nada… os policiais fazem o caixa dois (gíria policial para assassinato descaracterizado, fora de serviço)”, disse à VICE um dos policiais que participa do WhatsApp, cuja fala foi sob a condição de anonimato.

    Ainda é quinta-feira, e nova mensagem chega pelo aplicativo de celular:

    “Cezinha, mala de Poá, está agora no semiaberto. E já informou que vai matar dois Charlies (policiais civis)”. Em seguida, em novo texto, aparece a ficha completa com nome, endereço e fotos dos supostos predadores, dados obtidos no Fotocrim, software das polícias para ajudar na busca de suspeitos.

    Se o WhatsApp ajuda na prevenção, cria também problema ao alimentar o medo cotidiano dos policiais. Faz o policial se sentir mais vulnerável e desprotegido. No sábado, chegam as mensagens para jogar gasolina na fogueira. Nenhum dos alertas se confirmou.

    Cesinha, Mala de Poá, está agora no semiaberto. Ele iria matar dos policiais. A imagem é reservada do Fotocrim (software da PM) e são passados o endereço dele.

    – Pessoal, joguem em seus grupos de pelotão. Não é bizu. O sargento Soares acabou de pedir. Possível ataque a PMs da região da 1ª Companhia.

    – Amanhã tem visita no CDP de Pinheiros, porém não tem parente de presos do lado de fora. Geralmente lota. QRU (mensagem) de possível ataque. Vamos ficar ligeiros. Fonte quente.

    Casos e ocorrências bizarras passaram a ser toleradas na rede. As fotos dos corpos de um suspeito de ter matado o cadete Rafael Camilos Passos circularam pelo WhatsApp e foram divulgadas em um blog de admiradores das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. A perseguição por parte dos PMs da Rota contra os suspeitos começou no dia seguinte ao homicídio do jovem policial morto ao tentar reagir a um assalto. Doze horas depois, um dos suspeitos estava morto, junto com outros dois jovens da Favela Funerária, na Zona Norte.

    Imagens divulgadas na rede e em blogs de moradores da Favela Funerária mortos em suposta troca de tiros com policiais que tentavam pegar suspeitos de ter matado aspirante da PM.

    O interrogatório do jovem que apontou os suspeitos foi feito por PMs e divulgado na internet, uma espécie de investigação Big Brother. É como se os policiais prestassem contas aos integrantes da corporação sobre a vingança praticada.

    ROTA ASPIRANTE
     

    Há absurdos mais grotescos. Como a divulgação da foto de MC Vitinho, DJ de funk morto em Santos no dia 15 de janeiro deste ano. Foi feita uma montagem com uma foto dele no Facebook cantando música de apologia ao lado da imagem de seu corpo sobre a maca do resgate, instantes depois de ter sido morto.

    Na legenda, os produtores do blog, que é apoiado por policiais e defensores dessa guerra, escrevem: “Um funkeiro a menos para atormentar os ouvidos alheios. Apologia do crime, efusivo entoador do hino do crime”. Os policiais disseram que o mataram porque o MC reagiu. Amigos contaram que o motivo foram as letras de apologia. Testemunhas contaram que, antes de morrer, Vitinho pediu socorro e implorou para não ser assassinado pelos policiais.

    Montagem em blog de apoiadores da PM para celebrar a morte de DJ Vitinho ocorrida em janeiro deste ano em Santos.

    Desforras se multiplicam. Corpos sangrando de pessoas rotuladas como marginais. Imagens de caveira são apresentadas como os símbolos da ROTA. A guerra parece ter sido assumida pela corporação. Uma das peças de propaganda no blog é uma produção amadora, publicada na semana passada, com imagens raras de arquivo da polícia fazendo apologia ao Esquadrão da Morte, grupo criado em São Paulo em 1968, comandado informalmente pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, que retirava suspeitos das cadeias para executar e jogar seus corpos nas estradas.

    ESQUADRÃO

     

    O Esquadrão cresceu e ganhou popularidade em São Paulo logo depois da morte do policial Davi Parré, morto em tiroteio em 1969. Mais de 80 colegas compareceram em seu enterro e fizeram a promessa de que matariam dez bandidos para cada policial que fosse morto. No filme, também ressuscitaram a Scuderie Le Cocq, grupo que homenageou também um detetive da polícia morto na década de 1960 e que promoveu a formação de grupos de extermínio. No filme, aparecem fotos de cadáveres e apologias ao extermínio.

    Se a PM bateu recorde de violência, o Batalhão Policial do Estado que mais matou foi o 16º BPM da capital, que cobre a região do Rio Pequeno, na Zona Oeste. No ano passado, 26 pessoas morreram oficialmente em supostos tiroteios contra homens do BPM. Não faltaram motivos para se investigar o possível excesso dos agentes desse batalhão, mas o comando parecia não se importar.

    Em setembro de 2014, cinco homens da Força Tática do 16º se envolveram em um caso escabroso. Quatro jovens em um Corsa preto, com idades entre 16 e 21 anos, foram mortos em um carro roubado depois de serem perseguidos pelos policiais. A descrição oficial da ocorrência foi a esperada: resistência seguida de morte. Segundo os cinco policiais envolvidos, houve troca de tiros e, por isso, os suspeitos morreram. Seria mais um caso a cair no esquecimento e a engrossar os números da violência policial se não fosse a celebração virtual macabra ocorrida nos dias que se seguiram.

    Foto de WhatsApp mandada da cena do crime e do IML para familiares. Policiais do 16 BPM perseguiram quatro jovens e eles morreram. Fotos foram mandadas aos parentes pelas redes sociais.

    Fotos dos mortos foram tiradas na cena do crime e no Instituto Médico Legal, locais que só as autoridades tinham acesso. Numa das fotos, a vítima aparece com um colar de 13 tiros sob o pescoço, oferecendo fortes indícios de execução. Nos dois dias que se seguiram, essas imagens foram mandadas por WhatsApp para os parentes dos garotos mortos e colocadas em um blog de admiradores da polícia.

    A legenda era a seguinte: “Força Tática do 16º BPM em acompanhamento de um veículo produto de roubo troca tiros com três marginais que o ocupavam. O resultado está na foto. Os três vermes, agora há pouco, deitaram no mármore gelado do IML. Vagabundos perigosos. Parabéns aos policiais envolvidos na ocorrência”.

    Passaram-se meses, e a Corregedoria e o Comando da Polícia Militar deram pouca bola para o assunto. Familiares dos jovens foram depor acompanhados da Defensoria Pública, mas se sentiram acuados. Na visão deles, os investigadores pareciam mais interessados em saber sobre o passado criminoso dos jovens que morreram, como se estivessem buscando justificativas para o tal do tiroteio. A divulgação virtual das fotos não foi sequer mencionada.

    A celebração pela morte de criminosos segue a toda nas redes sociais dos policiais. Como se a guerra não nos prejudicasse. Parte da população acha que o extermínio de bandidos deixa o mundo mais seguro. E assim vamos alimentando o monstro, que, um dia, vai devorar a todos nós.
     

    A VICE pediu esclarecimentos para a Secretaria de Segurança Pública na segunda-feira e ainda não obteve resposta. Era será colocada assim que a resposta chegar.

     

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